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O PROFESSOR DIANTE DO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM

RESUMO

A proposta pedagógica encerrada nesse trabalho monográfico propõe uma ação integradora
do aluno com a sociedade através da escrita e leitura. Para ocorrer a aprendizagem o
professor deverá agir de forma que estes não vejam as mesmas apenas como códigos
decodificados, mas possam buscar alternativas para trabalhar com os mesmos, de forma
que estes sejam reconhecidos como sendo capazes de aprender. Composta, apenas de uma
revisão de literatura esta monografia baseada nas teorias de Naspolini (1996), Ferreiro
(2000), Kato (2001), Gadotti (2003), mostra que essa aprendizagem os levará a um
desenvolvimento pessoal e a uma formação de uma imagem positiva de si mesmo e assim
os alunos serão capazes de orientarem-se a partir desse pressuposto. A escolha do assunto
deu-se baseado na dificuldade que encontramos ao trabalhar a escrita e a leitura com os
alunos de um modo geral, especialmente no Ensino Fundamental, que corresponde às
séries iniciais. São instruções que visam fazer o profissional aprender para preparar o aluno
a adquirir a tão necessária segurança de que precisa para dar continuidade ao aprendizado
do aluno. O nosso objetivo final é, portanto, conhecer alternativas capazes de torná-los
cidadãos capazes de ler e interpretar as matérias escritas que se apresentam nos veículos de
comunicação, para que dessa forma possam aprender a desenvolver e empregar estratégias
para que aprendam a ler e escrever na escola, e não apenas estejam aptos a assinar seu
nome e conhecer algumas palavras de compleição simples. É de conhecimentos de todos os
educadores, que a escola é o caminho certo quando se fala em processo ensino-
aprendizagem, tendo em vista o compromisso que ele exerce perante a sociedade. Por isso
temos o compromisso de apresentar um plano que vá proporcionar aos educandos mais
maturidade no exercício da escrita e leitura. Concluímos que somente com análise
profunda do problema é que vamos ter bons resultados de aprendizagem da leitura e
escrita. Estamos certos que com um trabalho bem elaborado iremos ter excelentes
resultados no ensino e aprendizagem da leitura e escrita. Estamos convictos que a pesquisa
é o melhor caminho.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO. ............................................................................................................. 08

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 10


2.1. Uma abordagem sobre a escola .................................................................................. 10
2.2. A escrita do ponto de vista da criança ........................................................................ 15
2.3. Contribuições da prática pedagógica na escola ........................................................... 17
2.4. Habilidades básicas para desenvolver a capacidade de aprender ................................ 24

3. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 36

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 38


1. INTRODUÇÃO

O tema desta monografia, eminentemente literária, é de grande importância aos


professores e também para os alunos, para que tenham conhecimento de experiências
significativas de aprendizagem. São idéias repassadas por meio de um trabalho inserido
na prática de ensino sobre a construção da linguagem oral e escrita, para elaborar saberes
em um dos espaços de ampliações das capacidades de comunicação e expressão e de
facilidade para o acesso ao mundo letrado.
É sabido que alunos iniciantes, costumam escrever como falam e normalmente a
fala não é correta, e, automaticamente escrevem errado também. Por isso se faz necessário
que compreendamos como ocorre esse processo em nossos alunos, para então podermos
trabalhar de forma que cada aluno desenvolva o gosto pela escrita e leitura. Mas como o
educador precisa fazer o aluno pensar sobre a escrita e leitura? Que atitudes podem ser
tomadas para que ocorra vinculação imediata entre educando e a necessidade da escrita e
leitura? Enfim, na realidade o estudante inicial se sente coagido ao ser solicitado que se
expresse através da escrita ou leitura, pois presenciamos, constantemente, no cotidiano
escolar argumentos de professores dizendo que os alunos não sabem ler, escrever.
Constatamos que isso é uma realidade existente entre os alunos nas escolas.
Partindo deste questionamento nosso objetivo consiste em aprender estratégias de
ensino capazes de preparar o aluno para a leitura e escrita e torná-los cidadãos capazes de
ler e interpretar as matérias escritas e não apenas estejam aptos a assinar seu nome e
conhecer algumas palavras de compleição simples.
Portanto, a estrutura desta pesquisa remonta uma abordagem sobre a.escola e sua
função quanto o ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, como também as
contribuições da prática pedagógica na construção da leitura e da escrita na sala de aula.
Fazemos uma ressalva às habilidades básicas para desenvolver a capacidade do aluno
aprender a ler e escrever, pois, enfim, é responsabilidade dos professores como também
do ensino colocar os alunos em condições de continuarem estudando e aprendendo
durante toda a sua vida e inculcar valores e convicções democráticas, tais como respeito
pelos companheiros, solidariedade, capacidade de participação em atividades coletivas,
crença nas possibilidades de transformação da sociedade. Sabemos, entretanto que estas
habilidades poderão ser adquiridas através da leitura.
Para discorrer sobre este tema tomamos como referência as teorias Naspolini
(1996), Ferreiro (2000) Kato (2001), Gadotti (2003), entre outras fontes que muito
subsidiaram a formulação da revisão de literatura.
O estudo mostra que dentro de um contexto interdisciplinar, o professor precisará
estar atento para que haja preocupação com cada aluno em si, com o processo e não com
produtos padronizados de aprendizagem acadêmica. O diálogo precisa ser desenvolvido,
ao mesmo tempo em que são oportunizadas a cooperação, a união, a organização e a
solução em comum dos problemas que dificultam o aprendizado da leitura e da escrita.
A conclusão, enfim, engloba a idéia de que os alunos, pois, participarão dos
processos de aprendizagem da leitura e da escrita junto com o professor dependendo das
suas habilidades.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Uma abordagem sobre a escola

Atualmente, a escola, vem sendo o foco de atenção da sociedade, muitas


mudanças têm sido feitas e muitas ainda em processo de estudo, de observação, de
experiência. Assim, necessário se faz que pesquisas e estudos sejam desenvolvidos, no
sentido de que a escola realmente possa contribuir para o desenvolvimento do homem em
sociedade.
A escola vem despertando cada vez a atenção dos educadores e da sociedade em
geral. Discute-se, principalmente, o seu papel e a sua função na sociedade atual, no que
diz respeito à instrução e ensino, bem como à formação para a cidadania. Assim, a escola
na visão de Masetto (1996, p. 33), tem um papel e função e segundo ele:

A escola deve transmitir o saber necessário para que os alunos


desenvolvam habilidades e potencialidades pessoais e de sua classe,
contribuindo para a transformação social desejada... O fundamental é que
a escola habilite o estudante a operar com instrumentos necessários à sua
vida profissional, política e cultural.

Severino in Masetto (1996), argumenta que a escola pública, aberta e igualitária, é


uma necessidade para todos, permitindo o acesso aos bens culturais da humanidade.
Assim, o indivíduo pode se perceber como parte integrante de um todo social situando-se
em sua realidade histórico-social Além disso, para as classes subalternas, a escola deve
fornecer instrumentos e recursos de sua luta contra a dominação, exercitando-se, pois seu
papel de resistência à ideologia dominante ou de contra-ideologias.

Entendemos que a escola surge historicamente como fruto da necessidade


de se preservar e reproduzir a cultura e os conhecimentos da humanidade,
crenças, valores e conquistas sociais, concepções de vida, de mundo, de
grupos ou de classes. Ela permaneceu e se modernizou à medida que foi
capaz de se tomar instrumento poderoso na produção de novos valores e
crenças, na difusão e socialização de conquistas, sociais, econômicas e
culturais desses grupos ou classes. (MASETTO, 1996, p. 76)
Podemos então, descrever que a escola é um lugar de encontro e de convivência
entre educadores e educandos. Um grupo que deve se reunir para que o trabalho se
desenvolva; e para que através desse trabalho, ocorram condições favoráveis ao
desenvolvimento cognitivo, como também em diferentes áreas, tais como a afetivo-
emocional, motora, social e profissional. Porém, é preciso que,

Por desenvolvimento cognitivo, entende-se adquirir novos conhecimentos


e rever os que já se possui; relacionar e organizar informações;
desenvolver a imaginação, a capacidade de pensar e de criar soluções;
desenvolver habilidades artísticas. (CARRAHER, 1996, p. 147)

Ainda sob este aspecto, é importante, que o aluno adquira segurança pessoal
superando as inseguranças próprias de cada idade; que se sintam valorizadas em sua
singularidade e nas mudanças que venham a ocorrer; aprendam a se organizar
internamente e se relacionem com o ambiente externo. O desenvolvimento afetivo-
emocional compreende, entre outros aspectos, o crescente e se trabalhem diferentes
emoções, alegria, sofrimento, raiva, ódio, amor, agressão, autodefesa, atenção, respeito,
cooperação, competitividade, solidariedade.

No desenvolvimento motor as atividades físicas são fundamentais.


Ajudam as crianças e os adolescentes a se desenvolverem e aguçar os
órgãos dos sentidos e a coordenação motora, praticar esportes individuais
e em grupo. (OLIVEIRA, 1995, p. 34)

Na área social é importante que o aluno desenvolva sua sociabilidade e


comunicabilidade com os colegas de turma, da escola, com os professores e com a
comunidade em geral. Aprender, conforme sua idade, a se localizar no espaço e no tempo,
na sociedade onde vive captando os fatos e acontecimentos que agitam seu mundo interno
e o mundo à sua volta. Neste sentido, aprender a se relacionar e a participar das
descobertas das ciências e do momento histórico em que vive, devem a nosso ver consistir
em objetivos primordiais, traçados pelo grupo de educadores da escola. No plano
profissional, na opinião de Neidson Rodrigues apud Masetto (1996, p. 84), é importante
desenvolver o questionamento “do processo e da relação de trabalho [..] enquanto forma
de ação do homem na construção do mundo.”
A escola necessária proposta por Rodrigues, caracteriza-se como sendo uma escola
democrática e que prepara os indivíduos para a democracia. A escola como instituição de
cultura, deve socializar o saber, a ciência, a técnica e as artes produzidas socialmente para
que todas possam ter acesso a esses bens culturais. Outra característica é a
contemporaneidade histórica da escala, em permitir que a educando seja capaz de entrar no
mundo dessa realidade para entendê-lo.
Synders in Masetta (1996, p. 44), cita que:

É preciso reconhecer realmente que a escola é de inicio lugar de


divergência entre as maneiras de ser: do professor aos alunos, de acordo de
idade, de formação de gostos; corre-se o risco de que o professor esteja
voltado para o passado, para um passado que o justifica enquanto que os
alunos estão voltados para o futuro.

Em outras palavras: a escola está inserida numa certa realidade da qual sofre e na
qual exerce influência. Ela não é apenas o local ande se reproduzem os interesses, os
valores, a cultura, a ideologia. Também pode influenciar a ideologia, os valores, a ciência,
a política e a cultura na sociedade em que está inserida. A escola deverá estar
comprometida politicamente e preparar o educando para o exercício da cidadania. Para
Libâneo (1992, p. 68),

a atividade educativa acontece nas mais variadas esferas da vida social,


nas famílias, nos grupos sociais, nas instituições educacionais ou
assistenciais, nas associações profissionais, sindicais e comunitárias.
Assume diferentes formas de organização.

O processo educativo que se desenvolve na escola pela instrução e ensino consiste


na assimilação de conhecimentos e experiências acumuladas pelas gerações anteriores no
decurso do desenvolvimento histórico-social. Entretanto, o processo educativo está
condicionado pelas relações sociais em cujo interior se desenvolve. Portanto, a finalidade
geral do ensino fundamental, deve ser estimular a assimilação ativa dos conhecimentos
sistematizados, das capacidades, habilidades e atitudes necessárias à aprendizagem, tendo
em vista a preparação para o prosseguimento dos estudos série a série, para o mundo do
trabalho, para a família e para as demais exigências da vida social.
Por meio da leitura compartilhada o professor pode aproximar seus alunos do
mundo letrado, mesmo àqueles que ainda não lêem convencionalmente. Pela leitura, todos
os envolvidos - professores e alunos - podem ser estimulados a desejar fazer outras
leituras, a imaginar as situações lidas, exercitando o imaginário, a se confrontar com outros
pontos de vista diferentes dos seus, a estabelecer relações entre o que está sendo lido e o
que está escrito; a compreender o sentido de comunicação da escrita.
O sujeito está intimamente ligado ao objeto, procurando buscar coordenadas para a
tomada de consciência deste processo. O letramento possibilita a inclusão no universo
cultural. Por meio da cultura letrada, podemos nos comunicar e nos integrar com outras
pessoas, podemos ter acesso a uma gama infinita de informações, temos a possibilidade de
uma participação mais ativa no mundo do trabalho, da política.
A escola pela qual devemos lutar deve visar o desenvolvimento científico e
cultural do povo, preparando as crianças e jovens pra a vida, para o trabalho, para a
cidadania, através da educação geral, intelectual e profissional, pois,

à medida que a escola se organiza com atividades que facilitem o crescimento


e o desenvolvimento nas várias dimensões do ser humano, ela se tomará algo
interessante, vivo dinâmico. Pode tomar-se um lugar de encontro agradável
dos estudantes entre si e com os professores. Isso significa uma escola onde se
respire envolvimento, interesse, motivação e trabalho.
(LIBÂNEO, 1992, p. 71)

Esta preocupação quanto ao presente é uma expressão da dimensão criativa da


atividade educacional. Se permitir que o presente não mais do que herdar o passado
sufoca-se a criatividade, em conseqüência domestica-se mais do que se educa. A
verdadeira educação não pode jamais dar lugar à mesmice. Deve constituir-se num guiar
para fora, mais que nunca postura de imobilidade.
No que tange à herança do conhecimento já sabido, ela é muitas vezes proposta
como variável primária a ser considerada na elaboração de decisões curriculares, de
forma que também freqüentemente se propõe como consideração pelos interesses e
experiências presentes do estudante. Do ponto de vista pedagógico, começar a atividade
educacional com a experiência vivida dos alunos, ao invés de começá-la com o conteúdo
das disciplinas do conhecimento, tende a levar a modelos de ensino indutivos ou "de
descoberta". Isso pode ser feito, na concepção de Masetto (1996, p. 58),
 Criando na escola um clima de amizade, de colaboração, de
trabalho em conjunto e respeito mútuo. É incentivador sentir
colegas e professores como parceiros do mesmo processo de
crescimento e desenvolvimento.
 Selecionando conteúdos que tenham a ver com as experiências,
vivências e conhecimentos dos alunos.
 Abrindo espaços para os estudantes formularem questões que lhes
digam respeito, relacionem os conhecimentos científicos com os
problemas atuais e transfiram o que aprenderam para outras
situações de sua vida.
 Utilizando estratégias dinâmicas, que incentivem a participação, a
movimentação dos alunos, descartando a passividade.
 Criando um sistema de avaliação que ofereça continuamente
informações ao aluno e ao professor sobre o aproveitamento no
curso, evitando o clima de tensão dos dias de provas e um estudo
obrigatório apenas para tirar uma nota e ser reprovado.

A consideração que surge desta premissa é tipicamente colocada como uma


preocupação pelo futuro do estudante, mas é também, na verdade, uma preocupação do
educador em relação ao futuro de toda a comunidade. Educa-se na sala de aula para
garantir que todos que a freqüentam possam ter um futuro. Quando adequadamente
expressa na atividade educacional esta preocupação, o futuro é encarado como emergente
da herança do passado e da criatividade do presente, mas com uma inovação além do
passado ou presente e esta condição deve ser trabalhada a partir da sala de aula. Mas
Freitas (1985, p. 58), sobre a sala de aula, conclui que na escola existem certas restrições
que inibem a capacidade criadora da criança tais como, por exemplo,

 Produção da ignorância;
 Exigência constante de disciplina;
 O tempo na escola, é rigidamente controlado: hora de entrar, de ir
ao banheiro, do recreio, de sair, etc. .
 Na hora de estudar, também, há um momento certo pra se fazer
atividade; a professora sempre responde às sugestões das crianças
com "um depois", ou "agora não";
 Estabelecimento de uma relação autoritária entre professor e aluno;
 A correção é o principal meio de interação entre professor e aluno.
Aos poucos as crianças vão internalizando a noção do que é errado
e feio. Essa correção passa a ser uma necessidade para o aluno. A
todo instante, ele mostra ao professor e pede que lhe diga se está
"certo" ou "errado";
 Trabalho obrigatório e repetitivo;
 A criança deve ir à sala de aula apenas para trabalhar, com o
mínimo de interrupções possível, e qualquer coisa que possa tirar a
atenção dos companheiros ou perturbar o bom andamento das
atividades, é proibida.

Além disso, quanto mais exata for à reprodução do que está sendo ensinado, mais
certo, estará o trabalho do aluno. Isso porque a cópia é algo típico da sala de aula. É
necessário repetir não só para corrigir os erros, mas também, para fixar os conhecimentos
que estão sendo transmitidos. A repetição serve, ainda, como prova de que a criança
aprendeu. Assim, ações que possam tirar a atenção dos alunos, mas que podem despertar a
criatividade são expressamente proibidas na sala de aula.

As raras perguntas que são dirigidas às crianças, não têm como objetivo
leva-Ias à reflexão, mas sim, confirmar o que a professora disse e verificar
se as crianças aprenderam corretamente o que foi informado.
(MASETTO, 1996, p. 67)

Entretanto, na sala de aula há a necessidade de integração das atividades escolares


com a realidade, pois a vivência remete à vida e esta traz consigo a conotação de realidade.
Então, quando nos referimos à aula como vivência, queremos - destacar a necessidade de
integração das diferenças atividades escolares com esta realidade. A importância do
professor ao planejar suas atividades, procurar verificar se estas estão de acordo com o
nível dos alunos, quais os objetivos a serem alcançados, faz com que os trabalhos dos
alunos alcancem melhores resultados, ao mesmo tempo em que os mesmos sentem que são
importantes do processo ensino-aprendizagem.

2. 2. A escrita do ponto de vista da criança

De acordo com Teberosky (2001), investigações recentes demonstraram que a


aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança, já que requer um
processo complexo de construção, em que suas idéias nem sempre coincidem com as dos
adultos. Entretanto, o ensino da lecto-escrita tem se baseado em certas pressuposições que
à luz das investigações mencionadas podem ser questionadas. Uma delas é a de que o
nosso sistema alfabético de escrita é natural e que a única dificuldade consiste em aprender
as regras de correspondência entre fonema e grafema, e, partindo dessa suposição, para
aprender a ler e a escrever é necessário ressaltar fundamentalmente o aspecto sonoro.
As investigações de Ferreiro (2000) demonstram que as idéias das crianças não
coincidem com essa pressuposição. Até os 4 anos, elas tentam compreender que tipo de
objeto são as letras e os números de nosso sistema de representação convencional. As
grafias, segundo Ferreiro (2000), são consideradas somente como "letras", "números", "a,
e, i, o, u", etc. Para a criança desta faixa etária as "letras" ou os "números" não substituem
nada, são aquilo que são, um objeto a mais que como outros no mundo possuem um nome.
Essa maneira de pensar muda mais tarde.
As grafias servem para substituir outra coisa, passam a ser "objetos substitutos",
que têm um significado, ainda que diferentes do nosso ponto de vista de adultos
alfabetizados, pois para as crianças as grafias não representam sons. O primeiro tipo de
relação consiste em buscar alguma correspondência entre os sinais gráficos e os objetos do
mundo. Como os objetos têm nome, a relação se estabelece quando para certo conjunto de
letras se atribui o nome do objeto ou imagem que o acompanha. Porém o nome ainda não
é a representação de uma pauta sonora e sim uma propriedade dos objetos que podem ser
representados através da escrita, a atribuição depende muito mais das correspondências
que existem na relação com o objeto do que das propriedades daquilo que está escrito.
Desta forma, um mesmo conjunto de letras significa vaca perto da imagem de uma vaca,
sem que se exclua que pode significar também outra coisa se estiver relacionado a outras
imagens, figuras.
Chega, também, o momento no processo evolutivo que as crianças estabelecem
alguma hipótese entre os sons e as letras. A primeira hipótese que aparece é que as letras
representam sílabas. A hipótese silábica consiste em atribuir uma sílaba a uma letra, a
qualquer delas e a correspondência é mais quantitativa que qualitativa. Para um nome
trissílabo fazem falta 3 letras. Mas, no caso de nomes monossílabos ou bissílabos, duas e
uma letra são "poucas". Com poucas letras (menos de três) se vai de encontro a uma outra
hipótese da criança que consiste em exigir uma quantidade mínima para que uma coisa
sirva para "ler".
A criança tem muitas idéias sobre a escrita sem que encontremos a tal naturalidade
e simplicidade do sistema alfabético. "A relação entre escrita e linguagem não é um dado
inicial. A criança não parte dela, mas, chega a ela". Passa de uma correspondência lógica
(uma letra para cada sílaba) para uma correspondência mais estável, não mais qualquer
letra para qualquer sílaba. Portanto, a idéia de que a escrita é um objeto substitutivo, isto é,
tem um significado, está bastante distante da redução à uma simples associação entre
fonemas e sons e não depende unicamente de uma representação dos fonemas. Nas
aprendizagens envolvidas no processo de alfabetização é necessário distinguir, como o faz
Emitia Ferreiro (2000, p. 93), quando cita que,

A aprendizagem de certas convenções fixas, exteriores ao sistema de


escrita, como por exemplo: orientação, tipo de letra;
A aprendizagem da forma de representação da linguagem que define o
sistema alfabético;
Aceitar como escrita o que é escrito de formas não convencionais ao
sistema; Conhecer o conjunto de "idéias prévias", "esquemas de
conhecimentos" a partir dos quais intervir no processo de aprendizagem;
Fazer uso de uma metodologia que permita às crianças saírem de suas
teorias infantis e progressivamente construir as convenções sociais que
estão imbricadas nas atividades de leitura e escrita.

Portanto, o profissional que vai ensinar a criança a ler e a escrever, além do


compromisso com a escola para o exercício de um trabalho eficiente, deverá manter um
compromisso com o sistema social, cultural, econômico e político. Precisa ser uma
pessoa munida de competência, compromisso, conhecimento das características físicas,
mentais e sócio-emocionais das crianças. Outrossim, o trabalho com a linguagem é de
extrema importância na Educação Infantil. Não se trata de preparar as crianças para a
escola, mas sim, de oferecer-lhes a leitura e a escrita como forma de crescimento pessoal.

2. 3. Contribuições à prática pedagógica na escola

A prática pedagógica em nossos dias é concebida como fonte de conhecimento e


atividade social. Entretanto muitos profissionais da área da educação não têm clareza
sobre que competências e habilidades precisam ter para que o seu trabalho atenda às
exigências do momento atual. Somente os cursos de formação de professores não tem
sido suficientes para dotar esse profissional de uma prática elas assumem seu caráter
dialético, o que exige compromisso, envolvimento e responsabilidade social de todos os
envolvidos. Atualmente, para que a prática pedagógica atinja esses objetivos através da
ação reflexiva do professor, ela precisa ser entendida como um processo que supere o
limite da transmissão de informações pela ação dinâmica da construção e da reconstrução
de saberes e práticas culturalmente elaboradas, capazes de administrar o ensino-
aprendizagem da leitura e da escrita. É preciso que o professor esteja consciente daquilo
que Demo (1993, p. 153) afirma, que:
[...] ensinar já não significa transferir pacotes sucateados nem mesmo
significa meramente repassar o saber. Seu conteúdo correto é motivar o
processo emancipatório com base em saber crítico, atualizado,
competente. Trata-se não de cercear, temer, controlar a competência de
quem aprende, mas de abrir-lhe a chance na dimensão maior possível.
Não interessa o discípulo, mas o novo mestre. Entre o professor o aluno
não se estabelece apenas hierarquização verticalizada, que divide papéis
pela forma do autoritarismo, mas, sobretudo o confronto dialético. Este
alimenta-se da realidade histórica formada por entidades concretas que se
relacionam de modo autônomo, como sujeitos sociais plenos. (...)
dialogar com a realidade inserindo-se nela como sujeito criativo.

E acrescentamos percebendo que ambos, educandos e educadores, são sujeitos


ativos, construtores desse processo, que por ser emancipatório, não prescinde da práxis,
da ação-reflexão-ação. A prática do professor é alienada e ele não se reconhece em seu
trabalho, porque está condicionado ao regimento escolar e às leis do sistema de ensino.
Não reflete sobre a totalidade desse contexto onde sua ação está inscrita. Não possui os
atributos necessários, principalmente a reflexão, para a sua transformação, menos ainda,
para a promoção da conscientização de seus alunos. Entretanto, a falta de uma prática
pedagógica reflexiva não é a única causa para uma educação fragmentada e
descontextualizada como a que vivenciamos.
Temos um sistema de ensino onde as escolas são estruturadas de modo
fragmentado, setorizado e centralizado, e onde as decisões são tomadas de cima para
baixo, sem a participação dos que estão na base (professores, comunidade e alunos), além
de os currículos e os conteúdos serem estanques e trabalhados sem relação crítica entre si.
Nessa estrutura, subsiste uma grande dificuldade de discussão e enfrentamento dos
problemas existentes na escola.
Acreditamos que somente as ações coletivas e planejadas produzem transformações
nas relações sociais de poder. Na relação estabelecida verticalmente, o professor se vê
como o detentor e transmissor do conhecimento, enquanto o aluno é percebido apenas
como receptor passivo do saber acumulado no professor, como incapaz de construir o seu
próprio conhecimento e posicionar-se socialmente.
Concordamos que o conhecimento não se dá de forma isolada, que é coletivamente
construído a partir do conflito de idéias que surgem no fazer hist6rico, dando uma nova
direção à prática social, para proporcionar melhores oportunidades de ação e reflexão a
todos. De acordo com o Programa de Professores Alfabetizadores PROFA (2001), o
conhecimento das hipóteses da escrita, não deve ser utilizado como recurso para rotular os
alunos e nem para a formação de classes supostamente homogêneas. O PROFA enfatiza a
interação entre os alunos com diferentes níveis de conhecimento como fundamental para
gerar a troca de informações e confronto de idéias que favorecem a aprendizagem.
As histórias de escrita superam-se uma às outras, em maior ou menor tempo,
dependendo de como o professor organiza as situações didáticas, o mais importante é
planejar intencionalmente o trabalho pedagógico, de forma a atender às necessidades de
aprendizagem dos alunos. Apresentar o alfabeto desde o início, é condição para que os
alunos possam ampliar seu repertório do conhecimento sobre as letras. É preciso realizar
situações em que os alunos sejam convidados a escrever coisas, cuja forma escrita não
sabem de memória, pois é isso que permite ao professor conhecer suas hipóteses.
Considerando que a intervenção entre os alunos com diferentes níveis de
conhecimento favorece a aprendizagem, é fundamental que os alunos com hipótese de
escrita pré-silábica sejam freqüentemente agrupados com alunos que já produzem escrita
fonetizada. Podemos obter agrupamentos produtivos, organizando os alunos por
aproximação de nível de conhecimento.
O professor deve organizar o ensino de acordo com a natureza das dificuldades
apresentadas pelos alunos, para que possam avançar em suas hipóteses. O professor deve
criar situações didáticas desafiadoras para favorecer a aprendizagem e ajudar os alunos
pensar e construir os conhecimentos que permitem o domínio progressivo da linguagem
escrita.
O conhecimento que o professor tem sobre o que pensam seus alunos a respeito da
escrita deve estar a serviço do planejamento das situações didáticas que propõe a eles: de
nada adianta saber sobre como os alunos aprendem, se não for para fazer uso desse
conhecimento.
Situações didáticas ajustadas às necessidades de aprendizagem dos alunos
pressupõem selecionar atividades adequadas, montar agrupamentos produtivos dos alunos
(quando as atividades serão realizadas em parceria), formular perguntas que os ajudem a
pensar enquanto trabalham, oferecer sugestões e informações úteis para fazê-los avançar
em suas aprendizagens. Para isso tudo, contribui decisivamente o conhecimento que o
professor tem sobre o que os alunos sabem a respeito da escrita.
O conhecimento das hipóteses de escrita não deve se transformar, sob nenhum
pretexto, em um recurso para rotular os alunos, tampouco em critérios para a formação de
classes supostamente homogêneas (classes, por exemplo, formadas apenas por alunos com
hipóteses de escrita mais avançadas ou mais primitivas). A interação entre alunos com
diferentes níveis de conhecimento é fundamental para gerar a troca de informações e o
confronto de idéias, que favorecem a aprendizagem. Teberosky (2001, p. 15), cita que,

Se o professor é capaz de oferecer uma ajuda efetiva quanto à diversidade


das situações de uso, a criança poderá aprender, por meio desse uso, as
regras de funcionamento da linguagem escrita. O principal propósito, na
nossa experiência, é ajudar os professores na interpretação das respostas
das crianças e na programação de situações de aprendizagem. Por isso,
antes de discutir o que é que os professores podem e devem ensinar,
parece-nos importante saber quais são as idéias e os conhecimentos das
crianças e quais expectativas podemos ter para proporcionar, depois,
situações de ensino-aprendizagem.

Uma falha da escola atual em relação à leitura é a maneira como faz a


interpretação do texto. A criança lê um texto e depois responde a um questionamento, e
quando não foi capaz e responder às perguntas, diz-se que ela não compreendeu a leitura,
quando, na verdade, responder a perguntas requer, entre outras coisas, um
amadurecimento lingüístico especifico é o reconhecimento da própria capacidade de dar
opinião, o que muitas crianças estranham na alfabetização, porque a autoridade para dar
opinião é a professora.
A criança ouve e aprende. Esse procedimento de interpretação de texto através de
perguntas "óbvias" não só induz o aluno a pensar que interpretar texto é saber o sujeito de
uma oração ou o objeto direto, etc., como ainda tira todo o sabor da leitura, substituindo-o
por um gosto chato de questionário.
Uma atividade possível com a leitura de textos é a discussão do assunto com os
alunos, não só do conteúdo, mas até mesmo da forma. Portanto, se propõe ao alfabetizar,
além do aluno dominar o mecanismo da leitura, seja capaz de usá-la como instrumento
auxiliar no seu crescimento e desenvolva o gosto pela mesma, para utilizá-la cada vez mais
desse poder como elemento de ajustamento pessoal e social. A escola deverá assumir um
papel de reflexão, compreensão, interpretação, levando em consideração que os conteúdos
não são para uma parte isolada nem fragmentada. Mizukami (2000, p. 196), relata que:

Mirta Castedo, em um seminário realizado em abril de 1997, defende que


os textos apresentados às crianças devem representar a maior diversidade
possível das produções textuais que circulam na sociedade, e, ao mesmo
tempo, garantir a continuidade do trabalho com os tipos selecionados para
permitir as aproximações sucessivas a esses modelos sociais, durante todo
o processo de escolarização. Dessa forma é possível o aprofundamento do
grau de letramento dos alunos.

De acordo com Mizukami (2000), a relação cotidiana entre professor e aluno


precisa ser horizontal e não imposta. Sendo assim, para que o processo educacional seja
real é necessário que o educador se torne educando e educando por sua vez, educador.
Quando esta relação não se efetiva, não há educação. O homem assumirá a posição de
sujeito de sua própria educação e, para que isso ocorra, deverá estar conscientizado do
processo. É, portanto, muito difícil pretender participar de um processo educativo que por
sua vez, é processo de conscientização, a menos que haja consciência de si mesmo e de
tal processo. Para a autora é fundamental se considerar que

Um professor que esteja engajado numa prática transformadora procurará


desmistificar e questionar, com o aluno, a cultura dominante, valorizando
a linguagem e cultura deste, criando condições para que cada um deles
analise seu comentário e produza cultura. (MIZUKAMI, 2000, p. 99).

Para isto, a formação profissional para o professor requer, assim, uma sólida
formação teórico-prática. O domínio das bases teórico-científicas e técnicas, e sua
articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança
profissional, de modo que o profissional possa estimular uma idéia integradora de um
corpo biológico, quando se voltar para a sensibilidade, conhecimento e competência para
a compreensão do fenômeno da aprendizagem criativa.
Deste modo, o profissional ganha base para pensar sua prática e aprimorar sempre
a qualidade do seu trabalho e os conteúdos dos textos utilizados serão constantemente
analisados no sentido de expressarem não apenas os pontos de vista do autor, mas
também do grupo social e cultural que representam. O professor procurará criar condições
para que, juntamente com os alunos, a consciência ingênua seja superada e que estes
possam perceber as contradições da sociedade e grupos em que vivem.
Com competência e compromisso político, os profissionais serão capazes de
determinar a quem vão ensinar, o que vão ensinar, qual a duração do ensino e qual o
desempenho que esperam dos educandos. De modo que o professor não seja apenas um
transmissor de conteúdos como sujeitos e objetos, mas seja sujeito de sua ação; através de
uma prática questionadora, critica e consciente.
Citando Gadotti (2003), poder-se-á dizer que é preciso reconhecer, inicialmente,
que nem todo saber resume-se no saber comum escolar. A vida é também uma grande
escola, pois aprendem coisas essenciais. O saber essencial das classes populares não será
apenas ensinado pela burguesia tecno-burocratizada. A tarefa do educador consistirá
justamente em buscar as expectativas, as contradições, as possibilidades de construção de
uma outra escola, crítica, criativa, capaz de atender aos interesses de outra classe e não
daquela que hoje está no poder.
Zabala (1998, p. 92), nos apresenta uma série de funções dos professores, que tem
como ponto de partida o próprio planejamento. Podemos caracterizar essas funções da
seguinte maneira:

Planejar a atuação docente.


Contar com as contribuições e os conhecimentos dos alunos, tanto no
início das atividades como durante sua realização.
Ajudá-los a encontrar sentido no que estão fazendo para que conheçam o
que têm que fazer sintam que podem fazê-lo e que é interessante fazê-lo.
Estabelecer metas de alcance dos alunos para que possam ser superadas
com o esforço e a ajuda necessários.
Oferecer ajudas adequadas, no processo de construção do aluno, para os
congressos que experimenta e para enfrentar os obstáculos com os quais
se depara.
Promover atividade mental auto-estruturante que permita estabelecer o
máximo de relações com o novo conteúdo.
Estabelecer um ambiente e determinadas relações presididos pelo respeito
mútuo e pelo sentimento de confiança.
Promover canais de comunicação que regulem os processos de
negociação, participação e construção.
Potencializar progressivamente a autonomia dos alunos na definição de
objetivos.
Avaliar os alunos conforme suas capacidades e seus esforços.

O trabalho pedagógico é sempre construído e reconstruído, avança e recua sobre a


influência da escola e de fora da escola, de nós professores e mesmo das crianças, não
caminha em linha reta, dá saltos, traz conflitos e tem contradições. Tanto professores
quanto as crianças não sabem para que estão ali, qual é o sentido de tudo que fazemos, e
qual a finalidade de tanto trabalho. Podemos ficar assim anos e anos, repetindo coisas sem
sentido, sem perceber que o trabalho pedagógico pode ser vivido como uma política social,
dinâmica e criativa. Torna-se violência pensar na prática educacional em função do aluno
ideal. Como também não é possível pensar na prática escolar em função de uma população
indiferenciada.
A educação deve servir para descobrir métodos, caminhos e compressões e de
forma alguma para doutrinar. Só assim o educando passa a compreender o mundo que o
cerca. Mesmo o ambiente interferindo no desenvolvimento não basta esperar que todo o
processo se molde por este fato. A tarefa principal do educador deve ser a de, pela
observação instigar o exercício da inteligência do indivíduo acompanhando sua construção
contínua. Sendo o professor mediador do desenvolvimento ele precisa de recursos para
tornar-se um facilitador e não um transmissor de informações.
Através da curiosidade, a criança é capaz de romper os esquemas já existentes,
ficando mais questionadora, apreciando situações de desafios, de resolver problemas,
tendo a criatividade como principal característica. O questionamento, aspecto muito
importante para o processo de aprendizagem, é considerado a mola propulsora do
conhecimento e desenvolvimento humano. A pesquisa é a busca de respostas adequadas à
situação, época e lugar em que se elaborar a questão. Estas são atitudes interdisciplinares,
porque privilegiam o pensamento, a busca e a interação: homem/mundo/homem e,
consequentemente, a construção do conhecimento. O homem é um ser e a partir de sua
ação coletiva para a produção de sua existência, interfere na natureza transformando-a,
modificando-se também, e neste esforço conjunto, comunica-se.
O questionamento como atitude interdisciplinar de um educador deve permear uma
leitura do cotidiano escolar, identificando suas incoerências, possibilitando sua exploração
e desafio na busca de teorias e práticas, adequadas para penetrá-las, interpretá-las,
desvendá-las, proporcionando novos conhecimentos ou sugerindo formas alternativas de
interpretação do cotidiano escolar e suas mazelas. O questionamento não se reduz apenas à
crítica, nem deve ter um fim em si mesmo, mas precisa ser um desafio constante ao
pensamento do educando e do educador em busca da elaboração de novos conceitos. É
preciso, então que o professor passe a exercitar a habilidade das crianças para o hábito da
leitura e o desenvolvimento da escrita. Ao iniciar na criança o interesse pelo mundo da
literatura, o professor terá que construir sua fantasia além de sugerir criações bastante
curiosas para instigar o desenvolvimento da curiosidade e a criatividade.
2.4. Habilidades básicas para desenvolver a capacidade de aprender

Para que possamos desenvolver a capacidade de aprender das crianças teremos que
nos valer de três meios ou habilidades básicas: a leitura, a escrita e o cálculo. Na verdade,
não se trata apenas de ler, escrever e calcular, de qualquer jeito, ou seja, de forma
rudimentar, mas atingir o pleno domínio dessas habilidades.
A leitura, a escrita e o cálculo são meios básicos para o desenvolvimento da
capacidade de aprender. Desses três meios básicos, o desempenho leitor tem se mostrado
muito precário até mesmo, superior ao desempenho escritor ou matemático das crianças. A
lei, de alguma maneira, nos parece sugerir que a importância da leitura está diretamente
relacionada ao desenvolvimento da capacidade de aprender. Não há desenvolvimento ou
aprendizagem que não passem pela leitura, seja em situação normal ou especial.
Ler para aprender é meio, pois, para o desenvolvimento da capacidade de aprender.
Mas, para que ingressamos nessa tarefa de ler para aprender é necessário, antes de tudo,
aprender a ler. E aprender a ler é uma habilidade que exige da escola uma concepção nova
de leitura, ou seja, a leitura como decodificação (reconhecimento das letras e discriminação
das vogais, por exemplo) e compreensão (sentido dado à pré-leitura, leitura e a pós-leitura).
É a leitura compreensiva, isto é, ler e entender o que se lê descobrir o propósito do
escritor, que irá desenvolver a capacidade de aprender das crianças. Sabemos, entretanto,
que a aprendizagem da leitura depende de três fatores básicos. O primeiro, o querer
aprender a ler, o equivalente a uma formação de atitudes do educando de se dispor a ler.
Esta disposição pode ser refletida nas formas de expectativas, interesses, motivação,
atenção, compreensão e participação. Querer aprender a ler é o primeiro passo para ler para
aprender. Para se desenvolver em leitura é preciso, antes, envolver-se com a leitura, gostar
de ler, isto é, a obra está no centro de seu interesse (dentro do ser) em ler a obra. Afirma
Teberosky (2003, p. 43), em seus escritos que,

Se há disposição para aprender a ler, há possibilidade de chegarmos à


capacidade de aprender a ler, e, sobretudo, do educando, considerar que
pode aprender lendo. Aqui vale o ditado: querer é poder. A partir da
leitura de uma obra regional ou nacional, uma criança pode desenvolver
aptidões ou competências e habilidades de natureza intelectiva e
procedimental. A aptidão intelectual ajuda a ler para aprender a pensar a
prática social e aptidão procedimental a ler para aprender a atuar no
mundo do trabalho.
Os pais são as fontes mais ricas de informações. E, sem exageros, são os que mais
podem estimular o desenvolvimento intelectual e físico de seus filhos. Neste sentido
existem várias recomendações que os especialistas nas novas correntes ressaltam como
importantes no ensino-aprendizagem e seguindo-as talvez possam criar um pequeno
gênio, e somente com apoio de pais e professores. Estas recomendações não são
complicadas, tão pouco se exige que sejam adquiridos quaisquer tipos de materiais em
livrarias ou papelarias.
O mais importante é ter tempo para orientar e estimular as crianças. É mais fácil
do que se imagina. Educar uma criança, como todos nós sabemos, é uma tarefa diária em
que só faz falta uma boa dose de bom senso, muito amor - não dependência - e qualidades
morais. Desta forma, para que possamos incentivar a leitura na criança é preciso saber
lidar com as mesmas, como afirma Kato:

1 - Quando falamos com ela, não importa a idade, devemos utilizar um


vocabulário amplo, rico e avançado.

Por exemplo, usar palavras como enorme, descomunal e gigantesco, ao invés de


apenas dizer grande. A criança ampliará seu vocabulário ao conversar. Sempre devemos
fazer com que ela note detalhes tanto em objetos como em situações. Dessa maneira ela
desenvolverá uma atenção seletiva e reterá em sua memória o importante e os aspectos de
maior interesse, o. que lhe será muito útil ao longo de sua carreira, no xadrez e na vida.
(KATO, 2001, p. 186)

2 - Para estimular sua capacidade de observação, apresente problemas


para que ela os resolva.

A criança precisa comprovar dados e informações. Dessa forma, certos exercícios


a estimulam a atuar e resolver, o que além de ser fascinante para a maioria das crianças, é
importante para seu desenvolvimento intelectual. Exercícios como montar quebra-
cabeças, resolver enigmas, problemas matemáticos, ou jogar xadrez! (KATO, 2001, p.
186)
3 - Quando realizar uma atividade, respeitar sua concentração e, mais
ainda, estimular que ela se concentre.

Crianças concentram-se tanto no que estão fazendo que o mundo desaparece ao seu
redor. Sendo assim, não devemos interrompê-las e sua tarefa merece todo o respeito.
Temos que permitir sua independência quando deseja fazer as coisas por si mesmas. A
independência nos leva a desenvolver um pensamento criativo. Ao experimentar, explorar
e provar idéias, aprendemos mais. Isto sem mencionar a importância de desempenhar
atividades em grupo, como o xadrez, e aprender a compartilhar e trocar conhecimentos
com os demais. (KATO, 2001, p. 186)

4 - Devemos fazer com que a criança se interesse pela leitura .

Essa atividade trará como conseqüência uma necessidade de ler constantemente


sobre qualquer tema. Uma vez criado o habito e o gosto pela leitura, nos surpreenderemos
ao ver à criança, por si só, pegar seus livros e começar a ler. A leitura é a base do
conhecimento. Quanto mais amor à criança venha a desenvolver pela leitura, mais a
aprendizagem é facilitada. (KATO, 2001, p. 186)

5 - Fazer com que a criança não tenha pavor do xadrez e das ciências
exatas.

Se observarmos um pouco veremos que a criança sempre está buscando algo novo
e excitante para fazer. Quando observarmos que nossos filhos esgotaram suas
possibilidades em uma área devemos fazer com que procurem outra atividade. Aprender é
a grande aventura da vida, é desejável, vital e o jogo mais excitante. O amor envolvendo a
aprendizagem é um laço forte entre pais e filhos, mantendo-os unidos por toda a vida.
Quando se ensina com amor, alegria e respeito, a inteligência se desenvolve mais.
(KATO, 2001, p. 186)
Então, ler é uma das competências mais importantes a serem trabalhadas com o
aluno, principalmente após recentes pesquisas que apontam ser esta uma das principais
deficiências do estudante brasileiro. Não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter
sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Qualquer
leitor, portanto, tem como primeiro desafio o de estar pronto para ler: disposto a aprender
e aproveitar a leitura. Mesmo em caso de tratar-se, à primeira vista, de mera tarefa e não
de algo que possa lhe dar prazer. Essa preparação exige dois pré-requisitos: prestar
atenção e evitar a avidez. Devorar centenas de páginas não leva a nada.
Se o professor vai incentivar a leitura na sala de aula, deverá saber que a
compreensão de um texto exige mais do que o simples correr dos olhos sobre as letras.
Então, deverá começar por escolher um local tranqüilo, confortável, bem iluminado para o
envolvimento dos alunos com o texto. E não deve se apavorar em caso do aluno não
conseguir entender tudo de imediato.
A compreensão depende do nível cultural do aluno, que vai se ampliando a cada
nova leitura ou releitura. Recomendamos, em geral, que o aluno deve ser orientado e não
passar de um parágrafo seguinte sem ter entendido bem o anterior. Isso se poderá
conseguir, conscientizando o aluno que deve voltar e reler o trecho quantas vezes forem
necessárias e, se preciso, recorrendo a pesquisas em dicionários e enciclopédias. No
entanto, não deve interromper demais a leitura. Por isso, é bom conformar-se em aprender
o significado geral do texto, da palavra sabendo que, com o hábito de ler, essa tarefa vai
ficar cada vez mais fácil.
É importante lembrar sempre que um mínimo de disciplina no ambiente em que é
realizada a leitura é indispensável ao leitor que quer ou precisa aprender e construir o
conhecimento. Por conseguinte, a leitura para ser mais produtiva, pode ser dividida em
fases conforme afirma Kleiman (2002, p. 95):

Faça um reconhecimento do texto para saber de que assunto trata. Mesmo


no caso de romance é bom ter uma idéia do tema central.
Procure isolar as informações principais. Para isso, é bom sublinhar ou
assinalar passagens.
Ao encontrar expressões especializadas, (de medicina, direito, etc.)
procure conhecer e anotar seus significados. Assim, além de aumentar seu
vocabulário, você conseguirá uma correta interpretação de sua leitura.
Procure separar os fatos, das interpretações que deles faz o autor. Retome
as informações essenciais que foram isoladas anteriormente, para saber
que relações existem entre elas.

Assim, estará pronto para estabelecer suas próprias idéias sobre o texto. Mas
lembre-se: o trabalho intelectual exige rigor. Por isso nunca é demais voltar ao texto, reler
e aperfeiçoar a leitura. A escrita é um poderoso instrumento para preservar o
conhecimento. Tomar notas é a melhor técnica para guardar as informações obtidas em
aula, em livros, em pesquisas de campo. Manter os apontamentos é fundamental. Logo,
nada de rabiscar em folhas soltas. Mas também não se deve ir escrevendo no caderno tudo
que se ouve, lê ou vê. Tomar notas supõe rapidez e economia.
Aprender é uma operação que não se resume a adquirir noções, mas consiste em
reter o que foi lido, reproduzir e reconhecer uma série de experiências e pensamentos.
Portanto, é imprescindível educar a memória. Logo após o estudo de algum ponto ou
matéria, nota-se que o esquecimento também trabalha: a mente elimina noções
dispensáveis como fazer anotações no decorrer da leitura para que ocorra melhor
compreensão. Segundo Kleiman (2002, p. 95):

Por isso, as anotações têm de ser:


 suficientemente claras e detalhadas, para que sejam
compreendidas mesmo depois de algum tempo;
 suficientemente sintéticas, para não ser preciso recorrer ao
registro completo, ou quase, de uma lição. Anotar é uma técnica
pessoal do estudante. Pode comportar letras, sinais que só ele
entenda. Mas há pontos gerais a observar. Quando se tratar de
leitura, não basta sublinhar no livro. Deve-se passar as notas para
o caderno de estudos. O aluno tem de se acostumar à síntese:
aprender a apagar mentalmente palavras e trechos menos
importantes para anotar somente palavras e conceitos
fundamentais. Outros recursos: jamais anotar dados conhecidos a
ponto de serem óbvios; eliminar artigos, conjunções, preposições
e usar abreviaturas.

É preciso compreender que anotações não são resumos, mas registros de dados
essenciais. Esse treinamento consiste em trazer à mente alguma coisa anteriormente
percebida e em antecipar, tendo por base a compreensão do texto precedente; a anotação
possibilita a repetição aumenta e assegura o esforço intelectual. É importante, porém, que
no ambiente haja disciplina. Sem disciplina, entretanto, nunca haverá um jogo útil entre
memória e esquecimento, entre horas de estudo e horas de descanso.
Para facilitar o aprendizado e fixar na memória os conteúdos aprendidos, basta
proceder a uma série de operações sucessivas e gradativas no tempo. Repetir é importante,
mas não só: saber de cor nem sempre vai além de um papaguear mecânico.
As técnicas psicológicas de memorização são complexas, mas podem ser
utilizadas simplificadamente pelo estudante. Algumas indicações segundo Kleiman (2002,
p. 109), para desenvolver a aprendizagem e aprender é necessário:

 Ler mentalmente e compreender o assunto;


 Reler em voz alta;
 Concentrar a atenção em aspectos específicos: nomes, datas,
ambientes, etc.;
 Notar semelhanças, diferenças, relações;
 Repetir várias vezes em voz alta ou escrever os conhecimentos
adquiridos (os pontos principais);
 Fazer fichas com esquemas que incluam, de um lado, a seqüência das
noções principais e, do outro, detalhes referentes a cada uma delas; .
 Nunca esquecer de repousar, pois uma mente cansada aprende pouco e
retém com dificuldade.

Estudar em conjunto é, também, um modo produtivo de fazer render ao máximo o


esforço do aprendizado. E há muitas maneiras de os estudantes se ajudarem, mesmo que
não se organizem em um grupo. Entre as mais importantes está a comparação dos
apontamentos das aulas e das horas de estudos. Assim, trocam-se idéias e verificam-se os
pontos fundamentais e os mais difíceis.
Dois princípios a serem pensados em relação a esse assunto devem ser
considerados: o estudo em conjunto deve refletir uma inteligente divisão de trabalho; as
sínteses não garantem plena compreensão, mas são interessantes como resumo dos
conhecimentos adquiridos. Quando o estudo em grupo é uma preparação para provas ou
exames, o aluno deverá estudar toda a matéria por si mesmo, de modo que o trabalho com
os colegas seja apenas uma revisão, uma possibilidade de aprofundamento e, às vezes, de
correção dos pontos. É a voz corrente entre professores que a melhor maneira de aprender
uma matéria é ensiná-la aos outros.
Os alunos podem comprovar isso nas exposições orais de suas reuniões de grupo, e,
toda vez que um colega vier pedir auxílio. Mas, a leitura é amplamente desestimulada pela
mídia que, incessantemente, nos bombardeia com estímulos visuais muito mais chamativos
e hipnóticos do que um texto escrito, gerando uma espécie de cultura da ignorância que, a
todo momento, parece justificar o semi-analfabetismo como algo normal e até desejável.
As pessoas não mais se sentem inferiores por não conseguirem ler um livro. Ao
contrário, gabam-se de não terem paciência ou tempo para leitura, e assistem apenas aos
filmes da moda; não perdem a novela por nada e riem daqueles que ainda têm a
capacidade de se encantarem com uma história bem escrita.
A criança não vai trocar o vídeo game pela leitura, porque o vídeo game é muito
mais interessante do ponto de vista técnico. Mas tudo tem que ser contrabalançado com a
leitura, que leva a uma interação íntima. A mente se desenvolve mais através da leitura. E
a literatura é a convergência da vida, tudo que acontece na vida está na literatura ou está
na história.
A literatura é um instrumento de desenvolvimento da mente, existencial, ético e
vai ao encontro da necessidade humana de nomeação do mundo, porque interage com a
palavra, que é a chave no nosso mundo. A imagem não é nada se não tiver a palavra, ela
precisa de texto e o professor não pode esquecer isso, ele tem que dominar o texto. Apesar
de parecer difícil, nós já estamos na hora do florescimento.
A época de hoje é propícia para a criação; estamos em um momento muito
positivo, embora não pareça, e o professor é fundamental, porque ele domina o
pensamento. Não há uma grande nação que não tenha tido grandes professores a criarem o
hábito de buscarem o conhecimento do qual elas irão precisar, para serem bem sucedidas
na vida pessoal e profissional, é simplesmente ler alto para elas, começando com isto
desde cedo.
A habilidade para ler e entender o que está escrito capacita as crianças a serem
auto suficientes, a serem melhores estudantes, mais confiantes, levando-as desse modo às
melhores oportunidades na vida profissional e a uma vida mais divertida, tranqüila e
agradável. Sugere Naspolini (1996, p. 115), para aprender e a criar o gosto pela leitura:

Leia em voz alta, para seu filho diariamente. Do nascimento até os seis
meses, ele provavelmente não vai entender nada do que você está lendo,
mas tudo bem assim mesmo. A idéia é que ele fique familiarizado com o
som de sua voz e se acostume a ver e a tocar em Livros. Para começar,
use livros ilustrados sem textos ou com bem poucas palavras. Aponte
para as cores e figuras e diga seus nomes. Livros simples podem ensinar a
criança coisas que mais tarde vão ajudá-la a aprender a ler. Por exemplo,
ela aprenderá sobre a estrutura da linguagem - que existem espaços entre
as palavras e que a escrita vai da esquerda para a direita.
Conte histórias. Encoraje sua criança a fazer perguntas e a falar sobre a
história que acabou de ouvir. Pergunte-lhe se pode adivinhar o que vai
acontecer em seguida conforme for contando a história, com os
personagens ou coisas da trama. Aponte para as coisas no livro que ela
possa associar com o seu dia a dia. "Veja este desenho de macaco. Você
lembra do macaco que vimos no Circo?"
Procure por programas de leitura. Se você não for um bom leitor,
programas voluntários ou governamentais, na sua comunidade ou cidade,
voltados para o desenvolvimento da leitura, lhe darão a oportunidade de
melhorar sua própria leitura ou então ler para seu filho. Amigos e parentes
podem também ler para seu filho, e também pessoas voluntárias que na
maioria dos centros comunitários ou outras instituições estão disponíveis e
gostam de fazer isso. Compre um dicionário infantil. Procure por um
que tenha figuras ao lado das palavras. Então comece a desenvolver o
hábito de brincando com a criança, provocá-la dizendo frases tais como:
"Vamos descobrir o que isto significa?" Faça com que materiais de
escrever, tais como lápis, giz de cera, lápis colorido's, canetas, etc.,
estejam sempre disponíveis e a vista de todos.
Procure assistir programas Educativos na TV e Vídeo. Programas
infantis onde a criança possa se divertir, aprender o alfabeto e os sons de
cada letra.
Visite com freqüência uma biblioteca. Comece fazendo visitas semanais
à biblioteca ou livraria quando seu filho for ainda muito pequeno. Se
possível cuide para que ele tenha seu próprio cartão de acesso e
empréstimo de livros da biblioteca. Muitas bibliotecas permitem que
crianças tenham seus próprios cartões personalizados com seu nome
impresso, caso ela queira, exigindo apenas que um adulto seja o
responsável e assine por ela.
Leia você mesmo. O que você faz serve de exemplo para o seu filho.
Dentre as dificuldades enfrentadas por pessoas no processo da leitura,
encontra-se a questão do desenvolvimento da capacidade de ler e escrever.

Mas, observa-se que a população enfrenta bastantes dificuldades em dominar a


leitura de forma genérica, não só no sentido de conceber idéias, mas no sentido de criá-las
e recriá-las. Entendendo que o desenvolvimento do homem, se dá pela aquisição do
conhecimento historicamente acumulado, assim, como pela evolução do conhecimento,
faz-se imprescindível incentivar todo cidadão, ao gosto pela leitura, e escrita, de forma a
desenvolver o hábito e o prazer em busca de novos conhecimentos que contribuirá
decisivamente para o seu aperfeiçoamento, quer como ser humano, quer como
profissional. Para Naspolini (1996, p. 115)

Desenvolver o hábito e o gosto pela leitura, e fazer perceber a sua


importância numa sociedade letrada, tem sido a maior dificuldade
encontrada pelo homem. Demonstram-se os altos índices de reprovação nas
séries iniciais, onde as crianças não dominam a leitura, a escrita. A
alfabetização é restrita somente no domínio de textos e livros didáticos, não
havendo uma preocupação em colocar as crianças em contato com
diferentes tipos de textos que circulam dentro e fora do convívio da
criança. Tal situação, não se encontra distante da nossa realidade.

Considerando as questões relacionadas anteriormente, este projeto consiste em


uma série de atividades inter-relacionadas que abrangerão o trabalho de sensibilização à
prática da leitura. O aluno neste aprofundamento necessitará reorganizar suas idéias,
posicionando-se diante dos fatos. Ele deverá, a partir da observação de um conjunto de
circunstâncias, efetuar abstrações e generalizações, como, por exemplo, transferir
situações vividas por personagens para sua realidade atual. Além disso, deverá buscar,
dentro de seu quadro de valores, parâmetros para opinar sobre o que lhe está sendo
solicitado e chegar a determinadas conclusões.

Para tanto, delineiam-se algumas atividades segundo Naspolini (1996, p.147):

Palestras; sobre a importância da formação de grupos de leitores; Oficina


de leiturização, que venha envolver os mais diversos grupos;
Visitas dos alunos as bibliotecas com acompanhamento de professores,
bibliotecários, vindo acontecer atividades como: conversas informais
sobre o uso das mesmas, e a importância da leitura no cotidiano de uma
sociedade letrada, etc.
Atividades teórico-práticas de leitura, através do lúdico: modelagens,
desenhos, produções de histórias e textos, painéis, entrevistas, teatro de
bonecos e dramatizações;
Retomada de exposição de livros e obras de arte com apoio de bancos
comerciais e artistas plásticos/escultores locais em Estabelecimentos
Bancários, Universidades, Restaurantes, Empresas Estatais e Privadas.
Exposições dos trabalhos confeccionados pelos alunos, como um estimulo
às práticas criativas. No Brasil, as crianças não são tratadas com respeito e
a dignidade que merecem.

O hábito da leitura é um bem que vai favorecer sua qualidade de vida, devendo ser
semeada desde a infância, no convívio familiar. É um caminho a ser. percorrido partindo
da conscientização social, pois acreditamos que a leitura é possível em todas as fases da
vida do ser humano.
A população ainda se encontra em um estágio muito inferior em se tratando do
hábito de ler. Por isso, toma-se fundamental em um país como o nosso, darmos enfoque
ao hábito da leitura. Com essa atitude contribuiremos para uma vida melhor dentro do
contexto social da história de vida do homem, proporcionando a capacitação para o
exercício pleno da cidadania
Um bom hábito é acostumar-se a carregar consigo um livro, ainda que supondo que
não haverá tempo de abri-lo. Em poucos dias, constata-se quanto se leu! A Bíblia é o livro
mais divulgado de todos os tempos. Cada pessoa deveria lê-la ao menos uma vez na vida.
A leitura diária de jornais é um bom hábito para quem quer se manter informado do que
ocorre no Brasil e no mundo.
Hoje, informação é poder. E como o trabalho mental tende a superar o manual, a
leitura toma-se o pão nosso de cada dia. Há, certamente, os fatores externos, as possíveis
estimulações, que são recursos que podem despertar o interesse do aluno para um
determinado tema, numa atitude de curiosidade e atenção. Mas a realidade é que ninguém
controla o modo como o outro aprende, ou quando chegará a aprender o que pretende
ensinar. A prova disso é que aprendemos muito com nossos pais (e não apenas do que
esperavam que aprendêssemos!), mas há certas áreas em que eles nunca conseguiram
modificar nosso jeito de pensar. E assim também acontece com as nossas crianças.
Dizer que cada criança é um mundo parece clichê, mas é a mais pura verdade.
Tudo o que ela já viveu nesta encarnação e nas anteriores; tudo o que já fez, descobriu,
percebeu, intuiu e pensou; os filmes que assistiu as conversas que ouviu, as histórias que
leu; tudo participa do seu modo de ver o mundo e de aprender. Que conceitos adquiridos
entram na formação de suas conclusões sobre as coisas? Nunca saberemos totalmente.
Mas o que se sabe é que as informações e os exemplos a que se expõe sempre podem
influenciá-la mais ou menos intensamente - o que é nossa porta de entrada, como
educadores, neste seu mundo tão particular.
O que se pode fazer é criar um meio propício, é oferecer, à inteligência, a
argamassa, o material de construção em quantidade e qualidade suficientes para que a
criança construa suas estruturas de pensamento da melhor maneira, com o melhor tipo de
informação e os melhores exemplos possíveis. Ler é saber. O primeiro resultado da leitura
é o aumento de conhecimento geral ou específico. Ler é trocar. Ler não é só receber. Ler é
comparar as experiências próprias com as narradas pelo escritor, comparar o próprio
ponto de vista com o dele, recriando idéias e revendo conceitos. Ler é dialogar. Quando
lemos, estabelecemos um diálogo com a obra, compreendendo intenções do autor.
Somos levados a fazer perguntas e procurar Ler é exercitar o discernimento.
Quando lemos, colocamo-nos de modo favorável ou não aos pontos de vista, pesamos
argumentos e argumentamos dentro de nós mesmos, refletimos sobre opções dos
personagens ou sobre as idéias defendidas pelo autor. Ler é ampliar a percepção. A tarefa
de ler um livro literário requer um grau considerado de conhecimento, de reflexão, de
interpretação da nossa história social e pessoal. E isso só se consegue realizar no decorrer
de toda uma trajetória de vida, investigando a obra em busca de uma compensação que
mova e comova o leitor. Na verdade, à medida que o indivíduo desenvolve as capacidades
sensoriais, emocionais e racionais também se desenvolvem as suas leituras. Ter intimidade
com as palavras, entendê-las e fazer com elas o que se quiser é o sentido maior da
literatura.
A oportunidade de crescer deve ser dada ao aluno, através das aulas de leitura da
Literatura, tornando-as prazerosas, estimulando para uma descoberta constante e
propiciando a manifestação espontânea. Não é em livros de teoria literária, que se aprende
a fazer boa leitura da literatura; aprende-se por intuição, na convivência íntima e
prolongada com os textos variados, libertando a emoção de uma forma talvez nunca
manifestada.
Desenvolver nos alunos o espírito crítico, tão temido por alguns tempos, é
imprescindível para que todos nós, contínuos estudantes, possamos discernir entre ler uma
obra artística com satisfação ou simplesmente lê-las sem nenhum acréscimo produtivo.
Ler é ser motivado à observação de aspectos da vida que antes nos passavam
despercebida. Entende-se que ler bons livros é capacitar-se para ler a vida.
Deve-se dar, à criança, acesso ao manuseamento livre de livros, revistas, catálogos,
etc.; ler histórias para ela, procurando indicar a orientação da leitura (movimento com o
dedo), respondendo, de forma clara, a todas as suas questões; ler as legendas de um filme
animado; ir a uma biblioteca, fazendo-se acompanhar da criança; fazer uso de jornais,
revistas ou outros meios de comunicação, comentando, na sua presença, o que se lê.
Outra alternativa é procurar, no dicionário, o significado de palavras solicitadas
pela criança; identificar, primeiramente, com a palavra escrita em maiúsculas impressas,
bens pertencentes à criança (primeiro, o nome da criança e, só posteriormente, os dos
restantes elementos da família); proporcionar a descoberta de palavras referentes a marcas
de estabelecimentos comerciais, hipermercados, filmes que ela gosta e produtos de uso
diário. São apenas alguns exemplos de entre tantos que existem que poderão se constituir
em bons instrumentos de motivação para leitura e escrita.
O que é crucial é que a criança reconheça a importância do saber ler. Não basta o
contacto com o livro e com o código escrito (como já referi anteriormente). A criança
procura explicações para tudo o que a rodeia. É, portanto, crucial, que o adulto se
disponibilize, desprovido de preocupações e limitações temporais. Por outro lado, convém
salientar de que é necessário ter-se algum cuidado com a escolha dos livros para crianças.
Deverão ser excluídos os livros que enaltecem os heróis que abusam da violência e que
saem triunfantes, bem como aqueles livros que são desprovidos de conteúdo e que em
nada contribuem para o desenvolvimento da criatividade e do crescimento social e
maturacional da criança.
Convém não esquecer que as realidades ilustradas em alguns livros, nem sempre
correspondem à nossa realidade (refiro-me, por exemplo, a rotinas da população
estrangeira que não correspondem às nossas). Com o louvável intuito de se promover o
gosto pela leitura, cai-se, muitas vezes, no erro de se adquirir um livro apenas pela
atraente aparência... o que está errado. Desta forma, é importante que se saiba escolher de
forma coerente os métodos utilizados para que o aluno possa desenvolver a leitura de
forma a compreender o mundo em que vive.
No entanto, é muito difícil para um não leitor formar leitores. Só podemos formar
leitores se oportunizarmos situações de leitura significativas na sala de aula. O mesmo
ocorre com a escrita. O professor preocupado em inserir seus alunos no mundo letrado
precisa antes de tudo ter uma relação positiva com a leitura e a escrita. É preciso que ele
tenha uma relação de prazer com os textos e reconheça sua importância e suas diferentes
funções: informar, refletir, comunicar, divertir.
O professor torna-se então um modelo de leitor para o aluno. Por meio da leitura
realizada pelo professor, o aluno pode observar procedimentos de um leitor eficiente,
pode perceber a relação que existe entre o texto e o leitor. Por meio da leitura e da escrita,
o professor pode ampliar seu universo letrado, utilizando plenamente suas capacidades de
uso da linguagem (oral e escrita) e de suas capacidades intelectuais e assim construir
novas competências profissionais.
Ao professor cabe tomar algumas atitudes importantes. Muitas circunstâncias de
uso da leitura e da escrita podem ser favorecidas no contexto da sala de aula. Formar
usuários autônomos da leitura e da escrita é papel da escola. Para isso, é fundamental que
ela tome para si esta tarefa, principalmente na Educação de Jovens de Adultos, que é
constituída por um público que geralmente foi privado do acesso à cultura letrada.
Favorecendo um contexto de letramento o professor possibilita que os alunos ampliem
seus conhecimentos, compreendam o mundo que os rodeia e sintam-se participantes dele.
3. CONCLUSÃO

As experiências com eventos de leitura e escrita contam muito mesmo para a


formação de todos os professores alfabetizadores. Outro atenuante é saber que muitas
pessoas tiveram muito pouco ou quase nenhum contato com a leitura e escrita e daí a
acentuada dificuldade de desenvolver o aprendizado. Entendemos assim, que o
desenvolvimento escolar desse aluno com certeza será mais difícil do que aquele que
desde pequeno, por influência dos pais, tem contato com esses materiais.
Ouvimos sempre mensagens negativas que marcam o nível do aprendizado dos
alunos na escola, como por exemplo: "esses alunos não têm o domínio da leitura e da
escrita". Porém sabemos que tal situação para ser resolvida depende do esforço de todos
os profissionais da educação. Por conseguinte, precisamos exercer um papel mediador, e
daí a necessidade de conhecermos os mecanismos que qualificam o ensino-aprendizagem,
para a partir de então, tornar fácil para o aprendente escrever sem receio e ler com
facilidade.
Para que isso ocorra sugere-se que é importante que os pais trabalhem estes
aspectos desde cedo juntos à escola, deixando materiais acessíveis, fazendo leituras de
livros, oferecendo gibis, enfim, expondo e explorando todo material que faz com que a
criança desperte e se integre no mundo da leitura e da escrita. Sabemos, entretanto, que o
aluno precisa compreender que a escrita e a leitura vão além da decifração e transcrição de
letras e sons, são atividades orientadas pela busca do sentido e do significado.
Estar imerso em um ambiente letrado é fundamental, mas não parece ser
suficiente, é preciso que o professor leve seus alunos a refletirem sobre a escrita, a
estabelecerem relações entre diferentes tipos de textos e produzirem textos significativos,
o mais próximos que for possível de seu uso social.
Ultimamente as pesquisas a respeito dos processos de aprendizagem da leitura e da
escrita vêm comprovando que a estratégia necessária para um indivíduo se alfabetizar não
é memorização, mas a reflexão sobre a escrita. Essa constatação pôs em xeque uma antiga
crença, na qual a escola apoiava suas práticas de ensino, e desencadeou uma revolução
conceitual, uma mudança de paradigma. Portanto, estamos passando por esse momento,
com as vantagens e prejuízos que caracterizam um período de transição, de transformação
de idéias e práticas cristalizadas ao longo de anos vividos na escola.
A função de educar é do educador. A criança tem que ser induzida à aprendizagem,
pois ela pode até ter curiosidade, gostar de ouvir histórias, mas chegar e ler, não. Vai
precisar que haja um trabalho motivador em que ela esteja envolvida numa operação de
imitação de um adulto, porque, se ninguém em volta dela lê, ela não tem isso
espontaneamente, tem que ser adquirido. Isso é função da escola, porque, hoje, a literatura
não é entretenimento, não dá para competir com a televisão, com o vídeo game; ela é um
instrumento de conhecimento de mundo, que tem que ser prazeroso e gratificante, senão a
criança não aceita.
Para o educador fazer o aluno pensar sobre a escrita e leitura, enfim, para que haja
vinculação imediata entre o aluno e a escrita/leitura, o professor deverá tomar atitudes
como, respeitar a diversidade de expressões orais de seus alunos.
É preciso, também, saber ampliar suas diferentes formas de expressão, abrindo
espaços cotidianamente para conversas e narrativas; saber proporcionar aos alunos reais
situações comunicativas, incentivando-os a exporem suas dúvidas oralmente, a interferirem
na fala dos outros fazendo contrapontos, a organizar debates e seminários, a promoverem
saraus literários ou poéticos; saber ler para seus alunos; saber aproximar seus alunos de
fontes de informação diversificadas e instigantes: livros, jornais, revistas, vídeos, cartazes;
saber comunicar um comportamento leitor (comentar uma leitura que fez, indicar uma
leitura a alguém, expressar o que sentiu numa determinada leitura, comparar diferentes
autores, comparar diferentes fontes de informação etc.).
Enfim, concluímos que é importante saber selecionar textos para diferentes
propósitos de leitura, como por exemplo, ler para se divertir, ler para buscar informações,
ler para apreciar. Para tanto, é necessário saber selecionar textos para diferentes faixas
etárias, como também conhecer os gostos de seus alunos.
Vale salientar que devemos considerar a necessidade de saber propor a leitura e
escrita de diferentes tipos de textos: listas, receitas e textos instrucionais, formulários e
questionários, anúncios folhetos e cartazes, textos em versos, poemas, letras de músicas,
bilhetes, cartas e ofícios, jornais, contos, crônicas, fábulas e anedotas, relatos, biografias,
textos com informações históricas, textos com informações cientificas; saber ser escriba
para seus alunos; saber propor atividades diversificadas para os diferentes grupos de alunos
com diferentes apropriações de escrita.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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