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PDA / PDCJ

CURSO: Licenciatura em Educação Básica

CTSP em Acompanhamento de Crianças e


Jovens

SEMESTRE: 1º

DOCENTE: Prof. Doutora Cristina Machado


PDA / PDCJ

• SUMÁRIO

A. Componente Teórica:
3. Desenvolvimento da Identidade: Teoria de Desenvolvimento da Identidade de E. Erikson
3.1. As 8 Idades do Homem.

B. Componente Prática:
A. Reflexão / identificação sobre a Idade do Homem de cada Aluno.

B. Comentar:
“O sentimento de ter uma identidade pessoal acontece sob duas formas: a primeira é perceber-
se a si próprio como sendo o mesmo e contínuo no tempo e no espaço; e a segunda é
perceber que os outros reconhecem essa semelhança e continuidade.
(…) De acordo com a teoria psicossocial, uma das realizações mais importantes da
adolescência é a construção da Identidade.”
(Ferreira, Farias e Silvares, 2003)
Desenvolvimento da Identidade
• Erik Erikson foi o primeiro psicanalista a
debruçar-se seriamente sobre o fenómeno da
formação da Identidade

• O seu trabalho:
- baseou-se na perspetiva freudiana de
desenvolvimento da personalidade
- surge da sua experiência como clínico, em
que utilizou pela primeira vez a expressão
“crise da identidade”
Desenvolvimento da Identidade
• Erikson tornou-se o autor mais determinante
no estudo da Identidade:

- não apenas na consideração do lugar central


que o problema da Identidade ocupa nas
perturbações que observamos hoje no mundo

- também na análise do papel que a


Identidade, e a sua evolução, desempenham
no ciclo da vida humana
Desenvolvimento da Identidade
• Erikson concetualiza e define a
identidade de uma forma
interdisciplinar:

- a construção biológica, a organização


pessoal da experiência e o meio
cultural dão significado e continuidade à
existência do indivíduo.
Desenvolvimento da Identidade
• Erikson apresenta um esquema de
desenvolvimento numa sequência fixa de 8
estádios

• Cada estádio:
- corresponde a um período cronológico
específico;
- envolve a aquisição de um estado consistente
de organização da experiência;
- é caracterizado por um dilema particular;
Desenvolvimento da Identidade
• Em cada Dilema:

- o indivíduo desenvolve atitudes básicas que contribuem para o


seu desenvolvimento psicossocial

- estas atitudes básicas surgem como orientações polares


(conflitos nucleares, ou momentos de crise e de ressíntese ativa do
Eu)

- o indivíduo está perante soluções contraditórias que implicam


tomada de decisão

- estas orientações polares não significam que uma exclui a outra,


mas que em cada estádio se verifica uma dialética entre ambas,
isto é, o resultado será a síntese do pólo positivo e negativo de
cada estádio
Desenvolvimento da Identidade
• A formação da identidade tem uma função
dupla:

- psicológica: necessidade do indivíduo


organizar e compreender a sua individualidade;

- social: surge de pressões externas para que


o indivíduo escolha e invista em papéis
familiares, profissionais e sociais.
Desenvolvimento da Identidade

• Se é verdade que a construção da


identidade ocorre essencialmente na
adolescência, não se inicia nem termina
então – é um processo contínuo ao
longo do ciclo vital.
Desenvolvimento da Identidade

• Erikson classifica o desenvolvimento da


Identidade em 8 fases – Oito Idades do
Homem – que representam uma série de
qualidades do Ego que surgem em
períodos críticos do desenvolvimento
humano.
Desenvolvimento da Identidade

8 Idades do Homem:
• Confiança Básica versus Desconfiança Básica:
0/18M.
• Autonomia versus Vergonha e Dúvida: 18M/3A
• Iniciativa versus Culpa: 3/6A
• Indústria versus Inferioridade: 6/12A
• Identidade versus Confusão de Papel: 12/18A
• Intimidade versus Isolamento: 18/20-30A
• Generatividade versus Estagnação: 30/60A
• Integridade do Ego versus Desesperança: 60-65/…
Desenvolvimento da Identidade
1. Confiança Básica versus
Desconfiança Básica (0/18M)
• Nesta primeira fase, a evolução positiva da
identidade acontece pelo estabelecimento de
um padrão consistente na solução do conflito
nuclear da confiança básica, que é a primeira
tarefa do ego, e portanto, antes de tudo, uma
tarefa para o cuidado materno.
Desenvolvimento da Identidade
• As primeiras demonstrações da confiança
social da criança revelam-se sob formas
tais como:
- Facilidade da sua alimentação;
- Profundidade do seu sono;
- Relaxamento dos seus intestinos;
- Familiarização com formas de conforto,
pessoas e estímulos do meio ambiente,
etc.
Desenvolvimento da Identidade
• A confiança derivada das primeiras
experiências infantis não resulta de quantidade
de alimento nem de demonstrações de amor,
mas da qualidade da relação materna.

• A primeira realização social da criança é


estar sem a mãe, sem demasiada ansiedade ou
raiva – pelo facto de esta se ter convertido
numa certeza interior.
Desenvolvimento da Identidade
• A persistência, a continuidade e uniformidade da
experiência proporcionam um sentimento
rudimentar de identidade do ego.

• O estado geral de confiança implica que a


criança aprendeu a confiar na uniformidade e
continuidade das pessoas que a cercam, e
também que pode confiar em si mesma e na
capacidade de seus órgãos para enfrentar
desejos urgentes.
Desenvolvimento da Identidade
• Na Psicopatologia, a ausência da
confiança básica pode ser melhor
estudada na Esquizofrenia Infantil.

• Esta etapa de desenvolvimento tem o seu


reflexo institucional na religião
organizada.
Desenvolvimento da Identidade
2. Autonomia versus Vergonha e Dúvida
(18M/3A)
• O desenvolvimento muscular desta etapa prepara uma nova
fase de experimentação, com dois tipos de modalidades
de interação do indivíduo com o meio: agarrar e soltar;

• Agarrar poderá vir a refletir-se numa atitude ou padrão de


ter ou conservar,

• Soltar pode-se refletir num padrão de “deixar passar” e


“deixar acontecer”.
Desenvolvimento da Identidade
• Assim, o controlo externo, nesta etapa, deve ser
firmemente tranquilizador:

- De um sentimento de auto controlo sem perda da


auto estima resulta um sentimento constante de
boa vontade e orgulho;

- De um sentimento de perda do auto controlo e de


super controlo exterior resulta uma tendência
para a vergonha e a dúvida.
Desenvolvimento da Identidade
• Esta etapa pode, portanto, ser decisiva para a
proporção de amor e ódio, coordenação e
voluntariedade, liberdade ou não de auto
expressão, etc., no desenvolvimento da
personalidade humana.

• Esta etapa de desenvolvimento tem o seu


reflexo institucional no principio da ordem e da
lei.
Desenvolvimento da Identidade
3. Iniciativa versus Culpa (3/6 A)

• A iniciativa representa uma posse plena de um


excedente de energia que permite esquecer rapidamente
os fracassos e aproximar-se do que parece desejável,
ainda que se apresente incerto ou perigoso.

• A iniciativa acrescenta à autonomia a capacidade de


empreender, de planear e de iniciar uma tarefa pelo
gosto de ser ativo e de estar em movimento.
Desenvolvimento da Identidade

• Nesta etapa, é adicionada ao inventário


das modalidades sociais básicas a de
“conquistar”, no sentido de estar em jogo,
surgindo prazer no ataque e na conquista.
Desenvolvimento da Identidade
• O perigo desta etapa é um sentimento de culpa,
relacionado com os objetivos visados e os atos indicados
através do novo poder locomotor e mental: atos e objetivos
que ultrapassam a capacidade executiva do organismo e
da mente, e portanto, obrigam a uma contenção enérgica
da iniciativa planeada.

• Esta etapa é a do complexo de édipo e formação do


superego, e é a etapa em que a criança começa a
desenvolver o sentido de responsabilidade moral, a
adquirir uma certa compreensão das instituições, funções
e papéis, o que permite a sua participação responsável.
Desenvolvimento da Identidade
4. Indústria versus Inferioridade (6/12 A)

• É a fase em que a criança se encontra preparada para a entrada


na escola, em que a sua imaginação se disciplina e se subordina
às leis das coisas impessoais, inclusive dos 3 R – Reading, Writing,
Arithmetic.

• Aproximando-se do período de latência, a criança aprende a


conquistar consideração produzindo coisas – desenvolve um
sentido de indústria, ajustando-se às leis inorgânicas do mundo
dos instrumentos, sendo capaz de se tornar uma unidade de uma
situação produtiva.
Desenvolvimento da Identidade
• O perigo desta etapa reside num sentimento de
inadequação e inferioridade, se a criança desespera
das suas capacidade e instrumentos, ou do seu estatuto
no grupo a que pertence.

• Esta etapa é socialmente decisiva, já que a indústria


implica fazer coisas ao lado de outros e com estes.

• O perigo desta etapa pode ser o de aceitar o trabalho


como única obrigação e o produtivo como único critério
de valor.
Desenvolvimento da Identidade
5. Identidade versus confusão de papel (12/18 A)

• Esta fase coincide com o fim da infância e início da juventude ou


adolescência, tendo lugar uma integração do ego, sob a forma de
uma identidade que é mais do que a soma das identificações da
infância, correspondendo à experiência acumulada da
capacidade do ego para integrar todas as identificações.

• O amor no adolescente é, em grande parte, uma tentativa de


chegar a uma definição da sua identidade, projetando a própria
imagem difusa do ego noutra pessoa.
Desenvolvimento da Identidade
• O perigo desta fase é a confusão de papel:
- Pode basear-se numa dúvida pronunciada em relação
à própria identidade sexual;
- Pode basear-se numa incapacidade de fixação numa
identidade ocupacional.

• Uma defesa contra a confusão do sentimento de


identidade é a formação de grupos adolescentes, com
a constituição de estereótipos e intolerância para com os
outros de fora do grupo.
Desenvolvimento da Identidade
6. Intimidade versus Isolamento (18/20-30 A)

• Esta é a etapa em que o adulto jovem se dispõe a fundir


a sua identidade com a dos outros – está preparado para a
intimidade.

• Só nesta fase se desenvolve plenamente a genitalidade.

• O perigo desta etapa é o isolamento, como evitamento


de contactos que podem obrigar à intimidade.
Desenvolvimento da Identidade
• A um nível psicopatológico pode conduzir
a graves problemas de caráter.

• “Amar e trabalhar” são, segundo Freud,


as principais realizações do adulto normal.
Desenvolvimento da Identidade
7. Generatividade versus Estagnação (30/60 A)

• A Generatividade é, essencialmente, aquilo que permite ao


indivíduo ensinar e transmitir o que aprendeu. É,
fundamentalmente, a preocupação relativa a firmar e guiar a
nova geração.

•Quando a generatividade falha, pode ocorrer uma regressão a


uma necessidade obsessiva de pseudo-intimidade, muitas vezes
acompanhada por uma sensação de estagnação e
infecundidade pessoal.
Desenvolvimento da Identidade
8. Integridade do Ego versus
Desesperança (60-65/…)
• Integridade do Ego designa o amadurecimento do resultado das 7
etapas anteriores, no indivíduo que se adaptou às satisfações e
desilusões da vida.

• A integridade do ego representa a aceitação pelo indivíduo do seu


próprio e único ciclo de vida como algo necessário e
insubstituível, a consideração de que a vida individual é uma
coincidência acidental de um só ciclo de vida com um único
segmento da história.
Desenvolvimento da Identidade
• A integridade do ego implica uma
integração emocional que permite a
participação consentida bem como a
aceitação da responsabilidade da
liderança.

• A falta ou perda desta integração


acumulada do ego é simbolizada pelo temor
da morte – surge a desesperança.
Desenvolvimento da Identidade

• O ciclo completa-se, assim, com a


relação entre a confiança infantil da
primeira idade do homem e a integridade
adulta da oitava idade do homem.
Componente Prática
• Questão:

A. Reflexão / identificação sobre a Idade do Homem de cada Aluno.

B. Comentar:
“O sentimento de ter uma identidade pessoal acontece sob duas
formas: a primeira é perceber-se a si próprio como sendo o mesmo
e contínuo no tempo e no espaço; e a segunda é perceber que os
outros reconhecem essa semelhança e continuidade.
(…) De acordo com a teoria psicossocial, uma das realizações mais
importantes da adolescência é a construção da Identidade.”
(Ferreira, Farias e Silvares, 2003)

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