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OS BENEFÍCIOS DA ESTIMULAÇÃO E (RE) HABILITAÇÃO

COGNITIVA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA LEVE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE
CASO
Karla Niana Monteiro RezendeREZENDE

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RESUMO:
O tema deste artigo está relacionado ao transtorno do espectro autista leve na educação
infantil, e teve como objetivo principal mostrar que as crianças portadoras de autismo
podem e devem se adaptar ao meio social escolar, além de desenvolver suas habilidades e
competências como as crianças não portadoras. A metodologia adotada para coleta de
dados foi um estudo de caso, realizado em uma escola pública na região leste no estado de
Goiás, com uma criança de cinco anos, onde seu nome será preservado e citado como M.E.
Essa criança está incluída no primeiro ciclo da educação infantil, com Síndrome do Espetro
Autista Leve., o objetivo É que a partir de intervenções neuropsicopedagógicas,
neuropsicológicas com ênfase em reabilitação cognitiva, juntamente com equipe
multidisciplinar e familiares, analisar as emoções, o desenvolvimento cognitivo,
psicossocial, e as possibilidades de resultados positivos perante as práticas, considerando
os conceitos da plasticidade cerebral através da estimulação cognitiva, adaptação da rotina
e interação social perante os demais na escola através de uma reabilitação para o
aprendente. Foram realizadas leituras, pesquisas bibliográficas, observação e uma
pesquisa de campo envolvendo o contexto da rotina escolar. Os dados foram interpretados
utilizando a análise aos olhos de duas ciências, a neuropsicopedagogia, e a
neuropscicologia com ênfase na reabilitação cognitiva que são áreas que perpassam nos
estudos da neurociência com estudos do funcionamento do sistema nervoso central, na
psicologia cognitiva e na pedagogia., eEssas áreas buscam compreender os processos
mentais e as suas relações com o comportamento e o desenvolvimento cognitivo de cada
indivíduo, são de grande importância para potencialização da aprendizagem em pacientes
com transtornos de aprendizagem, síndromes, disfunções cognitivas, e dificuldades de
aprendizagem, neste caso falaremos sobre autismo leve na educação infantil. Os dados
coletados revelaram que o autismo ainda é pouco estudado e trabalhado, mostraram ainda

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como é a vida de um autista dentro da escola, seus comportamentos, e desenvolvimentos e
os círculos afetivos, escolares, como ocorrem e qual a posição perante a deficiência. Os
dados também revelam que cabe à escola, em especial, ao educador à identificação da
anormalidade, isto é, reconhecer o transtorno que muitas vezes, cabe à escola e, em
especial, ao educador reconhecer o transtorno, em razão de que o professor precisa estar
atento às particularidades de cada um de seus alunos e diante das dificuldades de
aprendizagens podendo e podem contribuir para que a mesma possa ser tratada ou ter sua
gravidade diminuída. Ao final do estudo, pôde-se concluir que quanto mais cedo aàs
intervenções voltadas à aprendizagem e a reabilitação de crianças com TEA, incluindo
todas as adaptações, orientações parentais ao corpo docente são aplicadas mais se tornam
um grande benefício na exploração do desenvolvimento cognitivo destes pacientes.

Palavras chave: Desenvolvimento.; Adaptação;. TEA leve.

INTRODUÇÃO:
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma síndrome comportamental que
possui algumas características, como a incapacidade de se relacionarem com outras
pessoas, distúrbios de linguagem, resistência ao aprendizado e não aceitação de mudanças
de rotina, basicamente, é caracterizada por prejuízos nas habilidades sócias emocionais, na
atenção compartilhada e linguagem. Para Cunha (2009, p.20) “O autismo compreende a
observação de um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade principal:
comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restrito-
repetitivas”. Os indivíduos acometidos por essa síndrome têm sintomas e grau de
comprometimentos variáveis, por isso é comum referir-se ao autismo como um espectro de
transtornos, denominados genericamente de transtornos invasivos do desenvolvimento.
Foram estabelecidos critérios de classificação dos transtornos invasivos do
desenvolvimento que estão formalizados no Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM-
IV) da Associação Americana de Psiquiatria e na Classificação Internacional de Doenças
(CID-10) publicada pela Organização Mundial de Saúde. A origem do autismo ainda é
desconhecida, embora os estudos realizados apontem para um forte componente genético.
Um dos fatores mais explícitos é o comprometimento na interação social que se manifesta

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ainda na incapacidade do autista de desenvolver relacionamentos com seus pares e na sua
falta de interesse, participação e reciprocidade social, há comprometimento também na
comunicação que se caracteriza pelo atraso ou ausência total de desenvolvimento da fala. É
comum indivíduos com TEA insistirem em determinados movimentos, como abanar as
mãos, mexer com dedos, balançar cabeça, que são chamadas estereotipas.
Em pacientes que desenvolvem uma fala , o que geralmente acontece com os
espectros leves, permanece uma inabilidade marcante de iniciar ou manter uma conversa, o
indivíduo costuma repetir palavras ou frases (ecolalia), cometer erros de reversão
pronominal (troca do “você” pelo “eu”) e usar as palavras de maneira própria
(idiossincrática). Um dos motivos que se tornam essa percepção para mais complicada é o
fato de uma criança com autismo leve desempenhar as mesmas funções que um indivíduo
sem TEA da mesma faixa etária, mas que vale salientar que os indivíduos têm a
competência, mas não tem habilidades suficientes ou desenvoltura em algumas funções.
Outra razão pela qual os sintomas do autismo leve não costumam ser notados se dá em
função da criança ir à escola e até conseguir um pouco de interação com os demais, mas de
forma bem seletiva, o que muitos acabam confundindo com timidez.
É de extrema importância que professores coordenadores, e familiares estejam
atentos em algumas características e comportamento que podem indicar a existência do
TEA leve, como: pouco contato visual, interação social seletiva, conversas aquém do
esperado para a idade, não aceitação de imposição de regras, não “flexibilização” para
modificar alguma coisa que faça parte da sua rotina, como arrumar os objetos sempre da
mesma forma e lembra-se da posição de cada um, linguagem verbal fluida, mas com
transtorno na linguagem, pouco contato visual, não costuma olhar ou responder quando é
solicitado, pode haver estereotipas e repetições, apego por determinado objeto. (MELLO,
2007, P. 21).
Gadia (2006) corrobora com Mello (2007) ao destacar que as interações sociais
que o autista estabelece são carentes: as dificuldades na interação social em crianças
autistas podem manifestar-se como isolamento ou comportamento social impróprio; pobre
contato visual; dificuldade em participar de atividades em grupo; indiferença afetiva ou
demonstrações inapropriadas de afeto; e falta de empatia social ou emocional. (GADIA,
2006, p.423). A dificuldade no uso da imaginação pode ser percebida como a forma
desprovida de criatividade e exploração que crianças com autismo possuem em brincar

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com objetos ou brinquedos, sendo assim, os autistas possui dificuldades em lidar com o
abstrato.
Para Mello (2007), essa dificuldade sSe caracteriza por pela rigidez e
inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da
criança. Isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos,
compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em
processos criativos. (MELLO, 2007, P. 21).
Neste estudo de caso, a criança observada demonstrava quase todas as
características, o diferencial do M.E é que não havia estereotipas somente ecolalia. Alguns
autistas (cerca de 20%) apresentam um desenvolvimento relativamente normal durante os
primeiros 12 a 24 meses de vida, depois entram em um período de regressão, caracterizado
pela perda significativa de habilidades na linguagem. Considerando que o autismo não
pode ser confirmado por exames de imagem, a maneira mais eficaz de se chegar ao
diagnóstico é através da observação de pais e professores, mas o que possibilita esse
resultado é a consulta médica. O próximo passo é ajuda de uma equipe multidisciplinar
onde o indivíiduo terá um acompanhamento, e é de estrema importância que os
responsáveis pela criança relatem aos especialistas tudo o que acontece na vida da criança,
considerando toda abrangência da vida familiar, escolar e social, para que os profissionais
realizem seus procedimentos e cheguem ao diagnóstico de fato.
É sempre válido lembrar que quanto mais cedo for a descoberta, maiores podem ser
os benefícios na vida do indivíiduo. Como visto acima, muitas situações corriqueiras
podem passar despercebidas. Daí se daá à dificuldade da inclusão do desenvolvimento
específico, acadêmico e social no contexto escolar onde a dificuldade não fica somente no
aprendente, mas em todos os envolvidos. Diante desses fatores, como se deve agir para
integrar com as crianças, na Educação Infantil, com tais comprometimentos, que às vezes
se tornam imperceptíveis? O objetivoNesse sentido, desse trabalho intencionaé mostrar
como é importante o diagnóstico precoce e o conhecimento do profissional que lida com
essa criança para um melhor manejo do sujeito e um melhorar o processo de aprendizagem
e socialização da criança com TEA em âmbito escolar. O intuitoAssim, desse estudo de
caso é mostrar a dificuldade que existe no ambiente escolar em relação ao aluno com TEA
leve, pois os profissionais não sabem como lidar com as peculiaridades dessa criança.
Para que haja um melhor processo de aprendizagem e socialização, isso ocorra os
envolvidos nos processos de desenvolvimento da criança com TEA precisa viabilizar

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intervenções nas práticas, elaborando um plano de ação abrangendo recursos que
possibilitará estímulos para atingir das dificuldades funcionais comprometidas. Pois,
quanto mais cedo diagnosticado, logo se inicia-se o tratamento de adaptação à escola,
motricidade, afetividade e assim selar um firme propósito de interagir com esta criança e
ajudá-la a alcançar níveis de aprendizagens positivas, como pode ser melhor compreendida
no decorrer deste estudo.

De forma geral, o trabalho é bom, mas apresentou uma falta de diálogo entre
a introdução e no desenvolvimento. Na realidade, a questão encontra-se na
apresentação dos itens obrigatórios como, por exemplo, o objetivo geral,
problematização e método de pesquisa. No que se refere ao objetivo, ele
não apenas apresenta as intenções abrangentes do texto, mas sistematiza o
objeto de pesquisa. Verifique novamente o seu objeto, percebe-se que ele
necessita ainda de uma delimitação melhor, pois se isso não acontece, seu
desenvolvimento fica prejudicado, uma vez que não consegue abarcar todo
o objeto.

A problematização deve dialogar diretamente com o seu objetivo. Não


adianta os dois andarem por caminhos diversos e diferentes. Verifique a sua
pergunta. Pense em sua especificidade, pela leitura que tive, está
necessitando de uma delimitação a mais.

METODOLOGIA
A coleta de dados e observação para estudo de caso ocorreu em uma escola pública
na região leste da cidade de Goiânia, participou a educadora com formação em pedagogia e
especialização em métodos e técnicas de ensino, responsável pela turma frequentada por
uma criança com autismo leve. A professora formada com 20 anos de carreira, era efetiva
da rede municipal há 17 anos, nesta escola lecionava no turno vespertino há três anos para
28 crianças de quatro e cinco anos de idade, a escola era de médio porte atendia educação
infantil, ciclo1 que se refere a crianças de 6 a 10 anos.
A escola era equipada conforme as necessidades básicas dos alunos havia uma
cantina onde serviam as refeições, sala de informática, banheiros e sala dos professores. O
pátio era grande e na frente da escola tinha poucas árvores, o parquinho estava interditado

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por ter brinquedos estragados, e a biblioteca estava fechada, esses pontos se destacam
negativamente, pois as possibilidades de recursos são escassas.
Os alunos autistas respondem bem aos sistemas organizados, o professor deve
organizar a sala de aula, o planejamento e as rotinas para efetivamente conseguir incluir
todos os alunos e efetivar o ensino aprendizagem. Para obter as informações sobre esses
processos, foi desenvolvido um questionário específico para a realização da entrevista com
a professora com questões dirigidas que teve como eixos norteadores: conhecimento sobre
autismo, sentimento em relação ao trabalho, práticas utilizadas, percepção sobre o
desenvolvimento aprendizagem da criança bem como seu comportamento social.
O contato inicial primeiramente se deu através da entrevista com a educadora, foi
esclarecido o objetivo do estudo de caso com o consentimento da escola. A professora
respondeu as questões e foi identificado através da análise de suas respostas certo
despreparo em relação ao autismo, a professora declarou que teve pouco contato em todos
os anos que lecionou: “antes de ter contato com M.E eu não conhecia muito bem sobre
espectro, (...) eu nem sabia que havia nomenclatura TEA (...), meu conhecimento foi na
época da faculdade em alguns artigos e algo na TV, mas algo muito sutil, (...) eu realmente
não sabia o que fazer quando a coordenação me falou desse aluno”.

Está propondo uma pesquisa de campo. No entanto, ao propor esse tipo de


pesquisa, deve demonstrar e apresentar os caminhos metodológicos, incluindo o
uso do método, do instrumento de coleta de dados e de informações, como por
exemplo, por que escolheu essa escola? Por que escolheu esses sujeitos para
investigar? Como foi o primeiro contato com eles? E com a escola?

DESENVOLVIMENTO:

Está propondo uma pesquisa de campo. No entanto, ao propor esse tipo de


pesquisa, deve demonstrar e apresentar os caminhos metodológicos, incluindo o
uso do método, do instrumento de coleta de dados e de informações, como por
exemplo, por que escolheu essa escola? Por que escolheu esses sujeitos para
investigar? Como foi o primeiro contato com eles? E com a escola?

Na literatura sobre psicologia do desenvolvimento, estudos apontam a importância


das interações sociais na aprendizagem que geralmente acontece sob as relações do seu

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ambiente sócio-cultural e oscom sujeitos mais experientes, conforme Vigotsky(Ano?).
Segundo James (2010, p.105), a educação pode ser definida como a organização de
hábitos, de comportamentos e de inclinações para a ação, este é um princípio em que se
baseiam todos os processos de aquisição, ou seja, de desenvolvimento, e que orienta toda
atividade do docente, para James (2010, p.103) o indivíduo é simplesmente um conjunto de
hábitos. A criança que apresenta transtorno do espectro autista leve em idade escolar se
enquadra fielmente no processo de aquisição do desenvolvimento psicossocial onde a
escola é o ‘‘ponta pé’’ inicial para ajustamento e inclusão desse aluno num contexto extra
parental.
No início do século XX, a questão educacional em relação às pessoas com
necessidades especiais passou a ser mais abordada, porém, ainda é muito contaminada pelo
estigma do julgamento social. Nos dias atuaisde hoje, entre todas as situações da vida de
uma pessoa com necessidades especiais, uma das mais críticas é a sua entrada e
permanência na escola. Ainda hoje, embora sutil, pratica-se a “discriminação” de crianças
dno ambiente escolar. Por tudo isso, é que os professores precisam agora se preparar para
receber e adaptar a criança com necessidades especiais para prolongar a sua permanência
na escola dita normal.
Hoje, não se pensa mais no autismo como algo incurável e já é impossível se falar
de atendimento à criança especial sem considerar o ponto de vista pedagógico. Essas
crianças necessitam de instruções claras, precisas e o programa devem ser essencialmente
funcionalis, quer dizer: ligado diretamente ao portador da síndrome, pensando nas
estratégias e atividades para englobar esse aluno no contexto escolar. Almeida (1997), ao
estudar a relação entre crianças em idade escolar a partir da perspectiva de Hartup, afirma
que a interação com pares não fornece apenas as experiências necessárias ao
desenvolvimento de competências sociocognitivas, mas constitui-se em uma base
fundamental para o autoconhecimento e para a compreensão do "self". Uma das premissas
básicas das idéiasideias de Hartup de que a competência social é, em sua maior parte,
aprendida com os companheiros. Neste estudo de caso percebem-se claramente essas
premissas citadas acima, onde iremos observar no decorrer deste trabalho.
A coleta de dados e observação para estudo de caso ocorreu em uma escola pública
na região leste da cidade de Goiânia, participou a educadora com formação em pedagogia e
especialização em métodos e técnicas de ensino, responsável pela turma freqüentada por
uma criança com autismo leve. A professora formada com 20 anos de carreira, era efetiva

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da rede municipal há 17 anos, nesta escola lecionava no turno vespertino há três anos para
28 crianças de quatro e cinco anos de idade, a escola era de médio porte atendia educação
infantil, ciclo1 que se refere a crianças de 6 a 10 anos. A escola era equipada conforme as
necessidades básicas dos alunos havia uma cantina onde serviam as refeições, sala de
informática, banheiros e sala dos professores. O pátio era grande e na frente da escola tinha
poucas árvores, o parquinho estava interditado por ter brinquedos estragados, e a biblioteca
estava fechada, esses pontos se destacam negativamente, pois as possibilidades de recursos
são escassas.
Os alunos autistas respondem bem aos sistemas organizados, o professor deve
organizar a sala de aula o planejamento e as rotinas para efetivamente conseguir incluir
todos os alunos e efetivar o ensino aprendizagem. Para obter as informações sobre esses
processos, foi desenvolvido um questionário específico para a realização da entrevista com
a professora com questões dirigidas que teve como eixos norteadores: conhecimento sobre
autismo, sentimentos em relação ao trabalho, práticas utilizadas, percepção sobre o
desenvolvimento aprendizagem da criança bem como seu comportamento social. O contato
inicial primeiramente se deu através da entrevista com a educadora, foi esclarecido o
objetivo do estudo de caso com o consentimento da escola. A professora respondeu as
questões e foi identificado através da análise de suas respostas certo despreparo em relação
ao autismo, a professora declarou que teve pouco contato em todos os anos que lecionou:
“antes de ter contato com M.E eu não conhecia muito bem sobre espectro, (...) eu nem
sabia que havia nomenclatura TEA (...), meu conhecimento foi na época da faculdade em
alguns artigos e algo na TV, mas algo muito sutil, (...) eu realmente não sabia o que fazer
quando a coordenação me falou desse aluno”.
É fato que a literatura aponta que todo educador ou profissional que trabalhe com
uma pessoa com necessidades especiais, como o autismo, tenha conhecimento dessa
condição e de suas peculiaridades (FARIAS MARANHÃO, CUNHA, (2008). Mas na
realidade o que podemos constatar é que a formação teórica não representa todo o universo
da prática pedagógica inclusiva, outros fatores estão emaranhados neste processo. O
conhecimento teórico metodológico precisa acompanhar a prática e elaa mesma precisa
estará em consonância com a postura pessoal do profissional que acompanhará essa
criança, suas convicções, crenças, valores, sensibilidade. Para tanto esse composto poderá
ser atrelado à aceitação dessa criança para se iniciar um processo de ensino -aprendizagem
valorizando cada avanço e respeitando quanto aos seus limites.

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Não generalizando, mas os padrões de comportamento de alguns profissionais se
caracterizam geralmente nas escolas ditas regulares que determinam uma condição onde se
padroniza um estilo de aprendizagem o que deveria ser ao contrário, a individualidade de
cada criança é o que deveria nortear a prática do professor. A educadora relatou um
sentimento inicial de medo do novo, um desafio que ela ainda não tinha vivenciado, a
impotência e a frustração de fazer algo e não ter o objetivo alcançado:

“... no inicio quando M.E. chegou pra mim eu tinha receio de não saber
lidar com ele, o que eu poderia fazer pra que ele aceitasse meus
ensinamentos e adaptasse a rotina da sala de aula e da escola em si”. (...)
“Eu pensei, como irei fazer pra trabalhar com ele se nem eu sei como, ai
comecei a observar o M.E no inicio ele dava birras eu não sabia por que,
pegava meus materiais queria riscar o quadro com canetinhas, saia da sala
enquanto estava ocupada com outros alunos, às vezes tirava o shortinho e ia
fazer xixi de frente a sala. Isso tudo pra mim era fora dos padrões que
vivenciei”.

Através do relato da professora o sentimento de medo e insegurança era


perceptível, mas na medida em que o professor começa a conhecer e a se relacionar com
esse aluno as relações se estreitam começando um ciclo de aprendizagem tanto para o
professor quanto para o aluno, desmitificando “pré-conceitos” existentes. Isso permite criar
uma relação com a criança e não somente com a “doença’’ (Monteiro & Mazini 2008).
Quando esse estreitamento acontece, naturalmente, o professor que tem domínio de
identificar as habilidades e potencialidades de seu aluno fica em crescente
desenvolvimento, afetividade acontece e é um dos fatores mais importantes no processo.
No caso da professora desse estudo de caso, a criança que para ela era um desafio na
medida em que o trabalho foi sendo realizandoa-se, ela foi descobrindo a criança que havia
ali naquele contexto, e o desafio que era pra ela de enfrentar algo novo cedeu lugar ao
carinho, a preocupação com aprendizagem e com a habilitação daquela criança no contexto
escolar.
A professora no decorrer dos dias foi descrevendo como ocorreu de fato esse
processo, o que ela fez, qual estratégia ela utilizou, como ela percebeu o que poderia fazer
para incluir o algo que incluísse M.E e não excluirísse o restante da sala de aula em
detrimento de um. Esse foi seu maior entrave, “... Minha prática foi sendo adaptada a partir
do momento que a situação me cobrava uma ação (“...) na teoria é uma coisa na prática é
outra bem diferente”. A professora nessa fala atribui o processo ao acaso, ela dissocia a
teoria e a prática, era claro que a mesmaela não tinha conhecimento que realmente, pela

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literatura, esse processo ia acontecer através da afetividade, da organização do ambiente e,
dos seus planejamentos e rotinas. Todo educador deve ter claro o processo contínuo dos
hábitos e a valorização da heterogeneidade de uma sala de aula, isso é central na formação
de um educador.
Percebe-se uma aceitação deste aluno por parte da professora, um favorecimento a
inclusão, no entanto lhe faltava o conhecimento necessário sobre o Transtorno de Espectro
Autista Leve, pois ela não tinha conhecimento das diferenças que haveria de ter no
processo de trabalho. Desta forma, identificou-se uma tendência a realizar a sua prática
com base no método de tentativa, o qual lhe ofereceu uma estratégia sobre como
desenvolver o seu trabalho, assim adequando os processos para as necessidades desse
aluno. A professora conta que as tentativas eram baseadas na interação, e na mediação, e
que ela percebia a necessidade de organizar o ambiente para que pudesse viabilizar o seu
trabalho.

“Eu identifiquei que minha rotina de sala de aula precisava ser modificada
meu ambiente também, as carteiras não poderiam ser enfileiradas, que
antes de iniciar a aula eu pedia ao M.E, pegar meu pincel de quadro e fazer
um desenho enquanto eu organizava outras coisas, e falava pro restante da
sala que cada dia o M.E faria um desenho para os colegas, (...) o M.E
desenhava muito bem pela idade dele, isso percebi que era fator motivador
para os outros alunos, eles começaram a interagir com o M.E através do
desenho, e da estrutura do ambiente onde todos ficavam de frente um para
os outros.”

Com base na abordagem sócio-interacionistasociointeracionista de Vygotsky, mais


especificamente nos conceitos como a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e o
conceito de Aprendizagem Mediada (VYGOTSKY, 1993/1967), as teorias da
Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE) e da Experiência de Aprendizagem Mediada
(EAM), ambas de R. Feuerstein entendem que o desenvolvimento humano é resultado das
interações que transcorre entre os indivíduos durante sua vida em ambientes sociais,
especialmente, organizados para promover esse desenvolvimento. As estratégias que a
professora foi colocando em prática englobavam todo contexto citado a cima, percebe-se
que o conhecimento e as atitudes dos professores (o que inclui seu senso de auto-eficácia
em relação à inclusão), suas práticas pedagógicas faziam efeito em sala de aula mesmo
sem o conhecimento aprofundado do espectro.
As práticas utilizadas para trabalhar com o M.E foram escolhidas a partir da
observação das características da criança, do seu comportamento, de suas ações, conforme

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a educadora explica: “... percebi, a cada dia, o que ele trazia pra mim, uso isso como
recurso". Isso permitiu desenvolver práticas mais adequadas às necessidades da criança,
pois foram baseadas no entendimento das situações que ambos vivenciavam. Com base em
Feuerstein (Ano?), a presença de um modelo teórico integra diferentes conceitos e propõe
um sistema de compreensão das características necessárias para que o ambiente social seja
capaz de promover o desenvolvimento humano (FEUERSTEIN; FEUERSTEIN, 1991;
CUNHA 2003; CUNHA, 2004; CUNHA; ENUMO; CANAL, 2006).
A educadora em seus relatos identifica que as ações tomadas por ela se mostraram
úteis em sua prática, como antecipação da tarefa, onde ela preparava a criança para as
mudanças que iam ocorrer, neste caso ela usa da técnica top dow, boton up, explicava o
que iria acontecer de uma maneira global e às vezes fazia ao contrário explicava por partes
menores conforme os acontecimentos e as repetições como reforçadores. No caso do
autismo estas são práticas adequadas e necessárias devido, principalmente, às dificuldades
na compreensão da linguagem, sobretudo, para lidar com sequências complexas de
instruções, é importante também que para melhor entendimento por parte da criança com
autismo que a educadora seja bem objetiva para obter atenção e melhor compreensão, a
repetição vem sempre a auxiliar no desenvolvimento da comunicação da criança. “Ao
cuidar de uma criança é muito importante levar em consideração as suas necessidades, que
ao serem respeitadas e atendidas proporcionam importantes informações sobre a qualidade
daquilo que é recebido (MELO e FERREIRA, 2009, p.?)

“Ao cuidar de uma criança é muito importante


Levar em consideração as suas necessidades,
Que ao serem respeitadas e atendidas
Proporcionam importantes informações
“Sobre a qualidade daquilo que é recebido”.
Melo e Ferreira (2009).

Porém, em algumas situações, mesmo após o uso da repetição da instrução, a


criança com autismo mostrou-se resistente em alguns momentos, pois era perceptível a
quebra da rotina, essa mudança o faz reagir negativamente. Essa dificuldade para mudar o
foco de atenção de um padrão de estímulo para outro é bem comum nas crianças com TEA
sobre os correlatos neuropsicológicos envolvidos nos processos de aprendizagem, tais

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como a disfunção executiva presente no mesmo, essas disfunções englobam a flexibilidade
cognitiva, atenção e planejamento, assim a conseqüênciaconsequência dessas disfunções se
espelha em comportamentos rígidos, inflexíveis. Na sua rotina de sala de aula, a professora
percebeu que em vários momentos ela poderia alterar suas atividades, mas com uma
técnica que o M.E pudesse sentir a necessidade de fazer a troca da atividade.
“(...) eu sabia que ele gostava de desenhar no quadro e mostrar o calendário,
portanto eu falava que se ele fizesse a tarefinha que a professora preparou ele ia fazer um
desenho bem lindo pros amigos”. Logo isso se tornou uma rotina e assim adaptou o M.E a
fazer parte do contexto.
A professora disse que em muitos momentos não sabia como conduzir as outras
crianças que também queriam desenhar como ele, “... foi um entrave, mas para não excluir
as outras crianças tive que pensar em uma estratégia onde surgiu a idéiaideia do boneco
Dudu. O boneco tem 1m de altura é do tamanho das crianças eles amam, e me ajudou tanto
com M.E, ele se tornou a figura de apego. Aassim, eu poderia conduzir as ações usando o
boneco como estratégia. “(...), esse boneco veio pra estimular as crianças na questão da
afetividade, no cuidado e nas rotinas que proporcionou uma gama de oportunidade para
lidar com esses entraves que citei”.
Figura 01 – Boneco Dudu-01

Fonte: Elaborada pelo autor- Karla Niana Monteiro Rezende


(foto autorizada pelo responsável-mãe)

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De fato, conforme a literatura, essa prática pode funcionar com qualquer criança, já
que na infância há uma luta por autonomia e pela opção de escolha, que faz parte do
desenvolvimento infantil (Vieira, 2009). Dessa forma, a negociação funciona como a
antítese da disputa e do desafio, que permite à criança ter uma experiência coma essa
autonomia. No caso do autismo, a simples imposição, sem negociação, pode tornar a
criança mais desorganizada. Quando se negocia se está antecipando e disponibilizando a
criança pistas a respeito do comportamento esperado naquele momento, possibilitando,
assim, que ela compreenda o que deve ser feito ao mesmo tempo em que lhe é dada a
opção de escolha.
Observando a aula da professora pude perceber que realmente o boneco fez parte
do contexto como recurso didático para uma organização do ambiente e controle da
turminha e funcionava perfeitamente com seu aluno M.E., ela colocava o boneco em um
devido lugar e pedia que todos colocassem a atividade próxima ao boneco, quem
organizasse a sala poderia levar o boneco Dudu para casa e o M.E iria escolher o colega
que se comportou e que fez as atividades, e vice versa, se M.E fizer as atividade e as
coisas que a professora pedisse ele levaria.
.[ CITATION EspaçoReservado1 \l 1046 ][ CITATION EspaçoReservado1 \l
1046 ] Devido às dificuldades de recepção da linguagem, eles geralmente não
entendem direções ou regras, a organização do meio ambiente lhes dá pistas visuais,
que os ajudam a entender a organização da sala, a estratégia do boneco em um campo
visual e a escolha da criança proporciona uma interação social afetiva e uma
oportunidade de compreensão. Crianças que tem autismo tendem a se fixar em
rotinas do dia-a-dia, essa organização e seqüênciasequência das atividades favorecem
os autistas, pois assim conseguem ter uma previsibilidade da ordem dos
acontecimentos o que lhes causam tranqüilidadetranquilidade e conforto. De acordo
com a professora regente, a organização física; a programação das atividades; os
métodos de ensino são alguns exemplos de idéiasideias para organização que tem se
mostrado útil em salas de aula com alunos portadores de autismo. Alguns aspectos
indesejáveis podem ser desprezados ou mesmo serem modificados, mas existem
algumas situações que podem necessitar a ruma mudança na sala. Por exemplo: uUma
sala com muitas saídas não é indicada quando se tem alunos que tem hábito de
correr, por exemplo, esse entrave tem que ser anulado.

“ (...) no mês de março pedi a diretora para que trocasse a sala por conta do
M.E. fui para uma sala menor que delimitava mais, pois ele saia da sala sem
que eu percebesse, a sala menor me possibilitou e a ele também melhor
visualização do ambiente e controle’’.

Um ambiente prioritário e estratégico próximo aos banheiros facilita


para os professores que estão ensinando os alunos a usar o banheiro, não ter

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que andar grandes distâncias e, dãoar condições para gerar maior autonomia
na utilização desse espaçoo mesmo. Definir áreas apropriadas para tarefas de
aprendizagem especifica, identificar com clareza os limites e definir matérias
facilmente acessíveis ajudam os alunos com TEA a identificarem de forma
independente onde devem estar e onde obter seus próprios materiais,
indicações de figuras são importantes para o processo de adaptação e
aprendizagem estimulando o campo visual, desta forma, os professores
facilitam o entendimento reforçando constantemente as instruções ou
lembrando algo aos alunos, causando menos confusão.
Observando as aulas da professora, o comportamento e desenvolvimento do
aluno autista em sala de aula iam progredindo gradativamente, através das ações,
tomadas realizadas por ela, que possibilitouaram situações de aprendizado, facilitando
a superar a distração, a resistência, as mudanças e a falta de motivação. Este processo
contribui para habilitação do aluno com autismo a se adaptar no cotidiano escolar.
Para que ocorra este processo é importante que as instruções possam ser dadas
verbalmente ou não, em qualquer caso elas devem ser dadas ao nível de compreensão
da criança com TEA, instruções verbais podem ser acompanhadas de gestos, e para
complementação do desenvolvimento deve-se organizar o trabalho de maneira
uniforme, oferecendo uma sistemática para completar as tarefas de forma mais
independente.
A colocação dos materiais no ambiente onde será usadoa, a distribuição de
tarefas ou objetos também pode ajudá-lo a seguir orientações espaciais e visuais e
facilita para oo aluno com TEA a completar as tarefas com maior sucesso. Essa
percepção positiva reforça a relação educadora\aluno, permitindo o reconhecimento
de uma criança com recursos internos que, por exemplo, consegue transferir para
outro contexto o que aprendeu e modificar padrões de comportamento inicialmente
mais rígidos. Acreditar que essa criança possa ter a possibilidade para lidar com as
situações permite à educadora investir no desenvolvimento dessa criança, centrando-
se em suas potencialidades e, com isso, constatar sua capacidade de adaptação. A
importância do professor saber usar os estímulos certos ajuda nos tipos de
instrumentos mentais e físicos de que a criança pequena dispõe para dominar e
desempenhar tal tarefa.

14
A escola em especial o professor, pode assumir um papel importante na vida
das crianças autistas se informados corretamente, o currículo da escola deve ser
adaptado a necessidades das crianças e não ao contrário e para isso é preciso
proporcionar oportunidades que sejam apropriadas as necessidades, habilidades e
interesses diferentes. Os professores precisam estar atentos ao utilizar dicas e pistas,
algumas crianças são motivadas a fazer algo devido a uma combinação de elogios,
satisfação interior e compensação pecuniária, os alunos autistas não são
automaticamente motivados por tais coisas, portanto, precisamos descobrir quais
coisas os motivam e assim ensiná-los. Muitos alunos são motivados por alimentos ou
brinquedos que realmente gostam, outros podem ser motivados por uma atividade
preferida, e importante não deixar os elogios de lado eles devem existir e todos os
alunos devem receber motivações ou “reforços” sociais.
O tipo e a freqüênciafrequência do reforço, de forma individual, devem ser
planejados antes das atividades, pois, alguns costumam precisar de reforço constante
enquanto outros podem tê-lo de forma em que ocorrem as interrupções, o professor
deve estar seguro que o reforço segue de imediato o comportamento ou
relacionamento entre os dois. Não pode haver dúvidas para o aluno no objetivo a ser
alcançado. Para ensinar eficazmente alunos autistas, o professor deve proporcionar
uma organização do método de trabalho, onde ocorram estímulos para associação dos
afazeres para que essa criança se sinta aà vontade para aprender incluída num
contexto ondeem que ele entenda onde ficar, o que fazer e como fazerê-lo de forma
mais independente.
De acordo com a professora o M.E já consegue seguir a rotina da escola, e ter
uma boa relação tanto com os colegas quanto com aos funcionários “... ele se daá bem
com todos agora, no início ele não aceitava outras pessoas ou outros professores,
agora ele já acostumou com o pessoal, entrou no ritmo da escola’’. Além disso, a
educadora observa a capacidade de evolução da criança não só nas rotinas da escola,
mas na sua capacidade relacionada à aprendizagem e aborda também a evolução do
aluno quanto às dificuldades apresentadas no início de sua escolarização.
Ela destaca a redução na manifestação de comportamentos agressivos. A
manifestação do comportamento agressivo reflete a desorganização inicial dessa
criança frente a uma situação completamente desconhecida, a qual ainda não estava
pronta para lidar. Porém, na medida em que a rotina vai se tornando menos

15
ameaçadora por ser mais familiar, tende a ocorrer uma redução nesses problemas.
Isso porque a criança passa a ter um senso de controle da situação, ao saber o que se
espera dela em cada momento (Bosa 2001). Isso não significa, entretanto, que esses
comportamentos sejam mais fáceis de manejar, mas, sim, que a sua compreensão
possa gerar ações mais adequadas e sentimentos mais positivos.

“... Percebo a evolução dele quando me lembro das birras e gritos no


inicioinício do ano, se jogava no chão às vezes tirava até shortinho, hoje vejo
quanto ele evoluiu... Ele participa, faz as atividades, cuida do boneco coloca
até tarefinha para ele, como se o boneco fosse de verdade. sei que ele vai
evoluir cada vez mais”.

Pela fala da professora, observei o amadurecimento e a expectativa perante


seu aluno com TEA, tendo um olhar que vai além do estigma, das incapacidades e
dificuldades quando se refere ao M.E, as crenças que e havia sobre o autismo e a sua
influência no trabalho com o aluno foi possível identificar atitudes positivas e de
aceitação da criança, mesmo com os sentimentos iniciais de medo e insegurança para
trabalhar por não ser conhecedora do processo de estruturação para estimular e
reabilitar essa criança, a busca dela estabeleceu vinculo onde ela conseguiu
desenvolver uma relação baseada no afeto e dedicação sobre o jeito de ser e reagir à
medida que a experiência com ele e as orientações foram se formatando no decorrer
do tempo. O vínculo estabelecido entre a professora e o aluno demonstra que ela
permite em primeiro lugar elo com a criança e não com autismo esse fator foi
fundamental para habilitação dessa criança ao espaço escolar.

Figura -02- Professora e o aluno M E

16
Fonte: Elaborada pelo autor – Karla Niana Monteiro Rezende
(foto autorizada pelo responsável-mãe)

Permitir que a patologia se sobressaísse nessa relação impede a realização de


um trabalho efetivo e o reconhecimento das capacidades desse aluno, que acaba sendo
visto apenas pelo viés da deficiência. A educadora demonstrou acreditar na
capacidade de desenvolvimento de seu aluno, que aliado ao conhecimento sobre o
transtorno, as dificuldades, as potencialidades e possibilidades observadas, as
metodologias e práticas de estimulação utilizadas, permitiram um maior investimento
na educabilidade deste aluno, no desenvolvimento do trabalho da professora e da
confiança na sua capacidade de atuação e adaptação do M.E.“A inclusão leva em
consideração a pluralidade das culturas, a complexidade das redes de interação
humanas.” (MACHADO, 2008, p. 69).
É importante tanto para a escola quanto para a família ter claro de como é
feito as estratégias de reabilitação para habilitar as crianças com TEA no ambiente
escolar e familiar. Manejos simples e ações que estimulem a criança são de extrema
importância para que elas possam agir de maneira mais habitual podendo ocorrer em
grande parte certa independência futura. Nesse sentido, é importante que, pais e
professores, façam pequenas mudanças na vida diária da criança para que ela saiba
lidar com as variações, e articular novas rotinas ao seu processo de adaptação, essas

17
pequenas mudanças quanto mais cedo forem feitas mais resultados terá no futuro.
No começo de preferência as mudanças precisam ser feitas uma de cada vez, em casa
mude o lugar da criança à mesa, tente variar a comida e colocar a TV em um canal
que não seja o preferido dele, brinque com ele, mesmo que ele rejeite tente, faça,
pode ser cansativo no inicioinício, mas um dia o resultado será visto, mude o caminho
de ir à escola dentre outros. As rotinas não são imutáveis, e é melhor que seu filho
aprenda isto desde cedo. (MELLO, 2007, P. 55).
Nesse sentido, crianças que se encontram dentro do TEA (Transtorno do
Espectro Autista) possuem alguns comportamentos e aspectos peculiares geralmente,
esses comportamentos estão voltados para si, sem se importar com conexões com o
outro, nesse sentidodessa forma, a interação é precária, mas necessária, por isso que
partedisso decorre a importância do estímulo contínuo, com ajuda de
acompanhamento especializado, sempre com a família envolvida para que seja um
trabalho eficaz, podendo, assim, vincular estratégias juntamente com a escola,
orientando os profissionais da área da educação, evitando fatores de desgaste e riscos.
Profissionais precisam estar amparados para que possam desenvolver um trabalho
eficaz e isso depende também de políticas públicas.
Perante este estudo de caso, feito em escola pública, podemos visualizar a falta
de apoio das políticas públicas para tais acompanhamentos com equipes
multidisciplinares, muitas famílias não temtêm condições de oferecer a essa criança
acompanhamento especifico, mas podemos perceber que o autismo vem ganhando
espaço na sociedade e principalmente no meio acadêmico, muitos são os estudos
refletindo e discutindo sobre essa temática. Com a declaração da escola para
“Todos”, as crianças com autismo começaram a estar no chão da escola, e ser um
grande desafio para os profissionais, devido à falta de conhecimento e as
especificidades que isso implica.
Ao Ffalar da inclusão da criança autista implica em analisar e conhecer sobre
o espectro do autismo. Nesse sentido, é preciso conhecer o que as leis e políticas dizem
sobre o autismo, pois, são elas que embasam e balizam todo e qualquer trabalho
inclusivo na escola. Dentre as principais leis vigentes e documentos oficiais que falam
sobre a inclusão do autista na escola regular, destacamos aquelas que abrangem,
nacionalmente, a prática do professor. Começamos pela Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que é um documento

18
elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de
junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. Essa
política é de extrema importância para a Educação Inclusiva como um todo., pois
aborda Essa política traz que o autista tem direito à educação, na modalidade educação
inclusiva, isso porque que: A a partir dessa conceituação, considera-se que pessoa com
deficiência é aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental
ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ser restringida sua
participação plena e efetiva na escola e na sociedade. ( BRASIL, 2007, P. 9, grifo
nosso).
Essa afirmação legalmente se faz importante, pois apresenta que os alunos
com autismo, ou espectro do autista, são também público alvopúblico-alvo da
educação especial, isso implica que eles possuem direito de Atendimento Educacional
Especializado (AEE), além de garantir o acesso desde a educação infantil. O
atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a
plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Mas
podemos perceber que nesta escola a professora foi pouco orientada que sempre que
havia um entrave ela buscava por si só a solução, o (AEE) atendimento educacional
especializado através da secretaria da municipal da educação passava na escola para
vistoriar processos com a coordenação pedagógica e direção. As atividades
desenvolvidas no atendimento educacional especializado tinham que diferenciar
daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à
autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2007, P. 10).
O AEE é importante por ser um complemento, com professores especialistas.,
Oos profissionais nesse espaço devem atuar para complementar a atuação do
professor na sala regular, e, como o autismo é público alvopúblico-alvo da educação
especial, tem direito garantido ao acesso e permanência nao AEE. Além disso, temos
uma legislação específica para o autismo. A inclusão do autista na Educação Básica é
obrigatória, de acordo com a Lei nº 12.764/12, que institui a Política Nacional da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, artigo 1º. De acordo com este artigo, no

§ 1º, a pessoa com transtorno do espectro autista é a que possui síndrome


clínica caracterizada na forma dos incisos I ou II, quais sejam: I -

19
deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação
verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível
de desenvolvimento; II - padrões restritivos e repetitivos de
comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais
incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento
ritualizados; interesses restritos e fixos. § 2o aA pessoa com transtorno do
espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos
legais. (BRASIL, 2012)

A partir desses pressupostos pode-se afirmar que a criança autista terá


dificuldades com suas relações sociais, tal como necessitar de antecipação sobre o que
vai acontecer, devido a sua necessidade de padrões, é o que chamamos de rotinas na
educação infantil. Isso implica em um grande desafio para o professor, uma vez que
Vygostky (1987) já afirmava que a aprendizagem se dá na infância, pela troca com os
pares, nessa troca as crianças vão desenvolvendo a sua zona de desenvolvimento.
Como a criança autista possui essa dificuldade, desafia o professor a pensar outras
propostas que atenda asàs suas necessidades. NoO artigo 2º, define as diretrizes da
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista:

I – a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no


atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista; II - a participação
da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas
com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação,
acompanhamento e avaliação; III - a atenção integral às necessidades de
saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o
diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a
medicamentos e nutrientes; VI - a responsabilidade do poder público
quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações; VII -
o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no
atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e
responsáveis; VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para
estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as
características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no
País. § 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa
com deficiência, para todos os efeitos legais. (BRASIL, 2012)

Conforme o artigo 3º, os direitos do autista são garantidos e devem ser


zelados, destacamos para esse momento que se refere à educação:

I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da


personalidade, a segurança e o lazer; II - a proteção contra qualquer forma
de abuso e exploração; (...) IV - o acesso: a) à educação e ao ensino
profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência protegida; c) ao
mercado de trabalho; d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com

20
transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino
regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante
especializado. (BRASIL, 2012)

Essa lei é um marco para a história e para as conquistas de grupos sociais que
lutam pelo direito de acesso, de garantia das pessoas com autismo. Para a educação
essa lei vem ampliar os recursos, uma vez que o seu acesso aà escola já estava
garantido, e vem dizer sobre o direito a acompanhante caso comprovada a
necessidade. Esse item é de extrema importância uma vez que não deixa claro, quem é
o profissional que será o acompanhante, tal como a sua formação, e não propõe como
será comprovada essa necessidade. No decorrer do estudo na escola vi a luta da mãe
do M.E. em busca desse acompanhante para auxílio na sala de aula, uma vez que o
apoio do AEE falava que criança não precisava de monitora pelo fato de ter controle
esfíncteres esse fator para a escola, para o professor pode desencadear uma
dificuldade e até mesmo uma lacuna para seu trabalho e como
conseqüênciaconsequência prejudicar o desenvolvimento da criança. Durante o
decorrer do ano a mãe conseguiu uma monitora para auxiliar no trabalho juntamente
com a professora onde pude perceber que o trabalho em conjunto das duas favorecia
tanto ao M.E quanto a sala de aula como um todo. A professora conseguia dividir a
atenção dela com os demais e articular melhor seu trabalho, esse fator ocorreu no
meio do ano quando ela já havia estruturado seu vínculo afetivo com a criança e
desenvolvido técnicas e estratégia para lidar com M.E. até aquele momento.
Podemos, portanto, exemplificar tudo que foi feito pela professora através de
técnicas e metodologias para melhoria e adaptação do aluno autista na educação
infantil, em escola regular. Será exemplificado, neste trabalho de estudo de caso,
através de uma breve discussão sobre métodos de escolarização do aluno autista sobre
a ótica do método Denver e ABA. Esses métodos foram apresentados para professora
e coordenação a título de ajuda e orientação neuropscicopedagógica e
neuropsicológica em prol de beneficiar futuramente outros alunos que irão com TEA.
Foi feito um questionário para a educadora responder o que sabia sobre os métodos,
depois foi feito uma reunião com base nas respostas e foi falado sobre o assunto da
seguinte forma: como foi criado o modelo Denver e ABA, qual idade ideal para
aplicação dos modelos, como foi criado, quais os mecanismos e no que se baseiam.

MODELO DENVER\ABA:

21
O modelo foi criado no início dos anos 80 com a intenção de estimular e
ensinar aos pacientes o contato social. O método pode ser definido como um
mecanismo ou um protocolo de abordagens de cunho mais desenvolvimentista. Além
disso, ele serve para intervir nos atrasos manifestados pela criança em função do
autismo. No método de Denver o objetivo é que a criança e o profissional criem uma
relação enquanto parceiros nas atividades, a interação social é a principal finalidade
dos jogos criados. Quando apresentei para educadora essa introdução, ela se lembrou
dos modelos de interação por ela usado e das teorias de Vigotsky que é um precursor
do ssuposto interacionismoista.
O método Denver é uma intervenção precoce, que é aplicado em crianças na
faixa dos dois a três anos de idade por pessoas aptas a fazer intervenção, o Denver é
um dos modelos mais consideráveis, com maiores evidenciasevidênciasse e com ampla
difusão em meio a especialistas dessa área. oO modelo trástraz alguns princípios
fundamentais para trabalhar com as crianças que vivem com TEA- Transtorno do
Espectro Autista e podem ser usados no dia a dia. Esta abordagem foi considerada,
em 2012, como uma das dez maiores descobertas na área médica, elea se distingue
pelo uso de estratégias de ensino, o objetivo é que as crianças aprendam através de
jogos, sem deixar de lado os princípios da ciência aplicada ao comportamento.
O Modelo de Denver utiliza as sequências de desenvolvimento infantil como
bases para a avaliação da criança, depois da avaliação e diagnóstico são definidos os
objetivos de intervenção nas diferentes áreas de desenvolvimento, estas incluem as
competências sociais, comunicação receptiva e expressiva, desenvolvimento cognitivo
e habilidades motoras. A estimulação cognitiva quando é feita antecipadamente ajuda
a criança naquilo que poderia ser uma implicação futura, o modelo DENVER se
baseia muito em auxiliar a criança sobre aprendizagem antecipada. pPara crianças
com TEA, ele trabalhando o emocional e social por meio de práticas e da interaçõesão
generalizadas. Na explicação do modelo para equipe pedagógica da escola, elas
participaram fizeram um link com todo trabalho desenvolvido em sala de aula, a
professora disse: “( ...) , o segredo eu percebi é usar as coisas que elas gostam como
estimulação para que possa haver interesse, daí vamos substituindo aos poucos”, isso
tive que perceber sozinha, e demandou tempo e desgaste”.

22
Figura -03

Fonte: Elaborada pelo autor - Karla Niana Monteiro Rezende


(Foto-autorizada pelo responsável)

No modelo DENVER é necessário colocar a criança para fazer o que ela gosta,
crianças com transtorno do espectro autista tem fascínio por determinados objetos,
criar formas para estimular atividades envolvendo o contexto da criança é de muita
valia. Todo esse trabalho valoriza a interação social e a comunicação verbal da
criança com TEA. Para complementar apresentamos o método ABA, um modelo de
intervenção precoce mais atualizado do DENVER. Esse modelo é intensivo com
duração de 3 a 4 horas por dia passando por cinco eixos.: São eles:
São eles: – O primeiro eixo enfatiza a orientação social (treinar a identificar
rostos, expressões faciais, criar mecanismos para que ela compreenda pessoas e saiba
identificar indivíduos; seus traços característicos: físico, gestual, facial ou corporal
para que essa criança se habitue a direcionar seus interesses para pessoas e não só
para objetos específicos. Esse eixo estimula o cérebro a ter a percepção social.
– O segundo eixo, por sua vez, é focado no trabalho cujo direcionamento é
feito para a linguagem social e contextual do pequeno, de forma que o paciente cresça
com o estímulo à relação social.
– O jogo social enfatiza atividades que ajudam a direcionar suas atitudes,
preocupando-se com o outro. Isso ensina a empatia.

23
– Esse eixo é responsável por trabalhar o jogo simbólico. A criança vai
aprender a brincar simbolicamente. Não só brincar com partes dos brinquedos, mas
de forma realmente lúdica.
– O último eixo trabalha com a redução de deficiências iniciais motoras,
sociais, de linguagem, adaptabilidade, de regras e rotinas. Esse método foi
apresentado com intuito de abranger mais o conhecimento para da equipe da escola,
pois são variasvárias as crianças que já passaram por lá com TEA.
O método ABA tem como objetivo de modificar o comportamento, destaca-se
por ser extraído da teoria Behaviorista, ou seja, estímulo e resposta, onde se observa,
analisa e ,explica a relação entre o meio, comportamento e a aprendizagem. Foi
relembrando nessa reunião o livro publicado por B.F Skinner “The Behavior of
Organisms” (O comportamento dos Organismos) em 1938, que mostra a grande
descoberta do comportamento operante, no qual fornece transformações, e ajuda na
aprendizagem através do estímulo reforçado, que procede em uma probabilidade
ampliada de que um ou outro comportamento ocorra.
O comportamento operante é capaz de fortalecer uma reação quando oferece
um estímulo logo após esta reação. Portanto, o método ABA proporciona a criança
autista um trabalho de alcance a interação ao meio social, de forma que elabore um
planejamento adequado envolvendo todos os lugares de convívio dessa criança. De
acordo com Mello (2001), o método ABA, é um tratamento comportamental indutivo,
ou seja, constroem por etapas, juntamente com a criança, novas habilidades não
trabalhadas. Assim, são construídas individualmente de forma integrada a uma
indicação ou instrução.

CONCLUSÃO:
Percebemos que a inclusão de alunos autista na escola regular ainda é um
desafio nos dias atuaisatualmente, pois, muitas vezes, os professores não estão
preparados para lidar com certas situações, uma vez que não tiveram uma formação,
tanto a nível inicial, como contínua, que abordassem as práticas educacionais que são
necessárias para obter a verdadeira inclusão.

Além do mais, para que ocorra a inserção de fato, as políticas públicas


instituídas devem ser colocadas em prática, ou seja, as estruturas físicas, pedagógicas
e de pessoal devem estar de acordo com os meios legais para atender os alunos com

24
autismo em todos os seus aspectos. Nesse sentido, é preciso que ocorra um trabalho
coletivo entre os profissionais da escola, professor regente e do AEE, e, também, é de
extrema importância que um profissional capacitado e formado adequadamente
acompanhe esse aluno diariamente em sala de aula. Esse acompanhamento fortalece o
vínculo do autista com uma pessoa de confiança e referência e facilita o trabalho
pedagógico do professor.
É importante lembrar que, embora existam as manifestações mais comuns,
elas não são condições determinantes para diagnosticar um autista. É necessário um
acompanhamento profissional minucioso e processual para se diagnosticar com
precisão. O ideal é que esse diagnóstico seja feito de forma coletiva, com a
participação de diferentes profissionais, como pediatras; psiquiatras; clínicos gerais;
psicólogos educacionais e fonoaudiólogos e, utilizando também de relatos da família e
de pessoas próximas.
Como foi explanado ao longo do trabalho, existe um grau de variação dentro
do espectro autista, que pode ir do mais leve ao mais severo, nesse contexto a criança
tem grau leve, mas em vários momentos relatados pela professora ele teve
comportamento agressivo e opositor. Podemos concluir que o aluno M.E com passar
do tempo, e as estimulações, reabilitação e adaptação feita pela a professora, ele
conseguiu se socializar com um grupo pequeno de pessoas que possuía a comunicação
favorável e no desenvolver do semestre foi só evoluindo.
Neste estudo pode se perceber-se que o senso de eficiência da professora foi
visível em alguns aspectos, teve uma baixa expectativa no inicioinício do processo
evidenciado pela falta de conhecimento que possuía para realização do seu trabalho,
mas logo houve a adequação de sua prática pela necessidade constante de se assegurar
um bom trabalho e aperfeiçoar sua prática. Mediante estes resultados destaca-se a
importância da realização de novos estudos, investigando mais especificamente que
fatores estão implicados nessa dificuldade da própria formação e a autonomia para
criar e experimentar métodos e adaptações.
A capacitação de professores na educação infantil para lidar com alunos com
TEA é de extrema importância, pois terão foco e não irão passar por implicações
para desenvolvimento de atividades, permitindo, assim, a construção do
conhecimento, articulação entre teoria e prática e a dissolução de mitos e distorções
quanto ao desenvolvimento e a educabilidade de crianças com autismo. Antigamente,

25
os estudos e especialistas focavam na atenção aos casos graves. O paciente era
direcionado às escolas especiais e usava medicamentos que evitassem o comportamento
agressivo. Hoje, as pesquisas mostram a relevância de cuidar também dos casos
moderados e leves. Atualmente, as medidas são muito mais voltadas à intervenção e
escolarização precoce, participação efetiva dos pais no processo de desenvolvimento e
uso de terapias direcionadas, como a terapia comportamental.
Os resultados deste estudo, pelo menos no que refere ao aluno com TEA leve
na educação infantil, parecem inicialmente apontar para a necessidade da formação
continuada dos professores, sobretudo perceber a importância das metodologias
usadas no dia a dia para buscar uma melhor adaptação e aprendizado, além de
observar que, quanto mais cedo o diagnóstico e aplicabilidade das técnicas mais
eficácia haverá no processo social, emocional, comportamental, maior velocidade de
formação das redes neurais no cérebro. Quando você oferece um estímulo em idade
precoce, o cérebro está formando muitas conexões, logo, melhoram as chances de novas
adaptações e aprendizagens referentes àquela habilidade almejada. Quanto mais cedo
intervir, mais fácil do cérebro responder, o TEA não tem cura, mas a intervenção
precoce pode mudar o futuro da criança, melhorando muito a qualidade de vida.
Há pacientes com o nível leve que possuem uma vida normal, são casados, tem
sua profissão, quanto mais cedo o diagnóstico, melhores são as possibilidades, além
disso, o responsável pelo desenvolvimento da criança com TEA deve estar atento as
janelas de oportunidade para desenvolver certas habilidades, que para a linguagem é
até os três anos com estímulos correto a possibilidade da comunicação se expande
significativamente. É preciso compreender que o cérebro da criança com o TEA é
diferente do cérebro das demais, por exemplo, em momentos de crises de
desorganização, a gentenós temos que tirar o fator de incômodo para que ela volte ao
seu comportamento normal. Às vezes, a gente insiste com as demais crianças, pois elas
se sensibilizam, o que não acontecerá com as crianças com TEA.
Além disso, os seus interesses restritos devem ser utilizados para estimular a apreensão
de novas habilidades. Se a criança gosta de calendários, podemos usar calendários de
várias tonalidades para ensinar o nome das cores, sempre tentar capturar a atenção da
criança através da aproximação com o seu interesse. Organizar o horário de sono
também é fundamental, pois elas precisam dormir bem, outro fator essencial – talvez
o mais importante –, é a presença qualitativa da mãe e do pai, eles têm que brincar e
estar juntos, fazer atividades ao ar livre e, principalmente, lidar com essa criança de
maneira natural e afetuosa, pois não é só papel da escola. Elas precisam ter uma

26
infância comum, pois são crianças como quaisquer outras, apenas possuem uma
forma diferente de pensar, perceber o mundo e agir.

Figura-04

Fonte: Elaborada pela autora- Karla Niana Monteiro Rezende


(Foto autorizada –pelo responsável-mãe)

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