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FACULDADE DO LESTE MINEIRO

KARLAINE GUIMARÃES SEVERINO

O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO SOB A PERSPECTIVA DA


NEUROCIÊNCIA

UBERLÂNDIA-MG

2022
FACULDADE DO LESTE MINEIRO

KARLAINE GUIMARÃES SEVERINO

O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO SOB A PERSPECTIVA DA


NEUROCIÊNCIA

Artigo Científico apresentado à Faculdade do Leste


Mineiro - FACULESTE, como parte das exigências
para a obtenção do título de Pós-graduação em
Neurociências.

UBERLÂNDIA-MG

2022
O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO SOB A PERSPECTIVA DA
NEUROCIÊNCIA

Karlaine Guimarães Severino

RESUMO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por deficiências na interação social,


comunicação, bem como pela ocorrência de comportamentos repetitivos, resistência a mudanças
e interesses bem restritos, cuja prevalência na população mundial é de 100 em cada 10000
pessoas. O objetivo deste trabalho de revisão foi estudar o TEA sob a perspectiva da
neurociência, a fim de discutir sobre sua prevalência na população, neurobiologia, métodos de
diagnóstico e tratamentos disponíveis. Foi realizada uma pesquisa sistemática nos seguintes
bancos eletrônicos de dados: Scielo, Pubmed, Google Acadêmico, Lilacs. Ainda não está
esclarecido o motivo pelo qual os indivíduos com autismo compartilham um conjunto sobreposto
de comportamentos e sintomas atípicos, apesar de terem diferentes fatores de risco genéticos e
ambientais. Algumas anormalidades neuroanatômicas foram identificadas em muitas áreas do
cérebro do autista, como cerebelo, tronco cerebral, lobos frontais, lobos parietais, hipocampo e
amígdala. Também já foram constatadas alterações neurofisiológicas como hiperexcitação em
resposta a estímulos sensoriais de entrada e diminuição da capacidade de selecionar entre
entradas sensoriais concorrentes. O diagnóstico de TEA depende da confirmação clínica dos
critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico e deve também considerar outros
aspectos, como linguagem e níveis cognitivos, comportamento adaptativo e outros sintomas e
características concomitantes. As intervenções não farmacológicas (comportamentais) continuam
sendo a base para o tratamento do TEA. No entanto, vários fármacos têm sido indicados em muitas
situações e podem facilitar a participação do paciente nas terapias não farmacológicas, melhorando
sua qualidade de vida.

Palavras-chave: Autismo. Neurobiologia. Neuroanatomia. Neurofisiologia.


Diagnóstico.
Introdução

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um termo usado para descrever


uma variedade de déficits de comunicação social e comportamentos sensório-motores
repetitivos que aparecem precocemente, associados a um forte componente genético,
bem como a outras causas (LORD et al., 2018; HOOGMAN et al., 2022).

O diagnóstico de autismo pode ser feito quando a criança atinge 18-24 meses
de idade. É por volta dessa idade que os sintomas característicos podem ser
distinguidos do desenvolvimento típico e de outros atrasos ou outras condições
(ZEIDAN et al., 2022).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2022), estima-se que em


todo o mundo cerca de uma em cada 100 crianças tenha autismo. Essa estimativa
representa um valor médio e a prevalência relatada varia substancialmente entre os
estudos. Alguns estudos bem controlados, no entanto, relataram números que são
substancialmente mais altos. No entanto, a prevalência do autismo em muitos países
de baixa e média renda ainda é desconhecida.

No Brasil, estimam-se dois milhões de casos de TEA, sendo que a metade


ainda não foi diagnosticada. Destes, somente 20% tem vidas independentes ou
parcialmente independentes e um em cada cinco estão em tratamento psiquiátrico ou
psicológico (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2019).

As perspectivas para muitos indivíduos com TEA hoje são mais promissoras do
que há 50 anos; mais pessoas com a condição são capazes de falar, ler e viver na
comunidade e não em instituições, e alguns serão em grande parte livre de sintomas
do transtorno na idade adulta (LORD et al., 2018).

Desta forma, dada a importante prevalência dessa condição em nossa


sociedade, a criação de políticas de saúde pública para o tratamento e diagnóstico do
autismo, bem como o apoio governamental a pesquisas na área é extremamente
importante para que as pessoas com TEA possam ter acesso ao diagnóstico
precocemente, e consequentemente iniciar as atividades de intervenção que possam
melhorar sua qualidade de vida e desenvolver plenamente suas potencialidades.
A partir dos anos 2000 houve um crescimento exponencial da pesquisa sobre
o autismo, impulsionado por muitos fatores, dentre eles, as taxas de prevalência
crescentes, o aumento da atenção da mídia e conhecimento do público sobre este
tema (TAGER-FLUSBERG, 2008).

Segundo Barroso (2017), a neurociência pode ser uma ferramenta importante


na aprendizagem das pessoas com TEA, uma vez que o professor, ao se apropriar
desse conhecimento, ficará apto a realizar as adaptações, arranjos e organizações
necessárias ao desenvolvimento da aprendizagem destes estudantes.

O objetivo deste trabalho foi estudar o Transtorno do Espectro do Autismo sob


a perspectiva da neurociência, a fim de discutir sobre sua prevalência na população,
neurobiologia, métodos de diagnóstico e tratamentos disponíveis.

Metodologia

Para a realização deste estudo de revisão, foi realizada uma pesquisa


sistemática nos seguintes bancos eletrônicos de dados: Scielo, Pubmed, Google
Acadêmico, Lilacs. Foram utilizadas 48 fontes de informação, dentre livros, artigos
científicos e outros materiais, publicados entre os anos de 1943 e 2022 nos idiomas
português e inglês.

O critério de inclusão para filtrar as fontes de informação a serem utilizadas foi


a pertinência do título e do resumo ao objetivo deste trabalho. As palavras-chave
utilizadas para a pesquisa foram: autismo, transtorno do espectro do autismo,
neurociência, autism, autism spectrum disorder, prevalence of autism, neuroscience
of autism, treatment of autism, autism diagnosis, dentre outras.

Desenvolvimento

O Transtorno do Espectro do Autismo

As principais características do autismo, descritas pela primeira vez por Kanner


(1943) incluem deficiências na interação social, na comunicação, bem como pela
ocorrência de comportamentos repetitivos, resistência a mudanças e interesses bem
restritos. Estes são os sintomas clínicos que são compartilhados por todos os
indivíduos com diagnóstico de autismo de diferentes gravidades. Além dos principais
comportamentos relatados, inúmeras outras características são vistas em muitos
indivíduos com autismo, mas a marca registrada dessas características relacionadas
é a heterogeneidade na sua expressão (AGER-FLUSBERG, 2008).

Embora os indivíduos com TEA sejam muito diferentes entre si, o transtorno é
caracterizado por características centrais em duas áreas - comunicação social restrita
e comportamentos sensório-motores repetitivos. Essas características ocorrem
independentemente da cultura, raça, etnia ou grupo socioeconômico (KHAN et al.,
2012).

Nos últimos 50 anos, o TEA passou de um distúrbio raro e estreitamente


relacionado à infância a uma condição vitalícia, reconhecida como bastante comum e
heterogênea (LORD et al., 2018). A descrição das principais características do TEA
como sendo déficits de comunicação social e comportamentos sensório-motores
repetitivos e incomuns não mudou substancialmente desde a sua delineação original
(KANNER, 1943). No entanto, essa condição atualmente é vista como um espectro
que pode variar de muito leve a grave. No entanto, muitos indivíduos com TEA
requerem algum tipo de suporte (LORD et al., 2018).

Prevalência na população
As estimativas de prevalência de TEA na população são ferramentas muito
importantes para a formulação de políticas públicas, bem como para a
conscientização da população e desenvolvimento de prioridades de pesquisa.

Os progressos consideráveis alcançados no aumento da conscientização do


autismo e resposta de saúde pública em todo o mundo tem andado de mãos dadas
com estudos epidemiológicos que oferecem indicadores objetivos do impacto do
autismo, incluindo estimativas de casos e seus impactos sociais e econômicos
associados (ZEIDAN et al., 2022).

As primeiras pesquisas realizadas nas décadas de 1960 e 1970 para a


estimativa da prevalência de autismo se baseavam na simples contagem do número
de crianças já diagnosticadas com fenótipo de autismo grave, e que residiam em
pequenas áreas geográficas circunscritas. A prevalência obtida foi baixa, variando de
0,4 a 2 por 1.000 crianças. Hoje, a metodologia dos inquéritos tornou-se mais
complexa; estudos incluem grandes populações, múltiplas localidades com amostras
estratificadas e contam com conjuntos intrincados de atividades de triagem seguidas
por alguma forma de diagnóstico e procedimentos de confirmação (FOMBONNE,
2018).

Zeidan et al. (2022) realizaram uma revisão sistemática sobre a prevalência de


TEA na população mundial considerando os estudos publicados sobre o tema desde
2012. Os autores encontraram 99 estimativas de 71 estudos, indicando uma
prevalência global de autismo que varia dentro e entre regiões, com média de
100/10.000 (intervalo: 1,09/10.000 a 436,0/10.000). A proporção média entre homens
e mulheres foi 4,2. A porcentagem média de casos de autismo com deficiência
intelectual concomitante foi de 33%. Segundo os mesmos autores, essas estimativas
variam, provavelmente refletindo as interações complexas e dinâmicas entre padrões
de conscientização da comunidade, capacidade de serviço, busca de ajuda, e fatores
sociodemográficos.

Neurobiologia do Transtorno do Espectro do Autismo


Segundo Contractor et al. (2021) os fundamentos mecanicistas do autismo
permanecem um assunto de debate e controvérsia. Ainda não está esclarecido o
motivo pelo qual os indivíduos com autismo compartilham um conjunto sobreposto de
comportamentos e sintomas atípicos, apesar de terem diferentes fatores de risco
genéticos e ambientais. O maior desafio no desenvolvimento de novas terapias para
o autismo tem sido a incapacidade de identificar fenótipos neurais convergentes que
poderiam explicar o conjunto comum de sintomas que resultam no diagnóstico.

Embora não haja alterações neuropatológicas macroscópicas identificadas no


autismo, há evidências crescentes de que os interneurônios inibitórios desempenham
um papel importante na sua base neural (CONTRACTOR et al., 2021; VARGHESE et
al., 2017; WEGIEL et al., 2010; YIP et al., 2008).

Em alguns estudos foram identificadas diferenças na densidade e tamanho das


espinhas dendríticas (MARTÍNEZ‐CERDEÑO, 2017; VARGHESE et al., 2017). No
trabalho de Martínez‐Cerdeño (2017), os dados obtidos em modelos humanos e
animais apontam para uma redução generalizada no tamanho e número, bem como
uma alteração na morfologia dos dendritos; e um aumento nas densidades da coluna
vertebral com morfologia imatura, indicando um estado geral de imaturidade no
autismo. A autora ressalta que estudos humanos adicionais sobre o número e
morfologia de dendritos no tecido post-mortem são necessários para entender as
propriedades dessas estruturas no córtex cerebral de pacientes com autismo.

Já no estudo de Varghese et al. (2017), o exame post-mortem de cérebros com


TEA revelou mudanças globais, incluindo desorganização da substância cinzenta e
branca, aumento do número de neurônios, diminuição do volume da soma neuronal e
aumento do neurópilo, o último refletindo mudanças nas densidades das espinhas
dendríticas, vasculatura cerebral e glia. Ambas as áreas corticais e não corticais
mostraram anormalidades específicas da região na morfologia neuronal e na
organização citoarquitetônica, com achados consistentes relatados no córtex pré-
frontal, giro fusiforme, córtex frontoinsular, córtex cingulado, hipocampo, amígdala,
cerebelo e tronco cerebral.

Segundo Contractor et al. (2021), essas descobertas, no entanto, precisam ser


replicadas considerando os problemas técnicos inerentes a estudos neuropatológicos
humanos, como por exemplo, atraso e qualidade da fixação dos materiais. Em geral,
essas mudanças são presumivelmente consistentes com neurogênese alterada,
migração neuronal, e maturação, mas se elas afetam preferencialmente neurônios ou
interneurônios inibitórios ainda não está claro.

Em outros estudos, algumas anormalidades anatômicas foram identificadas em


muitas áreas do cérebro no autismo, como cerebelo, tronco cerebral, lobos frontais,
lobos parietais, hipocampo e amígdala (AYLWARD et al., 1999; AYLWARD et al.,
2002; COURCHESNE et al., 1993; COURCHESNE et al. 1994; COURCHESNE;
TOWNSEND; SAITOH, 1994; HASHIMOTO et al., 1995; MURAKAM et al., 1989;
RODIER et al. 1996; CARPER; COURCHESNE, 2000).

No estudo de Murakam et al. (1989) o tamanho do hemisfério cerebelar foi


calculado em dez indivíduos autistas e oito controles normais pela soma das áreas
transversais do tecido do hemisfério cerebelar por meio de imagens de ressonância
magnética sagital. As áreas de duas regiões vermais cerebelares (lóbulos I a V e
lóbulos VI a VII) também foram medidas usando a imagem sagital mediana. A medida
cumulativa de área de corte do tamanho do hemisfério cerebelar foi significativamente
menor nos indivíduos autistas do que no grupo controle. A área cumulativa do corte
correlacionou-se positivamente com a área dos lóbulos vermais VI a VII apenas nos
autistas. Os resultados indicaram que a diminuição do tamanho dos hemisférios
cerebelares e lóbulos vermais VI a VII foi associada ao autismo.

Já no trabalho de Aylward et al. (1999) foi realizada a medição do hipocampo,


da amídala e dos volumes cerebrais totais em 14 adolescentes e adultos jovens do
sexo masculino autistas e em 14 voluntários saudáveis da comunidade
individualmente pareados. O volume da amídala foi significativamente menor nos
autistas, tanto com quanto sem correção para o volume cerebral total. O volume total
do cérebro e o volume absoluto do hipocampo não diferiram significativamente entre
os grupos, mas o volume do hipocampo, quando corrigido pelo volume total do
cérebro, foi significativamente reduzido nos indivíduos autistas.

No trabalho de Courchesne et al. (1993) imagens de ressonância magnética de


21 pacientes autistas saudáveis de 6 a 32 anos foram misturadas com imagens de
ressonância magnética de indivíduos controle e revisadas em quatro ocasiões
separadas por um neurorradiologista para quaisquer anormalidades
neuroanatômicas. Para testar a confiabilidade, três revisões subsequentes foram
realizadas pelo mesmo profissional. Os lobos parietais eram anormais na aparência
em 43% dos pacientes autistas. Perda de volume cortical nos lobos parietais foi
observada em sete pacientes autistas; em quatro desses casos, a perda de volume
cortical se estendeu para o lobo frontal superior ou occipital adjacente. Anormalidades
adicionais detectadas com ressonância magnética nesses nove pacientes incluíram
perda de volume da substância branca nos lobos parietais (três pacientes) e
afinamento do corpo caloso, especialmente ao longo do corpo posterior (dois
pacientes). As anormalidades eram bilaterais. As regiões mesial, lateral e orbital dos
lobos frontais; lobos temporais; estruturas límbicas; gânglios basais; diencéfalo; e
tronco cerebral foram normais em todos os pacientes autistas. Nenhuma
anormalidade foi encontrada nos 12 controles normais. Os indivíduos de controle com
anormalidades neurológicas tiveram vários achados anormais consistentes com suas
condições médicas. Sendo assim, esses resultados indicam que os lobos parietais
estão reduzidos em volume em uma parcela da população autista.

Segundo Carper e Courchesne (2000), certos déficits cognitivos e


comportamentais sugerem que o lobo frontal funciona anormalmente em pacientes
com autismo, mas pouca pesquisa anatômica está disponível para verificar ou refutar
isso. Em contraste, vários estudos neuropatológicos e de neuroimagem
demonstraram anormalidades anatômicas no cerebelo em pacientes autistas. Estes
pesquisadores demonstraram que o volume do córtex do lobo frontal está aumentado
em um subconjunto de pacientes com autismo e esse aumento se correlaciona com o
grau de anormalidade cerebelar. Essa evidência de anormalidades estruturais
concomitantes no lobo frontal e no cerebelo tem implicações importantes para a
compreensão do desenvolvimento e persistência do transtorno autista.

Sobre as alterações neurofisiológicas já relatadas no autismo incluem-se a


hiperexcitação em resposta a estímulos sensoriais de entrada e diminuição da
capacidade de selecionar entre entradas sensoriais concorrentes (TORDJMAN et al.,
1997; HIRSTEIN; IVERSEN; RAMACHANDRAN, 2001). Estudos de neuroimagem
funcional sugerem maior atividade nas áreas sensoriais do cérebro normalmente
associadas ao processamento acionado por estímulo, e diminuição da atividade em
áreas normalmente associadas à maior capacidade cognitiva em processamento.
Assim, as pessoas com autismo apresentam ativação incomumente alta em áreas
occipitais ventrais e ativação anormalmente baixa no pré-frontal e áreas parietais
(RING, et al., 1999).

Segundo RING et al. (1999), ao considerar as habilidades cognitivas de


pessoas com autismo, a maioria dos estudos explorou domínios em que existem
déficits. No entanto, em testes de processamento local e busca visual, exemplificados
pelo Embedded Figures Task (EFT), pessoas com autismo demonstraram resultados
superiores sobre controles normais. Esses autores utilizaram a ressonância
magnética funcional para avaliar indivíduos durante a realização do EFT com o
objetivo de testar a hipótese de que indivíduos normais e um grupo com autismo
ativariam diferentes regiões cerebrais e que diferenças nos padrões dessas ativações
regionais apoiariam modelos distintos de processamento cerebral subjacentes ao
desempenho do EFT nos dois grupos. Verificou-se que várias regiões cerebrais foram
ativadas de forma semelhante nos dois grupos. No entanto, os controles normais,
além de demonstrar ativações relacionadas à tarefa geralmente mais extensas,
também ativaram áreas corticais pré-frontais que não foram recrutadas no grupo com
autismo. Por outro lado, indivíduos com autismo demonstraram maior ativação das
regiões occipitotemporais ventrais. Essas diferenças na anatomia funcional sugerem
que as estratégias cognitivas adotadas pelos dois grupos são diferentes: a estratégia
normal invoca uma maior contribuição dos sistemas de memória de trabalho,
enquanto a estratégia do grupo autista depende em uma extensão anormalmente
grande dos sistemas visuais para análise de características do objeto.

Diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo


O transtorno do espectro do autismo é definido por um perfil de desafios
persistentes na comunicação e interação social do indivíduo e pela presença de
padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades que estão
presentes desde o início da infância e que causam prejuízos funcionais clinicamente
significativos (APA, 2013).

No nível individual, ser diagnosticado com TEA pode direcionar os aspectos da


intervenção, apoio e compreensão dos pontos fortes e dificuldades dessa pessoa. Em
nível comunitário ou populacional, o diagnóstico pode direcionar políticas, serviços e
suporte disponíveis, que podem ter bastante impacto na qualidade de vida da
população (RICE et al., 2022).

Leo Kanner foi o primeiro a estabelecer o autismo como um distúrbio único, e


não mais como apenas um sintoma da esquizofrenia. O autor caracteriza a síndrome
como uma incapacidade inata e descreve como sintomas os traços obsessivos, a
estereotipia e a ecolalia. A caracterização pioneira do autismo por Kanner serve, ainda
hoje, como referência para as definições encontradas nos atuais manuais
diagnósticos (ALMEIDA; NEVES, 2020).

A definição de autismo foi modificada ao longo dos anos, sobretudo com a


admissão do espectro, que o tornou, na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM-5) da American Psychiatric Association “Transtorno do
Espectro Autista” (TEA) (APA, 2013). A partir dessa nova nomenclatura, o autismo
englobou o Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (ALMEIDA;
NEVES, 2020).

Instrumentos, como o Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS-2)


(LORD et al., 2000) e o Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) (LORD et al.,
1994), sistematizaram comportamentos específicos relevantes para o autismo
classificados a partir da observação da pessoa e entrevista do cuidador e fornecem
algoritmos baseados em pesquisas que determinam se a pessoa satisfaz os critérios
do instrumento para TEA com validação em comparação com o diagnóstico clínico.
No entanto, atingir o limite em um único instrumento não é suficiente para o
diagnóstico (RICE et al., 2022).

A última revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM-5) define TEA como


deficiência em dois domínios principais: (1) comunicação e interação social, que
compreende desafios na reciprocidade socioemocional, no uso de estratégias não
verbais durante a interação social e desafios para desenvolver, manter e compreender
relacionamentos e (2) padrões de comportamento restritos, repetitivos e
estereotipados, manifestados por movimentos ou comportamentos repetitivos
incomuns, interesses restritos, insistência na mesmice e adesão inflexível a rotinas,
bem como desafios sensoriais que vão desde a busca em evitar certos estímulos
sensoriais (APA, 2013; SPITZER et al., 2002; HYMAN et al., 2020).

Uma série de distúrbios comportamentais, cognitivos e emocionais que


ocorrem no TEA também podem ser atribuídos a outras condições como transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, depressão, fobias,
deficiência intelectual, deficiência de fala/linguagem, ingestão de alimentos
restritiva/evitativa, problemas de sono, problemas de processamento sensorial e
condições genéticas. Isso muitas vezes torna o reconhecimento, diagnóstico e manejo
clínico do TEA ainda mais complexo e difícil (DOSHI-VELEZ et al., 2014).

Em última análise, o diagnóstico de TEA depende da confirmação clínica dos


critérios do DSM-5 a partir de múltiplas fontes de informação (SHULMAN et al., 2020;
VOLKMAR; MCPARTLAND, 2014), e pouca atenção tem sido dada a como os
médicos identificam e endossam exemplos comportamentais que constituem a
evidência necessária para um diagnóstico de TEA.

Os critérios de TEA do DSM-5 foram descritos amplamente para abranger uma


variedade de apresentações de sintomas em várias faixas etárias e níveis de
desenvolvimento. Além do diagnóstico categórico inicial (TEA/não-TEA), outros
indicadores de funcionamento, como linguagem e níveis cognitivos, comportamento
adaptativo e sintomas e características concomitantes também devem ser
especificados (APA, 2013; GARDNER et al., 2018).
Estratégias de tratamento para o Transtorno do Espectro do Autismo
Apesar das pesquisas sobre o TEA ocorrerem há décadas, as evidências atuais
apenas estabeleceram tratamentos comportamentais (não farmacológicos) como a
base do tratamento para abordar os seus principais sintomas. Parte da razão para a
falta de eficácia em muitos estudos de tratamento decorre da etiologia heterogênea
subjacente ao termo geral do TEA (AISHWORIYA, et al., 2022).

Dentre as estratégias de tratamentos não farmacológicos mais utilizadas para


o TEA tem-se o Método Lovaas de Análise Aplicada do Comportamento, uma
intervenção comportamental intensiva, altamente estruturada, de longo prazo e
individual, projetada para crianças pequenas, que tem uma forte base empírica
(LOVAAS, 1987). Este método tornou-se a base para muitas das intervenções
comportamentais baseadas em evidências em uso atualmente (SLOCUM et al., 2014).

Após décadas de extensa pesquisa, uma série de modificações e adaptações


do método Lovaas foram desenvolvidas. Estas podem ser utilizadas em diferentes
configurações, ambientes e procedimentos, e demonstraram ser eficazes no
tratamento das deficiências centrais do TEA na comunicação social, fala,
comportamentos, brincadeiras e aprendizagem (SMITH, 2013).

As intervenções comportamentais funcionam de forma mais eficaz quando


iniciadas em tenra idade para otimizar o desenvolvimento e habilidades de
aprendizagem das crianças pequenas. No entanto, as intervenções comportamentais
também têm um papel em crianças mais velhas, adolescentes e adultos. Os alvos
dessas intervenções são diferentes em indivíduos mais velhos, pois incluem o
desenvolvimento de habilidades sociais, vocacionais, de lazer e vida independente. A
pesquisa em intervenções comportamentais para adultos com TEA ainda é muito
limitada e precisará ser expandida no futuro (AISHWORIYA, et al., 2022).

Com relação ao tratamento farmacológico, este tem o objetivo de controlar


algumas condições muito presentes em pessoas com TEA como o transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade, irritabilidade, agressividade, transtornos de humor
e ansiedade (LEVY et al., 2010).

As intervenções farmacológicas são indicadas em muitas situações e podem


facilitar a participação do paciente nas terapias não farmacológicas, melhorando sua
qualidade de vida. Os princípios utilizados para o manejo psicofarmacológico são os
mesmos para crianças com TEA e para aquelas com desenvolvimento típico. No
entanto, os prescritores devem ter em mente que crianças com TEA tendem a ser
mais sensíveis aos efeitos da medicação e mais propensas a ter efeitos adversos do
que crianças sem TEA. Portanto, o tratamento farmacológico deve ser iniciado em
doses mais baixas e ajustado mais lentamente do que em crianças neurotípicas
(AISHWORIYA, et al., 2022).

Dentre os fármacos utilizados no tratamento de pessoas com TEA estão as


medicações serotoninérgicas (WILLIAMS et al., 2013), antipsicóticos como
risperidona e aripiprazol (MCCRACKEN et al., 2002; OWEN et al., 2009),
medicamentos estimulantes, como as anfetaminas (CORTESE et al., 2018), a
melatonina (GRINGRAS et al., 2017) e o canabidiol (BAKAS et al., 2017), dentre
outros.

Embora as intervenções comportamentais continuem sendo a base do


tratamento do TEA, vários tratamentos direcionados em potencial, que abordam a
neurofisiologia subjacente do TEA, surgiram nos últimos anos. Estes são promissores
para o potencial de, no futuro, tornarem parte do tratamento principal dos principais
sintomas do TEA (AISHWORIYA, et al., 2022).

Conclusão

O Transtorno do Espectro do Autismo é uma condição caracterizada por


deficiências na interação social, na comunicação, bem como pela ocorrência de
comportamentos repetitivos, resistência a mudanças e interesses bem restritos, cuja
prevalência na população mundial atinge cerca de 100 para cada 10.000 pessoas.

Ainda não está esclarecido o motivo pelo qual os indivíduos com autismo
compartilham um conjunto sobreposto de comportamentos e sintomas atípicos,
apesar de terem diferentes fatores de risco genéticos e ambientais.

Algumas anormalidades anatômicas foram identificadas em muitas áreas do


cérebro do autista, como cerebelo, tronco cerebral, lobos frontais, lobos parietais,
hipocampo e amígdala. Também já foram constatadas alterações como
hiperexcitação em resposta a estímulos sensoriais de entrada e diminuição da
capacidade de selecionar entre entradas sensoriais concorrentes.

O diagnóstico de TEA depende da confirmação clínica dos critérios


estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico e deve também considerar outros
aspectos, como linguagem e níveis cognitivos, comportamento adaptativo e outros
sintomas e características concomitantes.

As intervenções não farmacológicas (comportamentais) continuam sendo a


base para o tratamento do TEA. No entanto, vários fármacos têm sido indicados em
muitas situações e podem facilitar a participação do paciente nas terapias não
farmacológicas, melhorando sua qualidade de vida.

Referências

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