Você está na página 1de 19

O ENSINO DA HABILIDADE DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO

ESPECTRO AUTISTA COM BASE NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA

Caroline Favaro Panhan1


Renato Victorino Delgado2

1
Discente do quarto ano do curso de Psicologia da UNIPAR (Universidade Paranaense de Umuarama) — Campus sede.
E-mail: caroline.panhan@edu.unipar.br
2
Graduado em Psicologia pela Universidade Positivo (UP), especialista em Análise do Comportamento Aplicada pela
INESP. E-mail: renatodelgado@prof.unipar.br
O ENSINO DA HABILIDADE DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA COM BASE NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA

TEACHING ATTENTION SKILLS TO CHILDREN WITH AUTISTIC SPECTRUM


DISORDER BASED ON APPLIED BEHAVIOR ANALYSIS

ENSEÑANZA DE HABILIDADES DE ATENCIÓN A NIÑOS CON TRASTORNO DEL


ESPECTRO AUTISTA BASADA EN EL ANÁLISIS APLICADO DEL
COMPORTAMIENTO

Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma síndrome do neurodesenvolvimento,


causadora de dificuldades na linguagem, comunicação e interação social. É diagnosticado a partir da
verificação de repetição de comportamentos estereotipados que se iniciam na infância, mas que
perduram até a vida adulta. O presente trabalho visa aprofundar o estudo sobre o TEA, demonstrando
métodos para desenvolver a atenção da pessoa com autismo, bem como os utilizados para outras
intervenções de acordo com a metodologia ABA. Aborda, também, os níveis de intensidade para
caracterizar o Espectro Autista, informações a respeito da prevalência baseadas nas intervenções
psicossociais necessárias para o tratamento comportamental, treinamento essencial para pais e
cuidadores, destacando a indispensável participação familiar durante as intervenções, de modo a
reduzir as dificuldades de comunicação e proporcionar evolução positiva na qualidade de vida das
pessoas com autismo. A investigação baseou-se na Análise do Comportamento Aplicada por meio de
pesquisas bibliográficas e apresentação de Gráfico da Curva de Aprendizagem, o qual foi realizado a
partir dos dados coletados da folha de registro com a finalidade de sumarizar a compreensão do ensino
da habilidade e da busca necessária para a concretização dos tratamentos.

Palavras-chaves: Atenção. Análise do Comportamento Aplicada. Autismo. Habilidade.

Abstract: The Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental syndrome, responsible for
causing difficulty in language, communication and social interaction. It’s diagnosed from the
verification of repetition in stereotyped behavior starting at childhood, but lasting until adult life. The
current essay aims to deepen the study of ASD, demonstrating methods to develop the attention of
autistic individuals, such as the ones used for other interventions, according to the ABA Methodology.
It also deals with the levels of intensity to characterize the Autism Spectrum, information regarding
the prevalence based on the psychosocial interventions needed for behavioral treatment, essential
training for parents and caregivers, highlighting the indispensable familiar participation during the
interventions in order to reduce the difficulties of communication and to provide the positive
evolution in the quality of life of individuals with autism. The investigation based itself on the
behavioral analysis applied through bibliographical research and the presentation of the Learning
Curve Graph that were performed from the data collected from the record sheet with the intention of
summarizing the comprehension of teaching the skill and the search needed for implementing the
treatments.

Keywords: Attention. Applied Behavioral Analysis. Autism. Skill.

Resumen: El Trastorno del Espectro Autista (TEA) es un síndrome del desarrollo neuronal causador
de dificultades en el lenguaje, comunicación e interacción social. Son diagnosticados a partir de la
verificación de repetición de comportamientos estereotipados, que se inician en la niñez, pero
perduran hasta la vida adulta. La presente investigación busca profundizar el estudio sobre TEA,
demostrando métodos para desarrollar la atención de la persona con autismo, así como los utilizados
para otras intervenciones de acuerdo a la metodología ABA. Aborda, también, los niveles de
intensidad para caracterizar el Espectro Autista, informaciones a respecto de la prevalencia basado
en las intervenciones psicosociales necesarias para el tratamiento comportamental, entrenamiento
esencial para padres y cuidadores, destacando la indispensable participación familiar durante las
intervenciones, de forma a reducir las dificultades de comunicación y proporcionar evolución positiva
en la calidad de vida de las personas con autismo. La investigación se basó en el análisis del
Comportamiento Aplicado a través de pesquisas bibliográficas y presentación de Gráfico de la Curva
de Aprendizaje, que se realizaron a partir de los datos recolectados de la hoja de registro con la
finalidad de resumir la comprensión de la enseñanza de habilidad y de la búsqueda necesaria para la
concretización de los tratamientos.

Palabras clave: Atención. Análisis del Comportamiento Aplicado. Autismo. Habilidad.


3

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno complexo relacionado ao


desenvolvimento neurológico comportamental, que envolve atrasos e comprometimentos nas áreas
de habilidades sociais e linguagens em graus e intensidades variados. É condição permanente que
afeta indivíduos de todas as raças e culturas, manifestada, ao longo dos anos, por sintomas
emocionais, cognitivos, motores e sensoriais (GREENSPAN; WIEDER, 20063 apud SELLA;
RIBEIRO, 2018).
Assim, esta pesquisa objetiva aprofundar o conhecimento sobre o Transtorno do Espectro
Autista, abordando a importância do diagnóstico precoce, o processo de ensino da habilidade
relacionadas à atenção e o papel da família na intervenção, reforçando a importância da busca
contínua por informação, estudos, pesquisas e conhecimento sobre o espectro.
Ante sua complexidade e baixa compreensão da sociedade acerca do TEA, o conjunto de
sintomas dele decorrentes são usualmente estigmatizados. De acordo com o DSM-5:

As características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo persistente na


comunicação social recíproca e na interação social (Critério A) e padrões restritos e
repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (Critério B). Esses sintomas estão
presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário
(Critérios C e D) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 53).

Assim, em 2014, em conjunção de esforços da sociedade civil e do Governo brasileiro, por


meio do Ministério da Saúde, foi realizado um estudo e elaborada a cartilha denominada “Diretrizes
de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)”, com o intuito
de orientar equipes multiprofissionais quanto ao cuidado à saúde do indivíduo com TEA, no campo
da habilitação/reabilitação, e da sua família.
Como os pais, cuidadores, professores, pediatras ou responsáveis são os primeiros a verificar
algo diferente com a criança, com o surgimento do período de incertezas iniciais, torna-se
indispensável a elaboração e formação do diagnóstico por profissional devidamente capacitado.
A reabilitação da pessoa com TEA é um processo permanente de adaptação e aprendizagem
de novas habilidades para melhorar a convivência social, havendo tratamentos eficazes que variam
caso a caso. A psicoterapia comportamental é a mais recomendada para o processo de capacitação
dos cuidadores, pais e do próprio autista (SANTOS, 2008). A psicoterapia tem como objetivo auxiliar
e interpretar a linguagem corporal, a comunicação não verbal, a aprendizagem, as áreas acadêmicas
e, também, as emoções e as interações sociais (BARROS; SENRA; ZAUZA, 2015).

3
GREENSPAN, S. L.; WIRDER, S. Engaging Autism: using floortime approach to help children relate, communicate,
and think. Cambridge: Da Capo Press, 2006.
4

A escolha do tratamento adequado e o ensino das habilidades cognitivas é de extrema


importância, pois os ganhos são mais significativos o quanto antes se iniciar a intervenção. O
Transtorno do Espectro Autista acompanha o indivíduo por toda a sua vida, causando desconfortos
na constituição familiar, sendo relevante a participação no tratamento para proporcionar reforço das
habilidades ensinadas.
Assim como qualquer indivíduo, o autista é único dentro da sua individualidade, e os
resultados desse tratamento são variáveis, não há procedimentos únicos ou engessados para o
acompanhamento adequado do indivíduo autista, independentemente de gênero, raça ou idade
cronológica.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista recebeu sua primeira definição, em 1943, pelo médico
austríaco Leo Kanner, em Baltimore, nos Estados Unidos da América, em que o denominou como
distúrbio autístico de contato afetivo através de um quadro clínico. O autismo é uma síndrome
comportamental que acomete o desenvolvimento motor e neurológico, dificultando a cognição,
linguagem e interação social. Sua causa ainda é desconhecida, sendo vista como uma síndrome de
origem multifatorial, baseada em fatores genéticos, neurológicos e sociais, com outras manifestações
inespecíficas, por exemplo, fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou
agressividade (PINTO et al., 2016). Segundo o DSM-5,

O transtorno do espectro autista é frequentemente associado com comprometimento


intelectual e transtorno estrutural da linguagem (i.e., incapacidade de compreender e construir
frases gramaticalmente corretas), que devem ser registrados conforme os especificadores
relevantes quando aplicáveis. Muitos indivíduos com transtorno do espectro autista
apresentam sintomas psiquiátricos que não fazem parte dos critérios diagnósticos para o
transtorno (cerca de 70% das pessoas com transtorno do espectro autista podem ter um
transtorno mental comórbido, e 40% podem ter dois ou mais transtornos mentais comórbidos)
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 58).

As Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo


(BRASIL, 2014) reiteram a importância do processo de diagnóstico ser realizado por equipe
multiprofissional, composta por neurologistas, psiquiatras, nutricionistas, psicólogos, terapeutas
ocupacionais, fonoaudiólogos e psicopedagogos. Em avaliação individual, os profissionais podem
recomendar exames neurológicos, metabólicos e genéticos, que complementarão o diagnóstico,
evitando conclusões precoces.
5

Ponto fundamental é a inclusão da família na coleta de dados, bem como o histórico da criança,
o período gestacional e puerpério, os primeiros anos de vida, o desenvolvimento infantil, a
configuração familiar, a socialização, a rotina diária e o histórico clínico.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5 (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) conclui que o diagnóstico do autismo constitui descrição, e
não uma explicação, em que os sintomas podem aparecer durante o segundo ano de vida, sendo
possível, em alguns casos, identificá-los antes de um ano de idade.
Logo, caso se inicie a intervenção terapêutica profissional nesse período, o que se entende
adequado, a existência de eventuais déficits persistentes poderão ser propriamente analisados e
reabilitados, permitindo, ainda, a habilitação de outros aspectos relacionados à comunicação e
interação social. Como exemplos de déficits, podem ser citados os relacionados à comunicação e
interação social, déficits nos comportamentos verbais ou não verbais e déficits quanto à convivência
social, tanto no desenvolvimento quanto na manutenção do relacionamento. Assim:

C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas


podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as
capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na
vida) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 50).

O DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) destaca os especificadores


de intensidade do Transtorno do Espectro Autista, sendo dividido em três níveis que variam de acordo
com a compreensão do perfil intelectual concomitante. O nível 1 requer suporte, e a criança apresenta
rituais e comportamentos repetitivos, sendo resistente a interrupções. Sem um suporte adequado, o
déficit social ocasiona prejuízos e falta de interesse. O nível 2 busca um suporte grande, pelo fato de
que ocorrem preocupações ou interesses fixos frequentes, desconforto e frustrações visíveis ao
ocorrer interrupções de rotina, observam-se respostas mínimas ao contato social. Já o nível 3 requer
suporte intenso, rituais imutáveis, comportamentos repetitivos e preocupações a interrupções.
Verifica-se grave déficit em comunicação verbal e não verbal, com interações sociais muito limitadas
e mínimas.
O Ministério da Saúde frisa, nas Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com
Transtornos do Espectro do Autismo (BRASIL, 2014), a importância da descoberta inicial e
intervenção precoce do TEA, com a necessidade do diagnóstico diferencial, proporcionando aumento
da chance de maior qualidade de vida e eficácia do método aplicado. Dados indicam que 75% a 88%
dos casos já apresentavam sinais indicativos da patologia antes dos dois anos, sendo que 31% a 55%
eram antes de um ano de idade.
6

Portanto, pode-se dizer que a intervenção precoce consiste na prestação, por parte de uma
equipa multidisciplinar de serviços que são dirigidos à criança e à família, com o objetivo de
reduzir ao máximo os efeitos dos fatores de risco, no desenvolvimento da criança. O principal
objetivo é, então, minimizar os fatores que potencialmente viriam a dificultar o
desenvolvimento da criança, através de uma intervenção atempada, e principalmente antes
de interferirem de uma forma significativa na vida da criança, e consequentemente, na da sua
família (COSTA, 2014, p. 17-18).

Segundo o Center of Disease Control and Prevention (CDC) — Centro de Controle de


Doenças e Prevenção do Governo dos EUA —, a prevalência combinada de TEA é de uma a cada 54
crianças na faixa de oito anos, sendo brancas ou negras. Os indicativos variam, mas, normalmente,
iniciam antes dos três anos de idade e são mais frequentes no sexo masculino — entre três e cinco
homens para cada mulher (MAENNER, 2020).
Dessa forma, é importante destacar que o autismo é um transtorno grave e que necessita de
tratamentos específicos, comprovados cientificamente, com o intuito de proporcionar melhoras no
desenvolvimento cognitivo dessas crianças. Como exemplo de tratamento, pode-se citar a Análise do
Comportamento Aplicada, mais conhecida como ABA.

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA)

A Análise do Comportamento Aplicada, conhecida como ABA (Applied Behavior Analysis),


é um termo originado do Behaviorismo, que emprega como metodologia a análise e observação do
ambiente, do comportamento humano e da aprendizagem. É uma ciência com características
particulares, baseada na Psicologia e em outras áreas teóricas, conceituais e filosóficas, além de
diversos princípios, métodos claramente descritos e cientificamente validados, em busca de constante
desenvolvimento (SELLA; RIBEIRO, 2018).
O comportamento é o objeto de estudo dessa teoria, caracterizado de forma complexa e como
multideterminado, possibilitando várias formas de compreensão ou interação através de estímulos e
resposta. Em contrapartida, há a possibilidade de influência através das variáveis genéticas, culturais,
sociais e familiares (SELLA; RIBEIRO, 2018).
A base da ABA é a mensuração frequente e direta de seu objeto de estudo, buscando identificar
mudanças (COOPER; HERON; HEWARD, 2007), o que permite a tomada de decisões com base em
dados. A partir disso, faz-se possível a aplicação de tecnologias da ciência de forma efetiva e sem a
necessidade de recorrer a inferências no momento de apresentação de resultados.
O livro “Ajude-nos a aprender — Um Programa de Treinamento em ABA (Análise do
Comportamento Aplicada) em ritmo auto-estabelecido” (LEAR, 2004) traz conceitos norteadores
importantes sobre a Análise do Comportamento Aplicada, ressaltando que as intervenções são
7

personalizadas de acordo com cada indivíduo para, assim, evoluir ou alterar determinado
comportamento. Desse modo:

ABA é um termo “guarda-chuva”, descreve uma abordagem científica que pode ser usada
para tratar muitas questões diferentes e cobrir muitos tipos diferentes de intervenções.
Educação, especificamente Educação Especial para crianças com autismo, é uma das
aplicações dessa ciência. ABA é usada como base para instruções intensivas e estruturadas
em situação de um-para-um. Embora ABA seja um termo “guarda-chuva” que engloba
muitas aplicações, as pessoas usam o termo “ABA” como abreviação, para referir-se apenas
à metodologia de ensino para crianças com autismo (LEAR, 2004, p. 5).

Segundo o livro “Ensino de Habilidades Básicas para Pessoas com Autismo — Manual para
Intervenção Comportamental Intensiva” (GOMES; SILVEIRA, 2016), a ciência ABA pode ser
aplicada de três formas no tratamento do autismo: 1) aplicada a uma demanda específica, em que o
profissional utiliza a ciência do comportamento para uma intervenção delimitada; 2) aplicada ao
subsidiar uma intervenção padrão baseada em alguns programas educacionais, como o PECS, uma
metodologia que utiliza modelagem, encadeamento, ensino discriminativo e reforço diferencial; e 3)
aplicada na Intervenção Comportamental Intensiva, que é a intervenção feita por um educador que
estimula várias áreas do desenvolvimento cognitivo, devendo ser de, no mínimo, 15 e, no máximo,
40 horas semanais, sendo o avanço medido a partir de uma comparação com o próprio indivíduo,
destacando-se que:

O objetivo da Intervenção Comportamental Intensiva é aproximar, ao máximo, o


desenvolvimento da criança com autismo ao de uma criança típica, por meio do ensino
intensivo e sistemático dos comportamentos que a criança com autismo ainda não é capaz de
realizar e que deixam o desenvolvimento dela em atraso (GOMES; SILVEIRA, 2016, p. 26).

O objetivo da ciência ABA é melhorar a qualidade vida e, no caso do TEA, melhorar a


interação social e o desenvolvimento cognitivo para que tenha uma menor dificuldade nas atividades
do dia a dia e na comunicação social, de forma que proporcione ampliação do repertório
comportamental da criança que recebeu o diagnóstico do Espectro. Logo, a família tem grande
importância nessa vivência. Alguns pais optam por treinamentos para auxiliarem as crianças em suas
dificuldades, permitindo o aumento de oportunidades de aprendizagem e de generalização dos
repertórios ensinados (BEARSS et al., 20154; LOOVAS et al., 19735; PRATA; LAWSON;
COELHO, 20186 apud BARBOZA, 2019).

4
BEARSS, K. et al. Parent Training in Autism Spectrum Disorder: what’s in a name? Clinical Child and Family
Psychology Review, v. 18 n. 2, p. 170-182, 2015.
5
LOVAAS, I. et al. Some generalization and follow-up measures on autistic children in behavior therapy. Journal of
Applied Behavior Analysis, v. 6, n. 1, p. 131-165, 1973.
6
PRATA, J.; LAWSON, W.; COELHO, R. Parent training for parents of children on the autismo spectrum: a review.
International Journal of Clinical Neurosciences and Mental Health, v. 3, p. 1-8, 2018.
8

Como os desafios são diários, as famílias necessitam de apoio constante, tanto financeiro
quanto emocional, além de o custo da Intervenção Comportamental Intensiva ser alto e de difícil
acesso. “Pesquisas apontam que pais de pessoas com Transtorno do Espectro Autista têm maior
sobrecarga e desafios ao longo da vida em comparação aos de crianças sem transtornos do
neurodesenvolvimento” (HALL; GRAFF, 20117 apud BAGAIOLO et al., 2019, p. 48).
A capacitação de pais tem como objetivo trabalhar a habilidade de comunicação, o
autocuidado e as brincadeiras, modelando o comportamento da criança a partir dos princípios
comportamentais. Desse modo, aprender, prever e controlar esses comportamentos são ações
necessárias para complementar as intervenções profissionais. Nos últimos anos, registou-se um
aumento significativo no ingresso de alunos com autismo nas escolas e classes comuns, demandando
conhecimento e inserção de meios eficazes.
Como conjunto de mediações e estratégias interventivas cientificamente eficazes e
comprovadas, tem-se o método PBE (Práticas Baseadas em Evidências), com o intuito de melhorar a
efetividade clínica e apoiar o profissional nas suas condutas, utilizando melhores evidências
científicas, experiências clínica e as preferências da criança ou da família a respeito da intervenção
adequada (NUNES; SCHMIDT, 2019). Assim, os portadores do TEA recebem o processo de
interposição por meio da combinação de programas em múltiplos contextos e de multiprofissionais
qualificados, proporcionando o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas.
O manual de treinamento em ABA, “Ajude-nos a aprender” (LEAR, 2004), menciona que
independente da instituição de ensino ou profissional, o importante é que todos mantenham os
mesmos conceitos básicos para a aplicação da metodologia interventiva. Além de que, por mais que
haja um planejamento pré-estabelecido, poderão surgir situações que exigirão modificações ou
remanejamento dos programas existentes. Contudo, a meta do ensino é que o aprendizado seja
generalizado para situações mais cotidianas, progredindo a capacidade de aprender incidentalmente.

HABILIDADE DE ATENÇÃO

O TEA caracteriza-se por uma série de comportamentos restritos e repetitivos, com variedades
e intensidades distintas, prejudicando o portador do espectro em áreas de relacionamento social,
emocional e comunicação (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Assim, há
necessidade de implantação do ensino de desenvolvimento das habilidades por meio de diferentes
procedimentos adaptados para atingir objetivos específicos.

7
HALL, H. R.; GRAFF, C. The relationships among adaptive behaviors of children with autism, family support, parenting
stress, and coping. Issues in Comprehensive Pediatric Nursing, v. 34, n. 1, p. 4-25, 2011.
9

As habilidades aprendidas são uma atuação do indivíduo dentro de uma situação interpessoal
(DEL PRETTE; DEL PRETTE, 19998 apud SANTOS-CARVALHO et al., 2014), ou seja,
comportamentos aprendidos e aceitáveis que permitem a interação do indivíduo com os outros e, de
certa forma, evitam ou fogem de comportamentos não aceitáveis que causam interações sociais
negativas. As habilidades são aprendidas e o seu desenvolvimento depende do indivíduo, das
variações cognitivas, variações ambientais, sociais e emocionais.
Dentro dos programas de desenvolvimento da prática, o livro “Ensino de Habilidades Básicas
para Pessoas com Autismo — Manual para Intervenção Comportamental Intensiva” (GOMES;
SILVEIRA, 2016) define as habilidades de atenção como conjunto de diferentes respostas, como se
sentar, esperar e contato visual.
A habilidade de sentar é ensinada a algumas crianças que apresentam dificuldades para
realizar esse comportamento, havendo possibilidade de aprendizado nos contextos necessários. O
procedimento realizado parte da escolha do aplicador de um item motivador para a criança,
oferecendo e conduzindo a cadeira. Ao realizar esse comportamento, entregue o alimento, objeto ou
atividade de interesse, e o portador do TEA deve ser elogiado. Se houver fuga, retire-o e conduza
novamente ao comportamento de se sentar. Deve ser considerado como aprendido o comportamento
quando a criança consegue permanecer por, no mínimo, 30 minutos sentada, admitindo-se que ela
levante, no máximo, cinco vezes, desde que volte a se sentar após solicitação do educador.
Como caso prático, pode-se aproveitar que a criança se alimentará para fazer o ensino
incidental da resposta de se sentar. Estabelecemos que a criança deve se sentar antes de comer.
Apresentamos a instrução "senta" e indicamos que a criança deve se sentar através de ajuda física e
leve, se necessário, até que a criança realize a atividade de modo independente. Percebe-se que, nesse
caso, não há um número determinado de tentativas ou blocos de tentativas. Muitas vezes, é a criança
que começa uma atividade que pode ser considerada uma tentativa e, então, aproveitamos aquela
oportunidade para aplicar o procedimento de treino. Dentro dessa habilidade, utiliza-se o método da
modelagem. Assim,

A modelagem é baseada no reforço diferencial: em estágios sucessivos, algumas respostas


são reforçadas e outras não. Além disso, à medida que o responder se altera, os critérios para
o reforço diferencial também mudam, em aproximações sucessivas da resposta a ser
modelada. A propriedade do comportamento que torna a modelagem efetiva é a variabilidade
do comportamento (CATANIA, 1999, p. 126).

O comportamento de esperar é útil em várias situações do cotidiano, pois envolve aquisições


de comportamentos relevantes à cognição. Importante frisar que é necessário que a aprendizagem

8
DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo.
Petrópolis: Vozes, 2001.
10

seja realizada através de metodologias comunicativas, confortáveis, sensíveis e perspicazes,


ocasionando o desenvolvimento dessa habilidade em crianças que possuem dificuldades para realizar
essa ação.
Durante a aplicação da atividade, utiliza-se um item reforçador, seja ele objeto, alimento ou
algo de interesse, entregando à criança por um tempo e, depois, pedindo a ela de volta. Quando a
criança entrega o item, dá-se início ao tempo que ela deve esperar para receber o objeto de volta,
influenciando a criança ao comportamento alvo. Caso a criança se recuse a entregar o item, deve-se
fazer cosquinhas ou brincadeiras para retirar o objeto, sem tornar a situação desconfortável, de forma
totalmente natural e agradável. Após o tempo estipulado, devolve-se o item e apresenta-se, em
seguida, um elogio social. Caracteriza-se como generalização do comportamento quando a criança é
capaz de esperar de forma independente sem algum tipo de ajuda (GOMES; SILVEIRA, 2016).
Ainda, o contato visual que faz parte da atenção é muito importante na interação social e na
comunicação não verbal, sendo um dos sinais e sintomas característicos do Espectro. A criança autista
não considera a atenção e o olhar dos outros como reforço, além de ser algo aversivo, sentindo
desconforto e estresse ao estar exposto a muitos estímulos sociais, apresentando dificuldades de
concentração ao falar e olhar ao mesmo tempo (FERNANDES, 2008). Nesse comportamento, é
necessária a intervenção, devendo o contato ocular se tornar algo reforçador para a criança, fazendo
essa resposta aumentar a frequência. No entanto, o aplicador das intervenções deve entender e praticar
a melhor maneira, estabelecendo um ambiente natural e atrativo, sem lhe causar ansiedade e
incômodo, por meio de interações não-verbais.
O procedimento de interposição é estabelecido, inicialmente, em um breve período de tempo
e pode se sustentar por um período maior. Pode-se utilizar instrumentos de interesse da criança para
que ela consiga ganhá-los somente após o contato ocular, isso faz com que se aumente a probabilidade
de o comportamento alvo ocorrer. Além disso, o ensino de contato visual é composto brevemente
pelo olhar no momento que a criança é chamada pelo educador ao menos por um segundo. Já por três
segundos, é a sustentação breve do olhar, e, por fim, temos a sustentação do olhar da criança por cinco
segundos. A cada sustentação, deve-se entregar o item de interesse e reforçar socialmente. Entretanto,
em todos os chamados, o orientador deve estar próximo à criança, de forma que seja acessível manter
o contato visual (GOMES; SILVEIRA, 2016).
Dentro da ciência ABA, encontramos uma de suas metodologias: o ensino por tentativas
discretas, conhecido como DTT. Uma estratégia de intervenção utilizada com crianças autistas para
diminuir a frequência de intensidade de comportamentos indesejados, ensinar novas habilidades e
modelação de comportamentos.
O DTT tem como base os comportamentos desconfigurados, os quais são ensinados, de forma
isolada, por meio de um reforçador condicionado. Um método planejado através das necessidades do
11

aluno, sendo apresentado em pequenos passos, que são ensinados um de cada vez durante uma série
de tentativas, contendo um antecedente, uma dica, a emissão da resposta do aluno e, por fim, a adição
da consequência que corrigem ou reforçam (GREER; ROSS, 2014; VARELLA; SOUZA, 2018). A
aplicação possibilita maiores chances para que a criança aprenda por meio de intervenções mais claras
e objetivas.
O método naturalístico é um ensino por oportunidades incidentais, com o intuito de
desenvolver abordagens em ambiente natural, com foco na linguagem e nos comportamentos sociais.
A aplicação desse método se dá em um ambiente que tenha objetos reforçadores à criança, em que
ela controla o método através de seus interesses e de dicas dadas pelo terapeuta e apresenta suas
respostas (LAMÔNICA, 1993).
O ensino incidental envolve a interação entre a criança e o aplicador, ocorre de forma
desestruturada e com foco no aproveitamento das oportunidades do dia a dia para aplicar o
procedimento de ensino.
Os meios de ensino apresentam vantagens e desvantagens. O método DTT conta com um
ambiente mais controlado e com oportunidade de repetição, já o ensino em ambiente natural
movimenta-se pela motivação da criança. Os dois métodos podem ser implementados com variações
dos métodos de ensino a crianças com TEA, sendo diminuídos gradativamente até que a criança
consiga alcançar a meta proposta na atividade.
Ressalta-se que muitos programas de ensino são feitos simultaneamente, de forma que o
aplicador organiza seu material para registrar a evolução do aluno por meio de gráficos e folhas de
registros. Esses registros são importantes para a avaliação dos resultados produzidos no
comportamento a partir de determinadas alterações no ambiente (COOPER, HERON, HEWARD
2007), e essas alterações, no caso, podem ser as intervenções implementadas. A mensuração dos
resultados permite a elaboração de conclusões empíricas. Tem-se como exemplo identificar, por meio
de observação, que o aumento na frequência do comportamento de uma criança de realizar contato
visual aconteceu quando foi aplicado o procedimento de apresentar um item de preferência após a
sua emissão. No exemplo citado, caso fosse retirado o procedimento e observada a redução na
frequência do comportamento de realizar contato visual e, quando este fosse reinserido, se observasse
reestabelecimento na frequência, poder-se-ia considerar que há uma relação funcional (SKINNER,
2003) entre a consequência apresentada e o comportamento de realizar contato visual.
Como forma de destacar um comportamento, utiliza-se o reforçamento, que consiste na
apresentação de determinadas consequências ao comportamento emitido pela criança. Como produto
desse procedimento, temos o aumento da probabilidade de o comportamento ocorrer novamente,
assim o reforçador é diferente para cada indivíduo, então cabe ao aplicador apresentar avaliações de
12

preferências para identificar quais são os reforçadores da criança (DUARTE; SILVA; VELLOSO,
2018).
O reforçador condicionado é um estímulo pareado com outros reforçadores, sendo estes
conhecidos como economia de fichas. No programa de intervenção realizado pelo terapeuta, a criança
recebe fichas após a sua emissão de comportamentos variados e desejáveis, podendo trocar as que
adquiriu por outro reforçador (MARTIN; PEAR, 2009). Desse modo, podem ser apresentadas
imediatamente após um comportamento, de forma instantânea, usando-as como ponte nos intervalos
de tempo longos entre a resposta-alvo e o reforçador final. Ademais, fichas pareadas com outros
reforçadores são reforços condicionados generalizados, sem depender de uma ação motivadora
específica para obter o reforçador.
A organização dos materiais feitos pelo aplicador é necessária para apresentar a evolução da
criança ao programa. Durante a aplicação do programa, é preciso levar em conta os estudos
fisiológicos da motivação e a importância dos estímulos à criança, ou seja, níveis de açúcar no
organismo, níveis hormonais, noites de descanso e outros fatores que possam influenciar no
rendimento durante a atividade. A motivação não é um impulso localizado dentro do organismo, mas
um termo aplicado a muitas variáveis, tendo relação com trocas de experiências, divisão de interesses
e engajamento ao brincar. Essas variáveis abordam vários estímulos importantes, e estamos
interessados nos que tornam as consequências mais efetivas, como reforçadores ou punições
(CATANIA, 1999).
Importante enfatizar que o uso de dicas consiste na assistência necessária oferecida à criança
para aumentar a probabilidade de acertos mediante a sua resposta. A utilização de dicas de ensino é
uma estratégia eficiente, aumentando a probabilidade de generalização. Para que ocorra a resposta-
alvo, apresenta-se um estímulo discriminativo (SD), adicionando à ajuda, assim aumentando o
controle efetivo do desempenho a ser ensinado. Ao responder corretamente, será produzido um
reforçamento, já na resposta incorreta, não haverá produção de reforço. Portanto, o reforçamento
fortalece as respostas corretas e diminui a probabilidade de repetição das respostas incorretas
(DUARTE; SILVA; VELLOSO, 2018). Após a introdução, as dicas são gradativamente retiradas
para não tornar a criança dependente, com o objetivo de transferir o controle de estímulos para os SD,
resultando em desempenhos de forma independente.
Os comportamentos de crianças atípicas, que são portadoras do Espectro Autista, abrangem
diferentes alterações relacionadas ao desenvolvimento neurológico. Desse modo, o desempenho
comportamental de cada criança é medido através da evolução de suas habilidades. Assim, os dados
apresentados e registrados trazem uma nuance para se basear e chegar a uma abordagem interventiva
específica e necessária para o desenvolvimento, verificando suas dificuldades e facilidades. A folha
13

de registro, conforme exemplo na Figura 1, é a validação da coleta de dados que aponta a ampliação
da aprendizagem do indivíduo.

Figura 1 – Exemplo do número de respostas do ensino de habilidade de atenção do contato ocular


através do protocolo de registro

Fonte: os autores (2021).

No exemplo simulado da Figura 1, houve o registro do ensino de habilidade de atenção do


contato ocular, com instruções claras e objetivas para o uso de forma correta, por meio da folha de
registo. Essa folha traz as instruções de registro e todo o detalhamento, quando preenchida e avaliada,
do ritmo de desenvolvimento da criança, sendo instrumento indispensável. Inicialmente, foi aplicada
a linha de base antes da inserção da variável independente com o objetivo de verificar o desempenho
da criança, colhendo o nível de dificuldade mediante o programa e a habilidade do comportamento
de interesse na ausência de estímulos (BARBOZA, 2019). Os dados de linhas de base sobre o alvo
devem ser coletados antes da inclusão de economia de fichas (MARTIN; PEAR, 2009).
14

Após esse bloco, apresenta-se a atividade nos dias consecutivos com ajuda, sendo sete dias
com dicas, as quais podem ser verbais, gestuais, modelo, visuais ou físicas. As dicas e as
consequências fornecidas são equivalentes às situações de ensino do programa. No oitavo dia, a
criança realizou a atividade sem ajuda, ou seja, sem qualquer tipo de dica ou intervenção, totalizando
quatro dias totalmente independente. O registro no exemplo é uma interposição de 12 dias com 10
tentativas diárias.
Os registros de habilidades podem ser contínuos, através de respostas corretas, incorretas e
níveis de ajuda de tentativa por tentativa, ou descontínuos, registrando a primeira ou a última
tentativa. Registros contínuos produzem resultados mais confiáveis e suficientes para atestar a
aprendizagem. Os fatores de aprendizagem referem-se ao critério de meta escolhido para determinar
que o aprendiz domina a tarefa ensinada. No DTT, esse critério se refere a uma determinada
quantidade de tentativas em que a resposta correta é emitida. A eficiência desses critérios pode ser
avaliada em testes de manutenção das habilidades adquiridas em datas posteriores (SELLA;
RIBEIRO, 2018).
Após o alcance do critério de aprendizagem, devem ser elaborados programas interventivos
para garantir a generalização e manutenção das habilidades aprendidas para ambientes naturais do
cotidiano. É necessário avaliar e adequar os programas com os reforçadores disponíveis para
manutenção da tarefa e sob o controle dos estímulos aos quais a generalização é adequada.
Salienta-se que a implementação de procedimentos de DTT exige conhecimento consistente
da Análise do Comportamento Aplicada para o desenvolvimento de programas e procedimentos de
ensino acerca da continuidade ou mudança de decisões (SELLA; RIBEIRO, 2018). Procedimentos
de ensino estruturados são essenciais para organizar o ambiente e úteis para a implementação nos
contextos naturais.

Figura 2 – Exemplo do número de acertos do ensino de habilidade de atenção do contato ocular


através do registro de evolução

Fonte: os autores (2021).


15

No exemplo fictício da Figura 2, o ensino de habilidade de atenção do contato ocular foi


registrado com base na Figura 1 por meio de sua evolução, mostrando a curva de aprendizagem. A
cor azul mostra o bloco da linha de base, quando se coletou como era o contato ocular da criança
inicialmente. Já a cor vermelha traz os sete dias de acertos com dicas apresentadas pelo aplicador.
Por fim, a cor amarela remete aos quatro dias de aplicação da atividade de forma independente, sem
nenhum tipo de intervenção.
O intuito do gráfico é, de forma breve e objetiva, trazer informações relevantes a respeito da
evolução da criança sujeita ao programa aplicado, sendo esperado que ela alcance a resposta-alvo de
forma eficiente e independente, e, consequentemente, ocorra a generalização do comportamento,
evolução das situações em que mais se encontram dificuldades e permitindo ao supervisor tomar uma
decisão baseada em dados.
O gráfico padrão tem o objetivo de analisar como a frequência do comportamento muda ao
longo do tempo. O tempo entre respostas é definido como o tempo entre duas respostas que ocorrem
sucessivamente, sendo relevante quando se pretende aumentar ou diminuir o intervalo entre respostas,
ou seja, diminuir a frequência, porém não eliminar o comportamento.
Dessa forma, o tempo entre respostas é uma medida utilizada para favorecer o planejamento
de intervenções dos procedimentos utilizados (SELLA; RIBEIRO, 2018). As taxas de respostas são
relevantes para medir comportamentos definidos como operantes livres, ou seja, comportamentos que
podem ser emitidos em qualquer momento, pois é uma medida sensível a mudanças nos valores do
comportamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo visou à compreensão do Transtorno do Espectro


Autista e da importância do ensino de habilidades de atenção, utilizando a Análise do Comportamento
Aplicada. O intuito da ciência ABA é proporcionar melhoria na interação social e no desenvolvimento
cognitivo para que tenha uma menor dificuldade nas atividades do dia a dia e na comunicação social,
ampliando o repertório comportamental da criança que recebeu o diagnóstico do TEA.
A habilidade de atenção é de suma importância para o desenvolvimento de outras habilidades,
como a comunicação, que são fundamentais para a interação social com as outras pessoas, o que está
extremamente vinculado às habilidades sociais e cognitivas, sendo imprescindível que o diagnóstico
do Espectro se dê por meio de uma intervenção precoce junto a uma equipe multiprofissional. Com a
compreensão do perfil intelectual concomitante, a criança deve receber a intervenção necessária.
O TEA diz respeito a uma série de comportamentos restritos e repetitivos, com variedades e
intensidades distintas, os quais são suficientes para prejudicar o portador do Espectro em áreas de
16

relacionamento social, emocional e de comunicação. É essencial e indispensável a interposição por


meio do esperar, sentar e contato ocular, em que este é uma das primeiras ações submetidas.
Esse processo de variação é difícil e requer uma alteração na vivência do mundo da criança.
Até ocorrer a generalização, aparecerão dificuldades, estranhezas e, muitas vezes, rejeição à aplicação
da atividade. O educador deve compreender e viver em profundidade a experiência e a intervenção
com a criança, junto à sensibilidade, sutileza e disposição, levando em conta que a criança possui suas
particularidades e dificuldades distintas.
Os meios de ensino apresentam dois modelos de intervenção. O método DTT é aplicado em
ambiente mais controlado e com oportunidade de repetição; e o método de ensino em ambiente natural
utiliza a motivação da criança. Uma das maneiras de auxiliar na aplicação de atividades ao autista é
estabelecendo uma relação entre o psíquico e o orgânico, a partir de experiências sensoriais,
cognitivas ou verbais, aumentando sua relação com o mundo, o qual, inicialmente, era impossível ou
evitado pela dificuldade excessiva de entrar em contato com os outros.
Durante a aplicação do programa, é preciso levar em conta os estudos fisiológicos da
motivação e a importância dos estímulos à criança, além de outros fatores que possam influenciar no
rendimento durante a atividade. Essa pesquisa não se esgota, principalmente, levando em conta o
tamanho reduzido do estudo, porém abre possibilidade para maiores reflexões e futuras pesquisas
sobre o ensino de habilidades imprescindíveis ao Transtorno do Espectro Autista por meio da ciência
ABA.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais: DSM-5. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento et al. 5. ed. Porto Alegre: Artmed,
2014. Disponível em: http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-
Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.

BAGAIOLO, F. et al. Capacitação parental para comunicação funcional e manejo de comportamentos


disruptivos em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Cadernos de Pós-Graduação em
Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 46-64, jul./dez. 2018. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpdd/v18n2/v18n2a04.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.

BARBOZA, A. A. Avaliando procedimentos para treino parental sobre a intervenção analítico-


comportamental ao TEA. 2019. 67 f. Tese (Doutorado em Teoria e Pesquisa do Comportamento)
— Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, 2019.
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1v0Sq7PuOSAknqWJwcRWvy2xZrn33LVep/view.
Acesso em: 10 out. 2021.

BARROS, A. L.; SENRA, L. X.; ZAUZA, C. M. F. O processo de inclusão de portadores do


transtorno do espectro autista. Psicologia.PT, p. 1-15, 2015. Disponível em:
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0896.pdf. Acesso em: 22 de agosto de 2021.
17

BRASIL. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do


Autismo (TEA). Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 86 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_autismo.pdf.
Acesso em: 10 out. 2021.

CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4. ed. Porto Alegre:


Artmed, 1999.

COOPER, J. O.; HERON, T. E.; HEWARD, W. L. Applied Behavior Analysis. 2. ed. New Jersey:
Pearson, 2007.

COSTA, D. C. F. da. Intervenção Precoce no Transtorno do Espetro do Autismo. 2014.


Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação) — Escola Superior de Educação João de Deus,
Lisboa, 2014. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/14422/1/DanielaCosta.pdf.
Acesso em: 13 out. 2021.

DUARTE, C. P.; SILVA, L. C. e; VELLOSO, R. de L. Estratégias da Análise do Comportamento


Aplicada para Pessoas com Transtornos do Espectro Autista. São Paulo: Memnon, 2018.

FERNANDES, F. S. O Corpo do Autismo. PSIC – Revista de Psicologia da Vetor Editora, v. 9, n.


1, p. 109-114, jan./jun. 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psic/v9n1/v9n1a13.pdf.
Acesso em: 10 out. 2021.

GOMES, C. G. S.; SILVEIRA, A. D. Ensino de Habilidades Básicas para Pessoas com Autismo:
manual para intervenção comportamental intensiva. 1. ed. Curitiba: Appris, 2016.

GREER, R. D.; ROSS, D. E. Analisis de la Conducta Verbal. Madrid: Grupo 5, 2014.

LAMÔNICA, D. A. C. Utilização de variações do ensino incidental para promover o aumento das


habilidades lingüísticas de uma criança diagnosticada autista. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 1, n.
2, ago. 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X1993000200016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 13 out. 2021.

LEAR, K. Ajude-nos a aprender: um programa de treinamento em ABA (Análise do


Comportamento Aplicada) em ritmo auto-estabelecido. 2. ed. Toronto: [s.n.], 2004. Disponível em:
http://www.autismo.psicologiaeciencia.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Autismo-ajude-nos-a-
aprender.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.

MAENNER, M. J. et al. Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years —
Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2016. MMWR
Surveill Summ, v. 69, n. SS-4, p. 1-12, 2020. Disponível em:
https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/69/ss/ss6904a1.htm#suggestedcitation. Acesso em: 13 out.
2021.

MARTIN, G.; PEAR, J. Modificação de Comportamento: o que é e como fazer. São Paulo: Ed.
Roca Ltda, 2009.

NUNES, D. R. P.; SCHMIDT, C. Educação Especial e Autismo: das práticas baseadas em evidência
à escola. Cad. Pesqui., São Paulo, v. 49, n. 173, p. 84-104, jul./set. 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/ZbKfTytcdVJ5mgLv5w65Q9c/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10
out. 2021.
18

PINTO, R. N. M. et al. Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações


familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 37, n. 3, p. 1-9, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rgenf/a/Qp39NxcyXWj6N6DfdWWDDrR/?format=pdf&lang=pt#:~:text=O
%20autismo%20tamb%C3%A9m%20conhecido%20como,social%20da%20crian%C3%A7a(1).
Acesso em: 10 out. 2021.

SANTOS, A. M. T. Autismo: desafio na alfabetização e no convívio escolar. 2008. Trabalho de


Conclusão de Curso (Especialista em Distúrbios de Aprendizagem) — Centro de Referência em
Distúrbios de Aprendizagem, São Paulo, 2008. Disponível em: https://pdf4pro.com/cdn/autismo-
desafio-na-alfabetiza-199-195-o-e-no-36a59d.pdf. Acesso em: 13 out. 2021.

SANTOS-CARVALHO, N. et al. Treinamento de Habilidades Sociais e Transtorno do Espectro


Autista. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6., 2014, São Carlos. Anais
[...]. Campinas: Galoá, 2014. Disponível em:
https://proceedings.science/cbee/cbee6/papers/treinamento-de-habilidades-sociais-e-transtorno-do-
espectro-autista--revisao-sistematica. Acesso em: 10 out. 2021.

SELLA, A.; RIBEIRO, D. M. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro


Autista. 1.ed. Curitiba: Appris, 2018.

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

VARELLA, A. A. B.; SOUZA, C. M. C. de. Ensino por tentativas discretas: revisão sistemática dos
estudos sobre treinamento com vídeo modelação. Revista Brasileira de Terapia Comportamental
e Cognitiva, v. 20, n. 3, p. 73-85, 2018. Disponível em:
http://rbtcc.webhostusp.sti.usp.br/index.php/RBTCC/article/view/1215. Acesso em: 13 out. 2021.

Você também pode gostar