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Título do Tema

Sempre Dentro do
Triângulo Verde
(máximo 4 linhas)
PSICOLOGIA
NOME DO AUTOR NO TRIÂNGULO
DO
DESENVOLVIMENTO:
CICLO VITAL
THIAGO PEREZ BERNARDES DE MORAES
Unidade 3 – Teorias do
desenvolvimento da adolescência
e início da vida adulta

Introdução
A puberdade marca o início da adolescência, período marcado por alterações físicas,
hormonais, psicológicas e sociais. É nesse período em que o indivíduo vive diferentes
conflitos, como a incompatibilidade, muitas vezes, entre o grau de maturação física e
psicológica. Além disso, a adolescência traz consigo o desafio de fazer escolhas para
o ingresso na vida adulta.

Nesse sentido, a adolescência é um período único na subjetividade do sujeito, na


qual ele elabora a si mesmo e aprende a equilibrar suas vontades, desejos e pressões
do mundo. A adolescência é um momento em que os desejos passam a confrontar,
segundo Freud (1980), diretamente o superego, demandando a intermediação por
meio do ego.

O desenvolvimento do indivíduo se dá ao longo de toda vida, contudo, denota-se


que cada fase da vida traz consigo demandas que lhe são próprias. A adolescência
é, em tese, uma fase de transição em que o indivíduo, outrora criança, passa a se
vislumbrar como adulto, preparando-se para um novo estágio. Na fase adulta, por
sua vez, o indivíduo passa a tomar para si um repertório maior de responsabilidades
e atribuições que não tinha até então.

Objetivos da Aprendizagem
Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de:

• Identificar as influências no desenvolvimento pré-natal, parto e puerpério,


discutindo os fatores passíveis de repercutir no desenvolvimento.
• O trajeto da concepção ao nascimento.
• O momento do parto, significados e procedimentos (favoráveis e desfavorá-
veis).

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Da Puberdade à Adolescência
O termo adolescência vem do latim adolescere, que significa adoecimento. Nesse
sentido, denota-se com esse termo que a adolescência é um período de crise, um
momento crítico, afinal, é nesse período em que o indivíduo define seu provável futuro,
tanto em relação a si mesmo como ao que diz respeito a seu pertencimento social.
A adolescência é antes de qualquer coisa um momento de amadurecimento, não só
biológico, mas também psicológico, que demanda uma série de posicionamentos
e tomadas de decisões do sujeito, inclusive no campo profissional. A adolescência
promove um elevado ritmo de alterações físicas e hormonais, em um descompasso
em que as mudanças físicas tendem a ser mais rápidas que as psicológicas. Esse
descompasso leva o adolescente a experimentar uma pequena “revolução interior”,
afinal, essa discrepância entre desenvolvimento psicológico e físico leva a um tipo de
fragmentação do sujeito, de forma que as referências morais ou mesmo o psiquismo
se alteram (ESCORSIN, 2016).

Adolescência

Alterações físicas Alterações sociais


O adolescente passa por muitas alterações O adolescente lida com muitos dilemas,
físicas e hormonais que levam o corpo infantil como a discrepância entre maturação física
de antes a chegar mais próximo do corpo e psicológica e as incertezas em relação ao
adulto. futuro como adulto e como profissional.
Fonte: elaboração do autor (2022)
#paratodosverem: quadro explicando alterações físicas e sociais comuns em
adolescentes.

Saiba mais
Este trabalho traz como foco a adolescência a partir da psicanálise,
tendo como pano de fundo a discussão sobre a complexa relação
que se deu no início da pandemia da covid-19 entre os jovens e a
escola.

Para ler o trabalho na íntegra clique aqui.

A adolescência pode ser observada por via da abordagem psicanalítica, promulgada


por Freud, que entende que o indivíduo recebe de forma geral influência por conta
de suas experiências anteriores que se refletem no desenvolvimento psicossocial.

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Fala-se aqui de mudanças relacionadas ao amadurecimento sexual e a condições
psicológicas, como a libido, que busca extravasamento. Freud destaca que a natureza
do adolescente é marcada, sobretudo, pelas forças envolvidas na natureza sexual. A
energia psíquica dos sujeitos leva o indivíduo a se movimentar em prol da busca de
satisfação da libido e do prazer. Essa energia do id, leva o indivíduo a buscar satisfação
das necessidades. Em especial na puberdade, em que há intensas alterações no que
diz respeito à intensificação da libido, sobretudo relacionada às zonas genitais, e
isso se dá como resultado de alterações biológicas desse período. Freud entende
que, nessa circunstância, a fase genial desencadeia conflitos relacionados à crise da
adolescência (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

Para Freud (1980), a adolescência representa um momento singular, em que os


desejos que foram vivenciados nas fases anteriores da vida passam nesse instante
a conflitar com obstáculos relacionados ao superego, compreendendo-se nesse
diapasão ao eixo moral da psique, relacionado às normas e regras de comportamento.
Essa manifestação do superego impossibilita em larga medida a manifestação das
energias geradas pelo id, que se plasmam no segmento consciente, com outras
formas, por exemplo, na aversão à autoridade dos pais ou dos professores. Freud
entende que a plena possibilidade de satisfação da libido se direciona aos órgãos
genitais, estando aqui um possível “ponto de equilíbrio” que envolve as demandas de
seu entorno e os desejos inconscientes (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

Freud e a adolescência

Adolescência como conflito Falta de capacidade de lidar


constante com frustrações
Freud entende que existe um constante
e dinâmico conflito que interpela a A ausência de identificações adequadas com
adolescência. De um lado, forças biológicas adultos confiáveis pode levar o adolescente
e instintivas, relacionadas ao id, e do outro, a ter dificuldade no que tange sublimar,
barreiras culturais advindas da orientação impedindo-o de ser tolerante com frustrações.
social do superego.
Fonte: adaptado de Escorsin (2016).
#pratodosverem: quadro que apresenta Freud e a adolescência.

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Adolescente

Fonte: Plataforma Deduca (2022).


#pratodosverem: um adolescente com um traje “punk”.

A Transição Adolescente-Adulto – Concepções Históricas

De forma geral, a família detém grande importância no desenvolvimento dos


sujeitos, considerando que essa é de forma geral o primeiro grupo no qual o sujeito
vai estabelecer vínculos, ou seja, iniciar sua socialização. O meio familiar é um
potente mediador de modelos, padrões, valores e influências. Os acontecimentos e
experiências que são vivenciadas dentro do interior de cada família influenciam, em
larga medida, a formação da personalidade do sujeito, como também seus valores e
seus comportamentos (ESCORSIN, 2016).

Saiba mais
O artigo a seguir apresenta uma investigação interessante sobre
as inseguranças dos adolescentes na transição para a vida adulta
no que diz respeito ao futuro profissional e acadêmico.

Para ler o artigo na íntegra clique aqui.

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É interessante destacar que, apesar da influência indubitável da família, a adolescência
é um momento de mudanças. Nesse sentido, antes da adolescência, os pais eram as
maiores referências de valores, todavia o adolescente passa a tomar para si outras
referências, como seus pares e ídolos, o que pode trazer um grande desconforto e
conflitos para a família. Em verdade, as demandas dos adolescentes são diferentes,
afinal, eles demandam mais espaço do que o mundo familiar pode oferecer para o
desenvolvimento de sua identidade, o que demanda o reconhecimento coletivo de que
são jovens e não mais crianças. Um adolescente, por exemplo, quando permanece
horas fechado em seu quarto, está, de certo ponto, desafiando sua autoridade mais
próxima, os pais, que por sua vez têm dificuldade de lidar com situações conflitantes.
Em tese, os adolescentes estão em suas atividades buscando sua própria essência,
ou seja, sua forma de agir e de se mostrar ao mundo (ESCORSIN, 2016).

Reflita
A adolescência traz consigo muitas pressões e preocupações.
Entre elas destaca-se a apreensão em relação à vida adulta,
sobretudo as incertezas em relação ao amanhã, que modelam
o presente. Nesse sentido, fica aqui um questionamento: de que
modo a família, sociedade e escola podem ajudar o adolescente a
superar as pressões advindas dessa fase tão difícil do ciclo vital?

Nessa mesma logicidade, Escorsin (2016) destaca que:

• Para os adolescentes, o ato de se autoconstruir, ou seja, de construir sua


identidade, pode representar um momento cheio de percalços e abalos emo-
cionais. Muitos adolescentes retornam, por exemplo, aos modos mais infan-
tis, enquanto outros buscam formas de se mostrar mais adultos.
• A construção da nova identidade por parte do adolescente pode trazer con-
sigo desvios, nesse sentido, muitos são os jovens que se perdem em meio à
delinquência e às drogas. Em comum, as discussões com os pais tendem a
ser mais expressivas e reincidentes nesse período.
• No presente, não raro, boa parte dos pais não se mostra apta para encarar e
ajudar na mudança dos filhos, afinal, muitos pais enxergam seus filhos que
estão em transição para a fase adulta como ainda crianças.
• Nesse sentido, compreende-se aqui uma estrada sem retorno, ou seja, os
adolescentes não são mais crianças e qualquer tipo de retorno à infância
levaria anos no que diz respeito a formação da identidade do sujeito.

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• Nessa transição entre a adolescência e a fase adulta, o sujeito tende a ex-
perimentar significativas oscilações de humor, nesse sentido, a raiva e a de-
pressão são estados que podem se oscilar de maneira inconstante, sendo
essas características parte da formação da identidade.
• Diferente da criança que lidava com a imposição de limites, os adolescentes
precisam agora aprender a conviver com regras de convivência. Enquanto
isso não ocorre, é comum que questionem as regras que são apresentadas.
• Na adolescência, os jovens têm que tomar uma série de importantes deci-
sões com impactos ao longo de toda vida, como os primeiros estabelecimen-
tos de relações amorosas, iniciação sexual e escolhas laborais e educativas.
Essa é uma fase marcada por expectativas que quando não correspondidas
trazem consigo sentimentos aversivos.
• O adolescente é um sujeito com muitas demandas sociais. Os amigos exer-
cem papéis importantes no que diz respeito à compreensão de como lidar
com as pressões e atribulações da vida “quase adulta”.
• Não resta dúvida, a linha que separa imaturidade e maturidade entre ado-
lescentes é tênue, o que demanda dos pais a difícil missão de controlar as
possibilidades do jovem para que ele possa usufruir de novas formas de li-
berdade.
Diálogo

Fonte: Plataforma Deduca (2022).


#pratodosverem: mãe e filha em diálogo.

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A Adultez e o Culto da Adolescência

Atualmente, parece haver um culto de hipervalorização da adolescência. De toda


ordem, a adolescência marca não um fim em si mesma, mas um meio, uma transição.
Nesse sentido, na fase adulta espera-se que o sujeito esteja constituído de valores
como a identidade, tendo ciência de quem se é. Contudo, a fase adulta não é uma
fase final, mas se parece com uma adolescência mais longa, ou seja, o adulto não é
algo acabado e pronto, antes disso, é alguém que está em construção e reconstrução
constante, o que demanda a busca por novos pontos de equilíbrio. Na fase adulta
se faz necessário que o indivíduo desenvolva resiliência e que saiba agir frente aos
cenários de mudança que podem demandar atitudes. As pessoas amadurecidas
tendem a assumir responsabilidades por seus atos ao passo em que vivem de forma
independente. Nos países modernos, a fase adulta vai ocupar o maior espectro
do ciclo da vida. A fase adulta demanda protagonismo por parte do sujeito, pois é
nesse período que se edifica um local para morar, constituir-se enquanto família e
financeiramente. A partir do momento em que o adulto constitui família e têm filhos
ele precisa considerar não seu próprio ciclo de vida, mas também tem que lidar com
as diferentes fases do ciclo de vida dos filhos.

Atenção
Existe um consenso de que a juventude é a “melhor fase da vida”,
contudo a adolescência é apenas uma fase de transição para a
vida adulta, que representa a fase mais longa dentro do ciclo vital.
Ela não é só a fase mais longa, mas possivelmente a fase em que o
indivíduo mais tem que lidar com atribuições e responsabilidades.

A seguir, destacamos algumas considerações relevantes acerca da fase adulta


(ESCORSIN, 2016):

• Diferente de fases anteriores da vida, a fase adulta é a que tem mais cobran-
ças, afinal, independentemente da classe social do sujeito, a vida adulta de-
manda posicionamentos.
• Na fase adulta as responsabilidades se multiplicam, nesse momento é espe-
rado que alguns caminhos já estejam definidos, como a progressão no traba-
lho por via da vida acadêmica e a constituição de família.
• A fase adulta representa a soma de decisões, cobranças, responsabilidades e
posicionamentos que demandam maturidade para lidar de forma equilibrada
com as responsabilidades e demandas da vida.

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Fase adulta

Fonte: Plataforma Deduca (2022).


#pratodosverem: adulto trabalhando.

Em culturas que são orientadas para a juventude, o ato de envelhecer pode representar
um motivo de terror, pois pode significar perder muitas das habilidades e qualidades
relacionadas à juventude. Na verdade, o envelhecer leva o corpo a uma direção muito
diferente daquela que se observa na adolescência (ESCORSIN, 2016).

Teorias do Desenvolvimento do Adulto – da Psicanálise à Psicolo-


gia Histórico-Cultural

A psicanálise de Sigmund Freud tem como finalidade inicial traçar uma linha explicativa
acerca da distinção entre personalidades normais e anormais. Freud propõe-se não
só a teorizar e efetuar hipóteses, mas, para além disso, a investigar os processos
psíquicos que envolvem cada um dos pacientes, como também de seus familiares e
socialmente próximos, realizando a partir daqui um exercício de “autoanálise”, como
foco em lembranças relacionadas ao cenário infantil, as quais têm especial relevância
para a clínica médica de indivíduos adultos (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

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Saiba mais
O texto a seguir apresenta um rico diálogo, tomando como base
Sándor Ferenczi, para se discutir o trauma em adultos dentro da
ótica da psicanálise.

Para ler o artigo na íntegra clique aqui.

Freud falava em adultos dotados de ampla complexidade, o que demandava


ferramentas como a associação livre, em que o paciente é convidado a dissertar
de forma livre acerca de seus pensamentos, como também relatar seus sonhos. O
divisor de águas da teoria de Freud reside na constatação de que o comportamento
dos sujeitos é motivado por processos internos, nos quais os indivíduos nem
sempre são conscientes. A motivação do adulto, assim como no restante da vida,
tem base biológica, compreendendo duas classes centrais de pulsões: (a) pulsões
sexuais; (b) pulsões inatas. A compreensão dos indivíduos adultos passa de forma
geral pela compreensão dos três processos psíquicos básicos: (a) pré-consciente
– diz respeito a maior parte dos conteúdos da mente e que estão de alguma forma
nebulosos por de traz do nível de consciência; (b) inconsciente – refere-se a todo
um arcabouço de experiências, sensações, ideias e conceitos que não podem ser
imediatamente acessados de forma consciente, pois foram reprimidos, mas apesar
dessa circunstâncias são processos que tendem a influenciar nossas atividades
e comportamentos; (c) consciente – relaciona-se aos dados e informações que
adquirimos e preservamos na lembrança, ou seja, valores, sentimentos e percepções
que foram “congeladas” e gravadas na memória podendo ser recrutadas de forma
consciente (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

A perspectiva da psicologia histórico-cultural parte da ideia de que a cultura, mais


especificamente os processos de apropriação de possibilidades que são engendradas
por ela, relaciona-se tanto com o desenvolvimento humano de forma global como
com os processos de aprendizagem, A perspectiva histórico-cultural, ancorada
sobretudo em Vygotsky, denota que em cada fase da vida o que identifica o sujeito
é sua atividade e seus papéis. A vida humana nessa perspectiva seria determinada
por períodos estáveis, do ponto de vista cultural, em que o indivíduo experimentaria
apenas pequenas e qualitativas mudanças, e outros marcados por pontos críticos, ou
seja, estágios de rupturas e mudanças bruscas internas, vetorizadas por condições

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materiais em que o cenário externo promove a reestruturação das necessidades e
demandas da criança, como eixos de motivação dos comportamentos do dejeto e de
suas relações com seu meio (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

Adultos

Fonte: Plataforma Deduca (2022).


#paratodosverem: adultos como estudantes em uma sala de aula.

Nessa perspectiva, a fase adulta seria o resultado da superação de uma série de


estágios anteriores de estabilidade e de posterior crise/ruptura, sendo os principais:
(a) crise pós-natal ainda no decorrer do primeiro ano de vida; (b) crise do primeiro ano
(na transição entre o 1º e o 2º ano); (c) primeira infância; (d) crise relacionada aos três
anos; (e) idade pré-escolar, indo dos 3 aos 7 anos; (f) idade escolar, correspondendo
dos 8 aos 12 anos; (g) crise dos 13 anos; (h) puberdade; e (i) crise dos 17 anos
(transição para vida adulta) (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014). Apesar desses
períodos identificáveis, a perspectiva histórico-cultural e os axiomas de Vygotsky
não taxonomizam, como fazem Piaget e Freud os e a vida em estágios, mas ainda
assim reconhecem a existência de fatores que são aderentes e algumas idades em
específico (PILETTI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).

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Conclusão
A subjetividade do sujeito se edifica ao longo da vida. Dito de outra forma, pelas
experiências, impressões e sensações o indivíduo vai mudando, moldando a
si mesmo em uma constante. A adolescência nesse contexto marca um ponto
chave, uma transição entre a infância e a fase adulta. Ao término da transição da
adolescência, o indivíduo na fase adulta tem que tomar para si novas atribuições
com responsabilidades e deveres, considerando que a fase adulta é a maior em todo
o ciclo vital.

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Referências
ESCORSIN, A. P. Psicologia e desenvolvimento humano. Curitiba: InterSaberes, 2016.

FREUD, S. O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1980. (v. XIX).

PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo:


Contexto, 2014.

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