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A afetividade no processo ensino e aprendizagem:

O despertar para o aprender1

Valguenia Ferné de Souza Torres2


Glauce de Oliveira Alves3

RESUMO
O presente trabalho tem com objetivo compreender como se dá as relações afetivas no processo
ensino e aprendizagem, o quanto uma relação fria entre professor – aluno, aluno-família, a falta
de estímulo, motivação e perspectiva de vida interferem no aprender dos alunos e pode levar ao
fracasso escolar tanto os alunos normais quanto os alunos PAEE. Diante das situações
apresentadas, a pesquisa tem como alicerce minha experiência de vinte quatro anos no
magistério observando o comportamento e as relações que se dá na escola, em especial na sala
de aula e o estudo na literatura que trata sobre as questões da afetividade e vínculo afetivo na
sala de aula, relação professo – aluno, desenvolvimento psicocognitivo e emocional.A
compreensão dos aspectos relacionados à aprendizagem, relação afetiva entre professor –aluno,
aluno –família, família-escola, acredito ser o ponto chave para entender e buscar soluções para o
fracasso escolar. Esta pesquisa foi realizada na EE. Profª Inah de Mello – DE Santo André com
alunos e professores do sétimo ano do Ensino Fundamental II Séries finais, é uma pesquisa
qualitativa, na análise dos dados dos professores nota-se que todos acreditam que uma relação
harmoniosa, pautada no respeito mútuo, no bom convívio escolar e na confiança favorece o
aprendizado dos educandos. Para os professores aulas significativas, respeito às diferenças e o
ritmo de cada ume planejamento são fundamentais para a aprendizagem sucedida dos
educandos. Observando os alunos e conversando informalmente com eles, nota-se que os
educandos esperam que seus professores tenham domínio daquilo que ensinam, saibam entender
as suas dificuldades e estejam prontos a atendê-los. Os alunos confiam em seus professores e os
respeitam, pois acreditam que eles estão ali para fazer o melhor por eles.

Palavras-chave: afetividade; aprendizagem; fracasso escolar

1
Pesquisa desenvolvida para o curso de Especialização em Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Núcleo de
Educação a Distância (NEaD), como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em
Educação Inclusiva.
2
Professora da Escola Estadual Profª Inah de Mello, da Diretoria de Ensino de Santo André.
3
Orientadora da pesquisa e Orientadora Educacional On-line do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
REDEFOR da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho – Unesp, Núcleo de Educação a
Distância - NEaD.
1 INTRODUÇÃO

Fazer o curso de Educação Especial na Perspectiva da Inclusão abriu caminho


para refletir sobre a teoria e a prática docente. Ao longo destes vinte e três anos como
professora foram oportunizadas vivências que contribuíram para reflexão sobre o
porquê de alguns alunos não aprenderem e o que acontece durante seu percurso escolar
que faz com que estes desistam do aprender e quais são os fatores internos ou externos
que influenciam direta ou indiretamente na aprendizagem dos meninos?
A cada ano é como se fosse a primeira vez que entro em uma sala de aula, por
isso sinto necessidade de estar sempre em busca de novas estratégias para melhorar e
atender as necessidades dos alunos.
Acredito no ser humano e em sua capacidade de aprender, crescer e mudar seu
destino.
Muitos são os alunos que me inspiram a não desistir do meu ofício e depois que
me tornei mãe, essa necessidade se tornou muito maior, pois eu que sempre cuidei dos
filhos de outras mães, vi-me em uma situação que não imaginava passar. Minha filha
sendo rotulada como Disléxica, nunca havia ouvido falar, fui em busca de ajuda e de
saber o que era. Descobri que minha filha não se alfabetizava porque tem Déficit do
Processamento Auditivo Central. Para ajudá-la precisei estudar e hoje fico feliz em ver
seu crescimento e a superação do problema, mas quantas crianças têm esta atenção?
Poucas, e são estas que me desafiam e me fazem acreditar que vale a pena, como diz o
poeta Fernando Pessoa: “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, e é nisso que
eu acredito.
Neste trabalho, busco colocar um pouco da minha experiência docente,
ressaltando a importância do vínculo afetivo e do emocional para o desenvolvimento da
criança e do adolescente. Tema este debatido e discutido por alguns estudiosos, como H
Wallon (2010), Almeida e Mahoney (2007), Cordié (1996), Fernández (1990), Bossa
(2007), entre outros.
Fazer com que a criança aprenda sem sofrer com o processo é tarefa de todos,
pais, professores e equipe gestora.
Todos que estão inseridos no ambiente escolar estão comprometidos com a
Educação, portanto fazem parte do processo de aprendizagem da criança.
Nesta pesquisa, quero abordar e compreender os aspectos relacionados à
aprendizagem, a relação afetiva entre professor – aluno – família e o que leva os alunos
a não aprendizagem e ao fracasso escolar. Nesta abordagem, incluo os estudantes
público-alvo de Educação Especial, compreender a influência positiva numa relação
afetiva e harmoniosa, o quanto ela pode contribuir para o desenvolvimento e
aprendizagem desses alunos.

1.1 Objetivo

Verificar a importância das relações afetivas entre professor, aluno e demais alunos
para a aprendizagem do estudante público-alvo da Educação Especial.
2 REVISÃO DE LITERATURA

Para compreender o processo de aprendizagem, faz-se necessário compreender o


aluno, suas necessidades, seus limites e sua família. Para isso irei me pautar em Wallon
(2010), Almeida e Mahoney (2007), Cordié (1996), Fernándes (1990) e Bossa (2002).
Segundo Almeida e Mahoney (2007), os estudos sobre afetividade iniciou-se na
década de 1970 com Carl Rogers

(...) em atividades educacionais, principalmente na sala de aula,


não era só o cognitivo que deveria ser considerado, mas
também o afetivo, e que o investimento nesse aspecto
favoreceria as relações interpessoais e, portanto, o acesso ao
conhecimento.( MAHONEY e ALMEIDA, 2007, p.15)

Ainda segundo as autoras, Rogers trouxe para discussão e analise a “questão da


afetividade e sua função no processo ensino-aprendizagem”, refletindo sobre a
afetividade

nas relações interpessoais para dentro da sala de aula. As suas


apregoadas condições ou atitudes facilitadoras – autenticidade,
empatia, consideração positiva – foram uma boa chave para nossas
buscas e deram origem a muitos trabalhos. (ALMEIDA e
MAHONEY, 2007 p.15)

Para tanto, é fundamental que o professor conheça seu aluno, para entender o
processo e desenvolvimento, ou seja, como este aluno aprende o que ele precisa e quais
as estratégias.

Entender o processo de desenvolvimento do aluno é indispensável


para a construção do conhecimento do professor. Esse processo é
apresentado de diferentes formas por várias teorias. Cada uma
privilegia dimensões diferentes e explica as relações entre elas partir
de pressupostos, assumidos como verdadeiros. (MAHONEY,2002,
p.9)

Porém, conhecer cada aluno, a sua individualidade e necessidade é um desafio,


uma vez que a maioria das salas de aula apresenta um número de estudantes que excede
sua capacidade, o que dificulta o acesso ao aluno, principalmente àqueles com
deficiência. Estes são os que mais precisam da atenção do professor para adquirir algum
conhecimento. Segundo Mello e Rubio (2013)
Educar não significa apenas repassar informações ou mostrar m
caminho a trilhar que o professor julga ser o certo. Educar é ajudar o
aluno tomar consciência de si mesmo, dos outros, da sociedade em
que vive e o seu papel dentro dela. É saber aceitar-se como pessoa e
principalmente aceitar ao outro com seus defeitos e qualidades.
(MELLO e RUBIO, 2013, p. 6)

Para que o ato e educar assuma seu papel de tomada de consciência, o professor
segundo, Imbernón (2009) “deve abandonar a concepção de mero transmissor e
conhecimento”. Sendo assim, é necessário que ele se envolva ainda mais com seu
propósito de ensinar, o que não está isento de emoção e de procedimentos afetivos tanto
por parte do professor como do aluno.
Almeida e Mahoney (2007) ao discorrem sobre a emoção no processo ensino
aprendizagem, baseadas na teoria de Henri Wallon dizem:

É a exteriorização da afetividade, é sua expressão corporal, motora.


Tem o poder plástico, expressivo e contagioso; é o recurso de ligação
entre o orgânico e o social: estabelece os primeiros laços com o
mundo humano e, através deste, com o mundo físico e cultural. As
emoções compõem sistemas de atitudes reveladas pelo tônus. (...) A
emoção é uma forma de participação mútua, que funde as relações
interindividuais. Ela estimula o desenvolvimento cognitivo, e, assim,
propicia mudanças que tendem a diminuí-la. Estabelece um
antagonismo entre emoção e atividade intelectual: sempre que
dominam atitudes afetivas as imagens mentais se confundem; quando
o predomínio é cognitivo, as imagens são mais claras. (p.17-18)

Portanto, afetividade refere-se à

capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo


externo e interno por meio de sensações ligadas a tonalidades
agradáveis ou desagradáveis. A teoria apresenta três momentos
marcantes, sucessivos, na evolução da afetividade: emoção,
sentimento e paixão. Os três resultam de fatores orgânicos e sociais e
correspondem a configurações diferentes e resultantes de sua
integração: nas emoções, há o predomínio da ativação fisiológica; no
sentimento, da ativação representacional; na paixão, da ativação do
autocontrole. (ALMEIDA e MAHONEY, 2007, p. 17)4

Se afetividade, segundo Almeida e Mahoney (2007) é “a capacidade e


disposição do ser humano ser afetado pelo mundo externo e interno”, significa que os
vínculos familiares, sociais e até mesmo orgânicos podem interferir no processo ensino
- aprendizagem, podendo levar o educando ao fracasso escolar ou ao sucesso.

4
Grifo meu
Bossa (2006) compreende que o fracasso escolar é um sintoma social da
contemporaneidade. Segundo a autora, os estudos sobre o assunto se justificam pelo
sofrimento que causa à criança, prejuízos que representa para o país, a necessidade de
rever teoria e prática e a necessidade de se repensar a Educação.
A autora diz que há uma distância entre o aluno real e o imaginário, assim como
para o filho real e o ideal, os professores idealizam um educando bem como a família
também idealiza um filho. Porém, segundo a autora, “estudos atuais sobre o fracasso
escolar apontam o fracasso da família como uma de suas causas principais”. (p.45)

(...) os problemas de aprendizagem escolar devem-se ao fato de a


família não assumir sua função, deixando a cargo de especialistas as
decisões parentais, e além disso, o professor, que também recorre à
ciência (psicologia, pedagogia, etc), já não sabe qual é seu papel, o
que resulta na situação atual. ( BOSSA, 2002, p.46)

Para Fernández (1990), um bom trabalho que motive o aluno é o trabalho


interdisciplinar, outro ponto é o envolvimento da família na vida escolar.

A origem do problema de aprendizagem não se encontra na estrutura


individual. O sintoma se ancora em uma rede particular de vínculos
familiares, que se entrecruzam com uma também particular estrutura
individual. A criança suporta a dificuldade, porém, necessária e
dialeticamente, os outros dão o sentido. ( FERNÁNDEZ, 1990, p.30)

A presença da família na vida escolar das crianças e adolescentes faz uma


grande diferença, deve existir uma parceria escola-família, em busca de um mesmo
resultado, o sucesso do educando.
No caso dos alunos PAEE esta parceria é fundamental, é a família que irá dar as
informações que a escola necessita para proporcionar ma aula significativa para o
educando.
A relação professor- aluno na Educação Especial, segundo Mattos (2008)

(...) dependerá do desenvolvimento do processo afetivo, da inter-


relação entre educador/educandos e da cumplicidade estabelecida no
favorecimento da autoconfiança e da auto-estima de ambos.
(MATTOS, 2008, p. 51)

Quando o professor transmite ao educando confiança, segurança e


conhecimento, ele se aproxima do aluno que por sua vez, toma este educador como
referência e assim consegue aprender.
3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

3.1 Universo da Pesquisa


A pesquisa foi realizada na EE. Profª Inah de Mello – DE Santo André com
professores do Ensino Fundamental II, especificadamente, alunos do 7º ano (6ª série).

A unidade escolar tem uma Sala de Recursos para alunos com deficiência visual,
porém atende a alunos com diferentes deficiências, os pais vêem ali a possibilidade de
um atendimento mais adequado ao filho e por esta razão o matricula ali.

A escola tem materiais específicos para alunos aos alunos DV, alguns espaços
adaptados e outros que ainda necessitam de adaptação.

Devido à demanda da escola para alunos deficientes os coordenadores proporcionam


aos professores formação nas diferentes áreas, focando nas estratégias de trabalho.

3.2 Participantes

A aluna observada tem doze anos, tem paralisia cerebral, está matriculada na escola
há um ano. Sua relação com a turma é muito boa e todos se preocupam com ela. A
estudante está sempre pronta para realizar as atividades, sente-se importante quando
participa ativamente de alguma atividade ou trabalho. Sua família também é muito
presente, todas as atividades enviadas para casa a família se faz presente para ajudá-la.

3.3 Instrumentos

O roteiro foi elaborado a partir das atividades realizadas durante o curso e sob
orientação dos tutores.

3.4 Procedimentos para a Coleta de Dados

A observação foi sendo feita durante as aulas do final do primeiro bimestre e início
do segundo no ano de 2014.

3.5 Procedimentos para a Análise de Dados

Organização dos dados coletados com o roteiro de observação de observação e


discussão dos dados, confrontando-os com a teoria.

RESUTADOS E ANÁLISE
Tendo em vista verificar a importância das relações afetivas entre professor,
aluno e demais alunos para a aprendizagem do estudante público-alvo da Educação
Especial, analisarei neste item os dados coletados a partir da aplicação do roteiro de
observação. Abaixo, é possível observar os dados coletados:

Quadro 1- Dados coletados com o roteiro de observação

Data Aspectos observados Ações do professor Reação do estudante


02/08/2014 Reações afetivas na Após a aula expositiva A aluna prestou atenção e
explicação da atividade coletiva, o professor sentou começou a desenvolver a
ao lado da aluna para atividade (sequência da
explicar individualmente a narrativa, ordenar as
atividade e junto com ela imagens na sequência dos
manusear o material fatos), a cada imagem
adaptado para ela. colocada a aluna se dirigia
ao professor para verificar
se estava correto.
09/08/2014 Reações afetivas no Após a distribuição da A aluna observada logo se
incentivo ao trabalho em tarefa, a turma começou a inseriu em um grupo, os
grupo se dividir em grupos. alunos começaram a
envolvê-la na execução da
tarefa, no momento da
apresentação da tarefa a
aluna ficou segurando o
cartaz que o grupo havia
confeccionado. Quando o
professor fez a avaliação, a
aluna que não fala, apenas
se expressa por gestos,
mostrou o cartaz e com
gestos dizia que ela havia
feito parte da apresentação.
Todos aplaudiram a aluna.
16/08/2014 Reações afetivas na O professor entregou à A aluna não aceita realizar
realização das avaliações aluna a folha da avaliação uma avaliação diferentes
igual a dos demais alunos. dos colegas. Ao receber a
folha igual a dos colegas,
ela começa a rabiscar nas
linhas de respostas como se
estivesse escrevendo, a
cada questão respondida,
ela mostra a folha ao
professor num gesto de
“esta eu já respondi”.

A estudante observada tem 12 anos. Como tem paralisia cerebral, ela não fala,
não tem controle da saliva, portanto ela baba, mas é uma aluna com vontade de
aprender. Seu relacionamento com a turma é muito bom, todos os alunos “cuidam” dela,
se preocupam em incluí-la nas atividades, sejam elas em grupo ou individual.

Durante o ano, a aluna, dentro das suas limitações, obteve bons resultados. A
adaptação do material, embora não foi possível em sua totalidade, promoveu à aluna
que ela compreendesse os conceitos básicos dos conteúdos trabalhados em Língua
Portuguesa. Sua comunicação através de gestos e imagens que foram confeccionadas a
partir das maiores necessidades da aluna e do professor, favoreceram seu
desenvolvimento.

Almeida e Mahoney (2007), ao discorrerem sobre os aspectos afetivos no


processo ensino – aprendizagem, afirmam, como fundamental dentro da sala de aula,
para uma boa relação a “autenticidade, empatia e consideração positiva” em relação ao
aluno. Segundo as autoras, o professor precisa conhecer o aluno para compreender seu
desenvolvimento.

Além disso, o aluno precisa sentir confiança naquilo que o professor está
fazendo, acreditar que aquele trabalho irá lhe trazer algum benefício. Pude verificar isso
em minha observação do dia 02/08/2014, ao perceber que o professor explicava
individualmente à aluna e a ajudava a manusear o material adaptado. Com essa ação do
professor, a aluna prestou atenção e buscou desenvolver a atividade proposta.

Segundo Carl Rogers (1970), apud Mahoney e Almeida (2007, p.15)

(...) na sala de aula, não era só o cognitivo que deveria


ser considerado, mas também o afetivo, e que o
investimento nesse aspecto favoreceria as relações
interpessoais, e portanto o acesso ao conhecimento.

Atitudes de empatia estabelecem um laço de confiabilidade, o que favorece a


aprendizagem.

Todo professor deseja que seus alunos aprendam para que saibam exercer sua cidadania,
sejam sujeitos críticos e melhorem sua condição social. Acredita que uma aula significativa
favorece a construção do conhecimento, dá ao aluno a possibilidade de ser sujeito da construção
deste conhecimento

E, esse desejo do professor é o desafio da escola atualmente, segundo Chalita (2004,


p57)

(...) o desafio da escola é preparar a juventude para essa


nova realidade: suprir o aluno do equilíbrio necessário
para não temer novos rumos e situações, caminhos
desconhecidos que precisarão ser trilhados com
determinação em qualquer idade (...) despertar o olhar
crítico sobre o que acontecer no mundo e a capacidade
de desenvolver múltiplos e diferentes habilidades nesta
época de mutação rápida e constante.

Uma relação construída através do respeito e confiança favorece o aprendizado


do aluno. Segundo Ribeiro e Jutras (2006, p.43 apud MATTOS, 2008, p 50), “a
afetividade contribui para a criação de um clima de compreensão, de confiança, de
respeito mútuo, de motivação e de amor que podem trazer benefícios para aprendizagem
escolar”. Observei no dia 09/08 que enquanto a professora distribui a tarefe a ser
realizada, a turma começou a se dividir em grupos, logo um grupo acolheu a aluna. A
ação da aluna foi de acompanhar os colegas inserindo-se no grupo, os alunos comeram a
envolve-la na execução da tarefa e a aluna ficou muito feliz em poder colaborar com o
trabalho do grupo. No momento da apresentação a aluna ficou segurando o cartaz
elaborado pelo grupo. Na devolutiva do professor, a aluna se manifestou através de
gestos que ela estava segurando o cartaz. A turma toda aplaudiu a apresentação do
grupo e a aluna gostou.

Outro fator importante é a valorização tanto do trabalho do aluno como do


professor. Segundo Maturama (1999, p15) apud Mattos, 2008, p.50)

(...) vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e


não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e
emoção, que constitui o viver humano, e não nos damos
conta de que todo sistema racional tem um fundamento
emocional.

Observei no dia 16/08 que a professora distribuiu uma folha de avaliação para a
turma, a aluna fez questão de pegar uma folha igual a dos demais alunos, a professora
então entregou. A aluna começou a “escrever” como se estivesse respondendo as
questões, a cada questão respondida, ela dirigia-se a professora mostrando-lhe a
avaliação, a professora incentiva dizendo que sua resposta estava correta. Eram apenas
garatujas, porém as palavras da professora a motiva a continuar a fazer sua avaliação.
Sendo assim, razão e emoção fazem parte da construção do conhecimento e
favorece as relações na sala de aula e uma aprendizagem significativa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desta pesquisa mostram que com um pouco de atenção e empenho,
um professor pode fazer toda diferença na vida de um aluno. O sucesso do aluno
depende da postura e das atitudes do professor e do aluno.
O curso proporcionou-me uma reflexão sobre a minha prática docente, a ter um
novo olhar sobre a aprendizagem, as atitudes e comportamentos dos alunos público-alvo
da Educação Especial.
Nós, professores, temos a tarefa de proporcionar ao educando todas as
possibilidades que o ajudem a aprender e desenvolver-se, sabemos que nem sempre
podemos contar com a família, pois está também precisa de ajuda para educar seus
filhos.

Tive a oportunidade de compreender melhor com as leituras que realizei, que os


estudos voltados para a Educação Especial estão começando a crescer. Porém, se o
professor continuar a acreditar que nunca irá se resolver, realmente não se resolverá. É
preciso mais que estudos e documentos, é necessário uma mudança de atitude e
pensamento. Os professores precisam ser mais comprometidos com sua tarefa de
ensinar, cabe a nós docentes mudar a realidade da escola e não a um sistema ou método.
Não existe uma receita pronta, nós temos que encontrar os caminhos.

Ensinar não é uma tarefa fácil, e quando nos deparamos com crianças ou
adolescentes que além da deficiência, ainda apresenta problemas emocionais, afetivos
isso se torna mais difícil.

O professor que se depara com um aluno nesta situação precisar do apoio de


toda equipe gestora, principalmente do coordenador pedagógico para que juntos
encontrem os melhores caminhos, estratégias para ensinar este aluno.

REFERÊNCIAS
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