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Introdução
A psicolinguística trata da mente humana e vê a linguagem não apenas
como intrínseca ao homem, mas também — e em virtude disso — como
uma oportunidade de vislumbre do pensamento. A linguagem é algo
que dá acesso não à totalidade, mas a uma parte daquilo que se espera
poder alcançar um dia em relação ao conhecimento sobre a evolução e
o funcionamento cognitivo de nossa espécie.
Neste capítulo, você estudará sobre a relação entre linguagem, fala e
pensamento e verá que a diferença entre essas abordagens gerou uma
grande transformação nessa linha de pesquisa. Além disso, verificará
que cada hemisfério cerebral tem uma função distinta e interfere de
alguma forma no desenvolvimento cognitivo do ser humano. Por fim,
conhecerá as diferentes etapas da produção da linguagem, bem como
os desdobramentos possíveis por esse caminho.
2 Produção da linguagem: processamentos mentais envolvidos na fala
Lobo temporal
Opérculo frontal (OPF)
Giro de Heschl (GH)
Superior Área de Wernicke Córtex auditivo primário (CAP)
(AB 42/22)
Anterior Posterior
44/45 Giro frontal inferior (GFI)
22/38/42 Giro temporal superior (GTS)
Inferior
21/37 Giro temporal médio (GTM)
Figura 1. Partições do sistema nervoso central para as funções da linguagem verbal oral.
Vistas da área de Broca, localizada no giro frontal inferior (GFI), e da área de Wernicke,
localizada no giro temporal superior (GTS), ambas no hemisfério esquerdo.
Fonte: Scliar-Cabral (2018, p. 430).
útil uma única vez. Uma vez aprendidos os detalhes da língua local falada
pelos adultos, qualquer outra capacidade de aprender (afora o vocabulário) é
supérflua [...]”. Isso tem relação com a nossa constituição biológica, decorrente
da evolução. Metabolicamente, “[...] o cérebro consome um quinto do oxigênio
do corpo e porções igualmente grandes de suas calorias e fosfolipídios [...]”
(PINKER, 2002, p. 376). Assim, é natural que, pela seleção natural, os recursos
do corpo sejam diferenciados ao longo de nossa existência física, e corpos que
envelhecem precisam destinar energia para sua sobrevivência — a linguagem,
afinal, já está apreendida e em pleno uso.
Para se aprofundar nas questões abordadas pelo psicolinguista Steven Pinker, ampla-
mente citado, acesse o site do autor, disponível por meio do link a seguir (em inglês).
stevenpinker.com
A autora destaca que é mais difícil produzir um texto oral do que o entender.
Afinal, em primeiro lugar, o falante decide o que e como vai dizer, ao passo
que o ouvinte reconhecerá e interpretará a mensagem recebida. Além disso,
“[...] os modelos psicolinguísticos de produção da linguagem verbal oral têm
que dar conta de como somos capazes de produzir palavras numa velocidade
de até três por segundo, isto é, 180 por minuto [...]” (SCLIAR-CABRAL,
2018, p. 428).
Scliar-Cabral (2018) destaca Paul Broca e Karl Wernicke, citados ante-
riormente, como precursores em relação à produção de modelos. Embora eles
fossem da área de neurologia, seus estudos foram extremamente significativos
para o desenvolvimento da ciência psicolinguística, cujo objetivo “[...] não é
a descrição da estrutura do sistema nervoso central, mas testar hipóteses e
teorias que expliquem como ele funciona quando recebemos e produzimos
mensagens verbais, bem como o modo de adquirirmos e aprendermos tais
capacidades [...]” (SCLIAR-CABRAL, 2018, p. 430).
A autora explica que o léxico mental é:
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
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