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Infância e adolescência

Infância: invenção moderna


No período medieval, não existia a ideia de infância, como
fase fundadora da vida, em que as crianças precisam de
atenção e cuidados especiais.
As crianças eram tratadas como pequenos adultos. Elas
eram inseridas no mundo do trabalho, ajudando os adultos
nos afazeres domésticos
As moradias eram unidades de produção

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A partir da Revolução Industrial, as casas deixam de ser unidades
de produção, ocorrendo uma desvalorização do ambiente
doméstico.

Era preciso legitimar a permanência da mulher em casa. Surge,


então, uma cultura que valorizava o amor materno como
indispensável para o desenvolvimento saudável das crianças.

A infância passa a ser entendida como um período especial da


vida. A preocupação das mulheres passa a ser a saúde e a
educação das crianças.

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As crianças passam a ser objeto de mais amor, o centro da
família.

Adolescência – fenômeno recente, prolongamento da infância.

Adolescência é uma construção social decorrente do


prolongamento da preparação para o mercado de trabalho,
sendo caracterizada pelo adiamento das responsabilidades
adultas.

Adolescência passa a ser entendida, então, como período de


mudanças, de transição e de conflitos.

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A adolescência não é um fenômeno natural e universal.

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Artigo: adolescência como ideal social
-Stanley Hall
Baseou-se na Teoria da Evolução de Darwin.
A adolescência torna-se objeto de estudo, sendo caracterizada
como um período de “tempestade e tormenta”.
Instabilidade emocional associada ao surgimento da sexualidade
“Muitos dos crimes e imoralidades do início da adolescência são
decorrentes de um impulso cego sobre o qual a consciência é incapaz
de qualquer ação. Na evolução psíquica do impulso sexual,
frequentemente, há um período de perturbação geral, antes de o
cérebro agir sobre os órgãos sexuais”. (visão naturalista e determinista)

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- Ana Freud
Adolescência – período de contradições e instabilidades
emocionais (maturação sexual)
- Erik Erikson
“Crise de identidade” como expressão que faz referência aos
conflitos relacionados à autonomia.
Esses conflitos estão relacionados à definição da identidade
profissional.
Através do trabalho, o indivíduo sente-se ativo e produtivo, com o
sentimento de segurança de saber quem ele é (identidade).

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Erikson denomina adolescência de “moratória social”, período
em que o adolescente pode aguardar enquanto se prepara para
exercer os papéis adultos.
Esse autor traz a possibilidade de se compreender a
adolescência não apenas em função de conflitos individuais e
biológicos

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- Teoria Erik Erikson
O desenvolvimento humano ocorre a partir de estágios ou crises, que
consistem na emergência de duas possibilidades antagônicas.
Essa teoria é constituída de oito estágios psicossociais e tem a
adolescência como centro.
Adolescência – fase decisiva para a formação da identidade do ser
humano.
A adolescência recapitula as etapas vividas pela criança e antecipa
as fases da vida adulta.
Cada estágio da vida é denominado de conflito nuclear ou crise
normativa

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Primeiro estágio: confiança x desconfiança (fase oral)
Esse conflito nuclear é gerado na interação da criança com os
cuidadores.
Ela pode confiar ou não nos cuidadores, como provedores de suas
necessidades.
Um ambiente acolhedor proporcionará o desenvolvimento da
autoestima e o sentimento de confiança em relação ao mundo.
Esse conflito definirá a forma como o indivíduo relaciona-se com as
pessoas ao longo da vida.
Na adolescência, essa crise atualiza-se através da necessidade de
socialização (confiança) ou da busca de isolamento (desconfiança).

(desconfiança)14/09/2020 9
Segundo estágio: autonomia x vergonha e dúvida (fase anal)
A forma como o controle esfincteriano é conduzido pelo ambiente
pode favorecer o fortalecimento da autonomia ou a emergência de
sentimentos de vergonha ou dúvida.
Na adolescência, esse conflito é manifesto na capacidade de
afirmação pessoal ou na dúvida em relação às próprias competências
e habilidades.

Terceiro estágio: iniciativa x culpa (fase fálica)


Esse conflito nuclear deriva de sentimentos de rivalidade entre irmãos
por uma posição favorável junto aos pais.

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A iniciativa, a determinação, a persistência em alcançar os objetivos, o
prazer da conquista são expressões herdadas desse estágio, que
podem se manifestar na adolescência.
O conflito pode também atualizar-se através da culpa.
Principal atividade – brincar
A partir da brincadeira, a criança faz explorações e experimentações
(sucessos e fracassos). No faz-de-conta, ela assume o papel dos adultos.
O brincar proporciona uma realidade intermediária, uma ritualização
dramática.

Quarto estágio: produtividade x inferioridade (período de latência)


O trabalho escolar e atividade em grupo aumentam os limites de
interação da criança para além da família.
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Período de dedicação à educação formal, em que a criança pode
desenvolver um sentimento de inferioridade, caso ela sinta-se incapaz
de dominar as tarefas que lhe são atribuídas pelos pais e pelos
professores.
Sentimentos de inferioridade podem estar associados a situações em
que a criança é vítima de preconceito, sentindo-se excluída do grupo.

Quinto estágio: identidade x confusão de identidade


A identidade é o tema central desse momento.
A formação da identidade inclui a identidade profissional (sentir-se
ativo e produtivo)
Erikson cunhou o termo “crise de identidade” para definir o conflito em
que o adolescente não se sente capaz de tomar decisões em relação
ao futuro profissional.
O adolescente tenta criar um código de valores (identidade
ideológica).
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A formação da identidade está associada a um sentimento de
pertencimento (grupo como etapa transitória).

Sexto estágio: intimidade x isolamento


O jovem adulto busca relacionamentos de intimidade e de parceria.
Na fase anterior (adolescência), os relacionamentos eram transitórios.
O desenvolvimento da verdadeira intimidade acontece nesse estágio.
O isolamento seria a incapacidade de desenvolver um relacionamento
íntimo.

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Sétimo estágio: geração x estagnação
A capacidade de cuidar, orientar e guiar pessoas desenvolve-se nesse
estágio.
“Geração” pode estar associada à formação de uma família,
assegurando o desenvolvimento saudável de seus membros, como
também, a atividades que envolvem a capacidade de exercer o
cuidado.
“Estagnação” é a incapacidade de exercer cuidado.

Oitavo estágio: integridade x desesperança (desespero)


Quando a vida tem um significado positivo, existe um sentimento de
integridade.

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A integridade está associada ao sentimento de que as fases anteriores foram
bem vividas, de modo que as crises foram enfrentadas com sucesso.
A desesperança tem relação com um sentimento de vazio diante da morte,
de que a vida não teve sentido.
O desespero está relacionado ao sentimento de que não há mais tempo para
se tentar recomeçar e dar novo sentido à existência.

“Somente quem zelou pelas coisas e pessoas e se adaptou aos triunfos e


desapontamentos do ser é verdadeiramente gerador de outras vidas e criador
de ideias. O indivíduo íntegro do último estágio é capaz de viver um amor
liberto do desejo de transformar as pessoas e aceita que cada um é
responsável pelo próprio destino.”
Erik Erikson

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