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Departamento de Educação
23 de janeiro de 2023
Ramada
Índice
1. Introdução 3
6. Conclusão 13
7. Referências Bibliográficas 14
8. Anexos 18
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1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da Unidade Curricular de Necessidades
Educativas Especiais e Intervenção Precoce, lecionada pelo docente João Casal no
primeiro ano do primeiro semestre do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º
Ciclo do Ensino Básico, diz respeito ao aprofundamento da temática Perturbação do
Espetro de Autismo.
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2. Breve Contextualização Histórica da
Perturbação do Espetro de Autismo
O conceito de Autismo, tem sido alvo de pesquisas, visto que todas as crianças que
possuem a Perturbação do Espetro de Autismo são diferentes e apresentam características
particulares e para além disso, existe uma diferenciação sobre as distintas perturbações no
seu desenvolvimento.
Neste período, de acordo com Evêncio e Fernandes (2019) o facto de existir pouco
conhecimento sobre esta temática, associou-se esta perturbação à esquizofrenia infantil,
que resultava na separação destas pessoas com o seu seio familiar, para interná-las em
hospitais ou asilo.
Contudo, após um ano, segundo Ferreira (2011) o pediatra Hans Asperger inicia um
novo estudo e identifica, através de um artigo, o Síndrome de Asperger, como um dos mais
diagnosticados e conhecidos dentro do Espetro de Autismo. Este artigo foi escrito em
alemão no final da segunda guerra mundial, formando um público limitado e tornando-se
acessível a toda a população apenas nos anos 80.
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estatístico de transtornos mentais (DSM-III), enquadrado no capítulo transtorno pervasivo
do desenvolvimento (TPD). (Volkmar & Wiesner, 2017).
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3. As características gerais dos indivíduos com
PEA
Tal como já foi referido anteriormente, cada criança que apresenta Espetro de
Autismo é única, no entanto, de acordo com a 5º revisão do DSM “The essential features
of autism spectrum disorder are persistent impairment in reciprocal social communication
and social interaction (…), and restricted, repetitive patterns of behavior, interests, or
activities (…).” (2013, citado por Costa, 2014).
Por outro lado, ao nível da comunicação verbal e não verbal, esta é escassa ou
diferente, podendo existir alterações na semântica e na prosódia. Ao nível da compreensão,
é frequente observar uma dificuldade em compreender frases complexas e extensas, sendo
que pode existir registos de ecolalias /ou inversão pronominal. (Castanheira, 2016).
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Desta forma, “para uma criança com PEA, a realidade é uma confusão de ações, de
pessoas, lugares, sons e imagens, que interagem, sem limites claros, ordem ou
significados” (Castanheira, 2016) e que as pessoas que as rodeiam devem respeitar e
adaptar o meio às necessidades das crianças.
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4. A importância do diagnóstico precoce no PEA
O conceito de intervenção precoce é amplo e difícil de definir, não existindo um
consenso sobre o mesmo. Porém, sabe-se que inclui diversos modelos e práticas
diversificadas e “abrange crianças dos 0 aos 6 anos de idade com incapacidades ou
deficiências, assim como atrasos de desenvolvimento e/ou em risco” (Simões, 2018, p. 27).
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Conforme o DSM-V, estão presentes fortes défices em três grandes áreas de
desenvolvimento apresentadas na tríade de Wing, designadamente, défice nas interações
sociais, défice na comunicação e défice no comportamento (Anexo 1) que auxiliam na
compreensão de informações fundamentais para a criteriosa interpretação dos dados da
equipa interdisciplinar, de modo a criar um plano individual de tratamento, onde é
apresentado estratégias de intervenção tanto para o seio familiar, como para os
educadores/professores.
Por outro lado, a PEA pode ser identificada em três graus de acordo com a
dependência e dificuldades apresentadas na tríade de Wing, sendo elas, o Autismo leve,
moderado e severo. De acordo com Nascimento (2021) , o Autismo leve caracteriza-se
pela baixa dependência do adulto, sendo capaz de realizar tarefas com autonomia, onde a
maior adversidade relaciona-se com a comunicação e interação entre pares. O Autismo
moderado, apresenta dificuldades na comunicação, contudo, a criança através de terapias
consegue evoluir e tornar-se independente na fase adulta. Por fim, o Autismo severo, tal
como o nome indica, engloba não só a linguagem, como também o funcionamento geral da
motricidade, onde a criança apresenta uma dependência do adulto permanentemente e
existe uma dificuldade em lidar com mudanças.
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5. Estratégias de Intervenção do PEA
Ao longo das últimas décadas, têm sido investigadas propostas de abordagens para
intervir com as crianças que apresentam perturbação do Espetro de Autismo, sendo que
todas realçam a importância da criança como ponto de partida no desenvolvimento do
processo de construção de estratégias para trabalhar com as, famílias e intervenientes
educativos que convivem no quotidiano com as crianças (Ferreira, 2011).
Apesar de não existir cura para o Autismo, é possível diminuir algumas restrições
associadas a esta deficiência. Para esse fim, “a intervenção terapêutica pode ajudar a
diminuir os comportamentos indesejados e a educação deve ensinar atividades que
promovam maior independência da pessoa com Autismo” (Santos & Sousa, s.d, p. 22).
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emocional e psicológica das crianças autistas e defende que a família é a principal
responsável não só pelas idealizar e cumprir, como também comunicá-las aos indivíduos
que participem ativamente na vida/rotina da criança autista. Defende ainda que a família
deve ser o principal impulsionador da criação de laços da criança com os outros (família
alargada, colegas, outras crianças). Sendo assim, a família necessita de estimular relações,
encontros e situações que estimulem o processo de socialização da criança. Contudo, a
família deve promover na criança a “capacidade de reflexão, de decisão e de escolha, em
relação aos diversos aspetos da vida da criança e até mesmo em relação àqueles com os
quais ela vai socializar” (p. 28), ou seja, deve fornecer um espaço seguro ao portador de
PEA para tomar as suas próprias decisões, sem que se sinta desamparado.
Os pais e restante família devem ainda ser os principais professores e modelos dos
padrões sociais da sociedade e do moralmente aceite na mesma (Silva, 2015).
Tal como já foi referido anteriormente, existem modelos de intervenção que apoiam
o docente a incluir no quotidiano a criança com Espetro de Autismo, designadamente o
TEACCH e o ABA.
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Por outro lado, a formação de professores é imprescindível para dar uma resposta
adequada a estas crianças, visto que o sucesso dos modelos de intervenção utilizados passa
pelo conhecimento, sensibilidade e capacidade dos professores titulares desenvolverem
com as crianças no quotidiano (Lourenço & Leite, 2014).
Assim sendo, o professor segundo Magalhães (2016) desempenha um papel fulcral, visto
que deve :
proporcionar à criança um espaço físico de acordo como nível desta; favorecer uma
relação entre o meio e a escola; procurar ensinar aprendizagens funcionais que
ajudem a criança no seu dia-a dia e sempre que seja possível um ensino
individualizado; ter verbalizações precisas e claras; ensinar significados naturais e
dar sentidos às coisas; reforçar as aprendizagens que a criança já possua; usar
reforços sociais; fomentar o uso espontâneo dos comportamentos aprendidos, evitar
as improvisações próprias; usar técnicas de autocontrole e auto ajuda; ser membro
de uma equipa de trabalho e entender a necessidade de coordenação e
responsabilidade mútua, e de o próprio professor ser gratificante para a criança (p.
32).
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6. Conclusão
Como considerações finais, considero que a Perturbação do Espetro de Autismo é
uma patologia complexa e vasta que foi alvo de estudo desde 1943 por Kanner e serviu
desde aí como alvo de investigações e descobertas na atualidade.
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7. Referências Bibliográficas
Abreu, C. (2013). Avaliação de alunos com perturbações do Espetro do Autismo em
unidades de ensino estruturado do 1º ciclo. Tese de Mestrado, ISEC, Lisboa.
Acedido em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/9475/1/Tese%20Vers%C3%A3o%20Final%20
-%20Catarina%20Abreu.pdf
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Costa, D. (2014). Intervenção Precoce no Transtorno do Espetro do Autismo. Tese de
Mestrado, ESEJD, Lisboa.
Acedido em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/14422/1/DanielaCosta.pdf
Ferreira, S. (2013). A Satisfação dos Pais de Alunos com PEA relativamente à escola que
os acolhe. Dissertação de Mestrado. ESEJD, Lisboa.
Acedido em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/4775/1/Mestrado%20Satisfa%C3%A7%C3%A
3o%20dos%20Pais%20de%20alunos%20com%20PEA%20-%20AE%20Escariz.pdf
Gaiato, M. & Teixeira, G. (2018). O Reizinho Autista. Guia para lidar com
comportamentos difíceis. São Paulo: Versos Editora.
Lourenço, D., Leite, T., (2014) Práticas de Inclusão de Alunos com Perturbações do
Espetro do Autismo, Da Investigação às Práticas, 5(2), 63 - 86.
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Acedido em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/32770/1/ulfl242735_td.pdf
Santos, I. & Sousa, P. (s.d). Como intervir na perturbação autista. Artigo Científico,
FPCEUC, Coimbra.
Acedido em:
https://www.appda-norte.org.pt/docs/Autismo/como_intervir_na_perturbacao_autista.pdf
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Acedido em:
https://eg.uc.pt/bitstream/10316/83494/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o_IPI_Lara%20Sim
%C3%B5es_FINAL.pdf´
Sousa, M. (2014). Necessidades das Famílias com crianças com Autismo, Resiliência e
Suporte Social. Tese de Mestrado, FCHS, Algarve.
Acedido em:
https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/8199/1/Disserta%C3%A7ao%20M%C2%AAJo
%C3%A3o%2045566.pdf
Volkmar, R., F & Wiesner, A., L (2018). Autismo. Guia essencial para compreensão e
tratamento. Artmed Editora.
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8. Anexos
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