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APRENDENDO A ENSINAR: A NECESSIDADE DA PROGRESSÃO CONTINUADA E

ACESSO A MÉTODOS PARA A EDUCAÇÃO DE AUTISTAS

Acadêmica: Drielle Tayná Muxfeldt


4° Pedagogia
Prof.(a) Orientador(a): Rosemery Alves Cardozo Marinho

RESUMO:

O seguinte artigo busca trazer definições sobre autismo que é um transtorno do


neurodesenvolvimento causado por uma perturbação nos estágios de desenvolvimento do
cérebro, educação inclusiva e sugerir metodologias, que abarque diversas abordagens
para como direcionar o trabalho em sala de aula com esses alunos, através da
apresentação dos métodos ABA um método difundido baseado em behaviorismo que tem
grande difusão dentro do quadro de terapias e também nas escolas especializadas;
aprender a ensinar é a chave para auxiliar o aluno e integrá-lo buscando uma práxis
pedagógica eficaz e de real mudança.Sendo o objetivo do mesmo, construir uma noção
de cada um desses aspectos para trazer uma ideia de inclusão com uma abordagem
plural que possa efetivamente ser inclusiva. Considereou-se que com o trabalho uma
visão básica de metodologias baseadas em ABA para direcionar o trabalho do professor
em conhecer seu aluno e seus comportamentos para conseguir por meio das ferramentas
propostas uma boa resposta no sentido de ampliar a capacidade e potencialidades dos
alunos portadores de autismo.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Inclusão. Formação. Método. ABA.

1 INTRODUÇÃO:
Hoje vivenciamos um desafio crescente dentro da educação, o trabalho de
“inclusão”, temos um número em crescimento de alunos diagnosticados em diversos
laudos, e isso reflete em nosso trabalho diário na escola, a partir disso, entende-se que o
professor precisa buscar ferramentas que possibilitem o trabalho inclusivo de maneira
eficiente e de fato inclusiva, dentro das salas de aula.
Existem práticas de ensino e metodologias que visam ajudar os professores em
sala de aula buscando metodologia com a prática da inclusão, essas práticas são amplas
na literatura contemporânea, e é imprescindível um trabalho de entendimento sobre esses
métodos, a partir disso, uma das metodologias utilizada atualmente sobre o tema do
autismo é o método ABA, Análise Comportamental Aplicada ou Applied Behavior
Analysis, conhecida como a ciência que "observa, analisa e explica a associação entre o
ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem" (LEAR, 2004, p.4). e que vem
trazendo resultados hodiernos, trazendo justamente a proposta de trabalhar cada criança
na sua singularidade, entendendo suas aspirações e seu perfil para que prossigamos
assim em uma comunicação efetiva que corrobora uma possibilidade de real
transformação para seus comportamentos e suas aprendizagens de fato.
No decorrer desse trabalho, procurou-se desenvolver uma breve explicação,
ainda que simplificada relacionada ao autismo, desenvolver o papel da educação inclusiva
dentro da comunidade escolar e desenvolver um pouco a respeito das metodologias ABA
buscando assim orientar o papel do educador dentro dessa proposta de metodolgias que
possuem uma base comum, porém trazem liberdade para o educador experimentar de
formas individuais que possam realmente trazer a diferença dentro do ensino e da vida
desses alunos desenvolvendo todo seu potencial humano.

2 DESENVOLVIMENTO:

2.1 Autismo

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento causado por uma


perturbação nos estágios de desenvolvimento do cérebro. Esse distúrbio afeta a
comunicação, a cognição, o aprendizado e os relacionamentos, mas no autismo não há
problemas com o desenvolvimento físico. Os sinais podem ser detectados nos primeiros
meses de vida, porém, dependendo da extensão da doença, alguns casos demoram mais
para perceber os sintomas.
Não há cura para o autismo. É por isso que preconceitos e barreiras devem ser
derrubados para que as pessoas com autismo, como aqueles ao seu redor, possam se
integrar à sociedade. Por exemplo, pessoas com autismo, dependendo do grau de
deficiência, não gostam de ser tocadas e são extremamente sensíveis aos ruídos e sons
ao redor. Pense em como é difícil para eles pegar o transporte público ou assistir a um
filme? Para aqueles sem o transtorno, atividades que parecem comuns podem ser um
verdadeiro desafio para aqueles com autismo.

O autismo caracteriza-se por apresentar uma série de comportamentos, em


quantidade, variedade e intensidade, suficientes para tornar o indivíduo
prejudicado nas áreas de relacionamento- social, profissional, acadêmico e
emocional. O prejuízo deve ser observado ainda nas áreas de comunicação,
comportamentos restritos e repetitivos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos
ambientais.(GOYOS, 2018, p. 14 apud American Psychiatric Association, 2015)

Entretanto é importante entender que apesar da questão de a fala ser bem


comum, não é uma dificuldade encontrada em todos os casos, então ape sar da
dificuldade de socialização, muitas crianças autistas sabem se comunicar com falas e
também faz parte do nosso processo de trabalho conhecer, captar e utilizar da
comunicação para o trabalho com o autista.

Porque, da mesma forma que não são sabemos origem do autismo - fala-se
apenas em suas posições - também não sabemos a origem da ausência da
fala. O que existe é apenas uma correlação, isto é, algumas ou muitas crianças
com autismo apresentam atrasos da linguagem ou da fala - alguns muito
significativos, mas outros não. No entanto, há crianças que não se encontram
nesse espectro que também apresentam atrasos na fala. As origens são
múltiplas. Não foi ainda estabelecida uma relação funcional - relação de causa
e efeito - entre autismo e prejuízo no desenvolvimento da fala, que seja
cientificamente comprovada e inequívoca. Portanto, a origem da ausência ou
do prejuízo na fala não pode ser atribuída ao TEA; (GOYOS, 2018, p. 17)

Os alunos autistas, ou com qualquer tipo de transtorno de desenvolvimento global


podem ter prejuízos na fala, porém existem pesquisas que demonstram que é possível
obter uma comunicação e isso quer dizer que é possível estabelecer uma relação com
eles, seja no ambiente familiar, comunitário e escolar.

Segundo Milanez, Oliveira e Misquiatti (2013, p. 118), os resultados revelaram


que as amostras diferiram quanto à gravidade dos sintomas e, em
geral, as crianças autistas apresentaram maiores déficits de comunicação do que as
crianças com outros transtornos. 
Crianças com outros distúrbios apresentaram aumento no contato visual, atenção
conjunta e produção de frases e vocalizações, refletindo o fato de que a maioria dessas
crianças possuía linguagem verbal. Observou-se também que aspectos da comunicação
não verbal desses sujeitos estiveram envolvidos no desenvolvimento posterior da
linguagem.
O autismo costuma ser diagnosticado logo nos primeiros anos de vida justamente
pelas dificuldades do meio social, muitas vezes se manifestando na fala, não sendo
apenas restrito ao autismo como também em outros transtornos globais, o papel da
família acaba sendo primordial.
Segundo o DSM-IV-TR, os transtornos globais do desenvolvimento são
caracterizados por um comprometimento grave e global em diversas áreas do
desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de
comunicação, ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e
atividades. Esses transtornos referem-se a um conjunto de condições que se
caracterizam por prejuízos na interação social, bem como interesses e
comportamentos restritos e estereotipados. Podem variar tanto em relação ao
perfil da sintomatologia quanto ao grau de acometimento, mas são agrupados
por apresentarem em comum uma interrupção precoce dos processos de
sociabilização. As alterações manifestam-se nos primeiros anos de vida e
podem aparecer associadas a diversos quadros (neurológicos ou sindrômicos)
(MILANEZ; OLIVEIRA; MISQUIATTI, 2013, p. 102)

Esse diagnóstico costuma ser percebido precocemente pela família ou escola que
encaminha essas crianças aos cuidados médicos, e normalmente as terapias se iniciam,
quanto mais cedo melhor em sua eficácia, e o papel da escola é muito importante dentro
desse aspecto, já que é o meio que as famílias têm de promover a socialização para suas
crianças.
Porém a realidade muitas vezes não é essa, e esse diagnóstico pode ser iniciado
nos primeiros anos da vida escolar, por isso, é importante que o professor esteja muito
atento a alguns sinais e comportamentos das crianças na sala, no artigo Identificação do
autismo na escola, temos a responsabilidade de observar esses alunos, observando
diversos aspectos como a comunicação e seus comportamentos, no texto mencionado
têm uma lista de comportamentos que podem trazer uma luz para esse pré-diagnóstico.

É urgente um olhar radicalmente voltado para ver o deficiente como alguém


que vai se apropriando da cultura, em tempos e espaços próprios, e não
apenas somando hábitos. Que é preciso e é possível valorizar e priorizar
atividades e práticas educativas que mobilizem o simbólico; que os limites de
cada um são desconhecidos e um dos maiores limites é o nosso – o que
desconhecemos do outro, nosso aluno, nosso educando. Há possibilidades
ilimitadas que ainda se constituem mistério para nós. Participar das atividades
socioculturais reorienta muitas das funções neurológicas por caminhos
diversos. É preciso conhecer e atentar para eles. Olhar e ver, ver e reparar –
como nos ensina poeticamente Saramago. (MILANEZ; OLIVEIRA;
MISQUIATTI, 2013, p. 10)

A partir do entendimento desses aspectos o professor pode ajudar intervindo


encaminhando a família para atendimento especializado, sempre focando no bem-estar
dessa criança, visto que quanto mais cedo ela consegue esse acompanhamento, mas ela
se desenvolve de maneira a atingir suas potencialidades máximas.

2.2 Papel da Comunidade Escolar com a inclusão


Essa dificuldade de se relacionar com as pessoas em sala de aula traz uma
discordância de conexão, portanto torna-se um importante trabalho do professor,
aprender a ensinar, ou seja, é necessário compreender que cada indivíduo é único, isso
também se aplica ao ensino regular, porém, dentro do contexto de educação de autistas
temos isso de maneira muito mais evidente, e é um desafio dentro da educação que os
professores se adaptem a necessidade de incluir esses alunos, a docência exige cada
vez mais especializações e didáticas imprescindíveis.

A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perversas maneiras, e


quase sempre o que está em jogo é a ignorância do aluno diante dos padrões
de cientificidade do saber escolar. Ocorre que a escola se democratizou
abrindo-se a novos grupos sociais, mas não aos novos conhecimentos. Exclui,
então, os que ignoram o conhecimento que ela valoriza e, assim, entende que
a democratização é massificação de ensino e não cria a possibilidade de
diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não se abre a novos
conhecimentos que não couberam, até então, dentro dela. (MANTOAN, 2003,
p.13)

Com isso posto, hoje entender o papel da inclusão nos espaços educacionais é o
caminho que temos para incluir, e para isso é importante conhecer e dominar os assuntos
e conceitos relacionados à inclusão para que todos os alunos dentro de uma sala de aula
sejam de fato incluídos e trazidos para o contexto real, e que suas potencialidades sejam
plenamente desenvolvidas apesar de suas fragilidades.
Essa inclusão deve ser realizada de maneira pensada e intencionada para essas
crianças, então o aprender a ensinar individualmente acaba acontecendo, sendo um
processo de formação continuada dos professores constituindo um fazer fundamental que
os acompanha e os forma cotidianamente.
Mantoan (2003, p. 18), demonstra estar convicta que todos os nossos professores
sabem da necessidade de eliminar a exclusão dentro e fora da escola, e que desafios são
necessários para que possamos progredir, progredir e evoluir em nossos
empreendimentos. É mais fácil aceitar "alunos que nunca param de aprender" e é mais
fácil encaminhar alunos com dificuldades de aprendizagem para turmas e escolas
especiais, com deficiência ou não, para participar de programas intensivos e acelerados.
Por meio dessas válvulas de escape, continuamos a discriminar os alunos que não
podem ensinar. Estamos acostumados a passar nossos problemas para outros colegas,
"especialistas", para que o peso de nossas limitações profissionais não caia sobre nossos
ombros.
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, toda pessoa com deficiência
possui direito ao acesso à educação ao longo de toda a sua vida, onde é nossa missão
desenvolver ao máximo todas as suas habilidades sendo de responsabilidade do Estado,
da família, da comunidade escolar e da sociedade o trabalho de inclusão dessas pessoas
(HOFFMANN; BRAZIL, 2018).

A discussão em torno da integração e da inclusão cria ainda inúmeras e


infindáveis polêmicas, provocando as corporações de professores e de
profissionais da área de saúde que atuam no atendimento às pessoas com
deficiência — os paramédicos e outros, que tratam clinicamente crianças e
jovens com problemas escolares e de adaptação social. A inclusão também
“mexe” com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de
assistência às suas clientelas; afeta, e muito, os professores da educação
especial, temerosos de perder o espaço que conquistaram nas escolas e redes
de ensino; e envolve grupos de pesquisa das universidades. (MANTOAN,
2003, p.14)

Os professores sofrem hoje com a falta de uma formação continuada que


acompanhe a inclusão que a legislação vem trazendo, além de ele próprio ter tido toda
uma formação que funciona de maneira fragmentada desde o inicio, trata-se então de
uma coisa elementar que a visão escolar seja totalmente alterada, o que não é uma
maneira fácil, incluir os alunos é um desafio, mas buscando métodos, base teórica, e
sobretudo, conhecendo esse aluno, podemos buscar alterar os cenários postos.
Os professores possuem hoje uma deficiência que vem desde sua formação,
essa educação que vem de maneira fragmentada e muito instrucional, onde os
professores buscam uma metodologia já montada sem levar em consideração as
necessidades de cada aluno, seja no regular, seja na educação especial, demonstra
muitos problemas quando falamos de inclusão e até mesmo de acessibilidade ao ensino
(MANTOAN, 2003, p. 42).
Predefinir assuntos e maneiras de lidar com os alunos em sala de aula
demonstram que é importante para os alunos que os professores não tomem apenas o
seu diploma e métodos prontos para lidar com os alunos, e sim buscam construir a partir
dos seus alunos um método para desenvolver uma aula eficaz e mais inclusiva.
Para isso segundo Mantoan (2003, p. 42), é importante que os professores
estejam abertos a abrir mão da mentalidade de terminalidade e busquem mais que
diplomas, estarem abertos a uma mudança de mentalidade e busquem uma continuação
no aprendizado, focada de fato em ser mais que certificados, mas que tragam mudanças
efetivas para as mudanças necessárias para a inclusão dentro da comunidade escolar.
Dessa forma, quando mencionada a comunidade escolar temos uma necessidade
de que toda a estrutura seja voltada para melhorar o acesso desses alunos dentro do
ambiente escolar, sendo muito importante o professor preparar-se para atuar sobre tudo
isso com formação continuada e conhecimento científico sobre o que vem sendo mais
positivo e com resultados efetivos atualmente.
Segundo Mantoan (2003, p. 35), as escolas são espaços educativos de
construção de personalidade humana autônomas, em suma, é importante que os jovens
participem desses espaços e estejam inseridos nessa convivência para construção de sua
personalidade e individualidade aprendendo a conviver com o diferente, com seus pares e
a própria comunidade escolar, criando uma relação de comunidade e expandindo o seu
mundo de casa para fora, é importante portanto, reconhecer o quanto essa convivência é
importante para os alunos portadores de deficiência e o corpo docente necessita estar
preparado para acolher, pois é benéfico, tanto para os alunos com necessidades
especiais, quanto para o alunos regulares, assim se cria esse senso de comunidade,
visibilidade do próximo, criando independência e autonomia, ao mesmo que se constrói
um senso de comunidade.
Assim hoje é necessário desconstruir muitas questões que já estavam presentes
em toda nossa formação e buscar uma inclusão efetiva, ensinar toda a turma, assim
sendo o olhar do professor deve ser atento, treinado e qualificado, para compreender
quais estratégias, e parar de pensar apenas no conteúdo, mas sim na forma que esse
conteúdo será passado a fim de atingir o objetivo proposto.

O ponto de partida para se ensinar a turma toda, sem diferenciar o ensino para
cada aluno ou grupo de alunos, é entender que a diferenciação é feita pelo
próprio aluno, ao aprender, e não pelo professor, ao ensinar! Essa inversão é
fundamental para que se possa ensinar a turma toda, naturalmente, sem
sobrecarregar inutilmente o professor (para produzir atividades e acompanhar
grupos diferentes de alunos) e alguns alunos (para que consigam se “igualar”
aos colegas de turma) (MANTOAN, 2003, p. 39)

Precisamos compreender que a escola é uma parte importante da socialização de


qualquer criança e que a inclusão pode ser feita, desde que seja embasada em
conhecimento e contínua formação dos professores, sendo inseridos e apresentados a
novas metodologias e ao que há de mais recente dentro do cenário científico na área da
educação.

Penso que o futuro da escola inclusiva depende de uma expansão rápida dos
projetos verdadeiramente imbuídos do compromisso de transformar a escola,
para se adequar aos novos tempos. Se ainda hoje esses projetos se resumem
a experiências locais, estas estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em
escolas e redes de ensino brasileiras, porque têm a força do óbvio e a clareza
da simplicidade. A aparente fragilidade das pequenas iniciativas tem sido
suficiente para enfrentar, com segurança e otimismo, o poder da velha e
enferrujada máquina escolar. A inclusão é um sonho possível! (MANTOAN,
2003, p. 48)

A inclusão nas escolas hoje é um trabalho ardo que deve ser sempre muito
reafirmado pelos professores e a comunidade escolar, precisa-se ter em mente que o
processo educacional hoje não se trata mais de cartilhas fechadas e é parte do trabalho
do educador, estar sempre em pleno desenvolvimento e conectado a novidades e novos
métodos, além de utilizar sua própria experiência para o desenvolvimento dessas
metodologias, afinal cada aluno é único, assim como cada professor também o é.
Essas novas metodologias são vastas, diversos cursos de pós-graduação com
formações, aqui vamos trabalhar com a metodologia ABA, com uma leve pincelada sobre
os métodos, como ele pode ser utilizado e a compreensão de que é importante na
educação inclusiva, mas ela, por ser uma análise de comportamento traz o olhar para o
aluno, então dentro de uma visão de aula para todos, pode e deve ser utilizada como uma
ferramenta alternativa.

2.3 Método ABA

Hoje existem muitos meios de se trabalhar com a educação inclusiva e terapias


em geral, e um dos métodos que vem apresentando mais resultados são baseados no
ABA, justamente esse aprender a ensinar, que se trata de conhecer o seu aluno.

Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis; abreviando:


ABA) é um termo advindo do campo científico do Behaviorismo, que observa,
analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a
aprendizagem. Uma vez que um comportamento é analisado, um plano de
ação pode ser implementado para modificar aquele comportamento. O
Behaviorismo concentra-se na análise objetiva do comportamento observável e
mensurável em oposição, por exemplo, à abordagem psicanalítica, que assume
que muito do nosso comportamento deve-se a processos inconscientes.
(Lembre-se de Freud!). (Lear, 2004 p 4?)

Dessa forma o ABA é uma ferramenta extremamente útil nos dias de hoje, visto
que através do comportamentalismo conseguimos conhecer e trabalhar com ferramentas
úteis para que o ensino de tarefas simples seja reforçados positivamente assim, de uma
maneira agradável o ensino acontece.
Hoje o método ABA é usado como base para instruções intensivas e estruturadas
em situações de um-para-um, segundo Lear (2004, p. 5), busca-se conhecer o aluno,
sendo não é uma metodologia única, mas um termo "guarda-chuva" que abarca muitas
metodologias, o termo, é uma abreviação, para referenciar metodologias que aplicam-se a
crianças com autismo. O método pode ser utilizado em casa, já desde muito nova, é um
técnica que traz grandes resultados quando utilizado já desde cedo, justamente, esse
método de um-para-um é importante com esse aluno autista e aplicado desde cedo em
casa traz uma riqueza de detalhes para escola que torna todo o processo de ensino-
aprendizagem mais simples, podendo transformar as aulas em cada vez mais inclusivas,
pensando nesse olhar individual para a criança, porém sempre focando em todos os seus
aspectos pessoais, da sala de aula, corpo escolar e comunidade, por isso é importante
pensar em toda essa estratégia, como algo aberto e que foca do micro para o amplo, e
apesar de ser uma sigla que foque no autismo, é importante que essa aplicação abarque
a turma para que não seja um foco apenas nessas crianças, criando mais uma vez uma
divisão, e sim vise ampliar e ajudar nas interações e no pleno desenvolvimento dessa
criança.
O método ABA não se trata de um método totalmente fechado, afinal ele em sua
essência respeita a individualidade dos alunos para que seja implementado e existem
diversas maneiras do método ser aplicado, entretanto é importante conhecer suas bases
para utilizar e incorporá-lo a práxis pedagógica que faça sentido para a escola,
comunidade e seus alunos de maneira individual.

Há muitas escolas, organizações e indivíduos que usam ou oferecem


consultoria em metodologias do tipo ABA e cada um tem seu jeito próprio de
aplicá-las, mas todos usam os mesmos conceitos básicos (ou deveriam usar!).
A ciência que apoia a intervenção – a Análise do Comportamento Aplicada – é
a mesma; somente a maneira de aplicá-la varia! Pense em ABA fazendo uma
analogia com tocar piano. Quando você aprende a tocar, pode tocar rock,
música clássica, blues ou jingles. Os sons podem variar, mas todos eles usam
a mesma metodologia básica e seguem convenções musicais aceitas por
todos. (LEAR, 2004, p. 7)

Uma forma de aplicá-lo é realmente possuir um trabalho de anamnese onde se


conhece os antecedentes através da família e possuir um olhar atento ao aluno para
compreender como pode ser desenvolvido o trabalho com ele.

No mundo da Análise do Comportamento Aplicada (ABA - Applied Behavior


Analysis), o conceito de comportamento é crítico. O que, exatamente, é um
comportamento? Simples: um comportamento é o que uma pessoa faz e diz. É
uma ação (“chorar”) e não uma característica da pessoa (“alta”). Aquelas
coisas que estão “na sua cabeça”, como pensamentos, intenções, ideias,
planos, etc., não são comportamentos. (Lear 2004 p.21)
Assim entendendo do que se trata esses comportamentos podemos entrar nas
ideias a respeito do condicionamento e como ele pode ser utilizado em sala de aula de
forma a trabalhar com o condicionamento operante, trabalhando o que pode ser trocado,
ou seja, definir os comportamentos que são bons e ruins.
Segundo Lear (2004, p. 26), condicionamento operante é o processo que usamos
para ajudar a modificar ou trocar um comportamento que é indesejável, ou até mesmo,
reforçar um comportamento desejável, ainda segundo a autora, esses condicionamentos
foram descobertos e descritos por B.F Skinner e o que nos importa entender é que
reforçar positivamente um comportamento aumenta a possibilidade de que ele seja
repetido.
Conhecer o que é um comportamento depende de observação e reconhecer o
que é comportamento acaba por ser parte importante do processo.

Uma característica chave do comportamento é que ele é observável e


mensurável. Comportamento é geralmente medido com base em sua: •
Duração: quanto tempo leva fazer uma coisa – por exemplo, “levou 3 minutos e
meio para Sílvio amarrar seus sapatos”, ou “levou 15 minutos para Sandra
fazer seu dever de Matemática”.
• Frequência: quão frequentemente ocorre – por exemplo, “João bateu palmas
16 vezes em um período de 5 minutos”, ou “Caio fez 5 pedidos em um período
de 45 minutos”.
• Intensidade: quanta energia, força física ou intensidade esteve envolvida em
realizar o comportamento – por exemplo, “Zeca carregou 15 quilos de
mantimentos”, ou “os gritos de Rita atingiram 100 decibéis”.
Geralmente, quando você quer substituir um comportamento, é porque
considera que há excessos ou déficits nele. A primeira coisa que você precisa
fazer é coletar alguns dados para determinar a linha-de-base ou ponto de
partida em relação ao qual vai medir mudanças. (LEAR, 2004, p. 29)

Conhecendo o comportamento do aluno e focando em trabalhar em cima deles é


importante entendermos o que é o reforço, que acaba sendo um ponto importantíssimo
dentro de uma metodologia como o ABA, a aplicação dela efetivamente, seja em sala de
aula ou em terapias vai trabalhar justamente em relação a isso.

Todos precisamos de reforçamento, e todos trabalhamos por ele. Pode ser o


reconhecimento do chefe, um abraço da esposa, uma risada depois de
contarmos uma piada, uma boa nota em um exame ou o salário no fim do mês.
O truque para reforçar é descobrir o que é poderoso o suficiente para causar o
comportamento desejado acontecer de novo. Reforçamento é um processo no
qual um comportamento é fortalecido pela consequência imediata que
seguramente segue a sua ocorrência (Miltenberger, 2001). Quando um
comportamento é fortalecido é mais provável que aconteça no futuro. (LEAR,
2004, p. 31 apud MILTENBERGER, 2001)

Para conhecer os reforçadores, é importante conhecer a criança, daí a


importância do aprender constante dentro de sala de aula, a partir disso ela se torna uma
experiência de empatia e contato humano para acontecer, claro, utilizando ferramentas
práticas e científicas baseadas no método, porém esse olhar faz toda a diferença na
etapa de inclusão, como mencionado uma anamnese pode ajudar e muito, porém, é
importante que o professor tenha esse olhar no cotidiano escolar.

Antes de realmente começar a ensinar a criança, é muito útil verificar que tipos
de coisas são reforçadores para ela. Faça uma lista e, antes de tudo, separe
estes itens. Você pode querer separar certos brinquedos e bugigangas
especialmente para o horário de trabalho, para que sejam especiais. Você
pode querer reservar também guloseimas favoritas, vídeos, jogos, etc., só para
estas horas. Como descobrir quais devem ser estes reforçadores? Pergunte à
criança, mãe, pai, babá, irmãos, professores, etc. (Lear, 2004 p.41)

Tendo uma análise de comportamento e entendimento da criança para


compreender o que são seus reforçadores, conseguimos aplicar em sala de aula uma
maneira de se comunicar e ajudar essas crianças a se inserirem de maneira plena no
contexto escolar, contexto esse que é fundamental para seu pleno desenvolvimento
humano.
Assim o professor, necessita entender que a busca desse desenvolvimento de
método é constante, não se trata apenas de possuir um diploma, certificado e
especializações com sentido de finalidade, e sim, uma busca constante de conhecer seu
aluno, no entendimento um-para-um, conhecer seus reforçadores e direcioná-lo, levando
em consideração seu desenvolvimento humano individual e reforçando isso, e todo esse
trabalho necessita de muito esforço.
O professor que se ocupa de conhecer o aluno necessita ter contato com todos os
cuidadores responsáveis, fichas médicas, e ter um olhar atento, e não é fácil aplicar
quando falamos de inclusão, porém todo esse processo é importante, e mais do que isso,
desenvolver suas próprias ferramentas de trabalho, afinal, o ABA, não se trata apenas de
um método já fechado e direcionado, como dissemos é um conjunto de metodologias que
direcionam para um desenvolvimento individual e como cada individuo é unico,
precisamos levar isso em consideração quando pensamos nesse método.
Portanto trabalhar o ABA, mas do que tudo é conhecer o aluno e trabalhar para
que educação do mesmo seja para seu desenvolvimento pessoal pleno, que leve em
consideração a experiência do individual ao macro e assim possamos inserí-lo melhor
dentro da comunidade escolar e posteriormente prepará-lo para a sociedade e a
pluralidade que ele mesmo integra.
Aprender a ensinar é fundamental para ajudar o aluno e integrá-lo em sua busca
por uma prática de ensino eficaz e uma mudança real. a visão das metodologias baseada
em ABA orienta o trabalho do professor para compreender seus alunos e seu
comportamento, por meio das ferramentas propostas, para alcançar uma boa resposta no
sentido de ampliar as habilidades e potencial dos alunos autistas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante que o professor em seu trabalho docente busque sempre o


aprimoramento, não é uma tarefa fácil, buscar se especializar sempre é uma missão
muito importante dentro da práxis pedagógica, e acertar a metodologia nem sempre é
algo tão claro, porém hoje com os novos desafios que se inserem a cada dia, o Estado e
a comunidade escolar devem estar alinhados buscando a inclusão dessas crianças para
seu pleno desenvolvimento e inserção na sociedade.
O método ABA, assim como tantas terapias, têm demonstrado que existe um
caminho possível para inserção e verdadeira mudança no comportamento dessas
crianças, trazendo assim mais qualidade de vida para elas.
Como professores buscar o conhecimento constante é essencial, e as mudanças
vem a galope através de pressões sociais e com isso o Estado está cada vez mais
aumentando a demanda por esse tipo de abordagem e de trabalho a formação continuada
de cada parte do corpo docente se torna essencial.
Compreender que obter conhecimento e tomar sobre as mãos essas metodologias
transforma nosso trabalho e faz toda a diferença na vida de nossos alunos, e por isso
essa capacitação parte de uma demanda profissional e sobretudo pessoal.
Aprender a ensinar, conhecer essa criança, estudar sua maneira de ver o mundo, o
que ela mais gosta e trabalhar com o reforço positivo é uma alternativa para que a
educação seja cada vez mais transformadora na vida de cada um desses indivíduos.

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais: DSM-5. 5: Artmed, 2015.
ADAPTE EDUCAÇÃO Identificação do autismo na escola. Disponível em:
<https://www.adapte.com.vc/blog/autismo_na_escola#:~:text=Dificuldade%20de
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BRASIL ESCOLA Autismo e a educação: Método ABA como proposta de intervenção na


educação infantil. Disponível em:
<https://monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/autismo-e-a-educacao-metodo-
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jun. 2022.
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LEAR, Kathy. Ajude-nos a aprender: um programa de treinamento em ABA (Análise do


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MILTENBERGER, R. G. Behavior modification: principles and procedures.


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