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Trabalho: Desenvolvimento Psicossocial na segunda infância

dos 4 aos 5 anos

O AUTOCONCEITO E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


O autoconceito ( que é o nosso senso de identidade) é o nosso quadro
total de nossas capacidades e traços.
Segundo Harter, “uma construção cognitiva [...] um sistema de
representações descritivas e avaliativas sobre a nossa pessoa”, que determina
como nos sentimos sobre nós mesmos e orienta nossas ações.
O senso de identidade também tem um aspecto social: a criança incorpora
em sua autoimagem a crescente compreensão de como os outros a veem.
O autoconceito começa a ser formado na fase dos primeiros passos, à
medida que a criança desenvolve a autoconsciência. Ele torna-se mais claro à
medida que a pessoa adquire capacidades cognitivas e lida com as tarefas de
desenvolvimento da infância, adolescência e idade adulta.
A autodefinição das crianças – o modo como elas se descrevem –
normalmente muda entre os 5 e os 7 anos de idade, refletindo o desenvolvimento
do autoconceito.

AUTOESTIMA

A autoestima é a parte auto avaliativa do autoconceito, o julgamento que


a criança faz sobre seu valor geral. A autoestima baseia-se na crescente
capacidade cognitiva da criança de descrever e definir a si própria.
Embora as crianças geralmente não falem sobre um conceito de valor
pessoal antes dos 8 anos, as crianças pequenas demonstram, por seu
comportamento, que o possuem.
Em um estudo longitudinal na Bélgica, pesquisadores mediram vários
aspectos da autopercepção de crianças de 5 anos, tais como aparência física,
competência escolar e atlética, aceitação social e conduta comportamental.
A autopercepção positiva ou negativa aos 5 anos tendia a prever a
autopercepção e o funcionamento socioemocional. Contudo, antes da passagem
dos 5 para os 7 anos, a autoestima das crianças pequenas não se baseia
necessariamente na realidade. Elas tendem a aceitar o julgamento dos adultos,
que geralmente dão um retorno positivo e não crítico e, portanto, podem
supervalorizar suas capacidades.
Assim como o autoconceito geral, a autoestima na segunda infância tende
a ser tudo ou nada: “Eu sou bom” ou “Eu sou mau”. Só a partir da terceira infância
é que ela se torna mais realista, quando as avaliações pessoais de competência
baseadas na internalização dos padrões parentais e sociais passam a moldar e
manter um senso de valor pessoal.
Quando a autoestima é alta, a criança é motivada a realizar coisas. No
entanto, se a autoestima for contingente ao sucesso, a criança poderá ver o
fracasso ou a crítica como uma indicação de seu valor e sentir-se incapaz de
fazer melhor. Cerca de um terço a metade das crianças que frequentam a pré-
escola, o jardim de infância e a primeira série apresentam elementos desse
padrão “incapaz” às vezes referido como “incapacidade aprendida”

EMOÇOES

A capacidade de entender e regular, ou controlar, os próprios sentimentos


é um dos avanços importantes da segunda infância. Crianças que podem
entender suas emoções são mais capazes de controlar a forma de demonstrá-
las e de entender como os outros se sentem.
A autoregulação emocional ajuda as crianças a guiar seu comportamento
e contribui para sua capacidade de conviver com os outros. Crianças em idade
pré-escolar podem falar sobre seus sentimentos e geralmente conseguem
discernir os sentimentos dos outros e compreender que as emoções estão
ligadas a experiências e desejos. Elas entendem que alguém que consegue o
que quer ficará feliz, e alguém que não consegue ficará triste.
As emoções autodirigidas, como culpa, vergonha e orgulho, normalmente
se desenvolvem ao final do terceiro ano, depois que as crianças adquirem
consciência de si mesmas e aceitam os padrões de comportamento
estabelecidos pelos pais. Entretanto, mesmo crianças um pouco mais velhas
frequentemente não possuem a sofisticação cognitiva para reconhecer essas
emoções e o que as causa.
Em um estudo (Harter, 1993), foram contadas duas histórias a crianças
entre 4 e 8 anos. Na primeira história, uma criança pega algumas moedas de um
pote depois de ser avisada para não fazer isso.
Na segunda história, uma criança executa uma difícil proeza na ginástica
– um salto nas barras.
Cada história foi apresentada em duas versões: uma em que um dos pais
vê a criança praticando o exercício e outra em que ninguém a vê. Perguntou-se
às crianças como elas e os pais se sentiriam em cada circunstância.
Mais uma vez, respostas revelaram uma progressão gradual na
compreensão de sentimentos sobre si próprio, refletindo a passagem dos 5 para
os 7 anos (Harter, 1996).
As crianças de 4 a 5 anos não disseram que elas ou seus pais sentiriam
orgulho ou vergonha. Em vez disso, elas usaram termos como “preocupado” ou
“assustado” (para o incidente do pote de dinheiro) e “excitado” ou “feliz” (sobre a
proeza da ginástica).
As crianças de 5 a 6 anos disseram que os pais ficariam envergonhados
ou orgulhosos delas, mas não reconheceram sentir essas emoções elas
próprias.
As crianças de 6 a 7 anos disseram que sentiriam orgulho ou vergonha,
mas somente se fossem observadas.
Só as crianças de 7 a 8 anos disseram que se sentiriam envergonhadas
ou orgulhosas de si mesmas ainda que ninguém estivesse olhando.

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