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Conceitos
No decorrer da história, os conceitos de lazer, ócio e tempo livre têm vindo a ser modificados,
acompanhando as mudanças de valores e comportamentos, relacionados sempre com os
aspectos sociais, políticos, económicos e culturais vigentes em cada época.
Introdução ao tema:
O homem precisa aprender a usufruir do seu tempo livre, pois a tendência mundial é de que as
pessoas passem a ter mais horas disponíveis e será necessário que elas se adaptem a estas
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
tendências que aos poucos vai se instaurando, principalmente na Europa. A escola e a família
preparam-nos para o trabalho; não nos preparam para o tempo livre.
▪ Ócio
➢ Lazer
Lazer – liberdade de não fazer coisa nenhuma. Recreação – conjunto de ocupações ás quais o
indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se
e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua
participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-
se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Por exemplo: fazer compras, para alguns, é forma de lazer, outros passam dias inteiros a ver
televisão, sem acompanharem nenhum programa na integra. Estes tipos de atividades podem
ser considerados como lazer, mas dificilmente contribuem para a qualidade de vida ou
desenvolvimento humano.
Ócio pode apresentar-se como aprender a tocar um instrumento, fazer um trabalho voluntário,
assistir a um espetáculo teatral, são atividades que proporcionam experiências de ócio
construtivo, sendo ao mesmo tempo atividades de lazer. O que define se uma atividade permite
a experiência de ócio construtivo é a motivação de quem a realiza.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
• A Educação do ócio e para o ócio deve ser sinónimo de uma educação do lúdico, do
ecológico, do criativo, do festivo e da solidariedade. O ócio deve ser entendido como
um direito que é da mesma essência do direito ao trabalho. O ócio deve propiciar uma
experiência de participação, que seja como encontro com a natureza, a vivencia
artística, a reflexão filosófica ou a meditação religiosa.
• É importante que a educação tenha presente e encare o tempo livre como processo de
formação e enriquecimento dos indivíduos, devendo proporcionar-lhes conhecimentos
e oportunidades, que os ajudem nas suas formas de viver, socializar e trabalhar,
atribuindo sentido ás suas vidas e ao seu processo de aprendizagem.
• É necessário educar os indivíduos tanto na escola como no meio familiar, para perceber
não só como, quando e para quê trabalhar, mas também para aprenderem a desfrutar
do seu tempo livre, evitando a alienação que advém do trabalho e reequilibrando as
necessidades pessoais e afetivas.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
• Nas escolas, as mudanças vão surgindo com a implementação dos ATL’S e com o
enriquecimento das bibliotecas escolares. Mas será que os alunos frequentam de livre
vontade? Muitas das vezes não será porque os horários das famílias não são compatíveis
com os horários escolares? Será o que acontece muita das vezes. No entanto, cabe aos
professores ensinar aos alunos a melhor forma de ocupar os tempos livres, para que o
aluno possa tirar vantagem desse tempo pois, o tempo livre mal aproveitado poderá
conduzir a caminhos que o levarão a frustrações futuras.
Pedagogia do ócio e dos tempos livres – Ciência que estuda a educação para os tempos
livres, sua gestão, enriquecimento e optimização dos recursos de ócio – estuda a
dimensão cultural, o lugar, o tipo de ócio que deve ser promovido, bem como, a
contextualização do mesmo, ou seja que as sociedades atuais necessitam do ócio e o
que o ócio lhes deve oferecer.
Meio escolar – os três âmbitos que a escola pode intervir em relação ao ócio:
- O tempo Livre escolar (Recreio);
- As atividades extraescolares (são feitas para complementar a tarefa escolar e são
concebidas para dar conteúdo ao tempo livre dos educandos), o lado negativo é o
excessivo planeamento do tempo livre do aluno o que pode afastá-los de um dos
principais requisitos da pedagogia do ócio.
- A influência dos programas e dos métodos na formação para o ócio. (currículos virados
para o ensino do equilíbrio entre o trabalho e os tempos livres.)
Meio Familiar
- Clima de convivência positivo;
- Responsabilidade de organizar e ensinar os filhos a organizar o tempo;
- Os pais não devem preencher o tempo livre dos filhos mas respeitá-lo, ajudando os
filhos a decidir, livremente, as atividades de ócio;
- As atividades de ócio coletivas devem ser decididas por todos, visando satisfazer as
necessidades de descanso, diversão e desenvolvimento.
Meio Urbano
O desporto, as festas populaes, atividades artísticas e culturais, que podem ter projeção
formativa dependendo do meio urbano.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
A cidade não deve ser apenas um local de trabalho, mas os seus espaços livres devem
ser um lugar para as atividades coletivas.
Assim existem dois tipos de espaços:
1) Educativos (ludotecas, parques, parques infantis)
2) Comerciais (indústria do ócio) Cinemas, teatros, bares, discotecas
O ócio dos meios de comunicação em massa tem um caracter ambivalente. Seu valor
positivo ou negativo dependerá da qualidade do produto, do contexto em que é
recebido.
- Viajar é considerado um poderoso meio educativo, pode-se viajar por amizade, cultura,
aventura, recreação e, assim quando o ócio de viajar se torna um negócio de turismo,
há o perigo de se anular ou degenerar alguns dos seus valores positivos. Assim, pode
faltar o contacto com a população local porque os turistas andam em grupo com outros
turistas…
- Também há quem viaje apenas pelo status, para exibir e colecionar cidades, museus...
• Porque a viagem é uma das atividades de ócio implicitamente mais formativas, assim a
pedagogia do tempo livre deve acolher tal atividade em seu objeto. É preciso ensinar a
viajar, a potenciar os valores formativos dessa atividade, fugindo dos canais
excessivamente comercializados.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
Mediação Sociocultural
A animação sociocultural é um tipo de ação comunitária que tem como principal
objetivo promover atitudes de participação ativa em pessoas e grupos, durante o seu
processo de desenvolvimento. Abrange uma ampla variedade de intervenções,
programas e instituições: centros cívicos, casas de cultura, universidades, centros de
ocupação de tempos livres. É um tipo de ação formativa que tem como um dos seus
objetivos principais fazer com que todos vivam verdadeiras situações de ócio educativo,
que superem os ócios alienantes.
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Intervêm ao nível:
✓ Elementos e conteúdos do ócio apresentado;
✓ Atua como fonte de estímulos;
✓ Intervêm na construção e mediação de relações;
✓ Administra o tempo e regula intervenções.
Não é suficiente uma habilidade natural para dinamizar pessoas ou grupos: anima
eficientemente quem adquiriu um conjunto de conhecimentos, quem desenvolveu alguns
comportamentos e faz algumas opções metodológicas. Faltando essa formação, o animador
pode cair facilmente no desanimo.
Para que desempenhe eficazmente as suas funções, existem três áreas fundamentais que o
animador deve ter em conta: o ser, o saber e o saber-fazer.
- O Saber, refere-se aos conhecimentos que deve possuir para desempenhar convenientemente
a sua tarefa formativa. Além disso, um animador, conforme a área específica do seu
desempenho, terá uma formação consoante o seu sector, o contexto e o conteúdo respetivo.
- O Saber-Fazer, reporta-se à metodologia que usa para dar vida ao grupo que anima, a qual é
sempre um reflexo do seu ser e do seu saber.
Ao animador, comete dar tempo e espaço para que a vida desabroche nos animandos. Através
das suas atitudes, o animador promove o protagonismo, a liberdade, a responsabilidade e o
crescimento do destinatário.
Este conceito de cultura, traz consumismo cultural e desperta o interesse do mercado na sua
difusão, o que traz á cultura aspetos menos positivos como: comercialização, a superficialização
e o perigo de normalização e dirigismo cultural.
O conceito de democracia cultural surge como um movimento que defende a seleção dos
elementos culturais que se consome, mas continua a valorizar a criatividade e livre expressão.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
As crianças são tidas como figurantes, assistentes ou espectadores, mais do que participantes
ou interlocutoras. Continua a perdurar uma dificuldade real de considerá-las como pessoas e
não apenas pelos seus papéis socias de alunos, filhos, consumidores ou telespectadores.
As crianças merecem ser consideradas e estudadas não apenas pelo que hão de ser, mas
também pelo que são, através dos respetivos modos de expressão, das formas de sociabilidade,
das redes de interação, dos modos diferenciados de se apropriarem do espaço, do tempo e dos
recursos disponíveis, das suas visões de si mesmas e do mundo em que vivem, daquilo que
pensam e esperam dos adultos e do mundo que estes edificaram.
A tv mistura-se no quotidiano das famílias, como uma rotina e na maioria das vezes é visionada
em regime multi-pararelo, representa um meio de socialização para as crianças, no entanto não
é o único meio de socialização (família, escola, grupo de pares).
- As crianças podem se tornar menos sensíveis à dor e aos sofrimentos dos outros;
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
➢ Efeitos diretos
➢ Dessensibilização
➢ Síndrome do mundo mesquinho
A violência na televisão é um fator causal na diminuição dos raciocínios morais nas crianças. Não
quer isto dizer que a tv impeça totalmente o desenvolvimento de uma formação moral na
criança.
A constatação de que os medias exercem uma forte influencia nos hábitos de saúde de crianças
e jovens, através da apresentação repetitiva de imagens nas quais são recorrentes o consumo
de álcool, tabaco, drogas, o uso da agressão e da violência e os comportamento alimentares
associados á má nutrição e à obesidade, leva a que esta organização considere que a educação
para os media e a consequente literacia mediática possam constituir um antídoto para o
aumento de problemas de saúde entre os mais novos.
Influencias da Televisão:
A televisão é um professor poderoso, é capaz de ensinar coisas positivas e produzir
resultados benéficos.
✓ Desenvolvimento cognitivo – a tv pode ser usada para ensinar a alunos de todas
as idades várias habilidades. O desenvolvimento de habilidades de leitura,
vocabulário, resolução de problemas, criatividade, demonstrado por programas
(exemplo: a rua sésamo / Desenhos animados Dora);
✓ Conteúdo académico – os estudantes beneficiam com a presença eficaz da
media de informação. Diversas áreas de conhecimento, historia, arte, musica,
ciência, antropologia. (Exemplo: canal História, Discovery, 24kicken)
✓ Comportamento pró social – As crianças podem aprender comportamentos
positivos – persistência na realização de tarefas, cooperação, empatia , através
de vários programas.
✓ Nutrição e saúde – A televisão pode ser uma fonte principal de informações
sobre uma grande seriedade de tópicos relacionados com saúde – promoção e
prevenção de hábitos positivos de higiene e saúde.
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✓ Questões sociais e políticas – as pessoas hoje estão muito mais informadas sobre
os acontecimentos sociais e culturais – são transmitidas por programas de
noticiários e programas de entretenimento. As apresentações dramáticas de
questões sociais como a violência doméstica, discriminação racial e outras,
aumentam a consciencialização sobre tais problemas, podendo até, incentivar
movimentos.
Influências negativas
Podem promover hábitos alimentares indesejados . alimentos com alto teor de
gordura e sal ou simplesmente comer demais, entusiasmados por comerciais
da tv;
Atividades frequentemente solitárias – reduzem os contatos interpessoais
significativos;
A grande quantidade de tempo consumida com essa atividade diminui o tempo
disponível para outras – temas de casas, leitura, socialização, comunicação
familiar.
❖ É preciso que os governos façam leis e as regulem baseadas numa política educativa
concreta a respeito da tv e o seu uso educativo.
❖ Preparar os educadores para uma mudança de mentalidade;
❖ Renovação curricular e uma evolução geral da escola rumo a modelos mais abertos e
flexíveis de aprendizagem;
❖ O critério de qualidade deve primar sobre o da audiência;
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Os indivíduos que cresceram na era digital são, de acordo com alguns autores, nativos
digitais, pela capacidade acrescida, face ao resto da população, de utilizar tecnologias
digitais como parte integrante da sua vida.
As características dos nativos digitais são:
- Multitasking (capacidade de executar várias tarefas em simultâneo);
- Acesso alargado de tecnologias digitais;
- A confiança demonstrada nas competências individuais;
- O recurso prioritário à internet para obtenção de informação;
- Utilização de internet para fins educacionais e outros.
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Resumo - Pedagogia do ócio e dos Tempos Livres
Compulsão para estar sempre online. Jovens estão constantemente a enviar e a receber
mensagens e não conseguem desligar.
Até que ponto as tecnologias tomam conta das nossas vidas?
A internet permite criarmos os nossos próprios conteúdos, aprender, partilhar,
socializar. O mundo está conectado por causa da internet.
- Quais são os riscos e as oportunidades das crianças, jovens e adultos nas experiências de ócio
digital?
A internet faz parte do estilo de vida dos dias de hoje. Os nativos digitais, que são a geração
nascida após 1994, dominam as tecnologias, enquanto os imigrantes digitais, se foram
adaptando às necessidades da sua utilização e funcionalidade, no entanto ainda permanecem
um pouco no analógico.
As atividades de ócio digital, abriram espaço para novas formas de lazer, mas desempenham
funções semelhantes a outros tipos de ócio, como o ócio de viajar, que são a promoção do
relaxamento, estimulação intelectual, emocional e física, interação social, combatem o
sedentarismo.
As atividades digitais permitem uma atividade de lazer sem ter que planear com antecedência,
sendo feitas apenas por prazer e para colmatar um “tempo morto”.
É um lazer portátil, podendo ser feito em qualquer lugar e a qualquer hora, ainda permitindo
socialização síncrona ou assíncrona.
Outro risco no uso do ócio digital é o choque geracional, posto que um ócio familiar apenas é
um ócio se todos os membros estiverem de acordo em fazê-lo, e provavelmente um avô ou uma
avó terá mais dificuldade em acompanhar os ócios digitais pelo fosso de literacia digital que
existe entre as gerações.
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- Qual poderá ser o papel da Rede de Observatórios Municipais para a Literacia e a Inclusão
Digital, neste âmbito?
− Explique até que ponto a televisão pode ser considerado um recurso ociovalioso?
A televisão faz parte do cotidiano das famílias portuguesas, servem como companhia aos mais
idosos e isolados, as crianças passam em média 3 horas por dia em frente à televisão e é utilizada
em paralelo com outras atividades, no espaço doméstico.
Pode ser utilizada como um recurso ociovalioso porque ajuda no desenvolvimento cognitivo (
pode ser usada para ensinar a alunos de todas as idades várias habilidades, como a leitura,
vocabulário, matemática, resolução de problemas (exemplo da Rua sésamo e dos desenhos
animados da dora a exploradora que ensina vocabulário a inglês); pode ser utilizada em meio
académico (os estudantes beneficiam com a presença eficaz da media de informação, com os
programas de História, arte, ciência); pode ser utilizada para promover comportamentos pró
social, onde as crianças podem aprender comportamentos positivos; pode ser utilizada para a
aprendizagem sobre nutrição e saúde, em programas culinários e rúbricas sobre a saúde.
Assim, é importante os educadores terem uma visão positiva sobre a televisão e os seus
benefícios, promovendo o espírito critico sobre o que se assiste na televisão e prevenindo
comportamento negativos como o sedentarismo e o ócio passivo.
Assim o animador é o responsável pelo meio de intervenção (casa da cultura, centro de tempos
livres, etc...) e tem o direito de intervir educativamente nele. É configurador do meio, mas de
baixo de uma pedagogia não diretiva.
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