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SUMÁRIO

1. A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA COM A EDUCAÇÃO ............................. 3

1.1. Contribuição da psicologia para a educação..................................... 5

1.2. A importância da Psicologia da Aprendizagem ................................. 8

2. PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA


APRENDIZAGEM...................................................................................................... 10

3. LINGUAGEM E PENSAMENTO ............................................................ 18

4. O CONCEITO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ................................ 24

4.1- Conceito de Psicologia da Educação: ............................................. 25

4.2- Definição de Psicopedagogia: ......................................................... 26

4.3- Definição de Psicologia da Criança: ................................................ 26

4.4- Aprendizagem informal e formal ..................................................... 27

4.5- Ensino X Instrução .......................................................................... 29

4.6- Modelos de Ensino Formal:............................................................. 30

4.7- Domínios da aprendizagem ............................................................ 30

4.8- Princípios da aprendizagem ............................................................ 31

4.9- Fatores que influenciam na aprendizagem ..................................... 32

4.10- Família e os fatores psicossociais ................................................... 35

4.11- O professor e o processo de ensino-aprendizagem ........................ 36

5. CONTRIBUIÇÃO DO PSICÓLOGO NA ESCOLA ................................. 37

6. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 45

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1. A RELAÇÃO DA PSICOLOGIA COM A EDUCAÇÃO

Fonte: www.minutopsicologia.com.br

A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria


ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social
conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres
humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes.
Nas inúmeras interações em que envolve desde o nascimento, a criança vai
gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo
significados para as suas ações e para as experiências que vivem. Com o uso da
linguagem, esses significados ganham maior abrangência, dando origem a
conceitos, ou seja, significados partilhados por grande parte do grupo social. A
linguagem, além disso. Irá integrar-se ao pensamento, formando uma importante
base sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O pensamento pode
ser entendido, desta forma, como um diálogo interiorizado.
Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos externos
aos indivíduos. Para se apropriar desses objetos e conceitos é preciso que a criança
identifique as características, propriedades, e finalidades dos mesmos. A
apropriação pressupõe, portanto, gradativa interiorização. Através desse processo, é
possível aprender o significado da própria atividade humana, que se encontra
sintetizada em objetos e conceitos. Assim, ao se analisar uma mesa, pode-se notar

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que ela resume, em si, anos de trabalho e tecnologia: é preciso maquinário
apropriado para lixar a madeira, instrumentos como o martelo e chaves de fenda
para monta-la, apetrechos para refina-la, como lixa e verniz. Entender o que se
significa uma mesa implica conhecer as suas principais características e finalidades
– mesa para jogar, comer, estudar etc. -, compreendendo o quanto de esforço foi
necessário para concebe-la e realiza-la.
A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as
formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados
pela criança. Para que se possa entender esse processo é necessário reconhecer a
natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas (aquelas
envolvidas no processo de conhecer) são sempre ativamente construídas na
interação com outros indivíduos.
Em geral, o adulto ou a criança mais experiente fornece ajuda direta à
criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e instruções
verbais, em situações interativas. Na interação adulto-criança, gradativamente, a fala
social trazida pelo adulto vai sendo incorporada pela criança e o seu comportamento
passa a ser, então, orientado por uma fala interna, que planeja a sua ação. Nesse
momento, a fala está fundida com o pensamento da criança, está integrada às suas
operações intelectuais.
Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as crianças,
aprendem através de ações partilhadas mediadas pela linguagem e pela instrução.
A interação entre adultos e crianças, e entre crianças, portanto, é fundamental na
aprendizagem. A Psicologia da Aprendizagem, aplicada à educação e ao ensino,
busca mostrar como, através da interação entre professor e alunos, é possível a
aquisição do saber e da cultura acumulados.
O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele procura estruturar
condições para ocorrência de interações professor-alunos-objeto de estudo, que
levem à apropriação do conhecimento. De maneira geral, portanto, essa visão de
aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do conhecimento
como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas considerações, em
conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-se, na aprendizagem, do
social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização, com o
auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes.

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1.1. Contribuição da psicologia para a educação

Fonte: veselajashkola.ru

A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano e seus


processos mentais, ou seja, ela estuda o que motiva o comportamento humano, o
que o sustenta, o que o finaliza, e seus processos mentais, que passam pela
sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência.
A psicologia encontra-se, como uma das disciplinas que precisa ajudar o
professor a desenvolver conhecimento e habilidades, além de competências,
atitudes e valores que o possibilite ir construindo seus saberes-fazeres docentes, a
partir das necessidades e desafios que o ensino, como prático social, lhes coloca no
cotidiano. Dessa forma, poderá contribuir para que o professor desenvolva a
capacidade de investigar a própria atividade, para, a partir dela, construir e
transformar os seus saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de
construção de sua identidade como professor.
Ao transmitir o conhecimento para os alunos o professor desempenhará
também a função de formador da personalidade de seus alunos no processo ensino-
aprendizagem, pois o aluno por sua vez é um sujeito ativo de seu processo de
formação e desenvolvimento intelectual, afetivo e social; e o professor tem o papel
de mediador do processo de formação do aluno; a mediação própria do trabalho do
professor é favorecer/propiciar a inter-relação(encontro/confronto) entre sujeito

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(aluno) e o objeto de seu conhecimento(conteúdo escolar); nessa mediação, o saber
do aluno é uma dimensão importante do seu processo de conhecimento(processo
de ensino-aprendizagem).
A perspectiva sócio construtivista concebe o ensino como uma intervenção
intencional nos processos intelectuais, sociais e afetivos do aluno, buscando sua
relação consciente e ativa com os objetos de conhecimento. Esse entendimento
implica, resumidamente, afirmar que o objetivo maior do ensino é a construção do
conhecimento pelo aluno, de modo que todas as ações devem estar voltadas para
sua eficácia do ponto de vista dos resultados no conhecimento e desenvolvimento
do aluno. Tais ações devem pôr o aluno, sujeito do processo, em atividade diante do
meio externo, no qual deve ser ‘inserido’ no processo como objeto de conhecimento,
ou seja, o aluno deve ter com esse meio (que são os conteúdos escolares) uma
relação ativa, uma espécie de desafio que o leve a um desejo de conhecê-lo.
Partindo da visão da personalidade como constituída com base em um
processo relacional, que, portanto, se forma também nas relações dentro da escola.
Percebe-se então que, dessa maneira a aliança entre Educação e Psicologia
é incontestável e bastante antiga, não tendo sido preciso esperar o momento
recente da constituição da Psicologia como ciência independente da grande mãe, a
Filosofia, para buscar respostas sobre como se aprende, quem é o sujeito da
aprendizagem, como se deve ensinar, levando em conta as características
psicológicas dos alunos, se é ou não válido aplicar punições e prêmios, qual é a
importância da informação no desenvolvimento humano, em que consiste o ato de
comunicação, o que interessa e dá prazer ao aluno quanto ao aprendizado escolar.
No entanto qualquer que seja o ângulo dessa reflexão, constata-se que, em
nosso viver, a relação com o outro é uma questão central. Por conta dessa questão,
a travessia do homem e da humanidade em geral, foi sempre marcada por
aproximações, afastamentos, simpatias, antipatias, egoísmo, altruísmo, ódio, amor
etc. Isso faz com que permanentemente estejamos preocupados em saber muitas
coisas sobre o indivíduo: o que pensa, de que gosta, quais são suas forças e
fraquezas, como pode ser agradado, seduzido, manipulado, emocionado, ou, ainda,
como pode sair do egoísmo e ir ao encontro do outro, compor com outros uma
coletividade, enfim, como pode ser educado para comunicar-se e conviver fraternal e
cooperativamente com seus semelhantes.

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Assim a psicologia também, aplica à educação e ao ensino, busca mostrar
como, através da interação entre professor e alunos, entre os alunos, é possível a
aquisição do saber e da cultura acumulados. Por tanto papel do professor nesse
processo, é fundamental. Ele procura estruturar condições para a ocorrência de
interações professor-alunos-objeto de estudo, que levam à apropriação do
conhecimento.
A sua contribuição no campo Educacional, é um tema cativante e desafiador
que permanece atual e proporcionando estudos e pesquisas de vários e renomados
cientistas. Ocupa papel de fundamental importância e tende a intensificar-se cada
vez mais.
Deve-se lembrar sempre que essas contribuições precisam ser caracterizadas
como um espaço de reflexão envolvendo a realidade escolar, assim como um
espaço propício para a expressão das angústias e das ansiedades inerentes ao
processo de formação.
A Psicologia no âmbito da escolar deve também contribuir para otimizar as
relações entre professores e alunos, além dos pais, direção e demais pessoas que
interagem nesse ambiente. É neste contexto e neste lugar que a Psicologia poderá
contribuir para uma visão mais abrangente dos processos educativos que se
passam no contexto educacional. Pois, uma vez que, as contribuições da psicologia
inserida na equipe educacional, prepara os conteúdos a serem ensinados visando
estabelecer outros e novos patamares para a compreensão dos fatos que ocorrem
no dia a dia da escola, propiciando uma reflexão conjunta que possibilite o
levantamento de estratégias que venham a sanar as dificuldades enfrentadas.

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1.2. A importância da Psicologia da Aprendizagem

Fonte: biradambirbebek.com

A importância da Psicologia no processo ensino-aprendizagem reside no


reconhecimento de que a educação é um fenômeno verdadeiramente complexo e o
seu impacto no desenvolvimento humano obriga que se considere a globalidade e a
diversidade das práticas educativas em que o ser humano se encontra imerso, isto
porque a educação se desdobra em múltiplos contextos nos quais as pessoas vivem
e participam definidos como âmbitos educativos. Assim a psicologia da
aprendizagem, aplica à educação e ao ensino, busca mostrar como, através da
interação entre professor e alunos, entre os alunos, é possível a aquisição do saber
e da cultura acumulados.
O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele procura estruturar
condições para a ocorrência de interações professor-alunos-objeto de estudo, que
levam à apropriação do conhecimento. De maneira geral, portanto, essa visão de
aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do conhecimento
como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas considerações, em
conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-se, na aprendizagem, do
social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização, com o
auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes.

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O outro pressuposto e a psicologia da aprendizagem, onde está é o processo
através do qual a criança se própria ativamente do conteúdo da experiência
humana, daquilo que o seu grupo social conhece.
A psicologia encontra-se, como uma das disciplinas que precisa ajudar o
professor a desenvolver conhecimento e habilidades, além de competências,
atitudes e valores que o possibilite ir construindo seus saberes-fazeres docentes, a
partir das necessidades e desafios que o ensino, como prático social, lhes coloca no
cotidiano. Dessa forma, poderá contribuir para que o professor desenvolva a
capacidade de investigar a própria atividade, para, a partir dela, construir e
transformar os seus saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de
construção de sua identidade como professor.
Ao transmitir o conhecimento para os alunos o professor desempenhará
também a função de formador da personalidade de seus alunos no processo ensino-
aprendizagem, pois o aluno por sua vez é um sujeito ativo de seu processo de
formação e desenvolvimento intelectual, afetivo e social; e o professor tem o papel
de mediador do processo de formação do aluno; a mediação própria do trabalho do
professor é favorecer/propiciar a inter-relação (encontro/confronto) entre sujeito
(aluno) e o objeto de seu conhecimento (conteúdo escolar); nessa mediação, o
saber do aluno é uma dimensão importante do seu processo de conhecimento
(processo de ensino-aprendizagem).
Deve-se lembrar sempre que essas contribuições precisam ser caracterizadas
como um espaço de reflexão envolvendo a realidade escolar, assim como um
espaço propício para a expressão das angústias e das ansiedades inerentes ao
processo de formação.
A Psicologia no âmbito escolar deve também contribuir para aperfeiçoar as
relações entre professores e alunos, além dos pais, direção e demais pessoas que
interagem nesse ambiente. É neste contexto e neste lugar que a Psicologia poderá
contribuir.

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2. PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM

Fonte: www.psicologiaexplica.com.br

O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se tenta


compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, alguns
autores se dispuseram a estudar esses aspectos e assim instituir maneiras
específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se possa colaborar
com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma aprendizagem
satisfatória ao longo de sua vida nos aspectos escolares.
O desenvolvimento humano ocorre desde os primórdios da humanidade, mas
o aspecto científico do homem só passou a ser estudado por volta do século XIX.
Em 1877, Charles Darwin publica um artigo baseado em algumas anotações que fez
de seu filho durante os primeiros anos de sua vida, iniciando assim os estudos
científicos sobre o desenvolvimento humano. A partir disto, os autores se ocupam
em compreender o homem mediante o “estudo científico de como as pessoas
mudam, bem como das características que permanecem razoavelmente estáveis
durante toda a vida.
No início dos estudos sobre o desenvolvimento humano, os responsáveis por
esta tarefa consideravam que o desenvolvimento ocorria apenas na fase da infância.
Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece e estuda o

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desenvolvimento ao longo da vida do sujeito, tendo seu fim apenas com o final da
vida do mesmo. É o que se conhece pelo desenvolvimento do ciclo da vida, pois não
basta apenas entender como se dá este desenvolvimento durante a infância, mas
também como ele continua a ocorrer durante a fase adulta e atualmente, o estudo
científico do envelhecimento faz parte deste campo vasto que busca a compreensão
cada vez mais detalhada da vida do ser humano.
Em todos os campos de estudo sobre o ser humano, há que se considerar as
diferenças de pensamentos e abordagens que tentam cada um de sua maneira
explicar tais fenômenos. No campo do desenvolvimento, a história se encarrega de
mostrar como as discussões evoluíram ao longo do tempo. Mas o que intriga a todos
é a relação entre os aspectos individuais do sujeito versus os aspectos do ambiente.
O que influencia mais no desenvolvimento humano? Seria suas características
individuais, sua personalidade, seus aspectos biológicos? Ou seria os aspectos do
ambiente, o contexto em que este sujeito vive que teria maior poder de influência
sobre sua vida?
Mas chegar a uma conclusão não é simples, por isso as diversas abordagens
teóricas existem atualmente para que cada uma possa contribuir à sua maneira para
a compreensão do desenvolvimento humano. O que há de consenso entre estas
abordagens são as etapas em que o desenvolvimento ocorre, cada uma com suas
nomenclaturas específicas, porém indicando basicamente as mesmas fases do ciclo
vital.
Conjunto de estágios bastante usados principalmente por psicólogos
desenvolvimentistas, cada um desses estágios seria constituído por diferentes
mudanças biológicas, cognitivas e sociais. Estas fases seriam:
 Pré-natal (da concepção ao nascimento);
 Primeira infância (do nascimento aos 2 anos);
 Infância (2 aos 12 anos);
 Adolescência (12 aos 18 anos);
 Idade adulta jovem (18 aos 40 anos);
 Idade adulta média (40 aos 65 anos); e
 Idade adulta tardia (acima de 65 anos).
Vale ressaltar que essas idades são apenas idades médias, significando que
cada pessoa irá passar por essas fases de desenvolvimento em idades específicas

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para a sua realidade. Ou seja, essa seria a ordem de desenvolvimento que ocorre
com todas as pessoas, a direção é a mesma para todos, o que muda é o tempo de
mudança de uma fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu tempo de
desenvolvimento, uns mais rápidos, outros nem tanto.
O período pré-natal e a primeira infância são as fases da vida do ser humano
que vai desde a concepção até os 2 anos de idade. Essa é uma fase em que as
mudanças ocorrem não só para o feto, e em seguida a criança, mas há uma
mudança na vida de todos os envolvidos no fato. O desenvolvimento pré-natal se
divide em três estágios: germinal, embrionário e fetal.
Após a concepção, tanto fatores ambientais quanto genéticos irão influenciar
o desenvolvimento. Mas como o ambiente influencia o desenvolvimento? Por meio
do ambiente da mãe, ou seja, tudo o que a mãe faz pode influenciar de alguma
forma o desenvolvimento do feto. O uso de bebidas alcoólicas, drogas e todos os
comportamentos chamados comportamentos de risco podem de alguma forma
prejudicar o desenvolvimento sadio da criança. Os principais riscos que uma criança
corre neste caso são, entre outros, o retardamento mental e anormalidades faciais.
A idade da mãe também é um fator a ser considerado no caso de uma
gravidez. Existem alguns problemas relacionados à idade da mãe. Uma gravidez
antes dos 15 anos, ou acima dos 40 anos pode levar a uma prematuridade, baixo
peso. A prematuridade pode ocasionar em problemas pulmonares da criança, pois
os pulmões não se desenvolvem adequadamente, além de uma prematuridade
também no sistema digestivo e imunológico.
Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, ou
seja, os chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os
movimentos. Alguns destes movimentos têm características que garantem a
sobrevivência da criança, tais como a sucção e a respiração, que são respostas não
aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais movimentos reflexos tendem a
desaparecer em poucos meses de vida.

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Fonte: espacodomquixote.com.br

Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende a


sentar, a engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual
depende do desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se
desenvolvem no período de bebê, a visão fica permanentemente perdida. As redes
neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já as que não são utilizadas são
eliminadas.
As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de duas
formas, uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas durante o
desenvolvimento são aquelas que correspondem às mudanças numéricas ou de
quantidade como, por exemplo, o peso e a altura da pessoa, aquilo que se pode
mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças qualitativas são aquelas que ocorrem
no nível de estrutura ou organização. São marcadas pelo surgimento de novos
mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem à criança se adaptar aos novos
desafios que lhe são impostos.
Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se considerar
os aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir das mudanças no
sujeito. Direta ou indiretamente, as tradicionais áreas da Psicologia da Educação
têm estudado e pesquisado situações que possam ser relacionadas à
aprendizagem. Pode-se considerar como Teorias da Aprendizagem os diversos
modelos existentes que procuram explicar o processo de aprendizagem nos
indivíduos.
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Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o
processo de aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na
educação são as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A
Epistemologia Genética desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da
experiência com crianças desde o nascimento até a adolescência, tendo como
premissa o fato de que o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito
com seu meio, a partir de estruturas existentes. Já os estudos de Vygotsky se
baseiam na dialética das interações do sujeito com o outro e com o meio para que
possa ocorrer o desenvolvimento sócio cognitivo.
A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a filosofia
e a biologia, supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se originava da
adaptação da criança ao seu ambiente, e assim buscando promover sua
sobrevivência por meio da tentativa de aprender sobre seu ambiente. Isso
transforma a criança em alguém que busca o conhecimento e a compreensão do
mundo, mas com uma característica importante para Piaget, que é o fato da criança
operar sobre este mundo.
O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são estruturas
indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos entre outras
coisas. Sendo assim, estes esquemas permitem que o ser humano organize e
interprete as informações sobre o mundo. Na memória do ser humano (memória de
longo prazo) existem esquemas para conceitos como livros ou cachorros; esquemas
para eventos, como ir a um restaurante; e esquemas para ações, como andar de
bicicleta.
Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos
estágios desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma diferença
básica entre estes dois autores. Para Piaget a estruturação do organismo ocorre
antes do desenvolvimento, já para Vygotsky, o desenvolvimento das estruturas
mentais superiores é gerado a partir do processo de aprendizagem do sujeito.
Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A
aprendizagem ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou as
pessoas mais próximas da criança. A cultura influencia tanto quanto os processos do
desenvolvimento cognitivo infantil, pelo fato de que o desenvolvimento acontece
dentro deste contexto cultural.

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No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o sujeito
apresenta, no seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações e desafios
que lhes são impostos durante sua interação com o meio. Atualmente, a
aprendizagem é compreendida como um processo global, dinâmico, contínuo,
individual, gradativo e cumulativo.
De acordo com as características escolares, há a necessidade de que o aluno
seja um processador ativo da informação que lhe é transmitida, não basta apenas
ser um receptor passivo do conhecimento, o aluno precisa decodificar o que lhe é
ensinado e assim absorver este conhecimento. São duas as principais teorias da
aprendizagem: o Behaviorismo e a Teoria da aprendizagem social, mas pode-se
considerar o Construtivismo também como uma das mais importantes atualmente.
De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do sujeito
é passível de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta abordagem
ocorreu com John Watson (1878-1958) e Ivan Pavlov (1849-1936), porém o
estabelecimento dos princípios e da Teoria são creditados à Burruhs Skinner (1904-
1990), fato que representa uma renovação do comportamentalismo watsoniano.
Uma das pesquisas mais notável de Skinner é a respeito dos diferentes programas
de reforço que foram desenvolvidos a partir da “Caixa de Skinner”, em que o papel
necessário do reforço no comportamento operante foi demonstrado a partir das
experiências com a pressão na barra pelo rato, que recebia comida toda vez que
dava a resposta correta. Mas Skinner deixou claro que o reforço do mundo real nem
sempre é consistente ou contínuo, no entanto, a aprendizagem ocorre e os
comportamentos persistem, ainda que reforçados só intermitentemente.
Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e com
isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O ambiente passa
a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser produto do meio.
No aspecto do ensino, ao se seguir as características do Behaviorismo, é
preciso preparar e organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição
dos esquemas e dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse planejamento e
organização das contingências ficaria a cargo do professor. As pesquisas
comportamentais concentram-se na aprendizagem associativa, em que se forma
uma ligação mental entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem associativa são o
condicionamento clássico e o condicionamento operante

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Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento clássico é
que uma pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um estímulo que
originalmente não a provocava, depois que o estímulo é repetidamente associado a
outro que provoca a resposta. Este tipo de aprendizagem foi descrito inicialmente a
partir dos estudos de Pavlov em seus estudos com cães, que aprendiam a salivar
quando ouviam uma sineta que tocava na hora da alimentação.
O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um
comportamento originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma
resposta condicionada, ou seja, o sujeito aprende com as consequências de “operar”
sobre o ambiente. A partir dos estudos com ratos e pombos, Skinner afirmava que
os mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres humanos. Com isso,
chegou à conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que foi reforçada,
e ao contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida.
Em contrapartida surge a Teoria da Aprendizagem Social, que tem como
característica considerar que as crianças aprendem comportamentos sociais a partir
da observação e imitação de modelos. Tem como seu principal representante Albert
Bandura (1925), e pode ser considerada uma forma de comportamentalismo menos
extrema que a de Skinner, que reflete e reforça o impacto do interesse renovado
pelos fatores cognitivos.
Outra diferença é que a Teoria da Aprendizagem Social considera o aprendiz
como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o ambiente, e em até certo ponto,
cria o ambiente.
A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e
modificado em situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas.
Reconhece a importância da cognição, consideram as respostas cognitivas às
percepções, em vez de respostas basicamente automáticas ao reforço ou à punição,
como centrais para o desenvolvimento.

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Fonte: www.maleshok.ru

Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem


depende do que elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o
reforço está presente, e a criança pode aprender determinado tipo de
comportamento na ausência de reforço diretamente vivenciado. Com isso, aprende-
se pela observação do comportamento e das consequências deste comportamento
de outra pessoa.
Consequentemente, esta capacidade de aprender pelo exemplo supõe a
aptidão de antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras
pessoas e ainda não vivenciadas.
As pesquisas de Bandura sobre a auto eficácia trouxeram discussões sobre
uma forma de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Essa auto eficácia
seria o sentido de autoestima ou de valor próprio de um sujeito, a sensação de
adequação e eficiência em tratar dos problemas da vida. Sujeitos com auto eficácia
elevada apresentam a capacidade de lidar com todos os eventos de sua vida, eles
esperam superar obstáculos e, como resultado, buscam desafios, perseveram e
mantêm um alto nível de confiança em sua aptidão para ter êxito.
A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é
compreendido como a corrente teórica da educação que explica como a inteligência
humana se desenvolve. Neste ponto, suas discussões são construídas partindo do
princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações
mútuas entre indivíduo e meio.

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É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética de
Jean Piaget e da Teoria Sócio--histórica de Lev Vygotsky. Estas influências levaram
à crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito
passivo no mundo.
Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o homem é capaz de agir sobre
estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Quanto mais
ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva.
De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito tem
que agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, agrupá-
los, combiná-los, separá-los e juntá-los.
Neste sentido, o conhecimento não é nem uma cópia interior dos objetos, ou
acontecimentos do real, nem meros reflexos desses objetos e acontecimentos que
se imporiam ao sujeito.
Partindo deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante busca
do significado das coisas. Esse significado é construído a partir da globalidade e das
partes que constituem aquilo que se quer conhecer. Como ponto fundamental de
aprendizagem, aprender é construir o seu próprio significado e não encontrar
respostas certas dadas por outra pessoa.

3. LINGUAGEM E PENSAMENTO

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Fonte: www.escolapsicologia.com

Só os seres humanos utilizam a palavra para se comunicar. Ninguém nasce


falando, porém, nossa capacidade de linguagem começa logo após este fato.
Independente da cultura, ou do idioma, as crianças passam pelas mesmas etapas
de desenvolvimento da linguagem.
Os bebês não falam, mas de alguma forma se comunicam, e isso se dá pelo
choro, seja porque estão com fome, ou porque estão com dor. Por volta dos 6 ou 7
meses começam os primeiros balbucios, que são repetições rítmicas de várias
sílabas. Ao longo dos próximos meses essas sílabas começam a evoluir para cada
vez mais próximo das palavras da língua nativa da criança.
As primeiras palavras surgem por volta do primeiro ano de vida, sendo estas
dirigidas aos cuidadores e objetos de seu dia a dia. Após um tempo, ocorre a
superextensão que é a aplicação de uma palavra recentemente aprendida a objetos
que não estão incluídos no seu significado, e também ocorre a subextensão, que é a
incapacidade de aplicar a nova palavra a objetos que estão incluídos no seu
significado.
O próximo passo do desenvolvimento da palavra é a combinação das
palavras em frases, e isso ocorre por volta dos 18 e os 24 meses (fala telegráfica).
Dizem frases de duas palavras, constituídas na maioria das vezes por verbos e
substantivos.
A criança não consegue desenvolver uma fala normal sem a exposição à fala
humana, por isso os cuidadores são fundamentais para este processo, sendo que as
experiências vividas pela criança desempenham papel importante na aquisição da
linguagem. Por essas e outras, há razões para se acreditar que tanto a natureza
quanto o ambiente fornecem influências interativas no processo de desenvolvimento
da linguagem.
Durante o desenvolvimento infantil, o marco exclusivo do ser humano é a
linguagem. Vygotsky (1978) coloca o uso da linguagem como central em tudo o que
o sujeito aprende. Todo o processo de desenvolvimento ocorre com as crianças
ouvindo a fala de outras pessoas, na maioria das vezes os pais. A aprendizagem
ocorre quando as palavras ouvidas migram para o interior e assim se tornam a fala
dirigida a si mesma.

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Linguagem e comunicação estão ligadas, envolvendo manifestações
complexas e diversas da personalidade do ser humano. A comunicação é feita por
intermédio dos sinais e símbolos utilizados pela linguagem, neste caso há sempre
um transmissor da mensagem, a mensagem propriamente dita, e um receptor.
A capacidade de utilizar a linguagem como meio de comunicação avança
rapidamente, com as primeiras palavras as crianças adquirem a capacidade de
“querer” conversar com todo mundo. Mas a comunicação exatamente como se
conhece exige da criança uma capacidade de compreensão de sons, ritmo, e a
formação de frases gramaticalmente corretas. Além disso, compreender o
significado das palavras é essencial.
A linguagem tem a capacidade de possibilitar a formação de uma consciência
social, pois ela assegura uma adaptação comum, dos membros da comunidade à
realidade exterior, permitindo assim ao indivíduo atualizar os seus conceitos,
formular ideias comuns que irão facilitar a comunicação com outras pessoas e com o
meio ambiente.
Durante seus estudos, Piaget demonstra justamente o que foi dito
anteriormente, pois a diferença encontrada por ele entre o pensamento infantil e o
pensamento adulto era mais qualitativa do que quantitativa. Por isso, não é a
quantidade de fala que a criança apresenta, mas sim a capacidade de compreensão
do que está dizendo que faz com que ela evolua no processo de desenvolvimento
de sua linguagem.
Assim como Griggs (2009), Belsky (2010) apresenta alguns desafios da
linguagem que a criança deve superar ao longo do desenvolvimento da linguagem.
São cinco tipos de desafios que indicam as características da fala em cada estágio:
fonemas, morfemas, sintaxe, semântica, super-regularização, e super/subextensão.
Vamos às características principais de cada um destes estágios:
- Fonemas: são sons individuais das palavras e a criança tem dificuldade para
articular sons, e só consegue articular fonemas isolados.
- Morfemas: é a menor unidade de significado em um determinado idioma, por
exemplo, a palavra meninos contém dois morfemas: menino e o sufixo do plural “s”.
- Sintaxe: é o sistema de regras gramaticais de um determinado idioma, é um
momento em que a criança comete erros na aplicação de regras gramaticais para
formar frases.

20
- Semântica: mudanças mais surpreendentes, pois é o momento em que se
começa a compreender o significado das palavras, as crianças passam de um
vocabulário de três ou quatro palavras quando na idade de 1 ano para cerca de
10.000 palavras em torno dos 6 anos.
- Super-regularização: os erros mais evidentes nas crianças são a respeito do
uso dos plurais nas palavras e também das noções temporais.
Super/subextensão: a superextensão ocorre quando as crianças utilizam
excessivamente um rótulo verbal, por exemplo, chamar todos os idosos do sexo
masculino de vovô. Já a subextensão se caracteriza por a criança tornar categorias
de substantivos demasiado estreitas, como considerar que apenas o seu animal de
estimação é um cão, os outros cães da vizinhança devem ser chamados de outra
forma.

Fonte: www.ibccoaching.com.br

A linguagem funciona como um processo de afirmação do “eu” em relação


aos “outros”, sendo este um dos motivos por se considerar importante o diálogo e a
comunicação na humanidade. Sendo a linguagem como um conjunto de sinais
intencionalmente expressivos, ela é considerada um instrumento de pensamento, de
expressão emocional e de interação social.
Vygostky apresenta em seu livro “Pensamento e Linguagem” alguns aspectos
da teoria de William Stern sobre o desenvolvimento da linguagem. Stern distingue
três raízes da fala, a tendência expressiva, a social e a intencional. As duas

21
primeiras são consideradas a base dos rudimentos de fala que podem ser
observadas entre os animais, porém a terceira é especificamente humana. A
intencionalidade seria, neste contexto, uma meta voltada para um determinado
conteúdo ou significado.
Independente da abordagem utilizada para estudar a relação entre
pensamento e fala, há a necessidade de se considerar o estudo da fala interior. A
fala egocêntrica descrita por Piaget apresenta a função de acompanhar a atividade
da criança, bem como função de descarga emocional e função planejadora,
transformando-se em pensamento propriamente dito. A fala egocêntrica é a fala
interior, é a fala em sua trajetória para a interiorização, ligada à organização do
comportamento da criança. Exemplo que pode ser expresso quando uma criança de
3 anos diz “Não toque! ” Enquanto se aproxima do fogão.
A interiorização da fala ocorre porque sua função muda. Seu desenvolvimento
deveria ter três fases, de acordo com Vygotsky: fala exterior, fala egocêntrica, fala
interior. Coloca ainda que o desenvolvimento da fala segue a mesma direção e
obedece às mesmas leis que permeiam o desenvolvimento das outras operações
mentais que envolvem o uso de signos, exemplos dessas operações mentais são o
ato de contar e a memorização mnemônica. São quatro os estágios que podem ser
atribuídos ao desenvolvimento dessas operações, e serão descritos agora.
O primeiro deles é o estágio natural ou primitivo, que corresponde à fala pré-
intelectual e ao pensamento pré-verbal. Em seguida, advém o estágio chamado de
psicologia ingênua que surge da experiência da criança com as propriedades físicas
de seu próprio corpo e dos objetos que estão a sua volta, bem como da aplicação
dessa experiência ao uso de instrumentos. O terceiro estágio surge da acumulação
gradual da experiência psicológica ingênua e tem como característica os signos
exteriores, ou seja, operações externas que são auxiliares na solução de problemas
internos. Uma característica marcante neste estágio é a criança contar com o auxílio
dos dedos, e no desenvolvimento da fala este estágio se caracteriza pelo uso da fala
egocêntrica.
O quarto e último estágio é chamado de crescimento interior. Ocorre a
interiorização das operações externas e passam por uma profunda mudança no
processo. Tem como características a capacidade da criança em contar
mentalmente, operando com relações extrínsecas e signos interiores.

22
No desenvolvimento da fala este estágio corresponde ao estágio final da fala
interior, silenciosa. Em relação à forma, a fala interior pode se aproximar muito da
fala exterior, ou mesmo tornar-se igual a esta, quando serve de preparação para a
fala exterior, por exemplo, quando um palestrante repassa mentalmente a
conferência que irá proferir.
Ao contrário do que muitos psicólogos pensam, a linguagem interior não é
simplesmente uma linguagem para si. No ato intelectual, a tomada de decisão
transcorre muito rapidamente, às vezes em décimos de segundos. Com essa
velocidade se torna impossível dizer a si mesmo toda uma frase e muito menos todo
um raciocínio.
Durante o estudo genético do pensamento e da fala, a relação entre ambos
apresenta algumas mudanças, não sendo um progresso paralelo. O pensamento e a
palavra não são ligados por um elo primário. Ao longo da evolução do pensamento e
da fala, tem início uma conexão entre ambos, que depois se modifica e se
desenvolve. Porém, o autor acrescenta que o significado de uma palavra representa
uma relação tão estreita do pensamento e da linguagem, que é difícil dizer se é um
fenômeno da fala ou um fenômeno do pensamento.
A palavra determina e isola um significado, ela envolve organização de
pensamento e direção dos processos mentais para um fim ou propósito
estabelecido. Para que a palavra possa funcionar como um estímulo mental e
elaboração do pensamento, ela precisa possuir conteúdo afetivo, ou seja, deve ter
significado.
A comunicação direta entre duas mentes é impossível, esta comunicação
ocorre de forma indireta, ou seja, primeiro o pensamento deve passar pelos
significados e depois pelas palavras. O pensamento é gerado pela motivação, pelos
desejos e pelas necessidades do sujeito. Assim, para compreender a outra pessoa,
não basta apenas entender as palavras que são ditas. Há a necessidade de
compreender o seu pensamento. Mas em algumas situações nem isto é o suficiente,
pois pode ser necessário compreender a motivação desta pessoa.
E os deficientes auditivos? Como fica a relação linguagem X pensamento
nestes sujeitos? Os deficientes auditivos são destituídos de linguagem, e são
exemplo de pensamento sem linguagem. Considerando pessoas que trabalham com
arte, criação, essas dizem que em muitos de seus momentos mais inspirados,
pensam com imagens mentais, se não com palavras.
23
A partir do exposto, e segundo as discussões realizadas principalmente por
Vygotsky, é possível considerar que o desenvolvimento do pensamento é
determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela
experiência social e cultural do sujeito em questão. A compreensão das relações
entre a linguagem e o pensamento é essencial para se entender o processo de
desenvolvimento intelectual. A linguagem não pode ser considerada apenas uma
expressão do conhecimento adquirido, a inter-relação existente entre pensamento e
linguagem resulta em proporcionar recursos mútuos. A linguagem tem função
essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo.
A comunicação é a base de todo progresso e a educação sem ser
comunicação deixa de ter sentido, pois o indivíduo se desenvolve e se atualiza na
medida em que se comunica com os outros.

4. O CONCEITO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Fonte: www.abrapso.org.br

O interesse pela educação, suas condições e seus problemas, foi sempre


uma constante entre filósofos, políticos, educadores e psicólogos.
Com o desenvolvimento da Psicologia como Ciência e como área de atuação
profissional, no final do século XIX, várias perspectivas se abriram, fato que também
ocorreu à chamada Psicologia Educacional.
24
Durante as 3 primeiras décadas do século XX a psicologia aplicada à
educação teve enorme desenvolvimento. Nos EUA destacava-se a necessidade de
um novo profissional, capaz de atuar como intermediário entre a psicologia e a
educação.
Três áreas destacaram-se: as pesquisas experimentais da aprendizagem; o
estudo e a medida das diferenças individuais; psicologia da criança.
Até a década de 50, a Psicologia da educação aparece como a 'rainha' das
ciências da educação.
Seu conceito: uma área de aplicação da psicologia na educação. Psicologia
Educacional era um ramo especial da Psicologia, preocupado com a natureza, as
condições, os resultados e a avaliação e retenção da aprendizagem escolar. Ela
deveria ser uma disciplina autônoma, com sua própria teoria e metodologia.
Durante a década de 50, o panorama muda. Começa-se a duvidar da
aplicabilidade educativa das grandes teorias da aprendizagem, elaboradas durante a
1ª metade do século XX. Prenuncia-se uma crise ...
Surgem outras disciplinas educativas tão importante a educação quanto a
psicologia, e esta precisa ceder espaço.
Na década de 70, assume o seu caráter multidisciplinar, que conserva até
hoje. Não mais é considerada como a psicologia aplicada a Educação.
Atualmente, a Psicologia da Educação é considerada um ramo tanto da
Psicologia como da Educação, e caracteriza-se como uma área de investigação dos
problemas e fenômenos educacionais, a partir de um entendimento psicológico.

4.1- Conceito de Psicologia da Educação:

Quando se fala, hoje, em 'Psicologia da Educação', vários termos são


utilizados indiscriminadamente como sinônimos, tais como: psicopedagogia,
psicologia escolar, psicologia da educação, psicologia da criança, etc. A lista poderia
ser alongada.
Esta imprecisão na linguagem, e esta confusão entre disciplinas ou atividades
não são exatamente passíveis de sobreposição, pois cada qual têm suas definições
e limitações.

25
A Psicologia da Educação tem por objeto de estudo todos os aspectos das
situações da educação, sob a ótica psicológica, assim como as relações existentes
entre as situações educacionais e os diferentes fatores que as determinam.
Seu domínio é constituído pela análise psicológica de todas as facetas da
realidade educativa e não apenas a aplicação da psicologia à educação.
Seu maior objetivo é constatar ou compreender e explicar o que se passa no
seio da situação de educação. Por isso, tanto psicólogos quanto pedagogos podem
possuir tal especialização profissional.
A Psicologia da Educação faz parte dos componentes específicos das
ciências da Educação, tal como a sociologia da educação ou a didática. Compõem
um núcleo, cuja finalidade é estudar os processos educativos.
Atualmente, rejeita-se a ideia de que a Psicologia da Educação seja resumida
a um simples campo de emprego da Psicologia; ela deve, ao contrário, atender
simultaneamente aos processos psicológicos e às características das situações
educativas.
 Ela estuda os processos educativos com tripla finalidade:
 Contribuir à elaboração de uma teoria explicativa dos processos
educativos – nível teórico;
 Elaborar modelos e programas de intervenção - nível tecnológico;
 Dar lugar a uma prática educativa coerente com as propostas teóricas
formuladas -nível prático.

4.2- Definição de Psicopedagogia:

Especialização dentro da Pedagogia e/ou Psicologia que trata dos distúrbios


de aprendizagem (crianças que possuem dificuldades para aprender).

4.3- Definição de Psicologia da Criança:

Também chamada de Psicologia Evolutiva ou Psicologia do Desenvolvimento


Humano, estuda as leis gerais da evolução da criança, as sucessivas etapas de seu
desenvolvimento nas quatro grandes áreas: cognitiva, afetiva, social e psicomotora.

26
4.4- Aprendizagem informal e formal

Fonte: ec.europa.eu

Aprendizagem é a aquisição de novos comportamentos, que são


incorporados ao repertório individual de cada pessoa, que deverá apresentar, desse
modo, capacidades e habilidades não existentes anteriormente. Além de adquirir
comportamentos novos, através da aprendizagem, uma pessoa poderá também
modificar comportamentos anteriormente adquiridos.
Aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já
maturo, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma
mudança de comportamento em função da experiência; envolve os hábitos que
formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores culturais,
além dos fenômenos que ocorrem na escola.
A aprendizagem é parte de um processo social de comunicação - a educação
- e apresenta os seguintes elementos:
 Comunicador ou emissor: professor, enquanto transmissor de
informações ou agente do conhecimento. O comunicador tem uma
participação ativa no processo educativo, devendo estar motivado e ter
pleno conhecimento da mensagem que irá transmitir a seus alunos.

27
 Mensagem: conteúdo educativo, conhecimentos e informações a
serem transmitidas. A mensagem deve ser adequada, clara e precisa
para ser bem entendida.
 Receptor da mensagem: aluno. O receptor não tem um papel passivo;
deve ser um construtor crítico dos conhecimentos e informações que
lhe são transmitidos.
 Meio ambiente: meio escolar, familiar e social, onde se efetiva o
processo de ensino-aprendizagem. O meio ambiente deve ser
estimulador da aprendizagem e propício ao bom desenvolvimento do
processo educativo.
 Aprendizagem significativa: é interessante destacar que não basta
apenas 'ensinar'; é preciso oportunizar aos nossos educandos uma
aprendizagem significativa. Ou seja, para que a aprendizagem
provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez
mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação
entre o que está aprendendo e a sua vida, sendo capaz de reconhecer
as situações em que aplicará o novo conhecimento.
Como medir a aprendizagem? Como a aprendizagem se concretiza em
termos de comportamento, para avaliar o que alguém aprendeu é preciso observar o
seu desempenho. Esta é a concepção das escolas mais tradicionais, onde a 'prova'
era a única capaz de verificar o aprendizado, inferindo sobre sua ocorrência.
Mas será esta a melhor e mais fidedigna maneira de verificar o aprendizado?
Atualmente, têm-se realizado importantes mudanças no modo de pensar em relação
à aprendizagem escolar, tendo como resultados esforços para combinar várias
interpretações. A prova já não parece mais tão fidedigna assim, pois ela pode
representar uma mudança temporária de comportamento e não uma mudança
duradoura.
Estamos permanentemente em estado de aprendizagem. O declínio da curva
se dá porque começa a haver um enfraquecimento neuro-hormonal no indivíduo.
Devido a esse enfraquecimento alguns envelhecem mais cedo, enquanto outros
permanecem perfeitamente lúcidos até uma idade muito avançada.

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4.5- Ensino X Instrução

Fonte: nova-escola-producao.s3.amazonaws.com

ENSINAR: fazer com que as pessoas aprendam; fazer com que outros
saibam, adquiram conhecimentos ou mudem atitudes. A aprendizagem é seu
produto final.
INSTRUIR: manipular deliberadamente o ambiente de outros, para torná-lo
capaz de aprender, sob condições específicas (aprendizagem escolar). Este é um
conceito ultrapassado.
Desta diferença entre ensinar e instruir, pode-se dizer que existem dois tipos
de aprendizagem: informal e formal.
Aprendizagem Formal: processo que é direcionado, orientado e previamente
planejado e organizado (sala de aula); advém da instrução.
Aprendizagem Informal: processo que é de natureza incidental, não-dirigido, e
carente de controle. Resultam da experiência no ambiente de vida (fora da escola);
advém do ensino.
A Psicologia da Educação exerce seu papel mais relacionada à aprendizagem
formal.

29
4.6- Modelos de Ensino Formal:

Um modelo de ensino formal inclui um conjunto de procedimentos para que


se realize o ensino.
Pode resumir-se em seus componentes fundamentais: professor, aluno e
conteúdo.
Existem 4 modelos básicos:
 Modelo Clássico: ênfase dada no professor, enquanto um transmissor
de conteúdo. A educação consiste em transmissão de ideias
selecionadas, organizadas e não de acordo com o interesse do aluno.
O aluno é apenas um recipiente passivo.
 Modelo Tecnológico: ênfase na educação como transmissora de
conteúdo; o conteúdo é o centro do processo. O aluno é um recipiente
de informações. A educação se preocupa com aspectos observáveis e
mensuráveis e o professor é o responsável por essa concretização.
 Modelo Personalizado: ênfase no aluno. O ensino se processa em
função do desenvolvimento e interesse dos alunos. A educação é um
processo progressivo e o professor oferece assistência ao aluno,
enquanto um facilitador da aprendizagem.
 Modelo Interacional: apresenta um equilíbrio entre os componentes do
modelo. O professor cria um clima de diálogo e troca experiências e
valores com seus alunos. O conteúdo consiste na análise crítica de
problemas reais e sociais. O aluno é ativo em sua aprendizagem.

4.7- Domínios da aprendizagem

A aprendizagem abrange 3 domínios fundamentais: intelectual ou cognitivo;


afetivo-social; sensório- psiconeurológico.
A inteligência e a idade mental (e não a cronológica) são domínios decisivos à
aprendizagem humana.
Inteligência: capacidade de interagir com o meio ambiente e adaptar-se a ele;
se desenvolve através de fases, ao longo da vida, que se sucedem em uma mesma
ordem, mas devido as diferenças individuais, podem ser alcançadas em idades
diferentes para cada pessoa, dependendo do ritmo de desenvolvimento.
30
As pessoas são todas diferentes e únicas. As diferenças são determinadas
pelas influências genéticas, bioquímicas de seu próprio organismo e por estímulos
do ambiente em que vivem, bem como pela interação de todas as experiências
sociais que tiveram desde o nascimento.
A personalidade de cada indivíduo vai se formando/se desenvolvendo;
portanto, cada aluno que chega a escola/universidade já possui sua personalidade
bem definida.
As características psicológicas momentâneas, tais como o humor, as
emoções e os sentimentos, também são domínios fundamentais à aprendizagem
humana. Da mesma forma, um certo amadurecimento social (relacionamento
interpessoal e intrapessoal) é elemento igualmente importante neste processo de
ensino-aprendizagem.
A integração das funções neuropsicológicas é fundamental à aprendizagem.
Para tanto, a estimulação é comprovadamente importante, já que crianças que
viveram seus primeiros anos de vida em ambientes pobres de estímulos sofreram
danos graves de desenvolvimento, principalmente em seus elementos sensoriais
(audição, visão, tato, gustação, olfato), neurológicos (maturação neurológica),
psicomotores (esquema corporal, lateralidade, equilíbrio) e linguísticos (fala).

4.8- Princípios da aprendizagem

1º princípio: “universalidade” - a aprendizagem é co-extensiva à própria vida,


ocorre durante todo o desenvolvimento do indivíduo. Na vida humana a
aprendizagem se inicia antes do nascimento e se prolonga até a morte.
2º princípio: A aprendizagem é um processo constante/contínuo.
3º princípio: “gradatividade” - A aprendizagem é gradual, isto é, aprende-se
pouco a pouco.
4º princípio: “processo pessoal/individual” - cada indivíduo tem seu ritmo
próprio de aprendizagem (ritmo biológico) que, aliado ao seu esquema próprio de
ação, irá constituir sua individualidade. Por isso, tem fundo genético e também
ambiental, dependendo de vários fatores: dos esquemas de ação inatos do
indivíduo; do estágio de maturação de seu sistema nervoso; de seu tipo psicológico
constitucional (introvertido ou extrovertido); de seu grau de envolvimento; além das
questões ambientais.
31
5º princípio: “processo cumulativo” - as novas aprendizagens do indivíduo
dependem de suas experiências anteriores. As primeiras aprendizagens servem de
pré-requisitos para as subsequentes. Cada nova aprendizagem vai se juntar ao
repertório de conhecimentos e de experiências que o indivíduo já possui, indo
construir sua bagagem cultural.
6º princípio: “processo integrativo e dinâmico” - esse processo de acumulação
de conhecimentos não é estático. A cada nova aprendizagem o indivíduo reorganiza
suas ideias, estabelece relações entre as aprendizagens, faz juízos de valor.

4.9- Fatores que influenciam na aprendizagem

Saúde física e mental: para que seja capaz de aprender, a pessoa deve
apresentar um bom estado físico geral; deve estar gozando de boa saúde, com seu
sistema nervoso e todos os órgãos dos sentidos. As perturbações na área física,
como na sensorial e na área nervosa poderão constituir-se em distúrbios da
aprendizagem. Febre, dores de cabeça, disritmias (ausências mentais) são
exemplos disto.
 Motivação: é o fator de querer aprender; o interesse é a mola
propulsora da aprendizagem. O indivíduo pode querer aprender por
vários motivos: para satisfazer a sua necessidade biológica de
exercício físico e liberar energia; por ser estimulada pelos órgãos dos
sentidos, através de cores alegres; por sentir-se inteligente e bem
consigo mesmo ao resolver uma atividade mental; por sentir
necessidade de conquistar uma boa classificação na escola (status
social e pessoal, admiração).
 Prévio domínio: domínio de certos conhecimentos, habilidades e
experiências anteriores, possuindo relativa vantagem em relação aos
que não os possuem.
 Maturação: é o processo de diferenciações estruturais e funcionais do
organismo, levando a padrões específicos de comportamento. A
maturação neurológica se dá por etapas sucessivas e na mesma
sequência (Leis céfalo-caudal e Próximo-distal). A maturação cria
condições à aprendizagem, havendo uma interação entre ambas.

32
 Inteligência: capacidade para assimilar e compreender informações e
conhecimentos; para estabelecer relações entre vários desses
conhecimentos; para criar e inventar coisas novas, com base nas já
conhecidas; para raciocinar com lógica na resolução de problemas.
 Concentração e atenção: capacidade de fixar-se em um assunto/tarefa.
Desta capacidade dependerá a facilidade maior ou menor para
aprender.
 Memória: a retenção da aprendizagem é aspecto essencial à
aprendizagem, pois quando a pessoa precisar de um conhecimento ela
deverá ser capaz de resgatá-los da memória, usando os
conhecimentos anteriormente adquiridos. No entanto, quem aprende
está sujeito a esquecer o que aprendeu. O esquecimento se dá por
vários motivos: pela fragilidade ou deficiência na aprendizagem,
causada por estudo ineficiente, falta de atenção; pela tentativa de
evocação do fato memorizado através de um critério diferente do
usado na fixação da aprendizagem; pelo desuso das informações; por
um componente emocional que não permite a memorização da
informação ou a 'esconde' no subconsciente.
A aprendizagem é produto de uma interação complexa e contínua entre
hereditariedade e o meio ambiente. Este processo pode ser influenciado tanto na
vida pré-natal como na vida pós-natal. As causas podem ser inúmeras: químicas,
físicas, imunológicas, infecciosas, familiar, afetivas e socioeconômicas.
Os elementos hereditários que influenciam na aprendizagem são chamados
de fatores genéticos e encontram-se na inscrição do programa biológico da pessoa -
herança. Está presente em toda parte: determina o grau de sensibilidade dos órgãos
efetores aos estímulos indutores; condiciona o aparecimento de doenças familiares
capazes de prejudicar a aprendizagem (insônia, depressão, síndrome de down,
asma) e ainda pode indiretamente intervir nos fatores ambientais, garantindo maior
ou menor resistência do organismo aos agravos do meio.
Fatores neuroendócrinos: O hipotálamo é destacado como o local controlador
do sistema endócrino. Podemos considerar o hipotálamo como um centro integrador
de mensagens, controlando a função da glândula hipófise na produção e liberação
dos hormônios de todas as glândulas do organismo e possibilitando a criança
explorar seu potencial genético, de desenvolvimento e de aprendizagem.
33
Neuro-Hormônio Adenocorticotrófico - ACTH: é liberado pelo hipotálamo; sua
secreção acompanha um ritmo circadiano gerado por um ritmo cerebral intrínseco,
ligado a alteração de luz (dia e noite), sono, estresse físico e emocional.
Fatores ambientais: O meio ambiente na qual a pessoa está inserida exerce
influências particularmente poderosas, contribuindo positivamente à realização do
plano genético ou negativamente, apresentando obstáculos.
O ambiente compreende tantas condições da vida material, estando em
primeiro lugar a alimentação e sua utilização (nutrição), quanto pelo ambiente físico
(socioeconômico, estilo de vida) e o ambiente familiar e cultural, cujo elemento
fundamental é constituído pela relação afetiva primária e o estímulo materno.
Na interação da hereditariedade e do meio ambiente, quando o meio é normal
e favorável pode-se calcular que 80 a 90 % da variabilidade natural da espécie
humana, nos limites da normalidade, se realizam segundo o programa genético pré-
determinado, entretanto, quando o meio é desfavorável e heterogêneo, a
hereditariedade pode cair a 60 %.
Nutrição: Em relação a alimentação, o leite é a nutrição natural inicial para
todos, e a qualidade desse leite tem condições para satisfazer o potencial genético
ao crescimento e à aprendizagem. A alimentação saudável é a balanceada, com
proteína suficiente, além da presença de hidratos de carbono, gorduras, sais
minerais e vitaminas.
É preciso ter presente que só o crescimento consome 40% das calorias
fornecidas à criança. Deve-se fornecer energia à criança para atender às
necessidades de metabolismo basal; ação dinâmico-específica dos alimentos; perda
calórica pelos excreta; atividade muscular; crescimento. Para que a aprendizagem
também seja beneficiada, a nutrição do indivíduo deve ser balanceada e saudável.
Essa energia é, então, transmitida através dos macro nutrientes: Vitaminas;
proteínas; hidratos do carbono; sais minerais; gorduras.
Dois aspectos relacionados a alimentação que exercem influências:
 A superalimentação: aceleração e envelhecimento precoces do
crescimento; variáveis psicológicas.
 A subalimentação: quando é global (fornecimento calórico abaixo de
1/3), o crescimento é bloqueado de forma completa. Quando a
sobrevida é possível, se traduz pelo aspecto clínico de marasmo.
Quando se refere especificamente sobre a proteína, continuando o
34
fornecimento calórico global tolerável, o crescimento estatural é
bloqueado - desnutrição proteica.
Variáveis sócio-econômico-culturais: As variáveis socioeconômicas exercem
importante influência: renda per capita, a idade dos pais, o tamanho da família,
condições de habitação e saneamento, escolaridade, higiene; cultura dos pais (influi
na alimentação da criança).
Dada a melhoria nas condições de vida, tais como a urbanização, melhoria
nos cuidados médicos, maior ingestão alimentar de nutrientes, vestuário menos
restritivo, entre outros fatores, existe uma forte tendência para que as crianças das
gerações que nos sucedem alcancem uma maturação mais cedo.
Esta tendência de aceleração secular pode ser vista nos estudos de Monteiro
(1996), que demonstra que as crianças brasileiras estão maturando cada vez mais
cedo, em todas as classes sociais, onde as regiões sul e sudeste do país são as que
mais crescem.

4.10- Família e os fatores psicossociais

Outro aspecto importante, diz respeito ao ambiente familiar, que comporta


elementos diversos, de ordem psicológica particular, mas também de ordem cultural
segundo o nível intelectual, os conhecimentos adquiridos através dos pais, a
herança dos costumes, etc. Acima de tudo, intervém a relação afetiva precoce da
mãe com a criança desde os primeiros instantes da vida.
A qualidade dessa ligação afetiva condiciona em grande parte o
relacionamento da mãe e, consequentemente, a qualidade de sua conduta com a
alimentação, proteção física, estímulo psíquico e cultural da criança.
A carência afetiva consiste na falta de carinho e de solicitação afetiva
materna, perturbando ou mesmo impedindo o vínculo mãe e filho, determinando o
aparecimento de uma síndrome complexa com reflexos no seu desenvolvimento
neuropsicomotor, no crescimento e no estado emocional, e por consequência, na
aprendizagem.

35
4.11- O professor e o processo de ensino-aprendizagem

Quando inserido no processo de ensino-aprendizagem (sala de aula), o


professor poderá vir a assumir vários papéis sociais.
A Psicologia da Educação, após longos anos de pesquisa a respeito deste
assunto, identificou alguns papéis claros, assumidos por professores em seu
trabalho diário junto a uma classe de alunos.
Grupo de papéis Negativos:
 Bode expiatório: sente-se alvo de hostilidades, recusado por seus
alunos; perde sua estabilidade emocional. Requer uma grande dose de
segurança interior para aceitar esta situação e ainda permanecer no
posto. Este professor poderá ter 2 tipos de comportamento: a contra
hostilidade e a necessidade de constante submissão para com a
vontade de seus alunos para ser aceito.
 Inspetor e disciplinador: sente-se o distribuidor e o executor da justiça;
valoriza desempenhos, classifica alunos, promove-os e rebaixa-os. É o
grande responsável pela conduta em sala de aula, faz o papel de
inspetor. Julga o certo e o errado, administrando recompensas e
punições.
Grupo de papéis Autoritários:
 Substituto da autoridade paterna: assume o papel de orientador dos
alunos, orientando a todos de igual maneira. Não é nem paternalista
demais, nem rígido demais. Mantém um bom e equilibrado nível de
relações afetuosas com todos.
 Fonte de informações: sua função é transferir conhecimentos para os
alunos; é aquele que sabe. Se orienta em termos acadêmicos em sua
abordagem. Forja uma concepção passiva do aluno quando se vê
como o único que sabe tudo.
 Líder de grupo: professor que se coloca como líder. Pode assumir a
liderança do grupo de 2 formas: autocrática ou democrática, ambas
envolvem o sistema de status no grupo.
 Cidadão modelo: sua função vai além de transmitir conhecimentos; se
coloca como mentor moral, ético, social e político de seus alunos. Dá

36
sempre bom exemplo de comportamento social, utilizando-o para
ensinar. Não separa sua vida provada da profissional.
Grupo de papéis de Proteção:
 Terapeuta: é um orientador e higienista mental do grupo; responsável
pela prevenção e ajustamento de problemas, além de promotor de um
meio favorável à aprendizagem; aceita as diferenças e promove aulas
com atmosfera de aceitação emocional. Acredita que a experiência
pessoal e todos os aspectos da vida afetam a aprendizagem.
 Amigo e confidente: é amigo e caloroso, convidando a todos a
confidências e a participar das dificuldades do grupo. Leva tudo ao
plano da amizade pessoal. É acessível e compreensivo, deixando o
aluno contar suas dificuldades e problemas em um meio neutro. O
excesso ocorre quando o professor usufrui satisfação primária à
resposta afetiva do aluno para com ele. Gera-se um conflito entre o
papel de professor e de amigo.

5. CONTRIBUIÇÃO DO PSICÓLOGO NA ESCOLA

Fonte: www.psicologiaexplica.com.br

37
Embora pareça ser claro para os psicólogos a importância de um profissional
de psicologia em assuntos relacionados à educação, isso não é tão evidente para a
maioria das pessoas que associam a Psicologia unicamente com o tema da saúde
mental.
Boa parte das pessoas tem a ideia de que psicólogos são apenas clínicos que
lidam com saúde mental. Aliás, pensam isso na melhor das hipóteses, pois muitas
vezes ainda encontramos pessoas que mantêm o estereótipo (preconceituoso) de
que os psicólogos “trabalham com loucos”.
Embora a formação do Psicólogo no Brasil esteja, na maioria das vezes,
voltada para uma perspectiva mais clínica e de saúde mental, a Psicologia tem muito
a contribuir para os processos educacionais. O Psicólogo é o profissional que
durante sua formação tem a possibilidade de aprender sobre o desenvolvimento
humano, relações interpessoais, e mecanismos e processos de aprendizagem de
modo mais aprofundado. Nesse sentido, é também o profissional que pode contribuir
de muitas maneiras para os processos de ensino e de aprendizagem.
Assim, o Psicólogo Educacional/Escolar pode contribuir com os demais
profissionais envolvidos em atividades educacionais (professores, diretores,
coordenadores, educadores) oferecendo contribuições da Psicologia (do
Desenvolvimento, Aprendizagem, Ensino, Social), para melhorias nos processos de
ensino e de aprendizagem.
O Psicólogo pode atuar em todos os segmentos do sistema educacional,
realizando diagnósticos e intervenções preventivas ou corretivas, em grupos ou de
forma individual. Em sua atuação, deve considerar não apenas os aspectos
individuais dos alunos, mas também aspectos do corpo docente, do currículo,
projetos políticos pedagógicos, métodos de ensino, políticas educacionais e demais
características institucionais.
O psicólogo pode contribuir muito para a educação, mas como bem sabemos
nem todas as escolas (principalmente as públicas) contam com um psicólogo
atualmente. Esse fato que vem sendo tema recorrente de discussões políticas e
acadêmicas tem origens históricas. Aliás, historicamente, a profissão de psicólogo
surge no Brasil por razões educacionais. Os primeiros laboratórios de Psicologia no
Brasil foram criados por pedagogos nas Escolas Normais com fins de pesquisas em
Psicologia Educacional no começo do século XX.

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No entanto, com o passar dos anos e algumas questões que merecem melhor
discussão em outros artigos, a psicologia, no Brasil, foi se afastando aos poucos e
cada vez mais da Educação, deixando vago um espaço em que poderia contribuir de
muitos modos. Uma das críticas que a Psicologia recebeu com relação ao seu
trabalho nas escolas e que fez com que muitos psicólogos se afastassem deste
campo de atuação nos anos 1970 em 1980 foi a de uma prática individualizante e
que culpabilizava exclusivamente os próprios alunos (e suas famílias) por suas
dificuldades de aprendizagem, sem levar em consideração todas as demais
variáveis escolares (como professores e métodos de ensino).
Todas essas críticas foram culminando em muitas mudanças na forma de
compreensão dos problemas escolares e das dificuldades de aprendizagem.
Atualmente a prática em Psicologia Escolar e Educacional é muito diferente daquela
utilizada durante os anos 1970 e 1980. No entanto, a atuação de psicólogos na área
de educação ainda carece de espaço, uma vez que são poucos os psicólogos
escolares em escolas públicas, e mesmo nas escolas particulares ainda são
escassos os espaços para esses profissionais.
É importante ressaltar que o psicólogo pode trabalhar não só com crianças
com dificuldades de aprendizagem, mas também pode auxiliar na formação
continuada de professores, contribuindo, por exemplo, com os conhecimentos de
psicologia da aprendizagem e do ensino, psicologia do desenvolvimento e psicologia
cognitiva para melhorar os processos educacionais.
Os psicólogos em escolas não devem realizar uma prática clínica, isto é, de
tratamento de problemas emocionais, familiares, distúrbios etc., mas devem se
ocupar de uma análise mais macroscópica que busque compreender os processos
educacionais que levam a algumas crianças apresentar dificuldades enquanto outras
não apresentam dificuldades. Essas questões podem ser em virtude de problemas
das crianças sim, mas também podem ser (e na maioria das vezes são) problemas
relacionados a métodos de ensino, professores ou demais condições da escola.
Um bom psicólogo escolar/educacional pode auxiliar na identificação dessas
características e então fornecer alternativas coerentes com a situação escolar como,
por exemplo, realizar horários de orientações com os professores, planejar e
executar projetos educacionais, analisar e orientar sobre métodos de ensino e
propostas pedagógicas, realizar atividades de grupo com as crianças, ou em casos
que sejam necessários realizar atendimento individualizado das crianças.
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Dentre as várias possibilidades de atuação de Psicólogos escolares, eles
podem contribuir para:
 Melhorar o desempenho escolar, a motivação e o engajamento de
alunos;
 Realizar avaliações psicológicas e acadêmicas;
 Monitorar o progresso dos alunos;
 Diminuir os encaminhamentos inadequados para a educação especial;
 Avaliar as necessidades emocionais e comportamentais de estudantes;
 Promover a resolução de problemas e conflitos;
 Planejar programas de educação individualizada apropriadas para
alunos com deficiência;
 Modificar e adaptar currículos e formas de instrução;
 Ajustar as salas de aula e rotinas para melhorar o engajamento dos
alunos e a aprendizagem;
 Comunicar de forma eficaz com os pais sobre o progresso do aluno e
orientá-los sobre questões educacionais;
 Prevenir o bullying e outras formas de violência;
 Avaliar o clima da escola e melhorar a conectividade na escola entre
equipe escolar, alunos e família;
 Reforçar as parcerias Família-Escola;
 Ajudar as famílias a entender as necessidades de aprendizagem e
saúde mental de seus filhos.
A Psicologia pode ajudar e muito nos processos educacionais, sejam dentro
ou fora da escola.
O papel do psicólogo na escola é mostrar aos professores, baseando-se nas
ideias da psicologia sócio histórica, a importância que eles têm para constituir a
personalidade de seus alunos. Ou seja, mostrar-lhes que as suas atitudes, relações,
afetos, comportamentos com eles farão parte do que os constituirão como pessoa,
ou seja, determinarão as suas personalidades.
É necessário o professor ter consciência que a subjetividade de seus alunos,
assim de como qualquer outro ser humano, será formado nas suas inter-relações.
São suas experiências cotidianas, os sentidos que cada um dá para elas, é que
formará a sua individualidade.

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Deve-se divulgar, levar o conhecimento de como se forma a subjetividade do
aluno. Esta que, para a psicologia sócio histórica, é formada através das
apropriações que as pessoas fazem das objetivações dos seres humanos. Essas
[objetivações] que são produtos da atividade social humana ao longo da história, por
exemplo, linguagem, instrumentos. Assim, o ser humano a partir do momento em
que se apropria das objetivações humanas com a indispensável ajuda de outro ser
humano, transforma-as como seu, atribuindo sentidos a elas, se autoproduzindo e
reproduzindo essas objetivações- a cultura humana. Os processos de objetivações e
apropriações se constituem como mola propulsora tanto do desenvolvimento sócio
histórico da subjetividade, quanto do desenvolvimento da sociedade, do gênero
humano.
Assim, é importante que os professores entendam que a subjetividade do
indivíduo é formada através de uma relação dialética entre subjetividade e
objetividade. O indivíduo apropria-se das objetivações e atribui sentido a elas.
Objetividade e subjetividade se determinam, se relacionam. A construção da
subjetividade individual se dá através do processo de apropriação do significado
social e da atribuição de sentidos; o indivíduo converte o que é intersubjetivo para o
plano intra-subjetivo e vice-versa.
Nesse pensamento há algo muito importante a se considerar, e sem dúvida
nos impõe uma reflexão. Cada indivíduo torna intra-subjetivo o que é intersubjetivo e
torna intersubjetivo o que lhe é intra-subjetivo, entendemos que a maneira como as
pessoas se relacionam conosco, como elas nos tratam, como elas nos caracterizam
será apropriado por nós, quando atribuímos sentidos a isso. A maneira como nos
relacionamos com o outro foi determinada também por nossas experiências
interpessoais. Assim, pode-se pensar que a maneira como o professor trata o aluno
será de suma importância para como ele tratará a si mesmo e como tratará as outras
pessoas. Se um professor rotula um aluno de incompetente, irresponsável e
desprovido de inteligência, poderá determinar que o aluno se sinta e se veja
realmente como o professor lhe intitulou. Eis aqui, talvez, uma das causas da
dificuldade de aprendizagem, pois, que aluno terá confiança em seus estudos e em
suas potencialidades se há outro que lhe diz que isso não lhe cabe.
A noção de que o indivíduo para conseguir construir sua subjetividade
depende do outro que lhe facilite, lhe transmita, direta ou indiretamente, as
apropriações das objetivações humanas também são de suma importância. O
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indivíduo depende do outro para objetivar essa apropriação. Dessa forma deve ser
entendido que não há subjetividade sem que intersubjetividade. O aluno para poder
aprender, objetivar o que o professor lhe ensina, necessita que este consiga mediar
essa apropriação. Cabe ao professor transmitir o conhecimento ao aluno de maneira
que ele consiga apropriar dele.

Fonte: www.bls.gov

Não há aprendizado na escola sem professor, assim, este tem um papel


importante no desenvolvimento intelectual do aluno e se os alunos não têm bom
rendimento escolar, cabe ao professor também rever a parte que lhe cabe nesse
baixo rendimento estudantil. Ambos, professor e aluno fazem parte desse processo
de objetivação do saber construído sócio historicamente.
Cabe ao psicólogo escolar mostrar aos professores que a maneira como eles
tratam seus alunos é importante. Levar o conhecimento de que a subjetividade do
aluno está em constante formação, nas inter-relações, e que se o aluno não
apresenta um bom comportamento isso não é algo inerente a ele, ou a um grupo
que ele pertença, mas sim, foi construído no seu contexto histórico, e determinado
por ele.
Assim, a subjetividade do aluno, da pessoa, é vista como unidade do diverso
(de todas as suas relações), síntese de múltiplas determinações, indissociável da
intersubjetividade (relações entre os homens), construída pela sua apropriação da
cultura humana, ou seja, resultado da atividade social humana (das objetivações
humanas-linguagem, instrumentos, utensílios, comportamentos, pensamentos).
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Dessa forma, mostra-lhes que o homem é um ser social, construído. Ele não
nasce com as suas características individuais, com suas potencialidades,
inteligência, deficiências e limitações, pois, antes de construir sua subjetividade ele
se encontra em um contexto coletivo, onde necessita apropriar da cultura humana.
São suas experiências e os sentidos atribuídos a ela que formará à sua maneira de
ser, sua subjetividade, está determinada pelo seu meio e pelos sentidos do sujeito,
pertencente a um contexto político, econômico e historicamente construído.
Pode-se pensar, então, no fracasso escolar não como um problema do
indivíduo, algo inerente dele, mas fruto das relações que ele mantém e manteve em
seu desenvolvimento. Cabe ao psicólogo escolar, promover reflexões a respeito de
práticas sociais e escolares que produzem os problemas de aprendizagem; se
perguntar quem é este sujeito escolar, de onde veio, como estudou, quais
oportunidades teve, quais os professores passaram por sua história e como se deu
essas relações. Além de tentar despertar a reflexão dos vários fatores que
interferem na produção da queixa escolar, procurando entender qual o local que o
aluno se insere na relação com a escola. Possibilitar que o professor considere a
importância da sua relação com o aluno na construção da sua subjetividade e
remover obstáculos da aprendizagem. Entendendo que problemas de aprendizagem
devem ser entendidos no conjunto de relações institucionais, históricas, psicológicas
e pedagógicas que constitui a escola.
O psicólogo escolar deve criar condições para que os docentes repensem e
problematizem suas práticas; ajuda-los na compreensão do importante papel que
tem como agentes da história; auxiliar na compreensão crítica em relação ao
psiquismo, desenvolvimento humano, e de suas articulações com a aprendizagem e
as relações sociais.
Acreditamos que esta visão de homem (ser construído pelas e nas suas
relações) é de suma importância para que os professores não culpabilizem os
alunos pelos seus fracassos escolares, atribuindo a eles limitações ou deficiências.
Assim, o professor pode se ver envolvido nesse processo de educação, assim como
também ser responsável pelo fracasso de seus alunos. Não com o intuito de retirar a
responsabilidade do aluno, da família, e atribuí-la aos professores, mas, mostrar-
lhes que professores também determinam, nas suas maneiras de relacionar-se com
o aluno, o modo de ser dele.

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Dessa forma, o psicólogo atribui ao professor a importância de sua atividade
na formação da constituição da subjetividade do sujeito. Transmitindo, assim, o
pensamento de que a inter-relação aluno-professor é essencial para o fracasso ou
sucesso da educação. Além disso, cabe ao psicólogo mostrar aos próprios alunos,
quando possível, que eles também têm um papel ativo na sua própria educação, e
são responsáveis pelas apropriações que fazem, através das mediações dos
professores.

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