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- Escolaridade obrigatória.
- Durante o estirão, algumas partes crescem de forma mais rápida que outras.
Primeiro: pernas e tronco.
- Homens veem o ganho de gordura como bom, meninas, como ruim pelo
padrão de beleza magro. Anorexia maior entre elas.
AULA 27/10
- Margaret Mead, social: vai contra os dois primeiros. A crise não é inerente ao
adolescente, depende mais das questões culturais.
- Maturidade física mais avançada feminina não significa que já são maduras
emocionalmente.
- Alves, 1997, levantou alguns aspectos de profissionais que têm contato com
jovens: eles reproduzem papéis sociais dos adultos; são pouco politizados e
estão alienados das questões sociais; valorizam o estudo como forma de
ascensão, mas não gostam de estudar; encaram o trabalho como outra forma
de ascensão (classes menos favorecidas); seguem a ideologia do esforço
pessoal; não tem muita consciência crítica de suas condições atuais; são
consumistas ou desejam ser; apresentam problemas nas áreas e relações
amorosas; sinais de solidão.
- “Um homem apriorístico que tem seu desenvolvimento previsto pela sua
própria condição de homem, livre e dotado de potencialidades” (Bock, 1997).
- O sujeito não é passivo da mídia, mas absorve o conteúdo que ela transmite.
- De acordo com Lepre, 2005, foi no século XVIII que surgiram as primeiras
tentativas de definir claramente as características da adolescência.
- A força desse pensamento produz e reproduz esse momento como uma fase
de transtornos, reajustes e adaptação (BOHOSLAVSKY, 1977, 50). (Teoria
cognitivista-construcionista, escolher as informações que agradam a minha
tese inicial)
- Dependeria de cada sujeito a utilização dos recursos que poderiam dar conta
de escolher equilibradamente seu futuro.
- Foi gerada uma rentável indústria de serviços especializados: crianças,
adolescentes e idosos tem funcionado como grandes geradores de empregos,
concentrando grande parte dos profissionais PSI em atvds terapêuticas como
preventivas para assegurar um moto de vida “correto, adequado e saudável”
Aula 03/11/2021
- Tudo que não é visto como normal, é patológico. Flávia: as pessoas tem
necessidades de inclusão, então vão querer se encaixar, atribuindo um papel
social de fachada e que traz sofrimento.
- Forma de silenciar.
- Padronização: mídias-capitalismo.
- Multiplicidade jovem.
CAMPUS ARAPIRACA
DATA: 09/11/2021
REFERÊNCIAS
Aula 10/11/21
- Adultocentrismo.
- A adolescência é social-histórica
- A finalidade da adolescência seria atingir a maturidade adulta.
- Subjetividades capitalistas.
- Identidade é devir
- “O tenis que eu queria agora não posso ter. Eu também gostei do tenis, mas
não vale o crime”
- “Eu tenho um sonho, eu tb, quero ser presidente, e eu só quero ser alguém.”
* Cultura geral (não pode haver especialização profissional sem cultura geral. A
cultura geral aproxima os homens, a específica os afasta). Desigualdade na
distribuição dos bens culturais. Todos devem ter acesso a cultural. Erudita X
Popular = cultura boa e ruim. A cultura do meu meio pode me afastar
(diferenciar), a geral me aproxima.
- A escola deve produzir formação integral dos alunos (Afet, intelec e social)
Integração organismo-meio
Biológico e social
- Não pode haver psiquismo sem um equipamento orgânico.
- Nossa mente opera através dos estímulos recebidos do social.
- O desenvolvimento ocorre na interdependência dos fatores biológicos e
sociais.
Integração afetiva-cognitiva-motora
- A inteligência se produz após a afetividade.
- Ambas estabelecem uma relação de conflito.
- A afetividade tem raízes biológicas, mas tem função social.
- Afetividade: COISAS QUE NOS AFETAM positivamente ou negativamente.
(externas e internas). Capacidade de nos sentirmos afetados.
- A afetividade é culturalmente interpretada.
- É no contexto da interação emocional e social que se dá o
desenvolvimento cognitivo.
- De per si: afetividade, ato motor, conhecimento e da pessoa.
O CONJUNTO AFETIVO: Oferece as funções responsáveis pelas
emoções, pelos sentimentos e pela paixão.
O CONJUNTO ATO MOTOR: oferece a possibilidade de
deslocamento do corpo no tempo e no espaço, as reações
posturais que garantem o equilíbrio corporal, bem como o apoio
tonico para as emoções e sentimentos se expressarem.
O CONJUNTO COGNITIVO: Oferece um conjunto de funções
que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por
meio de imagens, noções, ideias e representações. Permite
registrar e rever o passado, fixar e analisar o presente, projetar
futuros possíveis e imaginários. O PENSAR, MEMÓRIA,
PERCEPÇÃO.
A PESSOA: Expressa a integração em todas as suas inúmeras
possibilidades. (Mahoney; Almeida, 2005, p. 18). Embute as 3
anteriores, quem sou. Complementariedade, interação.
Expressões no desenvolvimento do conjunto afetivo:
3. Da alternância de direções
- Em cada estágio de desenvolvimento há uma alternância de movimentos ou
direções.
- No impulsivo emocional, personalismo e puberdade-adolescencia, o
movimento é para dentro, PARA O CONHECIMENTO DE SI.
- Já no sensório motor e projetivo-categorial, o movimento é para fora, para o
conhecimento do mundo exterior.
- Alternância funcional e predominância funcional: quando a direção é pra
si (centrípeta), o predomínio é do afetivo. Quando a direção é para o exterior
(centrífuga), o predomínio é do cognitivo.
- Os estudos sobre emoção não eram aceitos antes por não ter visão
naturalista experimental.
- A maior dificuldade dos estudiosos dessa área (ciência da emoção) é a falta
de consenso, à falta de precisão e clareza na linguagem, e ao fato de
diferentes enunciados abordarem apenas um aspecto limitado da emoção.
- HÁ UM ACORDO PARA DISCRIMINAR EMOÇÕES DE OUTROS
PROCESSOS AFETIVOS:
-> Processos afetivos são todos os estados que fazem apelo a sensações de
prazer/desprazer ou ligados a tonalidades agradáveis/desagradáveis;
-> Emoção é um estado afetivo, comportando sensações de bem-estar ou mal-
estar que têm um começo preciso, é ligado a um objeto específico e de
duração breve com ativação orgânica.
- Um dos papéis da teoria é tornar as definições cada vez mais claras.
Afetividade:
- Ser afetado pelo mundo interno-externo.
- Reagir com atividades internas-externas.
- O meu olhar de mundo é consequência da forma que sou afetado.
- Cognição + emoção.
- Antes da reação tem o afeto.
- Yin-yang entre as relações organicas e sociais.
- O corpo manifesta.
- Os três resultam de fatores orgânicos e sociais, correspondem a
configurações diferentes.
- Na emoção, há predomínio da ativação fisiológica, no sentimento, da ativação
representacional, na paixão, da ativação do autocontrole.
- EMOÇÃO: Expressão corporal, motora. Estabelece os primeiros laços com o
mundo humano e através dele com o mundo físico (Mahoney, Almeida, 2005,
p. 20). Das oscilações viscerais e musculares (sincréticas) vao se
desenvolvendo medo, alegria, raiva, ciúme... A emoção tem lógica sincrética
até se diferenciar.
Ex: identificar o choro do bebe, padrões posturais.
- Corpo.
- Estabelece os primeiros laços com o mundo humano e físico.
- Sistema de atitudes (tônus -tensão muscular- + e intenção).
- Tensão é provocada pela energia retida e acumulada: riso, choro, soluço
aliviam a tensão muscular.
- Respostas rápidas, sem deliberações. Reflexos condicionados.
- A emoção é uma forma primitiva de comunhão.
- Sincretismo subjetivo: não saber se distinguir das outras pessoas;
- Sincretismo objetivo: não saber se distinguir das coisas do ambiente;
- Predomínio cognitivo: imagens mais claras; predomínio afetivo: imagens
menos claras.
- SENTIMENTO: expressão da representação. Não tem reações instantâneas
como na emoção. Podem ser expressos pela mímica e pela linguagem, que
multiplicam as tonalidades. Não tem direcionamento, pouco autocontrole.
- Falar “eu te amo”.
- O adulto tem maior elaboração para explicitar seus sentimentos; a criança
tem menos recursos de linguagem.
- Linguagem.
- A-moral -> AINDA APRENDENDO. (Criança)
- PAIXÃO: revela o aparecimento do autocontrole para dominar uma situação =
tenta isso para silenciar a emoção.
- Aparece no personalismo.
- Ciúmes, exigências, exclusividade (Mahoney; Almeida, 2005, p. 21-22)
- Tenta calar a emoção (respirar fundo, morder a boca).
1- Processo
- Principal mecanismo para o desenvolvimento.
- Interações recíprocas que acontecem de forma gradativa entre os sujeitos,
objetos e símbolos presentes no seu ambiente imediato (Bronfenbrenner y
Morris, 2006).
- As interações entre organismo e contexto são os PROCESOSS PROXIMAIS.
- Os processos proximais ocorrem regularmente em longos períodos de tempo.
- Os ProPro são os motores do desenvolvimento; diferem de acordo com as
características individuais e do contexto (espacial e temporal)
- Através do engajamento nas tarefas e interações que o indivíduo se torna
capaz de dar sentido ao mundo, e, assim, transformá-lo. (Brenner, 2005)
2- Pessoa
- Os fatores biológicos e genéticos têm importância no desenvolvimento.
- Atenção especial nas características INDIVIDUAIS que são trazidas às
situações sociais.
- Os atributos/características foram nomeados como: demandas, recursos e
disposições/força.
Demanda: Disposições comportamentais que movem os processos
proximais e mantém suas operações, favorecendo a influência no
desenvolvimento futuro.
- Estímulo imediato em direção ao outro. Ex: curiosidade-resposta.
- Podem influenciar as interações iniciais em função das expectativas do
indivíduo, ou interferir retardando, ou impedindo, que aconteçam.
- Podem favorecer processos de crescimento psicológico ou rompê-los via
impulsividade, distração, apatia, insegurança; disruptivas do ponto de vista
desenvolvimental.
Recursos: influenciam a capacidade do indivíduo engajar-se em
processos proximais ativos (habilidades, experiencias, inteligência)
- Características relacionadas com recursos cognitivos e emocionais.
- Não são imediatamente aparentes.
- Recursos sociais e materiais promotores dos processos proximais: boa
comida, moradia, cuidado parental, oportunidades de educação...
- Elementos perturbadores: deficiências genéticas, lesões cerebrais,
deficiências graves...
- São os “passivos” e os “ativos” biopsicologicos que influenciam a capacidade
de um organismo para se engajar efetivamente em processos proximais
(Bronfenbrenner y Morris, 2006).
Disposição/força: diferenças de temperamento, motivação, persistência
em atividades de progressiva complexidade.
- Depende do tipo de motivação que recebe (se tiverem as mesmas condições
de recursos).
3- Contexto
- (abaixo)
Estudo de caso (Bianca)
- 14 anos, feminino, negra, abandonada aos 6 meses, não conhece nenhum
parente.
- Morou em instituições de abrigo, lá conheceu sua melhor amiga.
- Fugiu com sua amiga após presenciar situações de violência.
- Moraram juntas por 3 meses até sua amiga morrer afogada no rio.
- Usuária de drogas como o namorado e os amigos.
- É dependente química em recuperação e monitora de um grupo de
dependentes.
- Pretende fazer direito pra ajudar “pessoas como ela”
- Certeza do amor da mãe por ela; não a julga pq não sabe os motivos.
(elemento de proteção, ajuda a resistir)
Aula 01/12/21
- Contexto está ligado ao desenvolvimento cognitivo.
- Inteligência não é um dom.
- Sujeito (bio) na relação com o contexto (social)
- Modelo PPCT (Processos proximais, pessoa, contexto, tempo) - interligadas.
Análise
- Predominantemente, as referencias usadas para o idoso são: fragilidade,
passividade, incapacidade, dependência, invalidez, carência. (em ordem)
Lócus da velhice
- Lócus = local.
- Em ordem: entidades de atendimento, família, asilo, habitação.
- Antes eram em asilos a maior parte.
Conclusão
- O Estatuto reflete e produz um sentimento nacional em relação à velhice.
- Aceleramento do envelhecimento da população.
Aula 19/01/22
- Responsabilizar (se vira) é negligenciar.
- Inserir o marcador de “classe” e “raça” nas discussões de PoPú.
- O capitalismo tem uma lógica que valoriza o indivíduo que produz.
- Eterismo: preconceito em relação à idade, mais pesado às mulheres.
- Na ditadura brasileira, aconteceram várias mudanças para com a visão dos
idosos. O discurso que o idoso precisa ter a vida ativa, a terceira idade,
aposentadoria adiantada.
- “Vida ativa” como norma.
TEXTO 9: ADOLESCÊNCIA E MAIORIDADE PENAL – REFLEXÕES A
PARTIR DA PSICOLOGIA E DO DIREITO
Introdução
- Violência nos grandes centros urbanos brasileiros, alardeada pelas
manchetes dos jornais.
- Retorno aos aspectos históricos que cercam a construção do conceito de
adolescência e o tratamento previsto em lei àqueles adolescentes que
transgridam as normas vigentes na sociedade.
A construção da adolescência
- Fruto do contexto social/cultural/histórico, não universalizado.
- Adolescência está atrelada ao capitalismo (PETERSEN, 1988).
- Era exigido que a criança deixasse logo de ser (única fase que se
diferenciava da adulta) (ARIÈS, 1973)
- A construção da adolescência veio da necessidade, na revolução industrial,
do trabalho especializado. (SANTOS, 2008)
- Adolescência = período de preparação para o trabalho (PALÁCIOS, 1990).
- O indivíduo, adolescente, precisaria desenvolver o potencial de trabalho para
poder fazer parte da “comunidade adulta”
- Adolescente = perigo em potencial (se fizer parte dos desfavorecidos)
(GONÇALVEZ E GARCIA, 2007)
- Esse tipo de adolescente passa a ser alvo de intensos processos disciplinares
a fim de evitar que fuja do socialmente desejável.
- Obrigatoriedade do sistema de ensino: principal instrumento de controle
social; domínio sob o adolescente.
- “É interessante notar aqui a visão de que o adolescente é, sobretudo, um
potencial a ser desenvolvido, a ser moldado. Seja para o bem – produtividade
econômica – ou para o mal – delinquência –, a adolescência passa a ser vista
como um período de preparação, de transição, em que estarão sendo criadas
as bases para o futuro adulto.” (p.4/70)
- Vigiar e Punir (Foucault). Adolescente é frágil e delicado, necessitando de
controle e vigilância para que não se desvie da conduta imputada.
- “Se tudo der certo”, o adolescente se tornará um adulto produtivo, obediente e
disciplinado.
- “Classes sociais, culturas, gênero e outros devem ser considerados quando
falamos em adolescência” (SOUZA, 2007)
- Menandro (2004), 3 critérios definidores da adolescência: biológico,
cronológico e padrão típico de adolescente. AUTORA CONSIDERA
INSUFICIENTE.
- A puberdade é vista como delimitação da adolescência, ignorando as
mudanças psicossociais.
- Adolescencia = crise (ERICKSON, 1976). Ciclo vital, cada estágio é marcado
por uma crise e um conflito. A adolescência é marcada pela confusão e
construção de papéis e identidade. SOLUÇÃO: obtenção do senso confortável
de si mesmo como pessoa. (Cárdenas, 2000)
- A visão do senso comum de adolescência é percebida pelos temas centrais
que se correlacionam na busca por “adolescência”, tais como drogas, violência,
dificuldade escolar etc.
- Em contraponto, Freire (1996) defende que é na rebeldia, não na resignação,
que o adolescente se afirma face às injustiças.
- A rebeldia é ponto de partida para a denúncia da situação desumanizante.
- A rebeldia deve ser vista como forma de ser no mundo que traz à tona
injustiças, devendo ser utilizada para motivar a mudança.
- Rebeldia = resistência = protesto = autônomo = positivo.
- Paradoxo da conformação X rebeldia da adolescência (CALLIGARIS, 2000),
essa representação da adolescência, como rebeldia e transgressão, acaba se
tornando o que se espera, transformando as características no que é normal ao
adolescente. Este se depara com uma expectativa de fugir dos padrões, crise e
rebelião, mas os adultos reprimem esses comportamentos, os mesmos que
promovem o ideal de crise.
- MONATÓRIA SOCIAL: período de espera, não é criança, mas também não é
adulto. Deve fazer aquilo que é próprio sem incomodar, mas se não incomodar
receberá estranhamento.
- O adolescente deve se tornar o que o adulto quer que ele seja.
- A moratória dos excluídos é esperado apenas sobrevivência.
- Os jovens são educados conforme a perspectiva limitada de adolescência.
- As formas de identificação e expressão do adolescente na atualidade são
fortemente marcadas pela aquisição e pelo desejo de determinados produtos
(Featherstone, 1995, citado em Souza, 2007: 10).
Adolescência e transgressão
- A discussão sobre diminuição da maioridade penal é antiga. Menor de 14,
menor de 9.
- EM 1927 a questão do tratamento de crianças e adolescentes infratores foi
abordada pela primeira vez no documento “código de menores”. Objetivo:
legislar sobre indivíduos de 0-18 anos menores infratores ou abandonados
(SOUZA, 2007)
- Para crianças em “situação normal”, o código regido era o Código civil. OU
SEJA, apenas famílias das classes populares, por condição de pobreza, que
estavam sujeitas à intervenção do Estado.
- A fundação do bem-estar do menor, em 1964, ditadura, ficou responsável
pela criação da Política nacional do bem estar do Menor, pregava a valorização
da vida familiar e a necessidade de integrar o menor à comunidade, mas isso
não acontecia (SOUZA, 2007)
- “A partir dos anos 80, com o fim do regime militar e a abertura política, alguns
segmentos sociais, preocupados com os direitos da criança e do adolescente,
começaram a criticar o caráter assistencialista e repressor do então vigente
Código de Menores. A principal denúncia recaía sobre sua arbitrariedade, uma
vez que expressões como “menor em situação irregular” e “periculosidade”
serviam para legitimar o mandado judicial de reclusão de praticamente
qualquer criança das camadas pobres brasileiras (Conceição, Tomasello &
Pereira, 2003).” = higienização.
- “De acordo com o referido Estatuto, crianças (até 12 anos) e adolescentes (de
12 a 18 anos) são inimputáveis judicialmente, devendo ser submetidos a
medidas protetivas, no caso dos primeiros, e socioeducativas, no caso dos
segundos. A medida socioeducativa aplicada ao adolescente em conflito com a
lei pode ser, dependendo da gravidade da infração e do seu caráter
reincidente, uma das seguintes: advertência, obrigação de reparar o dano,
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semi-liberdade e
internação em estabelecimento educacional (ECA, 1990).”
- Assim, o principal argumento utilizado pelos que defendem a redução da
maioridade penal é o de que os adolescentes já têm plena consciência de
seus atos, sendo, portanto, responsáveis pelos mesmos. Podemos
perceber aqui que, nesses casos, ter ou não a consciência dos próprios
atos é determinada por aspectos cronológicos e biológicos, um atrelado
ao outro, deixando de lado fatores sociais, educacionais, culturais, etc.”
- “O foco sobre um único ponto serve apenas como artifício para desviar a
atenção do que realmente está em jogo: o enclausuramento daquela classe
social considerada indesejada, aquela que se encontra excluída do modo de
produção (Wacquant, 2001).”
- Não raro, também, se ouve falar de outros países que possuem a maioridade
penal muito abaixo da nossa, e são mais desenvolvidos, possuem menor índice
de violência, etc. (Cunha, Ropelato & Alves, 2006). No entanto, deve-se tomar
cuidado para não se interpretar tal dado como se a correlação entre as duas
variáveis significasse uma relação de causa e efeito. Deve-se levar em
consideração também outros indicadores como o acesso à educação, à
segurança, ao emprego e à saúde, pois estes contribuem de forma significativa
para a redução da violência, além de serem os indicadores que colocam esses
países na posição de desenvolvidos.”
- Superlotação de presídios.
- Soma-se a isso o fato de que o número de infrações cometidas por
adolescentes não é tão alto quanto a mídia faz parecer, representando
apenas 10% do total (Cuneo, 2001). Ocorre que, como os crimes causam
forte comoção social, as notícias referentes a eles, principalmente os
hediondos e os que envolvem vítimas da classe média, são propagadas
de forma assombrosa pelos meios de comunicação em resposta ao
enorme interesse do público. Como bem nos fala Rolim (2006), a mídia,
principalmente a televisiva, funciona como um filtro de notícias,
selecionando aquelas que devem ser mostradas à exaustão e aquelas que
devem ser escondidas, sem que isso, de forma alguma, corresponda ao
número real de ocorrências criminais. Assim, a criminalidade deixa de ser
matéria eminentemente social, para transformar-se em artifício de
manobra política”
- Como o Estado Democrático-Social de Direito não cumpre com as obrigações
impostas pela Constituição – como educação, saúde, esporte e cultura –,
principalmente para suas crianças e adolescentes, a criminalidade aumenta de
forma astronômica não apenas em relação aos crimes cometidos por maiores
de 18 anos, mas também aos cometidos por crianças e adolescentes. Dessa
forma, as manchetes de jornais passaram a ser preenchidas por crimes cada
vez mais bárbaros cometidos até mesmo por menores.
- Mídia + política.
- O desprezo por aqueles considerados marginais justifica as práticas punitivas
violentas que, não sendo eficazes em ressocializar o adolescente, dão
maegem para novas reclamações sociais, que assim influencia a política e a
mídia e também é influenciada por estes, corroborando o discurso repressor e
excludente.
- A maioria dos adolescentes que cometem alguma infração tem muitos de
seus direitos negados pela sociedade, principalmente os direitos à segurança,
à alimentação, à saúde, ao lazer e à educação
- Psicologia + justiça = teses que gerem mudanças e PoPu. (MAMELUQUE,
2006)
Psicologia e Justiça
- Os instrumentos usados pelos Psi eram os testes psicológicos, os principais
clientes eram os adolescentes “problemáticos” (MIRANDA, 1998).
- Esse profissional é levado agora a uma elaboração que vise à proteção e à
educação da criança ou adolescente em questão e não mais a uma
classificação e intervenção pouco contextualizadas. O foco é o bem-estar do
sujeito e não apenas a manutenção de uma aparente tranquilidade na
sociedade. A atuação passa a ser de reconhecimento do sujeito em
desenvolvimento e de sua constituição enquanto cidadão e não somente os
atributos punitivos que costumam ser implementados no meio jurídico.”
- Reconstituir o equilíbrio perdido: o indivíduo que cometeu um ato infracional,
por exemplo, teria na justiça a abertura de um espaço de ressignificação desse
ato, responsabilização por ele e construção de estratégias para lidar com essa
realidade. Dessa forma, de acordo com Miranda (1998), essa relação focada
na justiça se daria devido à crença de que há possibilidade de convivência
humana e que o aparelho judiciário é visto como um dos alicerces para que tal
convivência seja viável.”
- A intervenção do psicólogo nesse meio com uma perspectiva mais dinâmica
torna possível, por fim, a construção de espaços em que o sujeito em questão
deixa de ser apenas um usuário do sistema e passa a ser um indivíduo com
uma história, com demandas, com subjetividade. O adolescente passa a ser
um sujeito em desenvolvimento e não somente um adolescente em conflito
com a lei. O psicólogo deixa de lidar com um ato infracional e passa a
acompanhar um processo de subjetivação que traz consigo a trajetória de uma
família inserida num contexto socioeconômico determinado historicamente.
- A quem a psicologia tem servido nesse sistema?
- As propostas de redução da maioridade penal, além de infundadas, visam tão
somente a punir o adolescente infrator, sendo destituída do caráter educativo e
preventivo, e, portanto, incapazes de inibir o crime futuro (Gonçalves & Garcia,
2007). = Até a A.C., abordagem menos humanizada da Psicologia,
compreende que a punição não é viável ao ser humano. O comportamento não
vai se extinguir assim.
- Psicologia: dar voz ao indivíduo.
-