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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E

A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia da Aprendizagem

A Psicologia do desenvolvimento surgiu como uma ferramenta essencial para a compreensão do com-
portamento humano, pois ela estuda o desenvolvimento do indivíduo e as mudanças que este sofre em
todos os aspectos de sua vida, tanto no aspecto físico, como no intelectual, emocional e no social.

Esta serviu como base para a psicologia da educação, pois está se utilizou dos conhecimentos propos-
tos pela psicologia do desenvolvimento para melhorar o processo de ensino. Então a psicologia do
desenvolvimento identificou o comportamento humano em cada estágio da vida e possibilitou à psico-
logia da educação, de propor práticas pedagógicas que atentem para cada fase e possibilite um melhor
aprendizado ao aluno, resultando consequentemente, na melhoria do processo educacional.

Ambas as vertentes da psicologia, dão suporte ao professor para que este melhor desenvolva sua
prática em sala de aula, visto que ele se torna conhecedor dos estágios de desenvolvimento que os
alunos passam, então ele pode propor atividades que venham facilitar o processo de aprendizagem de
seus alunos.

A teoria psicogenética de Piaget esteve mais voltada para a questão do desenvolvimento do que para
a própria educação.

Por isso ele não propôs um modelo de ensino e nem materiais pedagógicos, para que o professor
pudesse aplicar em sala de aula, a fim de atingir o interesse de todos os alunos, entretanto, ele ofereceu
esclarecimentos sobre o modo de pensar e racionar que o indivíduo apresenta em cada estágio da
vida. Piaget acredita que a capacidade de raciocínio não depende nem do ambiente nem de um fator
hereditário. Segundo ele, a cada estágio completado, o indivíduo, adquire novas capacidades e constrói
seu próprio conhecimento, a partir de suas descobertas, quando em contato com o mundo e com os
objetos.

Então em sua teoria, ele afirma que o desenvolvimento se dá de dentro para fora, ou seja, o indivíduo
já apresenta uma pré-disposição em só receber estímulos exteriores, como o conhecimento, se ele
estiver maduro, preparado para recebê-lo.

Ex: Se você ensinar a uma criança de um ano, noções de matemática, ela não irá entender, porque a
capacidade de raciocínio que ela detém, ainda é insuficiente para isso. Segundo, Piaget o processo de
aprendizagem deve seguir o processo de desenvolvimento do indivíduo.

Então, Piaget defende que o professor não deve exercer o ato de ensinar, se limitando apenas a trans-
mitir conteúdos, mas deve favorecer a atividade mental do aluno. Isto é, ele deve observar o aluno,
identificar adequadamente o estágio de desenvolvimento que este se encontra, investigar quais os
conhecimentos prévios que este apresenta, quais são seus interesses, para a partir daí, aplicar meto-
dologias, que o estimule e possibilite-o de construir seus conhecimentos.

Vygotsky em sua teoria posiciona contrário à Piaget. Segundo ele, o desenvolvimento se dá de fora
para dentro, isto é, o indivíduo só se desenvolve porque aprende, e nesse processo de aprendizagem
o meio em que o indivíduo está inserido atua influenciando diretamente no desenvolvimento deste.
Para Vygotsky, todo aprendizado é necessariamente mediado, ou seja, se dá devido uma interação,
entre o indivíduo e o meio social, com um ser mediando esta relação.

Ex: Uma criança pode nascer com condições fisiológicas para falar, mas para desenvolver a fala precisa
aprender com os outros.

Ex: Um índio que nasceu e viveu em uma aldeia, onde a prática do canibalismo entre pessoas (antro-
pofagia) é comum, se ele se deslocar para a nossa cultura sem que seja notificado que está prática é
crime em nossa sociedade, ele certamente vai praticá-la, porque no processo de seu desenvolvimento
ele conviveu em um meio em que isto era normal.

Então Vygotsky defende que o professor deve atuar como mediador entre o aluno, os conhecimentos
que este aluno possui e o mundo. Então é através da interação entre aluno-professor e aluno-aluno,
(mediadores mais experientes) que o indivíduo adquire a capacidade de desenvolver algo, que sozinho
não conseguia. É um processo interacional de cooperação, que resulta em um bem maior. É o que
Vygotisk defende que é possível desenvolver muito mais habilidades no coletivo do que no individual.

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Henri Wallon não despreza as teorias de Piaget e Vigostik. Segundo ele o desenvolvimento se dá tanto
de dentro para fora (condições de amadurecimento) quanto de fora para dentro (condições do meio).

Para Wallon, a ação do professor não pode ficar limitada aos livros, ela deve abranger às atividades
práticas - jogos e dinâmicas - que desenvolvam não só os aspectos físicos como também os psicológi-
cos.

É certo que na atualidade muitos educadores, tanto dentro quanto fora das salas de aula, desconhecem
a importância do fator psicológico na aprendizagem. Eles cometem graves erros quando desassociam
aprendizagem e desenvolvimento:

Ex: Eles não levam em conta em que estágio o aluno está, tomam um critério de desenvolvimento como
algo imutável, deduzindo que todos os alunos devem atingir determinado patamar ao mesmo tempo,
ou com a mesma idade, esquecendo que isso é relativo e muda de pessoa para pessoa.

Não usam o lúdico (jogos, atividades práticas).

Agem como donos do saber, educação autoritária pautada apenas na transmissão de conteúdos.

Então é essencial que o professor tenha a base teórica de sua disciplina, entretanto não deve se res-
tringir a isto, ele deve utilizar-se dos conhecimentos psicológicos para identificar a especificidade de
cada aluno, a fim de desenvolver metodologia as de ensino que beneficiem a todos.

A Multidimensionalidade Da Instituição Escolar

A escola se constitui num espaço multidimensional onde estão relacionados os aspectos humanos,
sociais, sócio-políticos e culturais. Em nossa cultura ela é a instituição responsável por promover o
ensino e a aprendizagem.

Dentre suas múltiplas funções, a escola se propõe ensinar a ler, escrever e a contar, porém possui
ainda um papel muito mais amplo e complexo em sua relação com a educação e a sociedade.

Neste contexto amplo e diversificado, torna-se também tarefa da escola:

Disciplinar e formar o indivíduo para a convivência em sociedade.

Alfabetizar e desenvolver a autonomia do aluno, de forma que o faça não apenas compreender os
códigos da linguagem, mas que o capacite a interpretar e interagir com os diversos gêneros da escrita.

Transmitir ao sujeito os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento: matemática, história, geo-
grafia, artes, ciências etc.

Socializiar os conhecimentos que a humanidade acumulou.

Desenvolver a capacidade crítica e reflexiva dos alunos, contribuindo para a formação de sua consci-
ência política e social e ajudando a se situarem melhor no mundo em que vivem.

Despertar as capacidades e habilidades dos alunos trabalhando suas potencialidades.

Prover conhecimentos das diversas culturas existentes (costumes, linguagens, organizações políticas
e sociais de outros povos e países) de forma que o aluno entenda a pluralidade cultural em que o
mundo está organizado.

Profissionalizar. Instrumentalizar o aluno com conhecimentos e práticas que o auxilie em sua vida pro-
fissional.

Considerando, portanto, este contexto multifacetado da escola pode-se compreender então, sua im-
portância contribuitiva na construção e consolidação das idéias e valores que nossa sociedade abraça.

Buscando refletir o sistema em que a educação se organiza levando em consideração todas as teorias
pedagógicas e os processos envolvidos nas práticas educativas, um termo muito importante presente
nas relações escolares é a didática.

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A didática se propõe a discutir todo o processo de ensino-aprendizagem e torna-se fundamental na


compreensão do multidimensionamento em que se encontra a escola e a educação. Ela trata de termos
relacionados aos saberes docentes e o modo em que as teorias pedagógicas são aplicadas nas práti-
cas educativas norteando as relações entre educadores e educandos.

Com o intuito de desenvolver um olhar diferente, a didática pretende compreender as mediações pre-
sente nas relações escolares, de forma que permita a troca de conhecimentos e experiências resul-
tando efetivamente em saberes docentes e no aprimoramento da aprendizagem.

O professor, todavia, deve em sua trajetória profissional buscar sempre atualizar seus conhecimentos
desenvolvendo uma formação continuada para melhor atender as necessidades de seus alunos.

“Pode-se descrever a escola como lugar de encontro e de convivência entre educadores e educan-
dos...” (Profª Ms. Bárbara Cristina Moreira Sicardi).

A didática, então, tida como uma reflexão sistemática dos processos de ensino e aprendizagem é um
dos fatores que sustentam esse bom relacionamento entre os agentes constituintes da escola, onde
pode-se acrescentar, além de professores e alunos, os diretores, coordenadores, inspetores, bem
como a participação da família e da comunidade.

A instituição escolar não pode ser vista apenas como um espaço de transmissão de conhecimento
deve-se considerar a importância da dimensão humana em que está inserida.

Paulo Freire, num trecho do poema “Escola...” Nos lembra desse aspecto humano da escola e da rela-
ção fundamental dos sujeitos que a forma.

“Escola é, sobretudo, gente,

Gente que trabalha, que estuda,

Que se alegra, se conhece, se estima.

O diretor é gente, o coordenador é gente,

O professor é gente, o aluno é gente,

Cada funcionário é gente...

E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um

Se comporte como colega, amigo, irmão...”

Paulo Freire.

A escola com toda sua multidimensionalidade deve, portanto, assumir um papel transformador dentro
da sociedade atual. É claro que a educação não pode ser considerada como “panacéia” para todos os
problemas da humanidade.

Contudo, a instituição escolar, pode sim, contribuir muito para a construção de uma sociedade mais
justa e menos desigual, consciente de seus valores e ideais e que respeite a cidadania de todos os
membros que a integram.

Ilustração – “Pintando o novo quadro da educação”

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Importância da interdisciplinaridade no processo de aprendizagem

Globalização, quebra de barreiras, estreitamento de relações são termos cada vez mais utilizados para
resumir o atual momento de evolução e desenvolvimento que muitos países estão vivendo. No campo
da Educação pode-se dizer que também ocorre uma nova situação: a interdisciplinaridade.

Segundo Fazenda (2008), a interdisciplinaridade caracteriza-se por ser uma atitude de busca, de inclu-
são, de acordo e de sintonia diante do conhecimento. Logo, torna-se explícito a ocorrência de uma
globalização do conhecimento, onde, há o fim dos limites entre as disciplinas.

O trabalho interdisciplinar garante maior interação entre os alunos, destes com os professores, sem
falar na experiência e no convívio grupal. Partindo deste princípio é importante, ainda, repensar essa
metodologia como uma forma de promover a união escolar em torno do objetivo comum de formação
de indivíduos sociais. Neste aspecto a função da interdisciplinaridade é apresentar aos alunos possibi-
lidades diferentes de olhar um mesmo fato.

Essa temática é compreendida como uma forma de trabalhar em sala de aula, no qual se propõe um
tema com abordagens em diferentes disciplinas. É compreender, entender as partes de ligação entre
as diferentes áreas de conhecimento, unindo-se para transpor algo inovador, abrir sabedorias, resgatar
possibilidades e ultrapassar o pensar fragmentado. É a busca constante de investigação, na tentativa
de superação do saber. FORTES (P. 7).

No desenvolvimento de atividades interdisciplinares o aluno não constrói sozinho o conhecimento, mas


sim em conjunto com outros e tendo a figura do professor como uma orientação, um norte a ser seguido.
Conforme Fazenda (2008) existe cinco princípios relacionados a essa pratica: humildade, espera, res-
peito, coerência e desapego.

Esses princípios são a base para o sucesso da interdisciplinaridade na sala de aula, uma vez que para
alcançar os resultados esperados com atividades em grupo é importante que todos sejam humildes ao
demonstrar seus conhecimentos e técnicas; saibam o momento propício para falar e ouvir; respeitem
os outros; sejam coerentes quanto ao que dizem e fazem e pratiquem o desapego do conhecimento,
não achando que são mais nem menos que os outros alunos.

Diante de tais exposições acerca do tema interdisciplinaridade, cabe aos docentes e ao sistema iden-
tificarem as vantagens e viabilidades de utilizarem essa metodologia nas salas de aula. É importante
que a Educação se desenvolva e evolua assim como a economia, a política, as pessoas, o mundo...
afinal as escolas têm a responsabilidade de formar cidadãos críticos e sociáveis.

A Interdisciplinaridade na Prática Pedagógica

Discutir teoria e práticas pedagógicas na perspectiva da relação educativas de diversas disciplinas,


parece ser uma oportunidade ímpar para melhor situarmos a função social educativa do docente.

A Interdisciplinaridade, por partir do pressuposto que a realidade é una e indivisível e conceber o co-
nhecimento como aberto, com verdades apenas relativas, exige do educador uma maneira de ensinar
que desenvolva no estudante a competência de estabelecer relações entre partes e o todo, superando
a concepção unidirecional e fragmentada do conhecimento que tem caracterizado sua prática.

A prática pedagógica é uma atividade complexa e dinâmica, que se efetiva num ambiente social parti-
cular, formalmente responsável pela educação do aluno.

Para entender à demanda do contexto atual, deve ser organizada de modo que possibilite a formação
de um cidadão critico capaz de lidar conscientemente, com a realidade cientifica e tecnológica na qual
está inserido.

Tal formação pressupõe uma educação comprometida com o desenvolvimento das capacidades ne-
cessárias à intervenção crítica e consciente nessa realidade. O currículo das escolas públicas caracte-
riza-se pela divisão do conhecimento escolar em disciplinas específicas, agrupando-as por áreas de
conhecimento com o objetivo de facilitar sua integração.

Cabe aos professores descobrir como manter um diálogo entre elas e desenvolver um ensino capaz
de fazer com os estudantes aprendam a relacionar os diferentes segmentos do conhecimento. Neste

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trabalho, partindo da premissa de que a aprendizagem escolar e decorrência de relação sociais, afeti-
vas e cognitivas que se estabelecem especialmente na sala de aula nos ocuparemos das situações
formais de ensino.

Afinal, a escola é uma instituição que tem na instrução sua principal dimensão educativa, educa através
da instrução. Entretanto, nosso foco de atenção está na posição intermediaria do ensino em relação à
aprendizagem do aluno no processo educativo.

O aluno com sua identidade particular, é o ponto de partida para a organização do ensino que, por sua
vez, só terão sido bem sucedidos se o aluno, agora como ponto de chegada tiver aprendido.

No que se refere à organização dos professores com formação profissional especializada, um aspecto
que diferencia sua formação das exigências pedagógicas atuais. Ou seja, o ensino não é a finalidade
do processo educativo, é o meio pelo qual a aprendizagem do aluno é favorecida.

Essa pesquisa teve por objetivo investigar as mudanças percebidas por professores na sua prática
pedagógica devido à realização de atividades interdisciplinares e os elementos da sua formação pro-
fissional que lhes propiciam essa adaptação.

Uma situação de ensino corresponde ao momento em que uma pessoa, intencionalmente, ajuda outra
a produzir algum tipo de conhecimento. O conhecimento não é um objeto concreto e diretamente ob-
servável.

É, conforme o paradigma construtivista, um conjunto de representações mentais construídas a partir


da interpretação que o homem faz sobre os objetos do mundo que percebe. Assim o ato de ensinar e
de aprender é intermediado por diferentes tipos de representação sobre um mesmo conhecimento: a
do professor, a do aluno e a do material de ensino. É a qualidade dessa interação que poderá favorecer
a ocorrência de aprendizagem.

Entretanto, não é qualquer aprendizagem que se deseja; para ser um conhecimento passível de utili-
zação em outros contextos e momentos , ela deve ser significativa.

Tipos de Aprendizagem - a aprendizagem significativa ocorre quando o indivíduo consegue relacionar,


de forma não arbitraria, o conteúdo a ser aprendido com aquilo que ele já sabe, conseguindo, assim,
generalizar e expressar esse conteúdo com sua própria linguagem.

Quando não consegue estabelecer esse relacionamento e formular essa generalização, diz-se que
houve aprendizagem mecânica, ou seja, o indivíduo só consegue expressar as ideias repetindo as
mesmas palavras, memorizadas de forma arbitraria, sem ter, de fato, assimilado os conteúdos envolvi-
dos.

Essa diferenciação, aparentemente óbvia, sugere que a análise da aprendizagem, como se fosse um
fenômeno que ocorresse ou não ocorresse, simplifica um conceito bastante complexo.

É importante assumir que, a possibilidade de não aprender, existe e de fazê-lo de forma significativa
ou mecânica (Borges e Moreira, 2003) e, também, que o sujeito responsável pelo ensino trabalha de
forma consciente ou não, por uma delas.

Quando se fala em aprendizagem significativa, deve-se considerar que o material a ser aprendido deve
possuir um significado lógico, passível de ser aprendido pelo aluno e que, após a aprendizagem, esse
significado passará a ser psicológico e característico para cada indivíduo.

O material potencialmente significativo é aquele cujas partes interagem com os conhecimentos prévios
do aluno, de forma não arbitraria e substantiva. Vale salientar, ainda, que a pratica pedagógica também
não deve ser avaliada de forma dicotômica como se fosse boa ou ruim. Sempre haverá aspectos posi-
tivos e negativos.

Práticas Educativas:
A Interdisciplinaridade Como Estratégia Para A Aprendizagem No Ensino Fundamental

A interdisciplinaridade é um tema que há algum tempo está presente nas discussões sobre práticas de
ensino, mas nem por isso deixa de ser um tema presente ou, na verdade, cada vez mais presente, por

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conta das necessidades próprias do ensino atual que, por sua vez, busca responder às necessidades
da sociedade em geral.

Na sociedade, as mudanças têm sido rápidas de profundas, transformando a todo momento o ambiente
no qual vivemos.

Esse novo ambiente exige do ser humano uma compreensão muito maior sobre as mais diversas ques-
tões, de modo que, mesmo se especializando numa função ou outra, o indivíduo precisa romper com
o conhecimento fragmentado, próprio da sua especialização, e ter uma visão global do mundo à sua
volta.

O mercado de trabalho exige mais das pessoas e a educação também. A escola, como formadora de
pessoas para a sociedade, na qual se inclui o mercado de trabalho, não pode ela mesma continuar
repassando a seus alunos conhecimentos fragmentados, isto é, acondicionados em uma disciplina ou
outra, como se não houvesse qualquer relação entre essas disciplinas.

Ao aluno precisa ser levada uma visão global daquilo que ele está aprendendo, oferecendo assim uma
formação integral.

Ao discente precisa também ser oferecido uma forma de ensino fundamentada na motivação e na
vontade de aprender, sendo importante nesse sentido as atividades dentro e fora da sala de aula que
incentivam a sua participação.

A interdisciplinaridade pode ser a resposta para essa motivação, na medida em que torna o aluno
sujeito da sua aprendizagem e não apenas um mero espectador em sala de aula.

Tendo em conta as considerações acima o objetivo geral do estudo é demonstrar que a prática inter-
disciplinar na educação oferece não apenas maiores possibilidades de aprendizagem, pela visão do
todo que ela permite criar, como também leva maior motivação aos alunos, principalmente quando
exercida de nodo a integrar todos os campos do saber humano em atividades diversas, para além da
sala de aula.

De modo mais específico o trabalho apresenta alguma revisão sobre o processo de ensino e aprendi-
zagem, destacando questões importantes sobre as práticas de ensino, entre outros aspectos. Apre-
senta também questões relacionadas à interdisciplinaridade, suas discussões, dificuldades de concre-
tização e benefícios que pode trazer para a educação, para os professores e, principalmente, para os
alunos.

O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica. Conforme Oliveira (2002) a pesquisa biblio-
gráfica ou revisão de literatura, consiste na leitura, interpretação e síntese das questões abordadas
juntos a autores e fontes diversas.

Em outras palavras, a pesquisa bibliográfica busca em autores e obras que versam sobre o assunto
pesquisado o conhecimento atual existente sobre o mesmo, de modo a permitir ao pesquisador reunir
todas as informações e formar um conjunto próprio de conhecimento.

Para o autor, a pesquisa bibliográfica ou revisão de literatura é, por excelência, o caminho ideal para a
formação do estudante.

O trabalho segue apresentado em quatro blocos apenas para efeito didático, começando por discutir
os processos de ensino e aprendizagem e de práticas de ensino e dedicando espaço maior na sua
parte final para discutir a interdisciplinaridade.

Revendo a Importância do Planejamento

Conforme mostram Linhares, Fazenda e Trindade (2001) toda pessoa pensa no seu agir, isto é, ele
planeja a sua vida e as suas atividades particulares e coletivas. Todos pensam no que devem ou no
que não devem fazer.

Esta realidade não se limita a um único aspecto da vida de uma pessoa, mas a todos os setores da
vida pessoal e social. Tudo é sonhado, imaginado, pensado, previsto e planejado para ser executado.

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Na educação não é diferente, as atividades educacionais e de ensino exercidas pelos professores, na


sala de aula, exigem pedagogicamente um planejamento.

Ainda em Linhares, Fazenda e Trindade (2001) tem-se que o plano de disciplina é um instrumento para
sistematizar a ação concreta do professor, afim de que seus objetivos em relação aos conteúdos e a
disciplina sejam atingidos.

É a previsão dos conhecimentos e conteúdos que serão desenvolvidos na sala de aula, a definição dos
objetivos mais importantes, assim como a seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino,
como recursos humanos e materiais que serão usados para uma melhor aprendizagem.

Mas, ao se planejar a educação e o ensino, se deve pensar que os elementos envolvidos vão ser
pessoas, indivíduos ou grupos sociais; por isso, a visão do planejamento deve ser diferente. Pensar
antes de agir é um ato de habilidade e de sabedoria.

Assim, o planejamento se torna importante para o professor, por vários motivos, ajudando o professor
a definir os objetivos que atendam os reais interesses do aluno; possibilitando selecionar e organizar
os conteúdos mais significativos para os alunos; facilita a organização dos conteúdos de forma lógica;
ajudando a selecionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadear um ensino mais
eficiente; levando o professor a evitar improvisação, a repetição e a rotina no ensino; facilitando a inte-
gração e a continuidade do ensino; e, por fim, ajudando o professor e os alunos a tomarem decisões
de forma cooperativa e participativa.

Nesse sentido, conforme Linhares, Fazenda e Trindade (2001, ao elaborar um plano de aula ou de
disciplina deve assimilar algumas características que possibilitam tornar o plano mais eficiente para o
processo de ensino e aprendizagem.

Dentre essas características estão aquelas que se referem à objetividade e ao realismo, aos objetivos
a serem alcançados e à realidade existente diante da situação concreta e determinada que se deseja
trabalhar.

Para Linhares, Fazenda e Trindade (2001) a objetividade significa ter clareza sobre o que se deseja
atingir, a partir de uma realidade também objetiva e concreta dos alunos, dos professores, da escola e
da comunidade.

A clareza deve ser um elemento essencial nos propósitos, nos objetivos, na determinação exata dos
conteúdos mais importantes e nos modos operacionais.

A funcionalidade, por sua vez, conforme Linhares, Fazenda e Trindade (2001), implica no reconheci-
mento do plano de aula ou de ensino como instrumento orientador tanto para o professor quanto para
os alunos, devendo, portanto, ser o mais funcional possível, para que possa ser executado com facili-
dade e objetividade.

Quando se elabora um plano de ensino de forma mais complexa, o professor pode até ver alguma
funcionalidade no mesmo, mas pode não ter o mesmo significado para os alunos.

De outro modo, como o objetivo maior é o trabalho interdisciplinar, professores e alunos devem atuar
em conjunto, o que significa dizer que o plano de aula ou de que deve ser funcional para as duas partes;
melhor sendo se fosse também elaborada de forma conjunta ou, no mínimo, a partir de um amplo
trabalho de reconhecimento dos alunos por parte do professor.

Para ser absolutamente funcional o plano de aula ou de ensino deve também ser dotado de simplici-
dade, conforme expõem Linhares, Fazenda e Trindade (2001), pois ele é que orienta todo o trabalho
de ação a ser feito e envolve diversos elementos, tais como: professor, alunos, conteúdos, experiên-
cias, atividades, recursos e ainda outros, conforme as peculiaridades de cada plano.

Simplicidade não significa, no entanto, fazer, pouco, elaborar pouco, mas, sim, estar contido numa
linguagem e num processo descritivo que facilite a sua compreensão e execução.

Considera-se ainda que qualquer plano não pode ser visto como um produto absoluto que deva ser
seguido à risca. Ao contrário, deve permitir alguma flexibilidade de modo a ser adequado a novas rea-
lidades que vão surgindo.

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Assim, conforme Linhares, Fazenda e Trindade (2001), utilidade, validade profundidade são princípios
que, seguidos como tais, conferem a devida consistência e estrutura de um plano de aula ou de ensino,
principalmente no que se refere ao seu conteúdo e à sua dinâmica.

Não se deve esquecer, no entanto, que todo plano deve estar contido em uma finalidade pedagógica,
pois este é o objetivo de todo o trabalho do professor, isto é, da educação.

Conforme Pinto (2000) cada disciplina possui diferentes peculiaridades que precisam ser consideradas,
principalmente quando se observa o fato de que nem sempre aquilo que está claro para o professor vai
estar também para os alunos.

Muitas vezes o professor elabora um plano de ensino que considera o mais simples, o mais funcional
e o de maior facilidade de compreensão por parte dos alunos, e não consegue o seu intento, ou seja,
a compreensão não acontece ou, pelo menos, não alcança a todos os alunos.

Um dos aspectos essenciais para se levar compreensão aos alunos é a utilização de todo e qualquer
elemento que possa ser utilizado como ferramenta pedagógica capaz de levar a devida compreensão
ao aluno.

Outro aspecto é ter o erro como estratégia didática.

Conforme Pinto (2000) todos nós aprendemos com os nossos erros ou, numa linguagem mais peda-
gógica, todo indivíduo aprende por meio de tentativa e erro, buscando soluções no sentido de resolver
os problemas que aparecem.

Quando não há essa busca, ou seja, quando tudo o que o indivíduo precisa saber já for entregue a ele
de forma pronta e acabada, pode-se dizer que não há aprendizagem verdadeira.

A autora lembra como Piaget descreve o processo de aquisição de conhecimento com base no dese-
quilíbrio provocado na estrutura mental do indivíduo e na forma como ele procura recuperar o equilíbrio
dessa estrutura, por meio do processo de assimilação e acomodação.

Claro está que o indivíduo pode realizar muitas tentativas, ou seja, cometer muitos erros até conseguir
a reestruturação novamente, consolidando assim a sua aprendizagem sobre aquela situação que per-
turbou sua estrutura mental, provocando o desequilíbrio.

Segundo Pinto (2000) Piaget descreve esse processo como contínuo, isto é, sendo impossível que em
algum momento o indivíduo alcance o equilíbrio permanente da sua estrutura mental, pois sempre ha-
verá novos desequilíbrios, a menos que ele receba tudo de forma pronta e acabada, isto é, a menos
que ele não precise mais pensar nem arriscar-se a cometer novos erros.

Para Pinto (2000), além de se trabalhar com o erro como estratégia didática o próprio material didático
adquire importância fundamental desde que trabalhado de forma conjunta entre professor e alunos, isto
é, que não seja apenas um repasse didático feito pelo professor.

Pode-se dizer que o material didático é importante na medida em que funcione como ponto de partida,
ou seja, em que permita a professor e aluno manipulá-lo conforme as necessidades de aprendizagem
e também da realidade que se apresenta.

O mais importante na utilização do material didático é que ele seja reflexivo, isto é que estimule dife-
rentes abordagens, possibilitando aos alunos a aprendizagem significativa.

Pinto (2000) faz suas observações com base no ensino da matemática, disciplina da qual trata a sua
obra, mas lembra que praticamente tudo o que se utiliza como estratégia na aprendizagem da mate-
mática pode ser utilizado também para as demais disciplinas, bastando apenas adaptar os conteúdos
e as abordagens, e apresentando questões específicas para cada uma das disciplinas.

Em se tratando de trabalho interdisciplinar a adoção de estratégias semelhantes torna-se ainda mais


facilitadora.

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Da mesma forma que os conceitos matemáticos podem e devem ser trabalhados com base no cotidiano
dos alunos, buscando assim tornar a aprendizagem mais significativa, também os conceitos ou a aná-
lise das questões em outras disciplinas, inclusive a geografia, e a história, além das ciências naturais
e, principalmente, da linguagem, devem ter como origem para reflexões as questões do dia a dia, isto
é, os elementos mais próximos ao cotidiano de cada um.

Requisito dos mais importantes para todo o trabalho educacional é, conforme atestam diversos autores,
dentre eles, Delors (2000), Smole e Diniz (2001) e também Freire (2006) é a relação construída entre
o professor e seus alunos, ou seja, a relação professor-aluno.

Em todos os casos, seja na Educação Infantil ou Fundamental, seja no Ensino Médio ou ainda na Edu-
cação de Adultos, a relação do professor com os alunos é fundamental para se criar um clima de afe-
tividade e de respeito mútuo, dentro do qual a motivação para a aprendizagem possa britar de forma
natural.

Freire (2006) coloca a relação professor-aluno num patamar de afetividade ainda maior, ao defender a
importância para o professor de se colocar no mesmo nível dos seus alunos ou educandos, isto é,
como um ser que tem algo para ensinar, mas também a aprender.

A aprendizagem do professor começa com a realidade do aluno, isto é, explorando o ambiente do


aluno, fazendo com que este lhe traga à tona o seu cotidiano, as coisas com que lida, os problemas
que vive, e assim por diante.

Paulo Freire trabalhava com a Educação de Adultos partindo de “palavras geradoras” apontadas pelos
próprios educando, e não com termos e textos encontrados em livros didáticos abordando temas e
realidades muitas vezes bem distantes da realidade dos educandos.

Na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental não se pode pensar diferente, conforme indicam De-
lors (2000) e Smole e Diniz (2001). O aluno aprende mais e melhor quando se encontra motivado para
a aprendizagem e a motivação, por sua vez, depende do quanto mais próximo o professor está dele,
do grau de afetividade e, ainda, da temática trabalhada nas aulas.

Temas distantes determinam alunos também distantes, desinteressados, não apenas porque os temas
possam não ser do seu agrado, mas, muitas vezes, porque não consegue compreendê-los à luz do
conhecimento que possui.

O trabalho de leitura de textos, por exemplo, pode passar longe de atingir o interesse do aluno, se o
professor começar já com textos que não fazem parte da sua realidade.

Conforme Colomer (2007) muitos professores se dedicam com afinco na tentativa de levar seus alunos
a se interessarem pela leitura, mas cometem quase sempre o mesmo erro de começar pela leitura de
textos clássicos, obras que, a princípio, de modo algum conseguem despertar esse interesse, simples-
mente porque fazem parte de uma realidade muito distante da realidade do aluno.

No sentido oposto, esses mesmos professores praticamente proíbem seus alunos de contatos com
textos que se referem a acontecimentos do seu dia a dia.

Quando pedem uma redação aos seus alunos muitos professores ficam chocados com os relatos que
aparecem, tenta evitar que esses relatos se repitam, mas esquecem que os mesmos apenas refletem
a realidade dos alunos; e é nessa realidade que os alunos estão interessados. O caminho, conforme
coloca Colomer (2007), é fazer com que os alunos produzam seus textos e façam suas leituras con-
forme o seu interesse, conforme a sua realidade, para que, no desenvolvimento dessa leitura e escrita
ele venha se interessar também por leituras de outras realidades, de outros tempos.

É sabido que a leitura têm como propósito fundamental a compreensão do mundo e a compreensão de
si mesmo dentro desse mundo. Mas se não for dada ao aluno a oportunidade de ler o seu próprio
mundo ele jamais terá condições de compreender nem o seu mundo nem a ele mesmo.

Conforme se avalia em Rios (2001), o professor que busca a aprendizagem do aluno com base em
realidades diferentes da realidade desse aluno é um professor que não consegue chegar ao nível do
aluno e que, portanto, não consegue também estabelecer uma relação de proximidade, de afetividade,
de reconhecimento de que ele está ali para ensinar e também para aprender.

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A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Sem essa compreensão, por maior que seja o esforço do professor, por mais sincera que seja a sua
vontade de promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos seus alunos, sempre haverá um hiato
entre o que ele pretende e o que de fato consegue.

No dizer de Rios (2001) a simplicidade é a chave para essa conquista, ou seja, quanto mais simples o
trabalho didático do professor, quanto mais próximo dos alunos o seu planejamento de aulas e de
ensino, quanto mais despido do saber catedrático, maiores serão as oportunidades de aprendizagem,
desenvolvimento e crescimento.

As Diferentes Áreas do Saber e a Interdisciplinaridade

De acordo com Smole e Diniz (2001) as mais diferentes áreas do saber humano devem ser vistas de
modo conjunto para que o aprendizado de uma área específica possa ser favorecido. Isto significa que
no caso da Educação escolar cada disciplina em particular se beneficia das demais disciplinas no que
se refere à aprendizagem.

Assim, por exemplo, a leitura e a escrita não são conhecimentos a serem explorados somente pelos
professores de português, assim como o cálculo não necessariamente ser trabalhado só pelo professor
de matemática.

Ainda Smole e Diniz (2001) dizem que cada disciplina vista de forma fragmentada, isto é, sem relações
com ouras disciplinas, produz aprendizagem também fragmentada, falha, incompleta.

Claro é para todos os professores que a Matemática, a História, e Geografia e todas as demais disci-
plinas não podem prescindir da leitura e da escrita, quer para propor enunciados e respostas, quer,
para descrever ambientes ou então fatos históricos.

No entanto, essa visão é limitada, pois o uso da leitura e da escrita pode e deve ser feito de forma
integrada a essas disciplinas e vice-versa. Conforme os autores, a escrita e a linguagem, exercem um
papel fundamental no processo de ensino aprendizagem de todas as disciplinas, não havendo por que
estudar esse processo de modo fragmentado.

No dizer de Smole e Diniz (2001) a leitura significa antes de tudo, conhecer, interpretar e decifrar uma
realidade, da mesma forma que a Matemática permite quantificar essa realidade, e a Geografia e a
História contribuem para aumentar a compreensão.

Por meio da leitura e da escrita são trabalhadas as informações básicas ou especificas tanto de um
enunciado ou problema no campo da Matemática, como para alguma informação ambiental ou histó-
rica, nas áreas de Geografia e História, respectivamente, não se podendo esquecer que o mesmo vale
para todas as demais disciplinas.

Tanto Smole e Diniz (2001) quanto rios (2001) e ainda Colomer (2007) reconhecem a leitura e a escrita
como a disciplina primordial no processo de aprendizagem, levando em conta que a linguagem, nota-
damente a linguagem falada, é o elemento chave e essencial em todo o processo de comunicação hu-
mana.

Logo, a leitura e a escrita deve ser trabalhada com bastante cuidado por parte do professor, para que
assim ele ofereça ao aluno as condições de se comunicar e se desenvolver de modo global.

Mas não se pode esquecer que há outras formas de linguagem que não a fala e a sua representação
pela leitura e escrita. A linguagem corporal, a linguagem simbólica, a Arte, entre outras formas de lin-
guagem e comunicação perfazem o universo do indivíduo e lhe oferece condições de compreender e
também de expressar esse universo.

São as diferentes disciplinas escolares que permitem a compreensão e expressão desse universo, o
que significa dizer que a educação deve trabalhar todas as disciplinas em conjunto e não de forma
fragmentada, isolada uma da outra.

Conforme mostrado em Brasil (1998) a interdisciplinaridade étema que gera muitas discussões nas
escolas, pela dificuldade, talvez, que se encontra na coordenação de um trabalho em conjunto entre os
professores.

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A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM

Outro fator pode ser as muitas dúvidas e inseguranças que a questão apresenta para a prática peda-
gógica. As dúvidas chegam, inclusive, ao ponto de serem questionadas as interferências de um pro-
fessor no trabalho do outro ou, então, sobre a real motivação e participação de cada professor no
processo.

Tradicionalmente o trabalho do professor sempre foi bastante individualizado, ou seja, cada professor
sempre cuidou da sua prática educacional sozinho, por seus próprios recursos, seus conhecimentos,
material, e assim por diante.

Nas últimas décadas, no entanto, essa visão tem mudado no sentido de que a escola deve ser vista
como um todo e nesse todo deve ser encaixado o trabalho do professor.

Em outras palavras, a escola ou a educação passou a ser vista como resultado de um trabalho em
equipe, envolvendo gestão, coordenação pedagógica, professores e tantos mais profissionais da área
com os quais a escola pode contar.

No entanto, conforme chama a atenção Fazenda (2002), o trabalho em equipe não é algo tão simples
de ser conseguido, sendo que até mesmo nas organizações empresariais ainda se trabalha em busca
de fórmulas ou formas de se conseguir bons resultados com o trabalho em equipe.

Mas é o caminho quando se espera por bons resultados. E os bons resultados na escola é a formação
integral do aluno, sendo a interdisciplinaridade e, consequentemente, o trabalho em equipe, imprescin-
díveis para a obtenção dos mesmos.

Nesse sentido, conforme Brasil (2998), a interdisciplinaridade deve ser vista até como uma atitude de
ousadia, isto é, um lançar-se ao diferente sem receio de errar. Se é errando que se aprende, se é
tentando que se consegue, assim é que deve ser na busca da interdisciplinaridade, da educação não
fragmentada, do saber completo e integrado em todas as áreas do conhecimento.

Existe o medo de que o trabalho interdisciplinar comprometa os componentes curriculares, deixando


os mesmos de serem tratados devidamente.

Mas esse medo pode ser superado pela ideia de que ao invés de suprimir os currículos o que se pode
fazer é torna-los mais comunicativos entre si, contribuindo assim para a construção do conhecimento
integral.

Conforme aborda Fazenda (2002) a interdisciplinaridade na educação tem como ponto de partida ques-
tionar a segmentação entre as diferentes disciplinas, segmentação essa que não considera as relações
e inter-relações entre os diversos campos do conhecimento nem tampouco a influência que esses cam-
pos exercem uns sobre os outros.

Essa abordagem produz o que se chama de pensamento especialista, muito comum na sociedade
atual, por meio do qual o indivíduo é incapaz de estabelecer relações entre as diversas áreas do co-
nhecimento e, com isso, gerando dificuldades também para o seu próprio conhecimento.

É o caso do médico, por exemplo, que só leva em conta os fatores patológicos apontados pela medi-
cina, sem considerar as demais dimensões que compõe o indivíduo aos seus cuidados.

Como já abordado, uma das questões fundamentais para a discussão da interdisciplinaridade é a ela-
boração de uma estratégia de ensino que contemple os currículos concernentes a cada disciplina. É
necessário que haja integração entre as disciplinas e, por conseguinte, também entre os currículos,
sobre pena de, não havendo essa integração, favorecer ou prejudicar uma disciplina mais do que outra.

Todas as disciplinas devem ser tratadas por igual, observando-se os conteúdos expressos nos seus
currículos e procurando pelo modo como o mesmo vai ser integrado aos currículos das demais disci-
plinas.

Nesse sentido, Fazendo (2002) é enfática na sua afirmação de que a interdisciplinaridade começa pela
integração dos componentes curriculares, restando aos professores encontrar de que maneira isso será
feito.

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Nesse sentido, isto é, concordando que o trabalho interdisciplinar deve ser organizado a partir do cur-
rículo, Fazenda (2002) lembra que é preciso contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagem que
levem o desenvolvimento integral ao educando, para que ele possa viver condignamente em sociedade.

Esse desenvolvimento deve levar em conta as experiências do educando com a educação, no sentido
de torna-las tão significativas quanto possível, de modo a motivá-lo à aprendizagem.

Desse modo, segundo Fazenda (2002), se entende que os currículos das mais diversas disciplinas,
bem como a interdisciplinaridade devem ser pensados em função do educando, da sua aprendizagem
e formação, e não apenas como uma ferramenta auxiliar à escola.

A autora lembra do risco real e muito comum de se elaborar atividades interdisciplinares muito mais em
função da escola e dos professores, principalmente no que se refere a horários, entre outros aspectos.
Não é essa a função da interdisciplinaridade; na verdade não é sequer o papel da educação.

As atividades interdisciplinares devem estar orientadas no sentido de envolver os alunos, dar signifi-
cado à sua aprendizagem, motivar sua participação.

Os temas abordados de forma interdisciplinar podem ser compreendidos como uma forma abordar
diferentes componentes curriculares e uma ou mais atividades, de modo a compreender o significado
dessas atividades em cada uma das disciplinas.

Assim se constrói algo diferente e inovador, na medida em que o aluno não fica preso a uma rotina de
atividades para cada disciplina, rotina essa muitas vezes enfadonhas e desanimadoras, ou seja, que
mais desestimula do que estimula a aprendizagem.

A Prática Pedagógica Interdisciplinar Como Aprendizagem Significativa

Conforme se observa na Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996, Lei 9394/96) o Ensino Fundamental
faz parte de um projeto maior, qual seja, o da Educação Básica, que inclui também a Educação Infantil
e o Ensino Médio, e que tem como objetivo maior a preparação do aluno para o Ensino Superior, mas
que encerra também uma preocupação com a formação do aluno como pessoa apta a viver em socie-
dade.

Essa formação do aluno como pessoa inclui, sobretudo, o seu posicionamento crítico e as condições
essenciais para compreensão do mundo no qual está imerso.

Para tanto, é necessário que o aluno se forme de modo a ser capaz de dialogar com os diferentes
posicionamentos sociais, as diferentes opiniões, podendo assim mediar conflitos e tomar decisões
como alguém que se percebe como alguém integrante da sociedade e não mero expectador dos acon-
tecimentos.

Outra condição essencial ao indivíduo que deve ser dada pela Educação Básica, e dentro dela o Ensino
Fundamental, é a auto percepção como um ser capaz de participar ativamente do seu meio social, mas
também atuar sobre ele, produzir transformações, tornar, enfim, elemento ativo, isto é, “estar com a
sociedade” ao invés de simplesmente “estar na sociedade”, como bem inspirava o educador Paulo
Freire (FREIRE, 1980).

Contudo, a preparação do aluno como um ser participante do seu meio social começa por ele mesmo,
isto é, pelo seu saber e pelos cuidados de si, pelas suas atitudes em relação aos seus hábitos de sa-
úde e comportamento social, bem como pela sua capacidade de comunicação e expressão, pela sua
linguagem verbal e corporal, entre outras, e, sobretudo, pela sua capacidade em sempre questionar a
realidade existente na busca de soluções de problemas ou de proposições para a melhoria individual e
social como um todo.

Essa formação, como se pode observar, é multidisciplinar, isto é, implica num conhecimento que não
pode estar limitado a alguns aspectos ou algumas áreas apenas. O indivíduo deve conhecer-se como
um todo, da mesma forma que deve uma visão tão clara e tão ampla quanto possível da sociedade.

Isso implica num significado maior para o educador, que não pode estar preso à sua disciplina apenas
e, da mesma forma, não pode prescindir do trabalho de seus colegas, isto é, das demais disciplinas.

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Uma questão importante, observada por Delors (2000) é que, assim como o desenvolvimento físico e
cognitivo do indivíduo, também o ensino não é estanque, o que significa dizer que o Ensino Fundamen-
tal acontece na esteira da Educação Infantil e, por sua vez, fornece as bases para o Ensino Médio, mas
sempre de forma gradativa; a criança chega ao Ensino Fundamental carregando a bagagem da Edu-
cação Infantil e leva pra o Ensino Médio a bagagem do Ensino Fundamental.

Essa parece uma colocação ou questão óbvia, mas que, no entanto, nem sempre é considerada pelos
educadores com o seu devido valor, levando ou acarretando a muitos alunos problemas de aprendiza-
gem, de comportamento e de relacionamento, entre outros.

Considerar a não estanqueidade do desenvolvimento e da educação é ter em conta o fator interdisci-


plinar, isto é, o trabalho global, contínuo e paralelo entre os mais diversos níveis de desenvolvimento
do aluno, as mais diversas disciplinas, as mais diversas heranças ou bagagens carregadas de uma
faixa de ensino para outra, de um ano para outro ou, mais apropriadamente, de uma experiência para
outra.

Cada aluno, cada indivíduo ou ser é uma experiência única de vida, de desenvolvimento, de aprendi-
zagem, e a educação multidisciplinar é a melhor forma de lidar com essas diferenças individuais.

Oliveira (2002), entre diversos outros autores, descreve os anos iniciais do Ensino Fundamental como
essenciais pra a formação integral dos alunos, lembrando a bagagem quem os mesmos trazem da
Educação Infantil e, ao mesmo tempo, a necessidade de prepará-los para os anos seguintes.

Por conta dessa essencialidade, a prática pedagógica interdisciplinar, mais uma vez, é vista como a
que oferece maiores condições para a formação integral desejada.

A prática pedagógica, por sua vez, exige, primeiramente, por parte do professor planejamento, um
trabalho de pesquisa e seleção de atividades, de escolha de textos, de formas e de conteúdos em geral;
em seguida, exige um trabalho de ação, isto é, de prática em sala de aula ou fora dela; e por fim, um
trabalho de avaliação ou reflexão sobre os resultados obtidos com a prática exercida, reflexão essa que
ganha maiores e melhores dimensões quando realizada em conjunto com os alunos.

De outro modo, Oliveira (2002) afirma que a prática pedagógica é:

– uma atividade profissional situada, orientada por fins e pelas normas de um grupo profissional;
– engloba ao mesmo tempo as atividades com os alunos, mas também o trabalho coletivo e individual
fora da classe;
– é multidimensional;
– não se limita às ações perceptíveis, mas comporta também as escolhas, as tomadas de decisões e
os significados dados pelo professor a suas próprias ações;
– é a atividade profissional do professor antes, durante e depois da sua ação em classe (OLIVEIRA,
2002, P. 26).

Ainda Oliveira (2002) diz que ao compreender o que é uma prática pedagógica interdisciplinar o edu-
cador consegue trabalhar de forma dinâmica e competente, livrando-se do caráter disciplinar que tanto
fragmenta o ensino.

Segundo a autora, a fragmentação do ensino, como se tem feito tradicionalmente, mais dificulta a
aprendizagem do educando do que a estimula, isto é, não contribui para estimular o desenvolvimento
da inteligência, pra a motivação na solução de problemas, no estabelecimento de conexões entre fatos
e coisas diversas, e, por fim, não contribui no sentido de levar o aluno a pensar sobre o que está
tentando aprender ou, na verdade, ao que estão querendo lhe ensinar.

É fato, defendido também por Oliveira (2002), que a motivação é o fator primordial para qualquer tipo
de aprendizado.

A criança aprende no seu dia a dia, nas suas brincadeiras, porque está motivada e é estimulada a
aprender. Vale considerar que as brincadeiras, assim como todas as ações da criança no seu dia a dia
acontecem de forma interdisciplinar, isto é, uma coisa sempre relacionada a outra.

Nesse sentido, quanto maior for a interdisciplinaridade das atividades pedagógicas ofertadas pelo pro-
fessor ao aluno, maior será a sua motivação e o seu estímulo para aprender.

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Do contrário, isto é, com a fragmentação das disciplinas, o aluno usualmente perde o interesse, sim-
plesmente porque não consegue divisar onde ele quer chegar ou onde querem que ele chegue.

Fazenda (2002) também discute o caráter disciplinar do ensino como um dos principais fatores causa-
dores das dificuldades encontradas pelos educandos na aprendizagem, na medida em que essa frag-
mentação é contrária à aprendizagem significativa ou, de outro modo, aprendizagem com motivação,
com estímulo, com a real necessidade observada pelo aluno de aprender.

Nesse sentido, qualquer proposta pedagógica construída para uma prática disciplinar fragmentada está
sujeita a criar dificuldades de aprendizagem.

Por outro lado, conforme ainda Fazenda (2002), quando se busca um método que leve em conta a
interdisciplinaridade, um dos primeiros aspectos que se destaca é a possibilidade de diálogo entre as
mais diversas áreas do saber, diálogo esse que se dá em função do questionamento e da pesquisa,
isto é, da busca pelas inter-relações entre as áreas de conhecimento ou, mais especificamente, entre
as mais diversas disciplinas.

Conforme ainda Fazenda (2002) não se pode pensar numa receita única para a interdisciplinaridade,
nem mesmo numa receita pronta, pois a sua prática pressupõe o diálogo com os alunos, com as ne-
cessidades do ensino, com as peculiaridades da escola, enfim, com o diálogo e a pesquisa por uma
série de caminhos que, na verdade, é o único caminho capaz de levar ao verdadeiro aprendizado.

Quando o trabalho é feito de forma conjunta entre o professor e os alunos, isto é, quando há a partici-
pação de todos, a motivação se torna um aspecto inerente ao trabalho feito.

Ao contrário, quando o professor pensa possuir uma receita válida e procura repassá-la ou, na verdade,
impô-la aos alunos, a motivação deixa de ser construída ou é até mesmo destruída.

Continuando, Fazenda (2002) mostra que na relação entre o ensinar e o aprender pode ser encontrada
a compreensão de que o conhecimento é construído tanto de modo individual quando de modo coletivo,
por meio de um processo no qual o sujeito interage com o meio, com a realidade, e com as demais
pessoas, sendo que essa construção é a essência da tarefa educativa.

Quanto maior essa relação, maior o conhecimento construído, sendo que esse conhecimento, por sua
vez, acaba gerando novos conhecimentos, numa escalada positiva que leva ao desenvolvimento do
saber.

O saber, no entendimento de Fazenda (2002), é um ponto muito além do conhecimento, é a capacidade


de utilizar o conhecimento em benefício de si e de todos, em todos os níveis e sentidos. É necessário,
portanto, que o professor saiba conduzir seus alunos no sentido de saber produzir conhecimento e
construir o saber dentro do processo pedagógico.

Considerando que na atualidade conhecimentos produzidos na sociedade vai se multiplicando em es-


cala cada vez maior, e também que a escola vai perdendo a sua função de detentora e transmissora
do conhecimento produzido, passando para um papel ainda mais importante, qual seja, o de ensinar a
aprender a aprender, isto é, a envolver-se juntamente com seus alunos num processo dinâmico em
busca da assimilação e disseminação desse conhecimento.

Outro aspecto destacado por Fazenda (2002), e já bastante evidenciado por praticamente todos os
estudiosos na área de educação, refere-se ao fato de que o professor não é o dono do saber, nem
tampouco detentor de todo o conhecimento, enfatizando-se, assim, o seu papel no sentido de respeitar
e compreender o conhecimento que o aluno traz para a escola, isto é, o conhecimento que ele carrega
como bagagem do meio onde vive e das pessoas com as quais se relaciona.

Essa é, na verdade, a essência da interdisciplinaridade, isto é, a troca de experiências entre os diversos


sujeitos nas mais diversas áreas.

Corroborando as colocações acima, Delors (2000) busca esclarecer de forma concisa que só se con-
segue despertar o interesse dos alunos para o aprendizado a partir de um compromisso assumido pelo
professor no sentido de repensar todos os dias a sua prática educativa.

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Ou seja, o professor é também um aprendiz e como aprendiz deve sempre repensar o seu conheci-
mento e a sua prática pedagógica.

Conforme Delors (2000) a educação ocorre por toda a vida, baseada em quatro pilares: aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser. Assim,

Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de
trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias.

O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela
educação ao longo de toda a vida.

Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas, de uma maneira
mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar
em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho
que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacio-
nal, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.

Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências


– realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo,
da compreensão mútua e da paz.

Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez
maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não ne-
gligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido
estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se (DELORS, 2000, p. 101).

Assim, tanto Delors (2000) quanto Fazenda (2002) e ainda Jupiassu (2006), percebe-se que a prática
interdisciplinar pressupõe um planejamento global e coletivo na escola, no sentido de envolver todos
os profissionais da educação responsáveis por levar os alunos à aprendizagem e à construção do
conhecimento, uma tarefa reconhecida como não muito simples, dadas as dificuldades que o trabalho
em conjunto costuma representar, mas uma tarefa necessária.

No entanto, entendendo o diálogo como uma fala contrária entre atores que se encontram e se defron-
tam, é permitido perceber que esse é o caminho a ser trilhado, buscando o trabalho conjunto e a ação
interdisciplinar entre os atores do processo de ensino e aprendizagem.

O conhecimento que o indivíduo tem sobre o mundo à sua volta determina o modo como ele se relaci-
ona com esse mundo.

Lembrando o que foi colocado na citação de Paulo Freire (Freire, 1980), o indivíduo pode “estar no
mundo” ou “estar com o mundo”.

Estar no mundo apenas significa que o indivíduo não é o sujeito da sua própria história. Ele não com-
preende o mundo à sua volta e não consegue estabelecer relações de igualdade dentro da sociedade.

Estar no mundo significa não participar de forma justa da sociedade, da produção econômica, do saber
científico, enfim, de tudo o mais que a sociedade tem a oferecer.

Usualmente, o indivíduo que apenas está no mundo está sujeito a todo tipo de exploração, principal-
mente a exploração econômica, o que significa de um lado a sua subserviência e de outro lado a riqueza
dos poderosos.

É sabido que Paulo Freire teve sua ação educativa interrompida pelos governantes pelo fato de estar
atuando no sentido de levar não apenas a leitura e a escrita aos homens simples do campo, mas
também a consciência da realidade vivida pelos mesmos, do estado de subordinação e exploração
imposto pelos poderosos.

A ação de Paulo Freire e a interrupção à força do seu trabalho mostram claramente o poder que tem a
Educação e como ela pode ser conduzida tanto no sentido de eternizar as relações poder entre as
classes sociais quanto no sentido de levar luz às classes menos favorecidas, sendo que essa condição
última não interessa há muitos.

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Mas é uma condição que interessa aos professores, considerando que o trabalho de educação não é
o de perpetuar as condições sociais desiguais existentes, e, sim, gerar uma ação transformador no
sentido de promover a igualdade.

Não se trata de uma educação com orientação política. Na verdade, trata-se de uma educação verdade,
isto é, uma forma de educar os alunos levando-os a compreender a realidade existente para que eles
possam ser sujeitos da própria história, para que eles possam “estar com o mundo”, participar desse
mundo, e não apenas “estar no mundo” servindo a interesses das classes dominantes.

A interdisciplinaridade é isso ou, pelo menos, oferece essa possibilidade.

Quando se planeja o ensino de forma fragmentada, em suas disciplinas estanques, como se tem feito
tradicionalmente, dificulta ao aluno a possibilidade de enxergar o todo, isto é, as relações entre as mais
diversas causas e efeitos que movimentam o mundo à nossa volta.

Esse movimento, dado tanto pelas ocorrências científicas e naturais quanto pelas intercorrências hu-
manas e sociais, só fazem sentido para o indivíduo quando ele consegue enxergar as verdadeiras
relações existentes, quando a sua visão for multidisciplinar.

No sentido inverso, quando a visão for fragmentada, quando o indivíduo não conseguir associar acon-
tecimentos científicos e naturais com acontecimentos sociais, quando ele não consegue perceber que
existem relações de causa e efeito, ele pouco conseguirá compreender do mundo à sua volta e, com
certeza, vai continuar a “estar no mundo”, ao invés de “estar com o mundo”.

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade começou a ser abordada no Brasil a partir da Lei Nº 5.692/71. Desde então, sua
presença no cenário educacional brasileiro tem se tornado mais presente e, recentemente, mais ainda,
com a nova Lei de Diretrizes e Bases Nº 9.394/96 e com os Parâmetros. Além da sua grande influência
na legislação e nas propostas curriculares, a interdisciplinaridade tornou-se cada vez mais presente no
discurso e na prática de professores.

A utilização da interdisciplinaridade como forma de desenvolver um trabalho de integração dos conte-


údos de uma disciplina com outras áreas de conhecimento é uma das propostas apresentadas pelos
PCN`s que contribui para o aprendizado do aluno. Apesar disso, estudos têm revelado que a interdis-
ciplinaridade ainda é pouco conhecida.

É possível a interação entre disciplinas aparentemente distintas. Esta interação é uma maneira com-
plementar ou suplementar que possibilita a formulação de um saber crítico-reflexivo, saber esse que
deve ser valorizado cada vez no processo de ensino-aprendizado. É através dessa perspectiva que ela
surge como uma forma de superar a fragmentação entre as disciplinas. Proporcionando um diálogo
entre estas, relacionando-as entre si para a compreensão da realidade. A interdisciplinaridade busca
relacionar as disciplinas no momento de enfrentar temas de estudo.

Segundo Libâneo (1994), o processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do pro-
fessor e dos alunos, ou seja, o professor dirige o estudo das matérias e assim, os alunos atingem
progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais.

É importante ressaltar que o direcionamento do processo de ensino necessita do conhecimento dos


princípios e diretrizes, métodos, procedimentos e outras formas organizativas.

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Ela implica na articulação de ações disciplinarares que buscam um interesse em comum. Dessa forma,
a interdisciplinaridade só será eficaz se for uma maneira eficiente de se atingir metas educacionais
previamente estabelecidas e compartilhadas pelos atores da unidade escolar.

A interdisciplinaridade oferece uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude em
busca do contexto do conhecimento, em busca do ser como pessoa integral. A interdisciplinaridade
visa garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites das disciplinas.

Trabalhar nessa perspectiva exige uma postura do professor que vai além do que está descrito nos
PCNS, pois é necessário que ele assuma uma atitude endógena e que faço uso de metodologias didá-
ticas adequadas para essa perspectiva. É através do ensino interdisciplinar, dentro do aspecto histó-
rico-crítico, que os professores possibilitarão aos seus alunos uma aprendizagem eficaz na compreen-
são da realidade em sua complexidade.

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