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Desenvolvimento Humano : Infância e Adolescência_________________________________________

Texto 3

ERIK ERIKSON

Erik Homburger Erikson nasceu em Frankfurt am Main, Alemanha, em 15 de Junho de 1902.


Começou a sua vida como artista plástico. Em 1927, depois de estudar arte e viajar pela Europa,
passou a lecionar em Viena a convite de Anna Freud, filha de Sigmund Freud. Sob orientação
dela, submeteu-se à psicanálise e tornou-se, ele próprio, psicanalista, embora tenha tecido
críticas à psicanálise por esta não ter em conta as interações entre o indivíduo e o meio, assim
como por privilegiar os aspectos patológicos e defensivos da personalidade. No início da carreira,
Erikson interessou-se pela adolescência. A si se deve a expressão "crise da adolescência".
Baseado na psicologia freudiana, Erik Erikson desenvolveu um estudo sobre o desenvolvimento
humano. Erikson foi além da puberdade, pois acreditava que as experiências da idade adulta
também determinam a personalidade. Para Erikson, o foco do desenvolvimento do ego é mais do
que o resultado de desejos intrapsíquicos, é também uma questão de regulagem mútua entre a
criança em crescimento, a cultura e as tradições da sociedade.
Sendo assim, a mais importante contribuição de Erikson é ter formado uma teoria do
desenvolvimento que cobre todo o ciclo vital desde a primeira infância até a velhice e senescência
(KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997). Descreveu os seguintes estágios do desenvolvimento
humano:

Estágio 1: “Confiança Básica X Desconfiança Básica” (do nascimento até cerca de 1


ano).

Coincide com o desenvolvimento oral em Freud, no qual a boca é a zona mais sensível do
corpo. O bebê procura preencher suas necessidades, localizando o mamilo, sugando-o e ingerindo
outros alimentos. A mãe induz confiança atendendo assiduamente a essas necessidades, deste
modo prepara o terreno para futuras expectativas acerca do mundo. Esta interação permite ao
bebê desenvolver um sentimento de confiança de que suas necessidades serão satisfeitas ou, se
a mãe não foi atenta e carinhosa, de que não irá obter o que precisa, tornando-se desconfiado.
Entretanto, se a confiança básica é forte, a criança desenvolve a virtude esperança solucionando
sua primeira crise (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 2: “Autonomia x Vergonha e Dúvida” (de 1 a 3 anos, aproximadamente).

Neste estágio, os bebês adquirem um sentimento de que são separados dos outros. A
autonomia permite o domínio sobre si mesmo e sobre seus impulsos. Coincidindo com o estágio
anal em Freud, a criança tem a opção de reter ou liberar as fezes, ambos os comportamentos
têm um efeito sobre a mãe. Ao permitir que a criança funcione com alguma autonomia, sem
superprotegê-la, ela adquire autoconfiança e sente que consegue controlar a si mesma e ao
mundo ao seu redor. Porém, se a criança é punida por ser autônoma ou é excessivamente
controlada, sente-se irada e envergonhada. Ao equilibrar esta crise, a criança desenvolve a
virtude da vontade (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 3: “Iniciativa x culpa” (dos 3 aos 5 anos).

Este estágio corresponde à fase fálico-edípica de Freud.


O reforço à iniciativa depende de quanta liberdade física as crianças recebem e do quanto sua
curiosidade intelectual é satisfeita. Conflitos sobre a iniciativa podem impedir que as crianças em
desenvolvimento experimentem todo o seu potencial e podem interferir em seu senso de
ambição, que se desenvolve neste estágio. Ao final deste estágio, a consciência (superego) da
criança é estabelecida.
A criança aprende não apenas que existem limites para seu repertório de comportamentos, mas
também que os impulsos agressivos podem ser expressos de formas construtivas, tais como na
competição saudável, em jogos e no uso de brinquedos. Punições excessivas podem restringir a
imaginação e iniciativa da criança. Se bem resolvida esta fase, desenvolve as virtudes
responsabilidade, confiabilidade e autodisciplina (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 4: “Diligencia x Inferioridade” (6 ao 11 anos).

Equivale ao período de latência em Freud. É também o período da idade escolar, quando a


criança começa a participar de um programa organizado de aprendizagem. O principal ponto
deste estágio é a indústria ou capacidade de trabalhar e adquirir habilidades adultas. A criança
aprende que é capaz de fazer coisas, de dominar e realizar uma tarefa.
Em contrapartida há um senso de inadequação e inferioridade, o potencial negativo deste
estágio, que pode advir de pais e professores que não encorajam as crianças a valorizarem sua
produtividade e perseverarem em um empreendimento difícil. Como valorizava as situações
sociais, Erikson acreditava que um ambiente escolar que deprecia ou desencoraja a criança, pode
diminuir sua autoestima mesmo que os pais em casa recompensem sua produtividade. Superando
esta crise, a criança desenvolve a virtude da habilidade (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 5: “Identidade x Confusão de papéis” (dos 11 ao final da adolescência).

A principal tarefa deste período é desenvolver o senso de identidade, no entanto, esta fase
coincide com a puberdade e a adolescência. As características que estabelecem quem é o
indivíduo e para onde está indo, definem a identidade. Sendo que a identidade saudável é
construída a partir da passagem bem-sucedida pelos estágios anteriores. O adolescente pode
fazer vários “falsos começos” onde seus valores podem mudar, porém, um sistema ético é por
fim consolidado em uma moldura organizacional coerente. Ao final deste estágio é desenvolvida
a virtude da fidelidade (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 6: “Intimidade x isolamento” (dos 21 aos 40 anos).

Neste estágio, o adulto procura intimidade, que é o transcender a exclusividade das


dependências anteriores e estabelecer uma reciprocidade por meio de relacionamentos sexuais,
amizades e todas as associações profundas, consequentemente desenvolve a virtude do amor se
tiver com sua crise de identidade resolvida. Sem uma companhia, o indivíduo pode se tornar
muito pensativo sobre seus próprios problemas, deixando crescer em si um senso de isolamento
que pode atingir proporções perigosas (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Estágio 7: “Generatividade x estagnação” (dos 40 aos 65 anos).

Generatividade não é somente o gerar filhos, mas também envolve o fato de criar e orientar
as gerações seguintes, desenvolvendo assim a virtude do cuidado. Para isso, é necessário que os
pais tenham adquirido identidades próprias e bem-sucedidas. Do contrário, são adultos que não
possuem interesse em guiar as gerações seguintes e optam pelo estado estéril, estagnando-se
pela incapacidade de transcender e falta de criatividade (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

É comum verificarmos, na prática clínica, alguns “falsos adolescentes” de 40 ou 50 anos,


que ainda dependem econômica e afetivamente de seus pais.
É nesse estágio que surge a “SÍNDROME DO NINHO VAZIO”, quando os filhos saem de casa
e o casal fica com a ideia de que tudo acabou e que não há vida sem os filhos. Pode ocorrer o
inverso , que é mais sadio, onde o casal se depara com a possibilidade de aproveitar a vida e,
desenvolver maior intimidade e cumplicidade com o seu par.

Estágio 8: “Integridade x desespero” (terceira idade).

Este estágio é descrito como o conflito entre a integridade e o desespero, sendo o primeiro
um senso de satisfação ao se refletir sobre uma vida produtivamente vivida, e possibilitando ao
idoso aceitar a própria vida, permitindo aceitação da morte e desenvolvendo, assim, a virtude da
sabedoria. O seguinte refere-se ao senso de que a vida teve pouco valor, recaindo o desespero
e o desgosto pela incapacidade de revivê-la (KAPLAN, SADOCK & GREBB, 1997).

Uma grande contribuição de Erikson é podermos compreender o desenvolvimento do ser humano


em todos os ciclos de sua vida. Compreendendo o que, teoricamente, seria normal, o que
facilitaria o reconhecimento do anormal e do patológico. Este último envolveria os fatores
prejudiciais à pessoa e/ou a outrem, nos aspectos físicos, psicológicos, sociais, ambientais,
culturais, históricos e/ou espirituais.

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