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Identidade x Confusão de identidade

Em seus estudos, Erikson dedica um livro inteiro ao que chama de crise de


identidade, essa é a fase em que mais foram desenvolvidos trabalhos. Eriksson
afirma que os adolescentes precisam se sentir seguros diante de todas as
transições - físicas e psicológicas - durante esse período. Essa segurança é
encontrada na forma de uma identidade, que seu ego havia construído em
todos os estágios anteriores.
Esse senso de identidade é demonstrado em algumas questões feitas pelos
adolescentes, em relação ao que são, o que querem ser, se são diferentes de
seus pais, e ao responderem essas perguntas, o adolescente pretende assumir
um determinado papel na sociedade. Daí vem a questão da escolha da
carreira, dos grupos aos quais ele se junta, seus objetivos futuros, escolha do
companheiro e assim por diante.
Surge aí também, o envolvimento ideológico, que é o que impulsiona a
formação de grupos no período da adolescência. Os seres humanos precisam
sentir que um grupo apoia suas ideias e quem eles são. Mas se uma forte
identificação com determinado grupo for desenvolvida, pode surgir o fanatismo,
fazendo com que o adolescente não defenda mais sua ideia com seus próprios
argumentos, passa a defender cegamente algo que se apoderou de sua ideia.
A preocupação dos adolescentes em encontrar papéis sociais leva à confusão
de identidade, afinal, a preocupação com a opinião dos outros faz com que o
adolescente mude de atitude o tempo todo, alterando sua personalidade muitas
vezes em um curto período de tempo.
Erickson lembra que o ser humano mantém defesas para sobreviver, uma
delas pode ser ativada a qualquer sinal de problema. Em meio a essa confusão
de identidade, os adolescentes podem se sentir vazios, isolados, ansiosos e
muitas vezes deslocados no mundo adulto, o que pode levar à regressão. O
jovem também pode projetar suas tendências nos outros por não sustentar sua
própria identidade. Aliás, esse é um dos mecanismos que Erikson aponta como
base para a geração do preconceito e da discriminação.
No entanto, a confusão de identidade também pode ter um bom resultado: na
crise, se os adolescentes tiverem resolvido bem suas crises anteriores, mais
provável é que alcancem a estabilidade da identidade aqui. Quando essa
identidade estiver precisa, ele conseguirá manter a estabilidade com os outros
e, segundo Erickson, conquistar fidelidade e lealdade a si mesmo e ao seu
propósito, conquistando o senso de identidade contínua.

Intimidade x Isolamento

Quando uma identidade clara e fortalecida é formada, o indivíduo estará pronto


para integrá-la aos outros sem se sentir ameaçado, esta combinação é
característica desta fase. Nesse estágio há potencial para intimidade, parceria
e colaboração para se conectar. Agora podemos falar sobre a união de um ego
com o outro.
Para que essa conexão seja positiva, a pessoa deve ter construído um ego
forte e autônomo nos ciclos anteriores para aceitar a vida com um outro ego
sem se sentir invalidada ou ameaçada. Quando isso não acontece, significa
que o ego não está suficientemente seguro, a pessoa vai preferir o isolamento
à solidariedade, porque terá medo do compromisso, numa atitude de proteger e
preservar o seu frágil ego.
É normal quando esse isolamento ocorre por um curto período de tempo, pois
todo mundo precisa de um período de isolamento para amadurecer um pouco o
ego, ou para garantir que realmente está em busca de conexão. No entanto,
quando uma pessoa recusa assumir algum compromisso por muito tempo,
pode-se dizer que isso é um resultado negativo de sua crise. Um dos perigos
apontados por Erikson nesse estágio é o elitismo, uma forma comum de
narcisismo quando grupos de exclusão são formados. Um ego estável é
minimamente flexível e pode ser associado a um conjunto mutável de
diferentes personalidades. Podemos falar de elitismo quando se forma um
grupo fechado com tipos de ego muito limitados.

Generatividade x Indagação
Nesta fase, o indivíduo se preocupa com tudo o que pode ser gerado, desde
filhos até ideias e produtos. Dedica-se a criar e cuidar do que gerou e isso fica
evidente na transmissão de valores sociais de pai para filho. Este é o estágio
em que o ser humano sente que sua personalidade foi enriquecida por tais
aprendizados, em vez de transformada. Isso acontece porque existe uma
necessidade inerente ao ser humano de transmitir, de ensinar.
É uma forma de se fazer sobreviver, de valorizar todos os esforços da sua vida,
de saber que tem um pouco de si nos outros. Isso impede a absorção do ser
em si próprio e também a transmissão de uma cultura. Se não ocorrer essa
transmissão, o indivíduo percebe que tudo o que fez e tudo o que edificou não
valeu a pena, não havia razão para isso, pois não há como continuar, seja na
forma de filho, de casal, um sócio, um negócio ou uma pesquisa.
Nesta fase, o indivíduo também tem um cuidado com a tradição, pois é “mais
velho” e acha que tem alguma autoridade sobre os mais novos. Quando a
pessoa começa a acreditar que pode abusar de sua autoridade, em nome do
cuidado, surge o autoritarismo. Esta fase está ficando cada vez maior. Apenas
algumas décadas atrás, a maneira de superá-la, principalmente para as
mulheres era casar e ter filhos.
Hoje, com um leque mais amplo de possibilidades, a expressão da capacidade
generativa também está se expandindo, de modo que as principais aquisições
dessa etapa, como dar e receber, criar e sustentar, podem ser vivenciadas não
apenas na família, mas em diferentes níveis relacionais. Segundo os autores,
existem várias maneiras de evitar o vale da lamentação, que Erikson chama de
estagnação.
Integridade x Desespero
Nessa fase, é o momento de os seres humanos refletirem, olharem para trás
em suas vidas, o que fizeram e o que deixaram de fazer. O individuo pensa
principalmente em termos de sequencia e significado de suas realizações e
essa retrospectiva pode ser experimentada de diferentes maneiras.
Ao ver a morte se aproximando, a pessoa pode entrar em desespero. Surge a
sensação de que chegou a hora, que já está tudo acabado, que nada mais
pode ser feito pela sociedade, pela família, por nada, o tempo acabou. São
essas pessoas que vivem eternamente com saudade e tristeza pela velhice. As
experiencias também podem ser positivas, o indivíduo tem um senso de
realização, um senso de dignidade e integridade e compartilha sua experiencia
e sabedoria.
Segundo Erickson, há duas possibilidades principais: encontrar novas forma de
estruturar o tempo e usar sua experiencia vivida para viver bem os últimos
anos, ou estagnar diante de um “fim horrível” quando pouco a pouco todas as
fontes de caricia se vão e o que toma conta da pessoa é o desespero.

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