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A AFETIVIDADE COMO PROPULSORA DA

APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL1


Monaliza Tamaris Viana Lazaro2
Declaro que o trabalho apresentado é de minha autoria, não contendo plágios ou citações não
referenciadas. Informo que, caso o trabalho seja reprovado por conter plágio pagarei uma taxa
no valor de R$ 199,00 para a nova correção. Caso o trabalho seja reprovado não poderei pedir
dispensa, conforme Cláusula 2.6 do Contrato de Prestação de Serviços (referente aos cursos
de pós-graduação lato sensu, com exceção à Engenharia de Segurança do Trabalho. Em
cursos de Complementação Pedagógica e Segunda Licenciatura a apresentação do Trabalho
de Conclusão de Curso é obrigatória).
RESUMO

Este artigo aborda a importância da afetividade como propulsora da aprendizagem na educação infantil. A partir
de uma revisão bibliográfica e análise de estudos e pesquisas, exploramos como a relação afetiva entre professor
e aluno pode criar um ambiente propício para a aprendizagem, aumentando a motivação, a autoestima e o
interesse das crianças em participar das atividades educativas. Destacamos que o desenvolvimento
socioemocional das crianças desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem. Um ambiente
afetivo e acolhedor na educação infantil contribui para o fortalecimento de habilidades essenciais, como a
autorregulação emocional e a empatia, que são fundamentais para o engajamento e o sucesso acadêmico.
Discutimos também teorias que sustentam essa relação, como a teoria socioconstrutivista de Vygotsky, que
destaca a importância das interações sociais e afetivas no processo de aprendizagem. O equilíbrio entre o afeto e
a aprendizagem é essencial para o desenvolvimento integral das crianças, promovendo a construção de uma
identidade saudável, segura e confiante. Concluímos que através do estabelecimento de relações afetivas
saudáveis, do reconhecimento das emoções das crianças e da criação de um ambiente acolhedor, é possível
proporcionar experiências educativas significativas, que contribuem para o pleno desenvolvimento das crianças,
tanto no aspecto emocional quanto no cognitivo.
Palavras-chave: afetividade, aprendizagem, educação infantil, desenvolvimento socioemocional, teoria
socioconstrutivista.

ABSTRACT

This article addresses the importance of affectivity as a driver of learning in early childhood education. Through
a literature review and analysis of studies and research, we explore how the affective relationship between
teachers and students can create an environment conducive to learning, increasing motivation, self-esteem, and
children's interest in participating in educational activities. We emphasize that children's socioemotional
development plays a fundamental role in the learning process. An affectionate and nurturing environment in
early childhood education contributes to the strengthening of essential socioemotional skills, such as emotional
self-regulation and empathy, which are crucial for engagement and academic success. We also discuss theories
that support this relationship, such as Vygotsky's socioconstructivist theory, which highlights the importance of
social and affective interactions in the learning process. The balance between affection and learning is essential
for the holistic development of children, promoting the construction of a healthy, secure, and confident identity.
In conclusion, we argue that affectivity plays a crucial role in promoting learning in early childhood education.
Through the establishment of healthy affective relationships, the recognition of children's emotions, and the
creation of a nurturing environment, it is possible to provide meaningful educational experiences that contribute
to the full development of children, both in socioemotional and cognitive aspects.
Keywords: affectivity, learning, early childhood education, socioemotional development, socioconstructivist
theory.

1
Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de
TCC.
2
Discente do curso Pedagogia - Segunda Licenciatura.
1

1 INTRODUÇÃO

A educação infantil desempenha um papel essencial no desenvolvimento integral das


crianças, moldando os alicerces de suas capacidades cognitivas, emocionais, sociais e físicas
(Brasil, 1996). Como um campo de estudo e prática, abrange os primeiros anos de vida, sendo
um período crucial em que ocorrem avanços significativos nas habilidades de aprendizado e
formação de personalidade. No presente artigo buscamos abordar como a afetividade pode
impulsionar o aprendizado nesse estágio da vida, o qual transcende a simples transmissão de
conhecimento, adentrando no domínio da construção de valores, da criatividade e do
desenvolvimento de habilidades (Oliveira, 2002).
Nesse contexto, os educadores da infância desempenham um papel vital, atuando
como facilitadores do processo de aprendizado e explorando metodologias alinhadas às
características e necessidades específicas das crianças em tenra idade. A criação de ambientes
estimulantes, a promoção da interação social, o estímulo à curiosidade e exploração, bem
como o desenvolvimento de habilidades sócio e emocionais, são aspectos centrais dessa
abordagem pedagógica (Pino, 2008).
Assim, ao compreendermos o ensino dos pequeninos como base para o futuro das
crianças e da sociedade em geral, estaremos mais bem preparados para moldar uma
abordagem educativa que promova um crescimento saudável, significativo e sustentável desde
os primeiros passos na jornada educativa. Partindo da importância dessa fase na construção de
uma sociedade crítica, atuante e determinada, a afetividade emerge como um elemento
fundamental no processo educativo, exercendo uma influência positiva no desenvolvimento
infantil e promovendo o bem-estar emocional dessas crianças (Veiga, 2003).
A escolha deste tema para o presente trabalho se baseia na crescente importância da
afetividade como um elemento essencial no processo educacional da primeira infância, a qual
emerge como um fator propulsor que não apenas promove um ambiente de aprendizado
acolhedor, mas também desencadeia e sustenta o desenvolvimento integral. Este estudo visa
investigar em profundidade como a afetividade influencia a experiência educacional das
crianças pequenas, analisando como as relações emocionalmente positivas entre educadores e
alunos podem catalisar o aprendizado, estimular a autoestima e criar bases sólidas para futuras
realizações acadêmicas e pessoais.
De acordo com Vygotsky (1998), a afetividade está intrinsecamente ligada à
aprendizagem, uma vez que as experiências afetivas exercem um impacto direto na forma
como as crianças interagem com o mundo e constroem seu conhecimento. Quando os
2

aspectos emocionais são incorporados ao contexto educacional, essas demonstram maior


motivação e engajamento nas atividades propostas, potencializando, assim, o processo de
aprendizagem.
Diversas pesquisas têm evidenciado o papel da afetividade na criação de um
ambiente seguro e acolhedor, onde os alunos se sentem à vontade para explorar, questionar e
expressar suas ideias e emoções (Nunes, 2017). A presença de relações afetivas positivas
entre educadores e educandos contribui para a construção de vínculos de confiança, respeito e
cuidado mútuo, aspectos fundamentais para o desenvolvimento integral do indivíduo em
formação.
Ademais, a afetividade favorece o equilíbrio emocional, fortalecendo a autoestima, a
confiança e o senso de pertencimento. Quando o infante se sente emocionalmente seguro e
apoiado, fica mais propenso a enfrentar desafios e superar dificuldades, desenvolvendo,
assim, resiliência e autonomia (Carvalho, 2015). Tais potencialidades favorecerão o
surgimento de indivíduos mais ativos socialmente, cientes das suas funções no espaço e mais
saudáveis psicologicamente.
A influência positiva da afetividade na aprendizagem e no bem-estar emocional na
educação infantil é amplamente reconhecida por pesquisadores e teóricos renomados. Autores
como Winnicott (2005) destacam a importância da relação afetiva para o desenvolvimento
saudável do indivíduo, enquanto Piaget (1990) enfatiza o papel central da afetividade como
um elemento constituinte do processo de construção do conhecimento.
Nesse contexto, é fundamental que os educadores compreendam a relevância de
cultivar relações afetivas saudáveis e promovam um ambiente que estimule a expressão
emocional e o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. Investir na afetividade é
proporcionar as bases necessárias para uma aprendizagem significativa e um desenvolvimento
integral, contribuindo para a formação de indivíduos mais autônomos, confiantes e felizes.
Neste trabalho, exploraremos a importância da afetividade na educação dos
pequenos, examinando os fundamentos teóricos, os benefícios para o desenvolvimento
infantil e os desafios enfrentados nesse campo. Teremos a oportunidade de analisar estudos
promissores e de autores renomados, os quais apresentam teorias que subsidiaram nossa
pesquisa e responderam a seguinte pergunta problema: qual a importância da afetividade
dentro do processo de ensino aprendizagem na educação infantil?
3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A afetividade e o desenvolvimento infantil

A afetividade, termo que remete às emoções, sentimentos e estados emocionais de


um indivíduo em relação a si mesmo, aos outros e ao ambiente circundante, constitui um
componente essencial da experiência humana (Souza, 2003). Essa dimensão emocional
abrange um amplo espectro de sensações, englobando desde emoções positivas, como alegria,
amor, gratidão e serenidade, até emoções negativas, como tristeza, raiva, medo e ansiedade
(Goleman, 1995).
A afetividade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento global da
criança, abrangendo dimensões cognitivas, socioemocionais e comportamentais. Segundo
Winnicott (1975), a relação afetiva entre a criança e seu cuidador primário estabelece um
ambiente propício para a formação de um self saudável e a construção de uma base segura
para a exploração do mundo.
A teoria do apego, formulada por Bowlby (1988), enfatiza a influência dos laços
afetivos nas relações futuras da criança. A qualidade dos vínculos formados na primeira
infância afeta não apenas o desenvolvimento emocional, mas também a autoestima, a
capacidade de regular as emoções e a construção de relações interpessoais saudáveis.
A afetividade, além de se manifestar de diversas maneiras, também está
intrinsecamente ligada à capacidade do indivíduo de regular suas emoções e reações diante de
diferentes situações (Salovey & Mayer, 1990). O desenvolvimento de uma competência
emocional saudável envolve o reconhecimento, a expressão e a gestão construtiva das
emoções, tanto em termos de autogestão quanto de interações sociais (Brackett & Salovey,
2006).
Em síntese, a afetividade transcende a esfera emocional, permeando a forma como
percebemos, interagimos e nos relacionamos. Reconhecer, compreender e gerenciar
adequadamente nossas emoções são habilidades fundamentais para o desenvolvimento
humano e para a construção de relações interpessoais saudáveis e enriquecedoras.

2.2 A importância da afetividade na educação infantil

No contexto educacional, a afetividade desempenha um papel de destaque. Ao


valorizar a dimensão afetiva na relação entre educadores e educandos, cria-se um ambiente
propício para a aprendizagem significativa (Freire, 1996). A expressão emocional e o
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estabelecimento de vínculos empáticos favorecem a motivação, o engajamento e a construção


de conhecimento (Noddings, 2012).
A Educação Infantil assume um papel crucial no desenvolvimento integral das
crianças, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais, sociais e físicos. Vygotsky (1978)
destaca a influência das interações sociais no aprendizado, especialmente nos primeiros anos,
quando conceitos fundamentais são construídos.
Piaget (1972) ressalta a centralidade do pensamento lógico na Educação Infantil,
fomentando a construção ativa de conhecimento por meio da exploração e manipulação de
objetos. O ambiente deve ser estimulante, desafiador e propício para experimentação,
questionamento e construção de conceitos.
Nesse contexto, o educador desempenha papel mediador. Freire (1996) enfatiza a
educação como diálogo e conhecimento, incentivando reflexão crítica e expressão criativa. A
abordagem construtivista de Ausubel (1968) destaca a conexão entre conteúdos novos e
conhecimento prévio. No Brasil, a Educação Infantil é definida como etapa obrigatória pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). O Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil (RCNEI) enfatiza uma abordagem global, promovendo
desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo.
A diversidade cultural é valorizada pela abordagem Reggio Emilia de Malaguzzi
(1999), respeitando identidade e potencial únicos. Em síntese, a Educação Infantil é
fundamental para formação, considerando interação social, desenvolvimento cognitivo,
criatividade e respeito pela individualidade. Abordagens construtivistas e curriculares sólidas
sustentam práticas educacionais nessa fase vital.
A educação infantil é responsável por fornecer uma base sólida para o crescimento
cognitivo, emocional e social do ser humano. Nessa fase, a afetividade emerge como um fator
de extrema importância, pois está intrinsecamente relacionada à aprendizagem e ao bem-estar
emocional das crianças. Através de interações afetivas e positivas, os professores podem criar
um ambiente propício para o desenvolvimento integral, promovendo não apenas aquisição de
conhecimentos, mas também o florescimento de potencialidades. Nesse sentido, este trabalho
tem como objetivo discutir a importância da afetividade como propulsora da aprendizagem na
educação infantil, explorando as teorias e pesquisas que sustentam essa relação.
A afetividade pode ser compreendida como um conjunto de emoções, sentimentos e
vínculos afetivos que permeiam as relações humanas. Na educação básica, a afetividade
assume um papel fundamental, uma vez que os alunos estão em um estágio de
desenvolvimento sensível, no qual as interações emocionais têm um impacto significativo em
5

sua formação. Segundo as teorias socioconstrutivistas, como a de Lev Vygotsky, a


aprendizagem é construída a partir das interações sociais e afetivas, nas quais as crianças são
guiadas por adultos e colegas mais experientes.
Muitas pesquisas têm evidenciado a importância da afetividade na educação infantil.
Estudos realizados no contexto brasileiro destacam o papel essencial da relação afetiva entre
professor e aluno na promoção da aprendizagem e no bem-estar emocional. Um exemplo é o
estudo de Souza e Lopes (2015), que analisou a influência das relações afetivas na construção
do conhecimento. Os resultados revelaram que a afetividade é um fator-chave para a
aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento de vínculos seguros e a criação de um
ambiente acolhedor, que estimula a participação ativa das crianças nas atividades educativas.
Outro estudo relevante é o de Oliveira e Queiroz (2018), que investigou a relação
entre a afetividade e a motivação dos estudantes na educação infantil. Os resultados
apontaram que o afeto positivo e o reconhecimento emocional por parte dos professores estão
relacionados ao aumento da motivação e do interesse desses em participar das atividades
escolares. Além disso, a afetividade promove um ambiente de segurança emocional, no qual
as crianças sentem-se confortáveis para explorar, experimentar e assumir riscos na
aprendizagem.
Ainda, estudos como o de Rabelo et al. (2016) têm enfatizado que a afetividade na
educação infantil está intrinsecamente ligada à construção da autoestima. O reconhecimento e
o apoio emocional por parte dos professores contribuem para a construção de uma imagem
positiva de si mesmas, fortalecendo sua confiança e promovendo uma postura mais
participativa e autônoma na aprendizagem.

2.3 O educador e o desenvolvimento infantil

O papel do educador no processo de desenvolvimento infantil é de extrema


relevância, uma vez que essa figura exerce influência direta na formação das crianças. A
relação entre educador e criança transcende a mera transmissão de conhecimento, abrangendo
aspectos emocionais, sociais e cognitivos que moldam o desenvolvimento integral do
indivíduo.
Dentro desse contexto, a teoria sociointeracionista de Vygotsky (1978) destaca o
educador como mediador do processo de aprendizagem. O educador, ao proporcionar
experiências desafiadoras e fornecer suporte adequado, guia o aluno na construção do
conhecimento, promovendo a zona de desenvolvimento proximal.
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A perspectiva de Freire (1996) reforça o educador como agente de conscientização e


transformação social. Ao estimular a reflexão crítica, o educador empodera o educando a se
tornar um sujeito ativo e crítico em sua própria aprendizagem e no contexto sociopolítico em
que está inserido.
Além disso, o educador desempenha um papel crucial na modelagem de habilidades
socioemocionais. A teoria do apego de Bowlby (1988) ressalta a importância das relações
afetivas seguras no desenvolvimento da autoestima e da capacidade de formar vínculos
saudáveis ao longo da vida.
A formação inicial e contínua do educador é um elemento determinante para a
qualidade do ensino. A abordagem de Nóvoa (1995) enfatiza a necessidade de uma formação
que vá além da mera aquisição de técnicas pedagógicas, contemplando também a reflexão
crítica, a ética profissional e a sensibilidade às necessidades dos alunos.
Nesse contexto, é essencial que o educador desenvolva habilidades de empatia e
comunicação efetiva. A teoria de Rogers (1959) ressalta a importância do educador ser um
facilitador da aprendizagem, proporcionando um ambiente de aceitação incondicional e
compreensão, permitindo que o aluno se sinta valorizado e seguro para explorar e aprender.
Em síntese, a presença e o papel do educador são elementos centrais no processo de
desenvolvimento da criança. Desde a mediação da aprendizagem até a formação de
habilidades socioemocionais e a construção de um ambiente de confiança, o educador
desempenha um papel multifacetado e vital na formação de indivíduos capazes, críticos e
autônomos.
Em síntese todos esses estudos ratificam a importância da afetividade na educação
infantil, mostrando que a relação afetiva entre professor e aluno pode criar um ambiente
propício para a aprendizagem, aumentando a motivação, a autoestima e o interesse do alunado
em participar das atividades educativas. A afetividade não apenas estimula o desenvolvimento
cognitivo, mas também favorece o bem-estar emocional das crianças, promovendo relações
saudáveis e de confiança.

3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. A qual teve como
fonte: livros, artigos científicos, documentos governamentais e outros materiais relevantes
para o tema do estudo. Os dados coletados foram analisados de forma qualitativa, tendo como
foco principal responder a seguinte pergunta problema: qual a importância da afetividade
dentro do processo de ensino aprendizagem na educação infantil?
7

Posteriormente os estudos foram selecionados com base em critérios de inclusão e


exclusão. O primeiro envolveu estudos publicados em periódicos científicos, livros e teses
relevantes que abordam a relação entre afetividade e aprendizagem na educação infantil.
Foram excluídos estudos duplicados, irrelevantes para o tema ou de baixa qualidade
científica.
Assim, os estudos selecionados foram analisados e sintetizados. Foram identificados
os principais conceitos, teorias, modelos explicativos e resultados encontrados nos estudos,
relacionando-os ao tema da afetividade como propulsora da aprendizagem na educação
infantil. Ademais, o material coletado foi organizado de forma lógica e estruturada, de modo a
criar uma narrativa coerente e abrangente. Os principais temas e subtemas foram identificados
e utilizados para estruturar o conteúdo.
A partir da análise e síntese dos estudos, foram realizadas discussões e interpretações
dos resultados encontrados. Foram destacadas as principais conclusões, tendências, lacunas e
desafios encontrados na literatura. Desse modo, com base nas etapas anteriores, foi elaborada
a pesquisa bibliográfica desse trabalho, apresentando de forma clara e estruturada os
principais achados e conclusões. Assim, permitiu-se uma abordagem sistemática e abrangente
do tema. Ao selecionar, analisar e sintetizar estudos relevantes, buscou-se fornecer subsídios
teóricos e evidências que contribuam para o entendimento da importância da afetividade na
educação infantil e seu impacto na aprendizagem das crianças.

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa teve como objetivo investigar como a afetividade pode atuar como um
fator propulsor da aprendizagem na Educação Infantil, compreendendo a sua importância no
processo educacional e os impactos na formação das crianças nessa fase.

4.2 Objetivos Específicos

1. Identificar os principais conceitos teóricos sobre afetividade na educação


infantil;
2. Analisar o papel da afetividade no processo de aprendizagem das crianças;
3. Investigar as estratégias que podem ser utilizadas para promover a afetividade
na educação infantil.
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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A educação infantil representa um marco importante no desenvolvimento das


crianças, não apenas no aspecto cognitivo, mas também no socioemocional. O
reconhecimento da importância do afeto na educação, tem crescido significativamente nos
últimos anos. Nesse contexto, este trabalho busca explorar a relação entre o desenvolvimento
emocional e a aprendizagem na educação infantil, destacando a importância de um ambiente
afetivo e acolhedor no fortalecimento dessas habilidades.
Neste capítulo, serão apresentados os resultados da análise bibliográfica sobre a
afetividade como propulsora da aprendizagem na educação infantil. Através da revisão
sistemática da literatura, busca-se identificar e discutir os principais insights e conclusões de
estudos anteriores sobre esse tema.

5.1 A Interação entre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB


9394/96) e a Afetividade na Educação Infantil

Segundo a LDB 9394/96, em seu artigo 29, preconiza-se que:


A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos,
psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.

Desse modo, a LDB desenha o panorama educacional brasileiro e fornece os


alicerces para a organização do sistema de ensino, elencando a educação infantil como a base
para o desenvolvimento integral das crianças até seis anos de idade, reconhecendo a
afetividade como um componente central nesse processo. É imperioso que um ambiente
afetivo, seguro e acolhedor é considerado um fator propício para a formação de laços
emocionais saudáveis, promovendo o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das
crianças.
Além disso, a LDB enfatiza que a educação infantil deve respeitar o ritmo de
desenvolvimento de cada criança, e a afetividade desempenha um papel fundamental nesse
contexto. A abordagem sensível às necessidades individuais, aliada ao cuidado emocional,
permite que as crianças se sintam confortáveis para explorar novas experiências, desenvolver
habilidades e superar desafios, tudo dentro de um ambiente que valoriza e respeita suas
emoções e sensibilidades.
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5.2 Desenvolvimento socioemocional na educação infantil

Segundo Zins et al. (2004), o desenvolvimento socioemocional refere-se à


capacidade das crianças de compreender e gerenciar suas emoções, estabelecer
relacionamentos saudáveis, tomar decisões adequadas e resolver conflitos de maneira
construtiva. Essas habilidades são fundamentais para o bem-estar geral e o sucesso na vida
adulta. Na educação infantil, o foco no desenvolvimento emocional é essencial para promover
um ambiente de aprendizagem saudável e estimulante (SOUZA, 2016).
No que diz respeito ao desenvolvimento socioemocional, autores como Teberosky
(1998) destacam que a afetividade na educação infantil contribui para o fortalecimento da
autoestima, empatia e habilidades sociais das crianças. Ambientes acolhedores permitem que
elas expressem suas emoções de forma saudável, promovendo um equilíbrio emocional que
favorece a aprendizagem.

5.3 A teoria do apego

A teoria do apego, proposta por John Bowlby, representa um marco fundamental no


entendimento das relações emocionais entre crianças e cuidadores. Essa teoria destaca a
importância das interações afetivas na formação de vínculos seguros, que têm um impacto
significativo no desenvolvimento emocional, social e cognitivo ao longo da vida.
De acordo com Bowlby (1982), o apego é um vínculo afetivo intenso que se
desenvolve entre a criança e seus cuidadores, principalmente a figura materna. Esse vínculo é
essencial para proporcionar um ambiente seguro e de apoio emocional, permitindo que a
criança explore o mundo com confiança. A teoria enfatiza que um apego seguro nas primeiras
fases da vida forma um alicerce para futuros relacionamentos saudáveis e para a capacidade
da criança de regular suas emoções.
A teoria do apego é respaldada por estudos como os de Ainsworth (1978), que
desenvolveu a "Situação de Estranheza", um experimento que revelou diferentes padrões de
apego, incluindo seguro, ansioso e evitante. Essas categorias refletem a forma como as
crianças reagem à separação e à reunião com seus cuidadores, lançando luz sobre as
dinâmicas afetivas e de confiança presentes nas relações.
O trabalho de Bowlby tem influenciado diversas áreas, incluindo psicologia,
educação e desenvolvimento infantil. No contexto educacional, a teoria do apego tem sido
aplicada para compreender a importância de um ambiente afetivo na aprendizagem e no
desenvolvimento socioemocional das crianças (Pianta & Almeida, 2004).
10

Portanto, a teoria do apego de Bowlby continua a ser uma referência valiosa para
entendermos como as primeiras relações afetivas moldam a forma como as crianças percebem
e interagem com o mundo ao seu redor. A compreensão desse conceito é essencial para
educadores, profissionais de saúde mental e todos que lidam com o desenvolvimento infantil,
contribuindo para a promoção de um ambiente afetivo e acolhedor que favorece o bem-estar
emocional e a aprendizagem saudável.

5.4 Teoria das inteligências múltiplas de Gardner

Outra abordagem relevante para a compreensão do desenvolvimento da


aprendizagem na educação infantil é a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner.
Segundo essa teoria, a inteligência não é uma entidade única, mas sim um conjunto de
habilidades e capacidades diversas que se manifestam de maneiras distintas em cada
indivíduo.
Gardner identificou inicialmente sete tipos de inteligências, dentre elas a emocional.
Essa envolve a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções e as
emoções dos outros. Ela desempenha um papel central no desenvolvimento e está diretamente
relacionada à capacidade de aprender e se relacionar de forma saudável com os outros. A
incorporação da inteligência emocional nas discussões sobre as Inteligências Múltiplas tem
implicações significativas para a educação. Reconhecer a importância das habilidades
emocionais na aprendizagem pode ajudar os educadores a criar ambientes mais acolhedores e
empáticos, onde os alunos se sintam emocionalmente seguros para explorar e desenvolver seu
potencial. Além disso, ao considerar a inteligência emocional como uma forma de inteligência
válida, os métodos de ensino podem ser adaptados para incluir a aprendizagem de habilidades
emocionais, como a resolução de conflitos, a empatia e a autorregulação emocional.
Assim, a inteligência emocional complementa as outras inteligências propostas por
Gardner, destacando a importância de cultivar um maior autoconhecimento emocional e
competências relacionadas à gestão das emoções no contexto educacional e na formação
integral dos indivíduos. A inclusão dessa na Teoria das Inteligências Múltiplas enfatiza a
relevância do desenvolvimento socioemocional e destaca a necessidade de educadores e
escolas promoverem um ambiente que estimule e apoie o crescimento emocional das crianças.

5.5 O afeto como propulsor da aprendizagem e do desenvolvimento

No decorrer dessa pesquisa foi possível constatar diversos estudos demonstrando


consistentemente que um ambiente educacional que prioriza o desenvolvimento emocional
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das crianças promove a aprendizagem e o bem-estar. Além disso, crianças que desenvolvem
habilidades como a autorregulação emocional, a empatia e a resolução de conflitos, têm maior
motivação intrínseca para aprender, melhor desempenho acadêmico e maior probabilidade de
sucesso futuro.
Um estudo realizado por Rabello, Santos e Silva (2018) investigou a relação entre o
ambiente na educação infantil e o desenvolvimento das habilidades socioemocionais das
crianças. Para realizar o estudo, os pesquisadores selecionaram uma amostra de crianças em
idade pré-escolar e coletaram informações sobre o ambiente educacional em que estavam
inseridas. Foram observados aspectos como a estrutura física da escola, o ambiente social e a
interação entre educadores e alunos.
Além disso, foram aplicados testes e questionários específicos para avaliar o
desenvolvimento das habilidades das crianças, levando em consideração aspectos como a
capacidade de expressar emoções, a empatia, a resolução de conflitos e a habilidade de
estabelecer relacionamentos saudáveis. Os resultados do estudo evidenciaram uma relação
significativa entre o ambiente na educação infantil e o desenvolvimento das habilidades das
crianças. Foi observado que ambientes mais acolhedores, com interações positivas entre
educadores e alunos, favorecem o desenvolvimento dessas habilidades.
As crianças que vivenciaram um ambiente escolar que proporcionava suporte
emocional, estímulo à expressão emocional e a promoção de interações sociais saudáveis
apresentaram um maior desenvolvimento das habilidades socioemocionais em comparação
com aquelas que estiveram em ambientes menos favoráveis. Os resultados reforçaram a
premissa de que um ambiente acolhedor, que valoriza as emoções das crianças e promove a
interação positiva, contribui para o desenvolvimento de habilidades como a empatia e a
autorregulação emocional.

5.6 A importância de professores capacitados

Freire (1996) ressalta a importância de educadores capacitados para promover um


ensino que vá além da simples transmissão de conhecimentos, incorporando o aspecto
emocional e afetivo no processo educacional. Educadores bem preparados têm a capacidade
de compreender as necessidades emocionais das crianças, identificar sinais de angústia ou
ansiedade e responder de maneira sensível e eficaz.
A capacitação nesse contexto envolve a compreensão dos princípios da teoria do
apego (Bowlby, 1982), que destaca a relevância das relações afetivas na formação de vínculos
seguros entre crianças e educadores. Educadores capacitados podem reconhecer a importância
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de proporcionar um ambiente seguro e de apoio emocional, que permite às crianças expressar


suas emoções, explorar suas curiosidades e desenvolver habilidades socioemocionais.
Investir na capacitação dos educadores para a utilização da afetividade também
envolve o aprimoramento de estratégias pedagógicas que integrem atividades que promovam
a expressão emocional e a interação positiva entre crianças e educadores, representando um
investimento valioso para a construção de um ambiente educativo que respeite e valorize as
emoções das crianças. Isso contribui para um desenvolvimento integral, promovendo
habilidades socioemocionais essenciais para a vida e para a formação de cidadãos conscientes
e emocionalmente saudáveis.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, foi possível compreender a importância da afetividade
como propulsora da aprendizagem na educação infantil. Através da revisão bibliográfica e
análise de estudos e pesquisas, pudemos explorar como a relação afetiva entre professor e
aluno pode criar um ambiente propício para a aprendizagem, aumentando a motivação, a
autoestima e o interesse das crianças em participar das atividades educativas.
O desenvolvimento socioemocional desempenha um papel fundamental no processo
de aprendizagem. Um ambiente afetivo e acolhedor na educação infantil contribui para o
fortalecimento de habilidades essenciais, como a autorregulação emocional, a empatia, a
resolução de conflitos e a formação de vínculos seguros. Essas habilidades não apenas
promovem o bem-estar emocional, mas também causam um impacto positivo no desempenho
acadêmico e no desenvolvimento de competências cognitivas.
Ao adotar uma abordagem que valoriza a afetividade na educação infantil, os
professores podem criar um ambiente de aprendizagem mais acolhedor, inclusivo e
estimulante. O reconhecimento das emoções, o estabelecimento de relações de confiança e o
incentivo à expressão emocional são práticas essenciais para promover a aprendizagem
significativa e o pleno desenvolvimento das crianças.
Além disso, é importante ressaltar a relevância das teorias que sustentam a relação
entre afetividade e aprendizagem. A teoria socioconstrutivista de Vygotsky, por exemplo,
destaca a importância das interações sociais e afetivas no processo de aprendizagem. Através
da interação com os outros, as crianças constroem conhecimentos e desenvolvem habilidades
cognitivas e socioemocionais.
É preciso destacar que a promoção da afetividade na educação infantil não deve ser
vista como um aspecto separado do processo educativo, mas sim como um elemento
intrínseco e transversal a todas as atividades e interações. O equilíbrio entre o afeto e a
aprendizagem é essencial para o desenvolvimento integral humano, promovendo a construção
de uma identidade saudável, segura e confiante.
No entanto, é importante reconhecer que a implementação de práticas afetivas na
educação infantil requer uma reflexão contínua por parte dos educadores e gestores. A
formação e atualização dos profissionais, assim como a criação de ambientes educacionais
que valorizem a afetividade, são fundamentais para garantir que todas as crianças tenham
acesso a uma educação de qualidade, que promova tanto o desenvolvimento emocional quanto
a aprendizagem.
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Diante do exposto, ratificamos que a afetividade desempenha um papel fundamental


na promoção da aprendizagem na educação infantil. Através do estabelecimento de relações
afetivas saudáveis, do reconhecimento das emoções das crianças e da criação de um ambiente
acolhedor, é possível proporcionar experiências educativas significativas, que contribuem
para o pleno desenvolvimento dos educandos.
REFERÊNCIAS

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BRACKETT, M. A.; SALOVEY, P. Medindo a inteligência emocional com o Teste de


Inteligência Emocional Mayer-Salovey-Caruso (MSCEIT). Psicothema, 18(Suppl), 34-41,
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