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Os Cuidados de Enfermagem à Criança com o Transtorno do Espectro Autista

Rosinaldo Sousa Morais Junior1


Ângela Gabriela de Araújo2

RESUMO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) cria uma perturbação no


neurodesenvolvimento que compromete a interação social, a comunicação e o
comportamento que normalmente é observado em crianças pré-escolares. O manejo
e a supervisão da criança autista devem ser realizados por profissionais de
enfermagem. Abordar uma criança autista exige que um profissional de saúde
desenvolva as habilidades, conhecimentos e planos de cuidados individualizados
necessários. Nesse sentido, a gestão e as ações devem ser planejadas e ajustadas
em função do grau de transição, o que exige desde uma intervenção farmacológica
até um cuidado multidisciplinar centrado no bem-estar do indivíduo. Entende-se que
o profissional de enfermagem deve auxiliar ativamente no acompanhamento da
criança durante a consulta, indo além da análise do crescimento e desenvolvimento.
O objetivo geral buscou compreender a atuação dos profissionais de enfermagem na
assistência a criança com transtorno do espectro autista. A equipe de enfermagem
deve compreender como agir dessa forma em relação à criança, à família e à
comunidade. A respeito da metodologia do trabalho foi utilizada uma Revisão de
Literatura Qualitativa e Descritiva, no qual foi realizada uma consulta a livros,
dissertações e por artigos científicos e sites confiáveis como LILACS, SCIELO e
Google Acadêmico. Conclui-se, que os cuidados de enfermagem aplicados
corretamente podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes que foram
diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Palavras-chave: Humanização. Enfermagem. Transtorno do Espectro Autista.


Criança. Assistencialismo.

1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), um grupo de transtornos incluídos no
DSM V, é caracterizado por dificuldades no desenvolvimento da linguagem,
interação social, comunicação e comportamento. Devido à falta de profissionais
qualificados para atender e acompanhar esses pacientes torna-se necessário um
diagnóstico complicado e nem sempre eficaz.
O autismo infantil é complicado e controverso, pois abrange uma ampla gama
de doenças com vários subtipos clínicos. É uma síndrome comportamental com
diversas etiologias em que o processo de desenvolvimento do bebê é severamente
distorcido. Examinar o significado da parceria enfermeira-família na detecção
1
Acadêmico do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera.
2
Orientadora. Docente do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera.
precoce do autismo infantil, bem como na orientação dos recursos disponíveis para
a promoção de um tratamento adequado.
A pesquisa busca abordar a relação à saúde da criança, A equipe de
enfermagem pode formular estratégias para promoção de cuidados e orientar as
famílias sobre o entendimento do autismo e como criar um vínculo de afeto e
cuidados com as crianças, tornando-as mais capazes e independentes.
A atenção de profissionais de diferentes áreas é muito importante processo
de identificação, diagnóstico e tratamento de crianças com transtorno do espectro
autista (TEA). Entre os profissionais essenciais nessa jornada estão os enfermeiros,
que podem atuar tanto para identificar riscos e auxiliar no diagnóstico, quanto para
promover a autonomia e qualidade de vida dos pacientes com TEA. Logo o
enfermeiro também pode fornecer suporte e informações sobre os desafios e
auxílios que a família utilizará no processo de cuidar.
O papel do enfermeiro na atenção básica é fundamental na identificação dos
sinais e sintomas do autismo, proporcionando assistência de enfermagem de
qualidade à criança e seus pais e melhorando a qualidade de vida, o bem-estar e o
desenvolvimento da criança dentro do espectro do autismo. Surge assim uma
problemática a ser discutida: Qual a importância da atuação do profissional de
enfermagem na assistência a criança com transtorno de espectro autista?
O objetivo geral buscou compreender a atuação dos profissionais de
enfermagem na assistência a criança com transtorno do espectro autista. Já os
objetivos específicos buscaram: estudar Transtorno De Espectro Autista, abordar a
evolução do assistencialismo a criança portadora do TEA e descrever a atuação do
profissional de enfermagem no atendimento a criança com transtorno de espectro
autista.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Metodologia
A respeito da metodologia do trabalho foi utilizada uma Revisão de Literatura
Qualitativa e Descritiva, no qual foi realizada uma consulta a livros, dissertações e
por artigos científicos e sites confiáveis como LILACS, SCIELO e Google
Acadêmico. O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados entre
os anos de 2013 a 2022. Os critérios de exclusão se basearam no descarte de
artigos sem teor científico. Foram utilizadas as palavras chave: Humanização,
Enfermagem, Transtorno do Espectro Autista, Criança e Assistencialismo.

2.2 Resultados e Discussão


Através das buscas na base de dados foram selecionados 31 artigos com
bases LILACAS, SCIELO E BDENF. Desse total foram selecionados 18 que se
enquadraram nos critérios de inclusão para análise. Logo a disposição destes dados
por base de dados está apresentada na tabela abaixo.

Tabela 01- Resultado da busca por descritores associados: Enfermeiro Na Adesão


Ao Tratamento Aos Portadores Do Vírus Hiv/Aids
Artigos SciELO LILACS BDENF
Encontrados 18 31 11
Selecionados 06 07 04
Excluídos 15 29 08
Total 04 06 03
Fonte: Autora (2023)

De acordo com a tabela 1 é possível compreender que na Scielo foram


encontrados 19 artigos e excluídos 13, sendo selecionados 6; na Lilacs foram
encontrados 35 artigos, excluídos 29 e selecionados 7; já na BDENF foram
encontrados 11 e excluídos 8, sendo selecionados apenas 4.
Os artigos selecionados abordam a linha de pesquisa desta temática, que
corresponde ao assistencialismo de enfermagem à criança com transtorno de
espectro autista. O material foi divido por subseções de acordo com os objetivos que
nortearam esta pesquisa, sendo eles: Estudar o conceito do Transtorno De Espectro
Autista, Abordar a evolução do assistencialismo a criança portadora do TEA e
Descrer a atuação do profissional de enfermagem no atendimento a criança com
transtorno de espectro autista.

2.2.1 Conceito do Transtorno de Espectro Autista

Segundo Zanatta et al. (2014), a causa do Transtorno de Espectro Autista


(TEA) permanece desconhecida, o que resulta em sofrimento significativo para a
família e um grande desafio para os profissionais de saúde. Em princípio, segundo
os mesmos autores, estudos anteriores, como os dos psicólogos pediátricos Hans e
Asperger já citados, mostram que pode haver causas genéticas para o TEA, como
falha genética ou hereditariedade, mas não apenas isso. Enquanto essas hipóteses
foram sendo confirmadas ao longo dos anos por pesquisadores, incluindo nomes
notáveis como Sobral e Campos (2012) o que causou e como causou ainda
permaneceu um grande mistério para os pesquisadores. Também era possível que
pudesse ser devido a causas ambientais, como encefalite ou lesão cerebral de
parto.
Pesquisas realizadas ao longo de muitos anos levaram à descoberta
surpreendente de que o TEA causa defeitos em vários genes, sendo os mesmos
defeitos atribuídos a mutações espontâneas e aleatórias. Deve-se notar que esses
genes mutantes não foram transmitidos pelos pais ao contrário, é como se essas
mesmas variações não fossem encontradas nos pais. Dessa forma, seria como se o
próprio TEA tivesse causado os defeitos (ARAÚJO et al., 2019).
Isso evidencia a dificuldade dos profissionais de saúde e de cada família em
"compreender" o TEA, com a descoberta da etiologia do quadro facilitando o
diagnóstico, o prognóstico e o tratamento com o objetivo óbvio de reduzir ou mesmo
eliminar os sintomas do TEA. A teoria mais aceita sobre a etiologia do TEA, segundo
Bortone e Wingester (2016) é uma combinação dos fatores genético e ambiental.
Em outras palavras, o autismo pode ter resultado de uma combinação de fatores
ambientais e genéticos, levando a um distúrbio neurológico. No entanto, entender
como os genes interagem entre si e com o ambiente ainda é um desafio.
Como ainda existem muitas dúvidas sobre o tratamento adequado devido ao
grande mistério em torno de como essa transformação ocorre, o diagnóstico de TEA
requer observação intensa dos sintomas e comunicação com os familiares, o que
pode deixar os pais um pouco confusos. Dessa forma, é necessário ter controle e
consistência ao fazer o diagnóstico destes, dando aos entes queridos a chance de
entender que o paciente ainda tem boas chances de sobreviver com boa saúde
apesar de sua condição. Sabe-se que atualmente existem poucos recursos
disponíveis para diagnosticar indivíduos com suspeita de autismo, pois, apesar de
vários estudos, o diagnóstico de TEA ainda carece de um biomarcador que defina
com precisão a transição (CAVALCANTE; ALVES; ALMEIDA, 2016).
Como afirmado anteriormente, não há causa conhecida para TEA, portanto,
os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem ser
mais atentas que outras, mais sociáveis que outras, ou ainda mais intelectuais.
Como cada caso é único e possui características próprias, é fundamental que as
famílias se atentem aos primeiros sintomas do TEA e busquem orientações quanto
mais precoce for o diagnóstico (FADDA; CURY, 2016).
Segundo Fadda e Cury (2016), o diagnóstico ainda é totalmente
comportamental, pois não existe um teste ou outro método disponível para identificar
e diagnosticar essa transição. Portanto, é preciso examinar duas características
principais do desenvolvimento da criança: primeiro, ela não se desenvolve de acordo
com os estágios naturais de desenvolvimento da criança, o que significa que ela não
fala, interage ou se comunica e, segundo, ela sempre permanece introspectiva.
Como mencionado anteriormente, o DSM-V categoriza o TEA em três níveis
diferentes: nível I, que inclui todas as características do autismo leve, nível II, que
descreve o autismo moderado e nível III, que inclui as características do autismo
grave. Anteriormente, o TEA era classificado como síndrome de Asperger, autismo
leve, autismo moderado ou autismo grave, mas esses termos não são mais usados,
de acordo com a APA (2014). Segundo Sobral e Campos (2012), o autismo de nível
I refere-se àquelas crianças que, apesar de apresentarem os sintomas e dificuldades
transicionais, requerem pouco tratamento e se desenvolvem normalmente. Em
contraste, as pessoas com autismo de grau II têm um grau de comprometimento um
pouco maior e necessitam de um tratamento mais intensivo tanto para a vida
pessoal quanto acadêmica, e mesmo após receberem esse tratamento, ainda lutam
para se desenvolver normalmente (PADILHA et al., 2015).
Logo a comunicação é o sinal mais evidente de que uma pessoa tem TEA, e
Gomes et al. (2015) afirmam que isso afeta diretamente a interação social. Segundo
a mesma fonte, as dificuldades mais comuns são a falta de comunicação e interação
social, presentes em quase 100% dos casos de autismo. Em seguida, vem à
dificuldade de focalização devido à hiperatividade que esses indivíduos apresentam
além da sensibilidade a ruídos, falta de contato visual e, em alguns casos, presença
de autolesão. Dentro desses aspectos, o tratamento com TEA visa melhorar esses
sintomas, permitindo que o paciente se envolva em interações sociais normais.
De acordo com Guerra (2013), o número de pessoas com problemas de
saúde mental tem aumentado em todo o mundo. Uma parcela crescente da
população demonstrou problemas de saúde mental, como distúrbios, problemas
neurológicos ou problemas psicológicos. Essas questões frequentemente estão
ligadas a cuidados inadequados, que podem acabar agravando o estado de saúde
do paciente. Além disso, de acordo com os autores, aqueles que vivenciam
problemas de saúde mental são aqueles que são diagnosticados com problemas.
As pessoas que foram diagnosticadas com problemas de saúde mental por
muito tempo foram "excluídas" da sociedade por serem percebidas como alienadas
e incapazes de exercer seus direitos e obrigações. Eram assim tratados tanto a nível
pessoal como profissional dos cuidados de saúde porque a maioria dos tratamentos
prestados pelos profissionais de saúde a estes doentes consistia no isolamento do
indivíduo e baseava-se nos centros de internamento em que os doentes sofriam
(ARAÚJO et al., 2019).
Sabe-se que a enfermagem passa a ter uma visão ampliada após a reforma
psiquiátrica, pois a profissão é capaz de estabelecer um vínculo com o paciente e ter
um campo de visão mais amplo em relação aos aspectos patológicos, físicos e
emocionais do paciente devido à interação direta com este último, logo enfermagem
apresenta um avanço significativo (LUCERO; VOCARO, 2015).

2.2.2 A Evolução do Assistencialismo a Criança Portadora do TEA

Atualmente, a forma de tratamento mais recomendada pela política de saúde


mental é, sem dúvida, o atendimento psicológico, no entanto, há casos em que o
atendimento hospitalar é necessário. Nessas situações, a enfermagem torna-se
essencial, pois mantém contato direto com os pacientes. Portanto, a enfermagem é
essencial tanto para a prevenção quanto para o tratamento das crises psicológicas,
pois tem como responsabilidade avaliar a saúde mental dos pacientes, tratá-los,
planejar e estabelecer a internação (OLIVEIRA et al., 2018).
Sabe-se que a assistência de enfermagem voltada para a saúde mental sofre
quando os profissionais não têm a capacitação necessária para atender esses
pacientes. Segundo Oliveira et al. (2019), isso porque, além de não conseguir
atender às necessidades dos pacientes, o próprio profissional pode ficar
desmotivado ao não atingir os objetivos das ações terapêuticas sugeridas. Assim, é
fundamental que qualquer profissional de enfermagem que atue ou pretenda atuar
nesta área possua esta formação.
Embora a enfermagem desempenhe um papel significativo na assistência ao
portador do TEA, ainda se observam alguns enfermeiros que vêem sua atuação no
campo da saúde mental limitada a atender esses pacientes e encaminhá-los para
uma formação especializada, principalmente no caso das crianças. O enfermeiro
tem papel fundamental no cuidado em saúde mental, focando principalmente na
escuta ativa e acolhimento. (ARAÚJO et al., 2019). Por isso, o profissional de
enfermagem deve se concentrar nas necessidades do paciente e da família desde o
início, mantendo uma perspectiva holística, tentando remover qualquer pensamento
estereotipado e enfatizando a necessidade do paciente por cuidados de qualidade.
Essa humanização do atendimento beneficiará todos os envolvidos (SOBRAL;
CAMPOS, 2012).
Embora existam políticas públicas de promoção da saúde mental, segundo
Sobral e Campos (2012), elas ainda recebem menos atenção do que as demais,
ficando muitas vezes reduzidas à terapia medicamentosa, muitas vezes ineficaz e
cara quando comparada a outros tipos de terapia como atividades terapêuticas e
educação em saúde. Nem é preciso dizer que uma das melhores ferramentas para
auxiliar na saúde mental é a educação em saúde. Isso porque, segundo Cavalcante,
Alves e Almeida (2016), pode ser feito de forma altruísta, colaborativa e
personalizada que pode ser adaptada a cada situação única para melhorar a saúde.
A utilização de ferramentas como as acima é crucial agora devido à importância da
educação em saúde.
Segundo Sobral e Campos (2012), tornou-se uma das ferramentas mais
importantes e eficazes para o tratamento de pacientes de saúde mental, destacando
a importância da educação do enfermeiro em seu trabalho. O enfermeiro é o
principal responsável pela formulação e execução das estratégias sugeridas,
proporcionando ao paciente uma forma de integrar-se ao seu cuidado por meio de
sua assistência, o que resultará em última instância, em um cuidado de qualidade e
eficaz.
Apesar de se ter verificado um aumento significativo dos casos de crianças
com TEA, a formação é de extrema importância para os profissionais que atuam
nesta área, pois permite que os enfermeiros desenvolvam as competências
necessárias para a sua atuação nesta área. Com isso, evita que sofrimentos
emocionais e estresses alheios a essa área de trabalho afetem negativamente a
vida pessoal do paciente (ZANATTA et al., 2014).
2.2.3 A Atuação do Profissional de Enfermagem no Atendimento a Criança com
Transtorno de Espectro Autista.

Segundo Oliveira (2018), o autismo se estabelece como um distúrbio


neurológico que se manifesta muito precocemente por meio de desvio ou atraso no
desenvolvimento, além de alterações comportamentais. Por isso, é fundamental que
esse profissional esteja atento ao desenvolvimento da criança e a quaisquer sinais
de alerta que possam apontar para a presença do autismo, proporcionando um
diagnóstico precoce.
Segundo Franzol et al. (2016), é necessário um fórum de discussão sobre o
tema da assistência médica às pessoas com autismo, pois auxiliará no diagnóstico
da realidade local, evidenciará as vulnerabilidades dos indivíduos e proporcionará
uma oportunidade para avaliar a prática profissional.
Como resultado, reconhecer e afirmar a importância desta profissão no
contexto do tratamento de uma criança autista, ao mesmo tempo em que se
vislumbra um plano de cuidados de enfermagem multidisciplinar em coordenação
com outros profissionais, resultaria num nível de apoio mais abrangente para o
cuidado da criança (BORTONE; WINGESTER, 2016).
Oliveira (2018) afirma ainda que o enfermeiro possa influenciar positivamente
o diagnóstico e acompanhamento do TEA ou simplesmente através da análise
comportamental do desenvolvimento da criança através da consulta a pesquisas em
andamento. Também podem influenciar positivamente os pais da criança,
oferecendo apoio e delineando os desafios e procedimentos de cuidado que serão
utilizados. Porém, Bortone e Wingester (2016) complementam as informações ao
afirmar que a profissão de enfermagem é orientada pela escala DENVER II, que
revela os marcos do desenvolvimento da criança, garantindo uma análise da
trajetória de desenvolvimento do bebê ao mesmo tempo em que observa a presença
ou ausência e a regularidade dos comportamentos da criança.
O autocuidado da criança deve ser incentivado porque promove a
autorrealização, o que pode diminuir as dificuldades do dia a dia. Segundo Sena,
Medeiros e Sobreira (2015), utilizar recursos educacionais que promovam a
aprendizagem pode potencializar a autonomia, a criatividade, a coordenação
motora, a paciência e a capacidade de trabalhar em grupo da criança. No entanto, é
necessário estabelecer metas para que isso aconteça. A conclusão de que os
conceitos de autocuidado dificultam efetivamente o desenvolvimento da criança com
TEA é que os objetivos mencionados anteriormente são cruciais para avaliar o
crescimento da criança, a interação social, a comunicação e os recursos
mencionados anteriormente (MINATEL; MATSUKURA, 2014).
Segundo Oliveira (2018), sessões de terapia de grupo conduzidas por
psicólogo em coordenação com a equipe de enfermagem têm se mostrado eficazes
no tratamento do TEA. Estas sessões melhoram as competências sociais da criança,
tanto no contexto da sua família imediata como com outras pessoas. Além disso,
houve uma mudança no desenvolvimento psicomotor e comportamental dessas
crianças, principalmente nas atividades diárias.
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro tem a oportunidade de fazer a
anamnese da criança, de conversar e orientar a mãe, fazer o acompanhamento do
peso, da altura, da amamentação, da alimentação, de perceber comportamentos
inesperados, e avaliar o comportamento dessa criança, a caderneta da criança é um
instrumento considerável que pode auxiliar o profissional, pois essa contém páginas
que trazem informações básicas e alguns sinais do TEA, que pode estar relacionado
ao comportamento da criança. É relevante que existam mais investimentos para a
promoção da saúde, o enfermeiro precisa dar continuidade de suas intervenções,
realizando a psicoeducação familiar, orientação para professores, reabilitação na
comunidade e ações que promovam a proteção dos direitos da criança e da sua
família (BORTONE; WINGESTER, 2016).
A consulta de enfermagem se inicia a partir da causa pela qual a pessoa
procura o centro de saúde, diante disso, o enfermeiro tem a oportunidade de
desenvolver a prática clínica, fazer um contato mais próximo com o cliente, ouvir
suas queixas, avaliar suas condições de saúde e prestar os devidos cuidados e, se
possível, envolver a família no processo de cuidar. Na consulta é importante o
enfermeiro coletar informações, fazer o exame físico para avaliar com mais precisão
os levantamentos dos diagnósticos de enfermagem, e por fim, elaborar com
competência os planos de cuidados adequados, lembrando-se de que o exame
físico é um elemento crucial para o desenvolvimento de uma prática clínica de
qualidade (BORTONE; WINGESTER, 2016).
A enfermagem faz o levantamento das informações mais importantes, o
diagnóstico, a prescrição e a intervenção que seria mais bem usada para cada
criança, foram usadas três intervenções, que são: tomar banho, escovar os dentes e
aprender a fazer a higienização após usar o banheiro, foram usados imagens e
vídeos que ajudaram a criança a compreender cada etapa do processo de
autocuidado, no qual a criança conheceu as instruções corretas e logo após
executou as atividades em cartazes (MINATEL; MATSUKURA, 2014).
Cavalcante, Alves e Almeida (2016) continuam afirmando que cuidar de uma
criança com TEA é um tremendo desafio para os profissionais de saúde,
especialmente para o enfermeiro, que tem um papel crucial tanto no cuidado do
paciente quanto na educação da família e do paciente, com o objetivo de
melhorando sua qualidade de vida. Nessa linha de pensamento, o cuidado de
enfermagem deve levar em consideração as características únicas de cada criança
autista em sua mais ampla gama de manifestações, bem como as peculiaridades da
criança. Assim o profissional também deve explicar à família quaisquer opções de
tratamento e estar ciente de suas preocupações em relação ao desenvolvimento da
criança. Ao estabelecer esses tipos de conexões e interações, onde pode aumentar
a eficácia do cuidado do paciente, ao mesmo tempo em que garante a segurança da
criança e dos pais (DARTORA; MENDIETA; FRANCHINI, 2014).
Bortone e Wingester (2016) defendem que para introduzir e realizar
intervenção multidisciplinar especializada é necessário demonstrar a credibilidade
das produções científicas sobre o tema em discussão. Isso porque não fazê-lo
prejudica a compreensão, o conhecimento e a atuação do profissional enfermeiro na
prescrição, entre outras coisas, de uma abordagem sistematizada para o cuidado
dessa criança.
Sena et al. (2015), por outro lado, apresentam um contra-argumento,
argumentando que a busca por conhecimento e atualizações contínuas, bem como a
produção de pesquisas, contribuem para o avanço do conhecimento. Argumentam
ainda que esta abordagem seja necessária porque o autismo está a tornar-se cada
vez mais visível devido a uma melhor compreensão da sua característica primária, a
exclusão social, que resulta num conhecido défice de desenvolvimento. Como
resultado, pode-se concordar com Sena et al. (2015) quando afirmam que o
aumento das pesquisas científicas sobre o tema autismo se justifica pelo aumento
das atuais discussões nas redes sociais onde os cuidados de enfermagem
pediátricos na rede hospitalar devem ser desempenhados com competências, para
que seja melhorada a relação enfermeiro-paciente, e para que os familiares se
sintam seguros quanto aos cuidados.
3 CONCLUSÃO

O autismo é um transtorno neurológico marcado por dificuldades que têm


maior ou menor importância na fala, na comunicação, na interação social e no
comportamento. O diagnóstico do TEA é clínico e vem acompanhada de uma série
de características, que podem incluir comportamento ritualizado e repetitivo,
resistência a mudanças na rotina, sensibilidade sensorial, alterações na
comunicação e na interação social. Também pode haver tendência ao isolamento,
movimentos repetitivos de braços, pernas e corpo, interessem por temas fora da
faixa etária da criança, brincadeiras ou usos incomuns de objetos, falta de
percepção de risco, sensibilidade a determinados sons, dificuldade em lidar com
mudanças na rotina, falta de consciência dos riscos, comportamentos ritualizados e
assim por diante. As causas ainda são desconhecidas, mas os especialistas
acreditam que a condição é causada por uma combinação de fatores, incluindo
fatores genéticos e ambientais que podem ter se formado durante a gestação.
Na prática, um método de inclusão de pacientes com TEA é fornecer uma
explicação detalhada das intervenções de Enfermagem via quadrinhos. A simples
afirmação de que o procedimento não está disponível pode causar dor e
insegurança, fazendo com que crianças, tanto autistas quanto sem esse diagnóstico,
possam se beneficiar de representação legal.
Este estudo fez uma abordagem holística sobre o trabalho prestado pela
equipe de Enfermagem à criança com TEA caracteriza-se por postura humanizada,
empatia e ouvido qualificado. Diversas estratégias são utilizadas no manejo de
crianças autistas para alcançar resultados de sucesso na assistência, como a
intervenção musical e a utilização de recursos, que são utilizados pelos profissionais
de enfermagem para garantir e maximizar o desenvolvimento da autonomia, da
comunicação e da comunicação da criança assim como mudança comportamental
através da interação criativa.
Logo foi possível identificar barreiras à qualidade e eficiência da assistência
pública na atenção primária, como a falta de coordenação da custódia, a falta de
tempo e de diretrizes práticas e a falta de qualificação para cuidar de crianças
autistas. Uma limitação deste estudo é a limitada produção científica sobre a
assistência à criança autista no contexto da prática de enfermagem, bem como a
restrição da análise das publicações a apenas três idiomas, o que pode ter
dificultado a compreensão de outras realidades publicadas. Recomenda-se a
realização de estudos metodologicamente rigorosos que retratem o estado atual da
prática de enfermagem na atenção primária.

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