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EDUCAÇÃO PARENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR

– Intervenção Familiar na Parentalidade Texto complementar

Formadora: Ilda Reis, 2022

Erik Erikson: os estágios psicossociais do desenvolvimento

Erik Erikson (1902 — 1994)

A Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson centra-se no processo de


desenvolvimento da identidade do Homem, sendo esta baseada na perspetiva freudiana
em relação ao desenvolvimento da personalidade, essencialmente nos primeiros cinco
estádios de desenvolvimento. Em relação à teoria de Freud, Erikson considerou alguns
conceitos como a energia libidinal e do id da psicanálise clássica. Porém, este centrou a
sua teoria na capacidade de adaptação do ego ao meio, ou seja, no contexto
sociocultural. Erikson considerava o Homem como um ser social, que vive e interage
com grupos sociais e que é pressionado e influenciado por estes.

Assim, este autor considera fatores externos, ambientais e culturais, na formação


psicossocial. A interdisciplinaridade e a apresentação das suas teorias em evidências nas
humanidades e ciências sociais garantiram a sua aceitação fora dos círculos psicanalíticos,
principalmente na psicologia do desenvolvimento.

Erikson propõe uma conceção de desenvolvimento em oito estádios psicossociais,


perspetivados por sua vez em oito idades que decorrem desde o nascimento até à morte,
pertencendo as quatro primeiras ao período de bebe e de infância, e as três últimas aos
anos adultos e à velhice, cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma
vertente positiva e uma negativa. O autor dá especial importância ao período da
adolescência, devido ao fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se
verificam acontecimentos relevantes para a personalidade adulta.
EDUCAÇÃO PARENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR
– Intervenção Familiar na Parentalidade Texto complementar

Formadora: Ilda Reis, 2022

Os 8 Estádios Psicossociais

1. Confiança x Desconfiança: até 2 anos.

Nesse estágio, o bebê interage com seus cuidadores próximos. Desses primeiros atos de
socialização surge um sentimento de segurança que desenvolverá a confiança nas pessoas
e no ambiente. Os comportamentos de insegurança, desconfiança e ansiedade seriam
efeitos colaterais de negligência nessa fase.

2. Autonomia x Vergonha e Dúvida: entre 2–3 anos.

A fase de aquisição da linguagem coincide com o senso de autonomia. A criança começa


a entender que é um ser social dentre outros e a aprender a manipular objetos. Ser ela
própria é aceitável nesse círculo social desenvolvendo a sua autonomia. Contudo, críticas
repressivas tendem a causar sentimentos de dúvida ou vergonha. A vergonha seria uma
raiva de si mesmo pela exposição à censura.

3. Iniciativa x Culpa: entre 4–5 anos.

Uma vez desenvolvida a autonomia, a criança parte para a iniciativa. Aplica as suas
capacidades físicas e mentais para expandir noutras áreas de forma criativa e social.
Amplia a sua rede social além da família imediata, alfabetiza-se e desenvolve a
imaginação. Os mesmos brinquedos ganham funções diferentes e o mundo ao redor é
mais explorado intensamente. A iniciativa (ou falta dela) gera a responsabilidade,
internalizada na forma de culpa.

4. Diligência x Inferioridade: entre 6–11 anos.

Nesta fase surge a necessidade de controlar a imaginação e direcionar o foco criativo para
processos de socialização formal, principalmente a educação. A diligência e a
perseverança são recompensantes. Contudo, se há muita cobrança ou inadmissão de
falhas, pode surgir uma desmotivação e sentimento de inferioridade.

5. Identidade x Confusão de Identidade: entre 12 – 18 anos.

Na adolescência domina a procura pela identidade. A tensão entre ser diferente e se


conformar às normas de algum grupo para ser aceite gera a crise de identidade. Há
pressão para assumir um papel na sociedade (qual percurso seguir? Quem sou na minha
família? Quem sou? Com quem me vou relacionar?)

Acompanhado pelas drásticas e autoconscientes transformações biológicas, o adolescente


muda rapidamente os seus traços de personalidade. Às vezes, não se reconhece nos novos
papéis, resultando em uma confusão.
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– Intervenção Familiar na Parentalidade Texto complementar

Formadora: Ilda Reis, 2022


6. Intimidade x Isolamento: entre 19—40 anos.

Uma vez estabelecida a identidade, a pessoa aproxima-se de outras conforme os valores,


gostos e interesses que em conjunto formam essa mesma identidade. Essa socialização
em faculdades, trabalho ou relacionamento íntimo requer uma identidade forte, “saber o
que quer”. A incompreensão (mútua ou não) de outros sujeitos ou a dificuldade em forjar
relações íntimas podem empurrar a pessoa para o isolamento.

7. Generatividade x Estagnação: entre 40—60 anos.

A socialização adulta anterior pode resultar num percurso profissional, família ou


amizades duradouras. Aqui começa uma atividade reflexiva de transmissão dos bastões.
É o tempo de educar os seus filhos. Socialmente, é quando se torna comum envolver-se
em causas com uma articulação maior e menos com improvisos ou paixões espontâneas.
O papel profissional requer tanto reconhecimento quanto influência no seu meio,
inclusive além das recompensas meramente utilitárias. Se os projetos frustram ou sua
autoavaliação não é satisfatória, há um estagnação e autossabotagem.

8. Integridade x Desespero: entre 60 anos e resto da vida.

É a fase do balanço. A pessoa madura reflete sobre a sua vida. A Sua história e destino
são avaliados. Quer por arrependimento ou gratidão, a pessoa pode se tornar mais afável.
Quer por revolta ou indiferente, uma pessoa amarga que liga menos à opinião dos outros.
Contudo, se não houver um sentimento de realização, a tendência é ao desespero e
não conformidade com o fim da vida.

A não resolução satisfatória de uma fase afetaria as fases subsequentes. Entretanto, Erik
Erikson acreditava que a terapia poderia encontrar meios para superar e compensar um
estágio deficiente.
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Formadora: Ilda Reis, 2022

Cada estádio contribui para a formação da personalidade total (princípio epigenético),


sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar.

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