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Instituto Superior de Ciências Humanas e Sociais Anísio Teixeira

Didática II: cultura – 2018.2– P2


Professoras: Emanuelle Souza
Aluno (a): _____________________________________________

Analisar a escola como espaço sócio-cultural significa compreendê-la na ótica da cultura, sob um
olhar mais denso, que leva em conta a dimensão do dinamismo, do fazer-se cotidiano, levado a
efeito por homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, negros e brancos, adultos e
adolescentes, enfim, alunos e professores, seres humanos concretos, sujeitos sociais e históricos,
presente na história. Falar da escola como espaço sócio-cultural implica, assim, resgatar o papel
dos sujeitos na trama social que a constitui, enquanto instituição.
(DAYRELL, 1999, p. 136)
A escola, como espaço sócio-cultural, é entendida, portanto, como um espaço social próprio,
ordenado em dupla dimensão. Institucionalmente, por um conjunto de normas e regras, que
buscam unificar e delimitar a ação dos sujeitos. Cotidianamente, por uma complexa trama de
relações sociais entre os sujeitos envolvidos, que incluem alianças e conflitos, imposição de
normas e estratégias individuais, ou coletivas, de transgressão e de acordos. Um processo de
apropriação constante dos espaços, das normas, das práticas e dos saberes que dão forma à vida
escolar. Fruto da ação recíproca entre o sujeito e a instituição, esse processo, como tal, é
heterogêneo. Nessa perspectiva, a realidade escolar aparece mediada, no cotidiano, pela
apropriação, elaboração, reelaboração ou repulsa expressas pelos sujeitos sociais. (EZPELETA &
ROCKWELL, 1986).
(DAYRELL, 1999, p. 137)
A escola é vista como uma instituição única, com os mesmos sentidos e objetivos, tendo como
função garantir a todos o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente acumulados pela
sociedade. Tais conhecimentos, porém, são reduzidos a produtos, resultados e conclusões, sem se
levar em conta o valor determinante dos processos. Materializado nos programas e livros
didáticos, o conhecimento escolar se torna “objeto”, “coisa” a ser transmitida. Ensinar se torna
transmitir esse conhecimento acumulado, e aprender se torna assimilá-lo. Como a ênfase é
centrada nos resultados da aprendizagem, o que é valorizado são as provas e as notas e a
finalidade da escola se reduz ao “passar de ano”. Nessa lógica, não faz sentido estabelecer
relações entre o vivenciado pelos alunos e o conhecimento escolar, entre o escolar e o extra-
escolar, justificando-se a desarticulação existente entre o conhecimento escolar e a vida dos
alunos.
(DAYRELL, 1999, p. 139)
A diversidade cultural, no entanto, nem sempre pode ser explicada apenas pela dimensão das
classes sociais. É preciso levar em conta uma heterogeneidade mais ampla, “fruto da
coexistência”, harmoniosa ou não, de uma pluralidade de tradições cujas bases podem ser
ocupacionais, étnicas, religiosas etc”. (VELHO, 1987, p.16), que faz com que os indivíduos possam
articular suas experiências em tradições e valores, construindo identidades cujas fronteiras
simbólicas não são demarcadas apenas pela origem de classe.
(DAYRELL, 1999, p. 143)
Paulo Freire (1996) comenta que a educação não deve ser embasada somente no professor como
sendo o centro. Pelo contrário, é aquele que ajudará no desenvolvimento de seus alunos. É papel
do professor a instrução de seus alunos em uma educação formal, mas acima de tudo a uma
educação que crie uma cultura que colabore para a constituição de alunos conscientes, críticos e
não somente meros reprodutores de conhecimentos. Desta forma, é importante ter em mente que
tais relações entre professor-aluno e aluno-aluno podem possibilitar o desenvolvimento de
habilidades de uso do idioma estudado, bem como a geração de ‘qualidade de vida’ positiva para
a condução do processo de ensinar e aprender (MILLER et al., 2008).

(NUNES, 2015, p. 179)

Assim, diferentemente de uma perspectiva tradicional de educação, em que o professor transmite o


conteúdo e o aluno é ouvinte passivo, para o Allwright e Hanks (2009), a ação dos alunos está no
cerne do processo, evidenciando tamanha importância para o aprendizado. Logo, o aluno é agente
desse processo, assim como o professor. Para explicar o papel do aprendiz no processo de
aprender uma língua estrangeira, os autores apontam cinco proposições:

1. Os alunos são indivíduos únicos que aprendem e se desenvolvem melhor da sua


própria maneira;
2. Os alunos são seres sociais que aprendem e desenvolvem melhor em um ambiente de
apoio mútuo;
3. Os alunos são capazes de levar sua aprendizagem a sério;
4. Os alunos são capazes de tomar suas decisões de forma independente;
5. Os alunos são capazes de se desenvolver como praticantes de aprendizagem.
(ALLWRIGHT; HANKS, 2009, p. 5)

Do mesmo modo, acredito que uma atuação ativa e crítica-reflexiva dos alunos seja primordial,
tanto para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça, como para que os entendimentos
ocorram. A aula é construída numa parceria entre professor e alunos. Somente partindo da
colaboração dos aprendizes que o professor será capaz de avaliar suas necessidades e elaborar um
planejamento em que eleja as prioridades, escolhendo o material adequado, refletindo sobre suas
práticas e investindo em pesquisas na tentativa de entender qual o seu papel dentro do contexto
histórico-social em que a escola e a sala de aula se localizam. Logo, há uma relação de
complementariedade entre os papéis de alunos e professores.
(SOUZA, 2018, p. 45)

 Com base nas citações acima, faça uma reflexão crítica, estabelecendo uma relação entre
didática e cultura. Pense na cultura que se estabelece hoje nas escolas, nas comunidades, nas
relações sociais, nos seus níveis micro e macro.
É preciso diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a tua fala seja a
tua prática.

Paulo Feire

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