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ÂNGELA ANASTÁCIO
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Mo692 Módulo III : Desenvolvimento e aprendizagem. / Ana
da Costa Polônia...[et al.]. – Brasília : Universidade de Brasília,
2007.
128 p.
CDD 574
ISBN: 978-85-230-0874-1
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Sumário
Apresentação ________________________________ 7
SEÇÃO 1
SEÇÃO 2
2 Adolescência ______________________________ 35
4
2.1 Conceituação ____________________________________ 36
SEÇÃO 3
Referências _________________________________ 72
5
Conhecendo as autoras
ANA DA COSTA POLONIA: é doutora em Psicologia pelo Insti-
tuto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), professora da
Secretaria de Estado de Educação, conveniada, atuando na Facul-
dade de Educação da Universidade de Brasília, com as disciplinas
ligadas à Psicologia da Educação, além dos Projetos III (Projeto de
Pesquisa), IV (Estágio Supervisionado) e V (Trabalho Conclusão de
Curso). É também pesquisadora vinculada ao Grupo de Estudo em
Educação e Promoção em Saúde (Gesprom) e ao Grupo de Pesquisa
em Psicologia e Educação (Gruppe).
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7
Apresentação
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criar condições para que os protagonistas conscientizem-se da sua
realidade e da sua capacidade em transformá-la.
Que tal começarmos a fazer descobertas acerca de nossa
atuação e de nossas possibilidades como educadores inovadores,
curiosos, animados e cheios de perspectivas positivas ante aos de-
safios com que nos deparamos todos os dias? Vamos em conjunto
trocar idéias, experiências e conhecimentos?
Este é o nosso espaço e pode se transformar num grande mo-
mento de estudo para todos!
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1
As relações desenvolvimento
e aprendizagem e as práticas
educativas
12
curriculares e extracurriculares que permitem a visão holística do
desenvolvimento e da aprendizagem humana.
13
sujeito em desenvolvimento está incluído. Ainda é imprescindível
captar as influências indiretas que afetam a pessoa em desenvol-
vimento, considerando desde os contextos micro (família, escola,
grupos de amigos, vizinhos, igreja, etc.) aos macro (sistema de cren-
ças e valores do grupo e da sociedade) das relações interpessoais
(BRONFENBRENNER, 1979/1996).
Para Bronfenbrenner (1979/1996), o desenvolvimento huma-
no está intrinsecamente interligado às mudanças e estabilidades
que ocorrem nas características biopsicológicas da pessoa, em todo
o seu ciclo vital e ao longo das gerações. Ele define o desenvolvi-
mento humano como:
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nas noções de estágios fixos de desenvolvimento, de crescimento,
de progresso, de maturidade, de perfeição e de ritmos homogêne-
os de aprendizagem, na medida em que elas não incorporam as
modificações que ocorrem no tempo que afetam tanto o ambiente
quanto o organismo.
Como enfatizado por Wallon (apud Nascimento, 2004), o co-
nhecimento sobre o desenvolvimento da pessoa envolve não ape-
nas os aspectos físicos, psicológicos, sociais, mas os contextuais
para compreender a pessoa concreta, completa e contextualizada,
ficando explicito que é por meio das relações que ocorrem entre a
pessoa e o seu ambiente, nas suas condições idiossincráticas, é que
se pode investigar o indivíduo em sua totalidade. Nesse sentido,
não há um caráter universal e a-histórico do desenvolvimento, sen-
do imprescindível agregar esses conhecimentos à área de investi-
gação do fenômeno humano.
Por isso, os sistemas de ensino empregam os conhecimentos
oriundos da psicologia do desenvolvimento para ampliar as refle-
xões sobre a aprendizagem e sobre o próprio desenvolvimento em
contextos educativos formais ou não formais, incluindo-se os méto-
dos de ensino, as teorias de aprendizagem, os modelos pedagógi-
cos e epistemológicos (AZZI ET AL, 2000; BECKER, 2001; SALVADOR
ET AL, 1999). Além disso, pode-se identificar a sua influência na or- Para aprofundar
ganização curricular, especialmente, nos Parâmetros Curriculares seu conhecimento, você
Nacionais, nas estratégias e sistematização de conteúdos por série, pode obter os textos dos
na psicogênese da língua escrita, na análise do nível de motivação, Parâmetros Curricula-
nas distintas maneiras de ensinar e aprender, na formação de gru- res Nacionais na integra
pos, no como trabalhar com classes heterogêneas, no processo de no site do MEC: <http://
inclusão, verificadas em salas com alunos com necessidades edu- portal.mec.gov.br/seb/
cativas especiais, além daqueles que apresentam dificuldades de index.php?option=cont
comportamento e de aprendizagem (WOOKFOLK, 2000). ent&task=view&id=265
Larocca (1999) acrescenta que a psicologia do desenvolvi- &Itemid=255>.
mento e a educação são conteúdos estreitamente vinculados à
formação de professores, na medida em que, na pedagogia, ela se
constitui como base no estabelecimento de métodos e técnicas
educacionais, também se estendendo à construção de um campo
teórico próprio.
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sucedem), imprevisibilidade (elementos não esperados e não pla-
nejados que ocorrem), publicidade (as atividades que envolvem
os sujeitos da aprendizagem são públicas e reconhecidas), história
(há uma continuidade das ações e atos pedagógicos relacionados
às aulas ou situações anteriores). Acrescentam-se ainda, os fatores
afetivos, os interativos e os de comunicação que interferem no pro-
cesso ensino-aprendizagem.
Por essas condições, percebe-se que o conceito de aprendi-
zagem é multifacetado, pois ela se inicia pela inserção da pessoa
no mundo de relações, em que o aprendiz é produto e produtor
de conhecimento e de transformações em nível cognitivo, afetivo,
social e histórico. Habermans (apud Marques, 2000) ressalta que
toda aprendizagem tem sentido quando se repercute nas práticas
cotidianas dos indivíduos e grupos, reconstruindo os seus significa-
dos e possibilitando novas situações e experiências. Fonseca (1995)
destaca que a aprendizagem resulta em uma mudança de compor-
tamento oriunda da experiência que paralelamente é consolidada
no próprio cérebro do indivíduo. Envolve uma dupla condição: a de
assimilação e a de conservação do conhecimento que se conecta
com o controle e mudança no ambiente, retratando a experiência
humana e sua história.
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cognitivos que não permitiriam, então, que ele desenvolvesse a ca-
pacidade de diferenciação, por exemplo, não conseguir distinguir
o sentido da palavra manga fruta da manga parte da camisa. No
caso de ocorrer apenas acomodação, haveria uma restrição signifi-
cativa no tocante aos processos de generalizações imprescindíveis
ao aprender, por exemplo, a dificuldade em empregar a noção de
mamíferos aos animais como cachorro, gato, baleia e morcego.
A abordagem de Wallon (conforme citado por Mahoney &
Almeida, 2005) é que o projeto de sociedade define o projeto de
educação. O objetivo da Educação é formar indivíduos históricos, De maneira geral, pode-
autônomos, democráticos, críticos que possam interferir na socie- se conceituar a assimilação
dade voltada à justiça social. E, por isso, os métodos e práticas edu- como elementos que são in-
cacionais devem alternar momentos de aprendizagem individual e corporados à experiência da
coletiva. Os processos interativos em sala de aula e a forma como o pessoa, tendo como referência
conhecimento é desenvolvido devem atender as necessidades no aprendizagens anteriores. E a
plano motor, afetivo, cognitivo sempre assegurando uma unidade acomodação ilustra as modifi-
entre eles. Por isso, ao selecionar uma atividade, o professor deve cações geradas pela incorpora-
refletir como ela interfere nesses planos, além de avaliar como ela ção desse conhecimento novo,
contribui para o desenvolvimento do aluno. A aprendizagem é um transformando suas estruturas
processo que se direciona do sincretismo à diferenciação, devendo, cognitivas, isto é, a maneira de
então, os professores estarem atentos e planejarem atividades que pensar. No entanto, esses dois
contemplem essa passagem. processos constituem um ciclo
Para Wallon (apud Bastos, 2003), os conflitos gerados da re- e se consolidam pela sua inter-
lação do sujeito com o seu ambiente dinamizam tanto o processo dependência na aprendizagem
de desenvolvimento quanto os de aprendizagem, porque possibi- humana.
litam a busca de uma maior e melhor diferenciação no que tange
a relação eu e outro enquanto que os conhecimentos adquiridos
promovem as transformações e a evolução da pessoa. Dessa forma,
ao interagir com o conhecimento formal, o indivíduo apreende as
diferenciações que são oriundas da organização do conhecimen-
to pela cultura que, paralelamente, contribuem para que a pessoa
possa então realizá-la. O aspecto cognitivo entrelaça um conjunto
de funções que possibilita a aquisição, manutenção e ampliação do
conhecimento por meio de imagens, noções, idéias e representa-
ções. Por meio dele, há a integração do passado, presente e futuro.
Quanto ao primeiro, a condição de rever e reconhecer os fatos, o
segundo, analisar como eles se implementam, e o terceiro, a proje- Para ler mais so-
ção do futuro que implica a possibilidade de transformação deles bre Wallon e suas te-
(MAHONEY; ALMEIDA, 2005). orias acesse o site:
A aprendizagem se incrementa por meio da interação do <http://www.crmario-
aprendiz com o seu mundo físico e social, pela mediação dos pro- covas.sp.gov.br/dea_a.
cedimentos de ensino, pelas formas de intervenção no mundo, por php?t=009>.
meio das diversas linguagens e dos conhecimentos elaborados
culturalmente, considerando a sua função coletiva, a sua organi-
zação dentro das suas peculiaridades e especificidades em cada
momento histórico. A complexidade do processo de aprendizagem
se estabelece quando os significados são contextualizados e com-
preendidos, possibilitando a generalização e a discriminação, nesse
processo, a linguagem promove que os códigos elaborados coleti-
vamente e imbricados na situação social representem a dinâmica
cultural e individual das pessoas (MARQUES, 2000).
Para Skinner (conforme citado por Carrara, 2004), aprendiza-
gem implica em mudança de comportamento, o organismo apren-
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de, em relação a sua história e sua experiência de vida, frente aos
reforços que recebe do ambiente, podendo inibir a sua manifesta-
ção ou aumentá-la. No entanto, ressalta Coll (2003, p. 17) que “nem
todas as teorias psicológicas e nem todas as teorias de ensino ofere-
cem princípios explicativos, recursos conceituais e metodológicos”
que possam permitir uma análise completa e orientar de maneira
ampla as práticas educativas. Esse desafio pressupõe, então, uma
visão multirreferencial do processo educativo, na medida em que
o conhecimento interdisciplinar é que possibilita a compreensão,
análise e intervenção do fenômeno educacional, bem como assegu-
ra a sua inter-relação. Por isso, os educadores, professores e outros
interessados em se envolver num fenômeno de tal complexidade
devem realizar a interlocução das diversas disciplinas educativas,
entre as quais podemos citar a psicologia da educação, do desen-
volvimento, da aprendizagem, entre outras.
Na realidade, o processo ensino-aprendizagem deve ser sem-
pre analisado como uma unidade, sobressaindo não apenas a re-
lação de conhecimento, mas a interpessoal, professor-aluno e alu-
no-aluno que estão em constante aprendizagem e fomentando o
desenvolvimento. Por isso, o processo educativo não pode ser com-
preendido de forma isolada, mas integrando todos os seus aspec-
tos (cognitivos, afetivos, sociais, históricos, contextuais), abarcam a
escolarização e a dialética teoria e prática, como o processo ensi-
no-aprendizagem, os métodos de ensino, as formas de avaliação
que refletem o sistema educacional e seus paradigmas vigentes. A
partir desses componentes, é que a práxis se conduz, refletindo o
A práxis é a ação momento político, o contexto histórico e o social que interferem
de aplicar, usar, exercitar nas relações professor-aluno, aluno-aluno, escola-família e na sele-
uma teoria, arte, ciência ção dos conteúdos e na maneira de implementá-los. No caso, hoje,
ou ofício. É uma ação tem-se os temas transversais que ilustram os valores da sociedade:
objetiva que, superan- educação ambiental e sexual, temas como a cidadania que devem
do e concretizando a perpassar por todas as disciplinas curriculares.
crítica social meramen-
te teórica, permite ao 1.3 A complexa relação entre hereditariedade e
ser humano construir a ambiente. Afinal o que sabemos?
si mesmo e o seu mun-
O processo de desenvolvimento ocorre sob a influência de fa-
do, de forma livre e au-
tores externos e internos, assim a discussão sobre o papel da here-
tônoma.
ditariedade e do ambiente sobre ele é fundamental. Retomando a
discussão, os fatores hereditários são responsáveis pelas caracterís-
ticas genéticas (genótipo) e pela interação com o ambiente (fenó-
tipo). Eles se referem aos componentes físicos, como cor dos olhos,
estatura, formas corporais, temperamento, personalidade, entre
outras. E os fatores ambientais, como as forças sociais, da educação
e cultura, têm um papel significativo sobre a pessoa e os seus pro-
cessos de desenvolvimento. Plomin (conforme citado por Shaffer,
2005) aponta que é necessário focalizar a atenção e os esforços em
entender como esses dois fatores interagem e se combinam para
provocar transformações no desenvolvimento, e não percebê-los
como pólos antagônicos.
Os cientistas têm empregado o conceito de herdabilidade,
que é a estimativa estatística do grau de influência da heredita-
riedade nos estudos sobre as diferenças individuais, procurando
compreender qual o peso da variável genética ou do ambiente so-
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bre o desenvolvimento do indivíduo. Para isso, comparam gêmeos
monozigóticos com os dizigóticos, crianças adotadas com aquelas
que convivem com seus pais biológicos. Os resultados apontam
que a herdabilidade raramente excede a margem dos 50%, sendo
o restante produto das interferências ambientais (PAPALIA; OLDS,
2000).
Ao se articular os fatores que alteram os processos de de-
senvolvimento, depara-se com aqueles denominados normativos
e não normativos. Os normativos são identificados como conjunto
de fatores que são compartilhados ou ocorrem de maneira seme-
lhante em um dado grupo de pessoas, gerando padrões típicos do
desenvolvimento (PAGAGLIA; OLDS, 2000; SHAFFER, 2005). No caso
de influências normativas etárias, essas englobam os aspectos bio-
lógicos, como puberdade, menopausa, andropausa, e as que retra-
tam os culturais, a entrada na escola formal, o mundo do trabalho Gêmeos monozi-
e a aposentadoria. E as influências normativas históricas ressaltam góticos ou univitelinos
inter-relação entre as de caráter biológico e ambiental (PAPAGLIA; são aqueles que se de-
OLDS, 2000), como o impacto dos computadores na educação, a senvolvem a partir do
geriatria na qualidade de vida da terceira idade, os arranjos alterna- mesmo zigoto (apenas
tivos da família, como famílias monoparentais, por exemplo, onde um óvulo fecundado),
encontramos algumas constituídas apenas por mulheres. enquanto gêmeos dizi-
Os eventos não normativos se constituem em acontecimen- góticos ou fraternos são
tos incomuns, mas que têm significativo impacto sobre as pesso- aqueles que se originam
as, que podem retratar variações individuais no ritmo, extensão ou de dois zigotos dife-
direção do processo de desenvolvimento (PAGAGLIA; OLDS, 2000; rentes, ou seja, quando
SHAFFER, 2005). Por exemplo, a morte de um dos pais no período ocorre uma fecundação
da infância, a identificação de um câncer em uma criança recém- em dois óvulos simulta-
nascida, ou mesmo uma doença genética da infância como a pro- neamente.
géria (Síndrome de Hutchinson-Gilford) que acelera o envelheci-
mento das células, sete vezes, em relação à taxa esperada.
A questão da continuidade e descontinuidade é uma discus-
são presente no que tange ao desenvolvimento e é investigado se
as mudanças acontecem de forma gradual ou se processam por
meio de rupturas e retrocessos e como interferem no seu percurso.
Ambas são inerentes ao processo de desenvolvimento. Basta anali-
sar os processos de desenvolvimento cognitivo, propostos por Pia-
get, ocorrendo, na aquisição de conhecimento, uma continuidade
funcional e uma descontinuidade estrutural (FERREIRO, 2001). Por
exemplo, ao aprendermos a elaborar uma frase, entendemos que
ela é composta por sujeito, verbo e predicado, no entanto, há frases
em que não existe sujeito, em que o sujeito é indeterminado ou
inexistente.
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Têm-se exemplos, como a rubéola nos primeiros três meses de gra-
videz, a exposição da grávida aos raios X, a síndrome alcoólica fetal,
todas interferem no desenvolvimento do feto e podem gerar efei-
tos prejudicais ao desenvolvimento físico, ao intelectual e ao social
(PAGAGLIA; OLDS, 2000). Entretanto, na perspectiva da psicologia,
prefere-se empregar o vocábulo períodos sensíveis.
É também inegável a influência do contexto no desenvolvi-
mento do ser humano, tanto que existe a teoria bioecológica de
Bronfrenbenner (BRONFENBRENNER, 1979/1996; POLONIA, DES-
Nessa teoria, o am- SEN; PEREIRA-SILVA, 2005).
biente natural é fonte
e implementa o desen- 1.4 As concepções de desenvolvimento e apren-
volvimento, pois a pes- dizagem humana e suas repercussões na prática pe-
soa em desenvolvimen- dagógica
to é ativa e está inserida As relações entre sujeito e objeto de conhecimento são fon-
em vários ambientes tes de discussão e constituem reflexões das correntes psicológicas
desde o micro ou o mais e também pedagógicas. Elas são referenciais para as ciências da
próximo (família, escola, educação e outras que têm o fenômeno humano como fonte de
amigos) até o macro (o pesquisas. As preocupações da psicologia, voltadas ao estabeleci-
sistema cultural), além mento das relações entre desenvolvimento e aprendizagem, cons-
do cronossistema, que tituíram fontes de várias teorias e geraram pressupostos que se es-
analisa a passagem do truturam a partir da ênfase dada na relação do sujeito com o objeto:
tempo tanto na pessoa o primado do sujeito (abordagem inatista); o primado do objeto
como no seu ambiente (abordagem empirista) e a interação sujeito-objeto (abordagem in-
físico e social, alteram teracionista), vejamos o que coloca cada uma dessas abordagens
as condições e direção de maneira sintética (BECKER, 2001).
do desenvolvimento. a) Abordagem inatista (primado do sujeito): baseia-se na
Esse indivíduo ativo, idéia de que o indivíduo é predeterminado biologicamente, tendo
por suas características o ambiente pouca influência no seu desenvolvimento. Enfatiza, as-
biopsicossociais, inter- sim, os fatores maturacionais e herdados como os constituintes do
fere no meio e também ser humano e que são fundamentais ao processo de ensino-apren-
sofre influências dele. É dizagem. Nessa concepção, a educação tem um papel limitado nas
o fenômeno da bidire- modificações ou impactos no desenvolvimento humano e mais es-
cionalidade. pecialmente na aprendizagem, visto que suas características já es-
tão preestabelecidas através dos seus componentes filogenéticos.
Essa perspectiva defende que o desenvolvimento é pré-requisito
para aprendizagem (VYGOSTSKY, 1986).
Assim, as características comportamentais e de desenvolvi-
mento intelectivo, em de sala de aula, têm chances reduzidas de
se modificarem no decorrer do tempo. O problema do fracasso ou
sucesso escolar depende única e exclusivamente do sujeito. Becker
(2001) correlaciona essa abordagem com a pedagogia não direti-
va, onde os processos de aprendizagem devem ocorrer de forma
espontânea, adotando, o professor, uma postura passiva diante do
aluno, porque espera a maturação dos seus processos para incitar
as estratégias de aprendizagem. É difícil identificar essas caracterís-
ticas nas práticas pedagógicas atuais.
b) Abordagem empirista (primado do objeto): atribui-se
grande responsabilidade ao ambiente nas questões do desenvol-
vimento humano, sendo a experiência grande fonte de aprendi-
zagem. O sujeito nasce como uma tabula rasa e suas experiências
constituídas pelo seu ambiente vão caracterizar os aspectos psico-
lógicos, sociais, intelectuais e do desenvolvimento e, especialmen-
20
te, da aprendizagem.
Os reflexos dessa concepção na educação, no papel do en-
sino e da escola se traduzem pelo grande número de informação,
programas educacionais, como de educação compensatória para
crianças nascidas em ambiente denominado carente. O pressupos-
to central é de transformação, correção e estimulação do sujeito
feitos pela transposição a um ambiente mais rico de estímulos e
programado para implementar a aprendizagem.
Normalmente, a aprendizagem é confundida com a memori-
zação, repetição, fixação e cópia, preponderando a expressão ver-
bal ou escrita pelo uso programado das técnicas e metodologias
(REGO, 1996). Nessa abordagem, não há diferenças entre os concei-
tos de desenvolvimento e aprendizagem, o sujeito desenvolve por-
que tem capacidade de aprender. É reconhecida como pedagogia
diretiva.
c) Abordagem interacionista (inter-relação entre sujeito e
objeto): a construção contínua do psiquismo do sujeito é respal-
dada pela sua interação com o objeto, de maneira não linear, mas
em espiral. O organismo e o meio estão em uma interdependência,
assim, ressalta-se o caráter recíproco onde essa interação provoca
mudanças significativas no sujeito que também transforma o meio
e o conhecimento. Na interação do sujeito com o mundo físico e
social, esse adota um papel ativo na construção do seu desenvolvi-
mento e aprendizagem. A experiência e aquisição de conhecimen-
tos estão estreitamente ligadas com o seu momento e as suas rela-
ções nesse período (VYGOSTSKY, 1986).
A educação exerce um papel importante no desenvolvimen-
to e aprendizagem onde o sujeito esteja inserido e repensa, desse
modo, a organização ambiental, a relação professor-aluno e o cur-
rículo. O sujeito é ativo nos processos de aquisição de conhecimen-
tos e na co-experiência, na mediação com seus pares. Essa teoria é
conhecida como pedagogia relacional.
Becker (2001) postula em seus estudos que a epistemologia
do professor deve se constituir em um processo consciente para
romper posições equivocadas e preconceitos que rondam o nos-
so cotidiano escolar. Preconceitos esses que são transformados em
verdades e que rotulam o aluno, fazendo com que sua aprendiza-
gem seja avaliada de maneira equivocada, por isso, é tão importan-
te a crítica epistemológica para refletir as ações pedagógicas.
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1) Organize as frases abaixo e comente com seus colegas os
seus resultados: (a) “Filho de peixe peixinho é”; (b) “Água mole em
pedra dura tanto bate até que fura”; (c) ”Quem nasceu para tostão
não chega a mil réis”; (d) “Uma ovelha má coloca as outras a se per-
derem”; (e) “A ocasião faz o ladrão”; (f ) “Diga-me com quem tu andas
e eu lhe direi que tu és”; (g) “A união faz a força”; (h) “O todo é mais
que a soma de suas partes”; (i) “Um por todos e todos por um”.
2 Pesquisa em desenvolvimento
Prezado professor(a) aluno(a),
Nesta unidade, vamos refletir sobre a importância das pesqui-
sas em psicologia da educação para a formação do professorado.
Sendo assim, estou lhe convidando para ler o texto abaixo anotan-
do as idéias que você considera fundamentais para o debate.
A sociedade contemporânea tem enfrentado grandes deba-
tes sobre o conhecimento científico-tecnológico e a construção
desse conhecimento pelo ser humano, evidenciando a complexi-
dade desse processo, na medida em que a construção do conheci-
mento sobre o mundo exterior não se separa da construção do pró-
prio complexo sujeito-objeto-processo-produto do conhecimento,
que é o próprio ser humano.
A Psicologia da Educação tem como preocupação central o
processo de desenvolvimento humano e a aprendizagem nos di-
ferentes espaços, para isso, desenvolve uma base científica que
sistematiza metodologias, elabora instrumentos, recorta análises e
implementa pesquisas para subsidiar a ação educacional.
Nesta gama de instrumentos, técnicas e recursos disponibili-
zados pela pesquisa psicológica ao professorado, esses necessitam
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se apropriar desses conhecimentos, não se restringindo ao senso
comum ou elementos intuitivos para atuar dentro e fora de sala de
aula. Na sua programação curricular ou mesmo na utilização de ele-
mentos da didática e de seu conteúdo específico, o professorado
deve estar substancialmente fundamentado em conhecimentos e
pesquisas que possam assessorá-lo no desenvolvimento de suas
atividades.
Munido desses conhecimentos, oriundos de pesquisas e es-
tudos sistemáticos, o professorado pode modificar e transformar a
sua práxis pedagógica. Esse referencial científico não tem o intuito
de destituir o conhecimento ou mesmo de anular o seu papel, ele
visa estabelecer uma ação dialógica ente o vivido na sala de aula e
as pesquisas geradas no campo educacional.
A relação entre docência e pesquisa vem se estabelecendo
como uma questão cada vez mais relevante para a formação do pro-
fessorado. Já não são poucos os teóricos que propõem a pesquisa
como elemento constitutivo do trabalho docente e parte também
de sua formação. O pensamento de vários autores (Elliott,1998; Gi-
roux, 1990; Zeichner, 1992; Perrenoud, 1996; Contreras, 1997) tem
valorizado cada vez mais a perspectiva da pesquisa na formação e
na atuação do professorado.
23
des ou mesmo de experiências realizadas com diferentes turmas
ou crianças de faixas etárias diferentes (WOOFOLK, 2000). Pode-se
escolher um desses instrumentos ou a combinação deles de acor-
do com o propósito da pesquisa. Dentre as abordagens descritivas
podemos destacar:
a) Método etnográfico: nos estudos de Carrarer (1993),
foi utilizado esse método para recolher as informações nos ambien-
te naturais e escolar, nesse caso, na feira, e como as crianças faziam
o uso da aritmética para dar trocos, vender cocos, etc., e como essas
mesmas crianças, na escola, realizavam os seus cálculos empregan-
do fórmulas científicas. Como eram realizadas essas operações nos
diferentes contextos? Se a sistematização e a lógica diferiam neles?
Quais as implicações para o ensino da matemática? E as repercus-
sões no sucesso escolar?
b) Estudo de caso: é outro procedimento que a Psico-
logia da Educação tem empregado para analisar a dinâmica e pro-
cessos envolvidos na ação pedagógica. O estudo de caso se traduz
pela investigação de um sujeito ou uma situação, recolhendo um
número significativo de informações, num período maior de tem-
po. Essa coleta de dados pode envolver segmentos como a família,
a escola, condições do nascimento, percepções sobre o sujeito e
sua forma de pensar e se relacionar com o mundo.
c) Teoria dos sistemas ecológicos: essa abordagem
privilegia os aspectos saudáveis do desenvolvimento. Os estudos
realizados em ambientes naturais e na análise da participação da
pessoa focalizada no maior número possível de ambientes e em
contato com diferentes pessoas – díades, tríades, etc. – consideram
quatro núcleos básicos que interagem entre si dinamicamente: Pes-
soa, Contexto, Processo e Tempo.
d) Pesquisas transculturais: os dados descritivos são
coletados em diferentes culturas ou grupos sociais a fim de iden-
tificar fatores idiossincráticos e comuns a esses grupos estudados
com o objetivo de realizar análises comparativas descritivas. Ape-
nas pela comparação de diferentes culturas, podemos identificar
padrões universais de desenvolvimento, e ao mesmo tempo, de-
monstrar outros aspectos do desenvolvimento que são extrema-
mente influenciados pelo contexto social em que ocorrem.
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ou nenhuma violência. A reação das crianças ao programa seria co-
letada como dados, ou variável dependente (SHAFFER, 2005).
No que se refere ao estudo do desenvolvimento humano, al-
guns modelos são utilizados por pesquisadores. Para isso, utilizam
dois métodos de estudos: longitudinais e transversais.
25
elemento que nos auxilia a destrinchar e a compreender de, manei-
ra parcial, os processos, produtos e contextos da ação educacional.
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27
2
O ciclo vital e desenvolvimen-
to humano
Objetivos: definir ciclo vital e sua importância para os processos de desenvolvimento e aprendi-
zagem; caracterizar as etapas/fases do período pré-natal; conceituar infância; identificar, no pe-
ríodo infantil, os aspectos relacionados ao desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social;
descrever as modificações ocorridas na adolescência; correlacionar as transformações do ciclo
vital com a terceira idade.
Caro professor(a) aluno(a),
Quando discutimos e nos deparamos em sala de aula com a
diversidade cultural dos alunos e sua história pessoal e escolar no
que diz respeito ao seu desenvolvimento, questionamo-nos como
lidar com essas diferenças em um espaço coletivo. Essas preocu-
pações são um tema corrente nas conversas e nos planejamentos,
nos currículos, na seleção dos conteúdos e interferem nas esco-
lhas de métodos e técnicas a serem empregados para impulsionar
a aprendizagem. Como foi discutido na seção anterior, retomamos
o processo de desenvolvimento humano divido e organizado em
períodos, etapas, estágios ou fases que nos possibilitam compreen-
der a relação entre o indivíduo e seu ambiente, particularizada, nos
distintos momentos do ciclo de vida.
30
complexo, dinâmico e multirreferencial (PAPALIA; OLDS, 2000).
31
monstram também a saúde do mesmo. Há, ainda, informações que
são memorizadas como o cheiro, sons e estados afetivos da mãe e
do ambiente social (MORRIS; MAISTO, 2004).
Nesses estágios, é fundamental que as condições de nutrição
da mãe e seu nível de atividade física para a condição de saúde do
bebê sejam adequadas, contrariamente, a ingestão de drogas líci-
tas e ilícitas, além de doenças maternas, podem ser críticas para a
vida e a saúde do feto.
Os fatores teratogênicos, isto é, fatores adversos como a ru-
béola, toxoplasmose, herpes, álcool, tabaco, radiação, entre outros,
podem prejudicar o desenvolvimento do feto ou do embrião, re-
sultando em defeitos congênitos. Esses efeitos podem se estender
a todo o período da gestação e, em especial, entre os dois aos três
primeiros meses de gravidez (é reconhecido como período sensí-
vel), e terem conseqüências mais graves, (Shaffer, 2005), por exem-
plo, a rubéola dos três primeiros meses da gravidez pode ocasionar
Teratogênese é a uma surdez.
formação e desenvol- Depois do nascimento, até as quatro primeiras semanas de
vimento no útero de vida, chamamos de período neonatal, sendo considerado um mo-
anomalias, causadas mento de transição do bebê, porque aos poucos os sistemas res-
por fatores diversos (te- piratórios, circulatório, entre outros, devem funcionar de maneira
ratogênicos), que levam independente. O neonato apresenta reflexos fundamentais para
a malformações do feto a sua vida extra-útero, por exemplo, o reflexo de orientação (que
e, por conseguinte, pre- possibilita o bebê virar a cabeça toda vez que sua bochecha é to-
judicam seu desenvolvi- cada), o de sucção, o de deglutição, importantes à sua sobrevivên-
mento. cia. Hoje, sabe-se que as capacidades perceptivas do neonato estão
presentes, como a audição, visão, paladar, olfato e sentido do tato,
contrariamente do que se pensava anteriormente (MORRIS; MAIS-
TO, 2004). A medida em que se desenvolvem, eles se tornam mais
acurados e responsivos em relação ao seu ambiente, graças ao ama-
durecimento dos órgãos do sentido e do próprio sistema nervoso.
33
músculos mais desenvolvida, autocontrole dos movimentos; (b)
nível cognitivo: fase lúdica e presença do pensamento mágico, au-
mento rápido do vocabulário com emprego de frases complexas,
pensamento egocêntrico, perspectiva animista, dificuldade em
lidar com o tempo (passado e futuro), predominando o presente,
apresenta a capacidade de dissociar as qualidades dos objetos e
se abre ao mundo real por meio de generalizações, abstrações e
manipulação livre dos símbolos verbais; (c) nível social: noções de
limites e do julgamento do certo e errado, amplia o grupo de ami-
gos além do núcleo familiar; (d) nível afetivo: “narcisismo”, ruptura
do mundo real e da fantasia, desenvolvimento do sentido da rela-
ção “eu” e “outro”, o brincar aparece como uma das condições para
a diferenciação entre o mundo interno e o externo. Normalmente,
as crianças, nessa fase, já começam a se integrar no ambiente es-
colar, sendo o segundo contexto social de desenvolvimento, mas a
família é o seu referencial básico (BENTHAM, 2006; GALVÃO, 1995;
NASCIMENTO, 2004; WOOLFOLK, 2000).
34
3) Qual o papel dos estudos da neonatologia para a compre-
ensão do desenvolvimento e aprendizagem humana? Justifique
com exemplos.
4) Pesquise o conceito de infância e sua evolução.
5) Como, no âmbito pedagógico, o conceito de infância tem
influenciado as práticas educativas na escola, por exemplo, nos cur-
rículos (educação infantil e ensino básico), no processo de alfabeti-
zação e no emprego do lúdico.
2 Adolescência
Caro professor(a) aluno(a),
Nas seções anteriores, conceituamos desenvolvimento e
aprendizagem, enfatizando as influências da hereditariedade e am-
biente neste processo, assim como abordamos os principais para-
digmas teóricos sobre essa temática, que é de extrema relevância
para o processo educativo. Caracterizamos, também, o desenvolvi-
mento intra-uterino e a infância e, agora, nesta unidade, abordare-
mos a adolescência.
2.1 Conceituação
Muitos estudiosos definem a adolescência como a fase de
35
transição entre a infância e a idade adulta. Uma passagem que
pode durar até dez anos (dez aos vinte anos), dependendo do in-
divíduo, de seu ambiente social, escolar e familiar. A puberdade re-
fere-se a um conjunto de modificações biológicas que vão resultar
na capacidade reprodutora do sujeito. A puberdade pode variar de
indivíduo para indivíduo, quanto a idade de seu início e velocidade
das mudanças, dependendo das influências de fatores hereditários,
nutricionais e pré-existência de doenças crônicas tais como asma,
diabetes, doenças gastrointestinais e renais (BARBOSA, 2006; FER-
RIANI; SANTOS, 2006; MACRO, 2002).
A adolescência é tida como um período extremamente rele-
vante dentro do processo de crescimento e desenvolvimento do
indivíduo. Período em que as transformações físico-biológicas da
puberdade associam-se àquelas de âmbito psicossociocultural e
econômico. O rápido crescimento em estatura, característico des-
sa fase, denomina-se estirão puberal. Ocorre, também, nesta fase,
a modificação da composição corporal, resultante do desenvolvi-
mento esquelético e muscular e das modificações na quantidade e
distribuição de gordura, assim como o desenvolvimento do sistema
cardiorrespiratório, predominante da força e da resistência. A orien-
tação sexual é muito importante nesta fase, pois é, geralmente, na
adolescência, que se expressam os interesses sexuais.
Diante deste contexto evolutivo, observamos que é, nesta
faixa etária, que se concretiza o florescimento pleno do desenvol-
vimento corporal e, junto com ele, na sua expressão mais pura, as
paixões e o amor na adolescência. Como é sabido, as paixões, du-
rante essa fase de desenvolvimento, são inesquecíveis, tempestuo-
sas e trazem o toque da tragédia. Porque o adolescente desenvolve,
nessa etapa, seu narcisismo e, com isso, não percebe ainda que o
amor é a vida, que lhe acena promissora, em sua jornada na bus-
ca de si. Nesse tempo de puberdade, os adolescentes trazem um
Geralmente, os corpo que está crescendo e cujos limites eles ainda não conhecem;
conflitos familiares au- descobrem formas abstratas de pensar os seus problemas, que se
mentam durante o ini- confundem com as coisas concretas; vislumbram um mundo em
cio da adolescência e dimensões cósmicas e se lançam junto com os amigos na mais fas-
se estabilizam na média cinante aventura da existência (MAAKAROUN, 2006).
adolescência e depois A adolescência é também marcada por mudanças psicoafeti-
diminuem ao final da vas e de conduta e surgimento de vários comportamentos de risco
adolescência. Os maio- tais como: uso de drogas, prostituição, violência, desintegração fa-
res problemas, no inicio miliar. Tais mudanças podem estar diretamente relacionadas com a
da adolescência, podem instituição familiar.
estar relacionados com A instituição família é outro fator importante a ser abordado
as tensões da puberda- nesta unidade e mais, especificamente, a questão do relacionamen-
de e a necessidade de to familiar e o adolescente. A relação entre os adolescentes e seus
afirmar a independên- pais nem sempre é harmônico, porém a rebeldia plena não parece
cia. comum. Um pouco de conflito entre pais e adolescentes é de certa
forma normal.
A maioria das discussões gira em torno de assuntos do dia-
a-dia: tarefas domésticas, relações familiares, dever de casa, roupas,
dinheiro, horário de se recolher e amigos. Para que o jovem goste
de conviver com sua família, é preciso que se entenda sua mudez,
que se respeite o seu silêncio e se ofereçam oportunidades para
que manifeste suas opiniões (OLIVEIRA, 2006; BARBOSA, 2006).
36
Podemos salientar um ponto de relevância que deve ser leva-
do em consideração, nesta discussão, que é a questão dos hábitos
alimentares na adolescência. Nesse período, os hábitos alimenta-
res passam a ser um fator de grande importância para o estudo do
crescimento dos adolescentes. Observamos que alguns comporta-
mentos típicos, desse período, dizem respeito aos hábitos alimen-
tares, podendo colocar em risco a saúde e seu desenvolvimento
geral. Freqüentemente, os adolescentes fazem refeições fora do lar,
ingerem lanches rápidos, sanduíches, refrigerantes, consumindo
maior volume de alimentos industrializados. Os hábitos da família
Existe uma visão de
são preteridos pelo padrão alimentar e modismos do grupo.
que o adolescente, por con-
No que se refere aos interesses educacionais, parece que essa
ta de seu processo de ma-
poderia ser uma fase do desenvolvimento em que pudéssemos,
turação, ainda possa não
como educadores, desenvolver interesses que fossem direciona-
estar “pronto” para tomar
dos para as artes plásticas, música e esportes. Através de ambiente
decisões, por não ter desen-
propício e agradável, professores e educadores, em geral, poderiam
volvido inteiramente uma
obter ótimos resultados para ampliar o processo criativo dos ado-
competência crítica, social
lescentes.
e política. Desse modo, isso
Para alguns estudiosos, a definição, e a existência, da adoles-
pode proporcionar inevita-
cência é de interesse acadêmico, médico e das ciências psicológi-
velmente uma necessidade
cas e sociais, bem como dos interesses políticos hegemônicos, mas
do desenvolvimento de uma
não do adolescente em seu cotidiano, no seu dia-a-dia, na sua vida.
pedagogia, por parte dos
Por essa razão, necessário se faz mergulharmos no cotidiano dos
adultos, sobre esses seres em
adolescentes e na sua aparente rotina, onde tecem seus projetos
formação, com o intuito de
existenciais e transformam o seu lugar na realidade social. Pode-
controlá-los. Essa pedagogia
mos, portanto, dizer aqui que o cotidiano é uma espécie de ate-
de controle é elaborada com
liê existencial, onde os adolescentes provam suas potencialidades
fundamentos de uma psico-
criativas, criam novas formas de estar no mundo, novas formas de
logia do desenvolvimento
solidariedade e de representatividade social, podendo ser essas
humano, que tece os cons-
contrárias às normas sociais vigentes ou não (MAGRO, 2002; FEIJÓ;
tructos de projetos educa-
OLIVEIRA, 2001).
cionais. No entanto, temos
Um problema que perpassa para um melhor entendimento
de respeitar a integridade
do que pode ser viabilizado, no processo educativo de jovens e
e individualidade dos ado-
adultos, está na questão da formação de professores, que atuam no
lescentes, oportunizando a
ensino fundamental. A falta de formação específica dos educadores
construção do pensamento
que atuam nessa modalidade de ensino resulta numa transposição
crítico-reflexivo, sem neces-
inadequada do modelo de escola consagrado no ensino fundamen-
sariamente estabelecer essa
tal de crianças e adolescentes (RIBEIRO, 1999).
pedagogia do controle, seja
Segundo ainda estudos de Ribeiro (1999), necessário se faz
na instituição familiar, seja
veicular transformações na qualidade das práticas de educação de
na escola.
jovens e adultos. No entanto, essas só se efetivarão à medida que se
profissionalize o pessoal dedicado a essa área. Cabe, portanto, pen-
sar em formas de prover essa especialização aos educadores que
por ela se interessem, qualquer que seja a instância formativa, na
mesma medida em que isso seria apropriado para outras modalida-
des como a educação infantil, especial, fundamental, média, etc.
3 Vida adulta
Conforme vimos até aqui, a psicologia evolutiva se ocupa do
estudo dos processos psicológicos e das suas transformações ao
longo da vida. Durante muito tempo, entretanto, o foco de investi-
gação dessa ciência foi voltado para infância e adolescência. Acredi-
tava-se que as experiências da criança e do jovem eram as mais im-
37
portantes, sendo caracterizadas como o ápice do desenvolvimento
humano. A idade adulta era considerada, por sua vez, uma fase de
estabilidade e de ausências de mudanças. Contudo, ao contrário do
que se pensou, a evolução psicológica não pára repentinamente na
adolescência; ela continua por toda a existência de uma pessoa. E
com essa finalidade que iremos estudar, nesta unidade, sobre essa
fase da vida, considerando inclusive os desafios que são postos na
Mas cabe também
atualidade para a escolarização de adultos e terceira idade.
considerar que a pro-
Sabemos que o estudo das mudanças psíquicas é bastante
blemática relacionada
complexo, pois abrange múltiplos aspectos. Uma etapa do desen-
à educação de jovens e
volvimento na vida de um ser humano está articulada a diversos fa-
adultos merece compor
tores e, também, a diferentes níveis de abordagem relativos à pas-
o currículo de formação
sagem do tempo, como: o tempo físico, o tempo biológico, o tempo
básica de todos os edu-
psicológico e o tempo social (PARREIRAS, s. d.). Assim, uma idade,
cadores. Afinal, diz res-
ao ser estudada, vai estar, de alguma forma, associada a questões
peito a todos a luta con-
como as circunstâncias históricas e culturais nas quais se encontram
tra a exclusão social e
as pessoas que estão passando por aquele período, e a experiências
educativa, a superação
particulares da vida de cada sujeito (PALÁCIOS, 1995).
da perspectiva assis-
Nesta unidade, trataremos da vida adulta. Essa fase pode ser
tencialista da educação
dividida em três subetapas: o início da idade adulta – que ocorre
compensatória e a arti-
no período entre 20 e 40 anos –, a meia-idade – dos 40 aos 60 anos
culação de sistemas de
– e a terceira idade – dos 60/65 anos em diante.
ensino inclusivos, que
A vida do adulto é marcada por importantes acontecimentos.
viabilizem múltiplas tra-
Comparada a períodos anteriores do crescimento, a adultez possui
jetórias de formação.
situações de mutação mais graduais e menos dramáticas, porém
muito significativas. Segundo La Rosa (2001),
38
inevitáveis. O jovem adulto encontra-se, comumente, no auge de
sua força, com muita energia e resistência física. Após o período
de mudanças orgânicas da puberdade, o sujeito passa por um mo-
mento relativamente estável e contínuo no seu desenvolvimento
físico. À medida que avança a estação adulta, algumas transforma-
ções físicas, que valem para todos independente de cultura, etnia e
vontade, vão ocorrendo, como as deteriorações no organismo, por
Assim, podemos
exemplo. Tais alterações, porém, geralmente, não comprometem o
dizer que o adulto rea-
funcionamento psicológico e as funções de adaptação às ativida-
ge a influências, que o
des do cotidiano como se costuma supor. As mudanças físicas são
seu autoconceito se al-
relativamente fáceis de se perceber, entretanto, existem muitas ou-
tera e que suas relações
tras metamorfoses que tecem a vida adulta.
interpessoais estão em
As transformações na capacidade de compreensão de mun-
constante processo de
do, nos aspectos da personalidade e no comportamento social, são
modificação.
bastante relevantes quando tratamos da etapa adulta do desenvol-
vimento. Os primeiros anos dessa fase são, em geral, marcados pe-
las descobertas que a pessoa faz de si mesma. Para o recém-adulto,
a exposição a um novo ambiente de trabalho, às vezes longe de
suas experiências cotidianas, oferece a chance de questionamentos
de suposições, crenças ou valores que há muito ele mantinha. Por
essa razão e por possibilitar que o indivíduo assuma os encargos e
o controle de sua vida, o trabalho coloca o adulto em uma situação
de amadurecimento ímpar no seu processo de desenvolvimento.
São características da vida do adulto, também, a união estável e
a criação de filhos, circunstâncias de extrema responsabilidade e,
portanto, de crescimento e maturidade.
Os adultos pensam de forma flexível, aberta, adaptativa e
individualizada. Eles fazem os seus próprios julgamentos, aceitam
suas incertezas e valorizam suas opiniões. Fazem isso num processo
crescente de organização de suas convicções, partindo do caos, pas-
sando pelo pensamento ordenado e chegando num comprometi-
mento singular com o relativismo de suas idéias (PAPALIA, 2000).
A personalidade é motivo de constante discussão entre os
estudiosos do processo de desenvolvimento. Alguns estudiosos
acreditam que a personalidade está consolidada na idade adulta.
Já outros dizem que os adultos periodicamente passam por mo-
mentos “de parir a si mesmos” enquanto vivem (PAPALIA, 2000, p.
400). Os estudos em psicologia do desenvolvimento apontam para
diferentes caminhos com diferentes perspectivas teóricas, tratando
personalidade no sentido de como e quanto ela muda desde o iní-
cio até o fim da vida adulta.
Uma dada perspectiva teórica apresenta um modelo1 em
torno de traços de personalidade e propõe que as pessoas mudam
muito pouco depois dos 30 anos, independentemente dos efeitos
das atitudes culturais sobre os sujeitos ou das mudanças no mundo
social. Outra perspectiva é chamada de modelo normativo de crise,
nela diferentes teóricos sustentam que, em determinados momen-
tos do ciclo vital, as pessoas tendem a vivenciar crises e transições
específicas.
Por fim, apresentam-se os modelos humanistas que vêem a
pessoa de forma ativa em seu processo de desenvolvimento. Sua
atuação se dará por meio de escolhas, da criatividade e da auto-
realização.
39
As crises podem tornar-se importantes oportunidades para
o crescimento. Para a perspectiva do modelo de crise, apenas para
dar um exemplo, a partir de uma tendência teórica específica, diz-
se que por volta dos 40 anos caracteriza-se a chamada crise de
meia-idade. Esse pode ser um período muito estressante, pois a
pessoa necessita encarar duas tarefas difíceis e ameaçadoras para
si: primeiramente abandonar a imagem da juventude e, depois, re-
conhecer a mortalidade. Esse período, por exemplo, requer uma re-
orientação para o interior de si mesmo. Até então, na vida do sujeito
adulto, a orientação estava direcionada para o mundo externo, para
a preocupação em encontrar um lugar na sociedade.
Na meia-idade, inicia-se a orientação para o mundo interno,
para uma busca de significado dentro do eu. Se o adulto conseguir
fazer a valorização da sabedoria em detrimento da valorização dos
poderes físicos, ele vai perceber que a sabedoria adquirida ao longo
dos anos compensa o declínio da capacidade física e da atrativi-
dade da juventude. Nesse caso, os adultos podem vir a sair “dessa
época de questionamento com uma compreensão mais profunda
de si mesmos e dos outros, com mais sabedoria, força e coragem, e
com maior capacidade de amor e prazer” (PAPALIA, 2000, p. 464).
40
ral, tanto pais como filhos, hoje, almejam o frescor da mocidade. Os
pais afirmam se sentirem mais moços com os filhos por perto e os fi-
lhos se sentem mais jovens porque não precisam se preocupar com
questões de sobrevivência. Na verdade, a juventude eterna parece
ser “um desejo do ser humano em todos os tempos”. Esse desejo
aliado ao da liberdade parecem contemplar uma necessidade im-
perativa da vida moderna, o estado de bem-estar. A liberdade, ao se
aliar ao conforto e à segurança da casa dos pais, parece ter criado o
melhor dos mundos para o ser humano – “ou pelo menos a ilusão
disso” (MENDONÇA, 2004, p. 82).
41
com a leitura e o conhecimento”;
Nilta de Jesus Oliveira, 59 anos, comenta: “A vontade de apren-
der é muita. Tô pelejando para ver se aprendo. Não falto a nenhuma
aula”. Ela vislumbra um dia “juntar as letras e contar uma história
bem bonita”.
Concluímos, com isso, que a escola carece ter uma atitude
questionadora sobre o seu papel social. Para tanto, precisa desen-
Consulte na Inter- volver uma postura de oposição aos rumos que a levam ao distan-
net os sites referentes à ciamento da realidade e das pessoas que necessitam estudar.
Educação de Jovens e Estimados professores, por aqui, terminam os estudos da fase
Adultos (EJA), em nosso adulta. A psicologia do desenvolvimento auxiliou no caminho que
país. Reflita e discuta trilhamos até aqui, dispondo de uma variedade de estudos acerca
com seus pares, sobre do processo de constituição do ser humano. Convém lembrar, po-
os diferentes movimen- rém, que “o mais agradável de uma existência é que ela pode ser
tos do EJA, suas especi- auxiliada pelas descobertas da ciência, mas é rica o suficiente para
ficidades e ações. não ser amarrada por ela (...) afinal, a ciência sabe muito sobre a
infância, a vida adulta e sobre a velhice. Só não sabe, felizmente, en-
sinar a cada um a melhor receita para construir sua personalidade”
(Revista Veja, 20/03/1996, p. 89).
4 Terceira idade
4.1 A Terceira Idade
Como dissemos no texto anterior, considerava-se, na psico-
logia do desenvolvimento, que a fase adulta seria um período de
estabilidade e ausência de mudanças importantes, a velhice, por
sua vez, marcaria, quando muito, uma etapa de deterioração dos
processos psicológicos.
Atualmente, acredita-se que os processos de mudança psico-
lógica ocorrem em qualquer momento do ciclo vital, do nascimento
à morte. A terceira idade desponta, assim, como um período normal
da vida, com desafios e oportunidades de crescimento que lhe são
próprios. É, apenas, mais uma instância da experiência humana que
precisa e deve ser, ainda, vivida, bem vivida. Essa idade, nos países
em desenvolvimento, tem início aos 60 anos e, para as sociedades
O interesse da psicolo- tidas como desenvolvidas, inicia-se aos 65 anos, caracterizando-se
gia sobre a velhice, por- como a última etapa da vida humana. (PAPALIA, 2000; LOUREIRO,
tanto, é relativamente 2000).
recente e se deu princi- Hoje, já não se pode dizer, inclusive, que o Brasil é um país de
palmente em função do jovens. Como em todo o mundo, em nossa nação existe um grande
rápido crescimento no número de idosos. Essa novidade para a realidade social brasileira
número de pessoas ido- tem como uma de suas conseqüências a publicação do Estatuto do
sas em nossa socieda- Idoso. Ele foi aprovado, na forma da Lei n. 10.741, no dia 1o de ou-
de. De fato, o envelhe- tubro de 2003, e em seu texto de apresentação existe o seguinte
cimento da população argumento:
atual tem sido conside-
rado um fenômeno sem Graças à redução da taxa de fecundidade e à queda
precedentes na experi- do nível de mortalidade, passa o Brasil por um pro-
ência da humanidade. cesso a que se dá o nome de “envelhecimento popu-
lacional” [...] Hoje, temos cerca de 20 idosos para cada
100 crianças no Brasil. São homens e mulheres com
direito à saúde, à habitação, ao transporte coletivo,
42
à previdência – à cidadania e à dignidade humana,
enfim. Capazes de grandes conquistas no esforço
que empreendemos por um mundo melhor, esses ci-
dadãos nos fazem não um povo mais velho, mas um
Brasil mais confiante, mais sábio e mais experiente
(pp. 7-8).
43
funções dão sentido à vida da pessoa idosa.
Diante das múltiplas dimensões do envelhecer no contexto
da realidade contemporânea, tem-se ainda, que, nos parâmetros
da sociedade capitalista, a velhice sofre uma remodelação na sua
representatividade social, ganhando um estatuto negativo frente
ao mercado de trabalho. Os mais velhos, muitas vezes sem condi-
ções de se reciclar a contento, são deixados à margem ou mesmo
perdem seu lugar na disputa do mercado trabalhista frente ao tur-
bilhão digital ou às exigências de mão-de-obra especializada (MES-
SINA, 2002).
Os esforços para combater o preconceito em relação à ter-
ceira idade estão surtindo efeito positivo, graças ao surgimento de
um crescente conjunto de pessoas idosas envolvidas em atividades
diversas e saudáveis. Para La Rosa (2001), a velhice, em nosso país,
desponta, no final do milênio, como um fato psicossocial novo. O in-
divíduo com aproximadamente 65 anos, classe média, é, em geral,
alguém que está no pleno gozo de suas faculdades e usufrui uma
saúde apreciável. Ele, muitas vezes aposentado, volta ao mercado
de trabalho, ou se dedica a atividades comunitárias, ou de lazer.
Em verdade, a pessoa na terceira idade deveria se considerar
liberada do trabalho. O velho já deu à sociedade o melhor de si, e o
tempo livre torna-se uma conquista. O lazer que o idoso tem o di-
reito de usufruir pode ser gozado, se ele desejar, trabalhando, mas
também pode ser efetuando alguma tarefa que lhe seja prazerosa.
A vida produtiva não se encerra com a saída do emprego formal,
é possível praticar serviços voluntários, voltar aos estudos ou até
mesmo começar uma nova carreira.
Necessitamos respeitar o idoso e dispensar os devidos cuida-
dos a que essa pessoa tem direito. Esse é um desafio para todos.
Nesse sentido, Loureiro (2000) considera que um velho respeitado é
um velho otimista, esperançoso e respeitador. Essa autora continua
dizendo que
44
corpo é preguiçoso. Quem tem de comandar é o espírito” (Revista
National Geographic Brasil, ano 6, n. 68, novembro, 2005, p. 79).
Cléa Pilnik, psicanalista, reinventou sua vida ao começar a na-
dar aos 60 anos. Ela conta:
45
sar), “Cora Coralina escreveu [...] poemas quando era muito velha,
tinha o rosto enrugado, o corpo alquebrado e maltratado pela vida,
mas tinha a alma lisa e pura [...] e tinha, ao escrever, a certeza de sua
grandeza como ser humano, um coração que pulsava no ritmo da
própria idade”.
NÃO SEI...
(Cora Coralina)
Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...,
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
46
47
3
Espaço e desenvolvimento da apren-
dizagem
50
isso selecionamos a família, a escola, os pares educativos, além
51
bientes externos à família, já que os mesmos têm dificuldades de
lidar com regras, limites e qualquer tipo de estrutura social vigente
(OLIVEIRA; COLS, 2002).
Sabe-se que as condições familiares podem interferir no de-
senvolvimento e aprendizagem dos filhos, especialmente, nas fa-
mílias consideradas desestruturadas que apresentam membros
abusivos, tanto no nível físico, psicológico e social, famílias de alco-
olistas, entre outras. Então, a disfunção demonstra as dificuldades
constantes da família em manter o controle e a integração das rela-
ções e comportamentos, sendo que o seu impacto sobre o desen-
volvimento será mais significativo em contextos desorganizados e
desfavoráveis (BRONFENBRENNER, 1999). E tais fatores são percebi-
dos, na escola, nas questões de linguagem, memória, interação so-
cial e até mesmo na queda sensível do rendimento acadêmico. No
entanto, é por meio dessas relações familiares que se concretizam
as transformações nas sociedades que, por sua vez, influenciarão as
relações familiares futuras, caracterizando-se por um processo de
influências bidirecionais, isso é, influências mútuas entre os diferen-
tes ambientes que compõem os sistemas sociais nos quais a pessoa
em desenvolvimento está incluída. Nesse sentido, a família e a esco-
la emergem como duas instituições fundamentais para desencade-
ar os processos evolutivos da pessoa, atuando como propulsoras ou
inibidoras do seu crescimento físico, intelectual, emocional e social.
Por isso, a integração entre escola e família tem despertado, recen-
temente, o interesse dos pesquisadores (DAVIES; MARQUES; SILVA,
1997; MARQUES, 2002; OLIVEIRA; COLS, 2002), principalmente no
que se refere às implicações desse envolvimento para o desenvolvi-
mento social e cognitivo e o sucesso escolar do aluno.
52
o mundo adulto, estruturando situações e programas que se dis-
tinguem em relação à sua estrutura física, à organização dos con-
teúdos e sua seqüência, com emprego de metodologias de ensino,
considerando a evolução do aprendiz como uma pessoa comple-
ta. Portanto, a escolarização engloba os ciclos de vida do apren-
diz, compreendendo as necessidades específicas de cada etapa do
desenvolvimento. Por exemplo, no ensino médio, espera-se que
o aluno apresente um raciocínio hipotético-dedutivo, demonstre Uma das preocupa-
autonomia nos estudos e em pesquisas, enquanto que, no ensino ções com a escola é se ela
fundamental, espera-se que ele domine as operações complexas, oportuniza a democratiza-
empregando materiais concretos e experiências diretas (Ministério ção dos conhecimentos, o
da Educação: Secretaria de Educação Fundamental, 2001). respeito à subjetividade,
Um dos fatores que influenciam a efetividade na escola é a além do acesso e permanên-
ação pedagógica, especialmente, ligada ao professor que como cia dos seus alunos. A esco-
agente de transformação da sociedade, em suas interações sociais la de qualidade deve então
sistemáticas, complexas e contínuas, promove o desenvolvimento assegurar a sua efetividade
não apenas dos aspectos cognitivos dos alunos, mas também do que, segundo Rutter (confor-
sistema de valores, condutas, linguagem e signos que estão direta- me citado por Shaffer, 2005),
mente inseridos no processo de modernidade e cidadania (LAROC- destaca-se por promover
CA, 2002). conquistas acadêmicas, ha-
Assim, deve-se perceber que a motivação dos alunos e a bilidades sociais, comporta-
do professor, somada à gestão da sala de aula, proporcionam um mentos e atitudes positivas
ambiente agradável, desafiador e focalizado nas tarefas que têm frente ao ambiente, aliadas à
se constituído como aspectos relevantes do sucesso acadêmico. O capacidade de resolução de
clima de sala de aula, com boas oportunidades de interação, res- conflitos interpessoais, ten-
peitando-se as características sociais e culturais dos alunos, tem do como decorrência baixo
sido outro componente da efetividade. A valorização do papel do índice de abstenção e volta-
professor, considerando o seu papel na construção e nas mudanças se à proposição da educação
das perspectivas pedagógicas e de sua relação com outros atores continuada.
envolvidos no processo educativo, indica a necessidade de investi-
mento em sua formação profissional.
Para Wallon (apud ALMEIDA, 2000), a idéia da mediação do
conhecimento realizada pelo professor mediante (por exemplo, o No entanto, o pro-
emprego de materiais concretos, padrões e modelos de aprendi- fessor não é o único agente
zagem e de comportamento) permite que a sala de aula incorpore de transformação social, o
uma ação coletiva que se estrutura e funciona graças ao uso de es- projeto político-pedagógico
tratégias específicas, como o trabalho em grupo e a realização de deve refletir a qualidade do
atividades recreativas, competitivas e jogos. Contudo, essas estraté- sistema educacional local e
gias devem ser adaptadas às distintas realidades dos alunos e pro- nacional, sendo imprescindí-
fessores, às demandas da comunidade e aos recursos disponíveis, vel analisar os aspectos que
levando em conta as condições e as peculiaridades de cada época podem contribuir ou não
ou momento histórico. Nesse contexto, é importante identificar as para a melhoria do sistema
condições evolutivas de cada segmento: professores, alunos, pais escolar: (a) qualidade da ins-
e comunidade, em geral, visando o planejamento de atividades no trução, (b) organização esco-
âmbito da escola. lar, (c) metodologias de ensi-
Esse conjunto de ações é imprescindível para a implementa- no, (d) número de alunos em
ção e funcionamento de projetos educativos que propiciam a me- sala e (e) apoio pedagógico
lhoria do programa educativo e da imagem da escola. Essas condi- fornecido aos professores
ções não dependem somente da capacidade individual dos profes- (Hess & Holloway, conforme
sores para ensinar, mas também de sua habilidade e competência citado por Ensminger & Slu-
na comunicação interpessoal com pais e alunos, contando com a sarcick, 1992).
rede de apoio constituída por diretores e coordenadores da escola
(MARQUES, 2001).
53
Marques (2001), destacando o papel da escola no século XXI,
ressalta que seu objetivo precípuo é promover o desenvolvimen-
to do potencial do aluno, levando em consideração as diferenças
socioculturais em prol da aquisição do seu conhecimento e de seu
desenvolvimento global, sendo uma escola verdadeiramente inclu-
siva, não apenas no aspecto dos alunos com necessidades educa-
tivas especiais, mas no sentido de proporcionar um ambiente de
qualidade e de sucesso na aprendizagem.
54
de esporte entre outros.
Os estudos de Piaget, Vygotsky e Wallon ressaltam a necessi-
dade do outro no processo de socialização, psicomotricidade, afeti-
vidade e cognição. Vygotsky (2003), no seu conceito de zona de de-
senvolvimento proximal, indica a diferença das atividades e conhe-
cimentos que são desencadeados com a ajuda de companheiros
mais experientes e que no segundo momento são internalizados,
isto é, são realizados de forma independente, reforçando a noção
de sociogênese.
Piaget (apud Ferreiro, 2001) destaca o papel das transmissões A psicomotricidade é a
socioculturais e das interações sociais na construção da moralida- integração das funções mo-
de, especialmente na formação da inteligência e na relação com toras e psíquicas em conse-
os objetos de conhecimento. Moro (2000) afirma que essas con- qüência da maturidade do
cepções piagetianas influenciaram os autores da psicologia social sistema nervoso.
genética, como Doise, Mugny e Perret-Clemont, que realizaram ex-
perimentos acompanhando a resolução de tarefas piagetianas em
pequenos grupos e que, posteriormente, geraram a concepção de
conflito sociocognitivo.
Isso significa que em certos níveis de desenvolvimento cogni-
tivo, essas coordenações interindividuais atuam como mecanismos
formadores de novas organizações cognitivas, no indivíduo. Essas
condições estão presentes em ambientes escolares e não escolares
e colocam em evidência a triangulação sujeito-sujeito-objeto, de-
monstrando que a intersubjetividade não é, somente, um fenôme-
no interindividual, mas de cunho sociocultural. O conflito sociocogni-
Para Wallon (apud Bastos, 2003), a relação eu-outro é ao mes- tivo pode ser definido como
mo tempo de reciprocidade, de interdependência, seja no plano o encontro das centrações
afetivo, cognitivo ou motor. Essas relações se incrementam de acor- interindividuais, diferentes
do com as situações, com as necessidades próprias, em consonân- ou opostas, gerando percep-
cia com os distintos momentos de evolução. Tanto os processos de ções conflituosas no plano
identificação como os de diferenciação encontram-se reunidos nes- individual.
sa interação, nas descobertas de suas qualidades, fazendo classifi-
car-se entre os outros e estabelecer relações mais objetivas com o
seu mundo simbólico e social, por exemplo, ao ser o super-homem
na brincadeira e um aluno da 2a série ao mesmo tempo. Essa alter-
nância é a mola e o motor do desenvolvimento cujos conflitos são
condições propulsoras do desenvolvimento dele, e a diferenciação
seja pela oposição ou pela contradição deve ser incorporada no
âmbito educacional, sendo um dos eixos do processo educativo.
O contato com os coetâneos representa experiências diferen-
ciadas de papéis quando comparado às suas relações com os adul-
tos, permitindo a troca de papéis e também a alternância deles no
grupo social. Isso é visível na escola, onde se forma as chamadas
”panelinhas” do mesmo sexo ou mistas que, na verdade, indicam a Coetâneo é aquele
identificação das crianças e adolescentes com aquele grupo. ou aquilo que é da mesma
Dessa maneira, a escola se transforma em um ambiente pro- idade dos outros.
pício à colaboração e constituição de parcerias, tanto no âmbito
pedagógico, quanto no social, por exemplo, os monitores funcio-
nando como auxiliares na aprendizagem de conteúdos específicos.
À medida que a criança cresce, amplia-se o grupo de relações so-
ciais e a necessidade de ser aceito pelos pares, que interferem na
sua auto-imagem e auto-estima. Em virtude disso, os educadores
(pais, professores, diretores, entre outros) devem se preocupar com
55
a formação e organização de grupos, onde se respeite às diferenças
e dinamize as situações pelas quais os alunos se incorporaram ao
coletivo (Wallon, apud Galvão, 1995).
Os problemas de comportamentos oriundos das dificuldades
de socialização e integração com os pares surgem como um obstá-
culo à aprendizagem e à inserção social. Por isso, as famílias e a es-
cola devem estar atentas às crianças ou aos adolescentes que apre-
sentam comportamentos externalizados (agressividade, bullying,
comportamento anti-social, dentre outros) ou internalizados (timi-
dez, depressão, retração social, ansiedade) que podem gerar riscos
sociais, necessitando de auxilio pedagógico, psicológico e familiar
(OLIVEIRA ET AL 2002). Esses comportamentos repercutem no seu
desenvolvimento e na evolução pedagógica dos alunos, necessi-
tando de uma ação preventiva e acionando a rede social de apoio
para superação desses comportamentos. E essa rede se configura
pela presença dos pais, irmãos, professores e colegas de turma que
podem ser agentes de mudança e de promoção à saúde, atuando
em conjunto, como potencializadores do desenvolvimento e redu-
zindo as condições desfavoráveis a ele.
56
e nem repertórios complexos que fomentam as mudanças cogniti-
vas, sociais, afetivas, entre outras..
57
se, neste novo mundo virtual.
Ao fazermos uma retrospectiva histórica da inclusão da mídia
na educação, podemos observar que passamos por uma infinidade
de fatos sobre essa questão. Se analisarmos o movimento da mídia,
a partir da década de 1950, podemos notar seu avanço com a che-
gada da mídia televisiva, que abriu um espaço muito grande, para
novos questionamentos, tanto em nível individual, como coletivo.
Tais informações, também, foram responsáveis pelas mudanças de
valores do ser humano.
Segundo Moran (2000), houve uma mudança qualitativa no
processo de ensino-aprendizagem e, desse modo, passamos, muito
A posição que esses e rapidamente, do livro para televisão e vídeo, depois para o compu-
muitos outros pesquisado- tador e Internet. Todo esse avanço produz mudanças radicais (no
res defendem é que, além processo de ensino-aprendizagem, na busca de novos valores so-
da falta de verbas, existiram ciais, morais, afetivos, etc.), que, por sua vez, gera a necessidade do
outros fatores responsáveis ensino, de maneira geral, adaptar-se a todas essas questões.
pela escassa penetração da A história da informática presente na educação no Brasil data
informática na educação. A de mais de 20 anos. Nasceu no início dos anos 1970 a partir de al-
preparação inadequada de gumas experiências na UFRJ, UFRGS e Unicamp. Nos anos 1980,
professores, em vista dos ob- estabeleceu-se, através de diversas atividades que permitiram que
jetivos de mudança pedagó- essa área hoje tivesse uma identidade própria, raízes sólidas e rela-
gica propostos pelo Progra- tiva maturidade. Apesar dos fortes apelos da mídia e das qualida-
ma Brasileiro de Informática des inerentes ao computador, a sua disseminação nas escolas está
em Educação (PROINFO), é hoje muito aquém do que se anunciava e se desejava. A informática
um desses fatores (ANDRA- na educação ainda não impregnou as idéias dos educadores e, por
DE, 1993; ANDRADE; LIMA, isso, não está consolidada no nosso sistema educacional (VALENTE;
1993; APUD; VALENTE; AL- ALMEIDA, 2001, p. 1).
MEIDA, 2001). Esse programa (PROINFO) é bastante peculiar e diferente do
que foi proposto em outros países. No Programa do Brasil, o papel
do computador é o de provocar mudanças pedagógicas profundas
ao invés de “automatizar o ensino” ou promover a alfabetização em
informática como nos Estados Unidos, ou desenvolver a capacida-
de lógica e preparar o aluno para trabalhar na empresa, como pro-
põe o programa de informática na educação da França. Essa pecu-
liaridade do Projeto Brasileiro aliado aos avanços tecnológicos e à
ampliação da gama de possibilidades pedagógicas, que os novos
computadores e os diferentes softwares disponíveis oferecem, de-
mandam uma nova abordagem para os cursos de formação de pro-
fessores e novas políticas para os projetos na área.
Ainda na década de 1980, os Softwares Educativos tiveram um
avanço muito grande, na aplicação educacional, existindo uma va-
riedade muito ampla de áreas e linhas de atuação, Passerino (2001).
Para ler um pouco mais Porém, a sua utilização, como ferramenta mediadora, entre o cur-
a respeito de softwares edu- rículo a ser seguido pelo professor e os alunos junto ao processo
cativos, seus diferentes tipos ensino-aprendizagem, aparece ainda de maneira tímida e até hoje
e aplicações, acesse: <http:// permanece igual dentro do contexto escolar da realidade brasilei-
www.centrorefeducacional. ra. Nos anos 1990, presenciamos outro Pico, com o surgimento da
com.br/sofedu.html>. Internet, que veio somar ao leque de ferramentas que a informática
tem à disposição, para uso educacional.
Dentro dessa perspectiva histórica, podemos ver que é pos-
sível criar usos múltiplos e diferenciados para as tecnologias. Nisso
está o seu encantamento, o seu poder de sedução. Os produtores
pesquisam o que nos interessa e o criam, adaptam e distribuem
58
para aproximá-lo de nós. A sociedade, aos poucos, parte dos usos
iniciais, previstos, para outras utilizações inovadoras ou inespera-
das. Podemos fazer coisas diferentes com as mesmas tecnologias.
Com a Internet, podemos nos comunicar, enviar e receber mensa-
gens, buscar informações, fazer propaganda, ganhar dinheiro, di-
vertir-nos ou vagar curiosos, como voyeur, pelo mundo virtual.
Nas aplicações da informática na educação, tem-se defendido
(SANTAROSA, 1991) a construção de ambientes de aprendizagem
chamados construtivistas em oposição aos instrucionistas, buscan-
do-se fundamentação em teorias que alicerçam essa construção.
Na perspectiva de redes telemáticas, ampliam-se os proces-
sos de interação, não somente com o objeto físico, mas com o obje- De acordo com pes-
to social. Acredita-se que os estudos já avançaram suficientemente quisas e estudos dentro des-
e também já é ponto pacífico que a aprendizagem não pode ser sa área, podemos dizer que,
explicada exclusivamente a partir da perspectiva cognitiva/indivi- com as novas tecnologias,
dualista, envolvendo também a dimensão social e afetiva, onde os hoje, aprende-se não apenas
processos de interação com o objeto social desempenham um pa- no prédio físico da escola,
pel fundamental. mas em casa, no escritório
Os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a telemática, de trabalho, em qualquer lu-
etc. trazem novas formas de ler, de escrever, e, portanto, de agir e gar onde se possa ter acesso
de pensar. Computadores não apenas ajudam a aprender, eles in- às informações.
terferem na aprendizagem, criando novas formas de aquisição do
conhecimento. Por isso, muitos educadores e instituições foram
surpreendidos e ficaram assustados, quando se iniciou a discussão
sobre a introdução do uso do computador na educação escolar. As
tentativas de seu uso na educação escolar vão desde a simples di-
gitação de uma redação manuscrita ao uso de softwares prontos,
como também através de projetos educacionais com um enfoque
interdisciplinar. Esses projetos são o resultado de um trabalho inte-
grado, processado pelos alunos e mediado pelo professor (MORAN,
2001).
É preciso enfatizar mais uma vez que, no processo ensino-
aprendizagem, a inclusão da informática educativa, nas escolas,
vem direcionando para uma necessidade de mudanças no para-
digma pedagógico, com o objetivo de usar o computador como
recurso tecnológico que possibilite o desenvolvimento do pensa-
mento, enfatizando a construção do conhecimento e não a instru- Pretendemos, com
ção. Nesse intuito, é que vem sendo construída uma nova forma esse discurso, oportunizar
de utilização do computador: como ferramenta mediadora junto ao uma reflexão sobre os avan-
processo educativo. Desse modo, certas características do compu- ços da informatização e sua
tador, como: a capacidade de animação, facilidade de simular situa- implementação junto às es-
ções diversas, contribuem para que ele seja adotado como recurso colas públicas do Brasil, com
didático. a intuição positiva de que os
As tecnologias de comunicação não mudam necessariamente caminhos estão abertos para
a relação pedagógica. Parafraseando Moran, podemos afirmar que: tais questionamentos e suas
as tecnologias tanto servem para reforçar uma visão conservadora possíveis soluções.
e individualista como, uma visão progressista. A pessoa autoritária
utilizará o computador para reforçar ainda mais o seu controle so-
bre os outros. Por outro lado, uma mente aberta, interativa, partici-
pativa, encontrará, nas tecnologias, ferramentas maravilhosas para
ampliar a interação (Brandão apud Moran, 2005).
Ao se trabalhar dentro do paradigma construtivista, possibi-
litamos que o aprendiz interaja com o computador e, com isso, ele
59
está articulando conceitos e o que eles contribuem para o seu de-
senvolvimento mental. Essa afirmação pode ser respaldada pelas
experiências científicas de Piaget, quando diz que o aluno adquire
conceitos ao interagir com objetos do mundo e, dessa forma, pode-
mos dizer que o aprendizado que acontece no ambiente informati-
zado consiste na interação aluno-computador sendo mediada por
uma linguagem de programação.
O papel fundamental do professor seria o de mediador des-
se processo de construção de conhecimento pelo aluno, através de
uma compreensão sobre as potencialidades do computador para
utilizar na interpretação das idéias dos alunos e na intervenção
apropriada, de modo a contribuir com o processo de construção do
conhecimento por parte do aluno (BRANDÃO ET AL 2006).
Sabemos que muitas investigações estão sendo realizadas
na busca de soluções, há vários questionamentos acerca das exclu-
sões digitais, essa é uma das questões mais discutidas atualmente
no país e certamente a maioria dos profissionais de informação tem
uma opinião formada a respeito. Uma dessas opiniões está entre a
exclusão digital e o seu contraponto, a inclusão digital (BRANDÃO,
2005).
Mercado (1995) traz para discussão um argumento bastante
forte, no que diz respeito à realidade brasileira, que é o descaso do
governo quanto a possibilitar condições para a educação pública,
para que todas essas premissas se efetivem,
61
Como você poderia utilizar a informática educativa como
ferramenta mediadora para facilitar o trabalho de transmissão dos
conteúdos curriculares sistematizados estabelecidos pelos PCNs?
62
tivo.
63
que o “indivíduo é pré-determinado biologicamente, tendo o am-
biente pouca influência no seu desenvolvimento” (BRANDÃO ET AL,
2002), ou seja, o sujeito já nasce inteligente, são os fatores matura-
cionais e herdados os constituintes do ser humano e determinante
do processo de aprendizagem. E a abordagem empirista concebe
o sujeito como tábula rasa em que a experiência é grande fonte
de aprendizagem, ela é confundida com memorização, repetição,
fixação e cópia (ibid, 2002, p. 120).
No entanto, diante de tantas transformações ocorridas na his-
tória da humanidade, vemo-nos em situações de mudanças. Existe
uma consciência de que os paradigmas educacionais também têm
sofrido mudanças significativas por vivermos numa era em que a
informação se processa rapidamente e a comunicação se faz essen-
cial para compreensão e participação no mundo globalizado. Não
estamos reinventando a roda, pelo contrário, os avanços tecnológi-
cos nos impulsionam para uma nova forma de ver o homem, que é
aquele que participa das práticas sociais e é ativo nos processos de
aquisição de conhecimentos.
Nesse sentido, vislumbramos uma escola que deixa de ser
transmissora de conteúdos para voltar-se à formação do sujeito no
seu sentido mais amplo. Não podemos perder de vista que a escola
deveria ser o espaço comprometido com a humanização. Concor-
damos com Vasconcellos (2003) quando comenta que a perspectiva
da humanização não é algo que nos remete a meras elucubrações
filosóficas ou valorativas, ela está presente a cada instante da vida
do indivíduo, na produção concreta da existência, uma vez que o
homem se constitui e se transforma, ao transformar. É nesse sentido
que queremos uma escola viva, dinâmica, pulsante, democrática,
Assim, acreditamos uma escola que enxergue o sujeito como um todo, que valorize e
nas possibilidades de termos respeite o ser humano em todas suas dimensões emocionais, racio-
escolas que desde cedo pre- nais e espirituais. Uma escola que possa contribuir para a transfor-
param os seus cidadãos para mação da realidade.
ter voz ativa, serem donos Por isso, é preciso lembrar que as grandes experiências huma-
de opiniões e pontos de vis- nas – amor, liberdade, felicidade, tecnologia, etc. – são perpassadas
ta; que participem de deba- pela simbolização e, em alguma medida, pelo conhecimento – sen-
tes, discussões; que possam so comum, mito, religião, arte, ciência e filosofia (VASCONCELLOS,
cumprir seus deveres e lu- 2003). O autor comenta ainda que, na medida em que o professor
tarem por seus direitos com estimula e ajuda o aluno a ter acesso à cultura, refletir, imaginar,
autonomia; que possam criar, atribuir valor, desenvolver a consciência, ele trabalha com a
conquistar sua liberdade de produção de sentido num contexto histórico e coletivo.
ir e vir, agindo na participa- As sociedades democráticas são capazes de desenvolver um
ção das práticas sociais exis- tipo de educação que promova a continua reconstrução da experi-
tentes, com dignidade. ência individual e social. A concepção de sociedade discutida aqui
é, portanto, a sociedade que pressupõe a igualdade de oportuni-
dades, de chances entre todos os indivíduos, na qual a educação
exerce a importante tarefa de propiciar os instrumentos capazes
de colocar os indivíduos em situação de competição pelos privilé-
gios que a sociedade democrática permite alcançar. Imaginamos
que praticar essa democracia no espaço escolar é contribuir para
a formação de crianças, jovens e adultos para a ética e a cidadania,
dando-lhes oportunidades de se sentirem proprietários do traba-
lho que executam.
É importante ressaltar que trabalhar com a produção de sen-
64
tido no espaço escolar aconteceria no momento em que o trabalho
pedagógico da escola conquistasse sua autonomia, isso possibilita-
ria a toda a comunidade escolar uma participação efetiva, desde a
construção do projeto político-pedagógico até uma simples deci-
são que venha ocorrer no espaço escolar. Nesse aspecto, Villas Boas
(2002) pode elucidar o que estamos pensando, quando comenta
que o que dá direito de autonomia não é o professor ensinar o que
quiser, da maneira como quiser e a quem quiser, mas o compromis-
so de garantir que cada aluno aprenda o que necessita aprender.
Ter autonomia não significa desvincular-se do conjunto de normas A escola que a socie-
educacionais básicas, mas criar os melhores meios de aplicá-las. dade democrática requer é
Nessa perspectiva de construção do projeto pedagógico, co- aquela capaz de implemen-
letivamente, levamos em consideração que os temas abordados tar o seu próprio projeto pe-
nas áreas do conhecimento possam ser relacionados com a reali- dagógico, elaborado coleti-
dade existente. Sabemos que no dia-a-dia de nossos alunos, eles vamente, devidamente atu-
têm contato com os números, com os fenômenos naturais físicos alizado, divulgado e avaliado
e biológicos, com a escrita, com o meio, e é claro com o próprio por todos os interessados.
corpo, onde percebem sua saúde e seu movimento no mundo. Não Isso pressupõe competência,
importa se são jovens, crianças ou adultos. seriedade, comprometimen-
Um dos objetivos da educação não é simplesmente o de to e rigor.
efetivar um saber na pessoa, mas seu desenvolvimento como su-
jeito capaz de atuar no processo em que aprende e de ser parte
ativa dos processos de subjetivação associados à sua vida cotidiana
(GONZALEZ REY, 2001). Essa afirmação nos leva a enxergar o aluno
como aquele sujeito ativo na sua aprendizagem. Uma vez que ele
se apropria do conhecimento, ele terá a ousadia de utilizá-lo na sua
vida prática. É por isso que reafirmamos que devemos aprender e
ensinar aquilo que tem sentido para “o estar no mundo” dos alunos.
Não adianta dizer que a terra é redonda, se para aquele sujeito essa Entendemos que
informação não faz o menor sentido, como também é inútil impor para tal o professor deve as-
silêncio numa classe em que os pensamentos estão borbulhando e sumir um papel de organiza-
precisam ser compartilhados. dor do ambiente escolar e da
Entende-se que é importante valorizar as concepções dos sala de aula, deve proporcio-
alunos, tratando-as respeitosamente, pois é com base nelas que nar aos alunos situações que
o conhecimento poderá ser construído. É fundamental, também, os levem a pensar, a desen-
questionar os conhecimentos científicos e suas aplicações em rela- volver o raciocínio lógico e a
ção às condições sociais, políticas e econômicas, na época em que lidar com suas emoções: os
ocorreram e no mundo atual, para melhor compreender o processo prazeres e desprazeres que a
de construção de vida da humanidade e individual. vida lhes oferece.
Tornar a escola um ambiente propício para a produção de
sentido é proporcionar aos sujeitos, partindo das representações
simbólicas já construídas, o acesso a novas representações para que
se possa estabelecer as relações que há entre o que já se conhece
e o que foi construído historicamente, socialmente e culturalmente
pela humanidade. Todo conhecimento perpassa por um senso co-
mum, isso é, por um saber cotidiano que precisa ser rompido para
dar lugar a novos saberes.
González Rey (2001) nos leva a uma reflexão que rompe com
o sistema tradicional de ensino, de que ensinar e aprender são rela-
ções de mão única (o professor ensina, ou seja, transmite o conte-
údo, e o aluno decora esse conteúdo sem questionar e discutir);,o
mesmo autor nos propõe a idéia de que a sala de aula não é sim-
plesmente um cenário relacionado com os processos de ensinar e
65
aprender. Nela aparecem, como constituintes de todas as atividades
aí desenvolvidas, elementos de sentido e significação procedentes
de outras zonas de experiência social, tanto de alunos quanto de
professores. Sabemos que cada um constrói sua história, vivencia
fatos, experiências coletivas e individuais.
Dessa forma, acreditamos que a sala de aula é o lugar em que
há uma reunião de seres pensantes que compartilham idéias, tro-
cam experiências, contam histórias, enfrentam desafios, rompem
com o velho, buscam o novo, enfim, há pessoas que trazem e carre-
gam consigo saberes cotidianos que foram internalizados durante
sua trajetória de vida, saberes esses que precisam ser rompidos para
dar lugar a novos saberes. O aluno precisa se apropriar das informa-
ções que circulam nos meios sociais e culturais para transformá-las
em conhecimento. Não podemos perder de vista que essas infor-
mações devem fazer sentido para a vida desse sujeito, para que elas
possam ser articuladas com suas ações, seus objetivos, seus sonhos,
etc.
Nessa mesma lógica, Freire (1996) afirma que uma das tarefas
da escola, como centro de produção sistemática de conhecimento,
é trabalhar criticamente a inteligibilidade das coisas e dos fatos e a
sua comunicabilidade. O mesmo autor revela que o educando deve
assumir seu papel de sujeito da produção, de sua inteligência do
mundo, e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida
pelo professor.
É nesse sentido que a escuta sensível do professor é essencial
para que ele possa ajudar o aluno a reconhecer-se como construtor
de seu conhecimento. Acreditamos que é a partir desse (re)conhe-
cimento que aprendente e ensinante podem se conectar para um
estabelecimento de relações que venham contribuir para um avan-
ço no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Ao falar de
escuta, Freire (1996) comenta que escutar é obviamente algo que
vai mais além da possibilidade auditiva de cada um. Escutar signi-
fica a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escu-
ta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças
do outro. Isso não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de
quem realmente escuta sua redenção ao outro que fala. Isso não
seria escuta, mas auto-anulação. A verdadeira escuta não diminui
em nada a capacidade de exercer o direito de discordar, de opor-se,
de posicionar-se. Pelo contrário, é escutando bem que me prepa-
ro para melhor colocar-me, ou melhor, situar-me do ponto de vista
das idéias.
Desse modo, ao escutar, o professor abriria espaço para com-
preender a dinâmica estabelecida em sala de aula, pelo aluno, como
a construção de seu conhecimento e também de sua subjetividade.
Se de um lado temos o aluno buscando novos saberes, do outro
deveríamos ter o professor que investiga, observa, escuta, propõe
situações problemas, intervém e organiza o espaço para que a
aprendizagem se concretize. É, por isso, que ensinar-aprender só
faz sentido para cada um dos envolvidos nesse processo se hou-
ver uma conexão entre as partes, se na sala de aula, como propõe
Barbier (2002), for possível sentir o universo afetivo, imaginário e
cognitivo do outro para poder compreender de dentro suas atitu-
des, comportamentos e sistema de idéias, de valores, de símbolos
66
e de mitos.
Consideramos esse um dos desafios para a construção de
uma educação de qualidade, pois, ao falarmos em sentir o universo
afetivo, imaginário e cognitivo do outro, estamos nos referindo à
construção de um novo saber, de um saber singular que impulsio-
na o desejo tanto do aluno quanto do professor, pois sabemos que
tanto um quanto o outro são sujeitos subjetivantes e objetivantes,
ou seja, os dois se movimentam nas dimensões do corpo, do or-
ganismo, da inteligência e do desejo para desenvolver-se nos seus
processos de aprendizagem.
Cada um, com sua singularidade, por participar de ambien-
tes sociais diferentes, apresenta-se ao mundo de maneira distinta.
Acredita-se que cada pessoa tem seu mundo privado ao lado dos
demais. O mundo é o lugar do encontro, onde nós reencontramos
os instrumentos que construíram nosso próprio mundo. Nesse sen-
tido, Freire (1996) propõe que ensinar exige compreender que a
educação é uma forma de intervenção no mundo. Quando somos
capazes de sentir o outro, tanto na sua dimensão cognitiva quanto
dramática, é que somos capazes de participar das coisas que acon-
tecem ao nosso redor sem estarmos alienados, pois poderíamos di-
zer que a objetividade do sujeito pode ser questionável, no entanto,
não podemos dizer o mesmo em relação a sua subjetividade. Daí a
importância em estarmos atentos ao “mundo” do sujeito aprenden-
te. Um mundo que vem recheado de mitos, crenças, valores, fan-
tasias, ideais, etc. Entrar em contato com esse “mundo” requer co-
nhecimento, tanto dos profissionais envolvidos na educação, como
daqueles que indiretamente influenciam no espaço escolar.
Dessa maneira, pensamos que é preciso que o profissional da
educação esteja em constante formação, pois é ele e seu aluno que
ocupam o espaço da sala de aula, são eles que lidam cotidianamen-
te com a dinâmica do ensinar-aprender e com todos os atravessa-
mentos .
Vasconcelos (2003, p. 67) afirma que:
Por isso, não podemos perder de vista que a cada ano letivo,
cada classe, cada aluno, cada professor são únicos. Devemos ter a
consciência de que no universo escolar existe um imaginário social
que se constrói e precisa ser reconhecido. Esse reconhecimento nos
levaria a compreender como professores e alunos pensam e atuam
no espaço escolar, pois esse espaço é temporalmente contextua-
lizado. Nele, existem regras, combinados, histórias, fantasias, mis-
térios, formalidades, enfim, uma série de coisas que influenciam e
contribuem para a produção de sentido na educação.
Perceba que, ao citarmos educação, estamos falando num
sentido de conduzir o sujeito para fora de si mesmo, mais livre, cria-
tivo e inventivo. Queremos romper com aquela forma de fornecer,
trazer, dar, tendo como objetivo um ensino passivo e alunos imóveis.
67
No entanto, temos consciência de que existem dentro do espaço
escolar conflitos que ora se mostram visíveis, ora invisíveis entre es-
sas concepções de escola. Nem sempre as mudanças educacionais
que se anunciam se concretizam no cotidiano das escolas.
O desafio está lançado, o sentido da escola está inserido em
muitas outras formas de construção e compreensão da realidade do
que, propriamente, na rede curricular, nos trabalhos de sala de aula,
nas provas e avaliações, nos resultados escolares. Entendemos que
o sentido da escola está no olhar, na escuta, no sorriso, nos afetos e
desafetos, nas intrigas, no redescobrir a alegria do conhecimento, a
aventura da imaginação.
Nesse aspecto, acreditamos que fazer da escola um lugar que
reconheça crenças, desejos, fantasias, valores e os saberes espon-
tâneos trazidos pelos alunos proporcionaria aos profissionais da
educação abertura de espaços para romperem com a resistência ao
desconhecido, revolucionando assim as práticas pedagógicas.
Ao professor, cabe a tarefa de articular, problematizar, desa-
fiar, facilitar e mediar o saber com o conhecimento. Então, é essen-
cial que para existir os vínculos cognitivos, afetivos e sociais de uma
relação estabelecida com o outro que aprende tem de partir de
uma escuta sensível.
68
divirtam você estará fazendo um grande bem para a
nação, pois o mundo, as crianças, os adolescentes, os
adultos e os idosos precisam de amor, respeito, cari-
nho, afeto e principalmente compreensão.
69
uma relação dialética entre ensinar e aprender, pois nesse contexto
acreditamos que todos são capazes de ensinar e aprender.
Esse sentimento de identificação entre os pares é onde se
apóia a escuta sensível. Como já citado anteriormente, Barbier
(2002) diz que o profissional que se propõe a trabalhar com a escu-
ta sensível deve saber sentir o universo afetivo, imaginário e cog-
A escuta sensível e
nitivo do outro para poder compreender de dentro suas atitudes,
multirreferencial não é a pro-
comportamentos e sistemas de idéias, de valores, de símbolos e de
jeção de nossas angústias ou
mitos.
de nossos desejos, ela pro-
Barbier (2002) ainda afirma que:
põe um trabalho sobre o eu-
mesmo, em função de nossa
[...] o ouvinte sensível não julga, não mede, não com-
relação com a realidade, com
para. Entretanto, ele compreende sem aderir ou se
o auxílio eventual de um ter-
identificar às opiniões dos outros, ou ao que é dito ou
ceiro ouvinte, que, no caso
feito. A escuta sensível não é uma rotulagem social,
desse estudo, poderia ser o
professor e/ou o professor- antes de situar uma pessoa em seu lugar começa-se
pesquisador por reconhecê-la em seu ser, dentro da qualidade
de pessoa complexa dotada de uma liberdade e de
uma imaginação criadora. A escuta sensível é sempre
multirreferencial , segundo a expressão de Jaques Ar-
doino.
70
tam para sentir o que se deve fazer. Ele sugere que apenas a escuta
sensível, que integra e ultrapassa ao mesmo tempo a experiência
anterior e o saber psicológico, permite chegar a uma atitude justa
e a um comportamento pertinente. E finaliza com a seguinte inda-
gação: “por que insistir em tirar a venda daquela pessoa que ainda
precisa da escuridão sobre o seu rosto?”
Ficamos com a mesma indagação, mesmo porque o silêncio
do outro, os seus movimentos e a sua falação podem estar queren-
do denunciar muitos sentimentos que se relacionam com a apren-
dizagem ou não. Na sala de aula, isso é bem visível, muitas vezes
esses deixam o professor sem ação ou com ações exageradas dian-
te de certas situações. Não podemos culpá-los, ao buscar a escuta
sensível, nossa intenção é justamente tentar decodificar os senti-
mentos dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Todavia, uma coisa é certa: possibilitar o novo é ousado e de-
safiador, pois lacunas existem e fazem parte de qualquer proces-
so, principalmente quando nos referimos ao processo de ensinar e
aprender, que envolvem questões sociais, culturais, políticas, eco-
nômicas, afetivas e cognitivas.
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