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PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO 2

TEXTO 1: A adolescência e seu significado evolutivo

Adolescência como fenômeno recente

- Moratória social (ERIKSON, 1968): espera que a sociedade oferece a seus


membros jovens enquanto eles se preparam para exercer o papel de adultos.

- Adolescência é um produto do século XX (revolução industrial torna a


formação escolar importante)

- É considerado ainda adolescente se está no contexto escolar ou de


aprendizagem profissional, ou na busca de emprego estável (por ainda serem
DEPENDENTES FINANCEIRAMENTE dos pais).

- Sistema de apego ainda ligado a família, ao invés de estar centrado no grupo


de iguais.

- Filhos dos pobres, trabalham, filhos dos ricos estudam.

- Escolaridade obrigatória.

- Com a escolaridade maior, a incorporação dos adolescentes ao status adulto


sofreu atraso notável.

- Puberdade X adolescência: biologia X ambiental.

 Puberdade: conjunto de mudanças físicas que ao longo da segunda


década de vida transformam o corpo infantil em adulto capacitado para a
reprodução.
 Adolescência: período psicossociológico que se prolonga por vários
anos mais e se caracteriza pela transição entre infância e a idade adulta.

- A puberdade é universal biológica; a adolescência não se apresenta em todas


as culturas.

Teorias sobre a adolescência

- Puberdade: etapa de muita instabilidade e de dificuldades emocionais.


- Adolescência: período tranquilo, feliz, sem grandes dificuldades.

- Alguns autores consideram as mudanças biológicas, acompanhadas pela


puberdade, as responsáveis pelas transformações psicológicas desse período.
OUTROS enfatizam os aspectos sociais e contextuais, como os novos papéis e
tarefas que a sociedade demanda dos jovens.

- Artes demonstrando a adolescência.

- Stanley Hall, pioneiro nos estudos sobre adolescência, 1904,


ADOLESCENCE. Influenciado por Darwin e pela teoria de recapitulação de
Haeckel. Para ele, a adolescência representava um momento crítico por
corresponder o processo de selvageria para o mundo civilizado. Esse processo
causa tensões e sofrimentos psicológicos, pois os impulsos devem ser
controlados devido às demandas sociais.

- Autores psicanalíticos, como Freud, informam que o período supunha o


término do estágio de latência e o ressurgimento dos impulsos sexuais após a
puberdade, com o que o desenvolvimento psicossexual alcançava sua meta
final: a fase da sexualidade genital. O adolescente experimentava um retorno
ao complexo de ÉDIPO, que deveria superar se distanciando emocionalmente
de seus pais e voltando para seus iguais, escolhendo um objeto sexual aceito
socialmente.

- P/ Freud, a infância iria assumir protagonismo no que tange a formação de


caráter adulto, a adolescência teria um papel secundário.

- Sua filha, Anna, deu maior importância a adolescência, considerando que


muitos desajustes na personalidade adulta estavam relacionados a
acontecimentos da adolescência. O aumento dos impulsos sexuais,
consequencia da maturação, faria os mecanismos de defesa do eu se
mostrassem insuficientes, adicionando, assim, novos mecanismos exclusivos
dessa etapa.

- Um deles é a INTELECTUALIZAÇÃO, consequencia das novas capacidades


cognitivas adquiridas; consiste nos frequentes pensamentos e reflexões sobre
certos temas que podem ser conflituosos, como relações de casal ou
homossexualidade. As reflexões permitem distanciamento emocional, tratando-
os de forma impessoal para diminuir a ansiedade que eles geram.

- Outro mecanismo é o ASCETISMO: uma rejeição generalizada a todas as


atividades podem proporcionar algum tipo de satisfação, não só sexual, que
leva o jovem a se mostrar severo e puritano e a desconfiar das diversões e
situações que podem supor um risco a seus impulsos saírem do controle.

- Períodos restritivos se alternam com os de fuga pulsional.

- Alternancia ou ambivalência (Anna Freud).

- Peter Blos, psicanálise, diferenças entre meninos e meninas. Durante a


adolescência ocorre um segundo processo de individualização que leva ao
distanciamento emocional em relação aos pais e aproximação dos iguais
(amizade -> casal). Essa vinculação afetiva deixa no adolescente um vazio
emocional, dando comportamentos regressivos que lembram a infância
(Atração ou idolatria incondicional - FÃS) = sensação de estar unido.

- Amor e ódio para com os pais. (Blos, 1962)

- Erik Erikson, a sexualidade cede lugar a fatores sociais e culturais. Período


fundamental para o desenvolvimento do eu, porque as mudanças levarão o
adolescente a ter uma crise de identidade, a resolução da crise é a
consolidação da personalidade adulta.

- Robert Havighurst (1972), 8 tarefas evolutivas que devem ser enfrentadas


durante a adolescência: aceitação do corpo, consolidação do papel de gênero,
relações mais maduras com os companheiros de ambos os sexos, a
independência emocional dos pais, a preparação da carreira profissional e a
vida de casal e família, ou a aquisição de uma série de valores que servem de
guia para o comportamento.

- Antropóloga Margaret Mead observou em Samoa, Oceania, que a


adolescência era um período de transição fácil e sem problemas, agradável e
feliz.

- Piaget, desenvolvimento intelectual durante a adolescência não tem tantos


conflitos e tensões, pois na adolescência há novas formas de enfrentar
cognitivamente as diversas tarefas e conteúdo que são propostos. Crescente
capacidade de pensar abstratamente sem depender do concreto; capacidade
de pôr a prova as hipóteses criadas no abstrato. O progresso intelectual é
aberto pela chegada de reflexões sobre as coisas e sobre si.

- John C. Goleman (1980), literatura empírica, dados disponíveis não permitem


manter a ideia de adolescência marcada pelo estresse e tensões. Ele dá a
entender que essa visão sobre os adolescentes é dada pelos adultos, assim,
faz entrevistas com adolescentes de 11-17 anos. Teoria focal: as dificuldades
não se apresentam de forma simultânea, mas sequencialmente, enfrentadas
em diferentes momentos.

- 20% dos adolescentes apresentam desajustes psicológicos.

- Adolescencia é uma experiencia pessoal e um fenômeno cultural.

Mudanças físicas da puberdade e suas consequências psicológicas

- Os corpos de meninos e meninas são fundamentalmente iguais, a não ser


pelos órgãos sexuais.

- Nos processos da puberdade que ocorrem a diferenciação nas características


secundárias (pelos, voz, ombros, seios, quadris)

- Os mecanismos hormonais se iniciam devido à atividade do hipotálamo, que


envia sinais à hipófise para que esta comece a secretar hormônios
gonadotróficos. Esses hormônios estimularão o desenvolvimento das gônadas
sexuais que começarão a produzir hormônios sexuais, no qual a presença no
sangue aumentará em relação aos níveis anteriores.

- O alto nível de hormônios sexuais, testosterona nos meninos e


progesterona/estrógenos nas meninas, será responsável pelas mudanças
físicas.

- O momento que o hipotálamo põe em funcionamento toda esta maquinaria


endócrina parece determinado pelo peso corporal ou proporção de gordura.
Quanto mais magra, mais retardada a menstruação.

HIPOTÁLAMO: Produz hormônio liberador de gonadotrofinas


HIPÓFISE: Produz hormônios gonadotróficos

GÔNADAS SEXUAIS: Produzem hormônios sexuais: testosterona, estrógenos


e progesterona.

Todos esses fazem ocorrer o desenvolvimento na puberdade.

- O aumento no tamanho dos testículos é a primeira manifestação das


mudanças; pelos pubianos, crescimento do pênis (comprimento) e mudança na
voz.

- Nas meninas, o primeiro é o desenvolvimento mamário; arredondar os


quadris, pelos pubianos. A primeira menstruação é um dos últimos eventos,
ocorrendo por volta dos 12 anos e meio, marcando o início da maturidade
sexual.

- Durante o estirão, algumas partes crescem de forma mais rápida que outras.
Primeiro: pernas e tronco.

- Mudanças físicas tem enorme impacto no nível psicológico e afetam a forma


de pensar, sentir e agir. As mudanças físicas e psicológicas são graduais.

- Status poberal: nível de desenvolvimento da puberdade de um adolescente


tende a ser associado a certos traços psicológicos.

- A maioria dos efeitos psicológicos da puberdade parece estar mediada por


fatores sociais e psicológicos. O comportamento com os adultos e
companheiros muda quando as mudanças corporais começam.

- As consequências psicológicas são menos favoráveis para as meninas, em


sua maioria, por maior irritabilidade e estados depressivos, além da
negatividade sobre o aspecto físico. Já os meninos se enxergam melhor com a
chegada da puberdade. (Cannolly, Paikoff e Buchanan, 1996).

- Homens veem o ganho de gordura como bom, meninas, como ruim pelo
padrão de beleza magro. Anorexia maior entre elas.

- As causas da maturidade acontecer mais cedo ou mais tarde são diversas e


envolvem aspectos genéticos e ambientais.
- Meninas tem maior medo de chamar atenção, escondendo, assim, os sinais
externos mais visíveis. Apresentam maiores problemas de conduta (drogas,
delitos, antissociais, relações sexuais precoces e não planejadas).

- Meninos tb ficam antissociais e problemáticos.

- Quanto a puberdade tardia, o problema se inverte. Os meninos sofrem mais,


pois se sentem em desvantagem.

A adolescência como transição evolutiva

- David Elkind (1978,1985) assinalou que a capacidade dos adolescentes de


pensar sobre os próprios pensamentos e sobre o pensamento dos demais irá
leva-lo a um certo egocentrismo de características diferentes daquelas
apresentadas pela criança pré-operatória.

- Audiência imaginária: excessiva autoconsciência; leva a pensar que a


preocupação dos demais é igual a dele sobre ele mesmo. Pode levar a
comportamentos exibicionistas.

- Fábula pessoal: tendência do adolescente em pensar que suas experiências


são únicas e que não são regidas pelas mesmas regras que regem as demais
pessoas, como se ninguém tivesse experimentado as sensações que ele
experimentou. “Comigo vai ser diferente”

- Continuidade e estabilidade: (1) apesar de muitas mudanças, muitas das


novas capacidades e habilidades já estavam presentes (CASPI e SILVA,
1995). (2), embora muitas características mudem, o fato de que muitos
adolescentes experimentem mudanças parecidas pode manter as diferenças
interindividuais praticamente sem alterações. Ex: autoestima baixando. O fato
de ter autoestima baixa continua o mesmo no grupo, mesmo que em níveis
diferentes.

- Costa e McCrea (1989) traços centrais da personalidade: introversão,


temperamento, abertura a novas experiencias.

Adolescentes e jovens no início do século XXI

- Geração baby boom toda em adolescência.


- Famílias numerosas, estudando em classes massificadas, mais dificuldade p/
achar emprego/ser independente de seus pais e para formar uma família.

- Maior competitividade e estresse às dificuldades.

- Quadro começou a se reverter em 1980, maior disponibilidade de recursos,


menos competitividade, maior facilidade a vagas universitárias/de trabalho.

AULA 27/10

- Elking: o adolescente, afetivamente, será mais egocêntrico, os pensamentos


dele serão mais importantes.

- Adolescência é uma construção histórica e cultural, não apenas natural


(baseada em idades)

- Escola como espaço de construção de conhecimento, primeiro com a elite.

- Moratória social: transição para a vida adulta (Elking)

- O período “tempestuoso” não é universal, é social.

- Stanley hall: o primeiro, Darwin, recapitulação = paralelo de termos


filogenéticos (espécie humana) e ontogenéticos (individual). Adulto racional,
criança primitivo, adulto tá ali no meio da selvageria e civilidade.

- Anna e Freud: adolescente está em crise do ego, retorno da fase sexual


(libido) gera tensão que o ego precisa lidar. Erik Erikson. Contribuiu para a
visão de adolescentes em crise e rebeldia.

- Margaret Mead, social: vai contra os dois primeiros. A crise não é inerente ao
adolescente, depende mais das questões culturais.

- O calendário maturacional começa dos 10-12 anos, é uma questão genética


individual. Conjunto de órgãos do sistema endócrino trabalhando em sintonia.

- Maturidade física mais avançada feminina não significa que já são maduras
emocionalmente.

- Espermarca: primeiras ejaculações. Fim da puberdade.

- Os conflitos também são construções sociais e históricas


Dia 2 (24/11), Henri Wallon: criança entendida de forma holística (biológico,
afetivo, social e intelectual). Teoria da psicogênese da pessoa completa.

Tema: Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri


Wallon (texto 4)

Adolescência e Psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas.

Sérgio Ozella, 16-24.

- Adolescência está fortemente ligada a estereótipos e estigmas desde que


Stanley Hall a identificou como uma etapa marcada por tormentos e
conturbações à emergência da sexualidade.

- Visão reforçada pela psicanálise, que caracteriza a fase como “confusões,


estresses e luto causado pelos impulsos sexuais”

- Erikson (1976), institucionalização da adolescência como uma fase especial


no desenvolvimento ao introduzir o conceito de MORATÓRIA: confusão de
papéis e dificuldades de estabelecer identidade própria, período entre a
infância e a vida adulta. (p. 128)

- Instalou-se uma concepção naturalista e universal sobre a adolescência.

- Debesse (1946) propõe uma “essência adolescente”. Para ele, adolescência


não é uma simples transição de infância-adulta; possui uma mentalidade
própria com psiquismo característico dessa fase.

- No Brasil, Aberastury (1980) e Aberastury e Knobel (1981) são marco


histórico no estudo da adolescência psicanalítica.

- Aberastury considera a adolescência como “um momento crucial na vida do


homem e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento” (1980,
p 15)

- Além disso, destaca o período como de contradições, confuso e doloroso (p


16). Afirma que a adolescência é o período mais difícil da vida do homem. (p.
29)
- Knobel: Síndrome normal da adolescência -> traz uma grande contribuição
dentro dessa perspectiva.

- Toda adolescência leva, além do selo individual, um selo cultural e histórico


(Aberastury, 1981, p. 28), apesar disso, ambos acabam incorrendo no artifício
de condicionar a realidade biopsicossocial a circunstâncias interiores ao
afirmarem uma “crise essencial da adolescência” (p 10).

- Knobel afirma que o adolescente passa por desiquilíbrios e instabilidades


extremas (p.9) e que apresenta uma vulnerabilidade especial para assimilar os
impactos projetivos de pais, irmãos, amigos e de toda a sociedade (p. 11)

- Santos (1996), estudo que mapeou historicamente as concepções de infância


e adolescência incluindo a teologia, filosofia, psicologia e as ciências sociais,
identificou em Rousseau a “invenção da adolescência”, período típico do
desenvolvimento, turbulento, nem criança nem adulto.

- Visão naturalista de infância e adolescência como um estado, não como


condição social.

- Freud e Piaget desconsideram o contexto social e cultural, enfatizando


estruturas internas como propulsionadoras do desenvolvimento.

- As crianças e adolescentes parecem nascer e viver em um Vacuum


sociocultural.

- Ozella (1999) encontrou ênfase naturalizante caracterizada por uma visão da


adolescência mais como uma fase inerente ao desenvolvimento do homem do
que como um processo que se constrói historicamente.

- Margareth Mead (1945), questionou a universalidade dos conflitos


adolescentes.

- A psi convencional insiste em negligenciar a inserção histórica do jovem e


suas condições objetivas de vida, situa nos jovens a responsabilidade de suas
ações. (Bock, 1997; Climaco, 1991).
- Osório (1992), a crise de identidade do adolescente se localiza nos jovens de
classes sociais mais privilegiadas que não têm a preocupação com a luta pela
sobrevivência.

- Peres (1998), adolescência na saúde pública, identifica a noção de


universalidade do fenômeno, tal como a noção de adolescência, como um
período crítico no desenvolvimento humano.

- Bock, 1997, considera que a universalidade dá uma noção de evolução linear


e independente das condições concretas. Já Peres ressalta que a ideia da
adolescência como um período de crise se sustenta pela concepção da ciência
positiva que permeia e psicologia e exclui a contradição.

- Herrán, 1997, período de transição marcado por mudanças físicas e


cognitivas, construção de uma nova identidade, essa estando em constante
transformação.

- Síndrome normal do adolescente: a rebeldia, instabilidade afetiva, tendência


grupal, crises religiosas, contradições, crises de identidade (Knobel, 1981).

- Osório, 1992, afirma que sem rebeldia e contestação não há adolescência


normal, o adolescente submisso é que é a exceção à normalidade (p. 47).

-Santos, 1996, faz algumas reflexões interessantes sobre as implicações


contemporâneas das concepções modernas de infância e adolescência:

1. Desconexão ou dessintonia entre os compromissos teóricos e os fatos,


que têm como consequência uma dicotomização (inato x adquirido,
universal x particular, racional x emocional, etc) e uma tendência à
ideologização.
2. Um presenteísmo caracterizado pela utilização de conceitos ou
concepções do passado nas proposições atuais.
3. Generalizações inconsistentes a partir de estudos sem rigor
metodológico ou de concepções vigentes em todas as culturas ou com
base em atitudes e comportamentos identificados nas relações pais-
filhos.
4. Ligado ao aspecto anterior, a presença de uma relativação extremada
no sentido de que os estudos sobre adolescência são fundamentados
em um único jovem: homem, branco, burguês, racional, ocidental,
oriundo da Europa ou EUA.
5. As concepções são marcadas pelo adultocentrismo, isto é, o parâmetro
é sempre o adulto.

- Alves, 1997, levantou alguns aspectos de profissionais que têm contato com
jovens: eles reproduzem papéis sociais dos adultos; são pouco politizados e
estão alienados das questões sociais; valorizam o estudo como forma de
ascensão, mas não gostam de estudar; encaram o trabalho como outra forma
de ascensão (classes menos favorecidas); seguem a ideologia do esforço
pessoal; não tem muita consciência crítica de suas condições atuais; são
consumistas ou desejam ser; apresentam problemas nas áreas e relações
amorosas; sinais de solidão.

- Adolescentes da classe trabalhadora: escola e trabalho como forma de


adquirir autonomia; encaram o futuro como um desafio que depende muito do
seu esforço pessoal e de seu sucesso nos estudos.

- Adolescentes das classes altas: apresentam menor preocupação com o


futuro, mas alguns já têm um objetivo traçado; o sentimento de solidão é mais
presente. (Alves, 1997).

- Autoimagem: visão estereotipada e negativa dos outros adolescentes; se


definem como adolescentes padrão. (principalmente a classe trabalhadora)

- “Um homem apriorístico que tem seu desenvolvimento previsto pela sua
própria condição de homem, livre e dotado de potencialidades” (Bock, 1997).

- A adolescência não é natural ao desenvolvimento, é um momento significado


e interpretado pelo homem.

- Nenhum elemento biológico ou fisiológico tem expressão direta na


subjetividade.
- Para Bock, 1997, só é possível compreender qualquer fato a partir de sua
inserção na totalidade, na qual este fato foi produzido.

- “A adolescência pode ser entendida também como forma de justificativa da


burguesia para manter seus filhos longe do trabalho”

Os meios de comunicação de massa e a concepção de adolescente

- Os meios de comunicação são importantes na construção de vários


significados sociais.

- A mídia, o modelo de adolescente que se passa através dela, é influenciador


para a construção da nossa própria identidade.

- O sujeito não é passivo da mídia, mas absorve o conteúdo que ela transmite.

TEXTO 3: SUBVERTENDO O CONCEITO DE ADOLESCENCIA

- A figura do adolescente costuma remeter a uma tendência ditada pelos teens


estadunidenses (modelo de vida mundial).

- A tendência cresce com a presença dos anúncios, conversas e notícias.

- Margaret Mead (1951): adolescência é um fenômeno cultural, totalmente


engendrada pelas práticas sociais.

- De acordo com Lepre, 2005, foi no século XVIII que surgiram as primeiras
tentativas de definir claramente as características da adolescência.

- A noção de adolescência emerge inteiramente vinculada à lógica


desenvolvimentista, sendo uma fase de passagem obrigatória e similar.

- A psicologia vigente na época ajudou a instituir as características que seriam


inerentes nessa etapa, atribuiu tempos, e a diferenciação de normal-anormal
pelas normas estabelecidas de cada período.

- Práticas baseadas nos conhecimentos da medicina e da biologia vêm


afirmando que determinadas mudanças hormonais, glandulares, corporais e
físicas pertencentes a essa fase seriam responsáveis por algumas
características psicológico-existenciais próprias do adolescente.

- Essas características seriam “a essência” da identidade adolescente.

- A visão desenvolvimentista orienta muitos aspectos da nossa lei para a


infância e juventude (ECA), traz a ideia de universalidade.

Atribuindo identidades e homogeneidades: a primazia da razão.

- Primazia da razão está enraizada no modo de ser ocidental.

- Nesse princípio, os sujeitos seriam guiados pela consciência.

- Nessa teoria, à medida que os sujeitos percorrem as diferentes etapas do


desenvolvimento, haveria aprimoramento, especialmente do racional, que daria
aos sujeitos mais domínio e conhecimento sobre si e sobre o mundo.

- Tal princípio é questionado pela filosofia da diferença proposta por Foucault:


“não é a consciência que cria ou apreende o mundo, mas sim que os objetos e
os próprios sujeitos são gerados a todo momento a partir das diversas práticas
que os atravessam.”

- Não seria possível, nessa visão desenvolmentista, alcançar o ponto de partida


ou chegada, ou direção predefinida que se daria a “evolução”. A maturidade
adulta seria o objetivo a ser alcançado.

- Dentro da visão cartesiana racionalista-desenvolvimentista, acredita-se


também que é no período da adolescência que se constrói a identidade do
sujeito, pois finalmente teriam alcançado a “racionalidade madura”.

- Aprisionamento evolutivo: determina que os sujeitos tenham uma identidade


adulta, homogênea e fixa a todos.

- Guattari e Rolnik (1986: 68-69): "[...] a identidade é um conceito de


referenciação, de circunscrição da realidade a quadros de referência [...] é
aquilo que faz passar a singularidade de diferentes maneiras de existir por um
só e mesmo quadro de referência identificável [...] o que interessa à
subjetividade capitalística, não é o processo de singularização, mas justamente
esse resultado do processo, resultado de sua circunscrição a modos de
identificação dessa subjetividade dominante".

- Ao reafirmar a homogeneidade, nega-se a multiplicidade e a diferença.

Psicoprofilaxia e a subjetivação capitalística

- Na sociedade disciplinar se dá num momento histórico de transformação do


capitalismo.

- Os saberes agem sobre os sujeitos como forma de vigilância, determinando


se ele conduz ou não como se deve na regra, na norma; (Foucault 1996, 88)

- No período contemporâneo, pressupostos da ideia de que os adolescentes


tinham uma crise de identidade (Erickson, 1976, 15), a equipe da saúde e
escolar se uniram em função de tratar essa faixa etária.

- A força desse pensamento produz e reproduz esse momento como uma fase
de transtornos, reajustes e adaptação (BOHOSLAVSKY, 1977, 50). (Teoria
cognitivista-construcionista, escolher as informações que agradam a minha
tese inicial)

- Se há sofrimento psíquico, então pressupõe-se a necessidade de uma


psicoprofilaxia definida como “toda atividade que tende a promover o
desenvolvimento das possibilidades do ser humano, sua maturidade, e, por fim,
sua felicidade. (BOHOSLAVSKY, 1977, 25). O tratamento teria o objetivo de
garantir como resultado uma pessoa saudável e útil a sociedade.

- Figura do “self made man”: qualidades e defeitos, méritos e fracassos são


atribuídos aos indivíduos como sendo inerentes à sua natureza. Vir a ser um
adulto maduro, estável e integrante do mundo do trabalho ou vir a ser um
desempregado sem família nem rede social dependeria exclusivamente de
cada um e de suas competências individuais. (pg 6)

- Dependeria de cada sujeito a utilização dos recursos que poderiam dar conta
de escolher equilibradamente seu futuro.
- Foi gerada uma rentável indústria de serviços especializados: crianças,
adolescentes e idosos tem funcionado como grandes geradores de empregos,
concentrando grande parte dos profissionais PSI em atvds terapêuticas como
preventivas para assegurar um moto de vida “correto, adequado e saudável”

- O conceito de adolescência se acopla à lógica capitalista por sua


rentabilidade (comércio adolescente) e por sua força ao mesmo tempo
massificante (universal, a-histórica e homogênea) e individualizante (a forma
como cada indivíduo passa pela etapa e como ela emerge depende do mérito
de cada sujeito).

Juventude, multiplicidade e devir

- [...] a subjetividade não se situa no campo individual, seu campo é o de todos


os processos de produção social e material". (GUATTARI & ROLNIK, 1986: 20)

- A partir de Foucault e da filosofia da diferença, defendemos que os sujeitos


não possuem identidades fixas e impermeáveis, mas são atravessados por
uma multiplicidade de forças que os subjetivam incessantemente.

- A noção de desenvolvimento é uma construção, porque não há um conjunto


de características a serem alcançadas.

- Usar o termo “processos”, jovem e juventude (ao invés de “desenvolvimento,


adolescente e adolescência)

- Sujeitos e objetos se encontram em permanente “devir” (DELEUZE e


PARNET, 1998), nunca estanque ou decalcado em moldes repetitivos.

- Pensamentos e existências que exigem criação e invenção possibilitam a


inauguração de outras formas de vida.

- “Quando definimos alguém como adolescente, podemos estar colocando em


suspenso suas multiplicidades de existência e construindo uma definição que
impede que os desenhos de novos fluxos e de vida ganhem força de expansão.
Por outro lado, ao operarmos, por exemplo, com o conceito de juventude em
nossas práticas, constituído e atravessado por fluxos, devires, multiplicidades e
diferenças, talvez possamos perceber não mais um adolescente infrator, mas
sim um jovem no qual a linha da infração é apenas uma a mais dentre tantas
outras que o compõem. Isso permite a certa prática de psicologia um trabalho
de intervenção que afirme a abertura de espaços para que, tanto os jovens
com quem trabalhamos como nós, psicólogos, possamos criar outras vias de
relação com a vida e com nós mesmos.” (p 7)

Aula 03/11/2021

- Tudo que não é visto como normal, é patológico. Flávia: as pessoas tem
necessidades de inclusão, então vão querer se encaixar, atribuindo um papel
social de fachada e que traz sofrimento.

- Forma de silenciar.

- Conhecer os jovens, desconstruir a imagem inicial.

- Olhar reducionista para com o adolescente.

- As explicações biológicas, sozinhas, são superficiais e insuficientes.

- Autolesão está relacionada a vários conjuntos históricos do sujeito, não faz


parte da “essência” do adolescente.

- Martín-Baro: o psicólogo so deve definir a situação quando conhece a


situação concretamente.

- Lewin: pesquisa-ação, conhecer para poder intervir.

- Presentismo: olhar com nosso olhar do presente os elementos do passado,


ou o contrário. *CUIDADO*

- Adultocentrismo: racionalidade. “Penso, logo, existo.”

- Não se apegar a idade cronológica para definir e referenciar o sujeito.

- Não somos afetados pelo meio, somos constituídos.

- Lógica padronizante e individualizante estão ligados ao capitalismo.


- Adolescência conforme o senso comum seria um mito reforçado no meio
social para mascarar problemas sociais e econômicos.

- Padronização: mídias-capitalismo.

- Multiplicidade jovem.

- Desenvolvimento -> devir. (trocar); LIBERDADE INFINITA DE MUDAR.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA

UNIDADE EDUCACIONAL PALMEIRA DOS ÍNDIOS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO 2

PROF. DANIELLE NÓBREGA

ESTUDANTE: Emily Vitória Cavalcante Silva.

DATA: 09/11/2021

Avaliação Unidade I – TRABALHO INDIVIDUAL

1- A partir dos textos 1, 2 e 3 e das discussões em sala de aula, realize um


relato pessoal sobre como você compreendia a adolescência antes e como
vem compreendendo adolescência e juventude agora.

Sempre enxerguei a adolescência como aquilo que os adultos me


diziam: um período difícil, de grande rebeldia, confusão emocional e
instabilidade. Acreditava que era um período de comum travessia a todos, com
fases delimitadas por idade, vejo que tinha uma visão universal e naturalista de
um período tão único a cada indivíduo. Ao ler os textos, percebi que a noção
que eu obtinha de adolescência havia sido dada, primeiramente, pelos
estereótipos criados há anos por Stanley Hall, no qual afirmava adolescência
como “uma etapa marcada por tormentos e conturbações à emergência da
sexualidade”, pois estariam lutando com sua selvageria. (PALACIOS & OLIVA,
2004)

Estes estereótipos eram suplementados também pela psicanálise,


envolvendo, da mesma forma, os impulsos sexuais, mas agora trazendo um
ideal de luto por estes impulsos, ocasionando grande estresse e confusão ao
adolescente. (OZELLA, 2002; PALACIOS & OLIVA, 2004)

Nessa visão, Erikson (1976) introduz o conceito de “moratória”, que


consistiria numa confusão de papéis e dificuldades (do adolescente) de
estabelecer identidade própria. A adolescência seria um período entre a
infância e a vida adulta para Erikson. (p. 128). Acoplado a tal visão, Debesse
(1946) propõe uma “essência adolescente”, visão que assegura que o
adolescente possui uma mentalidade própria, um psiquismo característico
dessa fase, ou seja, um sujeito diferente dos demais. Em consequência dessa
diferenciação, Knobel afirma que o adolescente passa por desiquilíbrios e
instabilidades extremas, além de apresentar uma vulnerabilidade ao assimilar
os impactos projetivos de pais, irmãos, amigos e de toda a sociedade sobre si.
(OZELLA, 2002)

Em contrapartida às visões naturalistas vigentes, que infelizmente se


estendem até hoje em grande maioria, Margaret Mead (1951), antropóloga,
observou em Samoa, Oceania, que a adolescência era um período de
transição fácil agradável e feliz, trazendo outra alternativa para com ideal
universal constituído e vigente, afirmando que não somos afetados pelo meio,
mas sim constituídos. (COIMBRA; BOCCO; NASCIMENTO, 2005)

Após as aulas, debates, leituras e desconstruções, venho


construindo a visão de que a adolescência é um produto do século XX, trazido
da revolução industrial, como forma de tornar a escolaridade importante para
que os futuros profissionais sejam mais qualificados ao mercado de trabalho,
ainda, a adolescência pode ser entendida como “desculpa” da burguesia para
manter seus filhos longe do trabalho, e, principalmente, em minha visão, a
adolescência virou um mercado de peso comercialmente, pois a mídia, grande
contribuidor do consumismo nos jovens, prega um ideal de vestimentas,
musicalidade e até de personalidade, aprisionando o jovem a um ideal que
muitas vezes não o cabe. (OZELLA, 2002)

“Quando definimos alguém como adolescente, podemos


estar colocando em suspenso suas multiplicidades de
existência e construindo uma definição que impede que
os desenhos de novos fluxos e de vida ganhem força de
expansão. Por outro lado, ao operarmos, por exemplo,
com o conceito de juventude em nossas práticas,
constituído e atravessado por fluxos, devires,
multiplicidades e diferenças, talvez possamos perceber
não mais um adolescente infrator, mas sim um jovem no
qual a linha da infração é apenas uma a mais dentre
tantas outras que o compõem. Isso permite a certa
prática de psicologia um trabalho de intervenção que
afirme a abertura de espaços para que, tanto os jovens
com quem trabalhamos como nós, psicólogos, possamos
criar outras vias de relação com a vida e com nós
mesmos.” (COIMBRA; BOCCO; NASCIMENTO, 2005, p.
7)

A partir de todas as teses e teorias expostas, é inegável a


importância do senso crítico na Psicologia, ou, melhor, a importância de uma
Psicologia crítica, que questiona “veracidades” impostas e invisibilizadas pela
naturalização, mas que corroboram para tanto sofrimento ao sujeito por não se
sentirem incluídos – sendo que essa é a primeira necessidade do ser humano
socialmente. (MELO; FILHO; CHAVES, 2004)

Em conclusão, aprendi que o conceito de “adolescência”, conforme o


senso comum, seria um mito reforçado no meio social para mascarar
problemas sociais e econômicos, silenciando e invisibilizando-os. Um mito que
tem grande influência da mídia, que usa a padronização e a necessidade
primária de inclusão dos seres. Além disso, entendi que o conceito “certo” a ser
usado para substituir “adolescência” seria juventude, visto que traz uma noção
de multiplicidade e desenvolvimento, afinal, temos liberdade infinita para
mudarmos, somos um eterno “devir”.

REFERÊNCIAS

COIMBRA, Cecília; BOCCO, Fernanda; NASCIMENTO, Maria Livia do.


Subvertendo o conceito de adolescência. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro, v.
57, n. 1, p. 2-11, jun. 2005. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1809- 52672005000100002&lng=pt&nrm=iso. acessos
em 07 nov 2018.

MELO, Armando Sérgio Emerenciano de; FILHO, Osterne Nonado Maia;


CHAVES, Hamilton Viana. CONCEITOS BÁSICOS EM INTERVENÇÃO
GRUPAL. Ceará: Encontro Revista de Psicologia, v. 17, n. 26, 2014.

OZELLA, Sérgio. Adolescência: uma perspectiva crítica. In: CONTINI, Maria de


Lourdes Jeffery; KOLLER, Sílvia Helena (Coord. e Org.). Adolescência e
psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas. Rio de Janeiro: Conselho
Federal de Psicologia, 2002. (p. 16-24) Link:
https://site.cfp.org.br/publicacao/adolescncia-e-psicologia-concepesprticas-e-
reflexes-crticas/

PALACIOS, Jesús; OLIVA, Alfredo. A adolescência e seu significado evolutivo.


In: COLL, César; PALÁCIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro (Org.).
Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. 2. ed. Porto
Alegre: ArtesMédicas, 2004. vol 1.

Aula 10/11/21

- Vai observar como o grupo vai discutir e se colocar.

- Adultocentrismo.

- Construímos significações através da mídia

- A adolescência é social-histórica
- A finalidade da adolescência seria atingir a maturidade adulta.

- Subjetividades capitalistas.

- Identidade é devir

- Para Ciampa, a identidade é um movimento de transformação

SERIADO Cidade dos homens (Uólace e João Victor)

- Diferentes problemáticas por diferentes contextos.

- Comparar gera adoecimento e não resolve nada.

- O grande poder midiático em todos os contextos.

- Abandono parental em ambos os casos. 5,5 milhões de crianças sem pai. Ao


menos 8 crianças são abandonadas por dia no Brasil.

- “Desse lado, é a polícia que faz a proteção. Na favela, é ameaça e dá terror


ao cidadão. Aqui eu tenho médicos, saúde e escola. Aqui eu tenho tráfico, funk
e a bola. [...] crianças brincam perto dos tiros do inferno. O pior é quando a
chapa esquenta na favela, o tiroteio a noite toda verberando pela janela.”

- “O tenis que eu queria agora não posso ter. Eu também gostei do tenis, mas
não vale o crime”

- Traficante pela cor.

- Playboy por não deixarem trabalhar (burguesia manter fora do mercado)

- Estudar e namorar X Estudar e parar, não confiar na lei.

- “Eu tenho um sonho, eu tb, quero ser presidente, e eu só quero ser alguém.”

- Perda do melhor amigo.

- Comparação entre amigos.

TEXTO 4: AFETIVIDADE E PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM:


CONTRIBUIÇÕES DE HENRI WALLON. (Mahoney, Almeida)
Introdução:

 Processo de integração em dois sentidos:


 Integração organismo-meio
 Integração dos conjuntos funcionais
 Concepção de afetividade:
 Emoções
 Sentimentos
 Paixão.
 Evolução da afetividade:
 O papel da afetividade nos diferentes estágios.

- O ensino-aprendizagem só pode ser analisado como uma unidade, são faces


de uma mesma moeda.

- A relação interpessoal professor-aluno é um fator determinante.

- Cada ser traz a bagagem que o meio lhes ofereceu.

- O desenvolvimento é aberto e permanente.

- O processo ensino-aprendizagem é o recurso fundamental do professor: sua


compreensão, o papel da afetividade nesse processo, é um elemento
importante para aumentar a eficácia.

- O professor, para atingir seus objetivos no ensino, deve: mostrar


confiança no aluno; promover desenvolvimento mútuo; revelar diferentes
saberes; mostrar que emoções e sentimentos podem variar de
intensidade dependendo do contexto.

- No polo de aprendizagem, o aluno: busca a escola com motivações


diferentes; tem características próprias (conforme seu desenvolvimento);
tem saberes elaborados nas suas condições de existência; funciona de
forma integrada: dimensão afetiva-cognitiva-motora imbricadas.
- O DESAFIO DO PROFESSOR: LEVAR EM CONTA A INTEGRAÇÃO
(totalidade) DO ALUNO MESMO QUE, EM SUA FORMAÇÃO, A DELE NÃO
TENHA SIDO LEVADA.

- Professor e aluno participam de vários meios, dentre eles a escola:

 A escola é um meio fundamental para o desenvolvimento do


professor e do aluno AO DAREM oportunidades de participação em
diferentes grupos;
 Nesse meio, professor e aluno são afetados um pelo outro e ambos
pelo contexto onde estão inseridos.
 A não satisfação das necessidades afetivas, cognitivas e motoras
prejudica a ambos e afeta DIRETAMENTE o processo de ensino-
aprendizagem.
 No aluno: dificuldades para aprender.
 No professor: insatisfação, descompromisso, apatia, burnout
(ocorre em trabalhadores altamente motivados)

- Documentário “Pro dia nascer feliz” que a Dani passou em desenvolvimento 1


sobre as diferentes escolas e professores. A professora fica faltando e relata
quão cansada se sente quando vai.

- A teoria psicogenética de Wallon dá contribuição para compreender o


processo de desenvolvimento e os processos ensino-aprendizagem.
Compreender o aluno, o professor, e a interação entre eles.

- O meio como um dos conceitos fundamentais da teoria.

- A escola é um meio fundamental para o desenvolvimento do aluno e do


professor.

- Psicologia + educação = complementares de uma mesma atitude


experimental.

- “Uma educação mais justa para uma sociedade mais justa” =

* Justiça (independente das origens familiares, sociais, étnicas. A única


limitação que pode ter é a de suas próprias aptidões);
* Dignidade igual de todas as ocupações (o trabalho manual e a inteligência
prática não podem ser subestimados, sem dar predomínio em função da
origem de classe ou etnia);

* Orientação (o desenvolvimento das aptidões individuais exige primeiro


orientação escolar, dps profissional);

* Cultura geral (não pode haver especialização profissional sem cultura geral. A
cultura geral aproxima os homens, a específica os afasta). Desigualdade na
distribuição dos bens culturais. Todos devem ter acesso a cultural. Erudita X
Popular = cultura boa e ruim. A cultura do meu meio pode me afastar
(diferenciar), a geral me aproxima.

A teoria do desenvolvimento de Henri Wallon (Anrri Vallon)

- Não se preocupou com idades, mas com estágios.

- Emocional (afetiva) + biológico (motora) + cognitivo.

- A escola deve produzir formação integral dos alunos (Afet, intelec e social)

- O emocional era pouco considerado no processo educativo.

- Uma teoria do desenvolvimento assume três funções paralelas e


complementares: dá previsibilidade à rotina, oferece subsídios para o
questionamento e o enriquecimento da prática e da própria teoria, possibilita
alternativas de ação com maior autonomia e segurança.

- INTEGRAÇÃO: ORGANISMO-MEIO E COGNITIVA-AFETIVA-MOTORA.

Integração organismo-meio

- Perspectiva psicogenética assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a


partir da interação do potencial genético, típico da espécie, e uma grande
variedade de fatores ambientais.

- Fatores orgânicos e socioculturais.

- O potencial herdade geneticamente por um indivíduo vai depender das


condições do meio, que podem modificar as manifestações das determinações
genotípicas.
- “A história de um ser é dominada pelo seu genótipo e constituída pelo
seu fenótipo” (Wallon, 1995, p. 49-50)
3 grandes categorias de distinções entre tipos de meios:
1. A primeira distinção refere-se ao tipo de intercâmbio entre os meios
físico-químico, biológico e social.
2. A segunda distinção, específica da espécie humana, e complementar à
primeira, indica a superposição do meio social ao meio físico.
3. A terceira distinção, específica dos humanos, refere-se a dois tipos de
meios: meio físico, espacial e temporalmente determinado, que é o das
reações sensório-motoras, dos objetivos atuais, da inteligência das
situações e meio fundado sobre a representação, no qual as situações
são simbólicas e implicam a utilização de conceitos. Representação. A
gente sente e cria símbolos do mundo.
- O estudo da criança exige o estudo do meio ou dos meios em que ela se
desenvolve.
- Os meios não são passivos na constituição da pessoa.
- Para WALLON, os processos psicológicos tem origem orgânica, ou seja,
biológica, mas só podem ser compreendidos através das influencias
socioambientais.

Biológico e social
- Não pode haver psiquismo sem um equipamento orgânico.
- Nossa mente opera através dos estímulos recebidos do social.
- O desenvolvimento ocorre na interdependência dos fatores biológicos e
sociais.

O desenvolvimento infantil é marcado por crises e conflitos,


descontinuidades.
- As descontinuidades são causadas pelo amadurecimento do sistema
nervoso, que trazem novas possibilidades e novas situações sociais
(novos estímulos) = do conflito emergem pensamento e inteligência.
- As crises são vistas como benéficas.

Integração afetiva-cognitiva-motora
- A inteligência se produz após a afetividade.
- Ambas estabelecem uma relação de conflito.
- A afetividade tem raízes biológicas, mas tem função social.
- Afetividade: COISAS QUE NOS AFETAM positivamente ou negativamente.
(externas e internas). Capacidade de nos sentirmos afetados.
- A afetividade é culturalmente interpretada.
- É no contexto da interação emocional e social que se dá o
desenvolvimento cognitivo.
- De per si: afetividade, ato motor, conhecimento e da pessoa.
 O CONJUNTO AFETIVO: Oferece as funções responsáveis pelas
emoções, pelos sentimentos e pela paixão.
 O CONJUNTO ATO MOTOR: oferece a possibilidade de
deslocamento do corpo no tempo e no espaço, as reações
posturais que garantem o equilíbrio corporal, bem como o apoio
tonico para as emoções e sentimentos se expressarem.
 O CONJUNTO COGNITIVO: Oferece um conjunto de funções
que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por
meio de imagens, noções, ideias e representações. Permite
registrar e rever o passado, fixar e analisar o presente, projetar
futuros possíveis e imaginários. O PENSAR, MEMÓRIA,
PERCEPÇÃO.
 A PESSOA: Expressa a integração em todas as suas inúmeras
possibilidades. (Mahoney; Almeida, 2005, p. 18). Embute as 3
anteriores, quem sou. Complementariedade, interação.
Expressões no desenvolvimento do conjunto afetivo:

1. Do sincretismo para a diferenciação:


- Todos os conjuntos funcionais revelam-se de forma sincrética inicialmente
(nebulosa, difusa, global, sem distinção das relações que as unem).
- A afetividade tem origem nas sensibilidades internas de interocepção
(vísceras) e de propriocepção (músculos), que são responsáveis pela atividade
generalizada do organismo.
- Essas sensibilidades, juntos com as respostas dos outros – sensibilidade de
exterocepção (exterior) -, vão provocando sentimentos e emoções cada vez
mais específicos: medo, alegria, raiva -> ciúmes, tristeza, etc.
- Heterogenia: Várias questões ao mesmo tempo. Ex: aprender coisas novas.
- Meio sem noção, bagunçada -> até algo mais organizado. (diferenciando)
- Ex: com o uso do carro, fazemos sem nem pensar.

2. Da alternância na predominância dos conjuntos


Estágios: impulsivo-emocional (0-1); sensório-motor e projetivo (1-3);
personalismo (3-6); categorial (6-11); puberdade e adolescência (11 anos em
diante)
- Em cada estágio de desenvolvimento, um dos conjuntos predomina, mas os
demais continuam presentes.
- O conjunto AFETIVO está mais evidenciado nos estágios do personalismo,
puberdade e adolescência.

3. Da alternância de direções
- Em cada estágio de desenvolvimento há uma alternância de movimentos ou
direções.
- No impulsivo emocional, personalismo e puberdade-adolescencia, o
movimento é para dentro, PARA O CONHECIMENTO DE SI.
- Já no sensório motor e projetivo-categorial, o movimento é para fora, para o
conhecimento do mundo exterior.
- Alternância funcional e predominância funcional: quando a direção é pra
si (centrípeta), o predomínio é do afetivo. Quando a direção é para o exterior
(centrífuga), o predomínio é do cognitivo.
- Os estudos sobre emoção não eram aceitos antes por não ter visão
naturalista experimental.
- A maior dificuldade dos estudiosos dessa área (ciência da emoção) é a falta
de consenso, à falta de precisão e clareza na linguagem, e ao fato de
diferentes enunciados abordarem apenas um aspecto limitado da emoção.
- HÁ UM ACORDO PARA DISCRIMINAR EMOÇÕES DE OUTROS
PROCESSOS AFETIVOS:
-> Processos afetivos são todos os estados que fazem apelo a sensações de
prazer/desprazer ou ligados a tonalidades agradáveis/desagradáveis;
-> Emoção é um estado afetivo, comportando sensações de bem-estar ou mal-
estar que têm um começo preciso, é ligado a um objeto específico e de
duração breve com ativação orgânica.
- Um dos papéis da teoria é tornar as definições cada vez mais claras.

Afetividade:
- Ser afetado pelo mundo interno-externo.
- Reagir com atividades internas-externas.
- O meu olhar de mundo é consequência da forma que sou afetado.
- Cognição + emoção.
- Antes da reação tem o afeto.
- Yin-yang entre as relações organicas e sociais.
- O corpo manifesta.
- Os três resultam de fatores orgânicos e sociais, correspondem a
configurações diferentes.
- Na emoção, há predomínio da ativação fisiológica, no sentimento, da ativação
representacional, na paixão, da ativação do autocontrole.
- EMOÇÃO: Expressão corporal, motora. Estabelece os primeiros laços com o
mundo humano e através dele com o mundo físico (Mahoney, Almeida, 2005,
p. 20). Das oscilações viscerais e musculares (sincréticas) vao se
desenvolvendo medo, alegria, raiva, ciúme... A emoção tem lógica sincrética
até se diferenciar.
Ex: identificar o choro do bebe, padrões posturais.
- Corpo.
- Estabelece os primeiros laços com o mundo humano e físico.
- Sistema de atitudes (tônus -tensão muscular- + e intenção).
- Tensão é provocada pela energia retida e acumulada: riso, choro, soluço
aliviam a tensão muscular.
- Respostas rápidas, sem deliberações. Reflexos condicionados.
- A emoção é uma forma primitiva de comunhão.
- Sincretismo subjetivo: não saber se distinguir das outras pessoas;
- Sincretismo objetivo: não saber se distinguir das coisas do ambiente;
- Predomínio cognitivo: imagens mais claras; predomínio afetivo: imagens
menos claras.
- SENTIMENTO: expressão da representação. Não tem reações instantâneas
como na emoção. Podem ser expressos pela mímica e pela linguagem, que
multiplicam as tonalidades. Não tem direcionamento, pouco autocontrole.
- Falar “eu te amo”.
- O adulto tem maior elaboração para explicitar seus sentimentos; a criança
tem menos recursos de linguagem.
- Linguagem.
- A-moral -> AINDA APRENDENDO. (Criança)
- PAIXÃO: revela o aparecimento do autocontrole para dominar uma situação =
tenta isso para silenciar a emoção.
- Aparece no personalismo.
- Ciúmes, exigências, exclusividade (Mahoney; Almeida, 2005, p. 21-22)
- Tenta calar a emoção (respirar fundo, morder a boca).

O papel da afetividade nos diferentes estágios


- Cada estágio é considerado um sistema completo.
- Como a criança chega ao adulto, no afetivo?
1. IMPULSIVO-EMOCIONAL (0-1): Expressão de afetividade através de
movimentos descoordenados, respondendo às suas sensibilidades corporais
(músculos e vísceras)
- O processo ensino-aprendizagem exige respostas corporais, contados
epidérmicos.
- Importancia de se ligar ao cuidador, que carregue e embale = criança
participa do ambiente pelas percepções e sensações sincréticas, iniciando o
processo de diferenciação.
2. SENSÓRIO-MOTOR E PROJETIVO (1-3): Fala e marcha, a criança se volta
ao mundo externo. Indagações, contato com objetos.
- O processo ensino-aprendizagem no afetivo se revela pela disposição do
professor de oferecer diversidade de situações, espaço, participações
igualitárias e respostas dispostas sobre o mundo exterior para que o aluno faça
a diferenciação dos objetos.
3. PERSONALISMO (3-6): diferenciação entre a criança e o outro. Se descobrir
diferente das outras crianças e do adulto.
- NÃO. MEU.
- Importante ponto de vista efetivo: Reconhecer e respeitar as diferenças.
Chamar pelo nome, dar oportunidades para expressão dela.
- Oposição ao outro pelo rompimento sincrético entre ela e os outros.
4. CATEGORIAL (6-11): Diferenciação nítida entre o eu-outro dá condições
estáveis para exploração mental do mundo externo.
- Atividades cognitivas de agrupamento, classificação e categorização até
chegar ao pensamento categorial.
- A organização do mundo possibilita uma compreensão mais nítida de si
mesma.
- Escola. Predomínio da razão. Ideias se transformarão em conceitos e
princípios.
- Levar ou não em consideração aquilo que já se sabe, dominar ideias,
avaliações, revelam sentimentos e valores.
- Saber aceitar o conhecimento novo. Sincretismo inicial.
- A imperícia é substituída pela competência.
5. PUBERDADE E ADOLESCENCIA (11-...): exploração de si; busca de
identidade autônoma mediante atvds de confronto, auto-afirmação,
questionamentos.
- Limites de sua autonomia e de sua dependência = nível de abstração.
- PRINCIPAL RECURSO AFETIVO: Ser a oposição.
- Quem sou, quais meus valores, quem serei?
- Expressão e discussão dessas diferenças, respeitando os limites.

- Os limites garantem o bem-estar de todos os envolvidos.


ADULTO: se reconhece como o mesmo e único ser. Reconhece seus pontos
fortes e fracos.
- Consciência moral desenvolvida = reconhecer e assumir com clareza os
valores e dirigir suas decisões de acordo com eles.
- Equilíbrio entre estar centrado em si e estar centrado no outro.
- Professor ser adulto: acolhimento de si e de seus alunos.
Reflexões compartilhadas sobre afetividade e processo ensino-
aprendizagem à luz da teoria de Wallon
- Na criança e no adulto, os princípios que regulam os recursos de
aprendizagem são os mesmos, mas com tempos e aberturas diferentes:
Do sincretismo para a diferenciação: início de qualquer aprendizagem nova
caracteriza-se pelo sincretismo, passando gradativamente para a
diferenciação.
- O sincretismo se caracteriza pela imperícia, que será substituída pela
competência ao acompanhar o processo de diferenciação.
Imitação: Instrumento poderoso de aprendizagem em situações novas.
- Relação dialética com o processo de oposição: alternância, personalismo,
vida inteira.
Acolhimento: pelo grupo familiar, amigos, colegas, professor, direção, pares,
entorno, alunos.
Desenvolvimento dos conjuntos funcionais: O desenvolvimento A-C-M tem
ritmos diferentes conforme a relação orgânico-social se expressa em cada
indivíduo, e as atividades que precisam corresponder a esses ritmos.
- Ritmo deve ser respeitado, não avaliado.
- Cada pessoa tem suas possibilidades e limitações próprias.
Situações conflitivas: a emoção é contagiosa; o comportamento do aluno
interfere na dinâmica da classe e no professor.
- O professor, com mais recursos de controle de emoções e sentimentos, pode
colaborar para a resolução dos conflitos.
- O conflito faz parte do ensino-aprendizagem pq constitui relações.
Ensino-aprendizagem, faces de uma mesma moeda: Uma dificuldade na
aprendizagem é um problema de ensino, sem culpabilizações.
- Quando necessidades afetivas não são satisfeitas, resultam em barreira ao
processo ensino-aprendizagem (desenvolvimento).
Processo ensino-aprendizagem: Comporta fluxos e refluxos, certezas e
dúvidas.
- Processo aberto e sujeito a reformulações constantes.
- O professor: mediador do conhecimento.
- A forma como o professor se relaciona com o aluno, reflete nas relações do
aluno-aluno.
- O professor é um modelo na forma de se relacionar, expressar valores,
resolver conflitos, falar e ouvir.
Uma teoria é um recurso para o professor: Auxilia no planejamento do ensino;
- Deve levar em conta as características individuais (professor e aluno),
contexto e atividades propostas.
- O planejamento deve incluir dados da experiencia que o professor traz.
- Observação sensível ao contato com o aluno.

+ A idade não é indicador principal do estágio;


+ Cada estágio é um sistema completo em si;
+ As características propostas para cada estágio se expressam através de
conteúdos determinados culturalmente;
+ O desenvolvimento pressupõe um processo constante de
transformações, durante toda a vida.
Aula: 16/11/21
- O contexto macrossocial: estado, Brasil.
- “Nós temos que esperar o futuro vir, e ele nem precisa esperar porque ja
nasceu nesse futuro”
- Wallon tinha posição marxista; lutou contra o fascismo e o nazismo.
- Plano Langevin-Wallon: pedagogia progressista = educação justa para uma
sociedade justa.
- Como se desenvolve o nosso psiquismo? (queria descobrir)
- Psicologia dialética = ver o ser a partir de integrações.
- Yin-Yang: polos diferentes, mas se complementam.
- Psicogenética: desenvolvimento do psiquismo.
- O contexto vai nos constituindo, não moldando.
- Interagimos com o meio simbólico (dotado de significado)
- Inteligência-sentimentos-movimentos = articulados.
- Temos 4 conjuntos funcionais integrados: afetivo, motor, cognitivo, pessoa.
- Devemos dar mais atenção a um ponto dependendo do estágio que os
sujeitos estão.
- Muitos sofrimentos psíquicos acontecem porque a gente se cala.
- As formas de expressar raiva podem ser aprendidas.
- A afetividade envolve emoção, sentimento e paixão.
ESTÁGIOS
 Impulsivo (nascimento – 3 meses): conhecimento de si
(centrípeta). Que corpo é esse? Conj motor e afetivo. Cognitivo
fica mais fraco.
Emocional (3 meses – 1 ano) Mesmo do anterior.
 Sensório-motor (12-18 meses): centrífuga; existem coisas além
de mim? Exploração do ambiente. Botar na boca, brincar.
Projetivo (18 meses – 3 anos) Mesmo do anterior.
 Personalismo (3-6 anos): Olhar centrípeto (dentro). Maior
autonomia da criança. “NÃO”. Oposição ao outro e construo um
saber sobre mim. Afetivo.
 Categorial (6-11 anos): cognitivo, centrífuga. Pensar o mundo.
Representações, construção de ideias e conceitos. Escola.
 Puberdade e adolescência (11-acima): afetivo, centrípeta.
Entender quem sou, o que esperam de mim e as expectativas
para o futuro.
Adulto: equilíbrio entre afetivo e cognitivo. Definição de valores, comportamento
de acordo com os valores assumidos, responsabilidades pelos atos, controle
cortical sobre as situações que envolvem cognitivo-afetivo-motor.

- NÃO UNIVERSALISMO. Dependem das exigências culturais.


- Educação dialética.
TEXTO 5: FUNDAMENTOS DA TEORIA BIOECOLÓGICA DE URIE
BRONFENBRENNER.
Considerações iniciais
- A teoria está ancorada no contexto e nos processos proximais.
- A adaptação é imposta pelo ambiente.
- O indivíduo é um ser capaz de alcançar consciência intelectual e emocional,
tornando-se protagonista influente no seu meio social; com caráter ativo em
relação ao seu desenvolvimento.
- “A ontologia, que levanta questões básicas sobre a forma e a natureza da
realidade, ocupando-se em entender o que pode ser conhecido; a
epistemologia, que é um ramo da filosofia que se preocupa em entender como
se pode conhecer o mundo e qual é a relação entre o interessado/inquisidor e o
conhecimento; a antropologia, que se atem a concepção acerca do ser do
homem e a metodologia, que está focada em como se obtém o conhecimento
do mundo, e em como o interessado pode buscar descobertas ou qualquer
coisa que ele acredita que pode ser conhecida (Schwandt, 1994)” (2b)

Tangenciando Histórias: as origens do pensamento bioecológico


- A TBDH de Brenner surge da sua insatisfação relacionada às abordagens
vigentes e às ideias reinantes na psicologia de sua época.
- Rejeitava o associacionismo dicotômico.
- Teoria descontextualizada (idades, faixas?)
- “Grande parte da Psicologia desenvolvimental e a ciencia do comportamento
desconhecido da crianca em situacoes desconhecidas com adultos
desconhecidos por periodos de tempo mais breves possiveis” (Bronfenbrenner,
1996, p. 16).
- Vygotsky e Lewin = influencias.
- Mudar de cultura = transição ecológica.
- Os “doentes” que tinham regalias de trabalhar nas casas dos funcionários
aumentavam seus coeficientes intelectuais após deixarem a instituição.
- O ambiente é ingrediente fundamental para a compreensão de como o
indivíduo desenvolve-se.
- “TEORIA DOS SISTEMAS ECOLÓGICOS” -> O PROCESSO, A PESSOA, O
CONTEXTO E O TEMPO = TBDH.

A TEORIA BIOECOLÓGICA E OS CONTEXTOS DO DESENVOLVIMENTO


- 1977 e 79.
- Divisor de águas da ontologia humana.
- O desenvolvimento é um processo que envolve estabilidades e mudanças nas
características biopsicológicas dos indivíduos durante a vida e através das
gerações.
- O desenvolvimento é dependente de quatro dimensões:

1- Processo
- Principal mecanismo para o desenvolvimento.
- Interações recíprocas que acontecem de forma gradativa entre os sujeitos,
objetos e símbolos presentes no seu ambiente imediato (Bronfenbrenner y
Morris, 2006).
- As interações entre organismo e contexto são os PROCESOSS PROXIMAIS.
- Os processos proximais ocorrem regularmente em longos períodos de tempo.
- Os ProPro são os motores do desenvolvimento; diferem de acordo com as
características individuais e do contexto (espacial e temporal)
- Através do engajamento nas tarefas e interações que o indivíduo se torna
capaz de dar sentido ao mundo, e, assim, transformá-lo. (Brenner, 2005)

2- Pessoa
- Os fatores biológicos e genéticos têm importância no desenvolvimento.
- Atenção especial nas características INDIVIDUAIS que são trazidas às
situações sociais.
- Os atributos/características foram nomeados como: demandas, recursos e
disposições/força.
 Demanda: Disposições comportamentais que movem os processos
proximais e mantém suas operações, favorecendo a influência no
desenvolvimento futuro.
- Estímulo imediato em direção ao outro. Ex: curiosidade-resposta.
- Podem influenciar as interações iniciais em função das expectativas do
indivíduo, ou interferir retardando, ou impedindo, que aconteçam.
- Podem favorecer processos de crescimento psicológico ou rompê-los via
impulsividade, distração, apatia, insegurança; disruptivas do ponto de vista
desenvolvimental.
 Recursos: influenciam a capacidade do indivíduo engajar-se em
processos proximais ativos (habilidades, experiencias, inteligência)
- Características relacionadas com recursos cognitivos e emocionais.
- Não são imediatamente aparentes.
- Recursos sociais e materiais promotores dos processos proximais: boa
comida, moradia, cuidado parental, oportunidades de educação...
- Elementos perturbadores: deficiências genéticas, lesões cerebrais,
deficiências graves...
- São os “passivos” e os “ativos” biopsicologicos que influenciam a capacidade
de um organismo para se engajar efetivamente em processos proximais
(Bronfenbrenner y Morris, 2006).
 Disposição/força: diferenças de temperamento, motivação, persistência
em atividades de progressiva complexidade.
- Depende do tipo de motivação que recebe (se tiverem as mesmas condições
de recursos).

3- Contexto
- (abaixo)
Estudo de caso (Bianca)
- 14 anos, feminino, negra, abandonada aos 6 meses, não conhece nenhum
parente.
- Morou em instituições de abrigo, lá conheceu sua melhor amiga.
- Fugiu com sua amiga após presenciar situações de violência.
- Moraram juntas por 3 meses até sua amiga morrer afogada no rio.
- Usuária de drogas como o namorado e os amigos.
- É dependente química em recuperação e monitora de um grupo de
dependentes.
- Pretende fazer direito pra ajudar “pessoas como ela”
- Certeza do amor da mãe por ela; não a julga pq não sabe os motivos.
(elemento de proteção, ajuda a resistir)
Aula 01/12/21
- Contexto está ligado ao desenvolvimento cognitivo.
- Inteligência não é um dom.
- Sujeito (bio) na relação com o contexto (social)
- Modelo PPCT (Processos proximais, pessoa, contexto, tempo) - interligadas.

PESSOA: características pessoais que os indivíduos trazem com eles nas


situações sociais. Tem fatores biológicos, mas também no seu local.
- Demanda: série de características comportamentais que nos colocam para
manter as relações sociais; pré-disposições/gatilhos emocionais para as
interações sociais. Necessidade. Dependendo das características eu interajo
de tal forma. Ex: idade. O que possuímos. Facilitam ou não as interações.
Iniciar.
- Recursos: conjunto de características que vamos colecionando para nos
engajar em processos ativos. Experiencias. Habilidades. Repertórios. Ex: ler
um texto anterior e usá-lo em conexão a um novo. Como será a interação?
- Disposição/força: mantém elementos das atividades de interação. Ex: Bianca
acredita que a mãe não a deixou por mal. Elementos que dão forças para
continuar agindo. Motivação.
PROCESSOS PROXIMAIS: motores do desenvolvimento. Interações
recíprocas que acontecem de maneira gradativa entre o sujeito e as pessoas,
objetos e símbolos. RECIPROCIDADE, TRANSFORMAÇÃO MÚTUA, se não
importa a uma das partes, não é proximal. O que transforma é ProPro, bom
ou não. Duradouro. Ex: relações na universidade. Professor-aluno, aluno-texto.
CONTEXTO: Qualquer evento ou condição fora do organismo que pode
influenciar ou ser influenciado pela pessoa em desenvolvimento. Ex:
universidade.
NÃO SÃO ESTÁTICOS, ESTÃO SEMPREI NTERAGINDO E INTERFERINDO
ENTRE SI.
- Microssistema: é onde acontece os processos proximais. Relações diretas.
Escola, família, igreja, vizinhos... Microcontextos. Microsistema. Eu-tu.
- Mesossistema: interação entre dois ou mais microssistemas que a pessoa
está inserida. Ex: escolas-pais. Afetação mútua. Ex: chegar atrasada na
academia porque o ônibus da faculdade atrasou.
- Exossistema: Sistema de fora. Sistemas de outras pessoas ou grupos que
não interagimos diretamente, mas nos afetam diretamente. Ex: amigos dos
pais, trabalho dos pais, prefeitura...
- Macrossistema: Envolve todos os sistemas que me afetam. Ex: Governo
federal, valores sociais, instituições políticas e sociais. Ex: se cortam a verba
da universidade, me atinge diretamente. Orientam ações.
+1 contexto é o cronossistema.
TEMPO: Cronossistema: capta as mudanças do meio. História, passado,
futuro. Grau de estabilidade ou mudanças decorrente dos eventos ambientais
ao longo.
Ex: mortes, mudanças de local, nascimento de alguém, pandemia...
- O ser não é passivo, mas é dependente de outros que com ele interajam.
TEXTO 6: 25 ANOS DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE –
História, Política e Sociedade (SOUZA)
- A implantação do ECA deve ser compreendida como o conjunto de
experiencias sociais, jurídicas e políticas decorrentes da aplicação dessa nova
legislação (1990).
- A investigação do tempo presente, como em qualquer outro caso, deve ser
isenta de prejulgamentos.
- A sociedade agrária brasileira se industrializou mantendo profunda
desigualdade social, mesmo após o fim da escravidão.
- Base da economia de exportação: café.
- “As estruturas sociais que compõem a sociedade brasileira são fortemente
hierarquizadas, vigorando o paternalismo e a autocracia em vários níveis de
poder. O significado prático dessa hierarquização determina o papel social de
cada grupo, que se sustenta numa escala de privilégios muitas vezes coroada
pelo jurídico-político” (p. 15)
- Privilegiados mandam, desprivilegiados obedecem.
- Violência subversiva e constante.
- “Outra condição de caráter histórico e que contribui para reforçar a hierarquia
social é o fraco resultado do sistema educacional” (p.16)
- A baixa escolaridade reflete na organização do mercado de trabalho e impõe
remunerações salariais que mantém a desigualdade socioeconômica.
- A luta por direitos raramente existiu no Brasil = ausência de organizações de
caráter político originadas das lutas sociais.
- No cotidiano, existe a identificação pela aparência (roupas e símbolos da
sociedade de consumo) ou grau de instrução.
- Reinvindicações começaram a aparecer nos anos 80, querendo a proteção
infanto-juvenil e repudiando a violência especialmente no espaço público.
- Consideravam o privado (casa/família) isento de qualquer ameaça.
- Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, contou com o apoio da
Nações unidas para a Infância, tendo forte presença da igreja católica e da
pastoral da criança nas cidades = tentativa de frear os ataques violentos contra
crianças e jovens que viviam em situação de rua.
- Menoristas: apoiavam o código de menores de 1979 mais adequado. A
autoridade do Juiz de Menor seria a única solução do problema.
- Estatutários: defensores do Estatuto, crianças e adolescentes teriam sujeito
de direitos, contando com assistência e proteção que poderiam ser conferidos
a outras autoridades da sociedade, além do Juiz.
- ECA: final da década de 80.
- Influencia da mídia na visão dos moradores de rua.
- “A opinião pública ficou dividida entre a mudança de perspectiva em relação
aos jovens infratores e a permanência das práticas de controle antigas,
refletindo as costumeiras oscilações presentes na vida política do país que
demonstram pouca certeza em relação ao futuro, a não ser no discurso” (p. 20)
- Estratégia política de viés elitista a fim de modernização.
- Mesmo com uma parcela da população não concordando com a instauração
do ECA, a nova constituição (democrata) de 1988 acenou grandes avanços
sociais.
- COLLOR X LULA
- “Atuando em 4 níveis foram criados os seguintes Conselhos: o Conselho
Tutelar e os de Defesa de Direitos, no nível municipal o CMDA, no estadual o
CEDCA e, em instância nacional, o CONANDA. Além disso, entre 1993 e 1995,
foram instituídos o CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social e a LOAS
– Lei Orgânica da Assistência Social, nessa fase o país parecia estar saindo
finalmente de um atraso secular em relação às políticas públicas de
enfrentamento da desigualdade social. Ao FNAS – Fundo Nacional de
Assistência Social caberia prover as políticas públicas de assistência à
população de baixa renda de acordo com a Política Nacional de Assistência
Social – PNAS.” (p.22)
- Nos 25 anos de ECA, sua presença não causou conscientização, ao invés
disso, foram divulgadas distorcidamente suas leis. Poucos profissionais que
lidam com crianças leram o ECA.
- O olhar para os jovens em situação de rua passava a ser mais como vítima,
não com negatividade.
- ECA sofreu críticas sobre incentivar o ócio (discurso capitalista contra os
estudos e a favor do trabalho)
- O ensino seria voltado ao mercado de trabalho.
- “A mídia se tornou porta-voz de grupos que já não acreditavam na eficácia da
legislação” (p. 25)
- “Proteção” do ECA estaria fomentando a “indústria do crime” (visão social)
- ECA foi sancionado no início de 90.

TEXTO 7: A VELHICE NO ESTATUTO DO IDOSO (JUSTO, ROZENDO)


- Estatuto do idoso está fazendo 19 anos em 2022, o estatuto promove e
executa políticas públicas para a população idosa.
- Conseguiu prestígio no cotidiano pelos efeitos produzidos no tratamento da
velhice/idoso.

Marcos históricos da gestão e da produção de sentidos da velhice


- Para Neri, a categoria social “pobre” se instaurou no final do século XIX e era
vista como problema.
- Solução: asilamento dessa população (órfãos, imigrantes, leprosos, mendigos
e velhos)
- Paradigma: bem estar social, ocupação do tempo livre e refuncionalização da
velhice, os espaços criados para esses fins foram os “espaços de convivência”.
- Os espaços de convivência retiraram a ideia de velhice como negativa e
implantaram o termo “terceira idade”, corroborando imagens de “melhor idade,
feliz idade, maturidade” e etc.
- O asilo, a aposentadoria, a Gerontologia e a Geriatria são importantes marcos
na diferenciação da velhice no cenário social e na produção de sentido acerca
do envelhecimento (GRIOSMAN, 1999).
- Asilo: reclusão e confinamento por ser necessitado (de outros).
- Aposentado = inútil.
- Gerontologia: envelhecimento como período de perdas e limitações; dita
formas de tratar o idoso.
- Autonomia: representações da velhice como uma fase da vida autônoma,
independente, apta a vida.
- Carência: relações da velhice com a pobreza, necessidades financeiras,
afetivas ou orgânicas.
- Cidadania: expressam os direitos adquiridos pela velhice no decorrer da
história brasileira (constituição brasileira de 88). Assume papel unidirecional,
atribuindo apenas direitos aos idosos, como sujeitos passivos, sem deveres.
Ou seja, não é levado em conta o amplo sentido de cidadania (direitos e
deveres).
- Dependência/invalidação: representações da velhice como sendo uma fase
regida pela invalidez, incapacidade, dependência física, psíquica ou financeira.
- Fragilidade: representações de fase frágil, limitada, indefesa, digna de
excessivos cuidado e proteção.
- Realização/potência: fase potencializada, apto a realizações e trocas
indiscriminadas com as demais gerações; apto a escolher.
- Tecnologia de diferenciação: faz menção às especialidades científicas e
profissionais voltadas exclusivamente para a velhice, como a Gerontologia e a
Geriatria.

Análise
- Predominantemente, as referencias usadas para o idoso são: fragilidade,
passividade, incapacidade, dependência, invalidez, carência. (em ordem)

Lócus da velhice
- Lócus = local.
- Em ordem: entidades de atendimento, família, asilo, habitação.
- Antes eram em asilos a maior parte.

Conclusão
- O Estatuto reflete e produz um sentimento nacional em relação à velhice.
- Aceleramento do envelhecimento da população.

Aula 19/01/22
- Responsabilizar (se vira) é negligenciar.
- Inserir o marcador de “classe” e “raça” nas discussões de PoPú.
- O capitalismo tem uma lógica que valoriza o indivíduo que produz.
- Eterismo: preconceito em relação à idade, mais pesado às mulheres.
- Na ditadura brasileira, aconteceram várias mudanças para com a visão dos
idosos. O discurso que o idoso precisa ter a vida ativa, a terceira idade,
aposentadoria adiantada.
- “Vida ativa” como norma.
TEXTO 9: ADOLESCÊNCIA E MAIORIDADE PENAL – REFLEXÕES A
PARTIR DA PSICOLOGIA E DO DIREITO
Introdução
- Violência nos grandes centros urbanos brasileiros, alardeada pelas
manchetes dos jornais.
- Retorno aos aspectos históricos que cercam a construção do conceito de
adolescência e o tratamento previsto em lei àqueles adolescentes que
transgridam as normas vigentes na sociedade.

A construção da adolescência
- Fruto do contexto social/cultural/histórico, não universalizado.
- Adolescência está atrelada ao capitalismo (PETERSEN, 1988).
- Era exigido que a criança deixasse logo de ser (única fase que se
diferenciava da adulta) (ARIÈS, 1973)
- A construção da adolescência veio da necessidade, na revolução industrial,
do trabalho especializado. (SANTOS, 2008)
- Adolescência = período de preparação para o trabalho (PALÁCIOS, 1990).
- O indivíduo, adolescente, precisaria desenvolver o potencial de trabalho para
poder fazer parte da “comunidade adulta”
- Adolescente = perigo em potencial (se fizer parte dos desfavorecidos)
(GONÇALVEZ E GARCIA, 2007)
- Esse tipo de adolescente passa a ser alvo de intensos processos disciplinares
a fim de evitar que fuja do socialmente desejável.
- Obrigatoriedade do sistema de ensino: principal instrumento de controle
social; domínio sob o adolescente.
- “É interessante notar aqui a visão de que o adolescente é, sobretudo, um
potencial a ser desenvolvido, a ser moldado. Seja para o bem – produtividade
econômica – ou para o mal – delinquência –, a adolescência passa a ser vista
como um período de preparação, de transição, em que estarão sendo criadas
as bases para o futuro adulto.” (p.4/70)
- Vigiar e Punir (Foucault). Adolescente é frágil e delicado, necessitando de
controle e vigilância para que não se desvie da conduta imputada.
- “Se tudo der certo”, o adolescente se tornará um adulto produtivo, obediente e
disciplinado.
- “Classes sociais, culturas, gênero e outros devem ser considerados quando
falamos em adolescência” (SOUZA, 2007)
- Menandro (2004), 3 critérios definidores da adolescência: biológico,
cronológico e padrão típico de adolescente. AUTORA CONSIDERA
INSUFICIENTE.
- A puberdade é vista como delimitação da adolescência, ignorando as
mudanças psicossociais.
- Adolescencia = crise (ERICKSON, 1976). Ciclo vital, cada estágio é marcado
por uma crise e um conflito. A adolescência é marcada pela confusão e
construção de papéis e identidade. SOLUÇÃO: obtenção do senso confortável
de si mesmo como pessoa. (Cárdenas, 2000)
- A visão do senso comum de adolescência é percebida pelos temas centrais
que se correlacionam na busca por “adolescência”, tais como drogas, violência,
dificuldade escolar etc.
- Em contraponto, Freire (1996) defende que é na rebeldia, não na resignação,
que o adolescente se afirma face às injustiças.
- A rebeldia é ponto de partida para a denúncia da situação desumanizante.
- A rebeldia deve ser vista como forma de ser no mundo que traz à tona
injustiças, devendo ser utilizada para motivar a mudança.
- Rebeldia = resistência = protesto = autônomo = positivo.
- Paradoxo da conformação X rebeldia da adolescência (CALLIGARIS, 2000),
essa representação da adolescência, como rebeldia e transgressão, acaba se
tornando o que se espera, transformando as características no que é normal ao
adolescente. Este se depara com uma expectativa de fugir dos padrões, crise e
rebelião, mas os adultos reprimem esses comportamentos, os mesmos que
promovem o ideal de crise.
- MONATÓRIA SOCIAL: período de espera, não é criança, mas também não é
adulto. Deve fazer aquilo que é próprio sem incomodar, mas se não incomodar
receberá estranhamento.
- O adolescente deve se tornar o que o adulto quer que ele seja.
- A moratória dos excluídos é esperado apenas sobrevivência.
- Os jovens são educados conforme a perspectiva limitada de adolescência.
- As formas de identificação e expressão do adolescente na atualidade são
fortemente marcadas pela aquisição e pelo desejo de determinados produtos
(Featherstone, 1995, citado em Souza, 2007: 10).

Adolescência e transgressão
- A discussão sobre diminuição da maioridade penal é antiga. Menor de 14,
menor de 9.
- EM 1927 a questão do tratamento de crianças e adolescentes infratores foi
abordada pela primeira vez no documento “código de menores”. Objetivo:
legislar sobre indivíduos de 0-18 anos menores infratores ou abandonados
(SOUZA, 2007)
- Para crianças em “situação normal”, o código regido era o Código civil. OU
SEJA, apenas famílias das classes populares, por condição de pobreza, que
estavam sujeitas à intervenção do Estado.
- A fundação do bem-estar do menor, em 1964, ditadura, ficou responsável
pela criação da Política nacional do bem estar do Menor, pregava a valorização
da vida familiar e a necessidade de integrar o menor à comunidade, mas isso
não acontecia (SOUZA, 2007)
- “A partir dos anos 80, com o fim do regime militar e a abertura política, alguns
segmentos sociais, preocupados com os direitos da criança e do adolescente,
começaram a criticar o caráter assistencialista e repressor do então vigente
Código de Menores. A principal denúncia recaía sobre sua arbitrariedade, uma
vez que expressões como “menor em situação irregular” e “periculosidade”
serviam para legitimar o mandado judicial de reclusão de praticamente
qualquer criança das camadas pobres brasileiras (Conceição, Tomasello &
Pereira, 2003).” = higienização.
- “De acordo com o referido Estatuto, crianças (até 12 anos) e adolescentes (de
12 a 18 anos) são inimputáveis judicialmente, devendo ser submetidos a
medidas protetivas, no caso dos primeiros, e socioeducativas, no caso dos
segundos. A medida socioeducativa aplicada ao adolescente em conflito com a
lei pode ser, dependendo da gravidade da infração e do seu caráter
reincidente, uma das seguintes: advertência, obrigação de reparar o dano,
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semi-liberdade e
internação em estabelecimento educacional (ECA, 1990).”
- Assim, o principal argumento utilizado pelos que defendem a redução da
maioridade penal é o de que os adolescentes já têm plena consciência de
seus atos, sendo, portanto, responsáveis pelos mesmos. Podemos
perceber aqui que, nesses casos, ter ou não a consciência dos próprios
atos é determinada por aspectos cronológicos e biológicos, um atrelado
ao outro, deixando de lado fatores sociais, educacionais, culturais, etc.”
- “O foco sobre um único ponto serve apenas como artifício para desviar a
atenção do que realmente está em jogo: o enclausuramento daquela classe
social considerada indesejada, aquela que se encontra excluída do modo de
produção (Wacquant, 2001).”
- Não raro, também, se ouve falar de outros países que possuem a maioridade
penal muito abaixo da nossa, e são mais desenvolvidos, possuem menor índice
de violência, etc. (Cunha, Ropelato & Alves, 2006). No entanto, deve-se tomar
cuidado para não se interpretar tal dado como se a correlação entre as duas
variáveis significasse uma relação de causa e efeito. Deve-se levar em
consideração também outros indicadores como o acesso à educação, à
segurança, ao emprego e à saúde, pois estes contribuem de forma significativa
para a redução da violência, além de serem os indicadores que colocam esses
países na posição de desenvolvidos.”
- Superlotação de presídios.
- Soma-se a isso o fato de que o número de infrações cometidas por
adolescentes não é tão alto quanto a mídia faz parecer, representando
apenas 10% do total (Cuneo, 2001). Ocorre que, como os crimes causam
forte comoção social, as notícias referentes a eles, principalmente os
hediondos e os que envolvem vítimas da classe média, são propagadas
de forma assombrosa pelos meios de comunicação em resposta ao
enorme interesse do público. Como bem nos fala Rolim (2006), a mídia,
principalmente a televisiva, funciona como um filtro de notícias,
selecionando aquelas que devem ser mostradas à exaustão e aquelas que
devem ser escondidas, sem que isso, de forma alguma, corresponda ao
número real de ocorrências criminais. Assim, a criminalidade deixa de ser
matéria eminentemente social, para transformar-se em artifício de
manobra política”
- Como o Estado Democrático-Social de Direito não cumpre com as obrigações
impostas pela Constituição – como educação, saúde, esporte e cultura –,
principalmente para suas crianças e adolescentes, a criminalidade aumenta de
forma astronômica não apenas em relação aos crimes cometidos por maiores
de 18 anos, mas também aos cometidos por crianças e adolescentes. Dessa
forma, as manchetes de jornais passaram a ser preenchidas por crimes cada
vez mais bárbaros cometidos até mesmo por menores.
- Mídia + política.
- O desprezo por aqueles considerados marginais justifica as práticas punitivas
violentas que, não sendo eficazes em ressocializar o adolescente, dão
maegem para novas reclamações sociais, que assim influencia a política e a
mídia e também é influenciada por estes, corroborando o discurso repressor e
excludente.
- A maioria dos adolescentes que cometem alguma infração tem muitos de
seus direitos negados pela sociedade, principalmente os direitos à segurança,
à alimentação, à saúde, ao lazer e à educação
- Psicologia + justiça = teses que gerem mudanças e PoPu. (MAMELUQUE,
2006)

Psicologia e Justiça
- Os instrumentos usados pelos Psi eram os testes psicológicos, os principais
clientes eram os adolescentes “problemáticos” (MIRANDA, 1998).
- Esse profissional é levado agora a uma elaboração que vise à proteção e à
educação da criança ou adolescente em questão e não mais a uma
classificação e intervenção pouco contextualizadas. O foco é o bem-estar do
sujeito e não apenas a manutenção de uma aparente tranquilidade na
sociedade. A atuação passa a ser de reconhecimento do sujeito em
desenvolvimento e de sua constituição enquanto cidadão e não somente os
atributos punitivos que costumam ser implementados no meio jurídico.”
- Reconstituir o equilíbrio perdido: o indivíduo que cometeu um ato infracional,
por exemplo, teria na justiça a abertura de um espaço de ressignificação desse
ato, responsabilização por ele e construção de estratégias para lidar com essa
realidade. Dessa forma, de acordo com Miranda (1998), essa relação focada
na justiça se daria devido à crença de que há possibilidade de convivência
humana e que o aparelho judiciário é visto como um dos alicerces para que tal
convivência seja viável.”
- A intervenção do psicólogo nesse meio com uma perspectiva mais dinâmica
torna possível, por fim, a construção de espaços em que o sujeito em questão
deixa de ser apenas um usuário do sistema e passa a ser um indivíduo com
uma história, com demandas, com subjetividade. O adolescente passa a ser
um sujeito em desenvolvimento e não somente um adolescente em conflito
com a lei. O psicólogo deixa de lidar com um ato infracional e passa a
acompanhar um processo de subjetivação que traz consigo a trajetória de uma
família inserida num contexto socioeconômico determinado historicamente.
- A quem a psicologia tem servido nesse sistema?
- As propostas de redução da maioridade penal, além de infundadas, visam tão
somente a punir o adolescente infrator, sendo destituída do caráter educativo e
preventivo, e, portanto, incapazes de inibir o crime futuro (Gonçalves & Garcia,
2007). = Até a A.C., abordagem menos humanizada da Psicologia,
compreende que a punição não é viável ao ser humano. O comportamento não
vai se extinguir assim.
- Psicologia: dar voz ao indivíduo.
-

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