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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Acadêmico (a) do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Pindamonhangaba.
2
Orientador (a) Docente do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de Pindamonhangaba.
inadequados. No entanto, pais ou cuidadores sem o conhecimento necessário para
lidar com essas situações frequentemente se sentem inseguros e enfrentam desafios
estressantes.
O artigo trata-se de uma revisão de literatura, com base em fontes como livros,
dissertações, artigos científicos e pesquisas em bases de dados confiáveis.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
Assim, fica evidente que não se trata simplesmente de um “método”, uma vez
que as intervenções podem variar substancialmente, levando em consideração as
necessidades individuais de cada criança.
Diante do exposto, torna-se imperativo realizar uma breve conceitualização
desta ciência, a fim de possibilitar ao leitor uma compreensão clara das abordagens
de intervenção empregadas na Análise do Comportamento Aplicada. Nesse sentido,
Yazawa (2020) e Carvalho e Moreira (2022) apontam que a ABA tem como objetivo
principal promover a autonomia das pessoas no espectro do autismo através de
intervenções que visam expandir o repertório comportamental do sujeito e facilitar a
aquisição de habilidades sociais. Além disso, os autores destacam que as
intervenções comportamentais analíticas buscam investigar habilidades e
comportamentos que precisam ser aprimorados, levando em conta as necessidades
e realidades específicas de cada criança, por meio de observações sistemáticas e
registro dos comportamentos apresentados, a fim de desenvolver um plano de
tratamento individualizado. Ainda, os autores Gaiato e Teixeira (2018) entendem a
terapia ABA como uma abordagem corretiva dos comportamentos inadequados, que
visa substituí-los por comportamentos adequados ou funcionais.
Contudo, é válido apresentar estratégias utilizadas nas intervenções ABA para
o manejo de comportamentos inadequados da criança autista. Em primeiro lugar é
necessário identificar a causa do comportamento por meio da Análise Funcional, a
qual permite compreender quais estímulos antecedentes (condições ambientais)
provocam ou contribuem para o engajamento do comportamento inadequado. Em
outras palavras, é necessário analisar tanto o comportamento da criança quanto o
comportamento dos pais ou cuidadores, observando como eles reagem antes e após
a manifestação de comportamentos inadequados. Essa análise permite identificar a
função desses comportamentos, ou seja, os objetivos que a criança busca ao
manifestar o comportamento inadequado, possibilitando, assim, a implementação de
um plano de intervenção apropriado para corrigi-lo. Conforme Sella e Ribeiro (2018)
apontam, quando não se compreende a função do comportamento, existe uma
significativa probabilidade de que a intervenção seja ineficaz ou até mesmo possa
reforçar o comportamento inadequado.
É possível, portanto, analisar a função do comportamento presente e classificá-
lo em uma das seguintes categorias: atenção, fuga, acesso à itens e sensorial (SELLA;
RIBEIRO, 2018). Nos escritos de Gaiato e Teixeira (2018) são determinadas três
regras para realizar uma Análise Funcional eficaz: 1. Analisar o antecedente, ou seja,
o gatilho que desencadeou tal comportamento; 2. Identificar o comportamento
apresentado após o ocorrido; 3. Verificar as consequências obtidas da resposta, que
podem aumentar ou diminuir a probabilidade de uma nova ocorrência. Dessa forma,
é possível identificar eventos ambientais que selecionam e reforçam comportamentos
inadequados, que para a criança com pouco repertório de habilidades sociais podem
parecer úteis para atender às suas necessidades.
Ainda, na revisão bibliográfica, foram encontradas outras maneiras para
identificar a função do comportamento, além da análise funcional, embora sejam
menos fidedignas. Estas incluem a realização de entrevistas com pais ou cuidadores,
observação do comportamento em contextos naturais e aplicação de manipulações
experimentais (SELLA; RIBEIRO, 2018).
Após identificar a função do comportamento, é possível adotar estratégias
preventivas para a ocorrência de comportamentos inadequados. Para ilustrar esse
processo, será considerado o exemplo de um indivíduo com autismo que adota um
comportamento agressivo com o objetivo de obter acesso a um determinado item. A
estratégia recomendada envolve a não concessão imediata da recompensa durante a
crise comportamental. Em vez disso, deve-se garantir que o comportamento
inadequado não seja reforçado e que a criança só receba o item desejado após se
acalmar. É importante ressaltar que em situações de crise de agressividade é
fundamental garantir a segurança da criança e de pessoas próximas, sendo
necessário contê-la para evitar qualquer tipo de lesão (GAIATO; TEIXEIRA, 2018).
A partir do que Gaiato e Teixeira (2018) enfatizam, no caso de comportamentos
que visam obter atenção, a abordagem recomendada é ignorar os comportamentos
inadequados (como chorar ou gritar) e, em vez disso, dar atenção quando a criança
se comportar de forma adequada. Em outras palavras, entende-se que após a crise,
é importante pedir à criança para expressar suas necessidades em voz baixa, dando-
lhe um modelo de como se comportar adequadamente para que aprenda um
comportamento alternativo e funcional. Dessa forma, a criança aprende que, quando
se engaja em comportamentos inadequados, não recebe atenção, mas quando
comunica de forma adequada, é atendida. É importante ressaltar que em todas as
situações é necessário garantir a segurança da criança, no entanto, sem direcionar a
atenção para ela ou conceder o que deseja.
Para mais, Gaiato e Teixeira (2018) também apresentam diretrizes para lidar
com comportamentos de fuga ou esquiva. Através da leitura da obra é possível
compreender que é fundamental avaliar a motivação da criança para realizar
atividades e verificar se são necessárias ou funcionais para ela. Em caso positivo, é
recomendado preparar um ambiente físico restrito para dificultar a fuga e colocar
brinquedos ou objetos preferidos fora do alcance e da visão da criança, de modo que
ela siga as instruções e não se distraia. Após a conclusão da tarefa, é essencial que
a criança receba reforço positivo, como um brinquedo favorito ou até mesmo
recompensa social. Isso aumentará a motivação da criança para realizar as tarefas,
pois ela associará que ao concluí-las receberá uma recompensa, reduzindo assim o
comportamento de fuga.
Os estudos de Posar e Visconti (2017) contemplam sobre os comportamentos
inadequados associados a função sensorial. Percebe-se que, frente a
comportamentos inadequados ou crises de desregulação sensorial, é crucial
identificar quais estímulos sensoriais estão causando desconforto na criança e,
posteriormente, realizar adaptações no ambiente em que ela se encontra. Nessas
situações, seria benéfico incluir exercícios de dessensibilização no plano de
tratamento, cujo objetivo é reduzir a sensibilidade do indivíduo a estímulos
específicos, proporcionando-lhe experiências sensoriais agradáveis.
Além disso, nos escritos de Sella e Ribeiro (2018), foram encontradas
estratégias utilizando Reforçamento Diferencial; Reforçamento não Contingente,
também conhecido pela sigla NCR (Non-Contingent Reinforcement) e Reforçamento
Diferencial de Outros Comportamentos (DRO).
O Reforçamento Diferencial se distingue das demais estratégias, já que não se
concentra necessariamente na função subjacente do comportamento, podendo não
abordar diretamente a causa do comportamento inadequado. Visto isso, a ênfase
recai em reforçar comportamentos específicos, de acordo com cada plano de
tratamento, enquanto se extingue os indesejados. Ainda, é perceptível a carência de
pesquisas e estudos científicos que avaliem a eficácia dessa modalidade de
intervenção.
O Reforçamento Não Contingente (NCR) pode ser empregado para corrigir
comportamentos inadequados que estão ligados à função desse comportamento.
Sendo assim, após identificar qual é a intenção por trás de um determinado
comportamento (a sua função), o reforçador ambiental que mantém esse
comportamento inadequado é fornecido à criança com mais frequência,
independentemente do que ela esteja fazendo. Com esta intervenção, a criança torna-
se desmotivada a emitir o comportamento inadequado, uma vez que ele é reforçado
com maior frequência em comparação com a situação em que ela precisa exibi-lo para
receber o reforço. A meta é reduzir esse comportamento inadequado, e, ao longo do
tempo, reduzir também o esquema de reforçamento.
Tratando-se do Reforçamento Diferencial de Outros Comportamentos (DRO),
este confunde-se com o NCR, uma vez que ambos envolvem a aplicação de reforço
a qualquer comportamento. No entanto, o DRO se diferencia pelo fato de não reforçar
o comportamento inadequado e oferecer o reforçador somente se este
comportamento não ocorrer durante um intervalo de tempo predefinido. Desta forma,
é necessário observar cuidadosamente durante esse intervalo para determinar se o
comportamento inadequado ocorreu ou não antes de conceder o acesso ao
reforçador. Isso contrasta com o NCR, no qual não é necessário realizar essa
observação, já que seu objetivo é conceder acesso ao reforçador independente do
comportamento apresentado, visando aumentar a frequência de reforçamento em
relação à manifestação do comportamento inadequado.
É fundamental destacar que tanto as intervenções NCR quanto DRO
apresentam limitações, pois se concentram apenas na extinção de comportamentos
inadequados e não incluem o ensino de comportamentos alternativos funcionais para
substituí-los, tornando-se desvantajoso para crianças com um repertório limitado de
habilidades sociais. Além disso, a abordagem de conceder reforçadores para qualquer
comportamento pode implicar no risco de inadvertidamente reforçar comportamentos
inadequados. Tal fato pode também entrar em conflito com outras intervenções que
utilizam a liberação do reforço como consequência após a conclusão de uma tarefa,
afetando a motivação da criança para realizá-la. Por essas razões, torna-se evidente
a necessidade de avaliar a pertinência dessas estratégias no tratamento da criança,
bem como a possibilidade de combiná-los com outras intervenções que incluam o
ensino de respostas alternativas funcionais.
Para mais, é igualmente crucial apontar sobre as restrições no âmbito do
tratamento ABA, uma vez que frequentemente envolvem custos, tornando-se
inacessíveis para crianças no espectro do autismo que enfrentam desafios financeiros
para investir em tal tratamento. Adicionalmente, as deficiências na oferta de serviços
por parte das redes públicas e das instituições de ensino também constituem
obstáculos que dificultam o acesso das pessoas com TEA às intervenções analítico-
comportamentais.
Portanto, é evidente que trabalhar com crianças autistas significa reconhecer
janelas de oportunidade que não podem ser negligenciadas. A Análise do
Comportamento Aplicada, apesar das limitações de acesso para indivíduos de baixa
renda, demonstra capacidade para explorar essas oportunidades de maneira
saudável e respeitosa.
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Rafaella Rocha; MOREIRA, Márcio Borges. ABA & TEA: estratégias
para reduzir a frequência de comportamentos agressivos utilizando-se
reforçamento diferencial de comportamentos alternativos sem extinção.
Brasília, Distrito Federal: Instituto Walden4, 2022.
CRUZ, Aline Ellen Alves Queiros.; MOREIRA, Márcio Borges Autismo. Estratégias
científicas para lidar com comportamentos desafiadores. 1. ed. Brasília, DF.
Instituto Walden4, 2021.
GAIATO, Mayra; TEIXEIRA, Gustavo. O reizinho autista: guia para lidar com
comportamentos difíceis. São Paulo: nVersos, 2018.