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Introdução à Psicologia do Adolescente

Quais os fatores históricos e culturais que influenciaram as representações sociais e


científicas sobre a adolescência?
 A adolescência constitui uma transição desenvolvimental entre a infância e a
idade adulta, que implica importantes mudanças interrelacionadas ao nível
físico, cognitivo e psicossocial. Os adolescentes vivenciam inúmeras
dificuldades. Apesar de se verificarem acentuadas diferenças na forma como a
adolescência é encarada nas diferentes culturas e sociedades, com implicações
para a forma como esta é vivenciada. De facto, há determinados acontecimentos
sociais e culturais que parecem ter propiciado a emergência da compreensão da
adolescência como um período distinto do desenvolvimento humano, entre os
quais: a industrialização, sofisticação tecnológica e complexificação dos papéis
profissionais; consequente maior exigência formativa e alargamento dos
percursos educativos; movimentos sindicais reivindicativos e alargamento dos
percursos educativos; movimentos sindicais reivindicativos da empregabilidade
da força laboral adulta e reformistas da educação.
Quais as especificidades da adolescência enquanto etapa desenvolvimental?

 Sabe-se que a adolescência é fruto de um conjunto de mudanças que não só, são
influenciadas pela idade e pelas mudanças a nível cognitivo e físico, como
também, pelo contexto histórico, cultural, económico, ambiental, assim como,
pela socialização. Assim, sabemos que esta fase do ciclo de vida, é uma fase que
acarreta bastantes mudanças e por conseguinte, visto que é uma fase de transição
para a vida adulta, engloba algumas tarefas desenvolvimentais que a distingue de
todas as outras fases. São estas, o construir a sua identidade psicológica, como
também a identidade sexual, o aceitar e integrar que este está a mudar,
estabelecer novas relações com os pais no sentido da independência e autonomia
afetiva. Construir um projeto profissional e/ou vida. Desenvolver as relações de
intimidade e de uma vida afetiva estável, assim como, construir um sistema de
valores.

Contraste as abordagens convencionais com as abordagens científicas atuais sobre


a adolescência

 Segundo uma perspetiva convencional, a adolescência é uma fase


particularmente difícil que se caracteriza por: descontinuidade, instabilidade e
perturbação, confusão interna, crise e conflitos geracionais. Como o caso de
Stanley Hall defende que a adolescência era caracterizada por uma grande
tensão e agitação - um período de “stress and storm”; e o caso de Freud,
considerava a adolescência como um período inevitavelmente difícil e
turbulento e os adolescentes como imprevisíveis, inconstantes e atormentados.
Contudo, estudos empíricos quer na área antropologia, quer mais tarde da
psicologia contrariam esta perspetiva. Uma vez que, tendem a demonstrar que
existe uma tendência para a continuidade no desenvolvimento da personalidade
e também desafia a ideia de que a adolescência é um período de turbulência
emocional, revelando antes que a maioria dos adolescentes tende a ser
emocionalmente estável.
 As perspetivas convencionais, são as perspetivas maturacionistas e
ambientalistas, já as mais atuais são a teoria psicossocial de Erikson, assim como
da teoria biopsicossocial de John Hill. A perspetiva maturacionista, de Freud por
exemplo, tende a explicar a adolescência como sendo um processo com vários
processos biologicamente determinados. Ou seja, segundo o autor, o
desenvolvimento decorre de pulsões instintivas e inatas, que resultam em
pressões psicológicas, graças à orientação da socialização. Descrevem a
adolescência como um período calmo e de latência, onde surgem mudanças
físicas, que levam ao aumento dos desejos, manifestados em impulsos sexuais
fortes. A turbulência e a agitação são inevitáveis. A socialização é muito
importante para a adolescência. Por outro lado, a perspetiva ambientalista, tal
como o nome indica, a adolescência é a experiência ambiental de aprendizagem
social, em que as experiências previas são determinantes para aprendizagem.
Assim, todas as experiências favoráveis, vão preparar o adolescente para
enfrentar os problemas e reduzir as experiências de agitação e turbulência.
(Bandura e antropologia social). Como estas duas são muito radicais, surge em
resposta as perspetivas desenvolvimentalistas. Estas enfatizam a
bidirecionalidade da interação indivíduo-contexto, assim como, do papel do
adolescente como agente ativo, do seu próprio desenvolvimento. Apresentam a
teoria psicossocial de Erikson. O autor focou-se na teoria Freudiana, com base
na ideia de que nós enquanto ser humano somos um ser social. E é a partir desta
ideia, que Erikson desenvolveu a sua teoria. Esta, constava na ideia de que o
desenvolvimento ocorria por estádios, em que a cada estádio de ciclo de vida
ocorreria uma crise. Crise no sentido de o sujeito tentar resolver a crise do ego,
que resultaria na conclusão da principal tarefa desenvolvimental de cada faixa
etária e que por sua vez poderia ter um desfecho positivo ou um desfecho
negativo. Cada estádio da teoria psicossocial de Erikson, consistia em o
indivíduo crescer a partir não só das exigências do seu ego, como também das
exigências do meio. A Teoria Psicossocial apresenta 8 estádios diferentes, que
por sua vez correspondem a uma fase do ciclo de vida. A boa resolução da crise
do ego de cada estádio, permitiria ao indivíduo alicerces para o estádio seguinte,
ou seja, cada estádio influenciaria o seguinte. Assim, ao logo de cada estádio
psicossocial, Erikson enfatiza a importância de uma das grandes tarefas
desenvolvimentais do ser humano que se refere à construção da identidade ao
longo do ciclo de vida, contudo, sabemos ainda que a cada estádio correspondia
uma tarefa desenvolvimental e uma virtude que emergia da boa resolução da
crise de cada estádio. Assim no final do 8º estádio, para um desfecho positivo,
todos os estádios anteriores teriam que ter também desfecho positivo. Esta visão
de Erik Erikson, que junta a importância do meio e do contexto social, com os
fatores cognitivos do indivíduo.

Que mitos vigoram ainda a respeito da adolescência e do comportamento dos


adolescentes?

 A turbulência como algo normal na adolescência é um mito. Contrariamente à


ideia de que a adolescência normal é marcada pela instabilidade emocional, as
crises de identidade e o conflito familiar, tem-se vindo a verificar que estas
características dizem respeito ao desenvolvimento perturbado da adolescência,
não ao desenvolvimento normativo.
Comente a frase: a adolescência é uma invenção das sociedades ocidentais
modernas.

 Sim. A adolescência como sabemos surgiu de um contexto histórico. Ou seja,


apesar de ter sempre havido adolescentes, o adolescente era visto muito como
um adulto, assumindo papeis de adulto, tais como, o casar muito novos e ter
filhos ainda muito novos, trabalhar desde muito cedo, entre outras tarefas
associadas hoje em dia ao adulto. Assim, visto que a revolução industrial veio
mudar esta ideia, o adolescente pode agora viver o seu tempo preparando-se para
a sua vida de adulto. Erikson por exemplo, identifica o compasso de espera, ou
seja, a própria sociedade, vai dar ao adolescente, a oportunidade de este se
preparar, experienciar e resolver a sua crise, de modo a que assim, consiga
moldar-se para o futuro. Logo, é possível afirmar que sim, a adolescência é uma
invenção das sociedades ocidentais modernas.

Desenvolvimento Pubertário

O que caracteriza o desenvolvimento do corpo adolescente?

 Etapa transitória entre a infância e a vida adulta que assinala o início da


adolescência e consiste num conjunto de transformações (endócrinas,
fisiológicas e corporais) conducentes à maturação corporal, sexual e reprodutiva.
 O que caracteriza o desenvolvimento do corpo do adolescente são o aumento
e/ou redistribuição da massa/tecido corporal adiposo e muscular; o aumento da
força e resistência física, consequente ao desenvolvimento dos sistemas
respiratório e cardíaco; a maturação dos caracteres sexuais secundários e dos
órgãos reprodutivos; assim como as alterações nos sistemas endócrino e
hormonal, que por sua vez, regulam e coordenam os restantes processos
pubertais.
 Apesar de uma relativa universalidade há também um grau considerável de
variabilidade na sequência, ritmo, intensidade, timing e duração das
transformações, variabilidade associada a um conjunto de fatores diversos e
interligados – culturais, nutricionais, genéticos (...)

Que fatores biológicos estão associados a estas alterações?

 Os fatores biológicos associados a estas alterações são as alterações ao nível do


sistema endócrino e cerebral, operada pelos eixos HPA (Hipotálamo, Pituitária e
glândulas adrenais) e HPG (Hipotálamo, pituitária e glândulas gonodais). Será
então o nosso peso corporal, aquando atingir um certo peso KG, que vai ativar o
hipotálamo e que ira desencadear o desenvolvimento na puberdade. Pode ainda
estar associado os fatores genéticos.

Qual a influência da cultura e do contexto social e económico no desenvolvimento


pubertário? Dê exemplos.

 A cultura e o contexto social e económico, têm um peso bastante significativo na


puberdade e no seu processo. O nível socioeconómico por exemplo, em que
muitas famílias são pobres, sem condições muitas das vezes (cuidados de saúde
e padrões nutricionais), e o como sabemos que o meio desempenha um papel
preponderante no começo da puberdade, o facto até de haver mais experiência
de stress por parte de famílias com menos capacidades económicas, é um ponto
a favor para ocorrerem diferenças no começo da puberdade de cada jovem do
mundo. O contexto ambiental também tem um peso muito forte, uma vez que
por exemplo, há estudos que demonstram que a poluição, acelera o crescimento
pubertário, devido a certas partículas que estão espalhadas no ar e que são
posteriormente ativadores para o nosso cérebro. A nível social, como a ausência
da figura paterna na infância e relações familiares menos calorosas e/ou mais
conflituosas – níveis acrescidos de stress psicológico. que por sua vez ativa o
eixo HPA.

O que se entende por timing pubertal e qual a sua importância no bem-estar dos
adolescentes?

 O Timing pubertal, é quando ocorre o começo da puberdade e este ocorre por


consequência de fatores ambientais, económicos, culturais, cognitivos,
psicológicos. O timing pubertal não é igual para todos uma vez que cada
adolescente, vive em contextos diferentes, tem um genética diferente e fatores
hereditários também estão em jogo, por isso, é favorável dizer que cada
adolescente tem o seu timing, onde pode ocorrer por exemplo surgir a menarca
aos 10 anos como aos 15. Este é muito importante no bem-estar dos
adolescentes, pois será na puberdade, que ocorrerão as mudanças corporais e
principalmente nas raparigas, por consequência da sociedade e dos seus
estereótipos, estas podem ter problemas como a não aceitação corporal, a baixa
auto-estima, entre outros, relembrando que não é linear, porem ocorrer com mais
frequência nas meninas.

Que fatores, familiares, individuais e culturais, podem fazer variar a experiência


subjetiva do corpo e o impacto psicológico, interpessoal e social da puberdade?

 Tal como disse acima, o fato de a própria sociedade impor ou fazer mostrar que
existe uma preferência por corpos magros, bonitos, elegantes, com curvas, faz
com que muitas meninas e até meninos (neste caso corpos esculpidos), sintam-se
mal com o seu próprio corpo, entrando assim numa bolha de baixa auto-estima,
falta de aceitação, entre outras, levando à depressão ou a outros problemas. Em
certas culturas ainda é comum acharam a mulher boa mãe, por ter os seios
grandes. Assim, mulheres que tenham seios pequenos, acabam por ser mais
inferiorizadas e menos escolhidas, em culturas e sociedades, em que se
privilegia esses atributos físicos, relacionando-os com a maternidade. Fatores
hereditários também podem fazer variar a experiência subjetiva do corpo e de
como é que o sujeito se vê. Ainda ocupam lugar fatores como a alimentação, a
qualidade de vida, nível socioeconómico, que podem fazer com que a
experiência do sujeito em relação ao seu corpo seja diferente. Não é linear que
puberdade seja sinónimo de baixa auto-estima, não gostar nem aceitar o corpo,
no entanto é razoável afirmar, que uma grande maioria dos jovens, desenvolve
problemas devido à sua experiência com o corpo.
Desenvolvimento Cognitivo

O que muda no pensamento durante a adolescência? O que o distingue da cognição


na infância?

 O pensamento do adolescente é agora mais focado em si e também nos outros,


ou seja, na infância o pensamento é mais egocêntrico, ou seja, a criança tem a
perspetiva de si e dos seus pensamentos e intenções, mas não do pensamento dos
outros e das suas intenções. Ou seja, existe ausência de que os outros também
têm perspetivas, assim na adolescência sendo que o adolescente terá um
pensamento mais abstrato que o distingue da criança.
 Criança: Pensamento limitado ao aqui e ao agora; Resolução de problemas
ditados pelos detalhes dos mesmos; focados no óbvio e nos factos; Abordagem
mais rígida à Resolução de problemas; Pensamento limitado aos objetos e
situações concretas; Pensamento concentrado na perspetiva individual
(“egocentrismo” infantil)
 Adolescência: Pensamento alargado a possibilidades; Resolução de problemas
orientada pela verificação de hipóteses prévias; Abordagem mais flexível na
Resolução de problemas; pensamento mais sistemático; Pensamento alargado a
ideias abstratas assim como à realidade concreta; Pensamento alargado à
perspetiva dos outros e ao concreto. Raciocínio científico; capacidade de operar
com operações de 2º ordem. Metacognição.

 De acordo com Piaget, o estádio que diz respeito à fase da adolescência é o das
operações formais. Neste estádio, o adolescente adquire um pensamento abstrato
que o permite pensar sobre hipóteses e probabilidades, sobre o seu pensamento e
o pensamento das outras pessoas. Já no estádio das operações concretas referente
à infância, o pensamento abstrato ainda não está desenvolvido e, como tal, é
mais generalizado e concreto.

O que explica as mudanças cognitivas? Que papel desempenham os processos de


maturação neuroanatómica e os ecológicos da socialização? Qual o contributo das
abordagens do processamento da informação?

 O desenvolvimento acontece com base na elaboração e integração das


capacidades intelectuais anteriores.
A mudança entre estádios acontece por processos de equilibração – na
interacção entre o indivíduo e o ambiente verificam-se simultaneamente e de
forma equilibrada processos de assimilação e acomodação. O confronto com
experiências e situações mais complexas e com “novas” características dos
objetos desafiam este equilíbrio e as estruturas atuais de pensamento, dando
origem a uma nova e qualitativamente diferente (mais complexa) estrutura de
pensamento, capaz de integrar os novos elementos. Abordagem do
processamento da informação, é uma explicação alternativa dos processos de
mudança.
 Aumento do conhecimento – mudanças quantitativas, que podem facilitar
mudanças qualitativas (mais conhecimento tende a estar associado a maior
capacidade de resolução de problemas).
 Sofisticação dos processos de controle e/ou executivos – a capacidade de
conhecer os processos mentais e de pensar sobre eles (metacognição) representa
uma vantagem qualitativa na resolução de problemas e na gestão e/ou regulação
das atividades cognitivas
 Automatização do processamento – a progressiva automatização dos
processos subjacentes ao processamento da informação resulta numa maior
rapidez de raciocínio na capacidade de realizar processos mentais simultâneos.
 Aumento dos recursos atencionais – que permitem operar com vários
elementos simultaneamente.

Poderá a explicação residir nas transformações cerebrais e neuronais?

 Sim, através do Aumento da área pré-frontal, que está associada aos processos
executivos do pensamento; das Redução das conexões cerebrais não utilizadas e
reforço das já estabelecidas e mais usadas e ainda das conexões neuronais mais
seletivas e eficientes. Ainda existe uma elevada activação das áreas
subcorticais/límbicas e ainda existe um aumento da memória de trabalho, que
permite uma maior velocidade de processamento e facilita formas superiores de
processamento. Ocorre principalmente nos sistemas de recompensa e prazer e
raciocínio relacional, de autorregulação e tomada de decisão. Assim, o
desenvolvimento cerebral e neuronal é dependente da experiência, pelo que será
difícil de atribuir as mudanças cognitivas linearmente às mudanças cerebrais.
Existe uma relação complexa e bidirecional, ou seja, existem mudanças
neuronais que permitem processos cognitivos, mais complexos e que por sua
vez, desencadeiam experiências suscetíveis a promover o desenvolvimento
neuronal e cerebral. Destaca-se ainda a importância do contexto, que é fulcral
para o desenvolvimento do adolescente.

 Surgem ainda implicações das transformações cognitivas, por causa da


capacidade de pensamento mais flexível, abstrato, metacognitivo, capaz de
pensar em possibilidades e de reconhecer diferentes perspetivas, assim as
implicações são: Processos de tomada de decisão; competências de resolução de
problemas; desempenho académico; raciocínio moral e acerca das normas,
regras e valores sociais; Pensamento político, ideológico e ético; Competências
para pensar nas situações interpessoais e de negociação interpessoal;
Desenvolvimento da identidade

Que implicações têm as conquistas cognitivas típicas da adolescência para o


raciocínio moral e para as competências sociocognitivas?

 O desenvolvimento moral diz respeito ao desenvolvimento de Estruturas de


raciocínio acerca das convenções e/ou valores sociais, morais e éticos,
nomeadamente dos princípios de justiça, do bem/correto e do mal/incorreto, da
igualdade, dos direitos e jurisdição individuais, dos valores da partilha e
reciprocidade, da ajuda ao outro. O desenvolvimento moral decorre, como já
vimos, do desenvolvimento das estruturas cognitivas, embora não dependa
exclusivamente destas, ou seja, destas uma consequência linear. Tal como o
raciocínio moral, as competências sociocognitivas, são fruto da crescente
maturidade cognitiva, em que o contato com pares e família é muito importante,
daí a importância do contexto no desenvolvimento destes três componentes.
Assim, o raciocínio moral e sociocognitivo evolui num paralelismo com o
desenvolvimento cognitivo e com a capacidade de adotar várias perspetivas
sociais (noção de TPS).

Explique as principais diferenças entre os níveis pré-convencional, convencional e


pós-convencional do raciocínio moral, propostos por Kohlberg.

 Com base numa série de estudos com crianças, adolescentes e adultos, este
procurou compreender o sistema de pensamento que as pessoas utilizam ao
lidarem com questões morais, muito parcelarmente relativas a proibições e à
justiça. Assim, concluiu que o desenvolvimento moral segue uma sequência de
desenvolvimento, ou seja, uma sequência específica de estádios,
independentemente da cultura, subcultura, continente ou país. Identificou 3
níveis de desenvolvimento moral qualitativamente distintos que, por sua vez, se
subdividem em dois estádios, resultando em 6 estádios de desenvolvimento.
Existe uma caracterização dos estádios de desenvolvimento moral, que
corresponde a modos qualitativamente distintos de resolver dilemas morais e/ou
de raciocínio moral. São estes:
 Nível Pré-convencional (característico de crianças até aos 9 anos; alguns
adolescentes e as regras e normas sociais são exteriores ao sujeito) - Existe uma
dificuldade em compreender ou em integrar regras da sociedade, o controlo da
conduta/do comportamento é externo e regido pelas expectativas da sociedade;
usualmente o sujeito age para evitar punição ou para obter recompensa, ou seja,
tem uma postura hedonista e de preocupação com o próprio bem-estar, isto é
egocentrismo. As ações são julgadas em termos das consequências físicas ou
materiais/concretas; os valores morais assentam, portanto, em elementos e
fatores externos e nas consequências e no poder da autoridade daqueles que
definem as regras de conduta: Tem dois estádios diferentes: o Estádio 1: Moral
Heterónoma - Orientação para a Obediência e Punição; subordinação passiva à
autoridade, não sendo de evitar a punição e o Estádio 2 - Orientação determinada
por Individualismo, Propósito Instrumental e Intercâmbio; valores morais ao
serviço dos seus próprios interesses.

 Nível Convencional (característico da maior parte dos adolescentes e adultos).


O nível Convencional (segundo Kohlberg), o sujeito interiorizou as regras e as
expectativas dos outros, e em particular, as expectativas da sociedade e das
figuras de autoridade; As regras morais convencionadas são interiorizadas como
próprias; Os valores morais baseiam-se no desempenho dos papeis
convencionais bons ou corretos (o/a bom/boa rapaz/rapariga) , na manutenção da
ordem social e na satisfação das expectativas do outro; A moralidade agora é
definida como manutenção da ordem social em conformidade com as
expectativas dos outros (a definição do bem/mal ultrapassa a simples obediência
a regras e autoridades); O sujeito experimenta então um sentimento de lealdade
relativamente às leis e normas. Tem dois estádios diferentes : Estádio 3 -
Orientação determinada por Expectativas Mútuas Interpessoais, Relações e
Conformidade Interpessoais; conformidade para com as imagens estereotipadas
da maioria relativas ao bom ou normal comportamento. E o Estádio 4 - Sistema
Social e Consciência; subordinação das necessidades individuais ao ponto de
vista do grupo
 Nível Pós-convencional (característico de uma escassa minoria dos adultos e,
geralmente, só após os 20 anos de idade). O sujeito distancia-se das regras e das
expectativas dos outros e os valores passam a ser livremente escolhidos (de
forma mais flexível e autónoma); Os valores são definidos em termos de
princípios mais gerais e considerados universais, livremente escolhidos, de
forma independente da autoridade e das pessoas que os representam; As normas
agora já não são absolutas mas relativas, por exemplo, os valores morais
derivam de princípios que podem ser aplicados universalmente. Tem dois
estádios: Estádio 5 - Orientação determinada por Moralidade de contrato social
ou de utilidade e direitos individuais; orientação do tipo contrato social que
deriva do consenso e a negociação social; em situação de conflito entre
necessidades individuais e a lei deve prevalecer a lei pela sua racionalidade e
pelo seu valor funcional para a sociedade. O Estádio 6 - Orientação determinada
por Princípios; Éticos Universais as leis e os valores da sociedade submetem-se
aos compromissos morais pessoais, em função da consciência e princípios éticos
individuais; a lei pode ser preterida em situações de conflito entre necessidades
individuais e a lei, se os princípios universais de justiça, de reciprocidade, de
igualdade, de respeito pela dignidade do ser humano considerado como pessoa
individual assim o justificarem.

Distinga sucintamente as diferenças qualitativas entre os estádios de tomada de


perspetiva sociais propostos por Selman.

 Selman identifica uma estrutura subjacente ao pensamento interpessoal, à qual


ele chamou de Tomada de Perspetiva Social (TPS), que evolui ao longo do
desenvolvimento do ser humano, com base na conceção das pessoas e das
relações interpessoais. O TPS, é a capacidade para diferenciar, coordenar e
integrar diferentes pontos de vista sobre uma vista, sobre uma dada situação
interpessoal. Há 5 níveis de desenvolvimento da TPS:
 Nível 0: TPS indiferenciado egocêntrica (3 e 6 anos), “Eu comprava-lhe o cão,
porque eu gosto do cão”.
 Nível 1: TPS diferenciada e subjetiva (5 a 9 anos), “O Miguel diz que não quer o
cão, mas eu vou-lhe dizer que ter um cão é giro”.
 Nível 2: TPS autorreflexiva e recíproca (7 e 12 anos), “O Miguel diz que não
quer um cão, mas ele vai mudar de ideias mais tarde, no lugar dele também
sentiria isso, mas ia mudar de ideias”.
 Nível 3: TPS da terceira pessoa e mútua (10 a 15 anos), “O Miguel irá
compreender o que o João está a fazer e mesmo que ele não goste do cão, ele irá
apreciar o que o João fez e que tenha pensado nele e tenha comprado.
 Nível 4: TPS profunda e sócio-simbóloca (a partir dos 15 anos), integração
profunda das diversas perspetivas possíveis.
 Selman, diz que o adolescente é consideravelmente mais autorreflexivo do que a
criança, refletindo sobre os efeitos que a sua ação interpessoal tem em si, no
outro e na relação interpessoal. O adolescente tem a compreensão interpessoal
na inferência da perspetiva do outro e no perceber que o outro igualmente faz
inferências a propósito da sua perspetiva. No entanto, o adolescente ainda não é
capaz de perceber de forma profunda.
Desenvolvimento Identitário

O que explica que o desenvolvimento identitário seja considerado como uma das
tarefas-pivot no desenvolvimento do adolescente?

 É uma tarefa do desenvolvimento do adolescente, uma vez que o adolescente


apresenta um sentido exploratório, ou seja, é comum que o adolescente queira
explorar na sua adolescência, de modo a descobrir o mundo à sua volta. Assim,
segundo Erikson, o desenvolvimento da identidade decorre de processos de
exploração e de investimento que devem estar de mãos dadas, uma vez que são
fundamentais para a construção da identidade. O fato da identidade ser um
processo específico da adolescência, não significa que este não seja “feito” ao
longo da vida. No entanto, podemos afirmar que a identidade é a grande tarefa
desenvolvimental da adolescência, visto que envolve a integração de fatores
como o desenvolvimento cognitivo e fatores socioculturais.

Explique o conceito de moratória institucionalizado proposto por Erikson.

 Moratória institucionalizada para Erikson, consiste na ideia do compasso de


espera proposto pelo autor, ou seja, em que o adolescente terá um tempo para se
preparar para as exigências da vida adulta, ultrapassando assim a crise
desenvolvimental. Assim, a moratória diz respeito ao tempo em que o
adolescente irá ter, para as pressões e desafios sociais; para assunção de escolhas
e papeis que envolvem um grau acrescido de compromisso e consequentemente,
de autoconhecimento. Assim, o adolescente terá uma ressíntese de si mesmo.

Comente a frase: uma Resolução bem-sucedida da crise identitária manifesta-se


em níveis elevados de investimento e fidelidade.

 Segundo a teoria psicossocial de Erikson, a resolução bem sucedida da crise


identitária irá manifestar-se em níveis elevados de investimento e fidelidade, ou
seja, apesar de se saber que os estádios não são fechados por completo aquando
o desfecho positivo ou negativo destes, sabemos que é possível voltar atrás
nestes, no entanto, sabemos que estes dois fatores emergem como aquisições
deste estádio. Assim, o adolescente terá o investimento e a exploração de mãos
dadas, que lhe vai não só permitir construir a sua identidade e o sentido de si
mesmo, como também ganhara um sentido de fidelidade. Desenvolve ainda um
sentido de unicidade, ou seja, eu sei quem sou e o que quero ser e também a
continuidade, ou seja, eu vou fazer isto no futuro, sei o que quero para mim.
Assim, apesar de poder realmente manifestar grandes níveis elevados de
investimento e fidelidade.
Reflita sobre as implicações do prolongamento dos percursos formativos, da
precarização do trabalho e da maior diversidade nas configurações familiares e da
intimidade para o desenvolvimento identitário.

 Em relação ao prolongamento dos percursos, tem haver com a questão da


revolução industrial, vamos ter um aumento da necessidade de os adolescentes
estudarem mais, porque ficaram mais complexos, ou seja, o percurso académico
teria de ser muito maior, por isso prolongou-se os estudos. Passando para a
precarização do trabalho, está ligado aos movimentos sindicalistas que
revindicavam as melhores condições de trabalho, os jovens naquela época além
de não terem condições de trabalho, foi um preditor para estes voltarem para as
escolas e sistemas educativos e afim.

Comente a frase: o desenvolvimento psicossexual resulta do processo de


identificação com o sexo biológico e com os papéis sociais femininos e masculinos.

 Por um lado, podemos concordar com esta afirmação, no sentido em que o


desenvolvimento psicossexual, resulta destes dois conceitos acima descritos, no
entanto, também, é de salientar que a orientação sexual, também faz parte do
processo da identidade psicossexual. Ou seja, a nossa identidade sexual, é
multidimensional, abordando assim várias coisas.

Comente a frase: a construção da identidade sexual influência de forma


transversal o desenvolvimento da identidade, incluindo a definição de um projeto
de vida e profissional.

 Sim, porque as nossas duas identidades, tanto a identidade como a identidade


sexual, estão interligadas entre si, logo são preponderantes, influenciando
mutuamente e ainda apesar de independentes, são fulcrais no desenvolvimento
de vida e profissional

Relações interpessoais

Quais são as principais características dos padrões de vinculação na vida adulta e


em que é que se distinguem dos padrões de vinculação estabelecidos na infância?

 Segundo Bowlby, a vinculação na idade adulta é semelhante ao que ocorre na infância,


parecendo existir poucas diferenças entre as relações entre a crianças e as figuras
cuidadoras e as relações formadas entre pares ou companheiros. (As categorizações que
se utilizam para os padrões de vinculação na infância são muito semelhantes aos
padrões utilizados para as relações de vinculação na idade adulta. A grande diferença é
que na infância esta vinculação se estabelece entre a criança e a figura vinculadora e na
idade adulta este padrão se estabelece entre pares românticos). Ainsworth introduz a
noção de base segura, na qual esta base segura é o elemento central da vinculação ao
longo da vida. Portanto, uma vinculação segura é aquela que vai facilitar o
funcionamento e a competência fora da relação. A semelhança do que acontece também
na infância, quando temos relações de vinculação segura nas nossas relações amorosas,
isto também parece facilitar o funcionamento e a competência fora da relação; Weiss
aponta para semelhanças nos padrões de vinculação nas diferentes etapas da vida:
1- O desejo de proximidade à figura de vinculação em alturas adversas; quer a criança
quer o adulto, diante de uma situação de perigo ou que não se sentem seguros,
procuram a sua figura de vinculação e a proximidade com ele/ela;
2- Conforto na presença da figura de vinculação;
3- Ansiedade face à inacessibilidade da figura de vinculação;
4- Respostas de luto em situação de

perda
A grande diferença, na
idade adulta, são que estas
relações de vinculação
são feitas entre os pares,
enquanto que na infância é
com a figura de vinculação.

 Hinde & Stevenson –


Hinde referem que na
idade adulta são
necessários

acontecimentos indutores de stress mais fortes para ativar o sistema de


vinculação.
 Hazan & Shaver ainda estabelecem 3 tipos de padrões: seguro, inseguro-ansioso
e o padrão inseguro-evitante
Identifique e distinga as diversas tipologias de casamento.

 GOTTMAN refere a existência de dois tipos de casais:


 Casais regulados: os casais regulados gerem os seus conflitos de uma forma
que facilita a resolução dos problemas e não danifica a relação;
 Casais desregulados: Não resolvem o problema, mas em vez disto entram em
uma escala de tensões, o que aumenta o distress conjugal.
 Em função disto, temos algumas tipologias de casamento: (1) Casamento
estáveis – não significa que seja um relacionamento de sucesso, mas sim apenas
um casamento que perdura no tempo; (2) casamento instáveis.

 Casamentos estáveis:
 Casais tradicionais: Neste tipo de casamento temos uma adoção de papeis de
género mais tradicionais, privilegiam objetivos familiares a objetivos
individuais; tem rotinas diárias regulares e sistematizadas; partilham o espaço
com a família; não evitam o conflito e tentam resolver; num momento de
resolução do conflito, cada parceiro ouve o outro e enfatiza a sua posição; no
final da resolução, é visível a elevada persuasão.
 Casais andróginos; já não adotam estes papeis de género mais tradicionais, por
isto, adotam papéis igualitários; privilegiam objetivos pessoais a objetivos
familiares; tem rotinas diárias caóticas; tem espaços separados nas casas das
famílias; expressam elevados níveis de afeto positivo e negativo; tendem a entrar
em negociação contínua sobre muitos assuntos.
 Casais evitantes: adotam papeis de género tradicionais, contudo, em função dos
seus padrões de comunicação acabam por ficar um casal evitante; vivem em
espaços separados das suas casas; evitam todo o tipo de conflito; consideram que
os conflitos não são importantes quando comparados com os valores e os
benefícios comuns do casamento; conflitos sem afetividade emocional.

 Casamentos instáveis:
 Casais conflituosos: Entram em conflito sem tentativas construtivas para a sua
resolução; acusações contínuas, defensividade e estereótipos sobre o outro
caracterizam a relação; elevados níveis de afeto negativo e pouco afeto positivo
é demonstrado; padrão de ataque e fuga.
 Casais descomprometidos: Evitam o conflito e tem poucas competências de
resolução de conflitos; breves episódios de acusação e defensividade
caracterizam as suas interações; baixos níveis de afeto negativo e quase nenhum
afeto positivo; padrão de retraimento-retraimento

Quais são os principais preditores de insucesso e de sucesso relacional de acordo


com a investigação de John Gottman e colaboradores?

 A maturidade dos parceiros quando se casam é um forte preditor de sucesso da


relação. Quanto mais jovens, maior a probabilidade de os casamentos não
durarem. Outro aspeto importante que pode ser referido como preditor tem a ver
com questões de segurança financeira e, neste caso, a gravidez na altura do
casamento pode ser um preditor de insucesso;
 Outro preditor de sucesso dos casamentos tem a ver com a similaridade de
valores e de interesses do casal:

E quais são os preditores de insucesso relacional?


 A forma como os parceiros lidam com o conflito parece ser a chave para o
sucesso ou para o fracasso;
 Gottman fala em 4 grandes “cavaleiros do apocalipse”:
 Normalmente nas relações, quando a comunicação é pautada pelo criticismo,
pela defensividade, desprezo – principal preditor de insucesso relacional; este
desprezo acontece quando uma pessoa está mostrando ao outro o quão inferior
ele é, enaltecendo as suas virtudes e sempre pondo em causa as competências da
outra. “ao invés de tentar fazer declarações ao seu parceiro, tente fazer perguntas
porque ao fazer mais perguntas para tentar perceber qual é o ponto de vista do
outro eu consigo mais facilmente avançar para um tipo de comunicação mais
eficaz”.
 Nos divórcios mais tardios, não há tanta esta manifestação de criticismo, de
desprezo ou defensividade mas também não há afeto positivo; as interações
positivas não podem estar em equilíbrio com as negativas: para ter uma relação
positiva, preciso de ter 5 interações positivas para 1 negativa – a negativa tem
muito mais poder de causar danos do que a positiva tem de reparar.

Como é que o padrão de comunicação relacional ajuda a explicar o sucesso das


relações conjugais?

 Para se conhecer eles fazem muitas perguntas um ao outro, tem muita


curiosidade em relação ao outro; desde coisas superficiais até coisas mais
profundas. Em algumas relações isto vai se perdendo; a medida em que vamos
avançando na idade vamos mudando.
 Normalmente no início da relação, as pessoas tendem a estar constantemente a
dizer aos parceiros o que gostam neles, o quanto admiram aquela pessoa; à
medida que as relações vão se prolongando, as pessoas deixam de ser capazes de
o fazer, de dizer ao outro o quanto admiram, tem carinho e, ao invés disto,
começam a salientar muito os defeitos que a pessoa tem e aquilo que a faz de
errado  necessidade de procurar as coisas boas que a outra pessoa faz.
 Virar-se para o outro: dar atenção a outra pessoa, ao que ela precisa. Se a outra
pessoa pede por atenção, viu uma notícia e quer partilhar, se a outra pessoa nos
chama a atenção de alguma coisa que para ela foi importante, por muito
cansativo que tenha sido o nosso dia temos de procurar ouvir (se o nosso
parceiro quer compartilhar alguma coisa e nós não mostramos interesse, a
probabilidade da pessoa não voltar a repetir é grande)  criação de saldo
positivo.
 Capacidade de influência do outro parceiro em nós: importante para os
homens  maior tendência para evitar esta influência do que as mulheres. Logo,
os homens que são capazes de assumir a influencia da sua parceira possuem
melhores preditores de sucesso no casamento.
Explique como é que o padrão de relações interpessoais vai evoluindo ao longo do
ciclo de vida e como é que a Teoria da Seletividade Socio-emocional nos ajuda a
compreender esta evolução.

 É uma teoria que nos ajuda a explicar este processo de alteração


desenvolvimental em relação aos padrões relacionais que as pessoas
estabelecem, procurando explicar porque há estas alterações.
 A teoria da seletividade baseia-se num conceito importante: o horizonte
temporal. Ou seja, os seres humanos são os únicos seres que tem a
capacidade de monitorizar o tempo. A TSS defende que os horizontes
temporais desempenham um papel fundamental para os processos
motivacionais. Os objetivos, as preferências e os processos cognitivos, como
a atenção e a memória, mudam em consonância com o horizonte temporal do
indivíduo, isto é, com a perspetiva de tempo que ainda resta de cada um.
 Esta teoria fala-nos de duas grandes trajetórias emocionais que orientam o
comportamento social ao longo da vida:
 Trajetória da emoção: orientada para a obtenção de satisfação e significado
emocional  predomina nos mais velhos, que tendo já adquirido um
entendimento considerável sobre os outros, e antecipando um horizonte
temporal mais curto, dão prioridade aos objetivos emocionais;
 Trajetória do conhecimento: orientada para a aquisição de informação 
predomina nos mais jovens, motivados pela obtenção de novos saberes e
com perspetivas de futuros longos

Quais são os principais desafios e impactos associados à experiência de


parentalidade?

 Desafios: Reorganização qualitativa tanto da vida interior e do comportamento


externo; envolve uma mudança qualitativa de dentro para fora (como o
individuo compreende e sente a respeito de si e do mundo) e de fora para dentro
(reorganização das competências pessoais do individuo, coordenação de papeis,
e relações com os outros significativos).; passar pela mudança de identidade
(i.e., tornar-se pai) Não significa por si só́ que a transição foi concluída.

 Impactos: Pais relatam menor satisfação conjugal comparados com os adultos


não-pais; Associação negativa significativa entre a satisfação conjugal e o
número de filhos; O declínio da SC tende a ser maior nas mães casadas com
bebés, quando comparadas com mulheres casadas sem filhos; Os efeitos da
parentalidade na SC tendem a ser mais negativas nos adultos com maior
educação e nas coortes mais jovens.

Desenvolvimento da personalidade ao longo do ciclo de vida

Identifique as principais perspetivas teóricas da personalidade e discuta como é


que elas se articulam e complementam entre si.

 Existem 3 teorias da personalidade:


 Os traços disposicionais: Modelo Big Five: É um panorama em que a pessoa é
globalmente com base em traços disposicionais. Temos 5 traços de
personalidade: Neuroticismo- experimentar distress psicológico; Extroversão-
atividade, sociabilidade, alegria e prazer; Abertura à experiência- imaginativo;
criativo; Amabilidade- confiança; cooperação; empatia; Consciensiodade-
autorregulação e elevada organização.
 Características de adaptação: O que motiva a vida das pessoas? Quais são os
objetivos que ela estabelece? Quais são os teus interesses? Atitudes? Estas
questões já se relacionam muito melhor com a forma de como indivíduo tende a
agir numa particular situação;
 O significado da vida humana: a perspetiva narrativa: Tenta explicar como
formamos as nossas histórias de vida e como que estas histórias que nós
construímos acerca de nos próprios também pode nos ajudar a forma como a
nossa personalidade se vai desenvolvendo ao longo do ciclo de vida
 A perspetiva de ciclo de vida da personalidade

De acordo com a teoria disposicional dos traços de personalidade, como é que a


personalidade vai evoluindo ao longo do ciclo de vida?

 Os estudos longitudinais, sugerem que na adultez emergente e na meia-idade


apresentam menos emoções negativas, tornam-se mais responsáveis e focados
em tarefas e planos de longo-prazo, são menos suscetíveis a correr riscos
externos. Parece também que alguns traços mudam, ou seja, tendem a diminuir
ou a aumentar. A mudança pode ser explicada pela maturidade, ou seja, os que
mais mudam são as pessoas mais maduras e vice-versa.

Como é que o princípio da maturidade nos ajuda a explicar as diferenças


interindividuais no desenvolvimento da personalidade?

 A mudança pode ser explicada pela maturidade, ou seja, os que mais mudam são
as pessoas mais maduras e vice-versa. Apesar de não ser linear.

Como é que a perspetiva motivacional do estudo da personalidade nos ajuda a


explicar a “ilusão do fim da história”, isto é, a tendência que os adultos tem para
subestimar a magnitude das mudanças ao longo do ciclo de vida.

 Os seres humanos são obras em progresso que equivocadamente pensam que


estão prontos. Dan Gilbert compartilha uma pesquisa recente sobre um
fenômeno que ele chama de "ilusão do fim da história", onde nós, de alguma
forma, imaginamos que a pessoa que somos agora é a pessoa que seremos até o
fim da vida. Dica: não é bem assim. Uma das razões, é que temos um conceito
fundamental errado sobre o poder do tempo. Todos sabemos que o ritmo das
mudanças abranda ao longo da vida humana, que os nossos filhos parecem
mudar a cada minuto, mas os nossos pais parecem mudar só em cada ano. Mas
qual é o nome desse ponto mágico na vida em que a mudança de repente passa
de um galope para um rastejamento? É na adolescência? Na meia-idade? É na
velhice? Verifica-se que a resposta para a maioria das pessoas, é: "Agora", não
importa o que "agora" venha a ser. Aquilo de que quero convencer-vos hoje é
que todos nós andamos por aí com uma ilusão, uma ilusão de que a história, a
nossa história pessoal, chegou ao fim, de que acabámos por nos tornar nas
pessoas que sempre quisemos ser e que seremos para o resto das nossas vidas.
 As mudanças acontecem mais devagar conforme envelhecemos. Também, o
ritmo de mudanças diminui conforme envelhecemos, mas em todas as idades, as
pessoas subestimam o quanto as suas personalidades vão mudar na década
seguinte.
 Conceito de facilidade de recordar versus a dificuldade de imaginar.
 A ideia principal é: o tempo é uma força poderosa. Transforma as nossas
preferências. Remodela os nossos valores. Altera as nossas personalidades.
Parece que nós apreciamos este facto, mas apenas em retrospectiva. Só quando
olhamos para trás é que percebemos quantas mudanças ocorrem numa década. É
como se, para a maioria de nós, o presente fosse um tempo mágico. É um ponto
de viragem na linha do tempo. É o momento em que finalmente nos tornamos
nós mesmos. Os seres humanos são seres em evolução que erroneamente acham
que estão prontos. A pessoa que somos agora é tão transiente, tão fugaz e tão
temporária como todas as pessoas que já fomos. A única constante na nossa vida
é a mudança.

Como é que o modelo SOC nos ajuda a compreender as mudanças da


personalidade ao longo do ciclo de vida, de acordo com a perspetiva motivacional?

 Por exemplo, o modelo SOC diz-nos que nós, em função ou de querermos


atingir níveis superiores ou nos basearmos na seleção baseada nas perdas, vamos
ajustando os nossos objetivos em função de possíveis declínios ou possíveis
perdas que vamos tendo ao longo da nossa vida.
 Comparando com jovens adultos, os idosos são mais capazes de desligarem-se
de objetivos bloqueados, que ainda não conseguiram alcançar e reescalar as
expetativas pessoais face aos objetivos perdidos;
 A medida que os adultos vão entrando na meia idade, eles tornam-se mais
adeptos a selecionar objetivos que oferecem maiores possibilidades de
recompensa, otimizando os seus esforços para alcançar os objetivos e
compensando as suas próprias limitações e perdas na tentativa de atingir
objetivos.

Sabedoria
Quais são as principais diferenças entre as conceções implícitas e explicitas da
sabedoria.

 Quando olhamos para as abordagens, conseguimos encontrar duas abordagens


no estudo da sabedoria:
 Teorias implícitas (subjetivas): Baseiam-se nas conceções mais populares e de
senso comum acerca da sabedoria; tentam conhecer como este conceito é
utilizado no cotidiano e compreender como é que as pessoas sábias são
caracterizadas; o que aqui se procura fazer é, de acordo com a opinião popular,
quais são os atributos que as pessoas sábias manifestam. Segundo esta teoria, a
sabedoria é um conceito com significado específico, partilhado e compreendido
na generalidade das representações populares, distinguindo-se de conceitos
como a inteligência, criatividade ou maturidade. Assim, a sabedoria é quase
considerada um “nível excecional” de funcionamento humano  as pessoas
sabias são aquelas que possuem níveis de desempenhos mais elevados (são
excelentes no que fazem).Ainda segundo esta perspetiva, a sabedoria também
está associada a altos níveis de competência, quer pessoal quer interpessoal, e a
noção de que a sabedoria envolve boas intenções, em que as pessoas sábias usam
o seu conhecimento e a sua capacidade para não só o seu próprio bem estar, mas
para o bem-estar dos outros.
 Teorias explicitas: Acabam por se focar muito mais nas manifestações
comportamentais ou manifestações da sabedoria, integrando estas informações
em teorias mais formais que permite conceitualizar e medir o próprio conceito.

Ser velho é ser sábio? Como é que os resultados de investigação no âmbito da


sabedoria nos ajudam a responder a esta questão?

 Os principais resultados obtidos pelos estudos permitiram afirmar que: A idade


não parece ocupar um papel principal no desenvolvimento da sabedoria; As
experiências de vida, o treino profissional e a prática, e certas preferências
motivacionais, como o interesse pela compreensão dos outros, parecem ter maior
valor preditivo do que a inteligência académica, ou a idade; Ambientes sociais
estimulantes, a exposição a bons sistemas educativos, e uma rede de suporte
familiar podem também contribuir para o desenvolvimento da sabedoria; O
contexto parece ser importante, mas algumas características disposicionais do
indivíduo também parecem ser; Relaciona-se ainda o conhecimento e sabedoria
com a utilização da cooperação enquanto estratégia de resolução de conflitos,
demonstrando a preocupação pelo balanceamento dos interesses pessoais e os
dos outros; Os profissionais de áreas humanas e sociais, como os psicólogos,
têm desempenhos mais elevados em tarefas de sabedoria.

Como é que os três modelos teóricos estudados conceptualizam a sabedoria?


Explique as principais diferenças entre eles? Quais foram as principais
metodologias de estudo adotadas por cada um destes modelos?

 Conceptualização da sabedoria:
 Paul Baltes: o paradigma de Berlim
 Nesta perspetiva, a sabedoria é vista como sinónimo de expertise; as pessoas
sábias seriam as que teriam este conhecimento especializado, esta excelência na
capacidade de pensar e de agir. Assim, esta sabedoria esta ligada com esta
expertise e a forma de lidar com os problemas fundamentais (existenciais) da
vida, sendo a chave para a construção de uma boa vida. Envolve um
conhecimento especializado e julgado sobre a essência da condição humana e a
forma de planear, gerir e compreender uma boa vida.
 Sternberg
 Desenvolveu este modelo, em que ele procura conciliar os conceitos de
sobredotação, expertise e sabedoria. A sabedoria, segundo Sternberg, pode ser o
atributo mais importante para procurarmos naquelas que são as “pessoas
dotadas”. As pessoas podem ser inteligentes ou criativas, mas podem não ser
expertas. Assim, o autor define a sabedoria como um tipo de sobredotação que
reside no conceito de conhecimento tácito enquanto conhecimento orientado
para a ação, que conduz o indivíduo à obtenção de objetivos que pessoalmente
valoriza, e na noção de balanceamento de diferentes interesses em interação
social com o meio.
 Mónika Ardelt
 Esta autora adota uma perspetiva bastante critica, quer em relação a escola de
Berlim, quer a de Sternberg. Em relação a escola de Berlim, diz-nos que é muito
redutor reduzirmos a sabedoria como perícia, enquanto um desempenho,
enquanto que nos diz que a sabedoria deve abranger a pessoa na sua totalidade e
não pode limitar-se ao conhecimento intelectual ou teórico. Embora reconheça
os trabalhos pioneiros de Baltes como essenciais para se começar a avaliar e
conceitualizar a sabedoria, mas que a equipa de Baltes mediu apenas o
conhecimento especializado no domínio da sabedoria, ou seja um conhecimento
especializado e não a sabedoria em si mesmo.

 Baltes e as diferenças
 Segundo este paradigma:
 As pessoas têm de ter algumas características prévias (ex: capacidades
intelectuais, traços de personalidade)
 Os fatores específicos da expertise (experiência, prática, mentores)
 Contextos facilitadores (ex: background cultural e social; pessoas que pelo facto
de pertencer a certas redes sociais; pelo facto de ter determinado background
social e cultural, já estão em maior vantagens em relação a outras nestes
processos)

 Sternberg e as diferenças
 O autor ainda refere que a sabedoria é adquirida através de alguns componentes
essenciais para a aquisição do conhecimento. Para que a pessoa consiga alcançar
sabedoria, ela tem de ser capaz de:
 Fazer uma codificação seletiva de nova informação relevante para a
aprendizagem sobre o contexto; ser capaz de codificar a informação, mas
sobretudo de discriminar de uma forma muito seletiva qual é a informação
relevante e qual é a inf. que não é relevante.
 Da comparação seletiva desta informação com a informação antiga;
 Da combinação seletiva de partes de informação para integrar em um todo.
 A sabedoria, segundo Sternberg, é contextual: resulta de uma interação entre a
pessoa, a tarefa e a situação, enfatizando este balanceamento dos interesses
pessoais em prol do “bem-comum”.
 Mónika Ardelt e as diferenças
 Apresenta-nos um modelo tridimensional da sabedoria, dizendo-nos que a
sabedoria integra 3 grandes componentes:
 componente cognitiva: relacionada com o desejo de conhecer a verdade e
atingir um nível profundo de compreensão da vida, sobretudo em dimensões
intrapessoais e interpessoais, incluindo: (1) o conhecimento e a aceitação dos
aspetos negativos e positivos da natureza humana; (2) o conhecimento e a
aceitação das limitações do conhecimento e da incerteza;
 componente reflexiva: vai incluir a capacidade que a pessoa tem de se
autoanalisar; autoconsciência; insight; capacidade de olhar para os fenómenos de
diferentes perspetivas  flexibilidade psicológica. diz ainda que quando a
pessoa consegue refletir acerca de si próprio, de alguma forma consegue sair
desse egocentrismo que muitas vezes caracteriza o nosso pensamento e permite
a pessoa atingir insights mais profundos sobre o seu comportamento, suas
motivações e o seu comportamento com os outros;
 Componente afetiva: ligada com a capacidade que a pessoa tem de descentrar
de si própria e ser capaz de lidar com os outros de forma construtiva, empática e
com compaixão

 Metodologia de Baltes
 A metodologia adotada por esta perspetiva é a chamada “thinking aloud”, onde
a ideia era por os participantes a pensarem alto sobre os problemas de vida
hipotético, sendo apresentados aos participantes um conjunto de dilemas e, de
acordo com a forma que a pessoa pensa deles, estes autores utilizaram 5 critérios
para avaliar estas respostas  necessidade de treinamentos dos avaliadores.
 Os principais resultados obtidos pelos estudos permitiram afirmar que:
 A idade não parece ocupar um papel principal no desenvolvimento da sabedoria;
 As experiências de vida, o treino profissional e a prática, e certas preferências
motivacionais, como o interesse pela compreensão dos outros, parecem ter maior
valor preditivo do que a inteligência académica, ou a idade.
 Ambientes sociais estimulantes, a exposição a bons sistemas educativos, e uma
rede de suporte familiar podem também contribuir para o desenvolvimento da
sabedoria;
 O contexto parece ser importante, mas algumas características disposicionais do
indivíduo também parecem ser.
 Relaciona-se ainda o conhecimento e sabedoria com a utilização da cooperação
enquanto estratégia de resolução de conflitos, demonstrando a preocupação pelo
balanceamento dos interesses pessoais e os dos outros;
 Os profissionais de áreas humanas e sociais, como os psicólogos, têm
desempenhos mais elevados em tarefas de sabedoria.

 Metodologia de Sterberg
 Como metodologia de estudo, Sternberg utilizou entrevistas sobre a resolução de
determinadas situações críticas, focando em alguns parâmetros para conseguir
avaliar o produto destas entrevistas, designado por “meta componentes”, que
inclui:
 a capacidade que a pessoa tem em reconhecer o problema;
 definir a sua natureza;
 representar a informação sobre o problema;
 formular uma estratégia de resolução do problema;
 mobilizar recursos para resolver
 monitorizar a resolução;
 avaliar o feedback da resolução
 Assumindo que a sabedoria requer conhecimento, pensamento analítico,
metacognição, pensamento criativo e prático, o autor admite que se pode intervir
desde idades precoces na promoção do conhecimento para o desenvolvimento da
sabedoria. Propõe ainda que a inteligência, a criatividade e a sabedoria são
ingredientes fundamentais para futuros líderes talentosos, e acrescenta ainda a
importância da motivação e da energia, combinado com um ambiente
apropriado.

 Metodologia de Mónika
 Em termos de metodologia de estudo, Mónika desenvolveu uma escala. A escala
tridimensional de autorrelato e autoadministração, onde ela tentou operacional
cada uma destas dimensões e construir um conjunto de itens que permitam
operacionalizar cada uma destas componentes, onde posteriormente com os
resultados totais, seria possível ver a sabedoria. Como principais resultados,
obteve:
 Uma relação significativa e positiva entre o bem-estar geral, mestria, objetivos
de vida e saúde subjetiva;
 Uma relação negativa com sintomas depressivos, evitamento e medo da morte, e
sentimentos de pressão económica;
 Os participantes com maior pontuação na 3D-WS eram também tendencialmente
mais nomeados como sábios pelos outros participantes
 Assume ainda que apesar das pessoas sábias possuírem outras características
pessoais, como autonomia, maturidade e integridade, estas características
resultam desta interação cognitiva, reflexiva e afetiva.

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