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Sabe-se que a adolescência é fruto de um conjunto de mudanças que não só, são
influenciadas pela idade e pelas mudanças a nível cognitivo e físico, como
também, pelo contexto histórico, cultural, económico, ambiental, assim como,
pela socialização. Assim, sabemos que esta fase do ciclo de vida, é uma fase que
acarreta bastantes mudanças e por conseguinte, visto que é uma fase de transição
para a vida adulta, engloba algumas tarefas desenvolvimentais que a distingue de
todas as outras fases. São estas, o construir a sua identidade psicológica, como
também a identidade sexual, o aceitar e integrar que este está a mudar,
estabelecer novas relações com os pais no sentido da independência e autonomia
afetiva. Construir um projeto profissional e/ou vida. Desenvolver as relações de
intimidade e de uma vida afetiva estável, assim como, construir um sistema de
valores.
Desenvolvimento Pubertário
O que se entende por timing pubertal e qual a sua importância no bem-estar dos
adolescentes?
Tal como disse acima, o fato de a própria sociedade impor ou fazer mostrar que
existe uma preferência por corpos magros, bonitos, elegantes, com curvas, faz
com que muitas meninas e até meninos (neste caso corpos esculpidos), sintam-se
mal com o seu próprio corpo, entrando assim numa bolha de baixa auto-estima,
falta de aceitação, entre outras, levando à depressão ou a outros problemas. Em
certas culturas ainda é comum acharam a mulher boa mãe, por ter os seios
grandes. Assim, mulheres que tenham seios pequenos, acabam por ser mais
inferiorizadas e menos escolhidas, em culturas e sociedades, em que se
privilegia esses atributos físicos, relacionando-os com a maternidade. Fatores
hereditários também podem fazer variar a experiência subjetiva do corpo e de
como é que o sujeito se vê. Ainda ocupam lugar fatores como a alimentação, a
qualidade de vida, nível socioeconómico, que podem fazer com que a
experiência do sujeito em relação ao seu corpo seja diferente. Não é linear que
puberdade seja sinónimo de baixa auto-estima, não gostar nem aceitar o corpo,
no entanto é razoável afirmar, que uma grande maioria dos jovens, desenvolve
problemas devido à sua experiência com o corpo.
Desenvolvimento Cognitivo
De acordo com Piaget, o estádio que diz respeito à fase da adolescência é o das
operações formais. Neste estádio, o adolescente adquire um pensamento abstrato
que o permite pensar sobre hipóteses e probabilidades, sobre o seu pensamento e
o pensamento das outras pessoas. Já no estádio das operações concretas referente
à infância, o pensamento abstrato ainda não está desenvolvido e, como tal, é
mais generalizado e concreto.
Sim, através do Aumento da área pré-frontal, que está associada aos processos
executivos do pensamento; das Redução das conexões cerebrais não utilizadas e
reforço das já estabelecidas e mais usadas e ainda das conexões neuronais mais
seletivas e eficientes. Ainda existe uma elevada activação das áreas
subcorticais/límbicas e ainda existe um aumento da memória de trabalho, que
permite uma maior velocidade de processamento e facilita formas superiores de
processamento. Ocorre principalmente nos sistemas de recompensa e prazer e
raciocínio relacional, de autorregulação e tomada de decisão. Assim, o
desenvolvimento cerebral e neuronal é dependente da experiência, pelo que será
difícil de atribuir as mudanças cognitivas linearmente às mudanças cerebrais.
Existe uma relação complexa e bidirecional, ou seja, existem mudanças
neuronais que permitem processos cognitivos, mais complexos e que por sua
vez, desencadeiam experiências suscetíveis a promover o desenvolvimento
neuronal e cerebral. Destaca-se ainda a importância do contexto, que é fulcral
para o desenvolvimento do adolescente.
Com base numa série de estudos com crianças, adolescentes e adultos, este
procurou compreender o sistema de pensamento que as pessoas utilizam ao
lidarem com questões morais, muito parcelarmente relativas a proibições e à
justiça. Assim, concluiu que o desenvolvimento moral segue uma sequência de
desenvolvimento, ou seja, uma sequência específica de estádios,
independentemente da cultura, subcultura, continente ou país. Identificou 3
níveis de desenvolvimento moral qualitativamente distintos que, por sua vez, se
subdividem em dois estádios, resultando em 6 estádios de desenvolvimento.
Existe uma caracterização dos estádios de desenvolvimento moral, que
corresponde a modos qualitativamente distintos de resolver dilemas morais e/ou
de raciocínio moral. São estes:
Nível Pré-convencional (característico de crianças até aos 9 anos; alguns
adolescentes e as regras e normas sociais são exteriores ao sujeito) - Existe uma
dificuldade em compreender ou em integrar regras da sociedade, o controlo da
conduta/do comportamento é externo e regido pelas expectativas da sociedade;
usualmente o sujeito age para evitar punição ou para obter recompensa, ou seja,
tem uma postura hedonista e de preocupação com o próprio bem-estar, isto é
egocentrismo. As ações são julgadas em termos das consequências físicas ou
materiais/concretas; os valores morais assentam, portanto, em elementos e
fatores externos e nas consequências e no poder da autoridade daqueles que
definem as regras de conduta: Tem dois estádios diferentes: o Estádio 1: Moral
Heterónoma - Orientação para a Obediência e Punição; subordinação passiva à
autoridade, não sendo de evitar a punição e o Estádio 2 - Orientação determinada
por Individualismo, Propósito Instrumental e Intercâmbio; valores morais ao
serviço dos seus próprios interesses.
O que explica que o desenvolvimento identitário seja considerado como uma das
tarefas-pivot no desenvolvimento do adolescente?
Relações interpessoais
perda
A grande diferença, na
idade adulta, são que estas
relações de vinculação
são feitas entre os pares,
enquanto que na infância é
com a figura de vinculação.
Casamentos estáveis:
Casais tradicionais: Neste tipo de casamento temos uma adoção de papeis de
género mais tradicionais, privilegiam objetivos familiares a objetivos
individuais; tem rotinas diárias regulares e sistematizadas; partilham o espaço
com a família; não evitam o conflito e tentam resolver; num momento de
resolução do conflito, cada parceiro ouve o outro e enfatiza a sua posição; no
final da resolução, é visível a elevada persuasão.
Casais andróginos; já não adotam estes papeis de género mais tradicionais, por
isto, adotam papéis igualitários; privilegiam objetivos pessoais a objetivos
familiares; tem rotinas diárias caóticas; tem espaços separados nas casas das
famílias; expressam elevados níveis de afeto positivo e negativo; tendem a entrar
em negociação contínua sobre muitos assuntos.
Casais evitantes: adotam papeis de género tradicionais, contudo, em função dos
seus padrões de comunicação acabam por ficar um casal evitante; vivem em
espaços separados das suas casas; evitam todo o tipo de conflito; consideram que
os conflitos não são importantes quando comparados com os valores e os
benefícios comuns do casamento; conflitos sem afetividade emocional.
Casamentos instáveis:
Casais conflituosos: Entram em conflito sem tentativas construtivas para a sua
resolução; acusações contínuas, defensividade e estereótipos sobre o outro
caracterizam a relação; elevados níveis de afeto negativo e pouco afeto positivo
é demonstrado; padrão de ataque e fuga.
Casais descomprometidos: Evitam o conflito e tem poucas competências de
resolução de conflitos; breves episódios de acusação e defensividade
caracterizam as suas interações; baixos níveis de afeto negativo e quase nenhum
afeto positivo; padrão de retraimento-retraimento
A mudança pode ser explicada pela maturidade, ou seja, os que mais mudam são
as pessoas mais maduras e vice-versa. Apesar de não ser linear.
Sabedoria
Quais são as principais diferenças entre as conceções implícitas e explicitas da
sabedoria.
Conceptualização da sabedoria:
Paul Baltes: o paradigma de Berlim
Nesta perspetiva, a sabedoria é vista como sinónimo de expertise; as pessoas
sábias seriam as que teriam este conhecimento especializado, esta excelência na
capacidade de pensar e de agir. Assim, esta sabedoria esta ligada com esta
expertise e a forma de lidar com os problemas fundamentais (existenciais) da
vida, sendo a chave para a construção de uma boa vida. Envolve um
conhecimento especializado e julgado sobre a essência da condição humana e a
forma de planear, gerir e compreender uma boa vida.
Sternberg
Desenvolveu este modelo, em que ele procura conciliar os conceitos de
sobredotação, expertise e sabedoria. A sabedoria, segundo Sternberg, pode ser o
atributo mais importante para procurarmos naquelas que são as “pessoas
dotadas”. As pessoas podem ser inteligentes ou criativas, mas podem não ser
expertas. Assim, o autor define a sabedoria como um tipo de sobredotação que
reside no conceito de conhecimento tácito enquanto conhecimento orientado
para a ação, que conduz o indivíduo à obtenção de objetivos que pessoalmente
valoriza, e na noção de balanceamento de diferentes interesses em interação
social com o meio.
Mónika Ardelt
Esta autora adota uma perspetiva bastante critica, quer em relação a escola de
Berlim, quer a de Sternberg. Em relação a escola de Berlim, diz-nos que é muito
redutor reduzirmos a sabedoria como perícia, enquanto um desempenho,
enquanto que nos diz que a sabedoria deve abranger a pessoa na sua totalidade e
não pode limitar-se ao conhecimento intelectual ou teórico. Embora reconheça
os trabalhos pioneiros de Baltes como essenciais para se começar a avaliar e
conceitualizar a sabedoria, mas que a equipa de Baltes mediu apenas o
conhecimento especializado no domínio da sabedoria, ou seja um conhecimento
especializado e não a sabedoria em si mesmo.
Baltes e as diferenças
Segundo este paradigma:
As pessoas têm de ter algumas características prévias (ex: capacidades
intelectuais, traços de personalidade)
Os fatores específicos da expertise (experiência, prática, mentores)
Contextos facilitadores (ex: background cultural e social; pessoas que pelo facto
de pertencer a certas redes sociais; pelo facto de ter determinado background
social e cultural, já estão em maior vantagens em relação a outras nestes
processos)
Sternberg e as diferenças
O autor ainda refere que a sabedoria é adquirida através de alguns componentes
essenciais para a aquisição do conhecimento. Para que a pessoa consiga alcançar
sabedoria, ela tem de ser capaz de:
Fazer uma codificação seletiva de nova informação relevante para a
aprendizagem sobre o contexto; ser capaz de codificar a informação, mas
sobretudo de discriminar de uma forma muito seletiva qual é a informação
relevante e qual é a inf. que não é relevante.
Da comparação seletiva desta informação com a informação antiga;
Da combinação seletiva de partes de informação para integrar em um todo.
A sabedoria, segundo Sternberg, é contextual: resulta de uma interação entre a
pessoa, a tarefa e a situação, enfatizando este balanceamento dos interesses
pessoais em prol do “bem-comum”.
Mónika Ardelt e as diferenças
Apresenta-nos um modelo tridimensional da sabedoria, dizendo-nos que a
sabedoria integra 3 grandes componentes:
componente cognitiva: relacionada com o desejo de conhecer a verdade e
atingir um nível profundo de compreensão da vida, sobretudo em dimensões
intrapessoais e interpessoais, incluindo: (1) o conhecimento e a aceitação dos
aspetos negativos e positivos da natureza humana; (2) o conhecimento e a
aceitação das limitações do conhecimento e da incerteza;
componente reflexiva: vai incluir a capacidade que a pessoa tem de se
autoanalisar; autoconsciência; insight; capacidade de olhar para os fenómenos de
diferentes perspetivas flexibilidade psicológica. diz ainda que quando a
pessoa consegue refletir acerca de si próprio, de alguma forma consegue sair
desse egocentrismo que muitas vezes caracteriza o nosso pensamento e permite
a pessoa atingir insights mais profundos sobre o seu comportamento, suas
motivações e o seu comportamento com os outros;
Componente afetiva: ligada com a capacidade que a pessoa tem de descentrar
de si própria e ser capaz de lidar com os outros de forma construtiva, empática e
com compaixão
Metodologia de Baltes
A metodologia adotada por esta perspetiva é a chamada “thinking aloud”, onde
a ideia era por os participantes a pensarem alto sobre os problemas de vida
hipotético, sendo apresentados aos participantes um conjunto de dilemas e, de
acordo com a forma que a pessoa pensa deles, estes autores utilizaram 5 critérios
para avaliar estas respostas necessidade de treinamentos dos avaliadores.
Os principais resultados obtidos pelos estudos permitiram afirmar que:
A idade não parece ocupar um papel principal no desenvolvimento da sabedoria;
As experiências de vida, o treino profissional e a prática, e certas preferências
motivacionais, como o interesse pela compreensão dos outros, parecem ter maior
valor preditivo do que a inteligência académica, ou a idade.
Ambientes sociais estimulantes, a exposição a bons sistemas educativos, e uma
rede de suporte familiar podem também contribuir para o desenvolvimento da
sabedoria;
O contexto parece ser importante, mas algumas características disposicionais do
indivíduo também parecem ser.
Relaciona-se ainda o conhecimento e sabedoria com a utilização da cooperação
enquanto estratégia de resolução de conflitos, demonstrando a preocupação pelo
balanceamento dos interesses pessoais e os dos outros;
Os profissionais de áreas humanas e sociais, como os psicólogos, têm
desempenhos mais elevados em tarefas de sabedoria.
Metodologia de Sterberg
Como metodologia de estudo, Sternberg utilizou entrevistas sobre a resolução de
determinadas situações críticas, focando em alguns parâmetros para conseguir
avaliar o produto destas entrevistas, designado por “meta componentes”, que
inclui:
a capacidade que a pessoa tem em reconhecer o problema;
definir a sua natureza;
representar a informação sobre o problema;
formular uma estratégia de resolução do problema;
mobilizar recursos para resolver
monitorizar a resolução;
avaliar o feedback da resolução
Assumindo que a sabedoria requer conhecimento, pensamento analítico,
metacognição, pensamento criativo e prático, o autor admite que se pode intervir
desde idades precoces na promoção do conhecimento para o desenvolvimento da
sabedoria. Propõe ainda que a inteligência, a criatividade e a sabedoria são
ingredientes fundamentais para futuros líderes talentosos, e acrescenta ainda a
importância da motivação e da energia, combinado com um ambiente
apropriado.
Metodologia de Mónika
Em termos de metodologia de estudo, Mónika desenvolveu uma escala. A escala
tridimensional de autorrelato e autoadministração, onde ela tentou operacional
cada uma destas dimensões e construir um conjunto de itens que permitam
operacionalizar cada uma destas componentes, onde posteriormente com os
resultados totais, seria possível ver a sabedoria. Como principais resultados,
obteve:
Uma relação significativa e positiva entre o bem-estar geral, mestria, objetivos
de vida e saúde subjetiva;
Uma relação negativa com sintomas depressivos, evitamento e medo da morte, e
sentimentos de pressão económica;
Os participantes com maior pontuação na 3D-WS eram também tendencialmente
mais nomeados como sábios pelos outros participantes
Assume ainda que apesar das pessoas sábias possuírem outras características
pessoais, como autonomia, maturidade e integridade, estas características
resultam desta interação cognitiva, reflexiva e afetiva.