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RESUMO
O presente trabalho tem com objetivo compreender como se dá as relações afetivas no processo
ensino e aprendizagem, o quanto uma relação fria entre professor – aluno, aluno-família, a falta
de estímulo, motivação e perspectiva de vida interferem no aprender dos alunos e pode levar ao
fracasso escolar tanto os alunos normais quanto os alunos PAEE. Diante das situações
apresentadas, a pesquisa tem como alicerce minha experiência de vinte quatro anos no
magistério observando o comportamento e as relações que se dá na escola, em especial na sala
de aula e o estudo na literatura que trata sobre as questões da afetividade e vínculo afetivo na
sala de aula, relação professo – aluno, desenvolvimento psicocognitivo e emocional.A
compreensão dos aspectos relacionados à aprendizagem, relação afetiva entre professor –aluno,
aluno –família, família-escola, acredito ser o ponto chave para entender e buscar soluções para o
fracasso escolar. Esta pesquisa foi realizada na EE. Profª Inah de Mello – DE Santo André com
alunos e professores do sétimo ano do Ensino Fundamental II Séries finais, é uma pesquisa
qualitativa, na análise dos dados dos professores nota-se que todos acreditam que uma relação
harmoniosa, pautada no respeito mútuo, no bom convívio escolar e na confiança favorece o
aprendizado dos educandos. Para os professores aulas significativas, respeito às diferenças e o
ritmo de cada ume planejamento são fundamentais para a aprendizagem sucedida dos
educandos. Observando os alunos e conversando informalmente com eles, nota-se que os
educandos esperam que seus professores tenham domínio daquilo que ensinam, saibam entender
as suas dificuldades e estejam prontos a atendê-los. Os alunos confiam em seus professores e os
respeitam, pois acreditam que eles estão ali para fazer o melhor por eles.
1
Pesquisa desenvolvida para o curso de Especialização em Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Núcleo de
Educação a Distância (NEaD), como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em
Educação Inclusiva.
2
Professora da Escola Estadual Profª Inah de Mello, da Diretoria de Ensino de Santo André.
3
Orientadora da pesquisa e Orientadora Educacional On-line do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
REDEFOR da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho – Unesp, Núcleo de Educação a
Distância - NEaD.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
Verificar a importância das relações afetivas entre professor, aluno e demais alunos
para a aprendizagem do estudante público-alvo da Educação Especial.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para tanto, é fundamental que o professor conheça seu aluno, para entender o
processo e desenvolvimento, ou seja, como este aluno aprende o que ele precisa e quais
as estratégias.
Para que o ato e educar assuma seu papel de tomada de consciência, o professor
segundo, Imbernón (2009) “deve abandonar a concepção de mero transmissor e
conhecimento”. Sendo assim, é necessário que ele se envolva ainda mais com seu
propósito de ensinar, o que não está isento de emoção e de procedimentos afetivos tanto
por parte do professor como do aluno.
Almeida e Mahoney (2007) ao discorrem sobre a emoção no processo ensino
aprendizagem, baseadas na teoria de Henri Wallon dizem:
4
Grifo meu
Bossa (2006) compreende que o fracasso escolar é um sintoma social da
contemporaneidade. Segundo a autora, os estudos sobre o assunto se justificam pelo
sofrimento que causa à criança, prejuízos que representa para o país, a necessidade de
rever teoria e prática e a necessidade de se repensar a Educação.
A autora diz que há uma distância entre o aluno real e o imaginário, assim como
para o filho real e o ideal, os professores idealizam um educando bem como a família
também idealiza um filho. Porém, segundo a autora, “estudos atuais sobre o fracasso
escolar apontam o fracasso da família como uma de suas causas principais”. (p.45)
A unidade escolar tem uma Sala de Recursos para alunos com deficiência visual,
porém atende a alunos com diferentes deficiências, os pais vêem ali a possibilidade de
um atendimento mais adequado ao filho e por esta razão o matricula ali.
A escola tem materiais específicos para alunos aos alunos DV, alguns espaços
adaptados e outros que ainda necessitam de adaptação.
3.2 Participantes
A aluna observada tem doze anos, tem paralisia cerebral, está matriculada na escola
há um ano. Sua relação com a turma é muito boa e todos se preocupam com ela. A
estudante está sempre pronta para realizar as atividades, sente-se importante quando
participa ativamente de alguma atividade ou trabalho. Sua família também é muito
presente, todas as atividades enviadas para casa a família se faz presente para ajudá-la.
3.3 Instrumentos
O roteiro foi elaborado a partir das atividades realizadas durante o curso e sob
orientação dos tutores.
A observação foi sendo feita durante as aulas do final do primeiro bimestre e início
do segundo no ano de 2014.
RESUTADOS E ANÁLISE
Tendo em vista verificar a importância das relações afetivas entre professor,
aluno e demais alunos para a aprendizagem do estudante público-alvo da Educação
Especial, analisarei neste item os dados coletados a partir da aplicação do roteiro de
observação. Abaixo, é possível observar os dados coletados:
A estudante observada tem 12 anos. Como tem paralisia cerebral, ela não fala,
não tem controle da saliva, portanto ela baba, mas é uma aluna com vontade de
aprender. Seu relacionamento com a turma é muito bom, todos os alunos “cuidam” dela,
se preocupam em incluí-la nas atividades, sejam elas em grupo ou individual.
Durante o ano, a aluna, dentro das suas limitações, obteve bons resultados. A
adaptação do material, embora não foi possível em sua totalidade, promoveu à aluna
que ela compreendesse os conceitos básicos dos conteúdos trabalhados em Língua
Portuguesa. Sua comunicação através de gestos e imagens que foram confeccionadas a
partir das maiores necessidades da aluna e do professor, favoreceram seu
desenvolvimento.
Além disso, o aluno precisa sentir confiança naquilo que o professor está
fazendo, acreditar que aquele trabalho irá lhe trazer algum benefício. Pude verificar isso
em minha observação do dia 02/08/2014, ao perceber que o professor explicava
individualmente à aluna e a ajudava a manusear o material adaptado. Com essa ação do
professor, a aluna prestou atenção e buscou desenvolver a atividade proposta.
Todo professor deseja que seus alunos aprendam para que saibam exercer sua cidadania,
sejam sujeitos críticos e melhorem sua condição social. Acredita que uma aula significativa
favorece a construção do conhecimento, dá ao aluno a possibilidade de ser sujeito da construção
deste conhecimento
Observei no dia 16/08 que a professora distribuiu uma folha de avaliação para a
turma, a aluna fez questão de pegar uma folha igual a dos demais alunos, a professora
então entregou. A aluna começou a “escrever” como se estivesse respondendo as
questões, a cada questão respondida, ela dirigia-se a professora mostrando-lhe a
avaliação, a professora incentiva dizendo que sua resposta estava correta. Eram apenas
garatujas, porém as palavras da professora a motiva a continuar a fazer sua avaliação.
Sendo assim, razão e emoção fazem parte da construção do conhecimento e
favorece as relações na sala de aula e uma aprendizagem significativa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desta pesquisa mostram que com um pouco de atenção e empenho,
um professor pode fazer toda diferença na vida de um aluno. O sucesso do aluno
depende da postura e das atitudes do professor e do aluno.
O curso proporcionou-me uma reflexão sobre a minha prática docente, a ter um
novo olhar sobre a aprendizagem, as atitudes e comportamentos dos alunos público-alvo
da Educação Especial.
Nós, professores, temos a tarefa de proporcionar ao educando todas as
possibilidades que o ajudem a aprender e desenvolver-se, sabemos que nem sempre
podemos contar com a família, pois está também precisa de ajuda para educar seus
filhos.
Ensinar não é uma tarefa fácil, e quando nos deparamos com crianças ou
adolescentes que além da deficiência, ainda apresenta problemas emocionais, afetivos
isso se torna mais difícil.
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