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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO II

ESTUDO
DIRIGIDO
Alunos: Gênesis Gomes, Puama Mota,
Steffany Júllia e Vitória Gabriela.
Processos de identificação do adolescente e o aparelho psíquico primitivo:
O processo de identificação adolescente é marcado pela busca de uma identidade
adulta que se caracteriza pelo desejo de se emancipar em diferentes níveis: sexual,
psicológico e social. É um período de vulnerabilidade no qual a identidade do
adolescente se encontra em crise e ele está altamente suscetível à incorporação de
novos objetos de investimento afetivo. A depender da sustentação da sociedade em que
o adolescente está inserido, o processo pode ser angustiante pela complexidade e
contradições de valores.

O processo identificatório adolescente também está intimamente ligado à organização


do aparelho psíquico primitivo e as suas etapas posteriores - ressalta-se a revivência do
conflito edipiano precoce -, de forma que esse “adolescer” é experienciado (quase como)
um segundo nascimento, uma vez que muitos dos movimentos psíquicos são inerentes
ao início da vida e reeditados com grande intensidade durante a adolescência.
Reorganização do aparelho psíquico - 2° nascimento:
A adolescência é uma época que aumenta as dissonâncias entre as partes do aparelho
psíquico e é necessário um tempo para que o id, ego e superego estejam aptos a
funcionarem, outra vez como um conjunto harmonioso. Dessa forma, a força do
desenvolvimento faz com que haja uma reorganização, por meio da incorporação de
novos objetos de investimento afetivo e da relação com novos aspectos identificatórios
que se estabelecem concomitantemente e a medida em que os lutos pelos objetos e
partes perdidas na infância vão sendo elaborados.

O segundo nascimento é uma reorganização do aparelho psíquico, pois este volta a


apresentar alguns aspectos dos processos primários que são evidentes no bebê. Logo, o
ego se reestrutura para ter a possibilidade de funcionar com predomínio dos processos
secundários, regido pelo princípio da realidade, onde o adolescente passe a ponderar as
situações, não agindo apenas por impulso e prazer. Pois, irá se deparar com um mundo
caótico, frustações e uma crise de identidade, os quais terá que aprender a lidar.
Crise de identidade

O adolescente enfrenta suas realidades de mundo, buscando encontrar a sua forma


de pensar e viver, construindo as bases de sua identidade. Durante esse processo,
explora diversos ambientes e valores, encontrando situações divergentes de como
eram idealizadas por si. Consequentemente, depara-se com enorme discrepância
sociocultural e econômica, miséria, desigualdade de direitos, violência, falta de
estrutura educacional e diversos problemas que comprometem esse processo,
destruindo suas idealizações. Esses aspectos interferem na identificação dos
adolescentes, pois, com todo esse impacto emocional, a mente entra em um estado
de confusão, podendo isolar-se defensivamente por conta das angústias vivenciadas.
Além disso, torna-se mais vulnerável a sofrer influências da sociedade, podendo ser
manipulado a satisfazer desejos externos, tendo maior risco de ter uma identificação
negativa, comprometendo sua identificação individual e interação com outros.
A saída/superação da latência

Na fase de latência, descrita por Freud, a criança passa por um período de


adormecimento sexual, voltando-se mais para o social. Porém, com a
chegada da adolescência as mudanças psíquicas começam a ocorrer na
mente do jovem e o mesmo torna a se voltar para sua sexualidade
novamente, sendo que desta vez de modo fálico, ou seja, genital de fato.
Quando se volta para o meio genital, temos portanto a superação da
latência.
Movimentos regressivos

A adolescência também é marcada por transições constantes entre


movimentos progressivos e regressivos. Nos movimentos regressivos,
predomina-se a emergência dos processos primários, a concretização
defensiva do pensamento e a retomada de níveis não verbais da
comunicação. Essa dinâmica psíquica é um dos responsáveis pela
reativação de conflitos infantis. Conflitos esses que servem para o
amadurecimento psicológico, pois essas transições (entre processos
secundários e primários) permitem um manejo mais adulto dos conflitos
infantis.
Principais lutos experimentados pelos adolescentes e pelos pais

No processo entre a infância e a vida adulta, os adolescentes vivenciam as perdas sequenciais


e abrangentes que acontecem em seu corpo infantil, no seu mundo interno e na qualidade de
suas relações consigo mesmos e com os outros. Dessa forma, essas perdas acabarão gerando
períodos de luto, como o luto pelo corpo infantil; o luto pela fantasia de bissexualidade:
afirma sua identidade desistindo da fantasia de um duplo sexo; o luto pela identidade e
papéis infantis: existe um período de conflito quanto à dependência infantil em transição
para a independência adulta; e o luto pelos pais da infância: a figura idealizada e onipotente
da infância vai dando lugar a uma figura mais real. O luto pelos pais da infância é algo também
vivenciado pelos pais. Eles precisam fazer o luto pelo corpo do filho pequeno, da sua
identidade de criança e da sua dependência infantil; tem o luto do filho idealizado, em que
percebe que o filho adolescente está diferente do qual imaginou, causando angústia; e o luto
pela própria juventude, em que os pais percebem que estão envelhecendo ao ver a juventude
do filho.
Estruturação egóica e narcisismo
O processo identificatório do adolescente está em constante evolução, por meio de
sucessivos períodos críticos de reorganização egóica, que ocorre por conta de novos
valores e ideais que vão sendo adquiridos e transformados. Além disso, surgem no ego os
aspectos primitivos da personalidade, pois, na puberdade, as pulsões invadem o ego,
trazendo à tona essas atitudes comportamentais com urgência instintual, surgindo,
também, diversos mecanismos de defesa (negação da realidade, atitudes narcísicas,
projeção de ódio no mundo externo, etc). E, a partir disso, notou-se o predomínio de
ansiedades persecutórias associadas a processos narcísicos, que atingem o ego fragilizado,
favorecendo a supremacia dos processos primários sobre os secundários. Portanto, essas
atitudes defensivas surgem para equilibrar a falta de amadurecimento psíquico. Além disso,
as características narcísicas são evidentes na organização do sentimento de auto-estima
dos adolescentes, isso porque, com o seu ego fragilizado o adolescente torna-se vulnerável
à situações que o abalem, sendo papel da atividade narcísica manter uma coesão estrutural,
organizando o sentimento de ser e conhecer do indivíduo.
Estruturação do eu - verdadeiro e falso Self

Ao longo da vida o ser humano vai moldando-se e sendo moldado, de modo


que constrói ao longo da vida várias identidades, onde somente uma é a
real, o verdadeiro Self. Porém, na busca por este verdadeiro Self, o jovem
cria inúmeros falsos selfs e tenta sustentar outros criados anteriormente
na infância. Portanto, dá-se aí muitas vezes a confusão mental e a crise
identitária que muitos jovens se queixam.
Avanços cognitivos na adolescência

Em relação ao desenvolvimento cognitivo, o adolescente encontra-se no


estágio das operações formais (Piaget, 1990), ou seja, torna-se capaz de
utilizar o pensamento hipotético-dedutivo e possui ferramentas intelectuais
que o capacitam para a efetivação de análises e sínteses. Além disso,
encontra-se apto para levantar hipóteses, avaliar probabilidades e fazer
correlações. Esses avanços possibilitam o estabelecimento de conceitos e a
análise crítica de uma realidade - fatores que promovem o desequilíbrio
psíquico do indivíduo, mas também favorecem a possibilidade de uma nova
estruturação do eu.
Ambivalência vivida pelos pais
Durante a adolescência dos filhos, os pais ficam confusos com o reencontro em
seu filho do corpo da juventude, lutando para suportar as diferenças óbvias
entre jovens e adultos. Envolvidos com a crise da meia idade, ao se depararem
com filhos jovens, sexualizados, questionadores e com a vida inteira ainda pela
frente, os adultos revêem suas próprias vivências. A essa altura, enfrentam a
situação de já terem passado da metade de sua vida e realizam uma reavaliação
de suas realizações, muitas vezes, resultando em frustração por constatarem
que se afastaram ou não realizaram o que haviam desejado. Outras vezes,
vivem os sentimentos de plenitude e realização pelo que foi construído até o
momento. Por tudo isso vivem sentimentos ambivalentes em relação aos filhos:
admiram-nos e orgulham-se deles, ao mesmo tempo, em que invejam sua beleza
e sua juventude.
Capacidade de continência dos pais

Durante a infância, os pais estão sempre muito envolvidos com os filhos,


tomando decisões por eles e não permitindo que a individualidade ocorra.
Quando na adolescência, os pais passam a ser obrigados a dar mais espaço
e liberdade, algo que nem todos conseguem fazer de forma fácil e amistosa,
as vezes é um processo muito árduo e delicado. Portanto, esse processo
gera muitos conflitos familiares, pois a família não tolera a luta de
emancipação dos adolescentes e teme pelos comportamentos destes,
afinal, estão perdendo o controle de resolver as providências dos seus
filhos. Os pais nesta fase são "castrados" e precisam aprender a se
controlar em seus impulsos em relação aos próprios filhos.

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