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DA EDUCAÇÃO
Introdução
Neste capítulo, você aprenderá a respeito de aspectos formadores do
“eu” e da moralidade. Também, identificará as principais características
e especificidades da formação da autoestima e construção da identi-
dade no desenvolvimento infantil, assim como alguns outros elementos
constituintes desses processos, tais como o autoconceito e as três fases
construtivas da identidade pelas quais as crianças passam entre as faixas
etárias de quatro a sete anos.
Em seguida, conhecerá algumas relações existentes entre a autoestima
e o desempenho dos estudantes, identificando que as vivências em
diferentes ambientes que crianças e adolescentes experimentam afetam
positiva ou negativamente em seu desenvolvimento socioemocional.
Por fim, você conhecerá duas das abordagens que resultaram em
teorias a respeito do desenvolvimento moral dos pesquisadores Piaget
e Kolberg, assim como algumas críticas que o criador da segunda abor-
dagem sofreu a partir de suas concepções.
2 O desenvolvimento do “eu” e da moralidade
A autoestima e a identidade no
desenvolvimento infantil
O desenvolvimento humano, objeto de estudo de diferentes áreas, envolve
variados aspectos que se entrelaçam, tais como os fenômenos biológicos,
físicos, cognitivos e emocionais dos indivíduos — de acordo com as experi-
mentações, primeiro, nas interações na formação da vida intrauterina e, após
o nascimento, com as relações que essa nova vida vai estabelecendo com o
ambiente que a cerca.
Se observarmos as pessoas com quem nos relacionamos e, até mesmo,
se fizermos uma autoanálise, verificaremos o quanto elas se diferenciam
em temperamento, personalidade e identidade. Conhecemos pessoas que se
apresentam diferentes: umas demonstram ser inseguras, outras autoafirma-
tivas, extrovertidas, tímidas, inibidas, comunicativas, etc. E você, como se
identifica? Quais experiências fizeram com que, hoje, você tenha se tornado a
pessoa que é quanto à personalidade, aos gostos, comportamentos e à estima
por si mesma?
Para nos aprofundarmos nessa temática, partindo da formação da autoestima
e da identidade no desenvolvimento infantil, apresentaremos alguns conceitos
importantes para compreendermos alguns desses fenômenos. De acordo com
Santrock (2009, p. 97):
(Continuação)
Fonte: Case (1985, 1992 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013) e Fischer (1980 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013).
[...] muitas aptidões para os sentimentos são inatas, como as aptidões de sentir
medo, ansiedade ou alegria. Mas muitos sentimentos são aprendidos com
a experiência, por exemplo, sentimentos de pertença, de não pertença, de
competência elevada ou baixa, de confiança elevada ou baixa [...].
Assim, para que, desde seus primeiros anos de vida, as crianças superem
alguns sentimentos, tais como o medo do abandono, são necessárias de-
monstrações que lhes transmitam o quanto são importantes e insubstituíveis
(CORDEIRO, 2007). Como os ambientes que frequentarão transitam entre seus
lares e suas instituições infantis, é necessária uma integração entre família e
educadores, tal como Alcântara (2000, p. 83) enfatiza:
É possível verificar que Kling et al. (1999) e Major et al. (1999) a autoestima
das meninas sofre uma queda maior que a dos meninos ao longo do período
da adolescência. Um dos motivos apontados diz respeito a mudanças físicas
da puberdade, às expectativas no desempenho escolar, ao apoio inadequado
dos responsáveis e educadores.
Outras variantes da autoestima dos educandos estão relacionadas a aspectos
como o acadêmico, a aparência e as habilidades sociais Ou seja, o aluno pode
apresentar uma autoestima favorável em sua atuação como estudante e desfa-
vorável quanto às suas habilidades físicas e sociais (HARTER, 1996, 2006).
Quanto à formação de sua identidade e às relações estabelecidas com seu
desenvolvimento socioemocional e desempenho escolar, listaremos, a seguir,
no Quadro 2, o resultado de um estudo realizado por Marcia (1980, 1998) a
respeito da existência de um conjunto de componentes identitários envolvendo
conceituações a respeito de exploração e compromisso.
O desenvolvimento do “eu” e da moralidade 9
3,90
3,80
3,70
Autoestima
3,60 Meninos
3,50
Meninas
3,30
3,20
3,10
9–12 13–17 18–22
Nível 3
Nível 1 Nível 2
Nível pós-
Nível pré — Nível convencional —
convencional —
-convencional — Internalização
Internalização
Sem internalização intermediária
completa
De todo modo, discussões como essas são naturais e fundamentais para que
novas investigações e propostas de teorias surjam. Analisando pontos de vista
partindo do contexto em que tais abordagens foram concebidas e os resultados
apresentados, identificaremos, com o passar do tempo, as contribuições para
estudos acerca do desenvolvimento humano que esses pesquisadores nos
forneceram.
14 O desenvolvimento do “eu” e da moralidade
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