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Material Teórico
Relações entre Lazer e Cultura
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida
Relações entre Lazer e Cultura
• Introdução;
• Conceito de Cultura e suas Peculiaridades;
• Indústria Cultural e do Entretenimento;
• Lazer e Mercado.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os diferentes conceitos de Cultura e seus autores de referência;
· Compreender o significado do conceito de Indústria Cultural, bem como
as relações entre o campo da Cultura e as demandas de Mercado;
· Reconhecer as relações entre Lazer, Mercado e direitos de cidadania.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
Introdução
Pronto para dar início a mais uma Unidade da nossa Disciplina de “Lazer
e entretenimento”?
Mas antes disso, que tal recordarmos – de forma geral – os assuntos tratados na
Unidade anterior? Vamos ver como anda a sua apreensão dos conteúdos. Coloque
sua memória para funcionar!
Nosso percurso histórico nos levou à Modernidade, momento no qual surge o lazer.
Entretanto, a passagem por períodos anteriores demonstrou que o lazer estabelece
relação dialética com suas formações pretéritas. Em um movimento de continuidade e
descontinuidade, o lazer herda características de seus antecessores; porém, diferencia-
-se deles quanto a suas funções e ao contexto social em que se revela e se desenvolve.
Mas se o lazer tem funções diferentes de suas formas anteriores, quais funções
são essas?
Por fim, buscamos situar melhor a produção de conhecimento no campo dos estu-
dos do lazer no país, mapeando seus diferentes ciclos. Essa apresentação nos permitiu
observar que aquilo que se produz cientificamente sobre o lazer vincula-se diretamente
à conjuntura social de cada época. Nesse sentido, iniciamos com os estudos de caráter
prescritivos e funcionais, passando pelas pesquisas que se debruçaram sobre os interesses
culturais do lazer até chegar às produções teóricas que problematizam a relação entre
lazer e as demandas do Mercado. É importante destacar que esses dois últimos obje-
tos de investigação serão revistos nesta Unidade, com mais detalhes.
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Após essa sucinta revisão dos temas abordados na Unidade anterior, vamos dar
início aos conteúdos desta Unidade.
Para isso, gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas: O que é Cultura para você?
Você pertence a alguma Cultura particular? Qual é o tipo de Cultura que você
mais gosta?
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Parece-nos que, da mesma forma que com o lazer, a maioria das pessoas tem uma
ideia – ainda que vaga – sobre o que é a Cultura. Todavia, por vezes, essas opiniões
retratam uma visão distorcida e estereotipada da Cultura.
Segundo Melo e Alves Junior (2003, p. 24): “Até em função dos desdobramen-
tos sociais, quando se fala em cultura é comum que sempre as mesmas imagens
venham à mente”.
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
A cultura seria vista como algo com conteúdo complexo e realizada em espaços
sofisticados, cujo acesso se restringiria aos mais ricos. Além disso, a imagem que se
tem de uma pessoa culta é sempre a de um sujeito antissocial, estudioso, de gosto
refinado e que – de forma exibicionista e pedante – procura demonstrar sua erudição.
Melo e Alves Junior (2003) afirmam que elas são um engano. Entretanto, ao mes-
mo tempo, destacam que não são invenções aleatórias, ou seja, não é um equívoco
cometido por acaso. Para os autores, há uma ordem social que intencionalmente
afasta as pessoas da oportunidade de contato com as expressões culturais e que cria
uma hierarquia entre as diferentes formas de organização da cultura.
Cultura no Brasil
Explor
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-IBGE) de 2009, 46,7 milhões das
57,8 milhões de famílias consultadas no universo da pesquisa POF - aproximadamente 81%
- consumiram algum produto de cultura. No entanto, estudo da Fundação Getúlio Vargas,
intitulado “A Cultura na Economia Brasileira”, apontou que as famílias brasileiras gastam em
torno de apenas 0,6% de sua renda em cultura.
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A Cultura entendida no seu sentido figurado de cultura do espírito e do intelecto
é uma construção influenciada pelos ideais iluministas, presentes no Renascimento
durante o século XVI.
Em seus escritos introdutórios, o autor localiza duas leituras sobre a ideia de cultura;
a primeira vinculada a uma atividade espiritual que estimula a capacidade criativa, in-
ventiva, autocrítica e de autotranscedência; já a segunda compreende a Cultura como
expressão da rotina e da continuidade. Bauman (2012) resume Cultura da seguinte
forma: “[...] é tanto um agente da desordem quanto um instrumento da ordem; um
fator tanto de envelhecimento e obsolescência quanto de atemporalidade” (p. 28).
Melo e Alves Junior (2003) compartilham esse conceito; porém, alertam para o
fato de que, por envolver os desejos humanos, definição, construção e difusão da
Cultura não são elementos simples e harmônicos; ao contrário, envolvem tensões,
diálogos, trocas, manipulações e disputas. Esse caráter contraditório e conflituoso
é facilmente percebido nas manifestações artísticas, que podem cumprir tanto o
papel de ajustamento, quanto o de contestação.
Trocando ideias...Importante!
Melo e Alves Junior (2003) apresentam três equívocos cometidos nas interpretações
sobre a Cultura:
• O primeiro é restringir a Cultura a algumas linguagens artísticas (música, cinema,
literatura etc.), desprezando outras como, por exemplo, o esporte;
• O segundo refere-se a uma maior valorização da cultura erudita em relação à cultura
popular, desprezando o fato de que ambas devem ser valorizadas;
• O terceiro é reduzir o conceito de cultura à apenas o conjunto de manifestações, sem
perceber que se trata de algo bem mais amplo.
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
São eles:
• Físicos;
• Estéticos/artísticos;
• Intelectuais;
• Manuais; e
• Sociais.
• Posteriormente, outros autores incluíram outros dois conjuntos:
• Turístico (CAMARGO, 1986);
• Virtual (SCHWARTZ, 2003).
Pesquisa tem demonstrado que esse é o conteúdo cultural do lazer mais difundido
entre a população, motivada pela busca da melhoria da qualidade de vida e promo-
ção da saúde.
Esse é o seu caso? Você tem praticado algum tipo de exercício físico no seu
tempo livre? O que você deseja alcançar com a prática de atividade física?
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Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Silva e Sampaio (2011) fazem duas ressalvas em relação aos interesses físicos/
esportivos. A primeira observação realizada pelos autores é a de que não podemos
afirmar que a maior parte da população brasileira utiliza o seu tempo disponível
para a prática de atividades físicas.
Importante! Importante!
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
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Silva e Sampaio (2011) destacam que, nesse caso, a motivação para o envolvi-
mento com essas atividades não é o retorno financeiro. Também faz parte dessa
categoria o conserto de utensílios domésticos e brinquedos, entre outros objetos,
desde que seja uma opção e não uma imposição devido à falta de dinheiro para a
contratação de um profissional.
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Atualmente, é possível observar que tais interesses têm sofrido uma ressignificação
em função dos interesses virtuais, vez que os “encontros” e as conversas ocorrem,
com maior frequência, nas Mídias e nas redes sociais.
Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
Você se inclui entre aquelas pessoas que ficam contando os dias para a chegada
das férias? Como foi sua última viagem de férias ou a lazer? Quais foram suas moti-
vações? Elas foram alcançadas?
Figura 8
Fonte: iStock/Getty Images
Vale à pena abrir um parêntese aqui para chamarmos sua atenção para o fato de
que essa classificação dos interesses culturais do lazer pode sofrer variações e conexões.
Como exemplo, a opção, cada vez mais comum, de realizar viagens com grupos
de amigos ou familiares representa uma mescla entre interesses turísticos e sociais.
Já a escolha por uma viagem para locais inóspitos (difícil acesso e isolados) ou
propícios à prática de esportes de aventura ou natureza representa uma mistura
junto aos interesses físicos e esportivos. Além disso, constitui um exemplo daquilo
que Mascarenhas (2003) denominou de êxtase-lazer, atividades que oportunizam ao
indivíduo dar vazão à adrenalina de forma bastante rápida.
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Uma prova da citação acima são os interesses virtuais. Trata-se de um novo con-
teúdo do lazer, decorrente dos avanços tecnológicos, que transformam os meios de
comunicação e aprimoram as conexões em rede.
Após conhecer os diferentes interesses culturais do lazer, reflita: Qual você diria que
é aquele mais presente em seu tempo livre? O que determina a sua escolha por
esse interesse cultural? Quanto tempo do seu dia você dedica a ele?
A diversidade dos interesses culturais retratada nessa primeira parte desta Unidade
relaciona-se diretamente ao crescimento da indústria cultural e do entretenimento.
Entretanto, em relação a essa ampliação, cabem dois alertas iniciais.
O primeiro diz respeito à sua mediação tecnológica que, em muitos casos, engen-
dra uma homogeneização dos gostos, padrões e “estilos de vida”. O segundo aspecto
refere-se ao tipo de entretenimento ofertado pela indústria cultural que, atualmente,
com a utilização massiva dos procedimentos midiáticos se configura em vivências ime-
diatistas e efêmeras (PIRES, 2002). Levando em consideração essas ponderações, ve-
jamos melhor o que caracteriza a denominada Indústria Cultural e do Entretenimento.
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
Entretanto, você já parou para pensar o que pode significar divertir-se nos dias
de hoje?
Seria essa uma ação consciente e de livre escolha dos indivíduos ou condicionada
por critérios contrários a esses?
Você já parou para refletir por que é tão comum e atraente nos sentarmos à frente
da televisão por minutos e horas? Por que, após um dia cansativo no trabalho e de
enfrentar o trânsito caótico das cidades chegamos fatigados em casa e logo ligamos
a TV para nos distrairmos? Em outras palavras, por que os veículos da indústria Cul-
tural tanto nos seduzem?
Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images
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Figura 10
Fonte: iStock/Getty Images
Todavia, para uma reflexão mais profunda sobre as questões e informações acima,
é necessário, antes, compreendermos o que seria a chamada Indústria Cultural.
Vejamos, então, como nasce e o significado desse termo tão utilizado atualmente!
Segundo Vaz (2006), a expressão Indústria Cultural é usada hoje em dia quando
se fala sobre produção da cultura e do entretenimento. De acordo com o autor,
desde o final dos anos 1980, muitos estudos e textos, de forma equivocada, igualam
a Indústria Cultural à Mídia, em especial com a Televisão, sendo esta apenas uma
de suas formas.
Vaz (2006, p. 14) apresenta como hipótese de trabalho “Que o lazer simples-
mente não pode ser pensado fora dos esquemas da indústria cultural”.
Naquela ocasião, a opção dos autores tinha como objetivo solucionar uma possível
confusão. Anos mais tarde, Adorno explicou que não utilizaram o termo cultura de
massas – mais comum à época –, porque não queriam que o objeto que estudavam
fosse confundido com a cultura popular; ou seja, eles não se referiam a uma cultura
que vem das massas, mas sim a um conjunto de mecanismos produzido para as massas
consumidoras (VAZ, 2006).
A Escola de Frankfurt é uma escola de teoria social e filosófica, associada ao Instituto para Pes-
Explor
quisa Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. A Escola era composta por um conjunto
de cientistas socais marxistas, críticos a determinadas interpretações do pensamento de Marx.
Seus membros originais foram: Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse, Friedrich
Pollock, Erich Fromm, Otto Kirchheimer e Leo Löwenthal. Posteriormente, existiu uma segunda
geração de teóricos, com destaque para os trabalhos de Jürgen Habermas.
Fonte: https://goo.gl/kLDtGo
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
De acordo com Zuin (2001), Adorno vincula Cultura e Indústria, vez que identifica,
na produção cultural, aspectos da Produção Industrial, tais como: a estandardização
de determinado objeto e a racionalização das técnicas de distribuição.
Nessa parte do texto, sugerimos que você volte para as questões que abriram
esta seção.
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Uma primeira é reconhecer o enorme potencial econômico desse setor, o que se
comprova pelas grandes cifras que movimenta. Um exemplo pode ser dado pelos ele-
vados números que envolvem os patrocínios e os direitos de transmissão de espetáculos
esportivos. Dados da network PwC demonstram que, em 2014, o setor movimentou
US$ 42 bilhões, apresentando uma expectativa de crescimento para os próximos cinco
anos de 10,2% .
Ademais, pelo dinamismo e atualização que lhe são característicos, o setor configu-
ra um amplo e diversificado campo de atuação profissional caracterizado pelo empre-
endedorismo e pela inovação, o que se comprova pelos estudos sobre as tendências
de Mercado – desenvolveremos melhor esse assunto nas Unidades posteriores.
Para ilustrar essa tendência, podemos citar profissões que até pouco tempo eram
restritas ou inexistiam, mas que, atualmente, apresentam um crescimento acentuado.
Figura 11
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Relações entre Lazer e Cultura
Entretanto, demonstramos aqui que esse potencial não deve ser isolado da preocu-
pação com a qualidade daquilo que está sendo ampliado e democratizado. Tampouco
devemos ignorar o fato de que essa expansão ocorre, sobretudo, orientada pelo desejo
de ampliação do Mercado consumidor dos produtos culturais ou que usam da cultura
como meio de divulgação.
Se, por um lado, o lazer adota o signo da mercadoria, por outro, não podemos
esquecer que ele é um direito social reconhecido legalmente.
Lazer e Mercado
Para iniciar essa seção, gostaríamos de convidá-lo(a) a refletir sobre o seu cotidia-
no, sobretudo a ocupação dos momentos de tempo livre.
Já aconteceu com você de, certa vez, adquirir uma peça de vestuário e minutos
ou horas depois se arrepender e abandonar esse produto em seu armário ainda
com a etiqueta?
Já sentiu a sensação de que seu celular recém-adquirido – e do qual você foi incapaz
de conhecer todas as funcionalidades – estava obsoleto em relação às ultimas versões
comercializadas no mercado?
Perguntas como essas demonstram que vivemos, hoje, no que estudiosos denomi-
nam Sociedade de Consumo.
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Figura 12
Fonte: iStock/Getty Images
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Falando nisso...
Figura 13
Fonte: iStock/Getty Images
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Essa ressignificação ocorre com o lazer e suas expressões culturais. Lembre-se de
que, na Unidade anterior, demonstramos que formas pretéritas e mesmo o lazer em
sua origem não cumpriam essencialmente esse papel, embora de modo parcial tivesse
vínculos com a exploração comercial do divertimento de massas.
As atividades que você realiza nos seus momentos de lazer são pagas ou gratuitas?
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Trocando ideias...Importante!
Mascarenhas (2005), em sua Tese de Doutorado, cria o neologismo “mercolazer” para
denominar a versão do lazer transformado em mercadoria. Segundo o autor, superando
as dimensões funcionalistas, essa é forma hegemônica do lazer na sociedade contem-
porânea. O autor ainda ressalta que há uma parte significativa da população que fica
sem lazer, pois se encontra desprovida das condições necessárias para acessar o mercado
de consumo dos bens e serviços de lazer. Esse contingente populacional deve se conten-
tar com o entretenimento gratuito dos meios de comunicação de massa ou esperar por
políticas assistencialistas de cunho filantrópico. Embora a percepção do autor não esteja
equivocada, é preciso considerar dois fatores: o primeiro diz respeito à produção cultural
que se realizada no interior dos territórios onde o lazer é negado, que muitas vezes traz
um conteúdo cultural de qualidade e com forte teor crítico, denunciando os problemas
sociais enfrentados por eles, como, por exemplo: a cultura Hip Hop (e o movimento Rap
em geral) nas periferias de São Paulo ou o funk nas comunidades do Rio de Janeiro; o
segundo aspecto está relacionado à ampliação do acesso à Internet, que possibilita o
contato – ainda que a partir de uma linguagem superficial e fragmentada – com um
conjunto mais diversificado de manifestações culturais, incluindo a cultura erudita.
Como Melo (2003) destaca: a cultura possui um paradoxo próprio, pois, ao mesmo tem-
po, é instrumento de dominação e grande possibilidade de reflexão.
Alguma vez você já utilizou o fato de ser cliente/consumidor para exigir seus direitos?
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Importante! Importante!
Já Melo e Alves Junior (2003) destacam que o direito ao lazer não pode ser com-
preendido como menos importante do que outros direitos, haja vista que se trata de um
direito diretamente vinculado à qualidade de vida dos cidadãos.
Você tem aproveitado sua cidade? Sente-se seguro para andar a qualquer hora
do dia pelos espaços públicos, parques e praças da sua cidade? Sua cidade tem
museus e exposições que permitem o acesso gratuito?
Você deve ter percebido que essas perguntas demonstram como o direito ao lazer
se conecta fortemente com o direito às cidades, à segurança pública e à Educação:
O direito ao lazer significa também que, para ser reconhecido como tal, deve
ter asseguradas as condições para sua expressão e exercício. Parafraseado
Henri Lefebvre (1969), que cunhou a expressão “direito à cidade”, podemos
também falar do direito ao lazer na cidade de nosso tempo, no sentido de
que ela própria, para além das opções de entretenimento que possa abrigar
e oferecer a seus moradores, é em si mesma um grande equipamento de
lazer e, não obstante seus problemas e desigualdades, é objeto de disputas,
controvérsias. (MAGNANI, 2015, p.17).
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Afinal, espera-se que, sobretudo daquelas ações financiadas pelo Estado, desen-
volvam atividades de lazer com conteúdo culturalmente diverso e rico, capaz de
contribuir com a formação humana dos sujeitos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Vida para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadoria
BAUMAN, Z. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008;
Filmes
No
No. Chile. 2012. 1h 58m. Direção: Pablo Larrain;
Clube da Luta
Clube da luta. EUA. 1999. 2h31m. Direção: David Fincher;
O Quarto Poder
O Quarto Poder. EUA. 1997. 1h 54m. Direção: Costa-Gravas.
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Referências
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos.
2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
VAZ, A. F. Reflexões de passagem sobre o lazer: notas sobre a pedagogia da indústria cul-
tural. Pensar a Prática, Goiânia, v. 9, n.1, p. 13-26, jan./jun. 2006.
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