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RELATÓRIO TELETRABALHO – JUNHO

Michele Gleica Saçaki

Como zelar pela Educação Infantil em tempos de isolamento


social? (Paulo Fochi)

1- Como buscar caminhos efetivos e alternativas viáveis para


que isso se concretize diante deste cenário atual?

Promoção de encontros entre escola e famílias

2- Como encarar a responsabilidade em épocas que nos


desorientam, dificultam o olhar, a escuta, o gesto que abriga o
respeito às infinitas formas de ser?
A princípio foi difícil a compreensão dessa questão, porém, diante dessa frase “encarar a
responsabilidade”, após sentir um grande peso em minhas costas, refleti que, primeiramente, é
necessário respeitar nosso próprio momento de fragilidade e compreender quais são nossos
limites emocionais diante de tanta coisa que está ocorrendo. Nosso olhar, sensibilidade e
respeito a nós mesmos é primordial se quisermos ter a mesma empatia pelas famílias.
Precisamos aceitar que também não temos todas as respostas, que também estamos
temerosos, no entanto, que estamos juntos. Às vezes o encargo de ser superior para ajudar,
compreender e olhar para o outro me faz esquecer das minhas próprias fragilidades e sem
olhar para elas não posso ajudar ninguém. Devemos ouvir e também ser ouvidas, respeitar o
momento e também sermos respeitadas, compreender e aceitar para poder agir. E, também,
compreender que precisamos trabalhar junto com outros setores, não podemos assumir todas
as responsabilidades, uma vez que a própria BNCC já enfatiza tanto que a educação deve ser
pensada por “todos”, em um momento de pandemia não podemos encarar a responsabilidade
sozinhas (MARIANA) E acrescento a nítida irresponsabilidade e descaso de nossos
governantes, que contribuem para aumentar nossos medos e inseguranças, principalmente
quando se fala em retornar às salas de aula. As decisões a serem tomadas como “protocolos
de segurança”, desde já, não contribuem para nenhum sentimento de segurança. Trabalhar
com medo, é algo que cercea ainda mais o desenvolvimento do nosso trabalho tão complexo,
que é educar. (Michele Saçaki)

3- Como lidar com tantas inovações tecnológicas, suas


consequências e desdobramentos junto aos pequenos e seus
familiares?
Volto a dizer que “menos é mais”, ou seja, devemos buscar
aquilo que é facilitador de nosso trabalho, de nossa vida, e não
sair desbravando as inúmeras abordagens e opções
disponíveis, sem critério e coesão específicos. Dito isso, é uma
possibilidade para novos métodos de encontro educacionais,
que visam contribuir de forma construtiva na educação das
crianças, visando a garantia de direitos e a manutenção dos
vínculos entre a escola, a criança e a família.

No vídeo “O que as crianças esperam do mundo pós-pandemia?”, do Portal Lunetas, observa-


se nas falas, que as crianças sentem falta da interação com familiares, amigos, que suas
emoções são um misto de sentimentos. Sobre o que apreciaram mais neste período, algumas
responderam sobre o tempo ocioso que estão tendo (sem a necessidade do cumprimento
rígido de rotinas, dignas do século XXI), podendo apreciar mais a família, o descanso e a
liberdade para realizar suas atividades, enquanto, por outro lado, o tédio se apresenta por não
poderem interagir com outras pessoas e passearem. Com isso e com os contatos que tivemos
com as famílias de nossos alunos, observa-se não apenas a ansiedade das crianças em
reencontrar seus amigos e poderem explorar o mundo em que vivem, mas também, a
apreciação desses momentos de ócio e de estar em família, já que são crianças que estão na
escola em período integral, com poucas férias no ano. Uma experiência única e necessária
neste momento, que deve ser valorizada pelas famílias com muito otimismo e tolerância.

Acolhimento e adaptação (expressão de sentimentos) e reações em relação à nova rotina;

Um olhar e apoio para mudanças em seu comportamento, habilidades e conhecimentos;

Tratamento de afeto, compreensão e considerações especiais, considerando suas possíveis


dificuldades enfrentadas em seu ambiente familiar no período de isolamento;

Não as submeter a situações de insegurança, constrangimento, intimidação e cerceamento de


movimentos que sejam inadequados para suas características etárias de desenvolvimento;

Ambiente educativo que as permita explorar, brincar, expressar, explorar, participar,


conhecer-se e conviver;

Direito a cuidados, apoio e acolhimento no ambiente educativo e, a não discriminação. Se


atentar à situação vivida pelas crianças no contexto de suas famílias e comunidades. Essa
realidade reforça a necessidade de buscar uma articulação com outros setores, como a
Assistência Social, para avaliar essas situações e buscar alternativas viáveis.

Ao ler os seguintes artigos da Revista Avisa Lá “A Pandemia Coronavirus, o isolamento social e


seus reflexos para a Educação Infantil – 2”, “A Pandemia Coronavirus, o isolamento social e
seus reflexos para a Educação Infantil – 3” e “Coronavírus: o mundo em suspensão” e “O que
vamos dizer às crianças sobre o coronavírus?”, estes dois últimos do Portal Lunetas, me veio as
seguintes reflexões:

Retornar ao trabalho sem uma solução para a pandemia, sem dúvida nenhuma, dificultará o
cuidar aliado ao educar na Educação Infantil. Isto porque, crianças pequenas não apresentam
condições para seguir à risca os cuidados de higiene individuais, mesmo que tenhamos
acabado de orientá-los. Em nossa cultura, o contato físico é muito estimulado, o que neste
momento, não é bem-vindo, ou seja, pode contribuir para a diminuição da autoestima da
criança. E forçar profissionais a seguir à risca o que é considerado uma das 10 competências
gerais da BNCC, acaba sendo, neste momento, forçar os profissionais de Educação a ignorar
seus medos e angústias, o que a não realização dessas orientações de contato feriria não só
um direito da criança – sendo obrigação do educador –, mas também o seu direito de
manifestar “suas angústias e medos e de serem acolhidos e apoiados de forma a se sentirem
confortáveis e seguros no ambiente de trabalho.” (BRASIL, 5/2020). Desta forma, é primordial
repensarmos o cuidado com a criança neste momento, não desrespeitando o cuidado com a
saúde emocional dos educadores e nem o direito da criança. E o cuidar sem o exacerbado
contato físico com as crianças pequenas, é possível, como observado em outras culturas, onde
a ausência de contato é tido como uma forma de respeito ao próximo. Disto advém o respeito
pela cultura de outrem.

E acrescento mais uma angústia... com o consumo de animais silvestres e, o consequente


desmatamento de seus habitats naturais, pesquisadores já alertam para a existência de novas
pandemias no futuro, portanto, como afirma o artigo do Portal Lunetas: “nada mais será como
antes”. E isto tudo é um convite (forçado) para as escolas, como formadoras de sujeitos e
opiniões, terem um olhar atento para essas questões na elaboração de seus Currículos e
práticas educativas para o presente século.

Além destas questões mais amplas, cabe à escola promover diálogos com as crianças e as
famílias sobre a importância dos cuidados individuais nos tempos atuais, devido ao surgimento
de diversas doenças, conscientizando-os de que “cuidar de si é cuidar dos outros”, de que é
importante a escolha política para a valorização de setores importantes como saúde, educação
e investimento em pesquisadores, com ênfase no público, para benefício principalmente das
minorias.

No momento atual (quarentena), o artigo “O lar como ambiente educativo em tempos de


isolamento domiciliar”, vem reforçar algumas crenças próprias, como pensar o ambiente
doméstico como um ambiente coletivo e compartilhado, sendo o dever de todos da casa
contribuir na realização das atividades domésticas (favorecendo a autonomia da criança),
compreendendo que incentivar a realização desses serviços apenas pela mulher responsável
pela casa é uma atitude machista e deve ser repensada.

Vídeo “Educação Integral em tempos de crise - 4ª live”, do dia do Centro de Referências em


Educação Integral

Aspectos mais relevantes para o nosso cotidiano em comparação à realidade apresentada no


vídeo (rupturas e permanências).

Educação Integral como a formação integral do sujeito, inclusiva e transformadora.

Diálogo permanente entre Secretaria e sua rede de ensino.


Indissociabilidade entre cuidar e educar.

Traduzido nas DCNEIs.

Criança sujeito de direitos, culturalmente e historicamente situados como responsabilidade


compartilhada entre família e escola. Isso encontrou uma concretude na Base Nacional,
preservando essa concepção, considerando a criança como um sujeito pleno de direitos,
garantindo-a como sujeito integral.

O Currículo se estrutura a partir de interações e brincadeiras.

O conhecimento não é fragmentado, são integralizados, daí os “campos de experiência”.

Não há preocupações de sistematização e certezas, mas instigar a curiosidade que deve


prevalecer ao longo da vida dos sujeitos, para seu pleno desenvolvimento, como sujeito
histórico e de direitos.

A desigualdade ficou em evidência no período de pandemia. Momento de acolhimento às


famílias e manutenção de vínculos com as crianças.

Necessidade de atenção e um olhar dos órgãos intersetoriais para as famílias, além da escola.

Necessidade de subsídios às famílias, como dicas, sugestões de atividades.

Ajudar as famílias a manter um ambiente de interação e de brincadeiras, fortalecendo o


vínculo entre as crianças e sua própria família (sem fazer dos pais, professores e pedagogos).
Esse período também é educativo, capaz de propiciar o desenvolvimento da autonomia da
criança. A criança também está se desenvolvendo.

Devemos ensinar as famílias a concepção de criança que construímos na Educação Infantil nos
últimos 30 anos. As expectativas dos pais estão relacionadas com suas vivências.

Pais não substituem o professor, que observa e reflete sobre aquilo que funcionou ou não.

A escola se faz presente nesse período por meio da escuta, do acolhimento, da orientação e
articulação com outros setores de apoio. As redes de ensino devem apoiar o currículo
desenvolvido pelas crianças em suas residências (brincar, dormir, comer, ouvir música,
histórias), considerando-o como parte das 800 horas a serem cumpridas como carga horária.

Adendo:

Mais matrículas na EI do que no Ensino Médio, porque a Educação Infantil ainda é vista como
assistencialista, embora os estudos e documentos mandatórios atuais, já não disseminem mais
essa visão.

No período de quarentena, nossas crianças estão ficando com avós, outras em revezamento
com parentes e amigos e uma minoria com os próprios pais ou babás.

O que o Intersetorial tem discutido a respeito das necessidades e demandas das famílias?

No contato que fizemos com as famílias, foi necessário esclarecer o que são as atividades
sugeridas e como realizá-las, além de ressaltar o que se deve valorizar nesse momento, devido
à visão que as famílias possuem da escola, no sentido da escolarização, o que contraria até a
sua visão assistencialista da Educação Infantil.
No vídeo “Educação Integral em tempos de crise - 4ª live”, do dia do Centro de Referências em
Educação Integral, realizamos a escuta e discussão em grupo. O vídeo traz pontos importantes
e já estudados sobre a Educação e o período de pandemia. Nosso grupo destacou alguns
pontos em relação à nossa realidade vivenciada, tais como: a preocupação com a manutenção
dos vínculos com as crianças e as famílias que já temos iniciado por meio de ligações e contato
via e-mail, utilizando-se das tecnologias como o “Meet”, do Google para videochamadas; o
envio de sugestão de brincadeiras e atividades que possam subsidiar as relações, interações e
o encontro entre as crianças e suas famílias, favorecendo o exercício de seus próprios papeis
como pais e filhos, aproveitando a companhia um do outro; em nossas conversas com as
famílias, vimos um ponto positivo, pois a escola já não é só vista como assistencialista por
alguns pais, pois observamos a preocupação latente com os conteúdos para o
desenvolvimento das crianças, e neste ponto fica claro que a Escola deve se empenhar para
mostrar e trazer aos pais uma nova visão e concepção de criança e Educação Infantil,
experiências das quais não vivenciaram e não possuem referências; embora alguns pais
tenham perdido o emprego, nenhuma criança do nosso grupo de estudo, conforme contato
telefônico que tivemos se encontram em situação de risco ou necessitam de intervenção de
assistência social.

TÓPICOS:

ASPECTOS SEMELHANTES:

• Preocupação da manutenção dos vínculos

• Utilização das tecnologias para manter o contato com os pais

• Envio de propostas de atividades de apoio para os pais

• Pais preocupados em realizar as atividades (visão conteudista x assistencialista)

LADO POSITIVO: PERCEBERAM QUE A ESCOLA NÃO É APENAS ASSISTENCIALISTA, PUDERAM


ENXERGAR O QUANTO A ESCOLA FAZ FALTA TAMBÉM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS
CRIANÇAS.

DIFERENÇAS:

• Menos crianças em situação de risco / intervenção da assistência social


Intersetorialidade (o que a intersetorial está fazendo a respeito)

DESTAQUES:

PAPEL DA FAMÍLIA: é nutrir as relações, interações, experiências e brincadeiras, deixar as


crianças se expressarem, ouvi-las e preservar a curiosidade de aprender o mundo. Ressignificar
as relações que tem com a própria família e aproveitar a companhia um do outro já que
muitos pais estão também estão em casa sem trabalhar. Um dos nossos alunos relatou que
está gostando de ficar em casa com a mãe, o que não acontecia antes.

PAPEL DA ESCOLA: Fortalecer e conversar com pais sobre a concepção de criança e educação
infantil e acalmar os pais
Podcast 13 | Os direitos das crianças e a pandemia - Sonia Larrubia Valverde

Desigualdades sociais escancaradas na pandemia, comprovam que grande parte das crianças
vivem sem ter os direitos básicos preservados (sem comida, sem espaço pra brincar

Belíssimo trabalho dos canais do Youtube “Crianceiras” e “Viagem pelo Mundo da Música”. Já
utilizava em minhas aulas os vídeos e brincadeiras musicais da “Palavra Cantada” e da
“Fortuna”, que conheci por meio de um curso oferecido no SESC.

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