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Prática de ensino e estágio supervisionado em História I

Aula 2: A Escola como um Espaço Histórico e Social:


Começando a Refletir sobre o Relatório.

Apresentação
Problematizaremos a realidade escolar a partir da observação da escola como um espaço múltiplo e social, sua função e
importância na formação do cidadão através da pesquisa participante: ação-reflexão-ação. Ainda pensaremos sobre o
cotidiano escolar: significados, dimensões e atores.

Compreenderemos que a prática docente se gesta em uma materialidade onde as turmas, conteúdos escolares, tempos,
localização, espaço, organização do trabalho escolar e políticas educacionais são fios desse cotidiano que tecem o ofício
de ser professor. Analisaremos ainda os diversos "espaços-tempos" da escola enquanto um campo de conhecimento.
Objetivos
Observar a escola como um espaço histórico e social

Entender que o espaço escolar pode ser um elemento facilitador ou prejudicial às interações pessoais e às práticas
pedagógicas;

Refletir sobre o cotidiano escolar: significados, dimensões e atores.

A Escola como um Espaço


Social
A escola é uma importante referência para a prática da
aprendizagem, contudo, aprender não está restrito a
conteúdos estanques, mas sim a componentes curriculares
vivos que representam as diversidades presentes não
apenas em sala de aula, mas na unidade escolar como um
todo.

Observe a citação das professoras Nilda Alves e Regina


Leite Garcia sobre as relações que ocorrem dentro da
escola:

 Jovem em aula (Fonte: Shutterstock).

Citação

“Muito se fala sobre a escola, de fora da escola, de longe da


escola, muitas vezes a partir de um absoluto
desconhecimento em relação ao que acontece dentro da
escola a cada dia, quando os profissionais que nela atuam, os
alunos e alunas e seus pais, e a comunidade de onde ela está
inserida, estão cotidianamente interagindo. A escola da qual
tantos falam é uma simplificação a partir de um paradigma
reducionista que ignora tudo o que se passa e se cria nesse
espaço/tempo de aprender e ensinar, de relações de
subjetividades, de encontros e desencontros de socialização.”
ALVES; GARCIA, 2000, p.

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Você já refletiu sobre isso?


A complexidade presente na escola engloba diferentes aspectos e indivíduos que participam deumamultiplicidade de
redes deconvivência;

Toda a escola é ensino ,aprendizagem e ensino e toda a comunidade escolar é formada por agentes educadores, ou seja,
todos ossujeitos envolvidos, em seus diversos processos: pais, alunos, professores, funcionários, gestores, etc.

Como já afirmado, o aluno não aprende só na sala de aula, masno espaço escolar como um todo: pela maneira como ela
é organizada;como funciona; pelas ações que promove; pelo modo que os sujeitos se relacionam, pela forma como a
escola se relaciona com a comunidade, pela atitude expressa em relação aos problemas educacionais e sociais, pelo
modo como nela se trabalha, pelo planejamento político e pedagógico pela instituição, dentre outros aspectos.

Na verdade, a educação é um processo social colaborativo conforme


o princípio defino da Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional ( Art
3 , inciso VIII) e na Constituição Federal (Art 206 , inciso VI).

E a participação conjunta, planejada e organizada é que resulta a qualidade do ensino, princípio fundamental para a
democratização da educação.

A Escola é um Espaço Social

 Jovens andando | Fonte: Shutterstock


É organizada, seguindo as políticas públicas educacionais,
sendo uma instituição regida por legislação específica, que
delimita e influencia a ação dos seus sujeitos preconizando
certa autonomia.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996 ).

Cotidianamente, ocorrem diferentes e diversas situações permeadas por complexas relações entre os envolvidos nos seus
diferentes processos, como nas aulas, por exemplo, onde observamos situações de ensino com acordos e conflitos, alianças,
imposição de estratégias, disputas de poder e influências.

A influência das características culturais de sua comunidade e desenvolvimento de práticas exercidas pelos autores que no seu
interior, ou mesmo em seu entorno, desempenham funções distintas.

Portanto, falar da escola como espaço social implica em resgatar o papel dos sujeitos na trama que a constitui, como
instituição que, além de ser comprometida com o conhecimento teorizado, busca a formação integral do indivíduo, incluindo-se
a formação de valores e atitudes.

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“A realidade escolar aparece mediada, no cotidiano, pela


apropriação, elaboração, reelaboração ou repulsa expressas
pelos sujeitos sociais.”
EZPELETA; ROCKWELL, 1986)

Desde o final do século XIX, com a aceleração da industrialização, a escola vem sendo cada vez mais procurada, ou seja, vive
uma explosão quantitativa devido à necessidade crescente de mão de obra.

Entretanto, apesar de já ter passado por algumas mudanças, existem algumas características que permanecem iguais as de
alguns séculos passados.

Vejamos:
horários definidos;

uma sala;
a figura do professor;

alunos sentados em fila;

carteiras;

um espaço quadrado ou retangular;

É importante perceber que esse controle e disciplinarização foram sendo


naturalizados e por isso, para a maior parte da sociedade, é difícil pensar em
um modelo diferente.

Com isso, a separação dos conteúdos, a classe, o espaço da aula, a organização do tempo e a repetição caracterizaram a
escola. Dessa forma, para a construção do seu relatório, há uma proposta com diversos itens a serem observados sobre o
papel de alguns desses agentes educadores/sujeitos sociais, bem como sobre as práticas desenvolvidas por eles.

Na verdade, você começará por observar o espaço físico da escola, pois é claro que ele também influenciará o desenvolvimento
das práticas pedagógicas, ainda que estas não estejam apenas condicionadas a ele.

Vamos relembrar quais eram os itens 1 e 3:


ITEM 1: aspecto físico, humano e material da escola

Número de salas. A escola possui salas-ambientes? Tem biblioteca? Auditório? Refeitório? Quadras?

Qualidade das instalações

Espaço adequado para os professores

O mobiliário é suficiente?Adequado? Número de turnos, alunos e turmas

Pessoal disponível: equipe administrativa, equipe técnico-pedagógica, equipe docente, funcionários.

Pense:
Como são os quadros? Há quadros? Apagadores? Canetas?

Livros e materiais didáticos?Hápapel na escola?

Há computadores? Para uem?  Xerox, mimeógrafo, impressora?  Há material necessário às aulas das diferentes áreas?
Como vimos, a escola como um todo é um local de ensino e aprendizagem,
por isso, observar o uso de seus espaços é fundamental para a percepção
do que se ensina e como se ensina. A escola deve possuir ambientes
favoráveis ao processo de ensino, bem como de bem-estar para sua
comunidade interna e externa. Isso é essencial, pois o processo educacional
está relacionado não apenas a transmissão de cultura, mas ao despertar de
reflexões críticas acerca do cotidiano e da realidade, propiciando a
transformação não apenas individual, mas social.

A forma como a escola organiza e usa o seu espaço deve buscar condições que favoreçam a aprendizagem;

Exemplo
Imagine uma escola onde professores e alunos só possam comer em pé? Onde não haja cadeira suficiente para todos os
discentes sentarem? Isso facilita ou atrapalha? Como era o mobiliário da escola onde você estudou? Salas muito cheias
atrapalham ou ajudam os processos de ensino? Falta de material influencia ou não na prática pedagógica?
Enfim, o espaço escolar facilita ou dificulta as interações pessoais e práticas pedagógicas?

Antes de analisarmos o próximo item, reflita sobre um fragmento do texto da professora Nilda Alves: Decifrando o pergaminho
– os cotidianos das escolas nas lógicas das redes cotidianas:

Buscar entender, de maneira diferente do aprendido as


atividades dos cotidianos escolares ou cotidianos comuns,
exige que esteja disposta a ver além daquilo que outros já
viram e muito mais: seja capaz de mergulhar inteiramente em
uma determinada realidade, buscando as referências de
sons, sendo capaz de engolir sentindo a variedade de gostos,
caminhar tocando coisas e pessoas e me deixando tocar por
elas, cheirando os odores que a realidade coloca a cada
ponto do caminho diário.
ALVES, 2008, p. 18-19

Item 3. Algumas questões sobre a Escola


Como é o relacionamento entre os alunos?

E entre os professores?

E entre os professores e alunos?

E entre os funcionários?

E entre os funcionários e os alunos?

Existe cooperação, trabalho de equipe?

As reuniões entre os professores tem uma periodicidade sistemática?

Como a escola organiza o tempo e o espaço escolar?

Como se avalia a escola? Para que se avalia na escola?

Como se organizam o planejamento dos professores? Os professores planejam?

Vamos, agora, refletir sobre a equipe escolar e sua gestão?


Atualmente, as gestões escolares, são orientadas a trabalharem com práticas participativas e democráticas, estabelecendo
alianças e parcerias para a busca de soluções para os diversos tipos de problemas do dia a dia escolar. Entretanto, a gestão
democrática, como temática histórica, não vem sido utilizada, sobretudo devido a nossa trajetória política, na qual os gestores se
pautam por uma relação autoritária.

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Saiba mais
Saiba mais como hoje em dia se aplica a gestão.

A pesquisa participante: ação-reflexão-ação


O estágio consiste em proporcionar aos alunos uma visão reflexiva e um conjunto de saberes significativos sobre a realidade
na qual atuará. Para tal, é fundamental desenvolver postura e habilidades de pesquisadores, elaborando projetos que lhes
permitam compreender, problematizar e intervir nas situações observadas. O papel do aluno-pesquisador durante a prática do
estágio supervisionado em História não deve ser de um observador passivo, pois a escola é um campo intenso de ação e
reflexão e, portanto o estagiário deve ter um papel ativo na construção e transformação da realidade.

Não esqueça de que a pesquisa deve ser uma constante em sua carreira para o aperfeiçoamento de sua própria prática e que
ela não deve ser feita apenas através da leitura de textos teóricos de sua área, mas através da observação cotidiana das
atividades planejadas e oferecidas aos alunos durante os diversos momentos vividos nas aulas. Veja que pertinente a citação:

“O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade


curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que
dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o
de quem constata o que ocorre, mas também o de quem
intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto
da história, mas seu sujeito igualmente. No mundo da
história, da cultura, da política, constato não para me adaptar,
mas para mudar.”
FREIRE, 2002

O responsável pelo estágio na unidade escolar deve ser visto como contribuidor para a sua formação, por isso é necessário que
ambos sejam parceiros durante esse processo. É possível que o estagiário discorde dos procedimentos da escola ou da
atuação do professor, identificando contradições entre o que está observando e a teoria estudada durante o curso.

Atenção
Lembre-se: não existe observação neutra. Tanto observador quanto observado estão diante de uma relação em que cada um
estará observando e acompanhando o outro, a partir da compreensão que possui da realidade, portanto, é importante fazer
considerações que contextualizem a prática considerada inadequada e que o estagiário faça o exercício constante de se colocar
no lugar do outro, buscando compreender o contexto histórico-social que o constituiu profissionalmente.

“A tarefa do formador tem de ser vista sempre como uma


parceria e uma produção conjunta com os professores em
formação que acompanha”.
(BORTONI-RICARDO, 2008, p. 72).

Saiba mais
Para uma maior reflexão sobre o tema, leia hoje em dia se aplica a gestão.

Lembre-se de que esta disciplina busca aprimorar a compreensão, pelo aluno/estagiário das relações estabelecidas na escola
e de como elas são produzidas em um contexto interdisciplinar mais amplo de relações econômicas, políticas, filosóficas e
culturais da sociedade na qual está situada. Portanto, a escola deve ser bem conhecida e valorizada por todos que nela atuam
ou desejam atuar futuramente.

Na próxima aula voltaremos a esse assunto! Mas você já pode desenvolver o seu olhar investigativo! Vamos atuar como
professores pesquisadores?

Mãos à obra e procure analisar a escola como um todo, não esqueça de que ela é um espaço social!

Vamos para o exercício de fixação:

a) A escola nunca pode ser influenciada pela comunidade, ela deve seguir normas determinadas pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.

b) Com relação à escola e ao espaço social, podemos dizer que uma escola organizada segue as políticas públicas educacionais, sendo uma
instituição regida por legislação específica, que delimita e influencia a ação dos seus sujeitos.

c) O Paternalismo e suas variantes, autoritarismo e congêneres são formas de pensar e agir que prejudicam o sistema educacional.

Notas

Título modal 1

Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente
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Referências
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ALVES, Neila Guimarães; AZEVEDO, Joanir Gomes de. (Orgs.) Formação de professores: possibilidades do imprevisível. Rio de
Janeiro: DP&A, 2004.
BOTH, Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem consentida e ensinada. É ensinando que se avalia/é avaliando que se
ensina Ibex: Curitiba, 2008.

DINIZ, Reinaldo Ramos; OLIVEIRA, Inês Barbosa (Orgs.) Ação sindical, ação educativa e produção acadêmica. Rio de Janeiro:
DP&A, 2004.

ESTEBAN, Maria Teresa (Org.).Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

IMBERNÓN, F. (Org.). A educação no século XXI. Porta Alegre: Artmed, 2000.

MACEDO, Elizabeth; OLIVEIRA, Inês B.; MANHÃES, Luiz Carlos; ALVES, Nilda (Orgs.). Criar currículo no cotidiano. São Paulo:
Cortez, 2002.

PASSIVI, Elza Yasuko (Org.). Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007.

PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez Editora, 2002.

Próxima aula

Pesquisa participante: ação-reflexão-ação.

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