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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres

Tema 1 - Génese, objeto e âmbito da Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres

Conceitos

No decorrer da história, os conceitos de lazer, ócio e tempo livre têm vindo a ser modificados,
acompanhando as mudanças de valores e comportamentos, relacionados sempre com os
aspectos sociais, políticos, económicos e culturais vigentes em cada época.

▪ Tempo Livre – tempo não produtivo, o tempo de não trabalho.


▪ Lazer – o tempo de diversão e entretenimento.
▪ Ócio – apresenta-se em todas as épocas como a noção comum de tempo livre,
de libertação das obrigações laborais, liberdade, prazer, necessidades pessoais
como o descanso e o desenvolvimento ao nível intelectual.

Introdução ao tema:

As sociedades atuais dominadas pelo mercado de trabalho, a globalização, a diversidade


cultural, consumismo e correria na busca de valores materiais resulta num stress, e , por vezes
numa desorganização social, em que o conceito tradicional de família deixou de existir, surgindo
uma desvinculação (pais, avós, tios, primos, etc) nesta desintegração social e familiar em que o
acompanhamento é primordial na partilha e harmonia de prazeres, na procura de um melhor
nível de vida acabando por trabalhar para longe das famílias onde por vezes eram os avós ou
parentes que ocupavam o tempo livre das crianças. A família constitui uma comunidade de
ócios, onde se realiza um conjunto de atividades de Tempo livre, torna-se difícil conciliar ambas,
descurando o seu papel ativo no que se refere aos ócios diários, bem como aos semanais e
anuais (férias). As crianças deixaram de ter tempo livre para poder dar azo há sua imaginação,
serem capazes de construir as suas próprias brincadeiras, terem a liberdade de fazer o que lhes
apetecer ou seja sem imposição exterior, ficando “desemparadas pelos familiares que também
não têm tempo livre para lhes contarem as suas experiências, com esta necessidade surgiu o
aparecimento de instituições recreativas normalmente particulares ou de ação social (IPSS) com
ATL, colónias de férias, centros de verão, que de certa forma vêm substituir através dos
diferentes meios de estas dispõem, cujo fator principal que contribuiu para esta degradação e
organização urbana e habitacional visto terem sofrido diversas alterações, as habitações
passaram a aglomerados de apartamentos com as ruas cheias de carros, poucos espaços verdes
a quase inexistência de praças onde anteriormente, se juntavam crianças e adultos para
usufruírem seu ócio e onde toda a gente se conhecia, onde não existia insegurança.

Ao homem contemporâneo é colocado o desafia de aprender a usar o tempo livre. Aprender a


usar o tempo livre significa, educar para o lazer, a fim de o homem plausivelmente ser arquiteto
do seu projeto de vida.

▪ Tempo Livre – definição de um certo tempo (fora das ocupações diárias) em


contraponto com o outro tempo (o das ocupações diárias) que pode ser utilizado
subjetivamente.

O homem precisa aprender a usufruir do seu tempo livre, pois a tendência mundial é de que as
pessoas passem a ter mais horas disponíveis e será necessário que elas se adaptem a estas

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tendências que aos poucos vai se instaurando, principalmente na Europa. A escola e a família
preparam-nos para o trabalho; não nos preparam para o tempo livre.

▪ Ócio

Ócio – vagar, descanso, repouso, preguiça.

Ociosidade – o vício de gastar tempo inutilmente, preguiça.

➢ O ócio é uma forma de utilizar o tempo livre. É a subjectivação do tempo livre. O


importante não é a atividade que realizamos nesse período, mas aquela que tivermos
selecionado livremente, por nós próprios e sem uma finalidade concreta.
➢ A condição do ócio não é dispor de tempo não ocupado, mas sim, de não ter a
necessidade de estar ocupado.
➢ O essencial do ócio está na atitude do indivíduo quando realiza uma atividade. Mas no
entanto, não deve ser confundido com preguiça, repouso, ou o estado de quem não faz
absolutamente nada.

➢ Lazer

Lazer – liberdade de não fazer coisa nenhuma. Recreação – conjunto de ocupações ás quais o
indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se
e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-
se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

O Lazer é o desenvolvimento prazenteiro e espontâneo do homem no seu tempo livre com


tendência a satisfazer motivações psicossociais de descanso, entretenimento, socialização,
aventura…

➢ Diferença entre ócio e lazer?

O lazer apresenta-se como uma forma de ocupar o tempo:

- Mas nem sempre é saudável ou desenvolve o indivíduo.

Por exemplo: fazer compras, para alguns, é forma de lazer, outros passam dias inteiros a ver
televisão, sem acompanharem nenhum programa na integra. Estes tipos de atividades podem
ser considerados como lazer, mas dificilmente contribuem para a qualidade de vida ou
desenvolvimento humano.

Ócio pode apresentar-se como aprender a tocar um instrumento, fazer um trabalho voluntário,
assistir a um espetáculo teatral, são atividades que proporcionam experiências de ócio
construtivo, sendo ao mesmo tempo atividades de lazer. O que define se uma atividade permite
a experiência de ócio construtivo é a motivação de quem a realiza.

➢ O que distingue ócio construtivo de outros entendimentos, inclusive do lazer, é o facto


de se retirar dessa experiência ganho para a qualidade de vida, nomeadamente no
que se refere à saúde física, mental e desenvolvimento humano.

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O Lazer associou-se ao turismo promovendo muitas oportunidades de novos negócios, atingindo


um patamar de crescimento que fez com que, do ponto de vista económico, passassem a ser
considerados como indústrias. Favorecendo mais uma atitude passiva de anti lazer, do que uma
atitude proactiva característica do verdadeiro lazer como uma opção consciente.

➢ Educação para o ócio

Pergunta AF1: Há vantagens sociais e educativas na promoção da Educação do ócio?

• A escola ocupa-se somente em educar para o trabalho, esquecendo os milhares de horas


correspondentes ao tempo livre.

• A Educação do ócio e para o ócio deve ser sinónimo de uma educação do lúdico, do
ecológico, do criativo, do festivo e da solidariedade. O ócio deve ser entendido como
um direito que é da mesma essência do direito ao trabalho. O ócio deve propiciar uma
experiência de participação, que seja como encontro com a natureza, a vivencia
artística, a reflexão filosófica ou a meditação religiosa.

• Ao contrário do ensino, as atividades de tempo livre não transmitem conhecimentos de


forma expositiva e autoritária, elas moldas as opiniões, influenciam sobre os critérios
que cada indivíduo tem a respeito da sociedade, dos seus problemas e das suas
soluções, assim como transmitem de forma emocional e recreativa informações de
conteúdo muito mais diversificadas do que as que se transmitem ao mesmo tempo
através do sistema de ensino.

• É dever da educação acompanhar as transformações sociais, caso contrário corremos o


risco de estar perante uma educação que pouco auxiliará os seus alunos no presente e
menos ainda no futuro. A educação não pode esquecer o tempo livre vivido pelos seus
alunos fora das salas de aula, tempo esse onde existem aprendizagens adquiridas
voluntariamente pelas crianças e jovens nas suas atividades individuais ou em grupo.

• É importante que a educação tenha presente e encare o tempo livre como processo de
formação e enriquecimento dos indivíduos, devendo proporcionar-lhes conhecimentos
e oportunidades, que os ajudem nas suas formas de viver, socializar e trabalhar,
atribuindo sentido ás suas vidas e ao seu processo de aprendizagem.

• É necessário educar os indivíduos tanto na escola como no meio familiar, para perceber
não só como, quando e para quê trabalhar, mas também para aprenderem a desfrutar
do seu tempo livre, evitando a alienação que advém do trabalho e reequilibrando as
necessidades pessoais e afetivas.

• Uma educação no e para o tempo livre, permitindo que o indivíduo conheça as


alternativas que existem ao seu dispor e possa eleger, de forma consciente e
responsável as atividades que irá realizar dentro do seu tempo livre contribuindo para
o seu desenvolvimento pessoal e social dentro de uma comunidade.

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• Nas escolas, as mudanças vão surgindo com a implementação dos ATL’S e com o
enriquecimento das bibliotecas escolares. Mas será que os alunos frequentam de livre
vontade? Muitas das vezes não será porque os horários das famílias não são compatíveis
com os horários escolares? Será o que acontece muita das vezes. No entanto, cabe aos
professores ensinar aos alunos a melhor forma de ocupar os tempos livres, para que o
aluno possa tirar vantagem desse tempo pois, o tempo livre mal aproveitado poderá
conduzir a caminhos que o levarão a frustrações futuras.

Pedagogia do ócio e dos tempos livres – Ciência que estuda a educação para os tempos
livres, sua gestão, enriquecimento e optimização dos recursos de ócio – estuda a
dimensão cultural, o lugar, o tipo de ócio que deve ser promovido, bem como, a
contextualização do mesmo, ou seja que as sociedades atuais necessitam do ócio e o
que o ócio lhes deve oferecer.

Tema 2 – indústrias do Ócio e Mediação Sóciocultural

• Distinção entre os meios que tradicionalmente têm estado vinculados à pedagogia do


ócio;

A animação sociocultural é um tipo de ação comunitária que tem como principal


objectivo promover atitudes de participação ativa em pessoas e grupos, durante o seu
processo de desenvolvimento. Abrange uma ampla variedade de intervenções,
programas e instituições: centros cívicos, casas de cultura, universidades, centros de
ocupação de tempos livres.

Meios não específicos da Pedagogia do ócio

Meio escolar – os três âmbitos que a escola pode intervir em relação ao ócio:
- O tempo Livre escolar (Recreio);
- As atividades extraescolares (são feitas para complementar a tarefa escolar e são
concebidas para dar conteúdo ao tempo livre dos educandos), o lado negativo é o
excessivo planeamento do tempo livre do aluno o que pode afastá-los de um dos
principais requisitos da pedagogia do ócio.
- A influência dos programas e dos métodos na formação para o ócio. (currículos virados
para o ensino do equilíbrio entre o trabalho e os tempos livres.)

Meio Familiar
- Clima de convivência positivo;
- Responsabilidade de organizar e ensinar os filhos a organizar o tempo;
- Os pais não devem preencher o tempo livre dos filhos mas respeitá-lo, ajudando os
filhos a decidir, livremente, as atividades de ócio;
- As atividades de ócio coletivas devem ser decididas por todos, visando satisfazer as
necessidades de descanso, diversão e desenvolvimento.

Meio Urbano
O desporto, as festas populaes, atividades artísticas e culturais, que podem ter projeção
formativa dependendo do meio urbano.

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A cidade não deve ser apenas um local de trabalho, mas os seus espaços livres devem
ser um lugar para as atividades coletivas.
Assim existem dois tipos de espaços:
1) Educativos (ludotecas, parques, parques infantis)
2) Comerciais (indústria do ócio) Cinemas, teatros, bares, discotecas

Meios de Comunicação de Massa

O ócio dos meios de comunicação em massa tem um caracter ambivalente. Seu valor
positivo ou negativo dependerá da qualidade do produto, do contexto em que é
recebido.

As indústrias do ócio – são o conjunto de produtos e serviços oferecidos como


mercadorias para serem consumidos ou utilizados no tempo livre (meios de
comunicação e meio urbanos)

A atividade mais comum do tempo livre é o consumo.


Assim, o Turismo é das atividades do ócio que reúne um maior aparato industrial e
comercial (transporte, alimentação, agência de viagem, construção, hotelaria) assim, a
possibilidade de todos terem a possibilidade de viajar converteu essa atividade num
negócio, um sector económico importante.

- Viajar é considerado um poderoso meio educativo, pode-se viajar por amizade, cultura,
aventura, recreação e, assim quando o ócio de viajar se torna um negócio de turismo,
há o perigo de se anular ou degenerar alguns dos seus valores positivos. Assim, pode
faltar o contacto com a população local porque os turistas andam em grupo com outros
turistas…
- Também há quem viaje apenas pelo status, para exibir e colecionar cidades, museus...

• Porque a viagem é uma das atividades de ócio implicitamente mais formativas, assim a
pedagogia do tempo livre deve acolher tal atividade em seu objeto. É preciso ensinar a
viajar, a potenciar os valores formativos dessa atividade, fugindo dos canais
excessivamente comercializados.

Meios específicos da Pedagogia do ócio

• As colónias de férias com caraterísticas educativas bastante específicas:

a) Intensidade da experiência (experiência curta, mas intensa)


b) Possibilidade de tratamento educativo do cotidiano (compreendem uma
série de situações do dia a dia, como refeições, dormir, intervalos mortos) o
tratamento do cotidiano é uma das dimensões educativas mais importantes e
peculiares das colónias.
c) Desvinculação transitória do meio familiar.
d) Contato com um ambiente diferente (possibilidade de conhecer outros
meios, como o rural, e ter um contacto mais direto com a natureza)

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e) Dimensão coletiva da experiência. (experiência coletiva especifica e diferente


das outras comunidades com as quais a criança está acostumada).
f) Redução dos condicionantes externos sobre a atividade. (longe da exigência
familiar e social, as colónias são situações muito abertas, tanto no que se
refere á diversidade de projetos pedagógicos que podem materializar quanto
aos níveis de autonomia que as crianças e os grupos podem aproveitar).

• Apesar da diversidade de metodologias pedagógicas que podem ser adotadas e da


grande variedade de atividades possíveis, há traços fundamentais que podem
caracterizar o sentido educativo dos clubes e centros de tempo livre. São eles:
a) A dimensão de ócio coletivo que possibilitam e fomentam;
b) A não-especialização na atividade de tempo livre;
c) A realização de projetos e empreendimentos, facilitada por uma organização e
infraestrutura estáveis;
d) A enfase no descobrimento e participação no próprio meio vital.
• Brinquedotecas (onde as crianças brincam com brinquedos emprestados com a ajuda
de um monitor e promovem a brincadeira).
• Parques infantis e espaços abertos para o tempo livre (foram idealizados económica e
socialmente adaptados com a realidade envolvente e desenhados tendo em conta o
desenvolvimento e os riscos que as crianças possam vir a ter, são multi-idades para
permitir a interação entre gerações).

Mediação Sociocultural
A animação sociocultural é um tipo de ação comunitária que tem como principal
objetivo promover atitudes de participação ativa em pessoas e grupos, durante o seu
processo de desenvolvimento. Abrange uma ampla variedade de intervenções,
programas e instituições: centros cívicos, casas de cultura, universidades, centros de
ocupação de tempos livres. É um tipo de ação formativa que tem como um dos seus
objetivos principais fazer com que todos vivam verdadeiras situações de ócio educativo,
que superem os ócios alienantes.

➢ É um movimento cultural que defende a cultura acessível a todas as classes sociais.


➢ É contra os ócios comerciais, superficiais e normalizadores;
➢ Defende pressupostos de criatividade, espontaneidade, criação, associativismo;
➢ Representa um meio para emancipação pessoal, social e promove o aumento da auto-
estima;
➢ É uma forma de participação e criação cultural e social;
➢ Valoriza a especificidades das características culturais de cada cultura e de cada pessoa;
➢ Com a emergência da animação sociocultural, a cultura deixa de ser uma atividade de
elite inacessível – valoriza todas as formas de expressão artísticas e não apenas as de
elite;
➢ Combate a alienação e ócio nocivos.

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• A função de um animador social


Um animador é responsável pelo meio e tem o direito de intervir educativamente nele.
É o configurador do meio educativo e usa a sua autonomia relativa para fazê-lo, debaixo
de uma Pedagogia não diretiva.

- Seleciona conteúdos singulares e educativos, pois é contra a normalização e


comercialização, é um educador e orientador cultural.
- Lidera o grupo, motiva, orienta e promove desenvolvimento pessoal, social, cultural.
- Habitualmente está ligado a entidades locais e próximas da comunidade;

Intervêm ao nível:
✓ Elementos e conteúdos do ócio apresentado;
✓ Atua como fonte de estímulos;
✓ Intervêm na construção e mediação de relações;
✓ Administra o tempo e regula intervenções.

• Um bom animador alicerça a sua intervenção numa FORMAÇÃO sólida:

Não é suficiente uma habilidade natural para dinamizar pessoas ou grupos: anima
eficientemente quem adquiriu um conjunto de conhecimentos, quem desenvolveu alguns
comportamentos e faz algumas opções metodológicas. Faltando essa formação, o animador
pode cair facilmente no desanimo.

Para que desempenhe eficazmente as suas funções, existem três áreas fundamentais que o
animador deve ter em conta: o ser, o saber e o saber-fazer.

- O Ser, é constituído pela sua identidade pessoal;

- O Saber, refere-se aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar convenientemente
a sua tarefa formativa. Além disso, um animador, conforme a área específica do seu
desempenho, terá uma formação consoante o seu sector, o contexto e o conteúdo respetivo.

- O Saber-Fazer, reporta-se à metodologia que usa para dar vida ao grupo que anima, a qual é
sempre um reflexo do seu ser e do seu saber.

Ao animador, comete dar tempo e espaço para que a vida desabroche nos animandos. Através
das suas atitudes, o animador promove o protagonismo, a liberdade, a responsabilidade e o
crescimento do destinatário.

• A democratização cultural, surge no início do seculo XX e representa o direito a todos à


cultura. É acompanhada pela democratização geral dos costumes. Um imperativo desse
conceito de cultura é que ela esteja acessível a todos.

Este conceito de cultura, traz consumismo cultural e desperta o interesse do mercado na sua
difusão, o que traz á cultura aspetos menos positivos como: comercialização, a superficialização
e o perigo de normalização e dirigismo cultural.

O conceito de democracia cultural surge como um movimento que defende a seleção dos
elementos culturais que se consome, mas continua a valorizar a criatividade e livre expressão.

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Tema 3 – Meios de comunicação – Televisão

• A televisão – Meios de comunicação


• TV e cotidianos: adultos e crianças
• Interação das crianças com a televisão
• TV e violência nas crianças e adolescentes
• Literacia para os media

As crianças são tidas como figurantes, assistentes ou espectadores, mais do que participantes
ou interlocutoras. Continua a perdurar uma dificuldade real de considerá-las como pessoas e
não apenas pelos seus papéis socias de alunos, filhos, consumidores ou telespectadores.

As crianças merecem ser consideradas e estudadas não apenas pelo que hão de ser, mas
também pelo que são, através dos respetivos modos de expressão, das formas de sociabilidade,
das redes de interação, dos modos diferenciados de se apropriarem do espaço, do tempo e dos
recursos disponíveis, das suas visões de si mesmas e do mundo em que vivem, daquilo que
pensam e esperam dos adultos e do mundo que estes edificaram.

o A tv como um ecossistema informativo;


o A crianças passa em média 3 horas por dia a ver TV (sendo a atividade que mais se
destaca no dia a dia dos mais pequenos);
o A tv funciona no espaço doméstico, como uma companhia, coexistindo com outras
atividades;
o A tv ocupa um lugar nas rotinas sociais e no estilo de vida das famílias, e em muitos
casos, de grandes vazios sociais.
o As crianças que apenas tem aulas durante um período do dia (manhã ou tarde) são as
que mais passam tempo a ver tv, principalmente se estiverem acompanhadas de avós
ou de outros familiares.
o O consumo de tv resulta muitas vezes de falta de outras alternativas ou da dúvida sobre
o que fazer?
o As crianças preferem, em vez da tv, sair de casa, brincar na rua, ir ao parque, visitar
familiares.

A tv mistura-se no quotidiano das famílias, como uma rotina e na maioria das vezes é visionada
em regime multi-pararelo, representa um meio de socialização para as crianças, no entanto não
é o único meio de socialização (família, escola, grupo de pares).

➢ Os efeitos do visionamento de violência na Televisão

É de salientar que muita da violência é vista em programas “realistas” e de Desenhos animados,


mas os cientistas sociais têm mostrado que em todas as formas de programação violenta há 3
possíveis efeitos de visionamento de violência na televisão:

- As crianças podem se tornar menos sensíveis à dor e aos sofrimentos dos outros;

- As crianças são capazes de ter mais receio do mundo que as rodeia;

As crianças têm mais tendência a comportarem-se de uma maneira agressiva e prejudicial em


relação aos outros.

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➢ Efeitos diretos
➢ Dessensibilização
➢ Síndrome do mundo mesquinho

A violência na televisão é um fator causal na diminuição dos raciocínios morais nas crianças. Não
quer isto dizer que a tv impeça totalmente o desenvolvimento de uma formação moral na
criança.

A constatação de que os medias exercem uma forte influencia nos hábitos de saúde de crianças
e jovens, através da apresentação repetitiva de imagens nas quais são recorrentes o consumo
de álcool, tabaco, drogas, o uso da agressão e da violência e os comportamento alimentares
associados á má nutrição e à obesidade, leva a que esta organização considere que a educação
para os media e a consequente literacia mediática possam constituir um antídoto para o
aumento de problemas de saúde entre os mais novos.

➢ Limitações/Desvantagens da visualização de Televisão:


- Há muito tele-lixo;
- É um ócio passivo;
- Perigo de normalização cultural;
- Troca do mundo real pelo simbólico (empobrecimento da vida).

➢ Vantagens da visualização da televisão:


- Fonte de informação (crucial em meios rurais);
- Agente de socialização (ensina normas e valores sociais atuais)
- Forma de tomar consciência do campo mediático e coletivo.

 Influencias da Televisão:
A televisão é um professor poderoso, é capaz de ensinar coisas positivas e produzir
resultados benéficos.
✓ Desenvolvimento cognitivo – a tv pode ser usada para ensinar a alunos de todas
as idades várias habilidades. O desenvolvimento de habilidades de leitura,
vocabulário, resolução de problemas, criatividade, demonstrado por programas
(exemplo: a rua sésamo / Desenhos animados Dora);
✓ Conteúdo académico – os estudantes beneficiam com a presença eficaz da
media de informação. Diversas áreas de conhecimento, historia, arte, musica,
ciência, antropologia. (Exemplo: canal História, Discovery, 24kicken)
✓ Comportamento pró social – As crianças podem aprender comportamentos
positivos – persistência na realização de tarefas, cooperação, empatia , através
de vários programas.
✓ Nutrição e saúde – A televisão pode ser uma fonte principal de informações
sobre uma grande seriedade de tópicos relacionados com saúde – promoção e
prevenção de hábitos positivos de higiene e saúde.

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✓ Questões sociais e políticas – as pessoas hoje estão muito mais informadas sobre
os acontecimentos sociais e culturais – são transmitidas por programas de
noticiários e programas de entretenimento. As apresentações dramáticas de
questões sociais como a violência doméstica, discriminação racial e outras,
aumentam a consciencialização sobre tais problemas, podendo até, incentivar
movimentos.

Influências negativas
 Podem promover hábitos alimentares indesejados . alimentos com alto teor de
gordura e sal ou simplesmente comer demais, entusiasmados por comerciais
da tv;
 Atividades frequentemente solitárias – reduzem os contatos interpessoais
significativos;
 A grande quantidade de tempo consumida com essa atividade diminui o tempo
disponível para outras – temas de casas, leitura, socialização, comunicação
familiar.

Utilização de televisão no meio educativo formal


O papel principal dos educadores diante da televisão é o de ensinar os
indivíduos a verem tv, possibilitando a estes instrumentos de criticidade,
programações de relevância, reflexões sobre o assistido na instituição e em
casa.
A televisão na sociedade capitalista é um veículo ideológico e de mercado. Entretanto,
no processo educativo, os alunos podem ser levados a elaborar análises criticas sobre os
conteúdos dos produtos culturais, questionando-os no confronto com a realidade. A tv pode
tornar-se mais um instrumento educativo sem, no entanto, substituir outros, como o brinquedo,
os livros e as histórias.

❖ É preciso que os governos façam leis e as regulem baseadas numa política educativa
concreta a respeito da tv e o seu uso educativo.
❖ Preparar os educadores para uma mudança de mentalidade;
❖ Renovação curricular e uma evolução geral da escola rumo a modelos mais abertos e
flexíveis de aprendizagem;
❖ O critério de qualidade deve primar sobre o da audiência;

• Educação para os média


O desenvolvimento da literacia mediática deve articular-se com todas as outras
modalidades de literacia, devendo haver uma estreita articulação entre as suas diversas
áreas temáticas.
A Educação para os Media visa aproveitar os recursos e oportunidades que os meios e
redes de comunicação facultam para enriquecer o desenvolvimento pessoal e social, de
modo a que cada pessoa possa conviver, aprender e trabalhar com mais qualidade.
o Condições e possibilidades de acesso aos equipamentos e aplicações
tecnológicos;
o Diversidade e modalidades de uso dos media;

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o Capacidades de procurar, avaliar e selecionar informação relevante, de a


analisar criticamente e de a aplicar de forma significativa às necessidades da
vida quotidiana;
o Capacidades para comunicar melhor consigo e com os outros.

A Educação para os Media supõe a capacidade de compreender - ou “ler criticamente”


- os Media e os processos sociais e culturais através dos quais se apresentam imagens e
representações do mundo em que vivemos, com recurso a diferentes linguagens. As
atenções vão naturalmente para a imprensa, a música, a fotografia, a banda desenhada,
a rádio, a televisão, a publicidade, o cinema, o vídeo, os videojogos – em suportes e
formatos quer analógicos quer digitais –, mas também para as plataformas e redes
digitais, os telemóveis, os tablets, os smartphones e outras formas de circulação e
difusão de mensagens.

Considera-se ainda que as Bibliotecas Escolares constituem um parceiro fundamental


na Educação para os Media e na aplicação deste Referencial, através das iniciativas -
próprias ou em colaboração - que poderão ser desenvolvidas, em articulação quer com
a aprendizagem formal quer com a aprendizagem informal

Tema 4 – Ócio Digital

• Identidades Digitais: O tempo e a experiência no/com o ecrã;

• Desconstruindo o conceito de “nativos digitais”;

Os indivíduos que cresceram na era digital são, de acordo com alguns autores, nativos
digitais, pela capacidade acrescida, face ao resto da população, de utilizar tecnologias
digitais como parte integrante da sua vida.
As características dos nativos digitais são:
- Multitasking (capacidade de executar várias tarefas em simultâneo);
- Acesso alargado de tecnologias digitais;
- A confiança demonstrada nas competências individuais;
- O recurso prioritário à internet para obtenção de informação;
- Utilização de internet para fins educacionais e outros.

Imigrantes digitais – é a população que se adaptou ao novo ambiente, mas mantém um


pé no passado. São os adultos que cresceram na cultura analógica contrariamente aos
“nativos digitais” que passam as suas vidas rodeados de computadores telemóveis e
consolas de jogos, por isso tem modos de pensar e processar a informação
profundamente distintos.

• A internet na família: pais e filhos;


• Riscos (cyberbullying) e oportunidades
Tem que haver respeito pelos outros na internet (cyberbulluing).
As redes sociais são públicas, então tudo o que se passa lá tem a ver com as relações
socias e interpessoais.

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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres

Compulsão para estar sempre online. Jovens estão constantemente a enviar e a receber
mensagens e não conseguem desligar.
Até que ponto as tecnologias tomam conta das nossas vidas?
A internet permite criarmos os nossos próprios conteúdos, aprender, partilhar,
socializar. O mundo está conectado por causa da internet.

• A web 2.0 e as redes sociais.

- Quais são os riscos e as oportunidades das crianças, jovens e adultos nas experiências de ócio
digital?

O ócio digital compreende a utilização do computador, telemóveis, internet, videojogos nos


tempos livres com a finalidade de promover um tempo de estímulo, de enriquecimento pessoal
e motivacional.

A internet faz parte do estilo de vida dos dias de hoje. Os nativos digitais, que são a geração
nascida após 1994, dominam as tecnologias, enquanto os imigrantes digitais, se foram
adaptando às necessidades da sua utilização e funcionalidade, no entanto ainda permanecem
um pouco no analógico.

As atividades de ócio digital, abriram espaço para novas formas de lazer, mas desempenham
funções semelhantes a outros tipos de ócio, como o ócio de viajar, que são a promoção do
relaxamento, estimulação intelectual, emocional e física, interação social, combatem o
sedentarismo.

As atividades digitais permitem uma atividade de lazer sem ter que planear com antecedência,
sendo feitas apenas por prazer e para colmatar um “tempo morto”.

É um lazer portátil, podendo ser feito em qualquer lugar e a qualquer hora, ainda permitindo
socialização síncrona ou assíncrona.

Exemplos de ócio digital são as redes sociais, os videojogos, os chats.

No entanto, o papel da pedagogia do ócio é consciencializar para os possíveis riscos do uso da


internet, tais como o cyberbullying, o sedentarismo causado pelo excesso de uso das
tecnologias, o isolamento e até para o risco de comportamentos violentos que são motivados
pelo acesso a conteúdos menos próprios.

Outro risco no uso do ócio digital é o choque geracional, posto que um ócio familiar apenas é
um ócio se todos os membros estiverem de acordo em fazê-lo, e provavelmente um avô ou uma
avó terá mais dificuldade em acompanhar os ócios digitais pelo fosso de literacia digital que
existe entre as gerações.

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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres

- Qual poderá ser o papel da Rede de Observatórios Municipais para a Literacia e a Inclusão
Digital, neste âmbito?

Os observatórios têm como objetivo aprofundar e divulgar o conhecimento sobre uma


determinada temática. Neste caso da literacia e da inclusão digital, o observatório servirá para
verificar em que medida os portugueses dominam o digital e as novas tecnologias, para assim
intervirem com políticas e medidas de combate à iliteracia digital e como consequência à
promoção da inclusão dos indivíduos.

− Explique até que ponto a televisão pode ser considerado um recurso ociovalioso?

A televisão faz parte do cotidiano das famílias portuguesas, servem como companhia aos mais
idosos e isolados, as crianças passam em média 3 horas por dia em frente à televisão e é utilizada
em paralelo com outras atividades, no espaço doméstico.

A televisão é uma potente fonte de informação, acessível a todos, é um excelente agente de


socialização ensinando normas e valores atuais e é uma forma de tomar consciência do campo
mediático e coletivo.

Pode ser utilizada como um recurso ociovalioso porque ajuda no desenvolvimento cognitivo (
pode ser usada para ensinar a alunos de todas as idades várias habilidades, como a leitura,
vocabulário, matemática, resolução de problemas (exemplo da Rua sésamo e dos desenhos
animados da dora a exploradora que ensina vocabulário a inglês); pode ser utilizada em meio
académico (os estudantes beneficiam com a presença eficaz da media de informação, com os
programas de História, arte, ciência); pode ser utilizada para promover comportamentos pró
social, onde as crianças podem aprender comportamentos positivos; pode ser utilizada para a
aprendizagem sobre nutrição e saúde, em programas culinários e rúbricas sobre a saúde.

Assim, é importante os educadores terem uma visão positiva sobre a televisão e os seus
benefícios, promovendo o espírito critico sobre o que se assiste na televisão e prevenindo
comportamento negativos como o sedentarismo e o ócio passivo.

• Qual o papel de um animador Sociocultural?

O animador sociocultural surge na necessidade de intervir comunitariamente promovendo


atitudes de participação ativa em pessoas e em grupos durante o seu processo de
desenvolvimento.

Assim o animador é o responsável pelo meio de intervenção (casa da cultura, centro de tempos
livres, etc...) e tem o direito de intervir educativamente nele. É configurador do meio, mas de
baixo de uma pedagogia não diretiva.

É contra a comercialização e normalização e assim seleciona conteúdos singulares e educativos.

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