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GUIA DA
DISCIPLINA
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Objetivos e introdução
Para iniciar nossa jornada de conhecimento é necessário pontuar que tão importante
quanto às metodologias de ensino usadas no cotidiano escolar, é o espaço que o afeto
ocupa na construção do conhecimento, afirmam alguns teóricos da psicologia do
desenvolvimento, como Piaget, Vigotsky e Wallon.
Para uma educação seja mais humanizada precisamos ter consciência das relações
afetivas que ocorrem de forma sensível e predominantes nos momentos de mediação
cotidianas, entre professor e aluno, tratando a criança como pessoa completa e
possibilitando que o momento de aprendizado não se desvincule do ser criança, isto é, dos
seus interesses e necessidades.
Todas as atitudes humanas são permeadas pelo afeto, que influenciam nas decisões
a serem tomadas, sendo assim, especificamente no contexto escolar o professor não deve
se limitar a atuar apenas na esfera cognitiva, desconsiderando as relações afetivas no
aprendizado e também no desenvolvimento cognitivo.
Falar do afeto como fator do fazer pedagógico é dar sentido às formas de propor
atividades, e na realização das mesmas. Nos momentos de aprendizagem a afetividade
vem como compromisso do professor em atentar ao seu aluno, e criar meios para que
aconteça um aprendizado efetivo e significativo. Observem, que esse comprometimento é
um ato afetivo, se não com o aluno, em respeito à sua opção profissional. Portanto, isto
requer refletir que apesar de todos os percalços devem-se encontrar as brechas para
desenvolver na prática afetiva aquilo que se acredita.
Tanto Vygotsky quanto Wallon, afirmam que não se pode separar a afetividade e
cognição. Além desses autores, servirem de base na investigação, as pesquisas feitas por
Bossa (2000), quando propõe que são inúmeras as intervenções que o psicopedagogo
pode ajudar os alunos quando precisam, e que não são poucos os fatores que atrapalham
uma criança na escola, sem que o professor perceba.
Como é possível verificar através dos estudos, é o que ocorre com as maiorias das
crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivos tão simples de serem
resolvidos, não são vistas em seus processos de desenvolvimento.
questões familiares
entre outros
Pensar numa educação que requer um novo olhar para o aluno, no sentido da
compreensão da pessoa completa, sugere lembrar que a escola não é participante única
do processo de construção do indivíduo. Propõe-se, portanto, preconizar uma parceria
entre escola e família, uma vez que os pais são a base referencial do saber do indivíduo.
Como vimos, as interações que ocorrem no âmbito escolar são pontuadas pela
afetividade e é fundamental estimular a busca de mecanismos que viabilizem uma
mediação afetivo-motivadora, uma vez que a afetividade habilita a pessoa a olhar para o
outro, valorizando-o e instigando elementos como a autoestima, considerada fator essencial
para a aprendizagem e, consequentemente, ao desenvolvimento das potencialidades do
sujeito.
Propõe-se não mais pensar no aluno de forma fragmentada, não apenas como
sujeito da aprendizagem, cuja meta principal seja a intelectualidade, mas o
desenvolvimento da pessoa em suas várias vertentes. Contrariando a educação
tradicionalista onde se prioriza a inteligência e o sucesso acadêmico, para Henri Wallon,
em sua teoria do desenvolvimento, a cognição é centrada na psicogênese da pessoa
contextualizada, pressupondo a educação numa abordagem mais humanizada.
A educação, segundo Wallon in Dantas (1992, p.85), é um fato social, pois sempre
compreende o contexto de uma conduta do indivíduo relacionando-a com o seu meio.
Entourage é um termo usado por Wallon para indicar aquilo que está no entorno do
indivíduo, do seu meio, do seu círculo. Trata-se de uma palavra de origem francesa, e que
segundo o dicionário Michaelis, (2007,p.103) significa:
Deste modo, contribuir afetivamente com os alunos é não se portar com indiferença
à presença e às diversas manifestações dos mesmos. É trabalhar em prol da constituição
do ser humano no sentido de que venha a se desabrochar em todos os aspectos; é transitar
nas diferenças e compor estratégias de ação educacional, não somente na premissa de
que o indivíduo seja futuramente um eficiente profissional no mercado de trabalho, mas
alguém que perceba a porta de oportunidades que a escola e a vida podem lhe oferecer,
em todos os sentidos e em todos os aspectos; é transitar nas diferenças e compor
estratégias de ação educacional, não somente na premissa de que o indivíduo seja
futuramente um eficiente profissional no mercado de trabalho, mas alguém que perceba a
porta de oportunidades que a escola e a vida podem lhe oferecer em todos os sentidos.
O papel do professor
(mediador) vai muito além do que
apenas ensinar, ele deve estimular
a criança a buscar respostas, a
questionar e provocar sentimentos
até então adormecidos e o fato da
criança sentir-se segura, traz
resultados positivos em seu
crescimento pessoal, social e
cognitivo, levando-a a interagir e se Fonte da imagem: https://i.com/originals53b3f71392bfa38e579.png
emocional floresça, se expanda, ganhe espaço (ROSSINI, 2012). A falta de afetividade leva
à rejeição aos livros, a carência de motivação para aprendizagem, á ausência de vontade
de crescer. (Aprender 2001, p.15-16)
Sendo assim, a comunicação afetiva deve fluir em consonância com a faixa etária
do indivíduo e as necessidades de cada fase, pressupondo um relacionamento que
favoreça ambientes de diálogo, de partilha, de confiança e de valorização de suas
contribuições, vitalizando sua autoestima. Assim, CODO (1999, p.50), explica que:
Posto que em uma pedagogia afetiva, cujo foco seja o aluno como ser que pensa e
sente concomitantemente, não sugere uma educação permissiva e sim uma educação em
que a relação entre os envolvidos seja de respeito, confiança e cumplicidade
As crianças que possuem uma boa relação afetiva são seguras, têm interesse pelo
mundo que as cerca, e compreendem melhor a realidade na qual vivem.
Segundo Piaget, in Rossini (2001, p.9) parece existir: “Um estreito paralelismo entre
o desenvolvimento afetivo e o intelectual, determinando as formas da afetividade”.
Se o sentir do ser humano estiver comprometido, ou bloqueado, a sua ação não será
forte, eficaz ou produtiva.
não somente no que ensinar, mas principalmente, no como ensinar, considerando assim
as vivências do indivíduo como uma forma de expressão mais complexa e essencialmente
humana.
Pode-se se pressupor que a interação que ocorre no contexto escolar também são
marcadas pela afetividade em todos s seus aspectos. Pode-se supor, também, que a
afetividade se constrói como um fator de grande importância na determinação da natureza
das relações que se estabelecem entre os sujeitos (alunos) e os diversos objetos do
conhecimento (áreas e conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante
das atividades propostas e desenvolvidas. (LEITE e TASSONI, 2000, p. 9-10)
Os alunos opinavam sobre as cenas de seu cotidiano escolar e suas respostas foram
separadas em três categorias: Proximidade, que consistia na presença física do professor
em relação ao aluno; Receptividade, que se refere a movimentação do professor ao atender
o aluno e os conteúdos verbais, que aborda as formas utilizadas pelo professor para
encorajar os alunos a avançarem na execução das atividades.
Enfim, esperam um olhar profissional, mas também amigo. Esta relação é tão
histórica que faz parte dos provérbios bíblicos: “Um amigo encontra doçura no conselho
cordial.”
Vamos colocar aqui por exemplo um professor que você jamais esqueceu tanto em
lembranças boas, quanto em lembranças ruins, tal fato é reflexo de mediações positivas ou
negativas nas relações professor-aluno e que jamais serão esquecidas.
A palavra estima se origina do latim “a estimar” que significa apreço, valor, afeição,
gostar de apreciação favorável de uma pessoa ou de uma coisa, amizade, consideração. É
o sentimento e a visão que o sujeito tem de si mesmo, uma experiência íntima de
autoconstrução; ela está aliada ao entusiasmo e é uma importante condutora dele na
autorrealização e no bem-estar.
críticas negativas, comentários depreciativos, entre outros fatores, contribuem para a baixa
autoestima, gerando insegurança, dúvidas, negativismo, inibindo a relação positiva com o
meio e o prazer de extrair o melhor da vida
De acordo com Vygotsky (apud Oliveira, p.76), destaca que: O pensamento tem sua
origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses,
impulsos, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão última do pensamento e, assim,
uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende
sua base afetivo volitiva.
Quantas vezes, no caminhar diário, deparam-se com pessoas sem esperanças, sem
vontade de viver, frustradas em algumas áreas de suas vidas por terem se sentido
incapazes de agir e ousar em prol de si mesmas. Não planejam, não traçam metas,
achando-se incompetentes na realização de seus projetos. Alunos que não enxergam suas
potencialidades e nem mesmo são induzidos a tal prática, se conformando com a própria
sorte.
O professor que tenha uma formação crítica ajuda muito na sua prática pedagógica.
Muitos professores acreditam que as crianças não fazem ligações afetivas adequadas ou
não se comprometem, se empenham em cumprir as tarefas escolares, porém para que tais
atividades aconteçam a criança deve se sentir inserida com o grupo, com o professor, com
a escola.
Não é uma ligação aleatória para o sujeito, estar inserido em um todo, um contexto
mais envolvente do que se imagina, não é aquela ligação, aquele momento, existe todo um
processo de construção da afetividade. O campo afetivo e a afetividade se constroem e são
decorrentes das relações que uma criança estabelece.
Essas relações se constroem e deixam sinais afetivos que são os sentimentos, que
vão se mover, agir e interagir no mundo de forma positiva ou negativa. Quanto melhor for
a relação, o que não se deve ser confundido com não corrigir e não dar limites, mas sim o
clima educacional que isso ocorre poderá promover a aprendizagem, ou não.
Deve-se usar toda a energia que a criança apresenta em determinada atividade, para
que ela possa se empenhar, motivar, ter energia para desempenhar outros processos de
aprendizagem.
Para os alunos, o simples fato de sentir-se valorizado e respeitado como ser humano
já aumenta sua disposição para aprender e cooperar com seu professor e seus colegas.
Estas interações tornam o processo de construção do conhecimento e o valor pedagógico
das relações humanas ainda mais evidentes.
Para Cavalcante (2005, p. 56). O cuidado com o aluno vai muito além de dar beijinho,
elogiar e acarinhar. Muitas vezes o afeto é demonstrado de forma contraria: quando o
professor é firme. Se ele é justo e chama a atenção de forma respeitosa, o aluno passa a
admirá-lo e busca não o decepcionar. [...] Alunos que se relacionam e se desenvolvem bem
são aqueles que se sentem acolhidos, valorizados por seus talentos e que lidam bem com
seus sentimentos.
O professor deve ajudar o aluno para que este desenvolva suas capacidades, ou
seja, deve criar um ambiente propício para a aprendizagem, onde o educando aprenda a
administrar suas emoções, e sinta-se motivado a aprender e perceber que seu mundo
intelectual cresce em conjunto com seu mundo emocional.
Freitas (2000, p. 211) vem acrescentar afirmando que: [...] professores na verdade
são mestres, pois utilizam em suas aulas não só a argumentação oriunda da razão, mas
também aliada a emoção estabelecendo assim o ambiente e o contexto necessário para o
desenvolvimento da inteligência e da afetividade de seus alunos. Tocando e convidando
significativamente seus alunos à aventura de se permitirem ser como são.
É necessário que o professor crie uma atitude de confiança nos alunos, um clima
favorável, começando por lhe oferecer um ambiente acolhedor. O ambiente da sala de aula
pode ser simples, mas o “clima” deve ser alegre, prazeroso, de aceitação e valorização de
todos os alunos, sem distinções, possibilitando as diferenças.
Para ensinar é preciso antes de tudo aceitar que o professor não é o dono da
verdade, que o aluno também pode ensinar, que muitas vezes se experimenta o gosto da
frustração por não se conseguir atingir as metas que haviam sido propostas, que é preciso
ter a humildade saudável de admitir que erros são cometidos, e que é necessário permitir
que o aluno aprenda.
E todo esse processo tem como cenário, o ambiente educacional, que por sua vez
deve ser favorável a que tudo aconteça naturalmente.
A afetividade de uma sala de aula tem muito mais valor que o ambiente físico
(paredes enfeitadas, cheias de cartazes, nada valem numa escola “fria”).
que dá trabalho, demanda tempo e esforço, mas que significa o passaporte para a
conquista da autonomia e da felicidade.
Pequenos gestos como um sorriso, uma escuta ativa e uma atitude respeitosa são
fundamentais quando o educador investe na afetividade na relação professor aluno, pois
tais elementos são combustíveis imprescindíveis para a adaptação do aluno bem como a
segurança, o conhecimento e o desenvolvimento do aluno.
O educador deve prezar pelo seu fazer docente, realizando de forma eficaz,
demonstrando respeito pelo educando como um ser de infinita capacidade. O professor
deve se apresentar como um mediador que busca em seus afazeres empregar toda a
afetividade que o moveu a exercer tal função social, a partir de suas crenças, optar por
buscar e criar meios para que não fique nenhum de seus alunos sem esse essencial
cuidado que levará ao desenvolvimento das suas várias aptidões.
Por último, o aspecto pedagógico, que está relacionado à forma como a escola
organiza o seu trabalho, ou seja, o método, a avaliação, os conteúdos, a forma de ministrar
a aula, entre outros. Weiss (2000), diz que a aprendizagem é a constante interação do
sujeito com o meio. É pertinente dizer também, que é constante a interação de todos os
aspectos apresentados. Em contrapartida, a dificuldade de aprendizagem é o não-
A fim de que tenhamos maior clareza a respeito das ideias já avançadas, e porquê
retomá-las, mais à frente, conceituaremos o que entendemos por ensino, aprendizagem,
conhecimento, inteligência, afetividade e desejo a partir de algumas contribuições de J.
Piaget, H. Wallon, S. Freud, J. Lacan, S. Pain e A. Fernández.
seus aspectos materiais e simbólicos, pode ser definido como "a organização operatória de
um código, isto é, as regras pelas quais se pode gerar significado" (Pain, 1991b, p. 80).
Assim compreendido, o conhecimento não pode ser transmitido de uma só vez e sua
transmissão não se dá no vácuo, ou seja, na ausência do outro. Pain (1991b) refere que
"não há, propriamente falando, autoaprendizagem, pois as estruturas mentais não atuam
no vazio" (p. 80).
que alguém se torne sujeito, justamente através da aprendizagem: sujeito humano, inserido
na cultura.
Na concepção de Fernández (1991), para que o ser humano aprenda, quatro níveis
constitutivos do sujeito entram em cena: "a) seu organismo individual herdado, b) seu corpo
construído especularmente, c) sua inteligência autoconstruída interacionalmente e d) a
arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo do Outro" (pp. 47-48). Estas
quatro dimensões se encontram presentes, igualmente, no sujeito que ensina, sendo
função da aprendizagem permitir um inter-relacionamento entre aquele que detém o saber
e aquele que aprende, num processo dinâmico e dialético.
Piaget lembra, no entanto, que diversos autores sustentaram posição contrária à sua,
entre os quais Henri Wallon, no que concerne às relações entre a inteligência e a
afetividade.
Com efeito, para Wallon (1975) as emoções podem ser causa de progresso no
desenvolvimento e podem ser fonte de conhecimento, pois enquanto expressões do sujeito,
as emoções precedem, acompanham e orientam as atividades de relação, sem as quais
elas não teriam como capturar o mundo exterior.
desejo vêm de uma estrutura comum que é a linguagem. As operações do desejo são de
natureza simbólica e se referem a significações que se estabelecem nas relações.
O ser humano aprende ao longo de toda vida, somos seres inacabados e por isso
aprendemos sempre. Nessa perspectiva, não há tempo próprio para aprender. Como é
que o ser humano aprende? O ser humano aprende por sucessivas aproximações do
objeto. Ele continua sempre como ser aprendente, porque o objeto está sempre revelando
coisas novas. Aprender não é só acumular conhecimentos, pois as informações
envelhecem rapidamente.
Isto significa que é muito mais complexa do que a simples aglomeração de duas
palavras, visto que visa identificar a complexidade inerente ao que produz o saber e o não
saber.
É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto
de estudo o ser em processo de construção do conhecimento. Surgiu no Brasil devido ao
grande número de crianças com fracasso escolar e de a psicologia e a pedagogia,
isoladamente, não darem conta de resolver tais fracassos.
Fonte: https://ecm.g12.br/psicopedagogia-escolar/
O Psicopedagogo, por sua vez, tem a função de observar e avaliar qual a verdadeira
necessidade da escola e atender aos seus anseios, bem como verificar, junto ao Projeto
Político-Pedagógico, como a escola conduz o processo ensino aprendizagem, como
garante o sucesso de seus alunos e como a família exerce o seu papel de parceira nesse
processo.
Numa instituição escolar muitos acreditam que o psicopedagogo vai solucionar todos
os problemas existentes (dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina, desestímulo
docente, entre outros).
Barbosa ressalta, ainda, que "a Psicopedagogia, como área que estuda o processo
ensino/aprendizagem, pode contribuir com a escola na missão de resgate do prazer no ato
de aprender e da aprendizagem nas situações prazerosas”. (BARBOSA, 2001)
Deve-se estar atento frente às grandes mudanças que ocorreram nas propostas
educacionais. A apropriação leva um tempo até ser introspectiva, compreendida e colocada
em prática.
As mudanças (a introdução no novo) num ambiente escolar têm que ser escalonadas
e sucessivas, priorizando-se e hierarquizando-se as ações.
7. A ANÁLISE PSICOPEDAGÓGICA
Contudo, na realidade, o que temos observado é que as famílias estão perdidas, não
estão sabendo lidar com situações novas: pais trabalhando fora o dia inteiro, pais
desempregados, brigas, drogas, pais analfabetos, pais separados e mães solteiras.
A escola, como observa Sarramona (apud IGEA, 2005, p 19), veio ocupar uma das
funções clássicas da família que é a socialização: A escola se converteu na principal
instituição socializadora, no único lugar em que os meninos e as meninas têm a
possibilidade de interagir com iguais e onde se devem submeter continuamente a uma
norma de convivência coletiva.
O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao
desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo
chegar a um diagnóstico.
Vale lembrar o que diz Bossa (1994, p.74) sobre o diagnóstico: O diagnóstico
psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do
psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a
intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante
todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento
da evolução do sujeito.
Na maioria das vezes, quando o fracasso escolar não está associado às desordens
neurológicas, o ambiente familiar tem grande participação nesse fracasso. Boa parte dos
problemas encontrados é lentidão de raciocínio, falta de atenção e desinteresse. Esses
aspectos precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento intelectual.
Lembramos que a escola e o meio social também têm a sua responsabilidade no que se
refere ao fracasso escolar.
Para Boszormeny (apud Polity, 2000), uma criança pode desistir da escola porque
aceita uma responsabilidade emocional, encarregando-se do cuidado de algum membro da
família.
Só isso basta para que tais alunos apresentem uma baixa em seu auto estima e
consequentemente em seu desempenho.
O aluno não pode ser o único responsável pelas dificuldades; as causas devem ser
procuradas também num sistema escolar excludente; na formação precária dos professores
e nas causas de risco social.
Por meio de uma ação consciente e compromissada o psicopedagogo não deve tão
somente atuar junto aos alunos, mas também junto ao quadro de profissionais da educação,
para um repensar das práticas pedagógicas diante das dificuldades de aprendizagem, bem
como junto às famílias, para que assim se possa reverter o quadro de fracasso escolar
brasileiro.
8. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
São várias as funções multidisciplinares que esse profissional exerce, sendo que
nessa perspectiva, o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um
profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a
remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento, e a formar
cidadãos, por meio da construção de práticas educativas, que favoreçam processos de
humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico.
Assim sendo, considera-se que os educadores são responsáveis pelo saber fazer
em seu contexto educacional, construindo alunos numa relação permanente e diária
fundamentada na consciência crítica, reflexiva e política, formando cidadãos que
transformarão a sociedade, com novos olhares, novos pensamentos pautados num
progresso social.
Para Carvalho (2015), a relação afetiva entre professor e aluno é visível que existe
um laço de companheirismo e confiança entre ambos. Caso isso não seja possível, o aluno
perde a confiança no professor. Assim, o educador deve ser consciente em saber a
importância da figura dele na vida do aluno, para que possa compreender essa relação e
estar sempre presente nos momentos de fragilidade e principalmente com as crianças
especiais.
A educação especial necessita de diversas práticas pedagógicas para desenvolver
a aprendizagem dos alunos que, muitas vezes, é comprometida por algum problema físico
ou mental.
Parga, (2012, p.149) assegura que "de fato, um olhar mais atento sobre os
problemas de aprendizagem nos possibilita a observação da interação sujeito e objeto,
revelando-nos a trama dialética da objetividade e da subjetividade na qual o sujeito está
inserido."
Enfatizando isso, Martineli (2012) percebe que, por meio da relação afetiva pode-se
entender outros aspectos dos processos educacionais, haja vista que o afeto escolar tem
o poder de modificar o equilíbrio emocional, e promover ao sujeito um sentimento de
satisfação e motivação.
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. Ed. Campinas. SP; Ed.
Papirus, 2005
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 3ª ed, São Paulo:
Ática, 1989.
https://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/novas-tecnologias-
contribuem-e-modificam-forma-de-alfabetizar-as-criancas . Acesso em 05 de
Janeiro de 2020.