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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ................................................ 4

2.1 Arquitetura genética do transtorno do espectro autista ........................ 8

2.2 Epidemiologia e etiologia.................................................................... 11

2.3 Neurofisiologia e neuropatologia ........................................................ 12

2.4 Genética e outros aspectos ................................................................ 12

2.5 As causas do transtorno ..................................................................... 13

2.6 Transtorno do espectro autista (TEA) e a linguagem: a importância de


desenvolver a comunicação .................................................................................. 15

3 AUTISMO INFANTIL E AUTISMO NA VIDA ADULTA .............................. 20

4 DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ... 22

4.1 Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ....................... 24

5 A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM AUTISMO ...................... 31

6 Família e Autismo ..................................................................................... 36

7 ESCOLA E FAMÍLIA ................................................................................. 40

8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

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2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Fonte: povosindigenas.com

O transtorno do espectro autista, apresenta sintomas que podem causar


prejuízos ou alterações básicas de comportamento, visto que o transtorno é definido
como uma condição comportamental, também pode afetar a interação social da
criança, dentre outras características como comportamentos repetitivos ou
estereotipados, alterações na cognição, dificuldades na comunicação, como por
exemplo, na aquisição da linguagem verbal e não verbal. É importante ressaltar que
nos marcos de desenvolvimento dessas habilidades tem um atraso significativo, isso
pode ser desenvolvido nos primeiros anos de vida da criança, (GAIOTO M; et al.,
2018).

Para que se tenha uma melhor compreensão da síndrome, o primeiro passo


é definir o Autismo que é onde a mesma se encontra de acordo com o DSM
V (2013). O Autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo como é de fato
sua definição, foi descrito segundo Teixeira (2013, p. 180 apud SILVA; 2018),
“pelo médico, pesquisador e professor da Johns Hopk University, psiquiatra
infantil Leo Kanner, em 1943”.

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Portanto, como caracteriza (ALMEIDA S; et al., 2018), o (TEA) transtorno do
espectro autista pode ser considerado como um dos transtornos que faz parte do
grupo de transtorno de neurodesenvolvimento e ele é mais predominante na infância.
Dois domínios centrais fazem parte do (TEA) e é caracterizado também por eles:
1) Padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades;
2) Déficits na comunicação social e interação social;
Os atrasos de comportamento social da criança autista estão associados as
dificuldades de se relacionar com outras pessoas e conforme a criança vai crescendo,
tendem a ficar mais evidentes, pois as demandas sociais aumentam a cada dia, isso
significa que a criança não atinge os marcos evolutivos esperados para a sua idade.
Podemos dizer então que o atraso do comportamento social são sinais precoce do
autismo. Na maioria das vezes essa condição sobre a dificuldade de interação social
e de relacionamento pode passar a impressão de que a criança não consegue
socializar com outras pessoas, por está fechada dentro de seu mundo particular,
(GAIOTO M; et al., 2018).
Já a aquisição da linguagem verbal é percebida quando a criança não aprende
a falar ou tem atrasos significativos quando comparada a outras crianças da mesma
faixa etária. A aquisição da linguagem são dificuldades de linguagem e estão
presentes na grande maioria das crianças autistas e podem ser representadas
também pela aquisição de linguagem não verbal que é quando a criança não
consegue apontar para objetos ou não sabe o significado de “mandar tchau” ou até
mesmo quando alguém esta triste e que por isso está chorando, a criança não
consegue fazer essa identificação (GAIOTO M; et al., 2018).
As repostas repetitivas é outra característica comum nas crianças autista,
essas respostas são consideradas estereotipias motoras em que a criança acaba se
estimulando objetivando a regulação sensorial e até mesmo uma busca por
sensações físicas de prazer. A maneira como a criança lida com essas respostas
repetitivas seria uma forma de se reorganizar diante de um incômodo ou uma situação
desconfortável e diminuir a ansiedade. Em caso de extrema ansiedade ou estresse as
crianças estereotipias usa essa ferramenta como forma de buscar conforto e
autorregulação, (GAIOTO M; et al., 2018).

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Outros exemplos que são comuns em crianças estereotipias motoras e que são
observados é o rocking (mover o tronco para a frente e para trás), movimentar as
mãos na frente do rosto, andar na ponta dos pés, olhar objetos que giram, girar sobre
o próprio eixo ou correr sem um objeto claro, também tem o flapping (movimento de
balançar as mãos). Os prejuízos de cognição é outra característica comum em
crianças autista, as pesquisas apontam cerca de 50% das crianças (TEA) apresentam
prejuízos intelectual. O prognóstico dessas crianças é considerado o pior, tendo em
vista a comparação com as crianças no espectro com inteligência normal, pois
resistem ou têm mais dificuldade para aprender novas atividades ou comandos e
novas habilidades, (GAIOTO M; et al., 2018).
O transtorno do espectro autista, de modo geral, pode se apresentar de várias
formas, o mesmo apresenta um universo de possibilidades sintomatológicas, cada
criança apresenta um caso diferente e todas elas têm as suas particularidades
individuais que merecem cuidados e intervenções individualizadas. Mesmo que uma
criança tenha o mesmo grau de autismo de uma outra criança “ No autismo, cada caso
é um caso diferente”, (GAIOTO M; et al., 2018).
Contudo, o fato da multiplicidade ser complexa torna –se um verdadeiro
universo de características de sintomas que abarca problemas como dificuldades
sociais, sensoriais, acadêmicas, motoras e cognitivas, comportamentais. No entanto,
existem uma gama de possibilidades de intervenções clínica que são necessárias e
também são possíveis pelas suas multiplicidades, elas podem ajudar a vida dessas
crianças e de suas famílias, (GAIOTO M; et al., 2018).
De acordo com (GAIOTO M; et al., 2018), o tratamento deve ser desenhado de
maneira individualizada para atender as necessidades específicas de cada pessoa,
levando em consideração a grande complexidade que o (TEA) transtorno do espectro
autista representa e na forma individualizada e única de cada pessoa, dando a
importância sobre as características e demandas individuais e também a gravidade
dos sintomas e prejuízos apresentados. As intervenções devem envolver a
coordenação de diversos serviços com o acompanhamento interdisciplinar e são eles:
➢ Educacionais,
➢ Psicoterápicas,
➢ Terapeuta ocupacional,
➢ Fisioterapeuta,

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➢ Psicólogo comportamental,
➢ Fonoaudiólogo,
➢ Educador físico
➢ Psicopedagogo,
➢ Neuropsicopedagogo
➢ Acompanhante terapêutico,
➢ Médicas que dependendo do caso poderá contar com médico
especialista,
➢ Educadores, entre outros profissionais.
A detecção precoce dos sinais e sintomas é primordial e importante, pois
quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores resultados serão alcançados no
desenvolvimento cognitivo, as habilidades sociais e linguagem (LAMPREIA, 2007;
REICHOW, 2012 apud MIELE F; 2016). De modo geral, os familiares mais próximos
e os pais conseguem identificar os primeiros sintomas e sinais do transtorno.
O autismo hoje é definido então como transtorno do espectro autista, isso
significa que são sintomas que fazem parte de um espectro amplo com vários
sintomas diferentes, levando em consideração que já são mais de 200 genes
relacionados aos sintomas do autismo, dessa forma se dentro de um gene já existem
diversas variações comportamentais, imagina então a quantidade de diferentes
comportamentos que os autistas têm em centenas de genes diferentes.
Deve – se ressaltar também sobre a atualização da síndrome de Asperger, a
mesma não existe mais nos manuais de diagnósticos como o DSM-5 (Manual
Estatístico dos transtornos mentais) onde os médicos se baseiam para realizar o
diagnóstico e também na nova versão do CID-11 (Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) na qual é
caracterizado por ser o código internacional da doença. Através do CID toda doença
tem um código que contém um número para ser universal e internacional, o que
determina a característica e o tipo de transtorno que a pessoa tem, de acordo com as
especificações desses manuais a síndrome de asperger não existe mais, agora ela se
encaixa dentro do transtorno do espectro autista (TEA), como autismo leve.

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Contudo, ao invés de mencionarmos síndrome de Asperger ou de autismo
clássico, agora tudo é (TEA) e é separado em níveis diferentes de gravidade e também
pelas dimensões de sintomas que estão mais comprometidos e não mais em nomes
ou termos.
Dessa forma, existem muitas variações na manifestação dos sintomas, o que
implica diferentes necessidades educacionais e terapêuticas, o conceito de espectro
autista surgiu para mostrar que o rótulo “autismo” pode representar um conjunto
bastante heterogêneo de individualidades.
Tendo em vista, que os principais pontos de critérios diagnóstico do T.E.A, já
mencionados acima, são: as dificuldades nas relações sociais, dificuldades na fala
e/ou na comunicação, estereotipias e/ou interesses restritos. Os dados atuais de
estudos recentes mostram que o (TEA) atinge 1% da população, isso quer dizer que
uma em cada 100 pessoas tem o diagnóstico do transtorno do espectro autista.

2.1 Arquitetura genética do transtorno do espectro autista

O TEA é considerado uma doença geneticamente heterogênea e complexa, já


que apresenta diferentes padrões de herança e variantes genéticas causais. Para que
possa compreender a arquitetura genética atualmente definida do TEA, é importante
levar em consideração os aspectos epidemiológicos e evolutivos, bem como todo o
conhecimento disponível sobre as alterações moleculares relacionadas à doença.
Devemos considerar primeiramente, a frequência de variantes genéticas presentes na
população que é uma regra evolutiva primordial influenciada por elas: se uma
determinada variante tende a apresentar baixa frequência na população ou se essa
variante genética tem efeito nocivo para o organismo e afeta negativamente a chance
reprodutiva dos indivíduos (seu potencial reprodutivo), já que não será transmitida
para as próximas gerações, (OLIVEIRA K; et al., 2017).
Na verdade, esse é o caso da maioria das doenças monogênicas: geralmente
são raras devido à baixa frequência dos respectivos alelos causais na população. De
acordo com essa suposição, se uma doença que reduz a adaptabilidade é comum na
população, é improvável que seja causada por uma única variante com efeitos
funcionais extremamente deletérios. Por este motivo, o modelo de herança poligênica
ou multifatorial (que representam os genes combinados a fatores ambientais) são

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deduzidos como doenças comuns com componentes genéticos e que fazem parte
desse modelo e são causadas pela herança de uma combinação de variantes
genéticas, e cada qual associadas a baixo risco de desenvolvimento da doença,
(OLIVEIRA K; et al., 2017).
Como os efeitos do impacto do fenotípicos a tendência de cada variante é
baixa, se um indivíduo for portador de algumas ou algumas delas, eles não
desenvolverão a doença e as variantes continuarão a ser transmitidas de geração em
geração e se tornarão comuns na população. Portanto, a possibilidade de um
indivíduo herdar uma quantidade suficiente dessas variantes de baixo risco para
desenvolver a doença não é tão rara. Baseado nestes conceitos, a herança
responsável pela maioria dos casos de TEA, vem do padrão poligênico ou multifatorial.
Dessa forma, ao passar dos anos, certificou –se que um número considerável de
pacientes com TEA apresentava mutações raras com efeito deletério sobre o
desenvolvimento neuronal, que seriam suficientes para, sozinhas, causarem a
doença, (OLIVEIRA K; et al., 2017).
Para (OLIVEIRA K; et al., 2017) a mesma variante genética com potencial efeito
deletério é compartilhada pelos indivíduos afetados em algumas famílias, mas
também está presente em indivíduos não afetados, sugerindo um padrão monogênico
de herança com penetrância fenotípica incompleta. Deste então, atualmente os
padrões de herança do transtorno do espectro autista foram revisados e uma
interação entre variantes raras e comuns passaram a ser a explicação mais provável
para estes achados e para a arquitetura genética subjacente da doença, veja a (Figura
abaixo):
Dessa forma, uma parte dos casos seria causada por um grande número de
variantes comuns de baixo risco que, unidas, tem a capacidade de desencadear o
desenvolvimento da doença. Em relação aos outros casos esses já são causados por
um número médio de variantes comuns de baixo risco, as quais levariam ao
desenvolvimento do TEA quando combinadas a uma variante rara de risco moderado,
(OLIVEIRA K; et al., 2017).

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Fonte: scielo.br

Também há casos em que algumas variantes de baixo risco levam ao


desenvolvimento da doença, quando combinadas com algumas variantes de risco
moderado. Em todas essas situações, o risco de recorrência de TEA na família é maior
do que em geral a população, levando em consideração que os alelos de risco estão
presentes neste grupo de indivíduos. Finalmente, o TEA também pode ser causado
por uma única mutação com efeito deletério. Estas mutações de alto risco são
geralmente eventos de novo, associados a uma alta penetrância. (OLIVEIRA K; et al.,
2017).

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Em relação a este caso, o risco de recorrência na família é o mesmo da
população em geral (exceto em casos de mutações germinativas). Apesar de
contribuir amplamente para o risco de TEA, essas variantes são difíceis de se
identificar, pois estão relacionadas a efeitos sutis, e a maioria ainda é desconhecida.
Portanto, muito do nosso conhecimento sobre os genes envolvidos na etiologia do
TEA vem de estudos que identificaram variantes de risco moderado a alto. Através
dos estudos sobre TEA estima-se que variantes com mais de 400 genes e diversas
variações no número de cópias (variações no número de cópias - CNV) correspondam
a eventos de deleção e duplicação, podendo representar um risco moderado a alto de
desenvolver a doença. (OLIVEIRA K; et al., 2017).

2.2 Epidemiologia e etiologia

Os fatores relacionados as questões epidemiológicas estão ligados ao TEA


desde de o período perinatal até a idade adulta. Esses fatores são relacionados as
condições como a hemorragia gestacional, diabetes, uso de medicações como o ácido
valpróico, drogas e álcool, depressão materna e infecções durante a gravidez, são
consideradas através de pesquisas como situações de risco para o desenvolvimento
do TEA no período perinatal, (MENEZES; 2020).
Embora as complicações durante a gravidez e logo após o parto sejam
consideradas as mais influentes para o desenvolvimento de TEA, fatores genéticos e
neurogênicos, alterações imunológicas, exposição a mercúrio, entre outras questões
são estudadas como possíveis desencadeadoras do transtorno. Em relação ao
passado os números variam e têm crescido, devido à maior influência do TEA e
consequentemente aumento de estudos na área, mas, nestes, supõe que
globalmente, a média de prevalência do transtorno seja de 20,6/10.000, com variação
de 0,7/10.000 a 72,6/10.000, (MENEZES; 2020).
Por outro lado, dados epidemiológicos mundiais, conjecturaram, em 2010,
113,6/10.000 casos. Um estudo piloto no Brasil aponta baixa taxa de prevalência para
Transtorno Global do Desenvolvimento – quase 0,3%6, porém neste estudo não há
informações concretas sobre o TEA especificamente. Na América do Sul, a uma baixa
taxa de prevalência que também aparece nos poucos estudos encontrados. O baixo
número de estudos sobre o transtorno, aponta-se como possíveis causas para esses

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resultados, falta de profissionais de saúde e população, falta de conscientização, e
conseguinte, idade avançada de diagnóstico e manutenção de registros precários,
além de problemas metodológicos, como amostras pequenas, (MENEZES; 2020).

2.3 Neurofisiologia e neuropatologia

A neurofisiologia e a neuropatologia, aparecem como fatores-chave para o


surgimento do Transtorno do Espectro Autista, alterações no desenvolvimento
cerebral, entre o período neonatal até a adolescência, circunscrevendo vias
neurofisiológicas e células variadas no telencéfalo, centros corticais e subcorticais,
inclusive marcando o crescimento, e o aumento do cérebro na infância e na
adolescência como contribuinte para TEA. Em regiões ligadas a interpretação afetiva,
após a adolescência, nota-se declínio no crescimento e anormalidades, perspectiva
social e comunicação, como a área de Broca na região frontal, regiões temporal, com
a área de Wernicke e dos lobos parietais, amígdala, região caudal e gânglio basal,
além do cerebelo, (MENEZES; 2020).
Quanto às vias, observa-se alterações na via media no fascículo lenticular,
prosencéfalo, no corpo caloso, na cápsula interna, envolvendo os neurotransmissores
serotonina, GABA e fatores neutróficos bem como receptores nicotínicos. Além de
tudo, os astrócitos e as células microgliais e de Purkinje também aparecem como
afetados e influenciadores para o desenvolvimento do TEA, (MENEZES; 2020).

2.4 Genética e outros aspectos

Com média de 50% de responsabilidade nas estimativas recentes, há trabalhos


que registram variações de 40% a 90% de herdabilidade genética para Transtorno do
Espectro Autista. No desenvolvimento do TEA, no momento, os estudos apontam a
presença de elementos genéticos, epigenéticos e ambientais envolvidos. Existem
indícios de que deleções ou duplicações de segmentos de cromossomos e mutações
no nível dos nucleotídeos se associam à etiologia do transtorno. Além do mais,
diferentes mutações em um mesmo gene ou diferentes genes que sofreram mutações
em uma mesma via podem ser responsáveis por graus diversos de severidade na
manifestação do TEA, (MENEZES; 2020).

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Dessa forma, podem alterar a expressão gênica através das assinaturas
epigenéticas, como a metilação da citosina na cromatina, o que pode resultar de
fatores ambientais, como exposição a metais pesados (cádmio e mercúrio), a
substâncias químicas industriais (benzeno, bisfenol e dioxina) e a emissão de carbono
veicular, também influenciando o desenvolvimento do TEA, (MENEZES; 2020).

2.5 As causas do transtorno

sabemos que as etiologias do autismo são múltiplas, assim como existem


comorbidades com outros transtornos e distúrbios. Teoricamente existem explicações
que apontam para causas orgânicas e também que atribuem as causas ao caráter
psicológico. Pouco se sabe sobre essa condição, os estudos internacionais sobre as
etiologias do TEA ainda não são conclusivos. Por exemplo, Portolese (2017 apud
SANTOS F; et al., 2020), diz que os fatores genéticos e biológicos são os
responsáveis pelo TEA, de acordo com os mecanismos epigenéticos se
mostrarem/serem fatores importantes, porém, as desordens hereditárias como fatores
explicativos não descartadas para esse autor.

Portolese (2017apud SANTOS F; et al., 2020) traz como evidências as


pesquisas realizadas com gêmeos cujos resultados mostraram alta
reincidência de diagnóstico. Segundo ele as pesquisas mostram, mesmo que
ainda careçam de aprofundamento de estudo, que há maior risco de
recorrência de TEA em famílias nas quais já existe uma criança autista.

Acredita Betancur (2011 apud SANTOS F; et al., 2020) que são frequentemente
consideradas herança poligênica, ou mesmo multifatores, as explicações
relacionadas à origem genética.
Após a descoberta que as mutações nos neurônios eram capazes de promover
o transtorno, hoje ele é caracterizado pela junção de variações comuns e raras,
levando em consideração que por muitos anos o TEA foi explicado pela herança
poligênica, (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017 apud SANTOS F; et al., 2020).
Dessa maneira, identificar diferentes padrões genéticos do TEA é possível
como (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017 apud SANTOS F; et al., 2020) por exemplo:
➢ Herança Monogênica Comum;
➢ Herança Oligogênica;
➢ Herança Poligênica.

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Portolese (2017 apud SANTOS F; et al., 2020) destaca-se que os estudos
epidemiológicos mostram os fatores ambientais como explicação para o TEA:
teratógenos, exposições tóxicas, infecções pré-natais, como rubéola e
citomegalovírus, insultos perinatais, estão presentes em alguns casos atuando como
“gatilhos ambientais”. Além do mais, a idade paterna e materna de mais de 40 anos
também foi descrita em alguns estudos como estando associadas a uma maior
prevalência desse transtorno.
Há também fatores de risco para a ocorrência do TEA dentre eles estão a
prematuridade, assim, como em outras deficiências, malformação do sistema nervoso
central, infecções congênitas e síndromes, outras ocorrências de histórico
gestacional. Uma pesquisa realizada por Harmon (2015 apud SANTOS F; et al., 2020)
observou-se que diferentes partes do cérebro trabalhem juntas, ou seja, o cérebro do
autista tem dificuldade de integração. Isso pode afetar a percepção sensorial, os
movimentos e a memória e a dificuldade na realização de atividades complexas
(HARMON, 2015 apud SANTOS F; et al., 2020).

Pesquisa publicada pela Autism Research, a partir do estudo do


Eletroencefalograma (EEG) de crianças com desenvolvimento dentro do
esperado para a idade e crianças com autismo, demonstra que nas crianças
com autismo o tempo gasto para integrar dois estímulos (som e vibração)
quando chegavam juntos foi maior do que para as crianças sem autismo
(INSAR, 2018 apud SANTOS F; et al., 2020). Outra conclusão dessa
pesquisa demonstra que o sinal apresentado no EEG, embora semelhante
nos grupos, na criança com autismo tinha força menor, representado por
ondas de menor amplitude (INSAR, 2018 apud SANTOS F; et al., 2020).

Quanto a prevalência de diagnóstico de TEA na população a recorrência é de


1 menina para 4 meninos. Ressalta – se que por apresentarem sintomas mais leves,
muitas meninas não são diagnosticadas. A figura a seguir ilustra os diferentes
comportamentos entre os sexos:

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Fonte: anec.org.br - Autismo no Brasil (2019)

2.6 Transtorno do espectro autista (TEA) e a linguagem: a importância de


desenvolver a comunicação

O homem é um ser estritamente social e, segundo o autor, é por isso que o


homem precisa construir vínculos e relações, que se desenvolvem principalmente por
meio do uso da linguagem, tanto verbal quanto não verbal, a vida do ser torna-se
realidade, choca e/ou compartilha informações, pensamentos, exibe ideias,
sentimentos e conceitos, e começa a desenvolver habilidades e habilidades,
competências que facilitam o pensamento e a ação.
De acordo com Miilher Os seres humanos são os únicos animais que podem
se comunicar usando símbolos. Esse poder simbólico não é apenas um marcador
entre as espécies, mas também um marcador da sociedade e entre os indivíduos. Os
melhores comunicadores são conhecidos por demonstrar melhores habilidades
sociais e tendem a ser emocionalmente mais saudáveis e mais satisfeitos.
A linguagem certamente facilita a comunicação. Portanto, a capacidade de se
comunicar por meio de signos e/ou símbolos é considerada a base para a formação
da sociedade e, por isso, o ser humano está constantemente experimentando
diferentes linguagens e métodos de comunicação na tentativa de criar/construir ou
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desenvolver alguma coisa. No entanto, às vezes a comunicação significativa pode não
ser estabelecida, como foi observado em pessoas com transtorno do espectro autista
(TEA)
As dificuldades relacionadas ao comprometimento da comunicação analisadas
no TEA estão relacionadas à falta de comunicação utilitária, ou seja, os autistas
podem até formar frases complexas e até mesmo chegar a uma ampla gama de
palavras conhecidas, porém, não conseguem colocá-las em contexto, em vez de
estabelecer uma troca coerente de informações que permita a interação social,
Para Fiore-Correia et al. (2010), suas definições incluem prejuízos
consideráveis em três áreas principais:

Interação social, onde a criança apresenta déficits


graves na capacidade de iniciar, responder,
manter ou estabelecer interação com os outros;
Comunicação, que considera tanto
comportamentos comunicativos não verbais,
como gestos e sorrisos, bem como
comportamento de comunicação verbal, como
vocalização e fala e comportamento.
A criança apresenta comportamentos e interesses
restritos e repetitivos.
Para ser considerado um sintoma desse transtorno (TEA), a comunicação não
funcional deve estar relacionada a outros fatores, como rotinas fixas e repetitivas, pois
é um aspecto importante do TEA. Atualmente, o TEA vem sendo discutido de diversas
formas, como discussões sobre o reconhecimento dos direitos sociais e os
sinais/sintomas mais visíveis das pessoas com esse transtorno, o que tem
impulsionado diversas pesquisas relacionadas a temas muito importantes.
Embora as pesquisas tenham se intensificado, o TEA ainda é considerado um
transtorno de causa desconhecida e está associado a condições genéticas e
ambientais.
Eugen Bleuler começou a usar "Autismo" por volta de 1908 e, por décadas, o
TEA era conhecido apenas como autismo. Os médicos usam o nome para se referir à
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falta de linguagem comunicativa em indivíduos com psicose endógena e, por décadas,
foi considerado um sintoma dessas psicoses. A partir das observações de Bleuler e
suas observações, ele chegou à conclusão de que as pessoas com autismo vivem em
um mundo paralelo, muito distante da realidade.
Seguindo a iniciativa de Bleuler, outros estudiosos também apresentaram uma
definição do termo "autismo" para separá-lo da psicose. Apesar das tentativas, o termo
tem sido associado a outras condições e não tem sido tratado isoladamente, de modo
que não são conhecidas as causas, características e formas ou estratégias que
favorecem o desenvolvimento desses indivíduos. Seguindo a iniciativa de Bleuler,
outros pesquisadores também propuseram uma definição do termo "autismo" para
separá-lo da psicose.
Apesar das tentativas, o termo tem sido associado a outras condições e não
tem sido tratado isoladamente, de modo que não são conhecidas as causas,
características e formas ou estratégias que favorecem o desenvolvimento desses
indivíduos. Os principais pesquisadores desse período foram Leo Kanner (1943 apud
SILVA; 2020) e Hans Asperger (1944) (LOPES, 2019 apud SILVA; 2020).
A pesquisa sobre o autismo, como é definido atualmente, foi impulsionada pelo
artigo de Kanner, que definiu o autismo como uma psicose infantil, uma das
características distintivas da qual é a falta de interação social por meio da linguagem.
Para ele, esse fato tem muito a ver com o tratamento dispensado pelos pais e/ou
responsáveis, ou seja, porque esses responsáveis não interagiram com essas
crianças, não aprenderam a se relacionar com os outros. Referindo-se à indiferença
com que essas crianças eram tratadas por seus responsáveis, Canner usou o termo
"mãe geladeira", por isso acreditava que o autismo era de natureza psicológica.
Lembrando que a síndrome de Asperger não é mais uma definição em um
manual de diagnóstico, é importante ressaltar que outro pesquisador que também
trabalha com autismo é Hans Asperger. Assim como Kanner, Asperger afirmou que
pessoas diagnosticadas com autismo são incapazes de interagir com outras, mas
essa condição não implica incompetência, pois altas habilidades são validadas na
realização de determinadas atividades (CARVALHO et al., 2014; KLIN , 2006 apud
SILVA); 2020 ). Para ele, a falta de interação tem a ver com fatores emocionais.
Embora importante, a pesquisa de Asperger só ganhou força quando o Autism
Diagnostic Manual foi publicado.

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As pesquisas sobre o assunto se intensificam à medida que novos
pesquisadores trabalham nele. Por volta da década de 90, o autismo passou a ser
conceituado como um transtorno que interfere na construção da linguagem e na forma
como é utilizada como ferramenta para fortalecer as relações sociais. Desde 2013,
foram desenvolvidas diretrizes para incluir o autismo em um contexto mais amplo
conhecido como transtorno do espectro do autismo (TEA). O TEA apresenta uma
gama de aspectos neurológicos e biológicos relacionados que têm um impacto
considerável nos aspectos comunicativos. As características do TEA incluem o uso
inadequado de pronomes, movimentos repetitivos, ecos e estereótipos.
As características observadas na síndrome do autismo variam na forma de
exteriorização dos desvios de relações interpessoais, linguagem, motricidade,
percepção e patologias associadas ao distúrbio. A intensidade destes desvios, os
estados mais determinantes, também é diversificada (Rodrigues; Spencer, 2015, p.
21 apud SILVA W; et al., 2021).
Dessa forma, Assumpção Jr e Kuczynski (2018 apud SILVA W; et al., 2021)
mostraram que o TEA é considerado um transtorno do desenvolvimento com graus
variados, afetando os domínios de interação social, comunicação e comportamento,
com sintomas frequentes, sendo assim fortalecidos gradativamente e com dificuldade
de movimento.
Além disso, segundo os acadêmicos, eles apresentaram em seu estudo uma
escala de classificação do DSM (V), déficits na comunicação e comportamento social,
como forma de avaliar a gravidade do TEA e como base para sintomas contextuais e
ambientais, levando em consideração atrasos de linguagem, Isso não pode ser
considerado uma característica específica do TEA, mas sim um fator que afeta os
sintomas clínicos.
Ainda, segundo os acadêmicos, em seu estudo, eles apresentaram uma tabela
de classificação do DSM (V), déficits na comunicação e comportamento social, como
forma de avaliar a gravidade do TEA e como base para sintomas contextuais e
ambientais, levando em conta atrasos de linguagem, Isso não pode ser considerado
uma característica específica do TEA, mas sim como um fator que afeta os sintomas
clínicos.

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Ressalta-se que a maioria dos profissionais e pais utilizam condições para
diagnosticar tipos de autismo, porém essa definição não é mais oficial, sendo
classificadas de acordo com o DSM V (2013 apud SILVA W; et al., 2021), manifesta-
se em três graus: leve, moderado e grave, tornando-se assim um transtorno do
espectro do autismo. A tabela a seguir lista a gravidade do TEA.

Níveis de gravidade dos TEA DSM V (2013 apud SILVA W; et al., 2021).

Fonte: Research, Society and Development, v. 10, n. 1, e15010111584, 2021

Considerando o exposto, Sampaio e Oliveira (2017 apud SILVA W; et al., 2021)


afirma que no autismo existem dificuldades na comunicação e interação social, com
isso a utilização da fala pode ser afetada, quando o autista apresenta essa dificuldade,
comprometendo o seu aprendizado da leitura, considerando que é importante ter o
domínio da fala para aprender a ler.
Autista que se enquadram no nível 1, na maioria dos casos apresentam um
nível de linguagem oral amplo e satisfatório em âmbito educacional, entretanto existe
19
uma quantidade considerável de autistas que apresenta resultados insatisfatórios no
processo de aprendizagem da leitura e escrita, por não cumprirem o apoio de pré-
requisitos necessários ao processo de ensino aprendizagem. Assim a próxima seção
será apresentada aquisição da consciência fonológica dentro do Transtorno do
espectro autista (TEA apud SILVA W; et al., 2021).

3 AUTISMO INFANTIL E AUTISMO NA VIDA ADULTA

Fonte: senado.leg.br

As pesquisas sobre o prognóstico das pessoas com autismo não apresentam


resultados positivos. O risco de morte é 2,8% maior do que em pessoas sem autismo
(MOURIDSEN et al., 2008 apud SCHMIDT C; 2016). Curiosamente, esse
encurtamento da longevidade não se deve aos sintomas do autismo, mas a várias
condições indiretamente relacionadas a ele, como o sedentarismo, sono ansiedade
ou o uso contínuo de medicações para controle de problemas de comportamento,
(SCHLEBUSCH et al., 2016 apud SCHMIDT C; 2016).
Estudos de longa data mostram que na idade adulta existe uma pobreza na
vida independente e educacional dessas pessoas, bem como em suas relações de
trabalho e com seus parceiros (as). Mais da metade dos jovens com autismo evadiram
da escola e não estão engajados em atividades laborais pagas, necessitando de apoio

20
institucional na vida adulta. Essa questão foi observada através de um estudo
americano recente, (WHITE et al., 2016 apud SCHMIDT C; 2016).
Dentre os fatores favoráveis, destaca-se que as oportunidades sociais, como
maior participação e divulgação nas instituições públicas e engajamento em grupos e
comunidade, podem gerar ganhos cognitivos e no funcionamento adaptativo
(ORSMOND et al., 2013 apud SCHMIDT C; 2016 apud SCHMIDT C; 2016). Esses
dados reforçam a necessidade de diagnosticar cada vez mais precocemente em uma
intervenção que minimize a dificuldade e promova a autossuficiência, ou seja, a
independência na vida adulta.
Por outro lado, o pouco interesse acaba sendo dispensado à criação de
serviços para a vida adulta, levando em consideração o fato de a atenção ao
transtorno enfocar preponderantemente o período da infância. Com os dados
longitudinais do Departamento de Educação estadunidense apresentaram que, dentre
os alunos que utilizaram os serviços de educação especial, aqueles com autismo
tiveram menor participação e maior isolamento social na vida adulta que outras
deficiências (ORSMOND et al., 2013 apud SCHMIDT C; 2016). As pesquisas trazem
esses relatos e destacam a demanda urgente para o desenvolvimento de políticas
públicas para adultos com autismo, seja por meio de estratégias que facilitem o acesso
em relação ao mercado de trabalho, seja por residências que os acolham.
Dessa maneira, pode se chegar à conclusão que embora os avanços no
entendimento do autismo e sua utilização para o desenvolvimento de intervenções
nos campos educacional e clínico, o levantamento nacional sobre esse panorama
mostra demandas pouco atendidas, em relação as pesquisas empíricas, de natureza
aplicada na geração de resultados, que apoiem o desenvolvimento de políticas
públicas para atendimento a essa população, (SCHMIDT C; 2016).

21
4 DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Fonte: cmcc.rs.gov.br

Os primeiros sintomas do Transtorno do Espectro Autista costumam ser


observados entre doze e vinte e quatro meses de vida do indivíduo, de acordo com a
5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais– DSM V,
pode se notar um ou outro atraso no desenvolvimento anterior aos doze meses de
idade, porém, começam a apresentar de forma mais acentuada a partir dos vinte e
quatro meses (APA, 2014 apud CUNHA P; et al., 2020).
Com evidência na primeira fase da infância aparecem os traços de condutas
ligadas ao Transtorno do Espectro Autista. Há crianças que manifestam dificuldades
na interação com seus pares ou familiares, atraso no desenvolvimento da fala, fascínio
por objetos incomuns, irritação em locais cheios ou barulhentos, ausência das
interações sociais, estereotipia vocal e motora, onde se precisa seguir uma rotina, e
comportamentos definidos (APA, 2014 apud CUNHA P; et al., 2020).
Os sintomas se manifestam de maneira mais intensa, a partir do segundo ano
de vida da criança, como por exemplo, a criança sente muita dificuldade em brincar
usando a imaginação, quando pega os brinquedos, não consegue se manter em pé
por algum período, não consegue utilizar os brinquedos da forma correta, apresenta
muita dificuldade ao conversar, sua fala por muitas vezes é incompreensível, dessa

22
forma a criança possui muitos empecilhos no ato de brincar (VIEIRA e BALDIN, 2017
apud CUNHA P; et al., 2020).
A definição do Transtorno do Espectro Autista Para Teixeira (2016, apud
VIEIRA e BALDIN, 2017 apud CUNHA P; et al., 2020), seria os prejuízos no
desenvolvimento, causados por um conjunto de condições comportamentais, assim
como na cognição da criança, comunicação e habilidades sociais. O autor menciona
a importância de se conhecer as principais características para que um diagnóstico
seja realizado o mais rápido possível de forma que a criança tenha a chance de evoluir
nas características do espectro, tendo em vista que os sintomas aparecem já nos
primeiros anos de vida.
A observação referente ao diagnóstico deve se fundamentar em entrevistas
com os pais da criança, professores e demais pessoas que a acompanham, levando
em consideração que o diagnóstico é clínico e depende de uma observação mais
sistemática a respeito do comportamento e desenvolvimento da criança. Para que
tenha um diagnóstico preciso é necessário ter a ajuda de uma equipe multiprofissional,
como fonoaudiólogos, psicólogos, e pedagogos que irão investigar todos os contextos
da criança: histórico, social, afetivo, etc. Assim como, obter e registrar as informações
de todos os sinais que chamaram atenção dos pais desde seus primeiros meses de
vida, até mesmo sobre o parto e por fim, obter informações sobre comportamentos da
criança no meio social, escolar, lazer, seja com seus pares ou familiares (VIEIRA e
BALDIN, 2017 apud CUNHA P; et al., 2020).
Como caracteriza Charman e Baird (2002 apud CUNHA P; et al., 2020) citados
por Silvia e Mulick (2009 apud CUNHA P; et al., 2020), nota –se que as disfunções
sensoriais são bastante incomuns e peculiares entre eles, também há uma
sensibilidade a estímulos sonoros, visuais, táteis e gustativos, essas características
são observadas em crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista. A
hipersensibilidade a estímulos auditivos causa um desconforto muito prejudicial à
socialização da criança, há dificuldade para frequentar locais cheios e barulhentos.
De acordo com os autores que foram mencionados acima as atividades simples
são fundamentais para a vida do ser humano, como banho, alimentar, dormir, porém
isso é algo se torna um momento de grande angústia e ansiedade para uma criança
hipersensível. De tal maneira que, o quanto antes for realizado o diagnóstico para
confirmar a presença ou não do TEA, mais cedo acontecera o processo de intervenção

23
com a criança, e consequentemente maiores serão os resultados positivos no
tratamento e na obtenção de uma melhora no desenvolvimento da criança (CUNHA
P; et al., 2020).
Começam a busca pela ajuda profissional, a partir do momento em que os pais
começam a perceber certos comportamentos diferentes que são reproduzidos pelos
seus filhos. É um processo delicado a questão da devolutiva do diagnóstico aos pais,
onde o profissional precisa saber passar e explicar todo o procedimento de maneira
menos impactante, para que os mesmos possam aprender a aceitar e conviver com
as diferenças de seus filhos, buscando por auxílio profissional para a criança passar
por um bom tratamento (ONZI e GOMES, 2015 apud CUNHA P; et al., 2020).

4.1 Tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O prognóstico leva em consideração três fatores determinantes


independentemente do tipo de intervenção realizada na criança autista e seu
desfecho, são eles, o grau de comprometimento de aspectos como, linguagem a
interação social e funcionamento cognitivo, a idade com a qual é diagnosticada e o
início do tratamento, tendo em vista que quanto mais comprometimento, pior é o
prognóstico. Existem vários tratamentos dispondo de igual variedade de efetividade
para cada caso, levando-se em conta a inexistência de intervenções completamente
eficientes, (MESQUITA W; et al., 2013).
A estruturação do processo de tratamento quanto a idade do indivíduo é
defendida por alguns autores, outros quanto as peculiaridades de cada criança,
baseando-se no nível de especialização do profissional envolvido, ou, ainda, com
equipes multidisciplinares. Sucintamente os alvos principais dos tratamentos são as
habilidades de interação social e linguagem, a fim de torná-las o quão funcional quanto
possível, e comportamentos desadaptativos, trabalhando-se para atenuá-lo,
(MESQUITA W; et al., 2013).
Um dos tripés que sustenta o diagnóstico autístico é a linguagem e ela é
direcionada para o processo terapêutico fonoaudiológico. Ao decorrer do
desenvolvimento da criança autista a linguagem uma das preocupações iniciais dos
pais, na medida em que está não progride ou se desenvolve para posteriormente
regredir. Intervenção precoce em relação a linguagem na literatura se justifica pela

24
preocupação com o desenvolvimento, pois esta está diretamente associada ao
desfecho desfavorável, se seu decurso é tardio, (MESQUITA W; et al., 2013).
Alguns estudos relacionam os prejuízos na linguagem com desfechos
desfavoráveis, estando os prejuízos demasiados desta, associados ao baixo nível
cognitivo e a comportamentos disruptivos. Ademais a linguagem também pode ser um
bom indicativo do prognóstico no desenvolvimento da vida da criança autista ao adulto
autista. Levando-se em conta a expressão extremamente variada do transtorno, as
características do uso da linguagem pelos autistas são peculiares mesmo quando esta
é comparada entre os mesmos, (MESQUITA W; et al., 2013).
Podem estar presentes manifestações como ecolalia imediata (repetição da
fala alheia logo após sua emissão) ou a ecolalia tardia (repetição da fala alheia algum
tempo depois da emissão desta) a entoação, melodia, da voz idiossincrática; a
inversão pronominal, ao invés de dizer “EU” a criança autista diz “VOCÊ”; melhor
compreensão do uso de termos lacônicos do que frases permeadas de analogia,
metáforas, ironia ou mesmo sarcasmo; sendo que a falta de linguagem verbal não é
compensada pelo uso da não verbal, (MESQUITA W; et al., 2013).
São focadas intervenções que se orientam sob a perspectiva do uso
comunicativo da linguagem e/ou maximização da qualidade desta e ocorre por meio
da fonoaudiologia. As maneiras de tratamento encontradas foram os programas que
se orientam sob enfoque desenvolvimentista com foco especial na linguagem, terapia
da linguagem embasada sob a perspectiva pragmática, terapia da fala, terapia da
linguagem sócio-pragmática, PECS (Picture Exchange Communication System)
Comunicação facilitada, TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related
Communication Handicapped Children), terapia fonoaudiológica e Análise
Comportamental Aplicada, (MESQUITA W; et al., 2013).
A potencialização da linguagem tanto verbal quanto pré-verbal é relacionada a
intervenção sob abordagem desenvolvimentista ela é utilizada para fins
comunicacionais. O pressuposto ao modelo desenvolvimentista estão as linhas de
intervenção que buscam fornecer ao autista a possibilidade de espontaneidade e
iniciativa ao começar um diálogo (Developmental Social-Pragmatic Model – DSP),
Emotional Regulation, Transactional Support model of intervention (SCERT), Social-
Communication, sendo este orientado pela terapia da linguagem sócio-pragmática; e
o desdobramento tanto interacionais, tanto das habilidades comunicativas, como da

25
ideia de sujeito, (DIR) Developmental, Individual-difference, Relationship-based Mode,
(MESQUITA W; et al., 2013).
A intervenção também pode ser baseada ante comunicação alternativa como
O PECS (Picture Exchange Communication System), que permite que a criança tenha
o acesso de imagens como meio comunicativo ajudando-a a relacionar situações e
conceitos, melhorando sua compreensão, o TEACCH (Treatment and Education of
Autistic and Related Communication Handicapped Children), por meio de estímulos
visuais proporciona à criança maior qualidade linguística e ao aprendizado, além de
atenuar comportamentos desadaptativos a “Comunicação facilitada”, técnica que
oferece figuras as crianças, por meio de cartões, os quais possibilitariam a
potencialização do uso da linguagem, (MESQUITA W; et al., 2013).
O contexto da fala como decisivo é aprendida através da intervenção por meio
da terapia da linguagem sob a perspectiva pragmática, pois a qualidade/quantidade
comunicativa da criança interfere excessivamente. Contextos que forneciam atenção
e jogos compartilhados maximizavam o uso comunicativo da linguagem, ao passo que
contextos pobres (com cadeiras e meses, por exemplo) não atingiam o mesmo efeito
em estudos realizados durante a terapia da linguagem. Análise Comportamental
Aplicada (ABA) é outra intervenção sobre a linguagem que se orienta sob a Análise
Comportamental aplicada à linguagem. Durante a aplicação do (ABA) São reforçados
e modelados durante o processo terapêutico a fim de que sejam incorporados ao leque
comportamental da criança autista, quando escolhidos aspectos específicos do
comportamento socialmente requeridos, (MESQUITA W; et al., 2013).
A diminuição dos comportamentos estereotipados e repetitivos e o
aprimoramento da interação social são o foco dos programas de intervenção das
intervenções que se seguem. O modelo de tratamento que promove as habilidades
comunicativas, interacionais e a afirmação do autista como sujeito é o Developmental,
Individualdifference, Relationship-based Model (DIR). Dessa forma fornece qualidade
e quantifica a interação social, (MESQUITA W; et al., 2013).
Além de abordar aspectos disfuncionais da comunicação a intervenção
Communication, Emotional Regulation, Transactional Support model of intervention
(SCERT), também o faz com os déficits da interação social e processamento
sensorial. Outras buscam desenvolver habilidades das brincadeiras e imitativas nos
autistas, pois estas são associadas ao desenvolvimento da atenção compartilhada,

26
do uso intencional da comunicação, do jogo simbólico e empatia, (MESQUITA W; et
al., 2013).
Como já citado acima, TEACCH (Treatment and Education of Autistic and
Related Communication Handicapped Children) é outro programa, dentre outras
contribuições, que diminui comportamentos disruptivos. Para atenuar
comportamentos considerados indesejáveis o tratamento farmacológico é uma opção.
Em comportamentos demasiadamente desajustados o grupo dos antipsicóticos
atípicos (AAPs) são administrados a fim de interferirem, podendo ser aplicados ao
grupo das DITs. As medicações estimulantes agem na debilidade de agitações
motoras hiperatividade e comportamentos não adaptativos, que são usadas no
tratamento de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Os anticonvulsivantes
são usados especificamente na população autista, visando a diminuição das
convulsões, (MESQUITA W; et al., 2013).
A Possibilidades classificatórias na busca do diagnóstico e tratamento sobre as
famílias dos autistas, apresenta um quadro bem aquém das possibilidades
classificatórias descritas na literatura em um estudo brasileiro. Das crianças
participantes da pesquisa uma foi diagnosticada em torno dos 2 anos, sete em torno
dos três, seis aos quatro ou cinco, e mais seis por volta dos seis, sete anos de idade.
Durante o processo do transtorno as famílias alternavam visitas a, psicólogas,
fonoaudiólogas, pediatras, médicas até conseguirem fechar o diagnóstico e começar
o tratamento. Apesar desse tipo de estudo ser carente, é de demasiada relevância,
tendo em vista a orientação de políticas públicas, (MESQUITA W; et al., 2013).
No entanto, de todos os métodos que são necessários para a intervenção do
tratamento do autismo, os métodos TEACCH, ABA e PECS são um dos principais
métodos utilizados, vamos citar um pouco mais sobre ambos. É importante destacar
que é necessário conhecer os sintomas e entender a importância do diagnóstico, para
acompanhar as crianças autistas.
Foi preconizado por volta da década 1960 o método de Tratamento e Educação
para Autistas e Crianças com Déficits relacionados à Comunicação – TEACCH, esse
método ocorre mediante avaliações através da prática psicopedagógica, onde as
dificuldades das crianças são salientadas através de práticas individuais que são
orientadas por um profissional, (CALVANCANTE I; et al., 2019).

27
Na busca de promover a aprendizagem a intensão principal do método
TEACCH é a de organizar as tarefas, reduzindo comportamentos que não são
adequados. Pontua-se que este método visa a rotina da criança, estimulando ela
através das atividades realizadas, dessa maneira a criança se torna mais
independente. As atividades que são aplicadas no dia a dia, são realizadas através
de painéis e quadros para promover uma melhor compreensão da criança, é uma
forma de reforçar positivamente a maneira como o autista aprende e se organiza
(CUNHA, 2011 apud CALVANCANTE I; et al., 2019).
O método ocorre de forma individual com base em experiências concretas que
pode progredir conforme o desenvolvimento de cada criança, esse método acontece
através da terapia, o método TEACCH usa os recursos visuais para que a criança
entenda o ambiente que vive através de símbolos (CALVANCANTE I; et al., 2019).
Parecido com o anterior, o método Análise Aplicada do Comportamento (ABA)
intenciona mudar o comportamento inadequado das crianças, busca melhorar a
interação social, inserindo práticas que promovam o desenvolvimento de novas
habilidades, diminuindo as birras, e cada passo é realizado por etapa, respeitando as
limitações de cada criança. Através da instrução profissional e com base na
singularidade de cada caso as habilidades são trabalhadas de forma sequencial, uma
após a outra (CALVANCANTE I; et al., 2019).

O método ABA, que é uma técnica proveniente do campo científico do


behaviorismo, tem por objetivo observar, analisar e explicar a associação
entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem, visando a
mais uma mudança de comportamentos específicos do que de
comportamentos globais (CUNHA, 2011, p. 73 apud CALVANCANTE I; et al.,
2019).

O método ABA vai permitir que a criança aprenda de forma mais lúdica e
agradável por meio de estímulos, onde são analisados primeiramente os
comportamentos inadequados, e isso também acontece antes de qualquer
intervenção na intenção de encontrar o que promove esses comportamentos
inadequados. Esses estímulos são necessários para que tenha um entendimento e
compreenda a melhor forma de lhe dar com cada criança com foco em suas
necessidades subjetivas, (CALVANCANTE I; et al., 2019).
Outro método que é utilizado também para o tratamento do autismo é o PECS,
esse método trabalha com o uso figuras com a intenção de melhorar a comunicação
das crianças autistas, através do que pode ser desejado ou que se apresente como
28
necessidade. Através desse método é possível usá-la como instrumento facilitador da
aprendizagem (CALVANCANTE I; et al., 2019).

[...] por ser observado como uma síndrome que acomete severamente o
indivíduo, o autismo traz consigo o estigma de que não há nada, ou quase
nada, que se possa fazer no âmbito educacional de seus portadores. Assim,
as terapias e os métodos de atuação se restringem mais a modificações de
comportamento (ORRÚ, 2012, p. 63 apud CALVANCANTE I; et al., 2019).

Lembrando que os métodos são utilizados em crianças que possuem


Transtorno do Espectro Autista e essas crianças são acompanhadas por esses
métodos com a intenção de ajuda-las em suas diferentes necessidades que engloba
a condição e limitação tanto dentro das escolas, como no próprio ambiente familiar
(CALVANCANTE I; et al., 2019).
De acordo com (CUNHA P; et al., 2020) é necessário ser analisado também
com outros profissionais envolvidos no tratamento, o tipo de terapia, dentre elas estão:

Equoterapia, cada vez mais vem sendo utilizada no


Brasil, por conta dos ótimos resultados. Essa
modalidade de terapia, abrange todas as atividades
e técnicas que utilizam o cavalo como mediador,
onde tem como foco maior educar ou reabilitar os
pacientes que apresentam deficiência tanto física
quanto psíquica. Este animal apresenta se muito
inteligente, pois possui uma boa memória, o que o
torna capaz de memorizar lugares, acontecimentos,
objetos e pessoas, podendo inclusive, refletir a
maneira como determinado indivíduo o trata.

29
Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) se
mostrou muito efetiva no tratamento de
diversos transtornos surgidos na infância. Em
relação ao TEA-AF, os estudos mostram grande
eficácia em crianças e jovens. Entende-se que
nessa abordagem, mesmo sendo adaptada
para o atendimento infantil, implica que os
pacientes demonstrem um nível cognitivo para
que o trabalho seja efetivo.

A psicanalise tem como objeto de estudo no


TEA os seguintes aspectos relevantes nas
intervenções: o psíquico, o social e o orgânico,
priorizando as relações de desejo para que tenha
a formação subjetiva e o surgimento do sujeito
desejante. O tratamento do autismo na
psicanalise foca o que falta na constituição de um
sujeito psíquico, é de forma que sua
aprendizagem surja como uma consequência da
sua integração subjetiva no campo significante.

É extremamente importante consultar um fonoaudiólogo especializado, pois o


paciente pode apresentar déficit na aquisição da linguagem verbal e dificuldade na
linguagem não verbal. A terapia ocupacional é necessária para a reorganização
sensorial, pois a criança com transtorno do espectro autista frequentemente apresenta
problemas sensoriais significativos que, sem terapia ocupacional, tornam a terapia
psicológica ineficaz, (TEIXEIRA, 2016 apud CUNHA P; et al., 2020).

30
O ambiente sociocultural e afetivo da criança com TEA deve ser enriquecido
por situações como a introdução ao esporte e às atividades sociais, visto que essas
situações desencadeiam uma variedade de estímulos e naturalmente são
supervisionados pelos pais já orientados sobre o transtorno do espectro autista
(TEIXEIRA, 2016 apud CUNHA P; et al., 2020). Da mesma forma, interagir com outras
crianças da mesma faixa etária proporciona contextos sociais que lhes permitem ter
experiências que levam a uma troca de ideias, de papeis e atividades conjuntas que
requerem negociação e discussão interpessoal para resolver conflitos, ambos são
compartilhados.
Dessa maneira, é possível aprimorar suas habilidades sociais e compreender
que esse tipo de transtorno afeta o desenvolvimento social de algumas crianças desde
os primeiros anos de vida. Nesse sentido, a escola desempenha um papel
fundamental nos esforços para superar os déficits sociais dessas crianças,
possibilitando a promoção de habilidades de socialização e o desenvolvimento de
novos conhecimentos e comportamentos, (CAMARGO e BOSA, 2009 apud CUNHA
P; et al., 2020).

5 A INCLUSÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM AUTISMO

Fonte: portalaraxa.com.br

31
Tanto por parte da família quanto da escola a chegada da criança com autismo
na escola regular gera grande preocupação. A família e os profissionais da educação
nesse momento se questionam sobre a inclusão dessas crianças, pois a escola
necessita de adequações. De acordo com as autoras, Brande e Zanfelice (2012, p. 44
apud BATTISTI et al., 2015), receber alunos com transtornos invasivos do
desenvolvimento ou seja, com deficiência é um desafio que as escolas enfrentam
diariamente, pois pressupõe utilizar de adequações ambientais, curriculares e
metodológicas.
Contudo, essa tarefa não é fácil, pois conforme Scardua (2008, p. 2 apud
BATTISTI et al., 2015), é necessário comprometimento por parte de todos os
envolvidos para que haja inclusão escolar, ou seja, professores, alunos, pais, diretor,
comunidade, enfim, todos que participem da vida escolar direta ou indiretamente.
Para Suplino (2009, p. 2 apud BATTISTI et al., 2015), ” torna-se necessário
assegurar a permanência com qualidade, para que o acesso esteja garantido”. Dessa
maneira, é extremamente importante focar nos potenciais de cada aluno, é
imprescindível também que o educador transmita confiança e segurança para este,
para que ele consiga aprender de forma significativa. Além do mais, “é necessário que
currículo seja apropriado de modo que promova modificações organizacionais, para
que haja um ensino de qualidade, estratégias de ensino e o uso de recursos, dentre
outros” (MENDES, 2002 apud BRANDE; ZANFELICE, 2012, p. 44 apud BATTISTI et
al., 2015).
Conforme Libâneo (2012, p. 489 apud BATTISTI et al., 2015), a viabilização
das intenções expressas no projeto pedagógico é permitida através do currículo
porque é a concretização, e existe várias definições de currículo: conjunto de
disciplinas, experiências que devem ser proporcionadas aos estudantes, resultados
de aprendizagem pretendida, seleção e organização da cultura e princípios
orientadores da prática.

Entretanto, quando se pensar em currículo, o foco deve sempre partir da


realidade de cada criança, seja ela com TID (Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento) ou não, pois, pensar numa proposta curricular vai além dos
conteúdos. Ou são os conteúdos mais importantes que o processo
educativo? Ao educador faz-se necessário observar a real necessidade do
aprendente autista e como esse currículo vai ajudá-lo no seu
desenvolvimento cognitivo (CHAVES; ABREU, 2014, p. 6 apud BATTISTI et
al., 2015).

32
Portanto, quando a criança chega à escola, os professores devem levar em
consideração que a criança deve adquirir independência além do conteúdo escolar
que será exposto a aprendizagem delas, e que sejam capazes de realizar atividades
diárias por conta própria, pois os pais costumam fazer tarefas que os filhos poderiam
fazer por conta própria. Um exemplo de um currículo importante para a promoção da
autonomia e estímulos das crianças é o Currículo Funcional Natural, cujo objetivo
central, segundo LeBlanc, citado por Suplino (2005, p. 33 apud BATTISTI et al., 2015)
“tornar o aluno mais produtivo, independente e também mais aceito socialmente”. No
entanto, é necessário determinar o que é funcional, e isso depende de diversos
fatores, pois:

Aquela habilidade que pode ser considerada funcional numa determinada


comunidade, poderá não ser em outra. Portanto, ao eleger-se os objetivos
funcionais para ensinar, é necessário ter em mente aquilo que a pessoa
portadora de deficiência necessita aprender para ser exitosa e aceitável em
seu meio, como qualquer outra dessa mesma comunidade (SUPLINO, 2005,
p. 34 apud BATTISTI et al., 2015).

Partindo do princípio de que é necessário saber o que cada criança precisa


aprender, também é importante analisar e avaliar constantemente o currículo proposto
durante o processo de ensino-aprendizagem. Daí em diante, o educador poderá
avaliar o educando em seus avanços e entraves, (BATTISTI et al., 2015).
Dessa forma, para que o educador consiga estabelecer essa relação sobre o
que e como ensinar ao aluno com autismo, é necessário um treinamento adequado,
caso contrário a metodologia utilizada em sala de aula não servirá para atingir o
objetivo desejado, o alcance da aprendizagem. Este é um grande problema visto nas
escolas hoje em dia, pois os professores não estão dispostos a ajudar essas crianças
devido à falta de treinamento. Santos (2008, p. 9 apud BATTISTI et al., 2015)
menciona que no currículo dos cursos superiores, as informações sobre autismo são
escassas e desatualizadas, a bibliografia é escassa e a maioria dos textos é importada
e traduzida, assim como a experiência na área.
De acordo com (BATTISTI et al., 2015) precisa de atenção a inclusão das
crianças com autismo na escola regular, de todos os envolvidos como citado
anteriormente, dessa forma:

33
Para que a escola possa promover a inclusão do autista é necessário que os
profissionais que nela atuam tenham uma formação especializada, que lhes
permita conhecer as características e as possibilidades de atuação destas
crianças. Tal conhecimento deveria ser efetivado no processo de formação
desses profissionais, sobretudo dos professores que atuam no ensino
fundamental (SILVA; BROTHERHOOD, 2009, p. 3 apud BATTISTI et al.,
2015).

O professor, por sua vez, precisa estar ciente de que é importante que a criança
autista mude suas crenças e atitudes para que possa aprender de forma significativa,
como qualquer criança que pode aprender, basta dar uma olhada cuidadosa em suas
habilidades para se concentrar em suas habilidades, (BATTISTI et al., 2015).
Além do mais, de acordo com Camargo e Bosa (2009, p. 67 apud BATTISTI et
al., 2015), é importante que a criança autista interaja com outras crianças, pois, “é
preciso possibilitar o alargamento progressivo das experiências socializadoras,
permitindo o desenvolvimento de novos conhecimentos e comportamentos, para
ultrapassar os déficits sociais dessas crianças”. Conforme as autoras também
enfatizam que morar com seus pares para crianças com autismo permite que suas
habilidades interativas sejam estimuladas, evitando assim o isolamento contínuo.
Dessa forma, o ensino regular irá favorecer o seu desenvolvimento e de seus pares,
através do convívio e de trocas de relações.

Porém, as autoras alertam que quando não há ambiente apropriado e


condições adequadas à inclusão, a possibilidade de ganhos no
desenvolvimento cede lugar ao prejuízo para todas as crianças. Isso aponta
para a necessidade de reestruturação geral do sistema social e escolar para
que a inclusão se efetive (CAMARGO; BOSA, 2009, p. 70 apud BATTISTI et
al., 2015).

A rotina é outro fator que deve ser trabalhado com as crianças que possuem
TEA – transtornos do espectro autista, Gikovate (2009, p. 15 apud BATTISTI et al.,
2015), levando em consideração que pode desencadear um comportamento agitado
com a quebra de rotina, pelo fato que a criança se recusa a ir em frente enquanto não
se retorne ao padrão anterior. Além do mais, é fundamental a rotina para estas
crianças para que as mesmas consigam ter organização no espaço e tempo e assim
consigam aprender.
Lopes e Pavelacki (2005, p. 3 apud BATTISTI et al., 2015) destacam que a
rotina diária é muito importante na educação do autista, além das técnicas que deve-
se utilizar em sala, a qual não deve ser alterada, pois qualquer mudança pode refletir
no comportamento da criança.
34
De acordo com Gikovate (2009, p. 15 apud BATTISTI et al., 2015) enfatiza que
é importante levar em consideração qual a necessidade das crianças autistas, e a
partir disso deve-se fazer as adaptações na sala de aula, para que realmente haja
uma inclusão escolar da criança que possui TEA - transtornos do espectro autista.
Dessa maneira, é importante que a criança autista se sinta próxima do professor, que
o professor incentive a classe a lidar com certos ruídos ou sons específicos que muitas
vezes são irritantes para a criança autista e que a criança tenha acesso a conselhos
sobre o que fazer no dia a dia e também tenha acesso as dicas do que acontecerá
por meio da informação visual.

Partindo do pressuposto que a memória do autista seja voltada para o visual,


é necessário que [...] o educador em suas técnicas, valorize este lado,
fazendo com que o aluno observe cores, tamanhos, espessuras, animais,
pessoas. Por outro lado, a sala de aula deve ter pouca estimulação visual
para que a criança não desvie sua atenção da atividade em andamento. O
ambiente educacional deve ser calmo e agradável, para que os movimentos
estereotipados dos alunos não alterem (LOPES; PAVELACKI, 2005, p. 7
apud BATTISTI et al., 2015).

É necessário que o professor utilize métodos educacionais para manter a


atenção dos alunos durante as aulas e que tenham por objetivo fazer com que a
criança autista de fato seja incluída e que seu processo de ensino aprendizagem seja
efetivado, portanto, muitos estudos são realizados sobre diferentes métodos,
(BATTISTI et al., 2015).
Como já abordado anteriormente, de acordo com Bosa (2006, p. 48 apud
BATTISTI et al., 2015) o método PECS - Picture Exchange Communication System,
é uma forma de exemplificar, como a criança pode exercer um papel ativo utilizado
velcro ou adesivos para indiciar o início, alterações ou final das atividades. Quando
atividades e símbolos são associados, esse método facilita a comunicação e a
compreensão da mesma. Levando em consideração que esse método trabalha
através das figuras e cartões em que a criança consegue se expressar, pois associa
a imagem com o que ela deseja.

Outro método muito utilizado que tem como base a informação visual, é o
método Treatment and Education of Autistic and related Communication-
handicapped Children (TEACCH), de acordo com Bosa (2006, p. 49 apud
BATTISTI et al., 2015) é um programa altamente estruturado que combina
diferentes materiais visuais para aperfeiçoar a linguagem, o aprendizado e
reduzir comportamentos inapropriados. Diante disso, esse método busca a
independência da criança autista, realizando um trabalho através de
estímulos visuais e corporais, pois através das imagens as crianças serão

35
estimuladas a fazer movimentos corporais como, apontar, buscar, e isso faz
com que a criança se movimente.

Além dos métodos citados acima, existe também o método SonRise, que visa
capacitar todos os envolvidos com a criança autista a desenvolver novas formas de
comunicação e interação em conjunto por meio de atividades lúdicas que possibilitem
aprendizagem, autonomia e inclusão (BATTISTI et al., 2015).

Esse é um dos métodos mais utilizados no Brasil, devido melhora significativa


durante o tratamento da criança no espectro autista, pois “oferece uma
abordagem educacional prática e abrangente para inspirar as crianças,
adolescentes e adultos com autismo a participarem ativamente em interações
divertidas, espontâneas e dinâmicas com os pais, outros adultos e crianças”
(TOLEZANI, 2010, p. 8 apud BATTISTI et al., 2015).

De acordo com (TOLEZANI, 2010 apud BATTISTI et al., 2015) esse método
mostra a aceitação do autista em relação ao potencial de desenvolvimento e essa
questão torna – se princípio básico para o tratamento. E partindo de uma
pressuposição de que ocorra uma aprendizagem significativa das crianças autistas,
foram propostos muitos métodos, dessa forma é importante destacar que os
profissionais precisam conhecer as reais necessidades dessas crianças envolvidos
na educação dessas crianças, para que de fato haja uma construção do conhecimento
e uma verdadeira inclusão.

6 FAMÍLIA E AUTISMO

Fonte: atarde.uol.com.br
36
O sistema familiar desempenha um papel importante na formação do sujeito, é
um fator determinante para a constituição da personalidade e influencia o
comportamento do indivíduo por meio do ensino e da atuação dentro da família (Pratta
e Santos, 2007 apud DUARTE A; 2019). Dessa forma, Rodrigues, Sobrinho e Da Silva
(2000 apud DUARTE A; 2019) descrevem a família como protagonista responsável
por cuidar, proteger e ensinar o indivíduo a viver em sociedade.
Os casais, antes mesmo da gravidez, já estão pensando na chegada de um
bebê na família, e avaliando suas possibilidades, pensando no que seria essa criança
tanto na questão física ou até mesmo intelectualmente, porém, normalmente não há
menção de ter um filho deficiente. Sassi (2013 apud DUARTE A; 2019) relata que a
chegada do bebê é uma experiência verdadeiramente única, trazendo consigo um
misto de sentimentos de curiosidade, ansiedade até o nascimento e expectativas que
vão além da realidade. E isso desenvolve o vínculo entre os filhos e os pais quando
eles já estão projetando suas fantasias nos filhos.
Qualquer que seja o padrão familiar, a chegada de um novo membro, seja
planejada ou em uma situação inesperada, é muito natural para os pais idealizarem o
filho "perfeito". Com planos, às vezes detalhando a educação que deseja oferecer, o
tipo de negócio que deseja que seus filhos façam ou o modelo que espera deles,
(FIGUEIREIDO S; et al., 2020).

A família, como subsistema da sociedade, é o espaço em que os seres


humanos vivenciam a experiência de construir a sua identidade. É por meio
da família que o “ser” amplia suas relações com o mundo, sempre se
relacionando em grupos. Mesmo quando estamos sozinhos, nossas
referências de valores e normas sociais advêm dos grupos que
internalizamos no decorrer do ciclo vital. A síndrome autística priva a criança,
o indivíduo e a família de viver essa experiência (KAZAK, 1986, apud
ASSUMPÇÃO JÚNIOR e KUCZYNSK, 2015, p. 265 apud FIGUEIREIDO
S; et al., 2020).

Junto com o TEA vem a carga do isolamento, da dor familiar, exclusão escolar,
entre outros, quando algo não sai conforme o esperado, o diagnóstico do Transtorno
do Espectro Autista, por exemplo, demanda uma série de mudanças nos planos, na
rotina e consequentemente no futuro dessa família. Dessa forma, acontece alterações
no meio familiar e, nem sempre, é possível lidar com as situações adequadamente,
portanto, é normal que os pais se preocupem, (CUNHA, 2011 apud FIGUEIREIDO S;
et al., 2020).

37
O fato dos pais não aceitarem o diagnóstico de primeiro momento pode
acarretar em um desgaste maior na família, atrasa o tratamento efetivo da criança e
isso explica o porquê de alguns pais procurarem diversos médicos em busca de outro
diagnóstico ou opiniões satisfatórias (SILVA, GAIATO, REVELES, 2012 apud
FIGUEIREIDO S; et al., 2020). Alguns pais e até profissionais se confundem ou
rejeitam os sintomas alegando serem traços da personalidade da criança,
principalmente nos casos mais leves do TEA.
O diagnóstico da criança com síndrome autista é visto como um momento de
crise e angústia, pois há certo desequilíbrio entre a qualidade da adaptação
necessária e os recursos disponíveis para lidar com o problema (ASSUMPÇÃO
JÚNIOR, KUCZYNSK, 2015 apud FIGUEIREIDO S; et al., 2020).
O TEA provoca sério comprometimento, variando a intensidade dos
sintomas manifestados, pessoas com TEA precisam de um ambiente bem
estruturado, no qual, possa atender suas necessidades básicas. Há uma
disfunção comportamental (dificuldade nas atividades básicas da vida diária), social
(evitam compartilhar momentos ou interesses com os outros, inclusive a família) e da
comunicação (dificuldade no desenvolvimento da linguagem). É possível que a
criança ou adolescente apresente alguma comorbidade, além dos sintomas
característicos do autismo, como retardo mental, Epilepsia, déficit de atenção e
hiperatividade, transtornos ansiosos, depressivos de aprendizagem, entre outros
(SILVA, GAIATO, REVELES, 2012 apud FIGUEIREIDO S; et al., 2020).
Todo esse estresse causado pelo autismo é muito complicado de lidar, afeta
membros da família literalmente, porque começam a viver em função do transtorno e
acaba causando um nível bastante elevado quanto ao estresse, (FIGUEIREIDO S; et
al., 2020).
Provavelmente o desempenho do núcleo familiar acaba sendo prejudicado
porque esses papeis acabam sendo modificados e ambos precisam repensar como
será daí em diante. Por exemplo, em uma família tradicional o pai na maioria das
vezes tem a responsabilidade de suprir as necessidades com lucro financeiro que vem
do trabalho. Em relação ao papel da mãe a mesma passa a dedicar todo seu tempo
integralmente nos cuidados do filho deficiente e geralmente abre mão até da carreira
profissional. A situação fica mais complicada, quando a família é monoparental que é
formada por qualquer um dos pais e seus dependentes. As obrigações têm efeitos

38
sobre o responsável pela família e logo as necessidades serão mais urgentes,
(FIGUEIREIDO S; et al., 2020).

O tratamento para o autismo é demorado e pode durar a vida toda. Aprender


a lidar com esse diagnóstico e se informar é o passo mais maduro (SILVA,
GAIATO, REVELES, 2012 apud FIGUEIREIDO S; et al., 2020). Assim como
o indivíduo com TEA, a família precisa de apoio conforme sua realidade
–orientações sobre o transtorno, apoio psicológico, emocional, financeiro,
etc.

Outro caso bem frequente é que muitas pessoas não entendem o


comportamento do sujeito com autismo e acham que os pais não sabem educar,
quando na verdade não é, pois, a criança com autismo é bastante agitada e se irrita
facilmente, portanto, os pais começam a se privarem de sair para alguns lugares. Por
querer proteger o filho e evitar passar por preconceito, dessa forma muitos pais
acabam ficando restritos apenas em casa.

Também há casos em que a presença da criança com autismo, leva à


separação dos pais, geralmente o pai sai de casa porque não aceita a situação e não
consegue lidar com ela e também porque a rotina é bastante desgastante, o que leva
ao fato de a mãe deixar toda a responsabilidade pela educação do filho necessitado
de cuidados. Conforme Siegel (2008, p.20 apud MENESES J; et al., 2013) “Em parte
metade dos pais com crianças autistas, acabam por se separar. Há um elevado
número de divórcios nas famílias com filhos autistas, uma vez que as relações do
casal passam por duras provas”.
De acordo com Favero-Nunes-Nunes e Santos (2010, p.212 apud MENESES
J; et al., 2013) “um acontecimento que afeta qualquer um dos membros da família tem
impacto sobre todos os outros, pelo que a presença de uma criança com deficiência
altera a natureza e a dinâmica familiar das interações familiares. ” Podemos concluir
que o autismo não afeta apenas o indivíduo, mas também todos os demais membros
que convivem ao seu lado.
Entretanto, os pais que terão a missão de contribuir para a evolução de seus
filhos, diante todas as adversidades que o transtorno traz junto com ele, é primordial
que os pais superem essa fase do diagnóstico, porque isso será essencial no
prognóstico do TEA. É muito importante e necessário que os pais conheçam bem as

39
características de seus filhos e que colaborem no trabalho em conjunto com os
profissionais que os acompanharão, (FIGUEIREIDO S; et al., 2020).
Dessa forma, o auxílio dos pais é um elemento fundamental para as
intervenções e tratamento dos mesmos. Vale destacar mais uma vez que
dependendo do grau de comprometimento da criança com TEA, é necessário o
acompanhamento de uma equipe de multiprofissionais, ou seja, de diversas áreas
como: Psicólogo, Neuropediatra, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Terapeuta
Ocupacional, Pedagogo, nutricionista, etc. (FIGUEIREIDO S; et al., 2020).
Se a família não acompanhar, não adianta a criança frequentar os profissionais
indicados, obedecer a posologia e horários fixados no caso de um tratamento
medicamentoso como também não conhecer os métodos utilizados. É necessária uma
certa disciplina na rotina cotidiana de uma pessoa com TEA para que haja evolução
de fato, já que muitas famílias se esforçam por uma vida funcional para seus filhos
com esse transtorno, portanto, tanto a família quanto a equipe multiprofissional
precisam trabalhar juntos para que consiga a grande evolução no tratamento de TEA
(FIGUEIREIDO S; et al., 2020).

7 ESCOLA E FAMÍLIA

Fonte: jornadaedu.com

40
É normal que os pais se preocupem, porque há muitas mudanças no meio
familiar, levando em consideração que por muitas vezes o autismo traz a carga do
isolamento social, a dor familiar e a exclusão escolar, e, nem sempre, é possível
encontrar maneiras adequadas para lidar com as situações decorrentes. Acima de
tudo, é necessário que a escola tome consciência do impacto desse transtorno na vida
familiar, que requer cuidados, atenção constantes, bem como cuidados e
atendimentos especializados e gastos financeiros, onde sabemos que não poucos
(DeGRACE, 2004; FÁVERO, 2005; MINATEL, 2013; SCHIMIDT; BOSA, 2003 apud
SANTOS A; et al., 2014 apud SANTOS A; et al., 2014).
Esses danos moldam a vida das pessoas com autismo e de seus familiares e
podem ter efeitos e prejuízos como estresse, mudanças na rotina familiar e cotidiana,
sobrecarga emocional, dentre outros (DeGRACE, 2004; FÁVERO, 2005; MINATEL,
2013; SCHIMIDT; BOSA, 2003 apud SANTOS A; et al., 2014).

Os desafios e demandas desses indivíduos e familiares mudam com o tempo


e podem ter mais ou menos efeitos dependendo das oportunidades de
desenvolvimento da pessoa com autismo e do seu grupo familiar, dentre os contextos
de desenvolvimento que marcam a vida da pessoa com autismo, a escola é um
espaço que se destaca, tanto para eles como para seus familiares, onde às famílias
encontram recursos e apoio disponíveis, dentro contexto que estão inseridos,
(SANTOS A; et al., 2014).
A proposta da educação especial, dentro deste contexto, acontece por meio do
Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem como função identificar,
organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, elaborar, especialmente nas
salas de recursos multifuncionais. Essa forma de atendimento complementa a
formação dos alunos e não deve ser visto de modo substitutivo ao ensino regular ou
um reforço (BRASIL 2008 apud SANTOS A; et al., 2014).
SANTOS A; et al., 2014, afirmam:

Nunes et al. (2013) realizaram um estudo com objetivo de identificar as


produções científicas nacionais, entre 2008 e 2013, sobre a inclusão escolar
de pessoas com autismo no Brasil; seus resultados mostram que a presença
de alunos com transtorno do espectro autista aumentou nos últimos anos com
o movimento da inclusão (no ano de 2012 foram registrados 25.624 alunos,
segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação), contudo,
observaram que o desconhecimento sobre a síndrome e a carência de
estratégias pedagógicas específicas podem acarretar poucos efeitos na

41
aprendizagem desta população. Os autores também identificaram, em alguns
estudos, os efeitos promissores do modelo colaborativo de trabalho (entre
professores de escolas regulares e especiais), do uso de recursos de
tecnologia assistiva, de adaptações curriculares, dentre outros.

Embora todas as situações cotidianas em casa devam ser educacionais, os


pais às vezes se sentem inseguros em corrigir seus filhos, procurando maneiras de
trazê-los para o mundo familiar menos exigente e deixar a escola para intervenções
mais rigorosas. Uma grande ajuda para todas as pessoas com autismo,
independentemente da sua gravidade, vem das relações familiares, pois o foco está
na comunicação, interação social e afetividade, (SANTOS A; et al., 2014).
No entanto, a escola e a família têm que concordar com as medidas e
intervenções na aprendizagem, especialmente, porque há grande demanda na
educação comportamental. Se em casa, os pais o deixam vestir-se sozinho, na escola
ele irá fazer a mesma coisa e se, na escola, durante o lanche, ele utiliza os utensílios
com autonomia, em casa, deverá fazer o mesmo. Esses ambientes, devem ser
semelhantes em objetivos e práticas educativas, apesar de diferentes fisicamente,
(SANTOS A; et al., 2014).
De acordo com Polity (2001 apud SANTOS A; et al., 2014), a família e a escola
compartilham a responsabilidade pelos recursos que são usados e pelas dificuldades
que surgem ao longo do caminho. Trata-se da construção de uma experiência
compartilhada, em busca de alternativas de intervenção. Para eles, as teorias
organicistas, baseadas na neuropsicologia, admitem que os transtornos, mesmo
brandos, podem se tornar muito piores em um ambiente cheio de ruídos ou em uma
família ruidosa. É importante lembrar a sensibilidade do autista em ambientes com
essas características, que podem causar-lhe fobias, ansiedades e reações
estereotipadas em decorrência da ansiedade.
As atividades diárias necessitam ser gerenciadas para alcançar este objetivo
os afazeres e a rotina podem ser ferramentas eficazes para gerar a autonomia, uma
vez que o trabalho com o aprendente autista visa à conquista da sua independência.
Normalmente, no autismo, há uma tendência de se ater às rotinas, tendência que pode
ser usada a seu favor se os pais ou professores as usarem como reforço, (SANTOS
A; et al., 2014).

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