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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

NEUROCIÊNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS

Orientadores:
1º Dra. Francisca Morais da Silveira
2º Dr. Francisco de Assis Carvalho de Almada
Linha de pesquisa 1 –
LINGUAGENS, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

São Luís
2021

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Justificativa
O estudo no campo da neurociência corresponde aos esforços que esta tem tido
em relação ao transtorno do espectro autista, se dá a necessidade de investigar fenômenos
psicológicos de modo a desenvolver métodos terapêuticos capazes de facilitar o bem-estar do
sujeito com TEA ou demais transtornos.
Com isso, o estudo tende a contribuir para os demais estudos e principalmente,
mostrando de forma clara aos profissionais que trabalham com crianças com TEA, da
importância e como o trabalho pode ser desenvolvido do ponto de vista neurocientífico.
Dessa forma, é possível que os profissionais atuantes consigam utilizar de
métodos do referido campo para apresentar melhores intervenções, de acordo com o que já
tem sido aplicado ou pesquisado na ciência.
De modo social, demonstra uma relevância significativa, na medida em que se
trata de contribuir para a ciência, a comunidade também se beneficia, pois o trabalho
desenvolvido pelos profissionais compete a melhorar a qualidade de vida da população, das
crianças com TEA, estimular as escolas a desenvolverem atividades e também aos pais.

Problema de Pesquisa
A ideia principal deste trabalho partiu das observações a respeito das queixas
escolares que envolvem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), assim como o grande
aparecimento exponencial de crianças que apresentam sinais e sintomas compatíveis com o
transtorno.
Destarte, em busca de uma solução viável, algumas áreas, bem como a
neurociência se torna aqui o objeto de investigação, enquanto campo científico, na medida em
que esta também tem demonstrado grande crescimento de publicações, investimento em
pesquisas que envolvem o sistema nervoso central, envolve a preocupação desta estar focada
no âmbito do TEA.
Investigar a respeito de aspectos neurocientíficos em torno do autismo demonstra
uma possibilidade de reunir um grande número de informações importantes que possam
contribuir para o desenvolvimento científico. Com isso, surge os questionamentos: a
neurociência está interessada em investigar aspectos em torno do TEA? Existem instrumentos
interventivos que facilitem o manejo do transtorno?

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Objetivo Geral
Discutir os pontos chaves e importância da neurociência no processo de aprendizado de
crianças com transtorno do espectro autista.

Objetivos Específicos
 Compreender como se dá a elaboração das funções cognitivas do indivíduo autista;
 Investigar a importância da neurociência no processo de aprendizado;
 Compreender suas principais técnicas e ferramentas na intervenção com autistas.

Fundamentação Teórica
O período de desenvolvimento humano, no funcionamento dos processos mentais
depende em grande parte de funções orgânicas, ou seja, que os neurônios estejam dispostos a
especializações, formando as áreas cerebrais, partindo dos circuitos neurais, nelas estão assim
como a memória, as funções executivas, a atenção, a linguagem, dentre outras. Para a sua
elaboração, o ambiente também possui um papel importante, na medida em que são
necessários estímulos para organização de áreas especializadas no cérebro (BRAZÃO, 2015).
De acordo com a fonte supracitada, essas funções cognitivas, criam condições
para que o processo de desenvolvimento mental aconteça, estabelecendo-se ao ambiente,
adaptando-se como uma realidade do próprio sistema nervoso central, na medida em que o
organismo necessita desses estímulos ambientais, como uma carência biológica no processo
de assimilação e acomodação, essa incorporação é bem vista e explicada pelo ponto de vista
Piajetiano.
As funções cognitivas, no processo da infância, assim com o processo de
velocidade no processamento, são importantes a serem desenvolvidas as funções fonológicas,
envolvendo o planejamento motor, avaliar a memória, atenção e percepção. Com isso, o
léxico mental desempenha um papel importante. Na medida em que se compreende a
nomeação de produção oral, como produtos necessários a serem articulados na comunicação,
um dos maiores prejuízos em crianças com TEA, percebe-se que o envolvimento desses
mecanismos sofre prejuízos (JESUS; MARTINS-REIS; ALVES, 2020).
Ainda sobre Brazão (2015) no processo de comunicação, o léxico mental é
constituído com o tempo, e esta é a oportunidade de acessá-lo. Ao escutar, compreender e
buscar uma resposta adequada no diálogo. O uso da produção oral, nesse caso, compete a uma

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oportunidade de corrigir palavras, monitorar o que pode ser reproduzido, que possam vir de
encontro com a compreensão do interlocutor, que pode acontecer também de maneira escrita.
Com esse ponto de vista, é possível perceber que as funções de atenção, memória,
percepção e demais funções que necessitem de um planejamento. No início da infância é o
momento de estimulação para que esse processo se torne cada vez mais automático e o sujeito
consiga uma velocidade no processamento de informações, ao que se diz respeito ao sujeito
com TEA, a dificuldade consiste já nesse primeiro eixo, pois a invasão no processo de
desenvolvimento impede que essas conexões sejam criadas, o ao menos são dificultadas.
Em razão disso, para melhor compreensão do TEA, a neurociência tem se
dedicado a compreender como esse fenômeno acontece para realizar um diagnóstico preciso e
chegar a um prognóstico.
Gonçalves et al. (2014), no entendimento da neurociência como um campo que se
dedica em estudar as funções do sistema nervoso, as funções e funcionalidades desta, pois se
dedica de compreender desde o normal ao que pode ser patológico, desde a concepção até a
morte.
Nessa ideia, podemos buscar respostas a respeito do que esta se propõe em relação
a aprendizagem, sobretudo a crianças autistas, já que ela está incorporada junto ao processo
de desenvolvimento, seja típico ou não.
Com isso, segundo Pinho (2018), a aprendizagem acontece em razão de haver no
cérebro uma maneira de realizar processos relacionados à cognição, assim como também
permite o processo de reorganização cerebral, que resulta na chamada neuroplasticidade. Para
que essa aprendizagem ocorra, os estímulos ambientes são fundamentais, no caso da infância,
podem ser citados tanto ambientes como em casa e escola, como os principais agenciadores
de estímulos, tais quais envolvem as atividades, exercícios ou métodos empregados.
É a partir dessa ideia que compreendemos a importância de estar atento ao
processo de aprendizagem, pois é a partir dela que os conhecimentos são adquiridos,
principalmente compreendendo que o cérebro consegue se reorganizar.
As funções cognitivas citadas acima, do ponto de vista neurocientífico, implica na
aquisição de conhecimento, envolvendo processos aos quais informações são transformadas,
guardadas na memória e repassam por uma recuperação em diversos momentos da vida, estas
funções podem ser receptivas, retentivas, executivas e expressivas. Estima-se que o indivíduo
autista tenha déficits em algumas dessas funções, a depender do grau de comprometimento
(PINHO, 2018). Nessa noção, ao saber que por meio da aprendizagem, pode haver a

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neuroplasticidade, questiona-se de como tem sido os esforços da ciência em identificar que
tipo de aprendizagem pode ser mais adequado ao funcionamento de TEA, já que se trata de
um sujeito que também está em processo de desenvolvimento, mesmo que haja algum atraso,
irá se desenvolver assim como as demais crianças.
Ao se considerar que o autismo demonstra uma dificuldade de autoconstrução,
assim como a autonomia se apresenta prejudicada, as atividades desenvolvidas como modo de
intervenção podem ser de acordo com a própria experimentação de seu corpo. Com isso, uma
sequência de estímulos é necessária para compensar alguma das dificuldades, as
circunstâncias do ambiente devem estar propícias para o programa de estimulação
(PELLANDA; DEMOLY, 2014).
Dessa forma, algumas áreas do conhecimento têm se juntado a neurociência para
juntos desdobrarem um melhor caminho na intervenção do autismo, vendo ações cotidianas e
atividades que possam ser possíveis de intervenção.
Com isso, Sampaio, Loureiro e Gomes (2015) demonstram em seus estudos que
estudos da neurociência apresentam uma relatividade de estímulos referentes a música como
terapêutica e de grande potencial em funções orgânicas do cérebro. Com isso, algumas
pesquisas destacam uma possibilidade inata com habilidades musicais, tais como uma
refinada percepção de altura e padrões rítmicos, localização precisa de onde vem o som,
relação de som e movimento. Estima-se então que utilizar o eixo musical possibilita uma
alteração neurofisiológica.
Os mesmos autores ainda ressaltam que áreas do cérebro, tais como a amígdala,
hipocampo, giro hipocampal, ínsula, lobo temporal, entre outros, em sujeitos com TEA, a
ativação pré-motora se mostra com menor campo de ativação, além da ínsula anterior.
Acredita-se que a música serve como processo de estímulos que possui ação nas emoções do
sujeito e em processos cognitivos, com isso os prejuízos vistos anteriormente como problemas
de aprendizagem verbal, motora, emocional, podem ser compensados em consideração aos
benefícios que a música pode atribuir.
Metodologia
O projeto seguirá a realizar uma pesquisa bibliográfica, com as principais
elaborações de estudos sobre o tema, de forma qualitativa, com abordagem descritiva,
propondo esmiuçar os conteúdos a respeito da neurociência em relação ao TEA.
Serão utilizados artigos científicos publicados em plataformas como o Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC) como

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fontes principais, por contemplar estudos mais recentes publicados nos últimos 5 anos como
ênfase nesse estudo. Além desses, os materiais como livros também servirão de composição
do artigo.
Após a pesquisa, os artigos selecionados de acordo com seus títulos e resumos,
lidos posteriormente os resultados das pesquisas, compondo o eixo principal deste estudo, de
acordo com seus objetivos, aqueles serão discutidos a partir do ponto de vista científico do
olhar na neurociência, utilizando-se de análise de conteúdo do que foi buscado.
Cronograma

Abr Ma Dez
Atividade/Mês Fev Mar i i Jun Jul Ago Set Out Nov
1. Levantamento Bibiográfico X
2. Elaboração do Projeto de Mestrado X
3. Mapeamento de todo o ambiente físico X X
4. Levantamento de toda a infraestutura de rede X X X
5. Analisar os dados coletados X X
6. Preparar layouts X X X
7. Entrega do Projeto De mestrado -
8. Qualificação (Apresentação pública do Projeto -
de mestrado)
9. Entrega Projeto de TCC versão final
10. Desenvolver o projeto de Instalação da rede X X
11. Elaboração do Relatório (dissertação ) X X X X
202
12. Entrega do Relatório (disertação) 2
202
13. Defesa pública do Relatório 3
202
14. Entrega versão final do mestrado 3
Quadro 1: Cronograma de Atividades

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Referências

BRAZAO, J. C. C. A Implicação do Afeto na Psicologia do Desenvolvimento: uma


Perspectiva Contemporânea. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 35, n. 2, p. 342-358, jun. 2015.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?>. Acesso em 01 abr. 2020.

GONCALVES, Ó. F. et al. A psicologia como neurociência cognitiva: Implicações para a


compreensão dos processos básicos e suas aplicações. Aná. Psicológica, Lisboa, v. 32, n.
1, p. 3-25, mar. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?>. Acesso em 01
abr. 2020.

JESUS, L. C.; MARTINS-REIS, V. O.; ALVES, L. M. A autocorreção no Teste de


Nomeação Rápida reflete o desempenho cognitivo e linguístico em adolescentes?. Rev.
CEFAC, São Paulo, v. 22, n. 1, e9019, 2020. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?>. Acesso em 01 abr. 2020.

PELLANDA, N. M. C.; DEMOLY, K. R. A. As tecnologias touch: corpo, cognição e


subjetividade. Psicol. clin., Rio de Janeiro, v. 26, n. 1, p. 69-89, jun. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?>. Acesso em: 03 abr. 2020.

PINHO, Louise Silva do. Neurociência cognitiva na sala de aula: estratégias de ensino de
Língua Espanhola. Let. Hoje, Porto Alegre, v. 53, n. 1, p. 80-88, mar. 2018. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?>. Acesso em 01 abr. 2020.

SAMPAIO, R. T.; LOUREIRO, C. M. V.; GOMES, C. M. A. A Musicoterapia e o Transtorno


do Espectro do Autismo: uma abordagem informada pelas neurociências para a prática
clínica. Per Musi. Belo Horizonte, n.32, p.137-170, 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pm/n32/1517-7599-pm-32-0137.pdf>. Acesso em 03 abr. 2020.

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