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PSICOLOGIA DO SONO COM

CRIANÇAS
E ADOLESCENTES
Elaboração

Elisia Maria de Jesus Santos

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA.................................................................................................. 5

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 7

UNIDADE I
PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES............................................................................. 9

CAPÍTULO 1
ENTENDENDO O SONO....................................................................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
RELAÇÃO ENTRE SONO E SAÚDE DE ADOLESCENTES...................................................................................................................... 15

CAPÍTULO 3
PROBLEMAS DE SONO NA PRIMEIRA INFÂNCIA SÃO MUITO PERSISTENTES CASO NÃO SEJAM TRATADOS –

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.................................................................................... 21

UNIDADE II
PSICOLOGIA DO SONO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES.......................................................................................................................... 28

CAPÍTULO 1
PROBLEMAS NO MOMENTO DE DORMIR................................................................................................................................................. 28

CAPÍTULO 2
DESPERTAR NOTURNO..................................................................................................................................................................................... 37

CAPÍTULO 3
INSÔNIA – CONSEQUÊNCIAS ADVINDAS DO PROBLEMA DO SONO............................................................................................ 42

UNIDADE III
TRATAMENTO COMPORTAMENTAL PARA O SONO INFANTIL........................................................................................................................ 50

CAPÍTULO 1
HIGIENE DO SONO............................................................................................................................................................................................... 50

CAPÍTULO 2
ROTINAS PRÉ-SONO........................................................................................................................................................................................... 61

CAPÍTULO 3
PADRÕES DE SONO DAS CRIANÇAS A PARTIR DA ESCALA DIMS (ESCALA DIFICULDADE DE INICIAR E

MANTER O SONO)............................................................................................................................................................................................... 68

CAPÍTULO 4
HÁBITOS E ROTINAS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ANTES DE DORMIR.......................................................................... 75

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................................................... 86
APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam
tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta
para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.

Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar


Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do
estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.

Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar


Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

6
INTRODUÇÃO

A proposta deste módulo é apresentar os principais conceitos e discussões estabelecidas


dentro da grande área da psicologia do sono, com foco específico nas crianças e
adolescentes. Para tal, investiremos na discussão sobre alguns elementos essenciais
para compreender o sono e estabelecer a relação desse com crianças e adolescentes,
adentrando nos meandros estreitos dos problemas do sono na infância e adolescência
para pensar no papel do psicólogo nesta área.

Tão natural quanto respirar, é o ato de dormir, importante hábito para vida, pois,
uma vez que esse hábito se torne irregular, além de confundirmos o relógio biológico,
teremos prejuízos na dinâmica familiar e mesmo no desenvolvimento das crianças e
adolescentes.

Será muito pertinente em nosso estudo pensar como a contemporaneidade influência


nos hábitos de sono, principalmente para as crianças e adolescentes, uma vez que, as
tecnologias e os equipamentos eletrônicos já fazem parte da vida das pessoas, cada vez
mais cedo e de forma mais constante.

Iremos tratar sobre o papel do psicólogo na Medicina do Sono de crianças e adolescentes,


com os tópicos que versam sobre a compreensão do sono como um todo, sobre a
relação entre o sono e saúde de crianças e adolescentes e buscar entender os principais
problemas de sono na primeira infância e a atuação do psicólogo para os devidos
tratamentos.

Mais especificamente no campo da psicologia do sono em crianças e adolescentes,


discutiremos sobre os principais problemas que ocorrem no momento de dormir desse
grupo etário e iremos entender mais sobre o despertar noturno e ainda, estudar sobre
a insônia, distúrbio mais observado nos estudos médicos, e os principais problemas
advindos da má qualidade do sono.

Estudaremos, por fim, alguns tratamentos comportamentais para os distúrbios e as


dificuldades de sono infantil. Aprenderemos sobre a higiene do sono, vislumbraremos
as principais orientações para as rotinas antes de em crianças e adolescentes dormirem.
Conheceremos mais sobre os padrões de sono das crianças a partir da escala DIMS e,
por fim, pontuaremos alguns hábitos e rotinas importantes para crianças e adolescentes
antes de dormir.

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Introdução

Objetivos
» Ampliar o entendimento sobre sono enquanto conceito psicológico.

» Compreender as relações entre sono e adolescência.

» Relacionar a psicologia do sono e as crianças.

» Analisar os diversos distúrbios de sono em crianças e adolescentes.

» Definir os tratamentos comportamentais para o sono infantil.

» Apresentar os principais hábitos pré-sono para crianças.

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PAPEL DO PSICÓLOGO
NA MEDICINA DO
SONO DE CRIANÇAS UNIDADE I
E ADOLESCENTES

CAPÍTULO 1
Entendendo o sono

Figura 1. Mulher deitada, dormindo - Felix Vallotton 1899.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/828169818949403810/.

Neste capítulo inicial, nossa pretensão é compreender, de forma geral e breve, os


principais componentes do sono, como ele se desenvolve e quais suas funções para
a saúde humana. É um capítulo introdutório para, depois abranger de forma mais
profunda como o sono se relaciona em diversas dimensões na saúde de crianças e de
adolescentes.

O que é o sono? Como ele se desenvolve? Qual a sua real função? Por que e para que
dormimos? Essas e outras questões pairam em nossos pensamentos e a intenção dessa
comunicação é tentar respondê-las. Tão natural quanto respirar é o ato de dormir,
importante hábito para vida, pois, uma vez que esse hábito se torna irregular, além
de confundirmos o relógio biológico, corremos o risco de adquirir doenças como:
hipertensão, síndrome do pânico e outras. Para iniciarmos o conteúdo, é necessário
compreender o conceito de sono. Para tanto, segue uma das explicações possíveis:
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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O sono é uma situação complexa que ocorre periodicamente nos humanos.


E é caracterizado como um estado fisiológico que pode ser alterado, mas
não evitado. É um processo biológico natural do organismo e essencial à
reparação e manutenção do equilíbrio biopsicossocial do ser humano, que
pode ser manipulado, mas não pode deixar de dormir (LOPES et al., 2006,
p. 389).

Sabemos que o ser humano passa uma boa parte da sua vida dormindo, cerca de
30% de toda a existência, por isso, o sono é fundamental, pois ajuda a melhorar e a
equilibrar o nosso organismo. Uma noite mal dormida ocasiona indisposição, além de
movimentos físicos e raciocínios lentos, sonolência e altos níveis de estresse. O sono
é uma atividade fisiológica vital para nosso organismo.

Nesse sentido, dormir bem é uma recomendação essencial para quem quer ter ou manter
uma vida saudável, já que o sono é capaz não apenas de restabelecer as funções do
corpo e do cérebro após o período intenso de atividades diárias que todos executamos,
de tal modo que fisiologicamente o sono de qualidade contribui para a melhora do
metabolismo, para manter o peso sob controle, para o fortalecimento do sistema
imunológico, bem como para prevenir doenças e ainda para que haja a regulação
emocional e manter o indivíduo com a sensação de bem-estar e disposição para executar
as atividades do dia seguinte.

Figura 2. O tempo que passamos dormindo.

Dormindo Acordado

Fonte: elaborada pela autora.

Percebemos com a figura acima que passamos cerca de um terço das nossas vidas
dormindo. Os estudos sobre o sono são recentes e, apesar disso, o que se tem comprovado
é que o sono é essencial para o ser humano, pois isso significa também, uma vida
saudável, implicando em um melhor desempenho diário, bem como no auxílio positivo
da nossa saúde mental e física.
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PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

Sabe-se também que uma boa noite de sono age como função restauradora da memória,
como consolidador do aprendizado, preservando as funções cognitivas, auxilia a (re)
lembrar fatos e ou histórias e ajuda a melhorar a criatividade.
O sono é um comportamento. Exceto pelos seus movimentos rápidos dos
olhos que acompanham um de seus estágios específicos, não são caracterizados
por movimentação e sim pela urgência da necessidade de dormir.
Não parece estar relacionado com o exercício físico; assim, talvez o seu papel
mais importante não seja, provavelmente, o descanso e a recuperação física
do corpo, ele realmente parece ser necessário para manter o funcionamento
normal do cérebro.

(KAPCZINSKI; QUEVEDO; IZQUIERDO, 2004, p. 398)

Portanto, o sono tem como principal função fornecer boa saúde mental e física, restaurar
e conservar a energia corporal ocasionando em uma qualidade de vida saudável.
Nesse sentido, nossa proposta inicial, como já foi mencionada é apresentar os elementos
da psicologia do sono com crianças e adolescentes, visando fornecer embasamento
suficiente para compreender acerca dos contextos que envolvem a psicologia do sono
nesse público específico.

Quando pensamos em bem-estar, diversos fatores vêm à nossa cabeça, uma vez que os
elementos ligados ao bem-estar podem variar de pessoa para pessoa, todavia, entre os
pesquisadores, há consenso do que seria bem-estar ou qualidade de vida, relacionado
aos fatores essenciais que integram as necessidades humanas. Assim, o sono está
intrinsecamente ligado a essas categorias.

Em outras palavras, o sono é uma necessidade básica do organismo humano, assim


como a necessidade de hidratação e nutrição, por isso bebemos água, comemos comida
e fazemos necessidades fisiológicas. Para contar com os benefícios que o sono traz as
pessoas devem ficar atentas à qualidade e a quantidade do sono diário.

Neste sentido, diversos especialistas recomendam que se crie rotinas relacionadas ao


sono, ou seja, a necessidade do estabelecimento de horários regulares para dormir e
acordar, mesmo aos fins de semana, quando a rotina é diferente e não se têm aulas ou
trabalho que precise cumprir um horário determinado.

Como já foi apontado, quando estamos dormindo, nesse período de inatividade que
estamos deitados sobre nossas camas, ocorre um processo que envolve mecanismos
fisiológicos complexos em nosso organismo e em diferentes regiões do nosso sistema
nervoso central. Apesar de não estarmos conscientes e de acreditarmos que estamos
apenas repousando, esse momento é de grande atividade em nosso organismo por inteiro.
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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O sono, é um processo ativo de recuperação do organismo, não é tão meramente uma


etapa passiva, como durante um tempo achávamos que era. É característica de todos os
seres vivos, o sono, quando não é de qualidade, ocasiona falta de energia, fazendo com
que outro ciclo – que não o do sono – se inicie, ou seja, a falta de sono leva a comer
mais, que leva a pouca disposição para as atividades físicas e cerebrais.

O sono funciona de maneira cíclica, sendo observado em todos os animais.


Estudos comprovam que o sono é um processo biológico e tem como função a
manutenção do organismo, o equilíbrio psicológico e social, bem como o prolongamento
da vida dos seres.

Nesse sentido é fundamental que possamos compreender as relações da mente e


corpo. Assim, nos questionamos: você já parou para pensar que nós, humanos, somos
os únicos que registramos a história e monitoramos os próprios processos mentais?
A isso podemos agradecer ao lobo frontal, que em nós é mais desenvolvido do que
qualquer outro animal, produzindo a nossa racionalidade. Ele apresenta habilidades
completamente sofisticadas como mostra a figura abaixo.

Figura 3. Habilidades desenvolvidas no lobo frontal.

Planejamento

Antecipação Flexibilização

Fonte: adaptada de Benson e Miller, 1997.

Pela necessidade de socialização e de nos situar no mundo, que acontece, desde a


infância, segundo Piaget (1987), o no processo de desenvolvimento infantil, quando
nós, enquanto crianças, procuramos encontrar as respostas para todas essas questões.
A compreensão do que é consciência e como ela interpreta a realidade, sem sombras
de dúvidas, é um dos fatores mais instigantes da busca humana pelo entendimento de
nós mesmos e do universo como um todo.
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PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

A despeito dessas interrogações, estas que foram frequentemente negligenciadas pela


filosofia e ciência durante boa parte do século XIX e XX. No entanto, nas últimas décadas,
tem havido estimulante renascimento do interesse nesse tema no seio acadêmico.
As descobertas em neurociências e neurotecnologia têm proporcionado uma forma
única por meio da qual podemos analisar o intrincado labor do cérebro humano.
Embora as tecnologias tenham progredido, elas também têm apresentado limitações
fundamentais que ainda persistem no nosso entendimento da sagaz mente humana.
De maneira derradeira, o sono humano é constituído por duas fases diferentes: o
chamado sono Não-Rem, que é o mais lento e o Sono Rem, que tem atividade cerebral
mais rápida, quando há movimentos rápidos nos olhos. O sono Não-Rem, contudo,
é composto por três estágios diferentes que iniciam com o sono (UNIMED, 2019):
» N1 = transição da vigília para o sono mais profundo, ainda é um sono leve;

» N2 = desconexão total do cérebro com os estímulos do mundo concreto;

» N3 = sono profundo com descanso de atividades cerebrais.

Após decorrer os três estágios, é que chega a vez do sono Rem em si, nessa fase, mais
profunda há intensa atividade cerebral e movimentos oculares rápidos, é então, neste
período que ocorrem os sonhos e a consolidação da memória.

Abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para saber mais sobre o tema:

1. “Qual é o tempo ideal de sono para crianças e adolescentes?”

Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/qual-e-o-tempo-ideal-


de-sono-para-criancas-e-adolescentes/. Acesso em: dez. 2020.

2. “Quantas horas por dia as crianças e os adolescentes precisam dormir?”

Disponível em: http://www.oswaldocruz.com/oswaldinho/blog-do-


oswaldinho/quantas-horas-por-dia-as-criancas-e-os-adolescentes-
precisam-dormir. Acesso em: dez. 2020.

3. “Você sabia que a qualidade do sono é essencial para o desenvolvimento


infantil?”

Disponível em: https://minhasaude.proteste.org.br/voce-sabia-que-


a-qualidade-do-sono-e-essencial-para-o-desenvolvimento-infantil/.
Acesso em: dez. 2020.

4. “A importância do sono para a aprendizagem”.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V3h6-s_WrX4. Acesso


em: dez. 2020.

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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Portanto, em uma noite completa e com sono de qualidade, um adulto pode apresentar
de quatro a seis ciclos, contendo os estágios de sono Não-Rem, assim como de Sono
Rem. Cada ciclo, nesse sentido, pode durar em média noventa minutos. Por isso é
importante o sono completo, sem interrupções, para que todo o processo ocorra e a
pessoa possa acordar no dia seguinte com as energias reestabelecidas para começar
um novo dia de atividades.

Figura 4.

Fonte: https://www.hypeness.com.br/2019/11/ansiedade-pode-ser-reduzida-em-30-com-sono-profundo-aponta-novo-estudo/.

Segundo informações do National Sleep Foundation, para cada faixa etária existe uma
quantidade de horas necessárias de sono por dia, no mínimo. Podemos ver na ilustração
abaixo, que, com o passar dos anos, o tempo ideal para descansar e repor as energias
para o dia posterior por meio do sono diminui (UNIMED, 2019).

» Recém-nascido (até 3 meses): 14 a 17 horas/diária.

» Bebê lactante (4 a 11 meses): 12 a 15 horas/diária.

» Primeira infância (1 a 2 anos): 11 a 14 horas/diária.

» Fase pré-escolar (3 a 5 anos): 10 a 13 horas/diária.

» Fase escolar (6 a 13 anos): 9 a 11 horas/diária.

» Adolescência (14 a 17 anos): 8 a 10 horas/diária.

» Jovens e adultos (18 a 64 anos): 7 a 9 horas/diária.

» Idosos (a partir de 65 anos): 7 a 8 horas/diária.

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CAPÍTULO 2
Relação entre sono e saúde
de adolescentes

Figura 5.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/quanto-tempo-uma-crianca-precisa-dormir/.

Segundo Del Ciampo (2012) o sono é uma importante condição fisiológica caracterizada
por um estado comportamental reversível, com modificações do nível de consciência
e de responsividade a estímulos internos e externos.

Trata-se de um processo ativo que envolve diversos mecanismos em várias regiões do


sistema nervoso central, relacionando-se com diversos processos de desenvolvimento
e maturação, já nos primeiros anos de uma pessoa, que abrange diversas funções
como as homeostáticas para a manutenção e conservação da energia, reposição dos
neurotransmissores, remodelagem de sinapses e receptores, modulação das sensibilidades
de receptores e a consolidação da memória.

Do mesmo modo, o autor nos ensina que nos âmbitos somático, psicológico e cognitivo,
o sono desempenha papel fundamental, relacionando-se com as alterações fisiológicas,
neuroquímicas e anatomofuncionais do nosso cérebro.

Para tanto, ele é controlado por mecanismos homeostáticos e cronobiológicos, enquanto


aquele determina a sua necessidade, um ritmo circadiano comanda sua frequência,
sendo o ciclo vigília-sono determinado pelo relógio circadiano.

É importante salientar ainda que o ritmo biológico é importante para manter um


cronograma de horas para dormir, estudar, realizar atividades de lazer que gerem
prazer, assim como realizar as refeições.

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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

O sono, então, é um importante fator de sincronia entre as variações internas e os


ciclos ambientais ao qual um indivíduo está inserido. Para os humanos, o melhor
exemplo dessa sincronia é o ciclo do sono e vigília, regulado pela luz e pela completa
falta dela.

De acordo com a própria natureza e organização social a qual fomos conformados, os


seres humanos são ativos durante o dia, assim, suas funções físicas são principalmente
orientadas para atividades diurnas e estão relacionadas, principalmente, como ritmo
biológico que desenvolvemos.

Muito em função dessa intensa relação existente entre qualidade do sono e a de


vigília, um dos resultados mais imediatos do sono, quando de má qualidade, é a
queda no rendimento no dia posterior, provocando ainda danos durante o período de
vigília, como sonolência, oscilação de humo, ansiedade, baixa autoestima, lentidão do
raciocínio e dificuldade de concentração, perda de memória, mau desempenho escolar
e profissional, predisposição a acidentes, falta de disposição para atividades físicas etc.

Mas, entrando agora de forma específica no tema do sono em relação à saúde de


adolescentes, é primordial fazermos uma pequena introdução sobre tal fase da vida de
uma pessoa. Nesse sentido, a adolescência é caracterizada por mudanças importantes
no âmbito biopsicossocial, cognitiva e comportamental, em relação, inclusive, ao
padrão do ciclo vigília e sono.

Entre as diversas modificações estruturais que ocorrem no corpo durante a puberdade,


diversos estudos têm apontado que o volume da massa cinzenta existente no lobo frontal
e pariental atingem um pico, decrescendo posteriormente e que, ainda, tal tecido é
sensível às diversas variações sofridas pelo organismo, inclusive relacionadas ao sono.

No caso específico dos adolescentes, o sono desempenha importante papel no


desenvolvimento físico e emocional, nesse período por que passam intensas modificações
e aprendizados.

O adolescente é, de forma geral, um ser biologicamente programado para dormir e


acordar mais tarde, sendo que na maior parte do período da manhã seu cérebro ainda
não está em estado de vigília, ou seja, trabalhando perfeitamente.

Como vimos no capítulo anterior, é na fase escolar que os indivíduos precisam de


mais horas de sono diárias, ou seja, desde a inserção escolar, aos seis anos de idade,
até o fim do ensino médio, geralmente aos dezessete anos, uma pessoa precisa dormir
de 8 a 11 horas por dia.

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PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

Mas, paradoxalmente, nos tempos modernos, sabemos que vários elementos concorrem
para que o adolescente não consiga dormir adequadamente com a qualidade que precisa,
já que, as pressões sociais da atualidade aumentam suas atividades, bem como o uso
excessivo de aparelhos eletrônicos, relacionamentos afetivos e sociais, frequência de
ida a festas etc.

Portanto, todos esses fatores, e outros ainda, contribuem significativamente para a


diminuição do tempo de sono noturno e consequentemente para a sonolência, cansaço
e indisposição no dia seguinte.

Segundo Del Ciampo (2012) as atividades sociais e os hábitos, em geral, têm migrado
para horários cada vez mais noturnos, enquanto as aulas podem ser no período
matutino, vespertino e muitas vezes até integral, levam a diminuição considerável da
quantidade de horas de sono e na persistente dívida no decorrer dos dias.

Abaixo algumas indicações de vídeos para refletir sobre o tema:

» “Saiba mais sobre as alterações do sono dos adolescentes”. SPDM –Associação


Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, 2015.

Disponível em: youtube.com/watch?v=d3MRVSbEXdA. Acesso em: dez. 2020.

» “Unesp Notícias | Semana do Sono alerta para saúde dos adolescentes”. TV


Unesp, 2018.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ne-mh5bVkNE. Acesso


em: dez. 2020.

» “É normal adolescentes dormirem bastante”. Globo, 2014.

Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/3795904/. Acesso em: dez.


2020.

A era tecnológica, por sua vez, causou diversas transformações na vida contemporânea, e
para os adolescentes, em específico, é inegável essa alteração nos modos de se relacionar
e de organizar a rotina. Desde o desenvolvimento da televisão, dos programas infantis
e, posteriormente com a internet e os smartphones, até os videogames em alta definição,
temos a modificação nos modos de uso e de inserção dessas ferramentas tecnológicas
em nossas vidas.

Desse modo, com o crescimento da internet, o hábito de navegar nas redes por longos
períodos é, cada vez mais, intensificado, principalmente entre os adolescentes e jovens
que passam quase a noite inteira em detrimento de horas regulares de sono para o
desenvolvimento físico e psicoemocional.

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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Colocam-se, assim, alguns dos grandes desafios da atualidade para os adolescentes da


contemporaneidade em manter a regularidade do sono e do ciclo de vigília, atendendo
as demandas sociais e suas vontades pessoais.

As principais características do ciclo sono-vigília em adolescentes incluem ir para a


cama mais tarde, levantar-se cedo, apresentar padrões de sono irregular, bem como,
períodos de sono insuficiente e sonolência durante o dia.

De modo que, os adolescentes são muito vulneráveis aos distúrbios de sono,


principalmente a desenvolver insônia. Segundo informações de Del Ciampo (2012),
há estimativa de que entre 14 e 33% dos jovens apresentem queixas de problemas de
sono, enquanto entre 10 e 40% dos estudantes ainda do ensino médio apresentam
moderada ou transitória privação ou insuficiência de sono, além de dificuldades no
desempenho escolar e no comportamento com distúrbios de humor durante o dia.

A duração do sono noturno desempenha papel importante na saúde dos adolescentes,


que passam por um importante período de aprendizado e de desenvolvimento pessoal
e físico, que gerará impacto significativo em seu bem-estar psicológico e biológico,
também poderá estar associada aos problemas comportamentais e neurocognitivos,
principalmente com distúrbios de aprendizagem e défice de atenção.

Segundo o autor, estudos tem sugerido que os adolescentes precisam entre 9 e 10


horas de sono por noite. Quando isso não ocorre, eles podem apresentar sintomas de
sonolência diurna, bem como dificuldades de atenção e concentração, baixo desempenho
escolar, além de oscilação constante de humor, problemas de comportamento,
depressão, predisposição a acidentes, atraso no desenvolvimento puberal, ganho de
peso, desenvolvimento de uso de álcool e outras substâncias.

Além dos impactos visíveis dos fatores biológicos e ambientais, das demandas sociais,
com tarefas de casa, atividades extracurriculares e trabalho após o período das aulas,
podem afetar de forma significativa os padrões de sono dos adolescentes.

Podemos identificar grande variabilidade encontrada nos padrões de sono-vigília durante


a semana, quando associada aos hábitos de dormir horas a mais nos fins de semana,
como se fosse possível compensar o débito do sono acumulado nos dias anteriores.
Esse tipo de ação é denominado como oversleeping. Nesse sentido, ela pode contribuir
para o rompimento do ritmo circadiano e a diminuição dos períodos de vigilância diurna.

Durante a adolescência, o aumento das proporções de peso e altura é um dos principais


fenômenos que está diretamente relacionado à ação do hormônio do crescimento,

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PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

abreviado como GH, que na adolescência se produz, principalmente durante as horas


de sono profundo, sendo que mais de 80% de sua concentração é liberada em um ou
dois pulsos durante os períodos de estágio III e IV do sono a cada noite.

Enquanto as crianças são seres, majoritariamente, matutinos, já que dormem e acordam


mais cedo; os adolescentes vão se tornando cada vez mais diurnos durante a puberdade,
atingindo o máximo da vespertinidade próximo aos vinte anos de idade, sendo que
as mulheres atingem o pico antes que os homens, podendo ser considerado aí o fim
da adolescência.

O que podemos afirmar é que, com o passar dos anos, as horas de sono na adolescência
têm diminuído, cada vez mais. Dollman (2004) realizou pesquisa comparando uma
amostra de adolescentes australianos de dez a quinze anos de idade entre os anos de
1985 e 2004, onde os autores observaram diminuição na carga horaria de sono na
segunda avaliação quando em comparação com a primeira.

Na mesma pesquisa, os estudiosos identificaram que os meninos dormiam mais tarde


que as meninas em 2004, sendo que essas diferenças não foram constatadas na primeira
avaliação.

Entre os adolescentes, os atrativos noturnos, como os tecnológicos, causam maior


atraso na hora de dormir, assim como um horário de acordar mais tarde aos fins de
semana. Nos dias de semana, por exemplo, os horários escolares os obrigam a despertar
mais cedo, diminuindo o tempo na cama e as horas de sono, contudo a necessidade de
sono não tende a diminuir no decorrer no período da adolescência.

Podemos considerar, portanto que, para que o ser humano viva em harmonia consigo
e com o seu meio ambiente é necessário, que cumpra adequadamente um período
diário de sono.

De acordo com reflexão de Del Ciampo (2012), os eventos físicos e emocionais que
ocorrem na segunda década da vida, quando associados ao estresse das demandas diárias,
tornam o adolescente um indivíduo com diversas dificuldades em conseguir organizar
e cumprir as suas demandas diárias, inclusive, quanto ao tempo dedicado ao sono.

Diante de tudo que foi visto até aqui, é importante conhecer as características
específicas do ciclo sono-vigília e dos eventos que ocorrem durante o período
específico da adolescência para que seja possível conhecer e, assim, prestar orientações
sobre como dormir bem e desfrutar dos benefícios que o sono proporciona para o
organismo humano.

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Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Além disso, também se pode entender e investigar o histórico de vida a partir do sono
para ter um completo entendimento das atividades educacionais, sociais e profissionais
de um adolescente.

Quando falamos em adolescência, cabe destacar que nesse período específico da vida,
em um mundo dinâmico, desafiador e estimulante que oferece informações de forma
ininterrupta, competindo com as diversas orientações de saúde, é preciso que os pais
e responsáveis por adolescentes saibam controlar e dosar a medida que eles acessam
e organizam as suas rotinas.

Concluindo, trabalhar com os adolescentes de modo que eles possam construir uma
rotina de sono, entendendo conceitos importantes, como horas de sono perdidas não
podem ser recuperadas e que o período de sono posterior programado não poderá
compensar uma noite mal dormida, são indicativos para se construir uma boa higiene
do sono, conceito que iremos observar mais profundamente nos próximos capítulos.

Podemos adiantar que considerar práticas adequadas de atividades físicas regulares


por tempo maior que sessenta minutos, redução do tempo de ociosidade em frente a
ferramentas tecnológicas como celulares e computadores e, ainda, a criação de uma rotina
mínima no período noturno antes de dormir, podem contribuir consideravelmente
para que o período de sono seja satisfatório e para o desenvolvimento saudável do
adolescente.

20
CAPÍTULO 3
Problemas de sono na primeira infância
são muito persistentes caso não sejam
tratados – atuação do psicólogo no
sono de crianças e adolescentes

Figura 6. Sono de crianças e adolescentes.

Fonte: http://aliancapelainfancia.org.br/inspiracoes/especialista-explica-porque-o-sono-e-tao-importante-durante-a-infancia/.

Neste capítulo, estudaremos alguns aspectos do sono na primeira infância, quais os


principais distúrbios do sono apontados em pesquisas com crianças, e como a psicologia
e a atuação do psicólogo, mais propriamente pode ajudar. Segundo Pereira, Teixeira e
Louzada (2010) “apesar da importância do sono para a saúde infantil, há uma carência
de estudos sobre o tema no cenário nacional”.

Algumas literaturas também sugerem que são recentes os avanços na disseminação


das informações que buscam alertar para prevenção e cuidados dos distúrbios do sono.
Todavia, as indagações sobre o sono e sua importância no desenvolvimento humano
são bem antigas. Aristóteles foi quem concebeu a primeira abordagem mais sistemática
do sono, no seu livro “Sobre o Sono” ou De Somno (em latim), no qual, acreditava ser
o sono a demonstração de que os alimentos evaporavam dos corpos.

Torna-se mais curiosa a observação que fez sobre as crianças e o sono. Ele supôs que
os alimentos evaporavam muito mais nas crianças, dilatando o cérebro, e por isso a
cabeça apresenta tamanho proporcional ao corpo.

Acrescentou, ainda, que esse era o motivo pelo qual elas dormiam mais que os adultos.
Esse trecho de sua observação retrata o ciclo sono-vigília na infância, com horas de
sono bem maiores comparadas às outras faixas de idade e como já visto nos capítulos
anteriores, tende a diminuir com o avançar da idade.
21
Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A partir do sexto mês de gravidez, por exemplo, o bebê já apresenta no útero da mãe
ciclos de atividade e repouso, mas ainda não pode ser considerado sono, pois seu
sistema nervoso cerebral ainda está em formação.

Já nascido, um bebê pode dormir entre 16 e 20 horas por dia com alternâncias de
ciclos de 3 a 4 horas, esse sono em diversas etapas são apresentados como padrão de
sono e vigília polifásica.

A criança dorme a qualquer horário, pela manhã, tarde ou à noite, seu sono começa
pelo REM, o inverso dos adultos, e representa 50% do tempo. O sono, nas crianças, tem
uma função muito importante nesse momento, pois está ocorrendo o desenvolvimento
cognitivo da criança de forma bastante rápida (WALKER; STICKGOLD, 2006).

O sono noturno na fase infantil se inicia entre o terceiro e sexto mês de vida. Significa
que o sistema nervoso continua em seu processo de maturação e começa a ocorrer à
secreção do hormônio melatonina pela glândula pineal. Tal hormônio tem a função
principal de informar que é noite, sendo a melhor hora de descansar. A partir do sexto
mês de vida, o sono das crianças começa a acompanhar a rotina dos adultos em sua volta.

A criança de 0 a 2 anos de idade, apresentando-se saudável, pode dormir, em média


quatorze horas por dia. Esse pode dividir-se entre um longo sono noturno e uma ou
duas sestas diurnas.

Figura 7.

Fonte: https://pt.depositphotos.com/stock-photos/bebe-dormindo.html.

Já entre 2 e 4 anos (período pré-escolar) a fase REM já é 25% do total do sono diário,
igual à fase adulta, as sestas diurnas diminuem ou não acontecem mais. O total de horas
de sono por dia vai decrescendo até que, entre 5 e 10 anos, aproxima-se do padrão de
8 horas (CANANI; SILVA, 1998).
22
PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

Figura 8.

Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Sono/noticia/2019/08/criancas-de-5-anos-vao-para-cama-em-media-20h30-diz-estudo.html.

As características apresentadas anteriormente para o ciclo normal do padrão sono-vigília


configuram-se em casos mais frequentes durante a infância, porém pode sofrer variação
para cada criança. Por isso, é necessária avaliação individual de cada caso particular
(JENNI et al., 2007). Falaremos a seguir, mais propriamente, sobre os problemas do
sono na infância, e buscaremos apresentar as possibilidades de ação dos psicólogos
nessa área.

Os problemas do sono na infância apresentam variações, a depender de qual fase


a criança está. Os mais apresentados em bebês até os três anos, geralmente, são as
dificuldades em dormir e manter o sono. Estudos internacionais demonstraram um
alto índice de transtornos do sono em crianças.

Segundo Ferreira (2015), 40% dos bebês recém-nascidos apresentam dificuldades


para iniciar o sono e apresentam despertares noturnos, já em crianças pré-escolares,
o número ficou entre 20 a 50%. As crianças também demonstram resistências para ir
dormir. Os motivos podem ser diversos: ficar mais com os pais, medo do quarto escuro
etc. O percentual desses casos está entre 15 a 27% (OWENS, 2007; DURAN, 2008).

No Brasil, um estudo realizado por Pires, Vilela e Câmara (2012) demonstrou que uma
a cada duas crianças apresenta dificuldades dormir. Nos casos de despertares noturnos
demasiados e sonolência durante o dia, verificou-se uma a cada três. A forma como os
pais dormem e a orientação dada às crianças sobre o sono são fatores essenciais para
as análises individuais.

A identificação dos distúrbios do sono na criança apresenta algumas dificuldades porque


elas mesmas não sabem identificar e, por isso, não se queixam, sendo assim, os pais
e cuidadores ficam inteiramente responsáveis pela identificação e posterior procura

23
Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

à ajuda profissional. As dificuldades do sono oferecem prejuízos funcionais durante


o dia, bem como, no desenvolvimento para as crianças. Com base no International
Classification Of Sleep Disorders-ICSD-2, os tipos de transtornos de sono mais
frequentes associados às crianças são:

Figura 9. Transtornos de sono mais frequentes em crianças.

Distúrbios respiratórios

Hipersonias de origem central

Parassonias relacionadas ao sono Não-Rem

Parassonias relacionadas ao sono REM

Distúrbios em movimentos do sono

Insônia

Fonte: adaptada de Nunes, 2002.

Distúrbios respiratórios
» Apneia do sono primária da infância: é definida como pausa respiratória
temporária e engloba distúrbios de apneia da prematuridade, apneia do
lactente e síndrome da morte súbita do lactente (SMSL). Muito em frente
em recém-nascido (RN) e crianças de 1 a 3 anos. Quanto à síndrome da
morte súbita do lactente (SMSL), pouco se sabe sobre sua fisiopatologia
e incidência, mas alguns fatores são relacionados a essa síndrome, como
tabagismo passivo e materno pré-natal, aleitamento artificial, hipertermia
por excesso de roupas e cobertores no lactente e a prática do coleito (quando
o RN dorme na mesma cama que a mãe).
» Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): quando ocorre obstrução
parcial ou completa das vias aéreas superiores (VAS) em que o padrão
normal do sono e/ou a ventilação respiratória normal são interrompidos.
Atinge em média 2% das crianças em fase pré-escolar.

Hipersonias de origem central


A sonolência é tida como bem comum em crianças, principalmente na fase pré-escolar,
escolar, mas se acontecer com muita frequência deve ser investigado. O seu diagnóstico
24
PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

não é por si só e sim associado a outros distúrbios do sono, a fatores externos e


internos. Esse cuidado se dá justamente por estar associado a uma disfunção do
sistema nervoso central, podendo desenvolver um distúrbio neurológico crônico,
a narcolepsia.

Parassonias relacionadas ao sono NREM


» Terror noturno: são casos em que a criança inesperadamente começa a
gritar, permanecendo de olhos abertos, apresenta aumento dos batimentos
cardíacos, da pupila, e em alguns casos, levanta-se da cama e sai correndo
sem direção, sendo comum ela voltar a dormir normalmente e não lembrar
do ocorrido na manhã. Isso acomete crianças de 3 a 10 anos.

» Despertar confusional: são episódios em que a criança senta na cama,


choraminga, chora ou geme, negando a presença dos pais. Tem duração de 3
a 10 minutos, geralmente, e ocorre de 2 a 3 horas após a criança adormecer,
sem lembranças ao acordar. Dados indicam que atinge 17% das crianças
entre 3 e 13 anos de idade.

» Sonambulismo: a frequência, o início e a idade dos quadros são semelhantes


aos do terror noturno e do despertar confusional. A criança se levanta da
cama e caminha durante a noite, frequentemente, indo até o quarto dos
pais, voltando a dormir normalmente.

Parassonias relacionadas ao sono REM


» Pesadelos: acontecem no despertar do sono com lembrança de um sonho
ruim que, frequentemente, envolve sentimentos como: ansiedade, medo,
raiva, tristeza e desgosto. A prevalência dos casos é de 2 a 11%, acompanhada
possivelmente com situações pós-traumáticas.

» Sonilóquio: bem comuns são os casos típicos de crianças que conversam


durante o sono. É uma condição benigna e não precisa ser tratada.

» Paralisia isolada recorrente do sono: também considerada como benigna, é


caraterizada por episódios de paralisia muscular, acompanhada de incapacidade
na articulação de palavras, embora a criança esteja consciente. Acompanha
alucinações auditivas e ou visuais e gera ansiedade.

25
Unidade I | PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Distúrbios de movimento relacionados ao sono


» Síndrome das pernas inquietas: forte vontade de mexer as pernas, podendo
ser acompanhada por sensação de formigamento no interior do membro,
o qual pode corresponder desde um simples desconforto até dor. Atinge de
1 a 2% das crianças e adolescentes. As causas podem ser associadas desde a
hereditariedade à carência de ferro e dopamina.
» Bruxismo noturno: ranger e apertar dos dentes com muita frequência.
Se classificado como primário, a causa pode ser, por exemplo, o nascimento
dos primeiros dentes. Casos secundários estão associados a crianças portadoras
de paralisia cerebral, ao uso de medicações psicoativas e à reação adversa de
algumas drogas. É frequente na infância, entre 14 e 17% apresentam esse
distúrbio.

Insônia
» Insônia comportamental da criança: dificuldade em iniciar e/ou manter
o sono. Acomete de 10 a 30% da população infantil na faixa etária de seis
meses a três anos.
» Insônia aguda ou de ajustamento: presença da insônia associada a um fator
estressante, o qual pode ser psíquico, psicossocial, físico, médico ou ambiental.
Geralmente, é de curta duração, de dias a algumas semanas, e são mais raros.
» Insônia psicofisiológica: é um estado cognitivo hipervigilante do sono.
Acontece raramente.
» Insônia relacionada à higiene do sono inadequado: não é frequentemente
diagnosticada em crianças, sendo mais comum em adolescentes e adultos.
Porém, como muitos casos de insônia na infância são comportamentais, a
higiene do sono faz parte do tratamento da insônia na fase pediátrica.

No que se refere à psicologia e o tratamento comportamental para os transtornos


de sono na infância, sabe-se que as intervenções nessa fase pediátrica se iniciam
com treinamentos junto aos pais sobre diversas estratégias que envolverão técnicas
comportamentais, transformando os pais e responsáveis em agentes ativos no processo
de condicionamento do sono da criança. Dentre as diversas técnicas utilizadas nesta
abordagem comportamental podemos citar: higiene do sono, rotina pré-sono, extinção
e reforço positivo.

26
PAPEL DO PSICÓLOGO NA MEDICINA DO SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES | Unidade I

Diversos estudos e experimentos têm evidenciado a efetividade e eficácia das abordagens


comportamentais na prevenção e, ainda, no tratamento dos problemas e transtornos
de sono já na primeira infância. De acordo com Mindell (2006), mais de 80% dos
estudos levantados, indicam que o sono tem melhorado como resultado das técnicas,
e se mantem entre três e seis meses após o fim do tratamento.

Meltzer e Mindell (2014) avaliaram e quantificaram a evidência das intervenções


comportamentais a partir de dezesseis estudos controlados, dos quais, doze desses
abrangeram mais de 1.800 crianças entre 0 e 5 anos de idade, no qual, demonstraram
moderado nível de evidência no tratamento da insônia em crianças pequenas e na
fase pré-escolar.

Outro estudo muito importante na área foi o realizado pela Academia Americana de
Medicina em que foi divulgado que as intervenções comportamentais, como a higiene
do sono, o estabelecimento de rotinas, a extinção, bem como a educação preventiva
com os pais, são classificadas como terapias efetivas, e resultaram em melhores padrões
de sono.

Especificamente no Brasil, há pesquisas realizadas sobre o tema, a exemplo dos que


investigam hábitos, rotinas de sono das crianças e problemas comportamentais associados
ao sono e suas prevalências, como as desenvolvidas por Pires et. al. (2012). Há ainda,
pesquisas que investigam a influência do ambiente, o contexto familiar e a cognição
materna no sono infantil realizadas por Pires, Câmara, Pinheiro e outros.

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema:

» “Insônia comportamental atinge crianças e adolescentes”. Canal TV Brasil, 2018.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I0QcuAsrXXk Acesso em:


dez. 2020.

» “Sintomas de ansiedade em crianças e adolescentes são diferentes dos


adultos”. Jornal Gazeta do Povo, 2020.

Disponível em: https://www.semprefamilia.com.br/saude/sintomas-ansiedade-


em-criancas-e-adolescentes-diferentes-de-adultos/. Acesso em: dez. 2020.

» “Isolamento – Crianças em idade escolar podem apresentar distúrbios de


sono” Portal SEGS, 2020.

Disponível em: https://www.segs.com.br/educacao/265517-isolamento-


criancas-em-idade-escolar-podem-apresentar-disturbios-de-sono. Acesso
em: dez. 2020.

27
PSICOLOGIA DO SONO
COM CRIANÇAS E UNIDADE II
ADOLESCENTES

CAPÍTULO 1
Problemas no momento de dormir

Figura 10. Problemas para dormir.

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/mulher-tendo-problemas-para-dormir-ilustrado_10253186.htm.

De acordo com Busse e Baldini (1994), o comportamento noturno de crianças e


adolescentes podem ser bastante heterogêneos durante o sono, assim as autoras
propõe o questionamento: Por que o padrão de sono é irregular? Qual o significado
de múltiplos despertares noturnos?

Trazendo para o debate alguns estudos já realizados, as autoras citadas afirmam que o
sono normal se divide em ciclos durante a noite, onde, cada um pode durar em média
90 minutos para os adultos e em média 50 minutos para bebês e crianças.

Nesse sentido, após cada ciclo, é possível que o indivíduo passe por um leve despertar,
que nem sempre é consciente. Cada ciclo de sono é composto por estágios, o sono
Rem e o Não-Rem, tal sigla advém de Rapid Eye Movements.

A partir dos seis meses de idade o estágio Não-Rem começa a se dividir em quatro fases
distintas, sendo as duas primeiras correspondem ao adormecer e as duas seguintes ao
sono profundo.
28
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

No estágio Rem é quando ocorrem os sonhos, sendo considerado um estágio profundo


do sono, muito importante para recuperação mental e fisiológica.

Segundo informação da neuropediatra Maristela Costa, até os quatro anos, a criança


ainda está na fase de maturação do sono e qualquer distúrbio ou mesmo inconstância
poderá ser considerada normal, entendendo que as fases do sono ainda estão em fase de
organização. Assim, a partir dos quatro anos, a tendência é do sono ir se organizando,
é importante que a criança já esteja acostumada a uma rotina pré-sono. Após essa
fase, casos os distúrbios e a dificuldade para dormir permaneçam, é necessário buscar
avaliação médica.

Em casos que a criança não durma bem durante a noite, principalmente entre os
3 e 4 anos de idade, devem-se avaliar as causas orgânicas, emocionais e, ainda, as
causas ambientais que podem, muitas vezes, potencializar os distúrbios de sono.
O condicionamento das crianças aos maus hábitos pode perpetuar e manter os distúrbios
do sono conforme o crescimento.

Podemos citar, dentre os problemas de condicionamento das crianças em maus hábitos de


sono, aquelas que foram acostumadas, desde pequenas, pelos próprios pais, responsáveis
ou cuidadores, a beber água ou leite na mamadeira no meio da noite para voltar a dormir,
ou ainda, segundo Busse e Baldini (1994), aquelas que acordam no meio da noite e
somente se acalmam no colo, impedindo que a criança desenvolva a possibilidade de
acordar e voltar a dormir de forma independente, sem ajuda exterior.

A transição do local de dormir, também pode gerar condicionamentos que atrapalham


o sono no decorrer da noite, por exemplo, quando a criança dorme na cama dos pais,
ou no sofá e depois é levada para a sua própria cama. Ela, ao se despertar no meio da
noite, ficará desorientada, atrapalhando a sequência do sono e, com o passar do tempo,
o hábito de dormir em seu próprio quarto.

Ademais, existem as causas orgânicas que podem gerar ou potencializar os distúrbios de


sono nas crianças e adolescentes, segundo Busse e Baldini (1994) as obstruções crônicas
das vias aéreas que podem ser geradas por alergias, aumento das amídalas e adenoides,
refluxo gastresofágico no recém-nascido e lactente, entre outras. Também quando
ingeridas quantidades muito altas de doces ou alimentos salgados podem dificultar a
digestão dos pequenos, causando incômodos que podem levar a despertares noturnos.

É importante, também, que os pais se atentem para o quadro denominado na pediatria


de pavor noturno ou terror noturno. Ele se diferencia dos pesadelos ou sonhos que
causam medo e ansiedade e que ocorrem com mais frequência entre os 3 e 8 anos de
29
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

idade, quando a confusão entre realidade, fantasia e conteúdos dos sonhos é facilmente
presente e mais intensa nos sonhos.

O terror noturno, por seu turno, trata-se de uma incapacidade da criança de discernir
sonho e realidade em sonos mais superficiais, quando acordam muitas vezes. A criança
pode acordar ou ainda inconsciente se sentar na cama, ficar agitada e desorientada e
não reconhecer as pessoas em sua volta.

O terror noturno pode acontecer na mesma faixa de horário, e a criança pode se


assustar com a presença dos pais, ou mesmo se sentir ameaçada por um contato físico.
É importante ter cautela e tentar um primeiro contato verbal.

De acordo com Busse e Baldini (1994), os despertares noturnos nos primeiros anos
de vida são frequentes e normais, nem sempre requerem cuidados especiais ou serem
motivo de preocupação. Por isso, é importante permitir que a criança adquira técnicas
para dormir sozinha, promovendo a sua independência.

Contudo, salienta-se que é importante ter sensibilidade e discernimento para julgar


quando a criança está realmente precisando de intervenção de um adulto seja como
ajuda ou como companhia.

É neste sentido que, de maneira geral, os despertares noturnos devem ser avaliados
sob uma perspectiva de desenvolvimento, já que a perturbação do sono pode ser
considerada normal em uma faixa-etária e um distúrbio patológico em outra.

A partir dessa pequena introdução sobre as causas dos despertares noturnos, é importante
pontuar aqui, de maneira classificatória, os principais distúrbios de sono admitidos
segundo a Associação Americana de Distúrbios do Sono (1997).

Figura 11. Distúrbios do sono.

Distúrbios do
sono Distúrbios do
Dissonias Parassonias associados a sono
alterações propostos.
médicopsiquiá
tricas

Fonte: Associação Americana de Distúrbios do Sono, 1997.

30
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

A classificação psiquiátrica divide os transtornos do sono em:

Figura 12. Classificação dos transtornos do sono.

Primários

Relacionados a
transtornos mentais

Relacionados à
condição médica geral

Induzidos por
substância

Fonte: elaborado pela autora.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1997), os transtornos do sono são classificados


e utilizados pelos médicos, de maneira geral, em:

» distúrbios do início e da manutenção do sono;

» distúrbios do sono por sonolência excessiva e hipersonia;

» distúrbios do ciclo vigília-sono;

» apneia do sono;

» narcolepsia e cataplexia;

» distúrbios em geral;

» distúrbios do sono não especificados.

Como já vimos nos capítulos anteriores, dormir bem é essencial. Essa é uma expressão
muito conhecida e presente na vida de todas as pessoas, dormir, não somente para
conseguir permanecer acordado ou acordada no dia seguinte e cumprir as tarefas mentais
e físicas do dia a dia, como estudar, trabalhar, passear, fazer exercícios físicos, mas
para manter-se saudável, melhorar a qualidade de vida e até aumentar a longevidade.

O sono é vital, pois, integra um processo dinâmico para a saúde dos seres humanos e
relaciona-se com o equilíbrio psíquico, neurológico e hormonal. Mas, infelizmente,
nem sempre conseguimos ter um bom sono, já que existem alguns “inimigos” que
31
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

estão presentes e nos fazem perder o sono e, às vezes, podemos contribuir para isso
no nosso cotidiano.

Os seres humanos, de maneira geral, têm a necessidade natural de engajar-se em


ocupações em sua rotina. Somos seres ocupacionais por natureza e por necessidade.
O conceito de ocupação é apresentado como: ação de ocupar, apropriação, domínio,
trabalho, serviço (SCOTTINI, 2009).

Para Silva (2011), as ocupações são ações desempenhadas no dia a dia em que as pessoas
constroem significados para si. Essas ocupações são classificadas de acordo com a
AOTA (2015) em áreas denominadas de: Atividade de Vida Diária (AVD), Atividade
Instrumental de Vida Diária (AIVD), Descanso e Sono, Educação, Trabalho, Lazer e
Participação Social. Christiansen et al., (2005) complementa dizendo que as ocupações
são “atividades dirigidas a objetivos que normalmente se estendem ao longo do tempo
e têm significado para o desempenho e envolve múltiplas tarefas”.

Assim, a partir das primeiras elucidações vistas acima, podemos perceber que
desempenhar alguma ocupação é fundamental na vida das pessoas, sobretudo pelo
sentido de que essas atribuem a sua ocupação.

Para que o indivíduo mantenha um bom equilíbrio de sua vida cotidiana, é necessário que
haja uma harmonia entre essas áreas de ocupação, desse modo, refletirá positivamente
na qualidade de vida deste.

Atualmente, poucas pessoas conseguem disciplinar sua rotina e realizar todas as


atividades do dia em horários regulares e com recorrência. Muitas vezes, deixamos
de dormir por conta da dificuldade de ajustar o horário de trabalho e as atividades
sociais, de modo que essa privação interfere diretamente no equilíbrio do nosso relógio
biológico que, consequentemente, implicará em todos os outros “departamentos”
do corpo.

Nesse sentido, é importante entendermos por que construir uma rotina em nossa
vida? Como conseguir conciliar os horários de trabalho, estudo, lazer e descanso em
um mundo cada vez mais tomado pelas coisas imediatas e instantâneas?

No quesito sono, que é a nossa discussão aqui, como qualquer outra área de ocupação,
necessita de um tempo de dedicação exclusiva para que ocorra de modo satisfatório,
entendendo que os mecanismos do sono exigem do indivíduo um tempo de descanso
e preparação para dormir, para que após a realização desses procedimentos, o mesmo
consiga um sono agradável (MARTINEZ, 2000).

32
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

Os estudos na área ainda nos dizem que a maioria das causas da má qualidade do sono
é de origem externa. A urbanização, por exemplo, é uma delas – as cidades que nunca
param, atreladas a uma recorrente exigência de produção capitalista, nos deixam cada
dia mais acordados.

Os trabalhadores noturnos também são obrigados a alterarem sua rotina de sono e


mesmo os trabalhadores diurnos são interpelados por perturbações sociais das cidades
(MARTINEZ; LENZ; MENNA-BARRETO, 2008).

O sono é uma área de ocupação que, na maioria das vezes, é considerada menos
importante e até como perda de tempo, mas o que sabemos e vemos é que a sua privação
reflete diretamente no desempenho ocupacional, desenvolvendo diversas mazelas.

Uma rotina desregulada de sono pode ter como consequência o desenvolvimento


de patologias, como, por exemplo, o estresse, a fadiga e a ansiedade. Sono irregular,
interrompido ou incompleto pode, em longo prazo, prejudicar o equilíbrio do organismo
de forma geral.

Além disso, a frequência de noites de sono ruim pode contribuir para a presença dos
distúrbios que atrapalham o sono considerado normal, e a saúde do indivíduo sofrerá
consequências como:

» redução da responsividade atencional;

» declínio na habilidade de discriminar sinais;

» prejuízo na memória de curto prazo;

» alterações no humor (irritabilidade, estado confusional, estresse);

» diminuição da motivação e interesse;

» diminuição da capacidade de concentração;

» aumento da distração e dos erros por omissão;

» aumento da sonolência e indisposição;

» hipertensão.

Os maus hábitos com relação ao sono também modificam a forma da alimentação,


geram alterações metabólicas e levam ao sedentarismo, ou seja, desequilibra todas
as funções do organismo. A dificuldade de manter uma rotina regular do sono está
relacionada a alguns maus hábitos, como:

33
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

» rotina noturna agitada;

» alta carga horária de trabalho;

» horários desregulados para alimentação;

» ausência de hábitos saudáveis, como exercícios físicos.

Podemos apontar aqui ações simples, mas que contribuirão de maneira significativa
para uma noite de sono com mais qualidade, por exemplo, atentar-se para a postura
ao dormir, em uma cama que seja confortável, com travesseiros confortáveis e de
qualidade para apoiar a cabeça e as pernas, transformar o quarto em um ambiente
fresco e ventilado, ter uma alimentação leve antes de ir para cama, deixar de usar
aparelhos eletrônicos pelo menos uma hora antes de ir para cama entre outras ações,
podem contribuir para uma noite de sono restaurador.

Segundo Moura (2013), além dessas medidas citadas, existem outras estratégias,
denominadas higiene do sono, que são essenciais:

Figura 13. Higiene do sono.

•Manter horários regulares para dormir e acordar (ação que contribui também para a
regulação do círculo circadiano).
1

•Não permanecer por tempos muito estendidos na cama, principalmente tentando dormir,
pois esse esforço para dormir pode se traduzir em ansiedade e outros estímulos que
2 agravam ainda mais os problemas relacionados ao sono.

• Evitar o consumo de álcool como facilitador para dormir, pois aparentemente o relaxamento
produzido contribui para que a pessoa consiga pegar no sono, mas o álcool dispara outras
3 funções que interferem na qualidade do sono podendo até mesmo afetar a estrutura do sono.

•Evitar o consumo de estimulantes, principalmente café, energético, entre outros.


4

•Realizar atividade física regular, pois ajuda a regular o sistema fisiológico e a produção de
hormônios de bem-estar, além de contribuir para reduzir sintomas como estresse,
5 sonolência e depressão.

•Evitar permanecer mais que 7 horas e meia na cama, incluindo as sestas.


6

•Evitar oscilações maiores de 2 horas nos horários de levantar no fim de semana.


7

•O quarto precisa ser silencioso e escuro.


348
•Evitar permanecer mais que 7 horas e meia na cama, incluindo as sestas.
6

•Evitar oscilações maiores de 2 horas nos horários


Psicologia decom
do Sono levantar no efim
Crianças de semana.
Adolescentes | Unidade II
7

•O quarto precisa ser silencioso e escuro.


8

Fonte: adaptada de Moura, 2013.

No tópico que indica que não se deve permanecer muito tempo na cama, é recomendado
que a cama seja utilizada exclusivamente para dormir, ou seja, não sendo utilizada em
períodos longos como local de trabalho, local de ver televisão ou filmes, ou quaisquer
outras atividades que prolonguem o tempo de estadia nela, por que fará com que o
corpo crie um entendimento de que a cama não é local para dormir, mas para realizar
diversas outras atividades, o que prejudicará o sono.

No que se refere à prática de exercícios físicos, é importante salientar que eles não
devem ser realizados em horários próximos ao de dormir, já que, podem gerar excitação
e adrenalina do corpo, dificultando o processo do sono completo de qualidade.

Nesse sentido, para melhor preparação da rotina do sono, é preciso estar atento ao
funcionamento biológico do corpo e, consequentemente, do sono. De acordo com
Martinez, Lenz e Menna-Barreto (2008), o homo sapiens é uma espécie de animal
diurna, naturalmente adaptada para realizar atividades durante o dia e para descansar
durante a noite.

Mesmo que haja momentos de descanso durante o dia, o funcionamento relacionado


à luminosidade, ciclo claro/escuro, denomina que a frase de repouso duradouro, de
recuperação energética são na fase escura, ou seja, no período da noite, por isso são
tão notáveis os estudos com profissionais noturnos, que são obrigados a ir contra o
seu próprio sistema biológico.

Do mesmo modo, o sistema que rege os comportamentos em relação ao sono é muito


complexo, como os autores citados acima:
O centro que rege o concerto da cronobiologia dos mamíferos é o núcleo
supraquiasmático (NSQ) no hipotálamo. Localizado junto ao nervo óptico,
essa área do hipotálamo recebe conexões da retina que informam o sistema
sobre a existência de luz. A melatonina é secretada pela glândula pineal,
obedecendo o estímulo do NSQ na ausência de luz, traduzindo a informação
fótica em estímulo químico a todas as células. A exposição à luz interage
com o NSQ e pode alterar os ciclos do relógio. Luz intensa no final da tarde
atrasa o relógio. Luz intensa no início da manhã adianta o relógio.
(MARTINEZ; LENZ; MENNA-BARRETO, 2008)

35
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

Compreendendo esse processo, juntamente com diagnóstico médico especializado que


acompanha o caso é necessário tomar algumas medidas denominadas como higiene
do sono, já demonstradas rapidamente acima e que veremos com mais profundidade
nos próximos capítulos.

Vendo de maneira imediata, pode parecer obvio que tais métodos são eficientes para
se obter uma boa noite de sono, contudo, eles não são fáceis de serem reproduzidos
como uma rotina diária, nem tampouco mantidos por grandes períodos, devido ao
nível de atividades e do ritmo acelerado que temos na contemporaneidade.

Desse modo, podemos concluir que alguns comportamentos, aos quais nos acostumamos
a reproduzir, não permitem que tenhamos uma noite de sono completa e com qualidade
para nos dar disposição no dia seguinte. Assim, a ausência de rotina, associada a uma
higiene adequada do sono estão como os principais fatores desencadeadores da insônia
e outros disturbios de sono presentes na atualidade. A insônia é um dos distúrbios
mais diagnosticados, principalmente entre jovens e adultos, contudo, será nosso tema
de estudo nos proximos capítulos desse livro didático.

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema:

» “Tabela do sono indica horas ideais de descanso para crianças e adolescentes”.


Canal Fala Brasil, 2016.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1GPpi8gbgdw. Acesso


em: dez. 2020.

» “Celular antes de dormir afeta sono, hormônios e desenvolvimento infantil”.


Blog Conquest One, 2018.

Disponível em: https://www.conquestone.com.br/blog/celular-antes-de-


dormir-afeta-sono-hormonios-e-desenvolvimento-infantil/. Acesso em: dez.
2020.

» “Como ajudar a criança a dormir melhor”. Blog Mundo em cores, S/D.

Disponível em: https://mundoemcores.com/como-ajudar-a-crianca-a-dormir-


melhor/. Acesso em: dez. 2020.

» “Sono: O medo da noite pode desencadear reações psicossomáticas nas


crianças, diz psicóloga”. Revista Digital Crescer, 2020.

Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Monica-Pessanha/


noticia/2020/11/sono-o-medo-da-noite-pode-desencadear-reacoes-
psicossomaticas-nas-criancas-diz-psicologa.html. Acesso em: dez. 2020.

36
CAPÍTULO 2
Despertar noturno

Figura 14.

Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/garota-ilustrada-na-cama-tendo-insonia_9989020.htm.

Estima-se que, no Brasil, os diversos distúrbios do sono afetam de dez a vinte bilhões de
pessoas (DANDA et. al, 2005). Devido às importantes funções que o dormir bem possui
em nossa vida, as perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no
funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social do indivíduo, além de comprometer
substancialmente a qualidade de vida.

É importante salientar que as fases do sono não são gerais. De acordo com a idade,
a quantidade do sono normal sofre variações ao longo do desenvolvimento humano
quanto à duração, distribuição de estágios e ritmo circadiano, como vimos nos primeiros
capítulos.

Para Muller e Guimarães (2007), durante a infância, a quantidade de sono são maiores,
e decresce nos primeiros dias de vida. Do sexto mês em diante, comprovou-se que o
tempo de sono da criança diminui 30 minutos ao ano até completar cinco anos de idade.

Em adultos, a quantidade e o ciclo do sono variam conforme a idade, mas esses, por
possuírem vida social ativa, os fatores externos terão papel fundamental. Com o avanço
da idade, ocorrem perdas na duração, manutenção e qualidade do sono (FERRARA;
DE GENNARO, 2001).

Outros exemplos para explicar alterações no sono são o uso de medicações, condições
clínicas que a pessoa apresenta à dor persistente, são fatores que podem afetar a
37
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

quantidade e a qualidade do sono, especialmente entre idosos, que são mais propensos
a essas condições (MCCRAE et. al, 2003).

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema deste capítulo:

» “Saiba o que é o Terror Noturno”. Canal do Ministério da Saúde, 2019.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_IbU9MB2B58. Acesso


em: dez. 2020.

» “Despertares Noturnos dos Bebês” Blog Mamãe e Box, 2015.

Disponível em: https://www.mamaebox.com.br/blog/despertares-noturnos-


do-bebes/. Acesso em: dez. 2020.

» “Distúrbios do despertar são comuns na infância”. Blog Sono e Medicina, s.d.

Disponível em: https://sonoemedicina.com.br/infancia/disturbios-do-


despertar-sao-comuns-na-infancia/. Acesso em: dez. 2020.

» “Pesadelo, terror noturno e sonambulismo”. Canal Sono e Medicina, 2020.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RpSs67QBw0k&featur


e=youtu.be. Acesso em: dez. 2020.

» “Transtornos do despertar são comuns na infância” Canal Sono e Medicina,


2020.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=22YsJQbPTr4&feature=


youtu.be. Acesso em: dez. 2020.

Os distúrbios do sono além da qualidade de vida, também comprometem a segurança


pública, é constatado que aumentam o número de acidentes industriais e de tráfego.
As estimativas sobre o índice de acidentes e mortes causados por sonolência ou cansaço
variam de 2 a 41%, um índice alto que compromete várias vidas e com altos custos
financeiros (FERRARA; DE GENNARO, 2001).

De acordo com Santos, Mota e Matijasevich (2008), o sono adequado na infância é


importante para o crescimento, o desenvolvimento emocional e comportamental,
assim como para a aquisição das funções cognitivas de aprendizado e atenção.

Ainda segundo informações das estudiosas, o desenvolvimento cerebral, juntamente


com a neuroplasticidade, acontece nos primeiros anos de vida de uma pessoa, sendo
o sono, então, um dos fatores mais importantes nessa fase. Ainda no primeiro ano de
vida de uma criança ocorre um processo de maturação em que o sono é fragmentado
nos primeiros meses e depois vai se tornando contínuo durante uma noite completa.

38
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

Sobre as investigações sobre os distúrbios do sono em crianças, bem como, os índices


de prevalência desses, as autoras apontam:
Há relatos de que os problemas relacionados ao sono são frequentes em
crianças, com prevalências variando entre 20-30%, sendo influenciados
por fatores biológicos, psicológicos, culturais, sociais e familiares.
As manifestações mais prevalentes dos distúrbios do sono na infância são
os múltiplos ou prolongados despertares durante a noite, dificuldades de
colocar a criança para dormir e o coleito. Esses problemas também podem
afetar os relacionamentos familiares, alterando os hábitos de sono dos pais,
levando ao estresse e a outras condições relacionadas à privação do sono.
(SANTOS; MOTA; MATIJASEVICH, 2008, p. 214)

O despertar noturno, objeto de nosso estudo neste capítulo, costuma gerar preocupação
mais elevada entre os pais e responsáveis, vez que interfere em toda a rotina familiar,
especialmente nos casos em que ocorrem várias vezes em uma noite.

Ainda de acordo com as pesquisadoras os estudos e pesquisas que investigaram a


prevalência do coleito e do despertar noturno foram realizadas em países tido como
desenvolvidos, a exemplo de alguns na Europa e Estados Unidos. Nesse sentido, ainda
são escassas as informações e levantamentos sobre a epidemiologia dessas características
do sono em países em desenvolvimento.

De acordo com Monteiro (2018), as parassonias são eventos físicos com sensações
indesejáveis que acontecem durante o sono REM, ou mesmo o sono Não-Rem ou na
transição entre esses. Segundo a autora a faixa etária pediátrica compreende o principal
grupo que é afetado por esses distúrbios durante o sono.

As parassonias são os distúrbios do sono que ocorrem quando dois ou mais estágios
coexistem (sono Rem; sono Não-Rem e vigília), sendo conhecido como estágio de
dissociação. É nesse estágio que as funções cognitivas altamente especializadas ficam
diminuídas, ainda que as funções motoras continuem ativas.

Elas são consequência de uma mudança imperfeita que interrompe a progressão


normal do ciclo do sono. Dessa maneira, há momentos em que não se está totalmente
acordado nem totalmente dormindo, podendo se observar elementos do sono e vigília
misturados, como veremos mais abaixo.

Os estudos informam que vários fatores podem influenciar as parassonias. Entre eles, a
idade é importante, já que os distúrbios do despertar e a enurese noturna predominam
na infância e, muitas vezes, desaparecem na adolescência.

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Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

Segundo a autora, no sono Não-Rem, as parassonias do sono podem ser divididas


em despertar confusional, sonambulismo e terror noturno e geralmente não estão
associados a nenhum distúrbio de base, descreveremos abaixo:
» Despertar confusional: episódios em que o indivíduo fica restrito ao leito,
chegam a se sentar a cama e observar o ambiente de maneira confusa.
Tem prevalência em cerca de 17% das crianças de 3 a 13 anos de idade,
contudo sua incidência diminui após os 5 anos de idade.
» Sonambulismo: apresentam predominantemente na fase escolar e diminui
sua incidência conforme a idade avança. Apresenta-se, geralmente, após
um episódio de despertar confusional com ações que podem mimetizar atos
cotidianos e até comportamentos inadequados. Nesse caso, os pacientes
podem retornar a dormir ou despertar durante o episódio.
» Terror noturno: geralmente, se inicia depois dos 4 anos de idade, apresentando-
se com um susto e grito agudo, choro e sintomas como taquicardia, taquipneia,
rubor, diaforese e aumento do tônus muscular. As tentativas de despertar
a criança podem ser inúteis e ainda prolongarem a duração do episódio.

As parassonias do sono Rem, geralmente se associam às doenças neurológicas tais


como narcolepsia, tumores cerebrais e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.
Os episódios podem se caracterizar por vocalização ou algum comportamento anormal
durante o sono. Geralmente, as ações e o comportamento são completos, assemelhando-
se a ações de um sonho, no qual, o paciente se apresenta de olhos ainda fechados.
Para diagnosticar esse tipo de parassonia, podem ser realizados exames de polissonografia
laboratorial com vídeo, com neurologistas especializados.
» Pesadelos: episódios em que a pessoa acorda assustada e relatando histórias
de conteúdo desagradável e desconhecido, ao contrário do terror noturno,
os pesadelos geralmente ocorrem durante o sono REM, predominando na
segunda metade da noite. Os pesadelos são muito frequentes em crianças.
» Transtorno comportamental do sono REM: o relaxamento esperado no sono
REM está ausente, resultando em um comportamento dramático durante
o sono levando, ocasionalmente a machucados e hematomas.
» Enurese: é uma das parassonias mais comuns de queixa nos consultórios
pediátricos, sendo definida como ao menos em dois episódios semanais com
perda urinária involuntária durante o sono, por pelo menos três meses, em
pacientes maiores de 5 anos de idade.
40
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

Sendo dividida em primária, quando o paciente não consegue controlar a diurese


durante o sono, ou secundária, quando consegue controlar por pelo menos seis meses
de duração. Particularmente, nessa parassonia cerca de 15 a 20% de crianças até 5 anos
são acometidas, sendo mais recorrente em pacientes do sexo masculino com um forte
caráter genético.

Nos casos de parassonias do sono Não-Rem, em geral, não precisam de investigação


secundária, pois, de forma rara estão associadas a doenças de base. Caberá uma anamnese
completa nos casos de enurese, ressaltando quadros familiares semelhantes com análise
de urina.

Há ainda, recomendações de limitar ou restringir a ingestão de líquidos uma hora antes


de deitar-se, assim como esvaziar a bexiga antes de dormir. Para casos mais graves
e com recomendação médica, existe a possibilidade se utilizar medicação específica.

O tratamento para as parassonias do sono Não-Rem, geralmente, giram em torno de


aconselhamento familiar a respeito do caráter benigno da doença e adoção de medidas
de segurança para se evitar acidentes graves. Mais uma vez, aponta-se para evitar o
consumo de cafeína e a privação do sono, assim como tomar as medidas de higiene do
sono. Obviamente, fica indicado que quando os episódios acontecem com recorrência
e que se apresentem potencialmente perigosos, é necessário o uso de medicação e
intervenção médica.

Já nos casos de parassonias do sono Rem, o tratamento está associado à investigação


sobre distúrbios neurológicos, assim, o tratamento é feito após investigação neurológica
e com medicações de ação no sistema nervoso, se necessário.

41
CAPÍTULO 3
Insônia – consequências advindas
do problema do sono

Figura 15. Insônia.

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2017/01/dicas-para-combater-a-insonia-9706179.html.

Segundo o IBGE, 36,5% da população, cerca de 73 milhões de pessoas no Brasil, sofre


com algum transtorno do sono. Dentre essas, mais de 11 milhões de brasileiros, o
equivalente a 7,6% da população, usam medicamentos para dormir.

A pesquisa foi realizada com 60.202 adultos (≥ 18 anos), o índice é um dos destaques
da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada, em 2013, pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Por esse motivo, também a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou sua prudência para a fabricação de medicamentos
com promessa de resolução para os diversos transtornos do sono.

Em diversas literaturas, a insônia é definida como a queixa de “dificuldade para iniciar


ou manter o sono”, “sono não reparador” (LITTNER et al., 2003; NOVAK, SHAPIRO
et al., 2006), “despertares noturnos” (ROCHA et al., 2002b), ou ainda cabendo mais
classificações a depender dos critérios de escalas de frequência ou como se desenvolvem
os sintomas (OHAYON; ROTH, 2001).

Todos, ou pelo menos grande parte dos pesquisadores da área, concordam que a
insônia, por possuir um número grande de critérios, seja pelo número ou na duração
dos sintomas, mais a associação com outros distúrbios do sono e ainda se o paciente
apresenta transtornos mentais, torna difícil a comparação dos resultados entre os
estudos, mesmo com a existência de tantas classificações.
42
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

O Consenso Brasileiro de Insônia também mantém esse conceito. Além dos já citados,
o critério leva ainda em consideração fatores ambientais como a higiene do sono
inadequada, doenças e uso de substâncias (POYARES, 2002).

Entender a insônia como sintoma ou como síndrome também torna difícil o


cruzamento entre estudos realizados (OHAYON; SHAPIRO, 2002). Segundo os
autores, quando classificada como sintoma, a insônia torna-se secundária às condições
médicas, psiquiátricas ou ambientais. E como síndrome, ela é caraterizada como uma
desordem primária no indivíduo, indicando um tratamento direto, ampliando ainda
mais inconsistências e peculiaridades conceituais. Para Hauri (1998), a insônia pode
ser classificada conforme sua duração em:

» transitória (durando alguns dias);

» de curto período (chegando a durar algumas semanas);

» crônica (persistindo por meses ou anos).

Ainda há autores na literatura que classificam a insônia em três diferentes tipos:

» Inicial: quando há dificuldade e demora em adormecer.

» Manutenção: quando se desperta no meio da noite e há dificuldade em


voltar a dormir.

» Terminal: despertar precoce, quando o indivíduo acorda mais cedo do que


planejava.

No entanto, a insônia e sonolência são sintomas intrincados demais, tornando-os


difíceis de quantificar, devido às variações e profundidades que cada um apresenta.
A insônia, por exemplo, pode causar sofrimento psíquico, com prejuízo funcional,
mas, se considerado o número de horas de sono não aproveitadas, pode ser comum.
Da mesma forma, a sonolência pode passar despercebida ou ser negada pelo paciente,
enquanto causa enorme preocupação aos familiares que observam cochilos em situações
indevidas como dirigindo um automóvel.

A insônia é muito pouco frequente durante a infância e a adolescência, apresentando-se


geralmente na fase adulta jovem (entre 20 e 30 anos) podendo intensificar-se (MONTI,
2000). O autor ainda nos revela outro dado interessante, embora até o presente momento
não exista estudos aprofundados, a insônia é mais frequente na mulher.

43
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

Foi percebido que existe uma predisposição genética feminina para um sono superficial
e alterado. Para um diagnóstico e tratamento com recorte de gênero, além de uma
análise histórica baseada nas funções estabelecidas socialmente, seriam necessários
estudos genéticos e/ou familiares.

A descrição e classificação dos distúrbios do sono foram compiladas pela primeira vez
em 1979 pela Associação dos Centros de Distúrbios do Sono, é chamada de Classificação
Diagnóstica dos Transtornos do Sono e Vigília. Uma década depois, 1990, a American
Sleep Disorders Association (ASDA) realizou uma nova publicação que foi revisada
novamente em 1997.

Em 2017, Neves publicou na Revista Brasileira de Neurologia um artigo intitulado


“Transtornos do sono: atualização”. Com o objetivo de atualizar informações de
artigo anterior. Os autores relatam que a preocupação é a apresentação e discussão
da nova classificação Internacional dos Transtornos do Sono (ICSD-3), publicada em
2014. Esta foi construída com critérios semelhantes à segunda classificação (ICSD- 2)
identificando sete principais categorias:

» insônia;

» transtornos do sono relacionados a respiração;

» hipersonolência de origem central;

» parassonias;

» transtorno do ritmo circadiano;

» transtornos do sono relacionado ao movimento;

» outros transtornos do sono.

As principais modificações dessa classificação estão relacionadas à nosologia da insônia,


narcolepsia, parassonias e transtornos do sono relacionado aos movimentos.

Os sintomas da insônia, como é definida clinicamente para preenchimento de critérios


internacionais, devem permanecer no mínimo por 3 meses, apresentando-se, em
média, 3 vezes por semana.

Na segunda classificação (ICSD- 2), a insônia podia ser primária ou secundária a um


distúrbio psiquiátrico subjacente, ou abuso de medicamentos ou drogas, considerando
que em todos os casos os sintomas poderiam estar sobrepostos. A terceira (ICSD-3)

44
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

modifica e orienta que a insônia deve ser tratada como comorbidade, ou seja, ter
abordagem individualizada, mesmo quando secundário.

Acredita-se que a alteração se deu por causa do aumento de casos, atualmente, a insônia
é o transtorno do sono mais comum na população geral. No centro também estão as
discussões sobre o grande impacto na qualidade de vida, baixa produtividade e gastos
da saúde pública, pois a insônia, mesmo em casos tidos como secundários, aumenta o
risco de desenvolver hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares, diabetes
e mellitus tipo 2. Essa discussão desencadeia outra sobre a utilização exacerbada de
medicamentos para sono sem orientação médica, contudo, não será possível debater
aqui neste material.

A insônia primária está dentro da qualificação das dissonias, cujas características


substanciais são a dificuldade para começar ou manter o sono e a sensação de não ter
tido um sono reparador durante menos de trinta dias.

O paciente com essa característica começa a perceber um mal-estar bastante significativo,


a exemplo de fadiga ou perda de cognição simples, acarretando em prejuízo nas suas
atividades cotidianas, como no trabalho ou nos estudos, ocasionando dano social em
diversas áreas (MONTI, 2000).

Se a insônia, quadro apresentado pelo paciente como sono inadequado e/ou não
restaurador, persiste por mais de seis meses associada a consequências diurnas, como
irritabilidade, fadiga, concentração baixa e défice de memória recente, por exemplo,
indica comorbidade a transtornos clínicos e psiquiátricos ou a insônia comórbida à
depressão.

A comorbidade é a ocorrência de duas ou mais patologias relacionadas no mesmo


paciente e ao mesmo tempo. É possível avaliar quadros que apresentam variações,
mas que também tenham regularidades.

Podemos observar, por exemplo, que alguns distúrbios comuns se apresentam


conjuntamente com a depressão, são eles: transtorno de ansiedade ou estresse, cefaleia,
diabetes e doenças cardiovasculares. Uma das características da comorbidade é que
existe a possibilidade de as doenças se potencializarem mutuamente, ou seja, uma
provoca o agravamento da outra.

Como exemplo, o transtorno de ansiedade, muitas vezes vem junto com depressão,
insônia e pode intensificá-las tornando-a o transtorno principal. Nota-se, então, que
o diagnóstico não será independente para cada transtorno, podendo acontecer a não

45
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

identificação da origem, sendo necessário entender e tratar o quadro clínico juntamente


com o social – estilo de vida.
As razões que desencadeiam a insônia podem ser distintas daquelas que a mantém ao
longo do quadro clínico. Na maioria dos casos, o início é inesperado, coincidindo com
uma situação de estresse psicológico (divórcio, tristezas, morte de um familiar), social
(perda do emprego, dificuldade econômica) ou médico (iminência de uma intervenção
cirúrgica).
A insônia persiste geralmente muito tempo depois do desaparecimento da causa original,
devido à presença de um nível elevado de preocupação e de um condicionamento
negativo (MONTI, 2000).
Um número crescente de estudos vem sendo realizado para avaliar o impacto
do sono inadequado sobre a qualidade de vida, a morbidade e a mortalidade.
Sono e os distúrbios a ele relacionados desempenham um importante papel
em grande número de enfermidades, podendo afetar quase todos os campos
da Medicina. Como exemplos, têm-se as crises de asma e acidentes vasculares
cerebrais (AVC), que tendem a ocorrer mais frequentemente durante a noite
(as primeiras) e de manhã cedo (os últimos), talvez por causa de alterações
hormonais, variações da frequência cardíaca e outros fatores associados ao
sono. O sono também afeta de modo complexo alguns tipos de epilepsia, o
sono NREM parece ajudar a prevenir convulsões, enquanto o sono profundo
pode facilitá-las. As privações de sono também podem desencadear convulsões
em pessoas com alguns tipos de epilepsia. (JANCEN et al., 2007, p. 111)

Caballo, Navarro e Sierra (2002) ressaltam que as alterações psicológicas associadas à


insônia são: estresse, ansiedade, transtorno do estado desânimo (depressão), transtornos
de personalidade, transtornos psicóticos, especialmente esquizofrenia.
É muito recorrente que qualquer doença acompanhada de dor ou mal-estar pode
desenvolver quadro de insônia. Doenças degenerativas do sistema nervoso central,
problemas respiratórios como apneia e a hiperventilação alveolar também se configuram
como desencadeadores dos distúrbios do sono.
As condições ambientais em que o indivíduo vive ou a mudança brusca de local (ruídos,
temperatura, pressão atmosférica, altitude), do mesmo modo, podem ser as causadoras
e, por fim, o uso abusivo de hipnóticos, estimulantes ou uso demasiado de bebidas
alcoólicas são completos alteradores do sono normal e regenerador.
Se em algum paciente for feita a retirada imediata, esta medida poderá intensificar a
insônia, sendo assim, melhor recomendado um consumo mínimo durante o dia até
que se analise novamente a retirada total, se necessário.
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Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

Muitos casos de insônia e sonolência são erroneamente diagnosticados, por uma


desatenção a alguns sintomas relacionados a aspectos geracionais, podendo ser passageiras
ou não. Os transtornos do sono relacionados ao ritmo circadiano (circadian rhythm
sleep disorders – CRSD), talvez sejam as causas mais rotineiramente desconsideradas
nos casos investigados.

Esses transtornos se manifestam por desalinhamento entre o período do sono e o


ambiente físico e social de 24h. Os dois principais transtornos do sono relacionados
ao ritmo circadiano são o de fase atrasada (comum em adolescentes) e avançada do
sono (comum em idosos).

Eles estão relacionados ao temporizador interno que cada corpo contém. São situações
nas quais o período de sono se desloca para mais tarde e mais cedo, respectivamente.
Mas o que define esse temporizador?

A prevalência na população geral é em torno de 7 a 16%, sendo mais comum entre


adolescentes e adultos jovens, com aumento máximo em torno dos 20 anos de idade.
Dados indicam que dos pacientes diagnosticados com insônia crônica que buscam
ajuda em clínicas do sono, 10% dos casos sofrem de fase atrasada.

Não se sabe exatamente o que desenvolve a síndrome da fase atrasada. O histórico


familiar pode ser responsável em até 40% dos indivíduos. Fatores genéticos, tais como
polimorfismo no sistema de temporização, principalmente do gene hPer3, estão
associados a essa síndrome.

Fatores ambientais, incluindo a redução na exposição à luz da manhã, excesso de


exposição à luz ao entardecer e, principalmente, em horários tardios para televisão,
celulares e videogames, por exemplo, podem intensificar o atraso de fase.

Outra consideração importante são as mudanças de turno no trabalho ou alteração


frequente entre esses, viagens com mudança de fuso horário, também podem precipitar
esse transtorno.

Embora haja significativas exceções em nossa sociedade, que por muitas vezes são por
motivos externos, nossa espécie, Homo sapiens, é naturalmente designada a desenvolver
atividades durante o dia e a dormir de noite. Mas o que define isso no nosso sistema
biológico?

O ciclo claro/escuro dará as ordens para a produção dos hormônios responsáveis pelo
despertar ou pelo adormecer. A nossa dependência visual ligada à luminosidade, por

47
Unidade II | Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes

exemplo, nos reafirma como espécie diurna. Mas nós não somos os únicos, todos os
animais utilizam seu nicho temporal e espacial para uma noção de horário, a saber,
quando correm menos riscos de encontrar seus predadores, ou quando procuram
seu alimento. Para os vegetais, a presença ou ausência de luz indicará energia ou
racionalização dela.

Esse desalinhamento entre o período do sono e o ambiente físico e social de 24h ocorre
com a produção de melatonina desalinhada ao horário de sono.

Um adolescente pode ser diagnosticado com insônia por queixar-se da demora de pegar
no sono quando se deita e acordar pela manhã, no horário da escola, com sonolência.
O mesmo ocorre com os idosos, quando adormecem em horário mais cedo, vendo
TV e despertam, ainda, na madrugada.

É imprescindível ter conhecimentos sobre esses transtornos para evitar confusões com
a insônia e a sonolência excessiva. É importante salientar que existem nove possíveis
diagnósticos de interesse clínico.

Martinez, Lenz e Menna-Barreto (2008) nos chamam atenção para casos com
trabalhadores noturnos e pessoas com deficiência visual, pois, sendo a luz o principal
sinal para regular os relógios biológicos, esses indivíduos têm maior probabilidade em
desenvolver transtornos do sono relacionados ao ritmo circadiano.

Todo esforço de análise clínica para diagnóstico correto é fundamental para que
indivíduos com transtorno do ritmo circadiano não se exponham a riscos de acidentes
ou a tratamentos indevidos, por exemplo, o uso de hipnóticos sem indicação precisa.

Se examinados corretamente, o profissional indicará para esses casos as opções


terapêuticas: higiene adequada do sono, a fototerapia, seções de exposição de luz
intensa, adequada ao tipo do transtorno do sono, o emprego de melatonina ou agonistas
dos receptores da melatonina.

Pesquisadores indicam tratamentos simples de higiene do sono como eficazes com


algumas observações. Para tratar a fase do sono atrasada, o ideal é aumentar o atraso
ainda mais no horário de sono, numa taxa de 2 a 3h a cada 2 dias, até alcançar o horário
desejado do período de sono.

Esse método pode ser bem aceito porque é mais fácil prolongar a vigília do que
antecipar o sono, mas, na prática, a necessidade de aderência rigorosa ao esquema e
os inconvenientes dos horários intermediários tornam o tratamento pouco eficiente.

48
Psicologia do Sono com Crianças e Adolescentes | Unidade II

Luz intensa aplicada no horário desejado de levantar-se, por 1 ou 2h, reajusta o relógio
biológico em poucos dias, mas também sofre limitações práticas.

Já na fase avançada, o indicado é o mesmo método de atraso, inclusive mais aceito


porque os horários intermediários não atravessam o período de vigília desejada.
Fototerapia com exposição à luz intensa, aplicada ao entardecer, por 1 ou 2 h, reajusta
o relógio biológico em poucos dias. O problema com os idosos é a falta de atividades
físicas, mentais ou sociais capazes de mantê-los despertos até o horário desejado de
sono (MARTINEZ; LENZ; MENNA BARRETO, 2008).

Segue abaixo algumas indicações de artigos para refletir mais sobre o tema da
insônia de forma breve e didática:

» “Você sofre de insônia? Entenda os impactos de uma noite mal dormida!”.


Clínica e Spa-Vida Natural, 2019.

Disponível em: https://www.vidanatural.org.br/impactos-da-insonia-a-saude/.


Acesso em: dez. 2020.

» “Motivos de insônia: conheça 5 causas comuns e suas consequências”. Blog


Psicólogos em São Paulo, 2020.

Disponível em: https://www.psicologo.com.br/blog/motivos-de-insonia-


conheca-5-causas-comuns-e-suas-consequencias/ Acesso em: dez. 2020.

» “Insônia: o que é, sintomas, causas e tratamentos!” Blog Psicologia Viva, 2018.

Disponível em: https://blog.psicologiaviva.com.br/insonia-causas/. Acesso


em: dez. 2020.

49
TRATAMENTO
COMPORTAMENTAL
PARA O SONO UNIDADE III
INFANTIL

CAPÍTULO 1
Higiene do sono

Figura 16. Princípios da higiene do sono.

Fonte: https://adrianagomesnutricionista.com.br/blog/post/phigiene-do-sono-p.

Como estamos vendo ao longo do nosso estudo, as dificuldades em dormir e a


consequente má qualidade do sono podem causar diversos malefícios à saúde, inclusive
nas crianças. Nesse caminho, é importante pensar e exercer estratégias e métodos de
melhorar a qualidade do sono das crianças, as quais os pais poderão trabalhar com
algumas ferramentas para ajudar seus filhos no processo do sono.

É nesse percurso que simples correções podem diminuir ou excluir as causas futuras de
insônia em estado avançado, ou de outros distúrbios e dificuldades do sono. A higiene
do sono, tema do nosso estudo, poderá garantir que o sono ininterrupto dê acesso à
fase reparadora, responsável por repor as energias diárias.

Vejamos a seguir algumas das principais características e medidas a serem consideradas

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Figura 17. Preparando o ambiente adequado.

Meio Ambiente
Luminosidade: claridade excessiva deve ser evitada
Barulho: ruídos e sons devem ser abafados o máximo possível.

Quarto

Temperatura: ajustar nem muito quente ou muito frio.

Cama

Colchão e travesseiros: regular altura adequada.

Fonte: elaborada pela autora.

As medidas para a higiene do sono em crianças não se diferenciam muito das outras
idades, até em adultos. Elas concentram ações simples e de fácil aplicação, relativas
ao ambiente em que se dorme e a correção de hábitos inadequados que atrapalham
o sono. Depois de afastados os casos de doenças com exames clínicos e laboratoriais,
medidas deverão ser tomadas mediante ao diagnóstico psicoterapêutico.

Os pais podem fazer um diário do sono e hábitos da criança, para a melhor compreensão
e acompanhamento. Fraldas, bichinhos ou brinquedos prediletos podem ser utilizados
como objetos de transição, diminuindo a presença dos pais durante a indução do sono,
isso ajudará na insônia comportamental da criança.

Em idade superior a dois anos, os cuidadores poderão criar rotinas, com um sistema de
recompensa e não ceder aos choros. A Psicoterapia e terapia cognitiva comportamental
têm demonstrado resultados bastante positivos para a criança e toda a família.

O uso de medicamentos é reservado para casos necessários, priorizando sempre o


tratamento não medicamentoso. Em casos como a falta de sono, anti-histamínicos,
barbitúricos, benzodiazepínicos e neurolépticos, todos esses medicamentos que induzem
ao sono, são fármacos passíveis de efeitos colaterais e toxicidade.

A desorganização dos padrões de sono em crianças pode prejudicar sua aprendizagem,


a memória, induzir humor e comportamentos, desenvolver sérios transtornos sociais
51
Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

e psicológicos (ansiedade, hiperatividade, sintomas depressivos), e se não tratados


corretamente, estendem-se às outras fases da vida. É perceptível o aumento das
discussões sobre o assunto na esfera acadêmica.

Alguns desses sintomas depressivos podem significar violência sexual infantil.


Esse também pode ser um fator responsável por desenvolver muitos tipos de distúrbios
do sono em crianças, entre outras patologias como depressão, estresse, ansiedade,
hipersonolência etc., sendo necessária a atenção especial de todas as pessoas envolvidas
na vida da criança, considerando a família, professores e os profissionais de saúde.
Em decorrência do grande número de casos de violência sexual infantil ocorridos na
relação parental, aumenta consideravelmente a responsabilidade do profissional que
realiza diagnóstico psicossocial.

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema:

» “Momento Saúde: higiene do sono”. Blog Pediatra Orienta, 2018.

Disponível em: https://www.pediatraorienta.org.br/momento-saude-higiene-


do-sono/. Acesso em: dez. 2020.

» “Higiene do Sono”. Blog Pediatria Descomplicada, 2019.

Disponível em: https://pediatriadescomplicada.com.br/2019/07/30/higiene-


do-sono/. Acesso em: dez. 2020.

» “O que é Higiene do Sono?”. Canal Cia do Sono, 2019.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Qg1kL1NHoi0&


feature=emb_logo. Acesso em: dez. 2020.

Outro aspecto a ser considerado nesse tópico é o relacionado à luz das telas de aparelhos
eletrônicos, como tablets e celulares, que pode resultar em insônia e outros distúrbios
do sono. É que a luminosidade alta prejudica na hora de dormir, já que compromete
a produção do hormônio responsável pelo sono.

Segundo especialistas, quem avisa ao cérebro que é hora de dormir é um hormônio


chamado melatonina, que relaxa o corpo e induz ao sono. A produção dela é prejudicada
pela presença de luminosidade. A recomendação é que o uso desses equipamentos seja
interrompido uma hora antes de ir para a cama.

Em pesquisa realizada pelo IBGE em 2018 sobre o uso da “Tecnologia da Informação


e Comunicação – TIC”, no Brasil, constatou-se que o consumo de eletrônicos e acesso
à internet aumentaram consideravelmente. Entre os objetivos pesquisados, o envio

52
Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

e recebimento de mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos (não e-mail)


continuam sendo os principais, e que 95,7% das pessoas com 10 anos ou mais de idade
utilizaram a rede.

Bastante relevante também é o percentual para assistir a vídeos, inclusive programas,


séries e filmes (86,1%). Quanto mais urbanizada a cidade, maior a utilização de aparelhos.
Somente em 5,1% das residências não havia qualquer celular ou qualquer tipo de
telefone. Outro dado bastante significativo é sobre o consumo, cada dia mais cedo,
desses aparelhos por crianças. Da população consultada com 10 anos ou mais de idade,
79,3% tinha telefone celular para uso pessoal.

É pertinente discutir sobre um equipamento muito utilizado nos últimos tempos,


inclusive com idades cada vez menores. O celular possui as mais variadas distrações:
jogos, vídeos animados etc.

Muitas preocupações envolvem a utilização exacerbada de aparelhos eletrônicos por


crianças em todas as idades, principalmente à noite e antes de dormir. Esse hábito,
se não for corrigido, contribuirá para o retardamento na produção da melatonina,
hormônio responsável pelo sono.

Estudos desenvolvidos pelo King’s College apontaram que entre crianças e adolescentes,
aquelas que utilizam o celular antes de dormir, apresentam alto risco no desenvolvimento
da obesidade, baixo sistema imunológico, crescimento atrofiado e depressão.
Consequentemente, essa falta de sono em longo prazo reduz os hormônios importantes
para o desenvolvimento do corpo como um todo, como:

» melatonina (prepara o corpo para o sono);

» leptina (responsável pela saciedade);

» GH (responsável pelo crescimento);

» cortisol (dá estabilidade emocional e controla as inflamações).

Bons hábitos relacionados ao ato de dormir são essenciais para a promoção de um


sono saudável. A Academia Americana de Medicina do Sono voltou a afirmar “que o
período ideal de sono é de sete a oito horas. Um tempo menor que esse gerará graves
danos ao sistema imunológico, com aumento das chances de desenvolvimento de
doenças cardiovasculares e de obesidade.”

53
Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

No entanto, as dificuldades em manter e estabelecer os bons hábitos de sono constitui


uma crescente preocupação apresentada pelos profissionais de saúde.

É nesse sentido que, assim como a higiene do corpo, a higiene do sono também deve
estar presente em nossas vidas, já que é ela a responsável pelo ato do sono saudável e
reparador.

A técnica da higiene do sono é considerada uma intervenção psicoeducacional que


tem como objetivo ensinar os pacientes a evitarem que fatores externos e ambientais
gerem efeitos adversos e nocivos ao sono. Em entrevista dada ao Instituto de Psiquiatria
Paulista, o psiquiatra João Junqueira explica como se dá a higiene do sono, vejamos
abaixo os principais tópicos.

A higiene do sono, segundo o psiquiatra, pode ser definida como a mudança ou a


organização de hábitos e atividades que buscam a melhor indução e qualidade do sono,
para crianças, adolescentes, jovens e adultos.

Ainda segundo o médico, algumas atividades rotineiras podem auxiliar ou prejudicar


o sono, ou seja, a alimentação em que se deve evitar o máximo consumir alimentos
“pesados” ou muito próximos ao horário de dormir, bem como, a ingestão de bebidas
que contenham em sua composição cafeína ou substâncias alcóolicas no período da
noite, próximo ao horário de dormir.

Também chama atenção para o uso de celular e outros aparelhos eletrônicos à noite,
principalmente quando já deitado na cama. Algumas características individuais também
destacadas, como, por exemplo, a prática de exercícios físicos intensos no período
noturno e próximo à hora de dormir.

Na mesma entrevista, Junqueira explica o vínculo entre a saúde mental e o sono.


Segundo ele, o sono não está ligado somente à saúde mental, mas fundamentalmente
à saúde física. Assim, a falta de sono pode trazer várias complicações como sobrepeso
e obesidade, pressão alta, diabetes, depressão, ansiedade, transtornos de sono etc.

Trata-se, então, de uma função fisiológica importante para o nosso corpo, do mesmo
modo que precisamos comer de forma correta, praticar exercícios físicos regularmente
e ingerir a quantidade de água recomendada.

Pedido para que desse algumas dicas importantes para que possamos ter um sono mais
saudável, ele responde com a fórmula já apresentada anteriormente: consultas médicas
regulares associadas a hábitos saudáveis, cuidado com a alimentação, atividades físicas
regulares e ainda acrescenta a meditação.

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Uma importante ressalva que o médico faz, é que o sono é algo natural e inerente ao ser
humano, assim, ele é necessário e esperado pelo nosso organismo, ligado diretamente
aos bons hábitos que geram qualidade de vida e refletem em todos os aspectos de nosso
dia a dia.

Sintetizamos abaixo, de forma didática as principais dicas para melhorar a qualidade


de sono, segundo o psiquiatra alertou.

Figura 18. Bons hábitos para o sono saudável.

Evitar o uso de substâncias estimulantes próximo ao horário de dormir, como a


ingestão de cafeína e substâncias alcoólicas, já que essas podem causar
fragmentação do sono, sono não reparador, além de desenvolver o risco de
dependência.

Praticar exercícios físicos regularmente, porém, somente até três horas


antes do horário de dormir, levando-se em conta o aumento da
temperatura corporal.

Evitar barulho, luz excessiva e temperaturas elevadas no ambiente de


dormir.

Garantir o conforto da cama e do ambiente, em uma cama confortável


com lençois e travesseiros limpos e bem higienizados.

Evitar comer e beber em excesso antes de deitar-se, evitar alimentos com alto
índice de carboidratos e gorduras.

Fonte: adaptado de https://psiquiatriapaulista.com.br/higiene-do-sono/#:~:text=Atividades%20rotineiras%20podem%20auxiliar%20


ou,pr%C3%B3ximo%20ao%20hor%C3%A1rio%20de%20dormir. Acesso em: dez. 2020.

De acordo com El Halal e Nunes (2018), ao recomendar medidas de higiene do sono,


o pediatra deverá realizar uma anamnese adequada em relação aos hábitos de sono da
criança e da família, perguntando sobre o horário, local e rituais habituais que a família
tem para o início do sono. Ademais, é pertinente perguntar também sobre o horário
de despertar, a necessidade, frequência e o horário das sestas diurnas, e a exposição, na
casa e no quarto, a equipamentos eletrônicos, como televisores, smartphones e tablets
durante o dia e a noite.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Há indicações de que o preenchimento de um diário de sono por mais ou menos duas


semanas contendo essas informações poderá auxiliar na observação de um padrão
de funcionamento familiar, que poderá ser melhorado, principalmente quando estão
envolvidas crianças e adolescentes na idade escolar.

A higiene do sono, portanto, consiste em práticas que se tornam hábitos diários,


iniciados durante o dia e estendidas ao horário do início do sono, que promovem o
sono de boa qualidade.

Como consequência de tais hábitos, cria-se um ambiente previsível e menos estressante


para crianças e adolescentes, que levará a um melhor comportamento diurno e mesmo
na redução de níveis de estresses em toda a dinâmica da casa.

Segundo especialistas da área da saúde, as medidas de higiene podem ser iniciadas


desde muito precocemente, em torno dos seis meses de idade, de forma a respeitar o
estágio de desenvolvimento e maturação do sono das crianças, não interferindo na
amamentação sob livre demanda.

É importante pontuar que, ao recomendar as medidas de higiene do sono, devem-se ter


claras as orientações relativas à segurança das crianças, de forma a prevenir possíveis
acidentes domésticos, principalmente no momento da amamentação.

Segundo dados da Academia Americana de Pediatria, o bebê deve ser posicionado de


barriga para cima, em uma superfície firme, onde esteja coberto com lençol de forma
confortável. Do mesmo modo, o berço deve estar vazio, sem almofadas e brinquedos,
para evitar o sufocamento, o uso de travesseiros também é contraindicado. Assim
como se devem evitar os extremos de temperatura, sobretudo o hiperaquecimento,
que pode ocorrer com o uso excessivo de roupas e cobertores, que estão associados a
maior risco de morte.

Os médicos indicam ainda que a criança deve, ao menos desde os seis meses de vida, e
idealmente até os doze meses de vida, dormir no mesmo quarto que os pais, mas, não na
mesma cama. A recomendação é que o berço da criança seja colocado ao lado da mãe a
uma distância que permita que os cuidadores alcancem a criança permanecendo deitada.

As rotinas positivas são fundamentais para a higiene do sono e devem ser consistentes
com a rotina das crianças, usadas de forma isolada ou em conjunto com outras abordagens.

As rotinas que são adotadas por cada família, em cada casa podem variar conforme
a preferência dos pais e das crianças, contudo, elas devem ser consistentes, como o

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

preparo para o início do sono, que deve começar no mesmo horário todos os dias, assim
como ter o mesmo horário para despertar, tendo uma duração semelhante durante os
dias da semana e fins de semana.

Para as crianças menores, indica-se que as rotinas de sono devem iniciar de vinte a
trinta minutos antes da hora de ir para a cama. Para os maiores, esse tempo pode ser
de até uma hora antes, de modo que se resuma em atividades calmas como leituras,
escuta ou canto de músicas tranquilas, também é possível conversar com a criança
sobre o seu dia.

As rotinas devem ocorrer de forma a iniciar fora do quarto e terminar dentro do quarto
da criança, por exemplo, ao jantar, no banho, na escovação dos dentes, ao colocar o
pijama e ler uma história, esses últimos já no quarto, na cama.

No período noturno, não é recomendado que a criança faça atividades físicas ou


brincadeiras que as deixem muito agitadas, nem mesmo assistir televisão, ou manipular
equipamentos eletrônicos como smartphones ou tablets, como jogos eletrônicos que a
deixem agitadas demais.

Recomenda-se ainda, para sucesso de uma boa noite de sono, que não se associe a
cama a outras atividades que não estejam relacionadas ao início do sono, já que, não
se deve estimular que a criança brinque ou jogue jogos eletrônicos na cama, mesmo
durante o dia.

Além disso, a cama não deve ser associada a outras atividades que não dormir, por
isso, é importante desestimular que a criança brinque ou manipule eletrônicos, ou faça
refeições na cama antes de dormir.

É importante que o sono se inicie na cama da criança, sem que os pais estejam deitados
junto, nem inicie no sofá ou na cama dos pais, para que assim a criança associe o início
do sono com a sua própria cama em seu próprio quarto.

Ainda de acordo com recomendações de El Halal e Nunes (2018), objetos de transição


como bonecos e cobertores podem ser usados para crianças acima de um ano de idade.
Já para as crianças que ainda fazem sesta durante o dia, essas não devem acontecer
e finalizar, no mínimo, quatro horas antes do horário habitual do sono em crianças
que fazem duas sestas por dia e seis horas antes para as crianças que fazem apenas um
cochilo por dia, que não deve ser muito longo, pois, podem fazer com que a criança
esteja muito alerta ainda.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

No caso específico das crianças maiores e adolescentes, as atividades físicas não devem
ocorrer antes de três horas do horário do início do sono. Entre os adolescentes, estudos
dos autores demonstraram que as medidas de higiene do sono são responsáveis por
adiantar o início do sono, reduzir a latência e aumentar o tempo total de sono.

Por outro lado, jogos eletrônicos, uso de smartphones, acesso à internet e computadores
com forte luminosidade se relacionam com a dificuldade em dormir mais cedo e na
qualidade do sono. Ademais como já foi discutido aqui, o consumo de cafeína está
associado à menor duração de sono noturno.

Para as crianças que se despertam demasiadamente durante a noite, demandando


intervenções dos pais para voltar a dormir, assim como aqueles que têm dificuldades
de começar a dormir de maneira independente, apesar da promoção das medidas de
higiene do sono, outras intervenções poderão ser adotadas. É importante frisar que
o ambiente do quarto precisa ser seguro para a devida implementação das medidas.

A seguir, discutiremos sobre as técnicas de extinção, as mais utilizadas, sobretudo em


países de origem anglo-saxônica. As técnicas de extinção possuem um denominador
comum que é a necessidade de ignorar as demandas da criança, de maneira mais ou
menos rigorosa.

Sua aplicação, pode ser dificultada por uma série de motivos que envolvem a tolerância
dos pais em relação ao choro do bebê, medo do vínculo com a criança ser prejudicado
pelo tempo de choro, diferenças culturais, situação emocional e física dos pais (cansaço,
ansiedade, estresse, tristeza).

Nesse sentido, a técnica deve ser indicada pelo pediatra em conjunto com os pais,
considerando as dinâmicas familiares, os hábitos diários e as possibilidades dos
cuidadores. Abaixo, descreveremos as principais técnicas de extinção citadas por
El Halal e Nunes (2018).

» Extinção não modificada: a criança é colocada para dormir e seu comportamento


noturno é ignorado até a manhã seguinte, no horário já programado para
despertar.

» Extinção com a presença dos pais: usada, principalmente, quando se acredita


que a dificuldade no sono se deve à ansiedade pela separação. É semelhante
à extinção não modificada, contudo há a presença de um dos pais no quarto
durante parte ou toda a noite. Poderá ser utilizada ainda uma técnica de
afastamento gradativo até a saída completa do quarto. Apesar de saber que

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

a presença de um dos pais é tranquilizadora para a criança, essa técnica


pode levar mais tempo para surtir efeito e se tornar um hábito em relação
à medida vista anteriormente.

» Extinção gradativa: é definida pelo aumento gradativo do tempo de resposta


às demandas da criança durante a noite. O indicado é iniciar aguardando
entre cinco minutos, todavia, esse período poderá ser menor, conforme
a tolerância dos pais ao chamado e choro dos filhos. Passado esse tempo
estabelecido, deve-se checar a criança e confortá-la por períodos curtos de
tempo (entre 15 segundos e 1 minuto), com pouca interação.

Existem outras técnicas que podem ser utilizadas em conjunto com as técnicas de
extinção, como medidas de rotinas positivas:

» Despertar programado: consiste em despertar a criança de 15 a 30 minutos


antes do horário habitual de despertar noturno, levando a uma redução
dos despertares espontâneos e, por conseguinte, a redução gradativa dos
despertares programados.
» Hora de dormir planejada: se a criança não dormir 30 minutos antes do
horário determinado, retirá-la da cama e envolvê-la em alguma atividade
relaxante até que fique com sono, quando deverá retornar para a cama.
» Restrição de sono: consiste em atrasar o horário de ir para a cama em um
momento que a criança esteja quase adormecendo, para garantir que, já
deitada e instalada, ela durma mais rapidamente. Assim, quando o hábito
for consolidado, antecipar gradativamente o horário de deitar-se em 15 e
30 minutos até que se alcance o horário ideal desejado.
» Técnicas de relaxamento: algumas estratégias de relaxamento são massagem,
meditação e respiração diafragmática que podem auxiliar a criança a iniciar
o sono.
» Restauração cognitiva: consiste em identificar pensamentos inadequados
relacionados ao momento de dormir e desafiá-los, tentar substituí-los por
pensamentos mais realistas e positivos como “eu posso demorar um pouco,
mas eu sempre consigo dormir bem”.

Ao adotar essas e outras técnicas e medidas antes do sono os resultados podem variar
de criança para criança, conforme a técnica eleita. De qualquer modo, os especialistas
indicam que a chave para os bons resultados é a persistência e a consistência na aplicação

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

das intervenções. O comportamento positivo da criança deve ser reforçado pelos pais,
parabenizando e elogiando a criança e, se desejado, com produções de cartazes, imagens
e outros pela própria criança, para assinalar as noites com bom desempenho no sono.

Podemos concluir que a implementação de medidas de higiene de sono, seja de forma


combinada ou isolada, é importante para estimular um sono de qualidade na infância.
O principal desafio na implementação dessas medidas é o fato de consistirem em
mudanças de hábitos que não se limitam apenas à criança, mas envolvem diversas
mudanças na rotina e hábitos de toda a família.

Assim, cabe aos pais, cuidadores e médicos pediatras conhecerem as técnicas disponíveis
para, então, selecionar em conjunto com os pais as mais adequadas para cada paciente,
de modo a fornecer o suporte necessário para a manutenção das medidas, mesmo com
as dificuldades que poderão surgir.

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CAPÍTULO 2
Rotinas pré-sono

Figura 19. Rotina antes do sono.

Fonte: https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/a-importancia-da-rotina-escolar/.

Junto à modernidade, chegaram grandes produtores de distração noturna, cheios


de luminosidade. É difícil encontrar na atualidade quartos que não possuam TVs e
outros aparelhos eletrônicos, contrariando a todos os conselhos sobre a boa higiene
do sono de não dividir o a cama como esses grandes estimuladores, como observamos
no capítulo anterior.

Uma dessas distrações vai até dormir juntinho na cama: o famoso celular. Estamos sempre
prestando atenção a tudo a nossa volta, por meio dos noticiários, das redes sociais,
disponíveis para assuntos de trabalhos e até mesmo pra divertimento. Os aparelhos
eletrônicos estão sempre lá, emitindo luzes e elementos de alerta.

O telefone celular já aparece como o aparelho eletrônico mais utilizado pelas pessoas para
acesso à internet, 99,2% em diversas pesquisas. Esse percentual é bastante considerável
e por pouco não atinge a totalidade dos domicílios com acesso à internet.

O acesso por meio da televisão subiu de 16,1%, em 2017, para 23,3%, em 2018,
microcomputador com 48,1%, e o tablet era utilizado em 13,4% dos domicílios que
tinham acesso à rede. Esse movimento de crescimento ocorreu em todas as regiões
do país.

O quadro abaixo demonstra que as porcentagens de domicílios que acessam a internet


por meio de celular e de televisão aumentaram, enquanto as porcentagens de domicílios
em que o acesso à internet é por meio de microcomputador ou tablet diminuíram.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Figura 20. Equipamento usado para acesso à internet por domicílio (%).

Telefone Móvel Celular

2017 2018
98,7% 99,2%

Microcomputador

2017 2018
52,4% 48,1%

Televisão

2017 2018
16,1% 23,3%

Tablet

2017 2018
16,1% 23,3%
Fonte: IBGE, 2017-2018.

Esse elemento contribui para as alterações do sono em crianças e adolescentes que


usam demasiadamente o celular, principalmente à noite, com a luz emitida pelos
aparelhos eletrônicos.

A forte luz branca que penetra nos olhos causa confusão no relógio biológico, que
acessa outros estímulos que deixam o cérebro em estado de alerta. Por isso, a criança
ou adolescente demoram mais tempo para adormecer e acordam mais vezes durante
a noite, ocasionando menor descanso e menor qualidade do sono.

Essa desregulação prejudica o processamento da memória e pode levar a problemas


de comportamento e atenção nas aulas. A forma mais simples de evitar esse conjunto
de danos está na correção dos hábitos cotidianos da criança e família relacionados ao
sono, lembrando que a maior lição é dada pelo exemplo.

O processo será mais fácil para a criança se os pais e cuidadores adotarem também esse
estilo de vida, mas se a dinâmica conjectural da casa não permite, pode-se reduzir o
tempo de celular e aparelhos durante a noite, entre 30 minutos a 2 horas, antes de ir
pra cama. Outra ação eficaz está na retirada desses aparelhos do quarto, pois a emissão
de sons de notificação é o suficiente para atrapalhar uma boa noite de sono.
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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

O preço de toda essa luminosidade a noite é o desequilíbrio do nosso relógio biológico,


o ritmo circadiano (circadian rhythm sleep disorders – CRSD), composto pelo ciclo
claro/escuro que indica qual hormônio produzir, o do sono (melatonina) ou do
despertar (Cortisol). O cortisol apresenta um ritmo circadiano claro, com um pico
em torno do despertar da pessoa.

As concentrações plasmáticas do cortisol são mais altas no início da manhã (por


volta das seis horas) e seus valores são mais baixos ao final da tarde e à noite. Como o
cortisol é controlado pelo relógio biológico, é esperado que o ritmo e a concentração
de cortisol sejam influenciados pela luz (KUDIELKA et al., 2003).

É preciso destacar que a melatonina não deve ser denominada como hormônio do
sono e sim da noite (sem luz), a referência para nomeá-lo do sono serve para o homo
sapiens, nós humanos ou animais que dormem a noite.

Pois, para animais noturnos, como os felinos, ratos, o seu pico de melanina éigu
maiores também à noite, no entanto, a sua característica noturna o deixa mais agitado,
deixando o sono para o dia.

Como demonstrados nos dados do IBGE, houve um crescimento significante do


consumo de aparelhos eletrônicos em nossas vidas, seja para o lazer ou para o trabalho.
Essas telas com iluminação de grande eficiência energética contribuem para o aumento
da nossa exposição à luz.

Mas nem toda luz é igual. Buscando minimizar os males, a indústria de eletrônicos
buscou aperfeiçoar-se criando um tipo de luz menos prejudicial à saúde, dando mais
qualidade aos usuários destes aparelhos eletrônicos.

É o caso da luz azul. Seu comprimento de onda é benéfico durante o dia porque
potencializa a atenção, o tempo de reação e o humor. Pesquisas médicas e biológicas
têm mostrado consistentemente que a luz, além de efeito visual, tem um importante
efeito biológico não visual sobre o corpo humano (BOMMEL, 2005). No entanto,
parecem ser mais desestabilizadoras à noite.

Nos chama atenção que até o advento da iluminação artificial, o sol era a principal
fonte de iluminação, e as pessoas passavam as noites em (relativa) escuridão. Agora, em
grande parte do mundo, as noites são iluminadas e consideramos nosso acesso a todos
esses lúmens praticamente garantidos.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Figura 21. Checagem do celular antes de dormir.

Fonte: https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/checar-o-celular-antes-de-dormir-faz-mal-a-saude-diz-medico/.

Alguns estudos indicam uma ligação entre a exposição à luz à noite ao diabetes,
doenças cardíacas e obesidade. Estando mais propensos aqueles que trabalham
no turno da noite. Os pesquisadores ainda não têm evidências que comprovem
causa/efeito diretamente entre a exposição de luz e as doenças acima citadas, mas
avançam nas correlações e desdobramentos.

Com o aumento significativo do uso de aparelhos celulares na sociedade, torna-se


fundamental que essas descobertas sejam amplamente divulgadas para que as pessoas
consigam utilizar essas fontes artificiais de luz, sobretudo as mídias eletrônicas, sem
prejudicar a sua saúde.

Para manter uma boa noite de sono, separamos algumas dicas importantes:

» Use luzes vermelhas fracas para luzes noturnas. É menos provável que a luz
vermelha altere o ritmo circadiano e suprima a melatonina.

» Evite olhar para telas brilhantes duas a três horas antes de dormir.

» Se você trabalha no turno da noite ou usa muitos dispositivos eletrônicos à


noite, considere usar óculos de bloqueio azul ou instalar um aplicativo que
filtre o comprimento de onda azul/verde à noite.

» Exponha-se a muita luz forte durante o dia, o que aumentará sua capacidade
de dormir à noite, bem como seu humor e estado de alerta durante o dia.

Alguns estudos recentes apontam que, ao contrário do que se pensa, praticar atividades
leves e moderadas antes de dormir melhora o sono e, ainda, diminui a sonolência
diurna (O’CONNOR, 1995).

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Os exercícios físicos ajudam até a relaxar depois de um dia estressante de trabalho ou


de longas aulas, podendo o indivíduo atingir um sono mais restaurador, é o que sugere
uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional do Sono, instituição interamericana
mais bem reconhecida, dedicada a investigações na área do sono.

Os dados afirmam que a prática de exercícios físicos vale para as pessoas saudáveis, com
atenção especial à quantidade e intensidade, pois, a prática em demasia pode diminuir
gradativamente o tempo de sono e a sua qualidade. O intervalo, por exemplo, entre a
musculação e a hora de dormir, deve ser, no mínimo de três horas. Menos que isso,
os resultados poderão ser contrários, ocasionando até episódios de insônia.

Ainda existem muitas lacunas a serem estudadas nessa relação entre o exercício físico
e o sono, e algumas hipóteses são levantadas. Sobre os efeitos que surgem a partir dos
mecanismos termorregulatórios, Horne e Moore (s/d) foram os primeiros a propor
que “os efeitos do aquecimento corporal durante a corrida, podem desempenhar um
papel fundamental nas mudanças de SWS (ondas lentas), e que o resfriamento adicional
parece eliminar qualquer aumento potencial de SWS”.

Seus estudos revelaram que, após a corrida, o SWS, particularmente o sono de estágio
4, apresentou aumentos significativos e o sono REM diminuiu.

A hipótese é sustentada na evidência de que o início do sono é disparado pela redução


da temperatura corporal, que ocorre circadianamente no início da noite, controlada
pelo hipotálamo, induzindo ao sono (DRIVER; TAYLOR, 2000; O’CONNOR;
YOUNGSTEDT, 1995). O exercício é responsável pelo aumento dessa temperatura
corporal (BOULANT, 2000; DRIVER; TAYLOR, 2000).

A teoria restauradora ou compensatória indica que a condição para a atividade


anabólica durante o sono é favorecida após alta atividade catabólica durante a vigília.
Ou seja, se o paciente pratica exercícios durante o dia, perde-se energia armazenada,
induzindo ao sono, principalmente de ondas lentas, com a função de restaurar a
energia perdida.

A redução do metabolismo durante o sono e a sensação de fadiga descrita por sujeitos


privados de sono reforçam a hipótese de que o sono tenha uma função restauradora
(MARTINS et al. 2001).

Já a teoria da conservação de energia sugere que a função primária do sono é reduzir a


demanda e despesa de energia. Essa redução da taxa metabólica se dá durante a vigília
e sono.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Quando incluímos a atividade física, haverá um gasto energético, sendo assim,


aumentaria a necessidade de sono no indivíduo para cumprir a função de equilíbrio
energético positivo (DRIVER; TAYLOR, 2000).

As duas teorias, tanto a teoria da conservação de energia como a da restauração


corporal, apoiam-se no advento de que a duração do sono, os níveis, quantidade de
sono de ondas lentas e qualidade alteram-se em função do aumento do gasto energético
durante atividade física.

Alguns estudos foram realizados para preencher essas lacunas. Dez jovens do sexo
masculino submeteram-se a um registro polissonográfico após uma sessão habitual de
exercícios durante a tarde. Puderam observar uma relação positiva entre a quantidade
de sono de ondas lentas, estágios 3 e 4 do sono, e a quantidade de exercícios realizados
durante o dia (BAEKELAND; LASKY, 1966).

Sobre a noite Sasazawa et al. (s/d) e Youngstedt et al. (s/d) demonstraram que exercícios
próximos ao horário de dormir podem levar a um aumento na latência para o sono
e um aumento no sono de ondas lentas, enquanto exercícios realizados pela manhã
não o fazem. Os resultados mostraram também que atividades físicas realizadas tarde
da noite não perturbaram o sono de indivíduos treinados.

Segundo Driver e Taylor (s/d), a influência da intensidade do exercício no padrão de


sono é contraditória e apontam resultados diferentes. Uma possível razão para explicar
a falha dos estudos está nas amostras escolhidas: praticantes de exercícios regulares, ou
bons dormidores, por já ter o hábito, não apresentam uma grande variação, subestimando
os reais efeitos do exercício físico na regulação do sono.

Um levantamento epidemiológico da prática de atividade física na cidade de São Paulo


mostrou que as queixas de insônia e de sonolência excessiva, entre os entrevistados que
realizam atividade física regularmente, eram de apenas 27,1% e 28,9%, respectivamente,
enquanto, entre os não praticantes, foram de 72,9% e 71,1%, respectivamente.

Observa-se, portanto, que os exercícios podem auxiliar no tratamento e prevenção de


alguns distúrbios do ciclo sono-vigília, seja diretamente, por diminuir a fragmentação
do sono, provocar aumento no sono de ondas lentas e diminuição da latência para o
sono, ou indiretamente, por meio do controle de peso e aquisição de hábitos saudáveis.

Inúmeras evidências científicas confirmam que a prática de atividades físicas ajuda


na reabilitação de patologias que aumentam os índices de morbidade e mortalidade
(TOSCANO et al., 1998).

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema:

» “A Importância do Ritual Noturno para o Sono do Bebê”. Blog Pediatria


Descomplicada, 2018.

Disponível em: https://pediatriadescomplicada.com.br/2018/04/25/a-


importancia-do-ritual-noturno-para-o-sono-do-bebe/. Acesso em: dez. 2020.

» “Rotina do sono do bebê”. Canal Almanaque dos Pais, 2018.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7iwup1p7lMI. Acesso em:


dez. 2020.

» “Rotina pré-sono e estímulo à independência são eficazes para insônia


infantil”. Site Agência Brasil de Comunicação, 2015.

Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/08/rotina-


pre-sono-e-estimulo-independencia-sao-eficazes-para-insonia. Acesso em:
dez. 2020.

» “Uso de celulares atrapalha sono de crianças, causa distúrbios e provoca


mau desempenho escolar”. Jornal Estadão, 2018.

Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,uso-


de-celulares-atrapalha-sono-de-criancas-causa-disturbios-e-provoca-mau-
desempenho-escolar,70002523821. Acesso em: dez. 2020.

67
CAPÍTULO 3
Padrões de sono das crianças a partir
da escala DIMS (escala dificuldade
de iniciar e manter o sono)

Figura 22.

Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/07/17/coronavirus-afeta-gravemente-sono-das-criancas-diz-estudo.htm.

Além dos estudos referentes a como se dá o funcionamento do sono e de seus distúrbios,


os estudos fisiológicos atentam também para o sono enquanto função fisiológica.
Sobre o cumprimento de tal função, é importante considerar o papel desempenhado
pelo sono no que se refere ao aprendizado.

O desdobramento normal do ciclo sono-vigília, do ciclo do sono e da presença de sono


reparador é fundamental para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Igualmente,
o sono inadequado e ineficiente afeta o aprendizado tanto do ponto de vista mental
quanto do psicológico e do social. Sobre os dois últimos, o Brasil já contribui – mesmo
que de forma ainda pouco volumosa – com importantes produções. Entre elas, as de
Luiza Elena Leite Ribeiro do Valle, psicóloga que já realizou muitos trabalhos em
colaboração com neurocientistas, fazem parte das mais expressivas e mais conceituadas.

A psicopedagogia é uma das principais responsáveis por se debruçar sobre os fatores


referentes ao aprendizado para além das questões fisiológicas. Nesse sentido, os
impactos de transtornos do sono sobre o aprendizado podem ser analisados tanto da
perspectiva de estudantes – sobretudo crianças e adolescentes – quanto de professores
e pais (VALLE; REIMÃO; MALVEZZI, 2011).

Valle e Guzzo (apud VALLE; VALLE; REIMÃO, 2009) contribuíram substancialmente


para chamar a atenção para a necessidade de considerar a formação psicossocial do
paciente durante quando em diagnose e tratamento.
68
Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

A família e a escola são sistemas sociais importantes para a promoção do


desenvolvimento do caráter e das competências humanas. As experiências
vivenciadas determinam a qualidade do desenvolvimento mental infantil e
provocam o próximo estágio de organização organismo-ambiente (VALLE;
GUZZO apud VALLE; VALLE; REIMÃO, 2009).

É por esse mesmo ângulo que Amaral (apud VALLE; REIMÃO; MALVEZZI, 2011)
ressalta o papel do psicopedagogo na medicação da relação entre aluno, instituição
educacional e família.

Pais e professores sentem-se muitas vezes desorientados, não sabem ou


não conseguem educar; e, de outro lado, filhos e alunos indagam o que eles
podem esperar dos adultos e o que se espera deles próprios. Assim, os papeis
não se estabelecem. Eles precisam de princípios norteadores para se sentir
seguros, confiantes e estimulados para enfrentar os desafios (AMARAL
apud VALLE; REIMÃO; MALVEZZI, 2011, p. 238).

Não basta, portanto, restringir as reponsabilidades para com o aprendizado da criança


e do adolescente às instituições de ensino de forma solta e subjetiva. Ainda que ao se
falar de aprendizagem se fale também de processos subjetivos, o posicionamento por
parte do profissional – tanto da psicologia quanto da educação – deve ser assertivo
e objetivo.

Em casos de expressa e persistente dificuldade de aprendizagem, cabe ao psicopedagogo


ou ao psicólogo o estudo minucioso de aspectos comportamentais, sociais e de histórico
da família – assim como cabe identificar possível necessidade de averiguação de quadros
clínicos mais complexos.

No que se refere a transtornos do sono, uma abordagem psicopedagógica se interessa


principalmente por aspectos de ordem externa e de ordem subjetiva, não obstante
ao fato de que, obviamente, também tem na diagnose fisiológica um importante
instrumento referencial.

Os transtornos do sono na infância e na adolescência devem ser analisados levando


em consideração categorias socioeconômicas, de gênero e de faixa etária (REIMÃO;
LEFÈVRE; DIAMENT, 1982). Nesse sentido, Reimão e Lefèvre (s/d) elaboraram seu
questionário do sono infantil (QRL).

Valle, Valle e Rubens (2009) realizaram um estudo com 286 crianças entre seis e nove
anos de idade em cinco escolas de Poço de Caldas, no estado de Minas Gerais. O QRL
foi aplicado com os pais dos alunos que integraram a pesquisa.

69
Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Na introdução do trabalho, os autores ressaltam o papel do sono na formação objetiva


do indivíduo, reafirmando a importância dos acúmulos de conhecimento sobre seu
funcionamento fisiológico para as outras áreas que também se propõem a estudá-lo.

Isso posto, frisam a relevância do sono enquanto aspecto fundamental da formação


do indivíduo – tanto de maneira objetiva, já mencionada, como de maneira subjetiva.
Tal apontamento reforça a ideia de que a psicologia pode e deve também debruçar-se
sobre o sono de maneira geral e não apenas os sonhos – que, de todo modo, não perdem
em absoluto sua importância para a compreensão da mente e da psique humana.
Passamos quase um terço da vida dormindo. A qualidade de vida, a saúde e a
longevidade podem depender de boas noites de sono, porque nesse período
as proteínas são sintetizadas com o objetivo de manter ou expandir as redes
neuronais ligadas à memória e ao aprendizado. No cérebro, acontece o
comando da produção e liberação de hormônios que interferem no bem-
estar e são responsáveis por um sono tranquilo. É importante cuidar do
sono desde o início da vida, na fase da complexa modelagem e adaptação que
transformam cada indivíduo, com suas possibilidades ilimitadas e subjetivas,
combinando experiências com as características próprias. O conteúdo dos
sonhos, que escapam à crítica e à capacidade reflexiva, são representações
das experiências vividas e se manifestam nos eventos oníricos, ilusões,
alucinações e inspirações artísticas. Assim, o sono não é um período passivo,
desnecessário. É o momento em que há uma elaboração inconsciente da
personalidade, por meio dos estímulos subliminares e todos os outros que
a mente consciente não controla nessa fase. (VALLE; VALLE; REIMÃO,
2009, p. 287)

O QRL foi elaborado por dois neurologistas e tem como base diversos acúmulos de
prática clínica, que vão desde informações relativas ao ciclo sono-vigília à identificação
de sinais que apontem para a necessidade de técnicas clínicas mais complexas, como
a polissonografia.

Não obstante, inclui questões sobre aspectos socioeconômicos, de gênero, etários,


relacionais e outros. Seu conteúdo permite tanto uma diagnose clínica quanto dá
substrato para atuação do psicólogo. Tal atuação pode ocorrer de um viés mais
estritamente comportamental, assim como de um viés mais subjetivo voltado para os
processos psicossociais de formação do indivíduo.

Já no caso dos adolescentes, novos fatores se incorporam e complexificam a abordagem


necessária – tanto do ponto de vista fisiológico quanto do ponto de vista psicossocial.
A realidade das dinâmicas e demandas da sociedade moderna têm participado em um
ritmo progressivamente maior na correlação de fatores causais dos transtornos do sono.
70
Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Isso ocorre porque “parte dos adultos realiza tarefas noturnas, sacrificando, desse modo,
horas de sono, sem levar em consideração que esse comportamento altera a qualidade
de vida” (COUTO; SARDINHA; LEMOS, 2018, p. 21). Esse fato, no entanto, não faz
parte apenas da realidade dos adultos. Cada vez mais adolescentes têm apresentado
atividade durante o período noturno.

Um dos fatores responsáveis por esse quaro está relacionado diretamente às frenéticas
mudanças e inovações tecnológicas que têm se intensificado cada vez mais na última
década. O uso de aparelhos eletrônicos com acesso à internet, sobretudo no que diz
respeito a redes sociais, tem corroborado imensamente a redução do sono entre
adolescentes tanto quantitativa quanto qualitativamente (DOLLMAN, 2007).
Tal comportamento afeta os compromissos diurnos, a vida social e, sobretudo, o
aprendizado.

Felden, Barbosa, Ferrari Júnior, Andrade, Filipin, Pelegrini e Silva (2018) realizaram um
estudo comparativo do sono de adolescentes de uma cidade interiorana de Maravilha
e de uma cidade que integra a região metropolitana de Florianópolis, no estado de
Santa Catarina.

Considerando com enfoque especial os aspectos socioeconômicos, sociodemográficos


e geoespaciais, os autores constaram um adiantamento no sono dos adolescentes do
interior em relação aos da região metropolitana. Apesar das atividades econômicas e
modelos de trabalho – devido à modernização – não divergirem, muito dos presentes
na região metropolitana, há uma grande distinção no ritmo de atividade social noturna
durante os dias de semana, o que se constitui enquanto principal fator socioespacial
determinante de tal adiantamento.

Não houve, porém, registro de discrepância no tempo total de sono entre os grupos.
Tal trabalho contribui expressivamente para a diversificação de abordagens dos
transtornos do sono, sobretudo as referentes a fatores externos de ordem social,
econômica, política e psicológica.

As interpretações que se centram nos processos subjetivos de constituição dos sujeitos,


porém, seguem tendo pouca influência nos estudos e tratamentos clínicos do sono.
Apesar da fundamental contribuição dos esforços da psicanálise para a compreensão
do sono, esses não resultaram em uma aproximação com o modelo científico de
investigação do fenômeno.

Para Sidarta Ribeiro (2003), o fato de as produções psicanalíticas sobre o sonho terem
sido muito questionadas sobre seu baseamento empírico e seu foco exclusivo aos

71
Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

espectros simbólicos foi um fator determinante para o distanciamento entre psicanálise


e as ciências biológicas.
Curiosamente, os aspectos do legado psicanalítico corroborados até o
momento pela biologia e pela psicologia experimental são observações
marginais de Freud e Jung, discretas menções en passant às funções biológicas
do teatro dos sonhos. O cerne das suas obras trata não do substrato material
desse teatro, mas dos enredos subjetivos ali encenados. (RIBEIRO, 2003, p. 60)

Já Cheniaux (2006) retorna à “Interpretação dos Sonhos”, de Freud, mais especificamente,


à definição do sonho enquanto manifestação de desejo reprimido. Devido à inação
motora, as coisas que foram reprimidas pelo consciente têm possibilidade de acessá-lo
de uma maneira, em alguma medida, manifesta.

Ao mesmo tempo, Freud já tinha se referido ao sonho como ferramenta de proteção


e manutenção do sono. Assim, como numa espécie de compensação entre id e ego, as
pulsões reprimidas recebem um espaço para se expressarem, ainda que se detenha às
vias sensoriais e não às motoras.

Em contrapartida, para a parcela majoritária dos neurocientistas, os sonhos não possuem


exatamente uma função; são antes, principalmente, uma decorrência do processo de
armazenamento, rearranjo, alicerçamento e preservação da memória.

Solms (apud Cheniaux, 2006) ressalta a necessidade de se atentar para o fato de


que as peças do mecanismo biológico responsáveis pelo sono REM e pelo sonho
não são as mesmas. Ainda do ponto de vista neurocientífico, contudo, inexistem
questionamentos quanto à influência ativa do sono REM sobre os processos de
memória e de aprendizagem.

Não obstante a isso, ventila-se a possibilidade de existência de uma intercessão entre


os dois. Solms aponta, também, que a ativação do sono não se refere apenas às ondas
ponto-geniculo-occipitais (PGO), mas, também, ao sistema mesolímbico-mesocortical.
A atividade desse sistema nos sonhos se assemelha muito às pulsões de desejo reprimido
do inconsciente mencionadas por Freud.

De acordo com Griner (2020) informações sobre os padrões de sono das crianças no
que se refere à duração total, latência para o início do sono, resistência para ir à cama,
dificuldades em adormece, despertares noturnos e as dificuldades de retornar ao sono
quando despertadas durante a noite entre outros, são coletados a partir da Escala de
Distúrbios do Sono para Crianças e Adolescentes.

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Segue abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para refletir mais sobre o
tema:

» “Padrões de sono do bebê: Como marcos importantes podem afetar o sono”.


Blog Pediatria Descomplicada, 2015.

Disponível em: https://pediatriadescomplicada.com.br/2015/03/23/padroes-


de-sono-do-bebe-como-marcos-importantes-podem-mudar-sono/. Acesso
em: dez. 2020.

» “Recomendações para o Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Apneia


Obstrutiva do Sono na Criança e no Adolescente”. Associação Brasileira do
Sono, 2013.

Disponível em: http://abmsono.org/assets/apneiacrianca.pdf. Acesso em:


dez. 2020.

Tal escala é utilizada no meio médico para indicar os padrões de vigilância e de sono,
em crianças e adolescentes, para que assim o pediatra possa, em diálogo e cooperação
com os pais, atuar com as melhores estratégias para subverter as dificuldades de
adormecer e de se manter no sono.

A medição entre o período em que se adormece e o período que dura o sono é calculado
na escala, observando, ainda, o padrão de sono em um determinado período entre
dias, semanas e até meses.

Ainda segundo Griner (2020), é possível perceber na observação e na análise pela escala
a resistência, nas crianças e adolescentes, em ir para cama, bem como nas crianças em
ceder a adormecer. As técnicas de higiene do sono, de exceção e outras são tomadas
visando contornar as dificuldades com o sono e os transtornos que esses geram no
ambiente familiar e doméstico.

Na pesquisa realizada pela autora, as informações foram reunidas com os instrumentos


da Escala de Distúrbios do Sono para Crianças e Adolescentes, Escala UNESP de hábitos
e higiene do sono específica para crianças, e assim se organizou um índice composto
de distúrbios de sono para avaliar as principais variáveis do sono nos participantes de
sua investigação.

Como conclusão, ela pode constatar melhora significativa na quantidade de horas


corridas e da qualidade do sono dos participantes de sua pesquisa, como, por exemplo,
a maior parte dos participantes do grupo de intervenção passou a dormir mais de 8
horas por noite e adormecer em menos de 30 minutos, com menos dificuldades de
adormecer e resistindo menos à cama e ao sono.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Ainda se observa que a maioria das crianças passaram a não ter mais despertares noturnos
toda semana, apresentando menos dificuldades em retornar ao sono. Enfim, a partir
de tudo que foi estudado aqui, podemos considerar as possibilidades e perspectivas em
melhorar consideravelmente a qualidade do sono em crianças e adolescentes quando
se instituíram medidas e estratégias diárias no momento anterior ao sono. Assim, a
higiene do sono e a mudança de hábitos é o caminho incontestável para organizar
melhor o momento de ir para cama e adormecer.

74
CAPÍTULO 4
Hábitos e rotinas de crianças
e adolescentes antes de dormir

Figura 23.

Fonte: https://cangurunews.com.br/ler-para-criancas-em-casa-dez-dicas/.

Esse capítulo se dedica, principalmente, a refletir sobre os benefícios de organizar uma


rotina antes de dormir com as crianças e adolescentes. Como já foi visto no decorrer
do nosso estudo, os hábitos como a higiene do sono e os cuidados com o local onde
se dorme são fundamentais para a qualidade do sono e no próprio desenvolvimento
de crianças e adolescentes.

Contudo, na prática, não é simples estabelecer uma rotina na vida dos filhos, considerando
a dinâmica da vida atual, com horários irregulares e a falta de tempo que está em todas
as casas.

Ainda assim, reforçamos como é importante que a família como um todo consiga
adotar uma rotina regular com regras e horários para os pequenos. A criança que tem
uma rotina desde cedo, colabora para que ela cresça mais confiante e independente.

De acordo com Oliveira (2017), quando a criança sabe o que vai acontecer durante o
dia, assim como vivencia a repetição dos acontecimentos, ela cria uma estabilidade e se
sente em um ambiente saudável, fazendo com que os pequenos se sintam confortáveis
e seguros.

É nesse sentido que a médica e autora afirma que as crianças e adolescentes gostam
de saber o que vai acontecer durante o seu dia. Ou seja, saber que após o momento
da soneca ela terá o lanche ou que, antes de dormir, irá colocar o pijama, escovar os

75
Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

dentes e ouvir uma história são hábitos que proporcionam uma sensação de segurança
para ela.

De maneira geral, os hábitos e rotinas fazem com que a criança se sinta menos ansiosa,
ou ainda, a rotina poderá, com o tempo, fazer com que a criança desenvolva certas
manias, como querer dormir sempre com o mesmo cobertor ou só fazer as refeições
em determinados pratos e locais, todos esses hábitos são demonstrações do desejo que
elas têm de se sentir no controle, em um mundo ainda estranho a elas.

Todavia, os benefícios de criar uma rotina para as crianças não são somente para elas,
mas para os pais, mães e cuidadores também. Podemos apontar, principalmente, a
segurança que a rotina traz aos pais, em que as crianças tendem a aceitar melhor os
momentos da realização das tarefas e das possíveis despedidas.

Oliveira (2017) cita, como exemplo, a hora de ir embora de um local de diversão como
um parquinho, ou mesmo de uma festa, e ainda do momento de se despedir dos pais
quando esses vão trabalhar ou quando alguma visita vai embora. Com a rotina, esses
momentos não se tornam mais difíceis já que as crianças irão entender que aquela ação
faz parte da sua vida e que logo irá se repetir. É um processo de entender e assimilar
os horários, regras e hábitos do cotidiano que elas vão incorporando.

Ao passo que crescem, as crianças tendem a tornar-se adolescentes e jovens com maior
senso de organização e responsabilidade, conseguindo estabelecer, de forma natural, os
horários de estudos e das obrigações cotidianas, como, por exemplo, ajudar a família
nas atividades de casa.

Não se pode deixar de lembrar que as rotinas colaboram muito na organização da vida
de todos os membros da família, já que ter horário pré-estabelecido para a hora de
acordar, refeições, compromissos, soneca, banhos e brincadeiras faz com que todos
possam se organizar e com antecedência tenha mais tempo para aproveitar esses
momentos de forma coletiva.

As ponderações trazidas aqui como dicas ou como informações para se melhorar a


qualidade do sono e do desenvolvimento das crianças nunca deve ser interpretada como
algo imutável, rígido ou mesmo ortodoxo. É importante salientar que o excesso em
nada é bom, ou seja, não é preciso transformar a rotina das crianças em ações duras
e opressivas.

De tal modo, que é bom saber ponderar o momento de ser flexível para que a rotina
não se torne uma imposição e obrigação sem diálogo. Por exemplo, aos fins de semana,

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

a rotina pode ser flexibilizada um pouco ao se dormir algumas horinhas a mais ou


mesmo almoçar fora do horário habitual.

De todo modo, o importante é estabelecer horários e criar hábitos saudáveis dentro


de uma rotina que contemple as necessidades da casa, inclusive a necessidade de lazer
e de descanso, que tornem o ambiente mais organizado e confortável para todos.

A psicóloga Letícia Araújo juntamente com a autora Ana Clara Oliveira (2017) do
Blog Leiturinha elencaram algumas dicas pertinentes para estabelecer uma rotina em
casa com as crianças, veremos algumas abaixo:

Figura 24. Principais elementos da rotina.

Espaços
organizados

Estabelecer
horários ROTINA Hora de
alimentar

Hora de
dormir

Fonte: elaborada pela autora.

» Espaços organizados: ter um ambiente organizado irá auxiliar os pequenos.


É muito importante criar hábitos como: os brinquedos devem ser guardados
depois das brincadeiras, as roupas usadas devem ser colocadas no cesto ou
em local apropriado, os pequenos auxílios nas tarefas domésticas devem
iniciar desde cedo.

» Estabelecer horários: é fundamental que as crianças e adolescentes tenham


horários determinados para acordar, realizar atividades, brincar e dormir.
Seguir os horários já combinados faz com que a criança se acostume e
estabeleça uma rotina que será facilmente seguida. Os pais, mães e cuidadores
podem montar esquemas, quadros ou outros demonstrativos, de fácil acesso,
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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

com os horários, seja escrito ou desenhado, demonstrando como será a


ordem do dia, dando mais segurança aos pequenos, que saberão o que irá
acontecer em seu dia.
» Hora de alimentação: é saudável e importante realizar as principais refeições
em família, sentados à mesa, juntos e degustando os alimentos com calma
e tranquilamente. Tal oportunidade poderá ser utilizada para conversar e
perceber como as crianças vão evoluindo e crescendo. Poderá, no momento
do jantar, ser discutido e escolhido entre os presentes os próximos cardápios.
» Hora de dormir: é fundamental estabelecer horários de sonecas e de dormir
para que as crianças criem o senso de rotina e saibam diferenciar o dia
da noite. Ademais, as pequenas sonecas durante o dia devem ser sempre
em ambientes claros, sem mudar a rotina da casa. Já no sono da noite, é
necessário que os pais realizem a higiene do sono como um hábito, seja no
banho quente relaxante, na leitura de uma história, na escovação dos dentes
etc. O quarto deverá ser confortável, seguro, pouco iluminado e sem barulho
ou interferências externas.

Nos bebês, crianças e adolescentes, a quantidade de horas de sono recomendada varia


de pessoa para pessoa, levando em consideração a rotina da casa, os afazeres diários
etc. Contudo, segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), algumas
orientações podem ser seguidas para adequar a quantidade de horas de sono que as
crianças precisam ter nos diferentes estágios de desenvolvimento. Abaixo, sintetizamos
a média de horas diárias de sono recomendadas.

Quadro 1. Horas de sono recomendadas.

Idade Horas de sono indicadas


Bebês: (4 a 12 meses) 12 a 16 horas totais
Bebês: (1 a 2 anos) 11 a 14 horas totais
Idade pré-escolar: (3 a 5 anos) 10 a 13 horas totais
Idade Escolar: (6 a 12 anos) 9 a 12 horas totais
Adolescentes: (13 a 18 anos) 8 a 10 horas totais
Fonte: adaptado de AASM apud Setúbal, 2018.

Pensando em um dia completo com vinte e quatro horas, pode parecer que são horas
demais para dormir, contudo, por tudo que foi visto até aqui o sono é fundamental
para o desenvolvimento infantil, assim, a quantidade de horas de sono é tão importante
quanto os outros cuidados com alimentação, saúde, educação etc.

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

É importante salientar que menor quantidade de sono diária pode prejudicar em vários
níveis o desenvolvimento infantil, inclusive levando a comportamentos e problemas
de saúde como irritabilidade, dificuldade de concentração, hipertensão, obesidade,
dores de cabeça e depressão interferindo no rendimento escolar.
De acordo com o pediatra José Luiz Setúbal, algumas rotinas e hábitos são importantes
para melhorar a qualidade do sono, sendo medicamente recomendadas, vejamos abaixo
as principais indicações:
» Dormir o suficiente deve ser uma prioridade familiar: é preciso compreender a
importância do sono na vida e na saúde de uma família inteira. É fundamental
tornar o sono uma prioridade pessoal, assim, dando exemplo às crianças e
adolescentes, como parte de um estilo de vida saudável, juntamente com a
alimentação e com a regularidade de exercícios físicos.
» Manter uma rotina diária regular: o mesmo tempo de vigília, ou seja,
acordado, o horário das refeições, horário de cochilo, de trabalho, estudo
e lazer irão ajudar as crianças a se sentir seguras e confortáveis, além de
contribuir sobremaneira na rotina do sono. Com as crianças pequenas, é
importante criar a rotina da higiene do sono com a dinâmica de escovar
os dentes, colocar a roupa de dormir, ler uma história e adormecer.
É interessante conseguir realizar a rotina em qualquer lugar em que a criança
esteja, para que não perca o costume.
» Atividades durante o dia: as crianças devem ocupar-se de atividades
interessantes e variadas durante o dia, incluindo atividades físicas ao ar
livre e atividades de desenvolvimento intelectual, como leituras, estudo etc.
» Uso de eletrônicos: a recomendação é de manter as telas de eletrônicos como
das TVs, computadores, laptops, tablets, smartphones e outros fora do quarto
das crianças, especialmente no período noturno. Pelo menos uma hora antes
de dormir é importante desligar os equipamentos, uma dica importante é
definir os planos e períodos específicos para uso.
» Ambiente de quarto e casa seguro para o sono: é fundamental que o local em
que a criança dormirá seja confortável e seguro para ela, assim transformar em
um ambiente aconchegante é importante para que o sono seja de qualidade.
Diminuir as luzes antes de dormir e controlar a temperatura é a primeira
atitude. Ademais, não ter na cama brinquedos, travesseiros demais e outros
objetos que possam atrapalhar o sono. A cama deve ser local especificamente
para dormir.
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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

» Adolescentes exigem mais sono: a fase da adolescência é muito específica,


assim, eles exigem atenção no quesito sono. Os ciclos de sono-vigília começam
a mudar até duas horas depois, no início da puberdade. Por isso, a questão
das aulas matutinas é intensamente discutida nesse período.
» Evite agendas muito cheias para as crianças: além da escola e das tarefas
escolares, muitas crianças hoje em dia têm muitas atividades programadas,
como, por exemplo, jogos, aulas extras, compromissos etc. Muitas atividades
durante o dia fazem com que a criança se mantenha agitada, podendo
comprometer a noite de sono. Assim, como todas as necessidades e esferas
para um bom desenvolvimento humano, as crianças precisam de um tempo
para brincar e relaxar sem compromisso, é um tempo de descanso necessário.

Diante do exposto, é fundamental que os pais e cuidadores saibam reconhecer os


problemas de sono dos seus filhos. Ainda segundo Setúbal (2018), os problemas de
sono mais comuns em crianças incluem as dificuldades em adormecer, os despertares
noturnos, roncos e problemas de respiração, resistência em ir para a cama, apneia do
sono, respiração alta ou pesada durante o sono entre outras.
É pertinente relembrar que os problemas de sono também se manifestam durante o
dia, ou seja, uma criança que teve uma noite insuficiente de sono ou de má qualidade
apresentará dificuldades em prestar atenção, concentrar-se e aprender na escola e nas
suas demais tarefas diárias.
Reforça-se, mais uma vez, a pertinência de consultar regularmente o pediatra para
cuidar das questões do sono, mais especificamente. Observar os hábitos de sono, bem
como os problemas advindos da dificuldade em dormir é fundamental para tratar
desses problemas com maior antecedência possível.
Segundo Griner (2020), criadora do Blog Casa Escola, para uma criança ou adolescente
acordar alegre, com ânimo e disposição, de bom humor e cheio de energia ela precisa
passar por uma satisfatória noite de sono, dormindo horas suficientes à noite e com
qualidade.
Diversos fatores estão envolvidos para o estabelecimento de uma rotina de sono para
a criança e adolescente que seja restauradora, ainda contam com diversas variantes
que vão, absolutamente, além das regras e das previsões para o horário de descanso.
O descanso noturno das crianças e adolescentes poderá ser influenciado por diversos
fatores de ordem emocional, distúrbios de saúde, como os respiratórios, ou, ainda,
questões sociais, culturais e familiares.
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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

Nesse sentido, muitas famílias enfrentam severos desafios e dificuldades para que o
filho consiga dormir ou para que tenha uma noite de sono sem interrupções. De fato,
os problemas com sono podem surgir a qualquer idade.

Contudo, é preciso ter em mente que nunca é cedo ou tarde demais para observar
e analisar com sensibilidade as causas que podem estar atrapalhando o bom sono.
A diversidade de fatores pode advir das questões fisiológicas, psicológicas ou mesmo
físicas, como algum desconforto na cama, na luminosidade ou temperatura do quarto.

Nesse mesmo contexto, é importante compreender e reiterar que a falta de um descanso


e sono adequados agem diretamente nos diversos fatores de desenvolvimento de
uma criança, interna e externamente. Sintomas como dificuldade de concentração,
aprendizagem, memória, comportamento irritadiço e agressivo estão relacionados à
falta do sono e de uma noite de descanso.

Como já foi aprendido no decorrer desse estudo, ainda que haja dicas e orientações
gerais, não há, efetivamente, uma receita única para solucionar os problemas advindos
de uma baixa qualidade de sono, sem cuidar, principalmente, do fator principal, que
é dormir. Já sabemos que cada situação particular deve ser avaliada e tratada em sua
própria complexidade.

Os hábitos e rotinas diárias específicas para melhorar o sono são ferramentas de


auxílio para que as famílias que sentem dificuldades para as crianças e adolescentes
dormirem, possam se apoiar e testar as experiências para que possam sentir as melhoras
no quesito sono.

Essas ferramentas, como algumas que já vimos anteriormente, induzem ações que
sinalizam ao corpo e à mente que as tarefas do dia foram finalizadas e que aquele
é o momento de desacelerar e descansar corpo e mente, aproveitando uma noite
revigorante de sono.

Alguns fatores dos hábitos de sono, como já foram vistos, influenciam o desenvolvimento
de crianças e adolescentes. Desse modo, ter horários certos e definidos para dormir e
acordar é fundamental para se criar bons hábitos de sono para crianças e adolescentes.

A primeira infância é um período da vida de fundamental importância para a criação


e desenvolvimento de uma rotina saudável, é momento oportuno para se construir
os bons hábitos de sono e outros durante o dia. Contudo, é plenamente possível
estabelecer o processo para os hábitos saudáveis em qualquer fase da vida, seja infância,
adolescência, juventude ou mesmo para os adultos.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Como afirmam diversos especialistas da saúde, dormir bem contribui significativamente


no crescimento e previne diversas doenças. Ainda de acordo com Griner (2020), o
GH, hormônio do crescimento, é liberado em maior quantidade durante o sono, na
sua fase mais profunda. Assim, as crianças que dormem pouco ou muito tarde tendem
a ter prejuízos no processo de desenvolvimento.

A diminuição nos níveis do hormônio do crescimento no corpo da criança também


poderá acarretar problemas, já que o hormônio é responsável por realizar a síntese das
moléculas de gordura. As horas mal dormidas também podem ocasionar problemas
no sistema imunológico, bem como o aumento da propensão a distúrbios e doenças.

O hábito de ter hora para dormir e acordar é, hoje em dia, uma recomendação da
Organização Mundial da Saúde, na qual entende-se que é fundamental para prevenir
o sedentarismo e a obesidade infantil.

É pertinente destacar aqui, que um estudo realizado pela Academia Americana de


Medicina do Sono, produzido em parceria com médicos pediatras e por meio de
pesquisas e análise de diversas produções científicas sobre o tema, apontam para
aspectos psicológicos da privação do sono.

Ainda segundo a pesquisa realizada pela Academia Americana, dormir pelo tempo
recomendado para cada faixa etária está diretamente associado à melhora na atenção,
memória, comportamento social, aprendizagem, bem como no controle emocional.

É visto que as crianças que se sentem cansadas e com sono apresentam sintomas e
dificuldades em administrar recusas, emoções e para manter a concentração para reter
novas informações.

É nesse sentido que o sono é responsável por auxiliar o cérebro no processo de aquisição
de aprendizagem e retenção dos conhecimentos adquiridos. Ou seja, a falta do sono
pode ocasionar irritação, dificuldade de concentração e de aprendizagem, desinteresse
nas atividades escolares etc.

Quando as noites mal dormidas se tornam um hábito, com o passar do tempo há


prejuízos no desenvolvimento neuromotor que causam problemas psicológicos e até
certos bloqueios sociais de convivências.

Griner (2020) apresenta algumas estratégias para estabelecer uma rotina do sono
eficaz para as crianças e adolescentes. Ela inicia afirmando que os pais e cuidadores
são os principais responsáveis por auxiliar o sono das crianças em casa. Assim, é desse

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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

modo que cabe aos responsáveis diretos pelo cuidado das crianças e adolescentes em
estabelecer os procedimentos que ajudem na manutenção de uma boa rotina de sono
e, consequentemente de desenvolvimento.

A autora invoca que, nesse cenário de responsabilidade, os cuidadores devem atentar-se


e entender que os problemas de sono podem ter relação direta com o ambiente familiar.

Assim, trata-se de uma via de mão dupla, ou seja, os distúrbios de sono nas crianças e
adolescentes afetam diretamente no bem-estar dos pais, do mesmo modo, os problemas
emocionais dos pais e cuidadores podem precipitar ou mesmo piorar o distúrbio de
sono das crianças e adolescentes.

Especialistas atentam para a necessidade de haver um consenso estabelecido entre os


cuidadores e responsáveis das crianças e adolescentes quanto ao horário de dormir e
de acordar, devendo ser todos parceiros para cumprir o processo estabelecido como
rotina para o momento. Uma dica é ser firme, contudo, sem agressividade.

Griner (2020) apresenta algumas sugestões que podem auxiliar no processo de


implementação de hábitos e rotinas para crianças e adolescentes antes de dormir,
vejamos a seguir:

» Estabelecer e cumprir o mesmo horário todos os dias (incluindo fins de


semana e feriados) para dormir e acordar.
Como já foi dito anteriormente, ter horário para dormir e acordar, cumprindo
o estabelecimento de horários combinados é fundamental para criar o
hábito em crianças e adolescentes. Assim, os fins de semana fazem parte
da dinâmica e da rotina de uma casa, e apesar de suas especificidades, eles
também precisam ser cumpridos.

Contudo, como também já foi salientado aqui, ficar paranoico quanto ao


cumprimento dos horários pode ser prejudicial para o andamento da casa,
ou seja, pode ser um revés contra todo o objetivo que é a saúde do sono,
pensando que as consequências para sempre cumprir os horários de forma
irrestrita poderá ser mais danoso que a flexibilização esporádica dos horários
em situações específicas e ocasionais.

Desse modo, podemos afirmar que a soneca no meio da tarde é bem-vinda.


É recomendado que o momento do cochilo diurno dure em média trinta
minutos, para as crianças e adolescentes.

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Unidade III | Tratamento Comportamental para o sono Infantil

Salienta-se, ainda, que não é saudável segurar o sono e não deixar a criança
dormir durante o dia, pensando que ela dormirá mais cedo ou melhor
durante a noite. Isso poderá causar, na verdade, estresse e irritação e até
mesmo mais dificuldades em dormir à noite.
» Levar a criança ainda acordada para a cama, avisando a ela que é hora de
dormir em sua própria cama.
De acordo com a autora não é indicado levar e deixar as crianças dormirem
na cama dos pais ou em outros locais que não sejam sua cama, na tentativa
de dormir ou acalmar a criança antes de levá-la para sua própria cama. Há o
risco de ela acordar durante a noite assustada pela mudança do ambiente e
poderá gerar um hábito que pode ser muito difícil de ser revertido mais tarde.
» Diminuir o uso de telas (tablets, smartphones e televisores).

O uso de equipamentos eletrônicos tem impacto diretamente no tempo e na


qualidade do sono, como já vimos aqui. Diversos estudos têm confirmado
essa informação. De acordo com Hale e Guan (2015), entre os anos de
1999 e 2014, há evidências de que a luz emitida pelas telas, principalmente
quando utilizadas em ambientes escuros, inibe a produção de melatonina,
hormônio que avisa ao organismo que é hora de dormir.
» Criar rotinas consistentes antes de deitar e construir estratégias para acalmar.

Como já vimos no capítulo referente à higiene do sono, é recomendada a


criação de um ritual para encerrar o dia. Esses hábitos podem começar desde
a alimentação noturna, o banho, a escovação dos dentes, vestir o pijama e
incluir uma história ou ouvir uma música relaxante.
» Estimular refeições em família cedo e com alimentos leves.

Nesse sentido, orienta-se que o jantar não deve ser muito próximo ao
momento que antecede o sono, pois a quantidade de alimento ingerido
poderá interferir na qualidade do sono.
As crianças não devem ser alimentadas imediatamente antes de dormir,
esse hábito, além de dar prejuízos à saúde bucal, pode aumentar a chance
de refluxos e piora a apneia do sono.
Portanto, de tudo que vimos nesse capítulo e neste estudo como um todo, podemos
compreender a importância do sono e da sua qualidade para a saúde e desenvolvimento
das crianças e adolescentes, bem como os benefícios que ele traz para toda a família.
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Tratamento Comportamental para o sono Infantil | Unidade III

A qualidade do sono irá determinar a qualidade do dia seguinte. Quando dormem,


bem as crianças têm disposição e energia para aprender melhor, além de conseguir se
concentrar mais nas atividades escolares e extraclasses. Dessa forma, todas as esferas
do desenvolvimento infantil estão conectadas: alimentação, educação, saúde, sono e
afeto são as principais chaves para o desenvolvimento saudável e satisfatório.

Abaixo algumas indicações de vídeos e artigos para saber mais sobre o tema:

» “Como melhorar o sono de crianças e adolescentes durante o isolamento


social”. G1- Bem-estar, 2020.

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VOCÊ SOFRE DE INSÔNIA? ENTENDA OS IMPACTOS DE UMA NOITE MAL DORMIDA!
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pin/828169818949403810/. Acesso em: nov. 2020.
Figura 2. O tempo que passamos dormindo. Fonte: Própria autora.
Figura 3. Habilidades desenvolvidas no lobo frontal. Fonte: Adaptado de Benson e Miller (1997).
Figura 4. Mulher dormindo. Fonte: https://pt.dreamstime.com/photos-images/sono-da-mulher-
negra.html. Acesso em: nov. 2020.
Figura 5. Adolescente dormindo. Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-
bem-estar/quanto-tempo-uma-crianca-precisa-dormir. Acesso em: nov. 2020.
Figura 6. Sono de crianças e adolescentes. Fonte: http://aliancapelainfancia.org.br/inspiracoes/
especialista-explica-porque-o-sono-e-tao-importante-durante-a-infancia. Acesso em: nov. 2020.
Figura 7. Bebê dormindo. Fonte: https://pt.depositphotos.com/stock-photos/bebe-dormindo.html.
Acesso em: nov. 2020.
Figura 8. Criança dormindo. Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Sono/noticia/2019/08/
criancas-de-5-anos-vao-para-cama-em-media-20h30-diz-estudo.html. Acesso em: nov. 2020.
Figura 9. Transtornos de sono mais frequentes em crianças. Fonte: Adaptado de Nunes (2002).
Figura 10. Problemas para dormir. Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/mulher-tendo-
problemas-para-dormir-ilustrado_10253186.htm. Acesso em: nov. 2020.
Figura 11. Distúrbios do Sono. Fonte: Associação Americana de Distúrbios do Sono, 1997.
Figura 12. Classificação dos transtornos do sono. Fonte: elaborada pela autora.
Figura 13. Higiene do sono. Fonte: adaptada de Moura (2013).
Figura 14. Despertar noturno. Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/garota-ilustrada-
na-cama-tendo-insonia_9989020.htm. Acesso em: nov. 2020.
Figura 15. Insônia. Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2017/01/dicas-para-
combater-a-insonia-9706179.html. Acesso em: nov. 2020.
Figura 16. Princípios da Higiene do Sono. Fonte: https://adrianagomesnutricionista.com.br/blog/
post/phigiene-do-sono-p. Acesso em: nov. 2020.

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Referências

Figura 17. Preparando o ambiente adequado. Fonte: elaborada pela autora.


Figura 18. Bons hábitos para o sono saudável. Fonte: adaptada de https://psiquiatriapaulista.com.br/
higiene-do-sono/#:~:text=Atividades%20rotineiras%20podem%20auxiliar%20ou,pr%C3%B3ximo%20
ao%20hor%C3%A1rio%20de%20dormir. Acesso em Dez 2020.
Figura 19. Rotina antes do sono. Fonte: https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/a-importancia-
da-rotina-escolar. Acesso em: nov. 2020.
Figura 20. Equipamento usado para acesso à internet por domicílio (%) Fonte: IBGE, Diretoria de
Pesquisa, coordenação de trabalho e rendimento, Pesquisa Nacional por amostra em Domicílios
contínua 2017-2018.
Figura 21. Checagem do celular antes de dormir. Fonte: Site TNH1- https://www.tnh1.com.br/
noticia/nid/checar-o-celular-antes-de-dormir-faz-mal-a-saude-diz-medico. Acesso em: nov. 2020.
Figura 22. Criança Dormindo. Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/07/17/
coronavirus-afeta-gravemente-sono-das-criancas-diz-estudo.htm. Acesso em: nov. 2020.
Figura 23. Pai lendo história para o filho antes de dormir. Fonte: https://cangurunews.com.br/ler-
para-criancas-em-casa-dez-dicas. Acesso em: nov. 2020.
Figura 24. Principais elementos da rotina. Fonte: elaborada pela autora.
Quadro 1. Horas de sono recomendadas. Fonte: adaptada de AASM apud Setúbal 2018.

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