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RESUMO
O brincar é um aspecto central na vida humana, pois as crianças crescem. Aprendem a usar
os músculos; coordenam o que vêem com o que fazem; e adquirem domínio sobre o corpo.
Descobrem como é o mundo e como elas são. Adquirem novas habilidades e aprendem as
situações apropriadas para usá-las. Na medida em que a criança constrói as imagens
mentais, quebram-se os laços que lhe prendiam ao imediato, dando assim, espaço para as
condutas simbólicas. Experimentam diversos aspectos da vida. Enfrentam emoções
complexas e conflitantes recenseando a vida real. Este trabalho monográfico tem como
objetivo principal relacionar o lúdico com o desenvolvimento da criança. A referência
desta pesquisa foi a de um estudo bibliográfico. O referencial teórico está embasado por
autores como Craidy (2001), Kishimoto (1999), Novoa (1991), Santin (1994), Vygotski
(1989), entre outros. O brincar faz parte da vida das crianças. Para sintetizar a importância
do lúdico para a criança é dizer que “o trabalho está para o adulto assim como o brinquedo
esta para a criança”. A presença do brincar é o sinal de saúde mental e sua ausência um
sintoma de doença, física ou mental. O modo como a criança brinca é um indicativo de
como ela está e de como ela é. É por meio da ludicidade, que as crianças criam, imitam,
têm o “poder”, esquecendo assim o distanciamento entre elas e os adultos; isto é vão
construindo sua inteligência e o próprio amadurecimento social. Conclui-se, então, que a
ludicidade é condição necessária para que o professor tenha maiores subsídios, a serem
agregados na prática pedagógica, por meio de atividades propostas que favoreçam o
crescimento individual e social dos envolvidos, no contexto da Educação Infantil.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 08
CAPITULO I
CAPITULO II
2. O BRINCAR ................................................................................................................. 30
2.1. O lúdico nas brincadeiras ........................................................................................... 30
2.2. A relação da criança com o brinquedo ....................................................................... 33
2.3. O direito de brincar ..................................................................................................... 37
2.4. O lúdico e o processo de aprendizagem ..................................................................... 42
CONCLUSÃO .................................................................................................................. 47
1. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O Período de Adaptação
Os primeiros dias da criança na instituição de educação infantil envolvem desafios
para a criança, a família e os professores. Durante esse período é comum que todos se
sintam ansiosos, pois é um período novo tanto para as crianças que estão se separando de
seus pais ou mudando de escola ou cidade e enfrentando um novo ambiente.
O período de adaptação é um período muito especial. Para cada criança e cada
família esse processo se dá de modo previsível. Porém, esse período pode ser planejado
com cuidado para promover a confiança e o conhecimento mútuos e ao mesmo tempo
estabelecer vínculos afetivos entre as crianças, as famílias e os professores.
Está é uma oportunidade para a criança passar por experiências diferentes dos
familiares, fazer contatos com outras crianças e adultos em um ambiente estimulante,
seguro e acolhedor.
Para que tudo caminhe bem o professor deve procurar ficar mais próximo à criança,
conhecê-la melhor, conversar com ela, dar carinho e atenção, auxiliá-la durante esse
período, além de orientar os pais. Durante a adaptação da criança na instituição alguns
fatores podem ajudar:
Aumento gradual do tempo que a criança fica na instituição;
Presença de um dos pais ou familiares na instituição;
Conversar com a criança a respeito da nova situação e ambiente;
Observação das reações das crianças;
Não demonstrar ansiedade, insegurança;
Não esconder a saída dos pais, permitindo a despedida e a expressão de sentimentos.
Um período de adaptação bem conduzido através de uma convivência mais
próxima e dialogada entre pais e professores, possibilita aos mesmos um clima de
confiança e respeito mútuo e marca o inicio de uma relação afetiva e duradoura.
O Espaço físico
A organização do espaço físico tem grande influência no desenvolvimento e
aprendizagem da criança, mas só recentemente os educadores têm reconhecido a
importância da organização do ambiente para o desenvolvimento da criança.
Em geral, o ambiente físico tem sido muito mais organizado para atender as
necessidades dos adultos que das crianças. No entanto, a organização do espaço tem
influência sobre as crianças e os adultos e reflete muito o que eles pensam e sentem. O
professor organiza o espaço de acordo com suas idéias sobre o que ele pensa de
desenvolvimento infantil e de acordo com sua concepção pedagógica, que mesmo sem ele
perceber, deixa transparecer.
Promover a identidade da criança
A identidade pessoal tem relação com a noção de identidade de lugar que envolve
preferências, memórias e significados sobre o espaço no qual a pessoa vive. Lembranças
de espaços onde vivemos como a escola, a casa, o quarto, a rua, a praça nos traz
geralmente sentimentos significativos da nossa vida ligados afetivamente a esses espaços.
É fundamental que a organização dos ambientes em instituições de educação
infantil ofereçam oportunidades através dos seus espaços para a criança desenvolver a sua
individualidade, identidade e personalidade, levando nesses espaços a marca de cada um e
a personalização dos mesmos.
Espaço externo
As atividades que envolvem movimentos mais amplos como correr, pular,
esconder-se, subir e descer, jogar bola, pular corda, tomar banho de sol, tomar banho de
chuveiro, necessitam de espaços abertos, amplos, iluminados e arejados e um maior
contato com a natureza.
O quintal, o parquinho, o pátio, o jardim, são espaço onde a criança pode brincar
com segurança, interatividade e de forma criativa. Esses espaços devem ser utilizados
também para atividades planejadas e organizadas.
É importante que o espaço externo favoreça:
O simbolismo e a imaginação da criança;
O desenvolvimento físico e motor;
Experiências sensoriais;
Espaços de brincadeiras;
Contato com a natureza.
Os espaços externos devem oferecer um ambiente aconchegante, estimulador,
possível de brincar, ouvir história e dramatizar.
Recursos materiais
Os recursos materiais são um dos meios que facilitam a ação da criança, as
estruturações mentais e constituem um instrumento importante para o desenvolvimento da
tarefa educativa do professor.
Temos uma diversidade de recursos materiais, que são entendidos como
mobiliários, jogos pedagógicos, brinquedos, lápis, papéis, tintas, tesouras, cola, massa de
modelar, blocos de construção, materiais de sucatas, roupas e acessórios de adultos,
utensílios domésticos etc. Estes são alguns dos materiais indispensáveis para o
desenvolvimento das atividades educativas numa instituição de educação infantil.
As crianças interagem com os objetos, conhecem suas propriedades e funções,
dando a eles novos significados, transformando-os em objetos lúdicos, mas necessitam que
o professor faça um planejamento cuidadoso do uso desses materiais pela criança.
Apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não significa que o
professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de
observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com que trabalha.
Podemos sintetizar algumas funções do professor frente aos jogos:
Tanto meninos quanto meninas expressam através de seus jogos grande parte dos
usos e relações sociais que conhecem. O jogo é, por sinal, um meio extraordinário para a
formação da identidade e a diferenciação pessoal. Entretanto, os professores precisam ser
bastante cuidadosos e sensíveis para não reproduzir através de seus valores, os papéis
sexistas tradicionais. Neste sentido possibilitar que meninos e meninas joguem juntos,
evitando expressões como “os meninos não jogam...” ou, “Isto não é para uma menina...”,
estimulando e favorecendo o crescimento e a identidade tanto de meninos como meninas,
sem reforçar estereótipos sociais, ainda existentes em muitas regiões do país ou arraigados
em certas culturas.
CAPITULO II
2. BRINCAR
Para algumas pessoas as brincadeiras das crianças não têm significação nenhuma.
Algumas pessoas pensam que é bobagem a forma como as crianças brincam.
Entretanto, fica fácil para qualquer pessoa, observar e fazer o comentário de que as
crianças antigamente brincavam mais e que hoje, as crianças têm pouco tempo de brincar,
para não falarmos que o tipo de brincadeira também mudou, e muito; e não se sabe precisar
até que ponto essa mudança pode ser caracterizada como positiva.
É necessário que compreendamos que possibilitar esse brincar é compromisso que
deve ser assumido por gestores públicos, educadores, pais e sociedade, bem como pelos
segmentos que desenvolvem um trabalho voltado à cultura, haja vista ser o brincar um
importante elemento de construção de valores, crença e costumes. Esse compromisso não é
algo difícil de ser assumido já que reconhecemos que o ato de brincar não acontece apenas
no contexto da constituição ou nos lares, mas nas praças, calçadas, parques, centros
culturais, hospitais, em todos os lugares onde a nossa imaginação permitir e a nossa
ousadia nos levar.
Sobre esse mesmo assunto, Santin (1994) comenta que o significado do brinquedo
para a vida da criança, é por demais significativa, pois através da brincadeira, a criança
desenvolve sua representação, revela seus traumas, seus conflitos, seus medos e
principalmente, a sua vivência.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza
o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos
adultos, diminui o sentimento de impotência da criança.
Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo
desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que está sendo
oferecida à criança através de brincadeiras e brinquedos
garante que suas potencialidades e sua afetividade se
harmonizem. (SANTIN, 1994, p.23)
A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que
merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser,
é o espaço e o direito de toda criança para o exercício da relação efetiva com o mundo,
com as pessoas e com os objetos.
Um bichinho de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma bola é um convite ao
exercício motor, um quebra-cabeça desafia a inteligência e a percepção, e um colar faz a
mesma sentir-se bonita e importante como a mamãe. Enfim, é um mundo de faz-de-conta,
onde todos são como amigos, servindo de intermediários para que a criança consiga
integrar-se melhor.
Certos de que a imaginação não nos falta conclamamos todos a ter um pouco mais
de ousadia para que esses espaços sejam aproveitados, criados e/ou recriados e
principalmente, assumidos como lugares onde as crianças se desenvolvem, aprendem,
descobrem suas emoções e sentimentos, apropriam-se da dinâmica das relações
interpessoais, experimentam e descobrem diferentes maneiras de brincar e pensar. É como
diz Santa (1997, p.19):
As situações problemas contidas na manipulação dos jogos
e brincadeiras fazem a criança crescer através da procura
de soluções e de alternativas.
Para este mesmo autor, a linguagem inicialmente está presa ao contexto imediato,
isto é ligado ao campo perceptual e concreto estando principalmente interligada com o
brinquedo.
Nesta fase do desenvolvimento notaremos condutas pré-simbólicas na criança
momento em que ela faz uso convencional dos objetos, aplica ações em outros e apresenta
esquemas simbólicos.
Quando a criança brinca (e o adulto não atrapalha), muitas coisas sérias acontecem.
Quando ela mergulha em sua atividade lúdica, organiza-se em todo o seu ser em função da
sua ação. E quanto mais a criança mergulha mais estará exercitando sua capacidade de
concentrar a atenção, descobrir, de criar e especialmente de permanecer em atividade. Sem
brincar ela não vive a infância, não participa das etapas do seu desenvolvimento infantil.
A brincadeira como atividade dominante na infância e na educação infantil, tendo
em vista as condições concretas da vida da criança e o lugar que ela ocupa na sociedade, é,
primordialmente a forma pela qual a criança começa a aprender. Secundariamente é onde
tudo tem início a formação de seus processos de imaginação ativa, e por último, onde ela
se apropria das funções sociais e das normas de comportamento que correspondem a certas
pessoas.
O lúdico nas brincadeiras é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e
não pode ser vista apenas como diversão.
Muitos são os relatos dos adultos, de pais que comentam que as crianças destroem
os brinquedos, logo que os recebe.
Brincando com bonecas elas vivem o dia-a-dia da vida cotidiana, imitam pais,
professores e amigos; vivem com os brinquedos em um verdadeiro mundo onde a fantasia
se torna imprescindível para o seu desenvolvimento.
As relações cognitivas e efetivas da interação lúdica proporcionam amadurecimento
emocional e não vão pouco a pouco construindo a sociedade infantil.
O momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo é um momento mágico
e perigoso, em que está sendo exercitada a capacidade de observar e manter a atenção
concentrada e que irá inferir na sua eficiência e produtividade quando adulto. Santin (1997,
p.98) diz que “brincar junto reforça os laços efetivos. É uma manifestação do nosso amor à
criança. Todas as crianças gostam de brincar com os pais, com professora, com os avós e
com os irmãos.”
A participação do adulto na brincadeira da criança eleva o nível de interesse,
enriquece e contribui para o esclarecimento de dúvidas durante o ato da brincadeira. Ao
mesmo tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada, descobrindo e vivendo
experiências que tornam o brinquedo o recurso mais estimulante e mais rico em
aprendizado.
O hábito constante e natural dos pais e da professora ao guardar com zelo o que
utilizou, faz com que a criança adquirida automaticamente o mesmo hábito, ocorrendo
inclusive satisfação tanto no guardar como no brincar.
É por meio da ludicidade que a criança exterioriza seus anseios e imita o mundo dos
adultos. Seguindo o exemplo citado por Oliveira e Bossa (1999, p.31) ao fazer de conta
que uma vareta é um carinho, e movimentá-la pelo chão, imitando o barulho do motor,
pode-se dizer que esta, e de outras maneiras, é que ela vai desenvolver a sua imaginação,
inspirando-se para viver o seu mundo real, ao criar situações que ela mesma possa resolver.
Neste momento, a criança consegue aproximar-se do processo de conscientização sobre
a responsabilidade, tanto de sua conduta quanto a do seu desenvolvimento social.
Trabalhando sobre esse aspecto, passamos a entender um pouco mais sobre a importância
da ação lúdica, na formação psicosocial da criança, e como a escola vem trabalhando esse
componente pedagógico junto aos pais.
CRAIDY, Carm im Maria & Kaercher Gladis Elesi P. da Silva. Educação Infantil, Pra
que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
FREIRE, P. (1997.6) Professora sim, Tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo.
Olho d’agua.
OLIVEIRA, Daisy Lara de (org.) Ciências nas salas de aula. Porto Alegre: Mediação,
1997. 111p.
SANTOS, Santa Marli Pires & CRUZ, Dulce Regina Mesquita. Brinquedo e Infância:
Um guia para pais e educadores em creche. 4ª edição. Petrópolis. RJ. Vozes, 1999.