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As Tecnologias da Informação e Comunicação na Formação de Professores e

as Juventudes na Escola Contemporânea.


Cláudia Yoshida1
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Corbellini2

Resumo
O presente artigo aborda a elaboração de um projeto para a formação de professores
com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação e a valorização das
Culturas Juvenis presentes da escola. Este projeto foi elaborado a partir da
observação do problema de como tornar as atividades pedagógicas significativas para
a formação dos sujeitos em desenvolvimento na escola contemporânea. Através da
produção de um jornal online, com escrita colaborativa entre alunos e professores, de
um blog para publicação de textos debatidos em reunião e interação através de
comentários, e de um recreio especial a cada 30 dias sem nenhum registro de
ocorrência pretende-se relacionar as atividades escolares com o cotidiano dos
estudantes, trazendo significado aos estudos para os alunos. O referencial teórico
abordou as Juventudes e a Escola Contemporânea, a Psicopedagogia, a Formação
de Professores e as Tecnologias da Informação e Comunicação, na referência,
principalmente, de Juarez Dayrell, Maria Beatriz Titton, Maria Luiza Merino Xavier,
Jaqueline Moll, assim como os documentos do MEC como base de estudos. A
metodologia utilizada para a elaboração deste projeto foi a observação do contexto
com os sujeitos envolvidos e os objetivos atuais da educação. Os resultados obtidos
demonstraram a necessidade de se desenvolver projetos no sentido de adequar as
práticas pedagógicas aos interesses dos estudantes, assim como levá-los a se
reconhecer como protagonistas do processo educacional e estabelecer formas de

1 Professora de Língua Portuguesa e Orientadora Educacional da Rede Estadual - Especialista em


Educação para a Diversidade – UFRGS Contato: claudia.yoshida@ufrgs.br
2
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Corbellini. Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica, Doutora em
Educação, Professora do curso de Especialização em Psicopedagogia e Tecnologias da Informação e
Comunicação na modalidade a distância (UFRGS). Contato: silvanacorbellini@gmail.com
inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação no sentido de promover
aprendizagens aos professores e alunos.

Palavras-chave: Escola Contemporânea; Formação de Professores; Tecnologias da


Informação e Comunicação.

1. INTRODUÇÃO
O assunto abordado neste artigo é a organização da escola no sentido de
promover a formação dos professores e o protagonismo dos estudantes. Também a
adequação das práticas pedagógicas e avaliativas de maneira a atender de forma
satisfatória as juventudes presentes na escola.
Como lidar com as exigências da sociedade contemporânea, tornando as
atividades desenvolvidas na escola úteis para a formação dos sujeitos em
desenvolvimento nela? Branco afirma que a escola contemporânea tem
características que exigem atualização dos professores para uma prática que venha
ao encontro das necessidades de formação dos alunos (BRANCO in MOLL, 2012, p.
251). Segundo Nóvoa (1991, apud BRANCO, 2012, p. 251), “é a partir das
experiências realizadas nas escolas que ocorrem as mudanças, sendo impossível
defini-las e prevê-las previamente porque é no movimento da mudança que são
definidas as necessidades de formação dos professores”. Havia um tempo em que
era necessário que os alunos saíssem da escola com uma bagagem grande de
informações, o que os tornava sabidos. Hoje em dia, é necessário que eles tenham
competência para articular os saberes e que tenham habilidade para trabalhar em
equipe e usar novas tecnologias (TITTON in MOLL, 2012). Diferente de algumas
décadas atrás, o destaque individual já não é mais tão valorizado, mas sim, o saber
lidar com equipe de pessoas visando objetivo comum. “A escola atual precisa mudar,
pois os avanços científicos e tecnológicos geram novas exigências, demandam
competências e habilidades originais, bem como novos meios para entender a
complexidade crescente da realidade.” (MAGDALENA; COSTA, 2004, p.1). Nesse
sentido, Dayrell (2014, p.96) afirma: “O ensino, que no passado foi considerado canal
de reprodução de regras e valores da sociedade, hoje deve ser visto como meio para
possibilitar a reflexão, comunicação e redefinição de regras e valores estabelecidos”.
A necessidade de formação dos professores se justifica pelo fato de a escola
estar em constante mudança, visto que ela é composta por um conjunto de juventudes
que são o reflexo das sociedades. Nesse sentido, Meinerz afirma que “a vida cotidiana
se torna mediadora fundamental na historicidade da sociedade. Resgatar os modos
de viver e de pensar, constitutivos dos sujeitos dos processos sociais, é uma forma
importante de compreendê-la” (MEINERZ, 2005, p.81). O Professor, como mediador
da aprendizagem dessas juventudes, precisa compreendê-la para poder desenvolver
melhor seu trabalho, valorizando e dialogando com as Culturas Juvenis trazidas para
escola pelos estudantes. Negá-las é afastá-los do processo.
“Pressupondo que a educação é um fenômeno social e cultural” (MEINERZ,
2009, p.70), além de conhecer as Culturas Juvenis3 presentes na escola, existe o
desafio de como trazer para dentro dela atividades referentes aos modos de ser
jovens. Promover um horário de intervalo prolongado, o Recreio Especial, com
atividades diversificadas, em que os professores se envolvam para promover as
culturas dos estudantes visa a valorização do que eles são enquanto juventudes4 ao
mesmo tempo em que pode levar os professores a conhecer melhor essas culturas e
relacioná-las às atividades escolares. Muitas vezes acontecem mais aprendizagens
nas atividades diversificadas em horários livres do que nas aulas tradicionais, já que
o interesse dos jovens está contribuindo com o processo, diferente de quando as aulas
são baseadas em cópias e memorização. Nesse sentido, Perondi afirma que “a
participação dos jovens acontece de diferentes maneiras e produz diversos
significados que necessitam ainda de maior investigação e visibilidade social.“
(PERONDI, 2013, p.17). Portanto, é observada a importância de estabelecer uma
relação entre a prática dos professores e as formas de ser jovens dos estudantes,
promovendo o protagonismo juvenil e a valorização de suas culturas.
Este trabalho trata-se da elaboração de um projeto que será aplicado,
inicialmente, no ano letivo de 2016. O objetivo é o de instrumentalizar os professores
para uma prática pedagógica que venha ao encontro das características das
juventudes presentes na escola contemporânea. O trabalho será desenvolvido pelas
psicopedagogas da escola que compõem a equipe de Orientação Educacional e os
professores serão orientados ao longo do processo, de acordo com as necessidades

3 “Tornou-se quase um consenso conceber a juventude em sua diversidade, tanto que sua
denominação deixou de ser usada no singular e passou a ser adotada no plural: juventudes.”
(PERONDI, 2013, p.21).
4 “O modo como os jovens são compreendidos nas suas relações com as culturas hegemônicas e

parentais. É a concepção dos jovens como produtores de uma cultura própria, considerando-os sujeitos
ativos, dotados de capacidade de ação.” (PERONDI, 2013, p.23)
que surgirem. As estratégias são as seguintes: 1. O Encontro das Áreas, em que
semanalmente os professores se reunirão para leitura e debate sobre um tema trazido
especialmente com esta finalidade. 2. O Blog dos Professores é um espaço em que
os professores fazem os registros das suas práticas e reflexões delas. 3. O Jornal
Online, que é uma possibilidade de articulação de saberes e reflexões sobre o dia-a-
dia da escola, bem como as expectativas de cada segmento e divulgação de registros
escritos. 4. O Recreio Especial é uma forma de valorizar as Culturas Juvenis presentes
na escola ao mesmo tempo em que diminui ocorrências de indisciplina e demais
registros de inadequação do uso do espaço escolar e de comportamento, assim como
visa fortalecer o sentimento de pertencimento dos estudantes em relação à escola.
Proporcionar a construção colaborativa de um Jornal Online entre estudantes,
professores, equipe diretiva, pedagógica e comunidade escolar, ao mesmo tempo em
que são desenvolvidas estratégias de formação de professores, valorização do
espaço escolar, das culturas juvenis presentes na escola e de protagonismo dos
estudantes visa favorecer o melhor desenvolvimento dos alunos, melhorar as
condições de trabalho dos profissionais envolvidos e acrescentar qualidade na escola
pública. Nesse sentido se dá a importância da aplicação deste projeto, elaborado a
partir da observação do cotidiano da escola e da revisão de literatura relacionada, com
vistas a favorecer um melhor desenvolvimento dos sujeitos nela envolvidos. Para
tanto, a seguir será feito um aporte teórico dos assuntos pertinentes às questões
tratadas.
A relevância da elaboração deste projeto evidencia-se na observação da
necessidade de ampliação da promoção da formação dos professores em exercício
nas escolas públicas, com vistas a envolvê-los de forma prática em atividades que
relacionem suas áreas de conhecimento com o cotidiano dos estudantes, trazendo
significado aos estudos para os alunos. Evidenciaram-se algumas dificuldades para
colocar em prática esse planejamento ao se deparar com a realidade da escola e os
anseios e objetivos dos professores, já que nem todas as estratégias puderam
começar ao mesmo tempo que se iniciaram as aulas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Juventudes e a Escola Contemporânea
O sujeito social que se encontra hoje nas nossas salas de aula vem para a
escola carregado de uma cultura de que ele não abre mão ao ultrapassar os portões
que o transformam em aluno. Trata-se de uma juventude que tem sua maneira de ser
e de viver culturalmente, mas que não é uniforme, reproduz, no espaço escolar, as
culturas a que pertence. Nesse sentido, Cardoso e Castro afirmam que:
O ser humano é constituído socialmente [...] e por isso acaba se associando
em grupos,[...] encontrando, assim, o seu referencial de identidades e
costumes. A juventude não pode ser analisada de forma uniforme e fechada,
com características universais ou com noções pré-concebidas. Existem
várias juventudes, influenciadas por suas diversas vivências culturais,
históricas, sociais, econômicas, pelas relações de poder, entre outras.[...]
(CARDOSO e CASTRO, 2007, p. 2)

Os profissionais da educação nas nossas escolas, distribuídas por muitas e


diferentes comunidades, têm o papel fundamental de observar a realidade em que
atuam para ajudar no desenvolvimento dos muitos sujeitos que a compõem. “Faz-se
necessário levar em conta a realidade onde estão inseridos, buscando conhecer os
jovens que frequentam nossas escolas e os dados específicos para compreendermos
a sua realidade.” (DAYREL, 2014, p 115)
É a partir da ideia de cultura e de diversidade cultural que reconhecemos a
variedade de modos de vida, de histórias e de identidades de grupos com origens
comunitárias próprias, os quais estão presentes na escola. As dimensões de
desigualdade social e de diversidade cultural precisam ser tratadas pela escola por
meio do reconhecimento de seus alunos na condição de crianças e jovens que
possuem múltiplas histórias a partir de suas condições e seus modos de vida.

É possível constituir ambientes de trocas culturais, nos quais a diversidade


pode manifestar-se como elemento que fortalece espaços públicos desde a
compreensão e valorização do modo de vida comunitário, sendo
indispensável que a escola e seus sujeitos desenvolvam práticas desse
gênero para melhor lidar com a diversidade em seu interior. (CAREGNATO
& MEINERZ, 2012, p.10).

Portanto, é necessário usar o espaço escola, na sua totalidade, para promover


a cultura de valorização dos aprendizados, de conteúdos escolares ou quaisquer
outras habilidades que possam ser diretamente aplicadas na vida prática desses
sujeitos. Cabe aos educadores tirar proveito desse interesse direto das pessoas em
desenvolver determinada habilidade para passar ensinamentos importantes como
regras básicas de convivência em sociedade, respeito, empatia, organização, ética,
profissionalismo, além de matemática, português, história, geografia e demais
conteúdos curriculares. (XAVIER, 2003).
No dia-a-dia escolar, diferentes relações se evidenciam no sentido de promover
a cultura e educação das crianças e jovens que se fazem alunos por participar da
escola, a partir das atividades propostas pelos professores. “Um novo tipo de
subjetividade humana está se formando, a partir do nexo entre a cultura juvenil e o
complexo crescentemente global da mídia, está emergindo uma formação de
identidade inteiramente nova.” (GREEN; BIGUM. 2011. p. 208). Portanto, faz-se
urgente observar a realidade e a comunidade em que atuam esses profissionais para,
a partir dela, elaborar o trabalho a ser aplicado. Metodologias diferentes se fazem
necessárias para desenvolver as habilidades dos estudantes em diferentes contextos.
Não cabe aos professores impor uma cultura completamente diversa daquela que a
comunidade tem. Não que os professores devam deixar de passar valores
fundamentais de cidadania e respeito, ética e educação para se adequarem aos
evidenciados na comunidade, mas, sim, respeitar os sujeitos com os quais atuam para
educar.
Casos de indisciplina são os maiores problemas enfrentados pelos professores
que atuam nas escolas da rede pública no Brasil, muitas vezes gerados por “contextos
territoriais de vulnerabilidade social que expõem os jovens a violências que marcam
uma sociedade desigual, na qual as possibilidades de acesso à ciência, à cultura e à
tecnologia são vinculadas ao pertencimento a uma classe social.” (MOLL, 2009, p. 2).
Como uma das alternativas para solucionar esse problema, ressalta-se a necessidade
de conhecer as situações que geram essa indisciplina. “Ainda temos dificuldades de
manter os jovens na escola e de tornar a escolarização uma experiência rica em
aprendizagens significativas.” (CAREGNATO E MEINERZ, 2012, p.12). Como fazer
os estudantes quererem aprender? De que forma fazê-los valorizar a escola e trazê-
los para dentro da instituição? Rejeitar a cultura que esse estudante traz é a primeira
alternativa para gerar desinteresse dele pelo nosso discurso, mas principalmente
indisciplina, além de revolta para, quem sabe até, perdermos esse jovem do contexto
educacional. Xavier defende que “a dimensão cognitiva não pode secundarizar
dimensões humanas como as emocional-afetiva e físico-corpórea.” (XAVIER, 2012,
p.1)
Assim, observa-se que a escola é um espaço de fundamental importância para
o desenvolvimento das crianças e jovens que por ela transitam. Nesse sentido, Dayrell
(2003. p.43) afirma que “a possibilidade de o ser humano se constituir como tal
depende tanto do seu desenvolvimento biológico, quanto da qualidade das trocas que
se dão entre os homens no meio no qual se insere”. É urgente que esses jovens
desenvolvam a cultura de valorizar o conhecimento e nós, professores, temos o papel
de descobrir meios para levá-los a isso, respeitando as diferentes culturas que cada
estudante traz para essa instituição tão importante da nossa sociedade.

2.2. A Formação de Professores


No espaço público escolar, encontra-se uma grande diversidade de juventudes,
isso a torna rica, mas também pode gerar problemas caso os professores não estejam
familiarizados com as perspectivas atuais da educação. Para que esses profissionais
estejam adequados, é necessária formação constante no sentido de buscar
atualização das suas práticas de acordo com a sociedade atual.
Quanto mais distantes as práticas pedagógicas estiverem da
contemporaneidade, trazendo atividades de aula que não sejam atrativas para os
estudantes, sempre atualizados com novas tecnologias, e que priorizem práticas
tradicionais de ensino, mais o professor estará contribuindo para a indisciplina. É fato
que os estudantes quando não estão interessados nas atividades, ou não veem
sentido nela, buscam outras formas de ocupar-se, o que causa transtornos durante as
aulas e sobrecarrega o trabalho dos professores. Existem ainda os alunos que,
mesmo não se interessando pela atividade, comportam-se porque são educados para
respeitar, mas essa regra se aplica para uma minoria que além de esforçar-se por agir
da forma como o adulto de referência solicita, esforça-se para conseguir aprender
diante de uma maioria que se ocupa incomodando os demais.
Um dos grandes desafios para os professores tem sido a transformação da
escola pela democratização do acesso, impulsionando a saída de um sistema
de ensino de elite para um sistema de ensino de massas. Isso implica o
aumento quantitativo de alunos (e de famílias) e professores e o
aparecimento de novos problemas, qualitativos, que exigem uma reflexão
profunda e a criação de alternativas pedagógicas. (TITTON, 2003, p.18)

A escola tradicional foi organizada para atender as necessidades da sociedade


da época em que a escola foi criada, insistir em práticas concebidas para atender
alunos da década de 50, por exemplo, na escola de hoje é trabalhar para o insucesso.
Mesmo assim, muitos professores ainda se utilizam de planos de aula retrógrados e
continuam perpetuando práticas levando em conta estudos da época de suas
formações na graduação. Para uma prática que atinja os objetivos de ensino e
aprendizagem, é necessário que os professores estejam em constante formação.
Conforme os objetivos atuais, a educação “tem por finalidade desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”
(Art.22, Lei nº 9.394/96).
Caso o professor não busque atualizar-se para seu aprimoramento profissional
por conta própria, é compromisso do setor pedagógico da escola diagnosticar as
necessidades de atualização do seu grupo de professores e oferecer formação a eles.
É importante ressaltar a necessidade dos saberes dos professores e da
realidade escolar e suas demandas estarem no centro destes processos,
tanto como ponto de partida e como ponto de chegada. A melhoria, mudança,
inovação do trabalho profissional do professor deve resultar, inevitavelmente,
na melhoria do trabalho institucional. No entanto, para um desenvolvimento
concomitante destas duas dimensões é indispensável conceber o professor
e a escola como produtores de conhecimentos diversos. É nas práticas que
reconhecemos e identificamos os saberes dos professores. (GAMA,
TERRAZAN, 2011, p.1).

Existem momentos especialmente destinados para tal, na escola pública.


Anualmente, há uma semana, dentro do período de férias discentes de inverno,
nomeada de Jornada Pedagógica em que os professores devem ocupar suas cargas
horárias, nas escolas em que são lotados, para cursos de formação. Esses cursos
são organizados pela equipe pedagógica da escola, juntamente com as
Coordenadorias de Educação. Caso o professor tenha outro objetivo de estudo, em
algum curso fora da sua instituição, a equipe pode liberá-lo para que seu
aperfeiçoamento se faça onde o profissional achar adequado, desde que avaliado pela
equipe pedagógica e autorizada a ausência na Jornada Pedagógica da sua instituição.
É importante ao setor Pedagógico da escola, formado pelos profissionais da
Supervisão e Orientação Educacional, incentivar os professores a escreverem sobre
suas práticas e os resultados dela. O ato de escrever leva a reflexão e ao analisar
suas práticas o professor descobre possíveis incoerências com os objetivos a que
suas aulas se deram. Difícil conceber que um professor não ajuste seu planejamento,
ao se dar conta de que suas aulas não atingem os objetivos de sucesso no
desenvolvimento dos sujeitos. Da mesma forma, o registro pode levar o professor a
ressignificar sua identidade profissional, a identidade dos alunos, bem como da escola
em que desenvolve seu trabalho. As escritas podem ser ainda, uma forma de relação
entre os saberes dos professores e sua identidade, suas expectativas, sua história,
sua relação com os estudantes e sua atuação no cenário educacional. (RIBEIRO,
2009)
2.3. O Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação.
“A escola de hoje tem que dialogar com recursos e paradigmas clássicos postos
pela tradição e com os paradigmas emergentes que remetem à complexidade da vida
contemporânea” (MEC, 2012, p. 4). Nesse sentido, é importante que os professores
estejam inseridos na cultura digital, que hoje faz parte do cotidiano dos alunos. Tal
aproximação favorece a comunicação entre os sujeitos envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem.
Na medida em que o professor coloca na rotina de seu trabalho mais atividades
envolvendo as tecnologias da informação e comunicação, ele torna suas aulas mais
atrativas para os alunos, já que os estudantes identificam tais atividades com as de
seu interesse. Sabemos que muitos jovens que estão hoje nas escolas passam
bastante tempo conectados à Internet, ou fazendo uso de computadores para jogos e
para se comunicar com os amigos, “preferem a conversação instantânea, interessam-
se pelo fluxo de informações constantes, pelo uso da internet e computador como
extensão natural de sua ação cotidiana” (OLIVEIRA; SOUZA, 2012, p. 3). Portanto, as
práticas escolares não podem negar esse modo de ser contemporâneo da juventude.
Planejar aulas sem conhecer os interesses e modos de ser dos sujeitos que são o
objeto dessas aulas faz com que elas não funcionem, ou planejar atividades para
estudantes como eram os que frequentavam a escola há décadas faz com que não
se atinja o objetivo proposto, que é promover aprendizagem, uma vez que os alunos,
dessa forma, não se envolvem. Gil defende que:
Mudança é a palavra de ordem para compreender a escola e os educadores,
os jovens e as juventudes nos tempos atuais. [...] Outro modo de ser jovem
coloca em questão práticas pedagógicas, espaços educativos e sistemas de
autoridade, antes definidos pela tradição. Essas transformações as vezes
distanciam educadores de jovens, colocando a escola como uma das
instituições mais questionadas pela sociedade. [...] É preciso reinventar
formas de proximidade entre os atores da educação, conhecer sobre os
modos de ser jovem hoje pode contribuir para a necessária aproximação
entre alunos e educadores. (GIL, 2012, p. 102, 103)

É crescente a necessidade de comunicação, visto que os jovens interagem com


mais fluidez devido à facilidade que o acesso à Internet proporciona. Não basta
acumular informações, nossa juventude entende que a informação está à sua
disposição na palma da mão, em seus aparelhos celulares. Portanto, acham
desinteressantes quando as aulas se restringem a simples cópia de informações que
os professores colocam no quadro. Comunicar-se torna-se interessante, aprender a
fazer uso correto da língua materna para interagir faz os alunos se envolverem e
quando isso se faz em plataformas virtuais os resultados se potencializam. Oliveira e
Souza afirmam que “o uso da Internet na educação dos jovens na atualidade não tem
precedentes, fazendo com que a própria cognição seja modificada, surgindo novos
estilos de raciocínio e conhecimento” (OLIVEIRA; SOUZA, 2012, p.8). Os mesmos
autores afirmam que, apesar disso, muitos contextos educacionais apresentam
características mais tradicionais, resistentes a inovações e que os jovens afirmam
passarem por experiências educacionais todas as vezes que acessam a Internet, uma
vez que sempre usam sites para buscar a maneira certa de escrever as palavras ou
procurar informações de que desconheçam, de forma rápida, dentre outras.
(OLIVEIRA; SOUZA, 2012)
Para favorecer o processo pedagógico é necessário que o professor adapte
suas aulas às necessidades dos estudantes, fazendo com que tenham prazer nas
aprendizagens, aprendendo a usar as novas tecnologias para tornar suas aulas mais
atuais, dinâmicas, e interativas, portanto mais atrativas.
O uso das Tecnologias da Comunicação e Informação (TICs), pensando em
termos sociais, constitui-se em algo imprescindível e necessário nos dias de
hoje. Contudo para se usar os recursos das TICs nas escolas de maneira
eficiente, rompendo com um ensino baseado em repetições, é necessário
fundamentar o trabalho em propostas que os alunos sintam-se desafiados,
trabalhando em uma perspectiva epistemológica que compreende os sujeitos
em atividade cognitiva, rompendo com uma prática pedagógica mecânica e
passiva. (SILVA, 2014, p. 6)

A plataforma blog, por ser de fácil edição, torna-se um meio prático para
inserção dos professores que não têm muita familiaridade com o uso de plataformas
virtuais. Outro fator favorável à escolha do blog para escrita dos professores é o fato
de ela ser “a ferramenta da web mais conhecida e utilizada em contexto educativo”
(COUTINHO, BOTENTTUIT, 2001, p.2).
A escrita conjunta entre professores e alunos de um jornal online favorece o
diálogo entre os sujeitos e a observação conjunta da realidade retratada nos artigos
publicados. Nesse sentido, Peters afirma que “as páginas da Internet são ferramentas
concretas em que os alunos e professores têm a oportunidade de divulgar suas
próprias produções, tornando-se coautores e aprendizes ao mesmo tempo.”
(PETERS, 2011, p.2)
A partir dos estudos desses assuntos abordados nos parágrafos anteriores, foi
elaborada a metodologia que se pretende aplicar no letivo de 2016. Nos capítulos
seguintes são apresentadas as estratégias para aplicação desse projeto. Trata-se da
metodologia de formação de professores e valorização tanto do espaço escolar
quanto das Culturas Juvenis, assim como a contextualização da pesquisa.

2.4. A Psicopedagogia na Formação de Professores


A Psicopedagogia é uma área de estudos e atuação considerada nova e que
requer formação interdisciplinar. Na constituição da Psicopedagogia no Brasil há uma
aproximação das áreas de Pedagogia, Medicina, Psicologia e Psicanálise com o
objetivo de investigar os fenômenos do comportamento e aprendizagem. (LEONÇO,
2015). Nesse contexto, a Psicopedagogia voltada para a formação de professores visa
observar as necessidades de aprendizagens dos profissionais ao mesmo tempo em
que analisar as lacunas existentes nas práticas pedagógicas, buscando alternativas
para que se obtenha sucesso no processo de ensino e aprendizagem dos sujeitos,
tanto professores quanto alunos.
“Ao contrário do que o senso comum imagina, a Psicopedagogia não se
restringe ao estudo das dificuldades e dos distúrbios de aprendizagem, mas à
aprendizagem de um modo geral” (SERRA. 2012. p.5). Portanto cabe ao profissional
Psicopedagogo tal observação no contexto em que está seu objetivo de trabalho.
A Psicopedagogia Institucional traz uma nova forma de compreender e atuar
sobre a aprendizagem, uma vez que busca a análise das situações observando o
sentido cognitivo, afetivo e social das situações, assim como a relação estabelecida
entre esses elementos. Ela surge através de novas demandas da sociedade e das
juventudes presentes no ambiente heterogêneo da escola. O Psicopedagogo é o
profissional que poderá buscar a solução dos problemas de aprendizagem, do
fracasso escolar e da formação continuada dos professores. (SERRA. 2012)

3. METODOLOGIA
Este trabalho trata-se da elaboração de um projeto que se pretende aplicar no
próximo semestre na escola. O projeto consta de quatro estratégias que foram
pensadas a partir da realidade escolar e de suas necessidades. Todas acontecerão
em conjunto e serão organizadas pela pesquisadora, nas funções de Orientadora
Educacional e Psicopedagoga. Estas atividades ocorrerão no turno da tarde.
Pretende-se ao término desta vivência, realizar um levantamento dos resultados
visando aprimorar este trabalho.
Essas ações vão ao encontro do que defende Nascimento em relação à atuação
do Psicopedagogo na instituição escolar. Ela afirma que:

O psicopedagogo pesquisa as condições para que se produzam as


aprendizagens, identificando os obstáculos e os elementos facilitadores,
sendo isso uma atitude de investigação e intervenção, trabalhando de forma
preventiva, o psicopedagogo preocupa-se especialmente com a escola.
(NASCIMENTO, 2013. p.2).
Quanto ao Orientador Educacional, este atua como agente na organização,
estruturação, funcionamento e apoio da Escola, desenvolvendo seu papel de forma
integrada com o corpo docente, discente, funcionários, CPM e comunidade escolar,
desempenhando suas atribuições e construindo parcerias, visando o pleno
desenvolvimento da instituição escolar com responsabilidade, eficiência, dinamismo e
comprometimento. (OLIVEIRA. 2011).
Assim, partindo das competências das funções de Psicopedagoga e de
Orientadora Educacional, foram elaboradas as estratégias para elaboração deste
projeto. Para isso, foi necessária a observação do espaço escolar e dos sujeitos
envolvidos no planejamento deste projeto, que será apresentada a seguir.

4. CONTEXTO DA PESQUISA
O Colégio Estadual Deoclécio Ferrugem localiza-se no Município de Glorinha e
atende em três turnos: manhã com Ensino Médio, tarde com Ensino Fundamental e
noite com Ensino Médio e EJA. É a única escola de Ensino Médio da Cidade e, em
Glorinha, não há escolas particulares. O Município faz divisa com Santo Antônio da
Patrulha e Gravataí. Em Glorinha, existem muitos bairros bastante afastados do
centro, onde está localizado o Colégio, alguns distantes até 15 quilômetros. Há
transporte municipal que atende todos os bairros em horário escolar, são ônibus
específicos que transitam nos bairros em que há alunos matriculados na escola.
Com o crescente desenvolvimento da cidade, tem acontecido de virem muitas
famílias de fora e isso faz com que jovens de diferentes culturas interajam nesse
ambiente heterogêneo. Os professores demonstram dificuldade em lidar com essas
diferentes culturas, valorizando os estudantes que apresentam características
tradicionais em detrimento daqueles que trazem uma experiência de viver na escola
de forma mais contemporânea.
São comuns as falas dos professores no sentido de priorizar práticas
pedagógicas voltadas à transmissão de conteúdos e avaliações que dependam de
memorização. Quando se trata do assunto indisciplina ou não construção do
conhecimento esperado, a estratégia comum entre eles é chamar os pais para
transmitir a reclamação e a punição com reprovação.
Quando se tem uma diversidade de culturas juvenis ocupando o mesmo
espaço, é importante buscar estratégias que tornem significativos os aprendizados
desses diferentes jovens na escola. Aulas tradicionais contemplam algumas
necessidades dos estudantes e são importantes, mas isso acaba por afastar os jovens
quando são todas as aulas com essa mesma estratégia em todas as disciplinas.
Quando os estudantes não veem significados para suas vidas nas atividades
escolares, acabam por não se interessar por elas.

5. O PROJETO
Este projeto foi elaborado para ser aplicado no ano letivo de 2016, pelo Serviço
de Orientação Educacional, em duas funções: de Orientadora Educacional e
Psicopedagoga. O trabalho desenvolvido será com os alunos e professores do
Colégio Estadual Deoclécio Ferrugem, visando a formação de professores e o
protagonismo dos estudantes. Nesse contexto, os conceitos de Juventudes, Culturas
Juvenis e convivência dessas juventudes na escola trazidos por Juarez Dayrel,
Maurício Perondi, Maria Luíza Merino Xavier e Carla Beatriz Meinerz levam a refletir
sobre a finalidade das práticas escolares, quem são os sujeitos envolvidos no
processo educativo e qual é o objetivo de tudo que é feito na escola. Os documentos
do Ministério da Educação apontam no sentido de dar prioridade para a formação
continuada dos sujeitos, professores e alunos, para a construção de uma sociedade
mais justa, humana e igualitária. Assim, a Psicopedagogia tem seu objetivo central
contemplado e nesse sentido a elaboração deste projeto se faz importante.
As estratégias elaboradas para o projeto são quatro: O Encontro das Áreas e o
Blog dos Professores, que têm os objetivos de instrumentalizar os professores nas
tecnologias, de levá-los a estudar tendências atuais da educação, fomentar o registro
de experiências e a reflexão das práticas; O Jornal Online e o Recreio Especial, que
trazem os estudantes e seus modos de ser jovens para o protagonismo das atividades,
além de buscar a valorização da escola e dos estudos, relacionando seus interesses
aos dos educadores. Os estudos feitos nos textos de Jaqueline Moll e Maria Beatriz
Pouperio Titton corroboram a necessidade de adaptação das práticas às tendências
da educação moderna no sentido de tornar as aulas mais significativas para os alunos,
rompendo as barreiras do que é estudo regular e diversificado. Sendo assim, tornam-
se educativas as práticas escolares ainda que não sejam em períodos de estudos.

5.1 Encontro das Áreas


Ao iniciar o ano letivo, a primeira atividade do setor de psicopedagogia será
sistematizar na escola um período por semana de reuniões por área de conhecimento
para debates de algum assunto trazido através da leitura de um pequeno texto
publicado em livro ou revista pedagógica, com um tema que seja considerado
relevante que os educadores da escola reflitam. É o Encontro das Áreas, em que,
dentro da carga horária destinada para hora atividade do professor na escola, todos
os professores de uma área estejam juntos. Considerando as necessidades dos
professores, a psicopedagoga e orientadora educacional, junto à equipe pedagógica
e diretiva da escola, escolherá o texto que trará aporte teórico para a conversa.
Inicialmente será feita a leitura do texto para que os professores reflitam sobre o
assunto e sigam com um debate, durante um período. Para que isso seja possível, é
necessário um trabalho integrado também com a supervisão, estabelecendo um
horário comum aos professores das mesmas áreas quando estiverem em hora
atividade a cumprir na escola. Apenas a disciplina de Matemática pode ser colocada
com qualquer outra área, já que ela é uma disciplina que não se organiza com as
demais, conforme as diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
Em termos operacionais, os componentes curriculares obrigatórios
decorrentes da LDB que integram as áreas de conhecimento são referentes:
I- Linguagens:
A. Língua Portuguesa;
B. Língua Estrangeira Moderna;
C. Arte, em suas diferentes linguagens;
D. Educação Física.
II- Matemática
III- Ciências da Natureza:
A. Biologia;
B. Física;
C. Química.
IV- Ciências Humanas:
A. História
B. Geografia
C. Filosofia
D. Sociologia (MEC, 2013, p. 187)

Nesses encontros serão realizados debates sobre o texto trazido para cada
reunião, portanto, antecipadamente, a psicopedagoga selecionará um pequeno texto
sobre um tema atual de educação, dentro dos assuntos que são importantes para o
grupo de professores refletirem, que norteará o debate por um período.
Posteriormente aos debates, a psicopedagoga publicará os textos debatidos em
página especialmente criada para isso, na internet, solicitando a ampliação das
discussões por meio de comentários. Trata-se do Blog dos Professores, atividade
descrita do capítulo a seguir.
Com essa ação, acredita-se que será possível a troca de saberes entre os
professores e eles serão convidados a refletir sobre a eficiência de suas práticas no
processo de ensino e aprendizagem. O papel da psicopedagoga, durante esses
encontros, será de problematizar as questões no sentido de levar os professores a
refletirem sobre as teorias que subsidiam suas práticas em sala de aula.

5.2. O Blog dos Professores


Dando continuidade à primeira ação, a segunda será a construção de um blog
para a escrita das práticas pedagógicas. Trata-se do Blog dos Professores. Cada mês,
uma área do conhecimento será solicitada a construir uma atividade interdisciplinar e
publicar essa prática no blog. Os professores que tiverem dificuldade para usar essa
plataforma terão o auxílio do setor pedagógico da escola, bem como dos estudantes
que participarão da organização do Jornal Online, mediante agendamento.
A escrita será orientada a conter o planejamento, a metodologia, o cronograma
e as reflexões dos professores acerca dos resultados obtidos. Também serão
orientados a transitar, nas práticas planejadas, nos diferentes ambientes e setores da
escola, deixando de restringir o espaço usado para aulas às salas de aula, e
envolvendo alunos, funcionários, pais e outras instituições da cidade, comércio local,
associações. Com essa ação, será possível haver a aplicação de atividades mais
lúdicas e criativas, que serão significativas para o aprendizado dos alunos já que serão
criadas por grupos de professores e incentivadas pelos textos debatidos nos
Encontros das Áreas. As publicações no blog favorecerão que outros professores
conheçam as atividades desenvolvidas pelos colegas.
O trabalho do setor de psicopedagogia priorizará a formação de professores e
a valorização das culturas juvenis presentes na escola, bem como a formação de
conscientização dos estudantes de pertencimento em relação ao espaço escolar. Por
entender que para que os alunos se beneficiem com aprendizagens significativas é
necessário inicialmente qualificar os professores no sentido de atualizar suas
estratégias de ensino à contemporaneidade, e relacioná-las às expectativas dos
estudantes inicialmente serão produzidas duas plataformas: o blog para a escrita dos
professores e o Jornal online, para dar visibilidade aos anseios e pontos de vista dos
estudantes. Essa última estratégia que será melhor descrita no tópico a seguir.

5.3. O Jornal Online


A construção do jornal será feita pelos alunos e professores, com atualização
mensal e inicialmente, neste primeiro ano, online. A intenção é que ele seja publicado
das duas formas, online e físico a partir do segundo ano, com a intenção de atingir a
um público maior, as famílias dos estudantes e as pessoas que não têm acesso à
internet. A comissão organizadora do jornal será elencada, principalmente, pelos
professores da área de Linguagens, com equipe definida na primeira semana de aula,
junto ao Grêmio Estudantil da escola. As pessoas envolvidas nesse processo devem
ter familiaridade no uso dos recursos digitais e disponibilidade para auxiliar os demais
que tiverem dificuldade.
Os estudantes serão convidados a participar da construção do Jornal com a
proposta de estabelecer uma maior comunicação entre alunos e professores, dar mais
visibilidade às suas opiniões e assuntos que sejam dos seus interesses, bem como
trazer mais as tecnologias da informação e comunicação para as atividades escolares.
Essa participação dos alunos na construção do Jornal Online se relaciona com o Blog
dos Professores e com a estratégia de formação docente no sentido de que essas
estratégias visam estabelecer uma maior comunicação entre os estudantes, os
professores e a comunidade escolar, promovendo o uso frequente dos recursos
digitais, valorizando os conhecimentos dos estudantes e incentivando os professores
a buscarem aperfeiçoamento.
Haverá sessões definidas com produções textuais de estudantes, membros da
comunidade fora da escola, professores, equipe pedagógica e diretiva e da Diretora.
Para o nome do jornal, será feita uma eleição em cada turma para sugestão de um
nome. Depois disso, será lançada uma enquete em uma rede social que seja de uso
da maioria dos estudantes da escola com todos os nomes sugeridos pelas turmas
para que o mais votado seja, então, o nome do jornal, escolhido pelos próprios
estudantes da escola.
A primeira edição será em maio de 2016, para que haja tempo para seleção do
nome e solicitação inicial das produções textuais, as devidas revisões de textos e a
edição gráfica. A partir da segunda edição, pretende-se que seja mensal.
5.4. O Recreio Especial
Com a intenção de tornar os jovens responsáveis pelas atitudes do coletivo da
escola e de oferecer atrações que sejam do interesse deles, entende-se que o Recreio
Especial seja uma estratégia favorável à diminuição da indisciplina e vandalismo na
escola. Trata-se de um recreio prolongado, que começa no horário de início do recreio
e vai até o final do turno, quando houver trinta dias seguidos sem nenhuma ocorrência
de indisciplina, depredação ou briga entre os alunos dentro da escola ou nos arredores
dela. As atividades oferecidas no recreio especial serão de acordo com as sugestões
levantadas pela psicopedagoga ao questionar os estudantes, tendo como prioridade
oferecer aquilo que a maioria goste em relação a música, esporte, lanche especial e
atrações.
Haverá um contador afixado no mural central para informar aos alunos quantos
dias existem sem que tenha havido nenhum registro de ocorrência. Esse contador
será trocado diariamente, informando o número de dias. Caso aconteça algum registro
de ocorrência, o contador mostrará o número zero e a informação de qual foi a
ocorrência que gerou a interrupção.
Na primeira semana de aula o funcionamento do Recreio Especial será exposto
aos estudantes dos três turnos da escola. A psicopedagoga explicará os objetivos, as
regras, e como acontecerá o projeto em cada turma e, depois disso, será colado um
resumo, contendo as regras, no mural central da escola. Junto ao projeto será
colocado o contador.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A elaboração deste projeto permitiu uma maior compreensão da importância
de ajuste das práticas pedagógicas aos interesses dos estudantes, com vistas a tornar
as atividades escolares mais significativas para eles. Quando os alunos percebem que
têm seus interesses valorizados na elaboração das atividades, tornam-se
protagonistas, engajando-se para o sucesso delas.
Mesclar práticas simples e tradicionais, como o Recreio Especial, com o
protagonismo juvenil, valorização dos momentos com atividades diversificadas,
inserção das tecnologias da informação e comunicação e construção conjunta entre
alunos e professores de um jornal pode trazer melhorias em diversos aspectos da
escola.
Considerando que se trata de uma comunidade de interior, não muito distante
da capital do estado, mas com características bastante tradicionais, adaptar as
atividades escolares às mais novas tecnologias, modernizando as formas de ensinar
e aprender contribui para uma ressignificação do conceito de estudar e de escola
presentes até então. A partir da observação pelo viés da psicopedagogia, em que os
sujeitos em processo de aprendizagem estão em constante desenvolvimento, com o
uso das Tecnologias da Informação e Comunicação professores e alunos têm a
possibilidade de se desenvolverem e assim contribuir para uma escola adequada às
exigências contemporâneas da sociedade.

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