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PSICOLOGIA SOCIAL 2

TEXTO 1: VIDA E A OBRA DE IGNÁCIO MARTÍN-BARÓ E O PARADIGMA


DA LIBERTAÇÃO (Lucian Oliveira, Raquel Guzzo)

- Palavras Chaves: Psicologia da Libertação, Ignácio Martín-Baró, Psicologia


Latino-Americana

1.1 A importância da Psicologia da Libertação

- Uma psicologia voltada para a realidade da América Latina.

- A psicologia nasce em tempo de valorização da subjetividade privatizada,


liberalismo e capitalismo, ou seja, é dotada de individualismo, egoísmo,
hedonismo e liberdade individual a qualquer custo. (Parker, 2007; Sloan e
Moreira, 2002).

- A psicologia na américa latina consolidou-se pela dominação imperialista,


importando modelos prontos da realidade norte americana e europeia, não
sendo capazes de atender as demandas do povo latino.

- A Psi latino-americana importou esquemas teóricos a fim de buscar um status


de cientificidade e reconhecimento social, mesmo que distante de suas
realidades. (Martín-Baró, 2011ª). Em suma: a psicologia não estava preparada
para atender as demandas do povo, pois sua realidade estava inserida em um
contexto de pobreza, exploração, desigualdade e opressão.

- A necessidade de uma Psi da Libertação é a de reverter este percurso que a


psicologia tem feito e construir uma psicologia comprometida com os povos
latinos: libertação das estruturas sociais opressoras, seguida da libertação
pessoal (Martín-Baró, 2011ª).

- Para atuar com a psicologia de libertação é necessário um compromisso ético


dos psicólogos com as maiorias populares.

- “Neutralidade é omissão.” (Guzzo e Lacerda, 2007, p. 223)


- Para que a psi possa ajudar na construção de um processo de libertação dos
povos latino-americanos, é necessário que a psicologia latina se liberte da
hegemônica e construa a sua própria identidade.

1.2 A trajetória de vida de Martín-Baró

- Nasceu na Espanha; envolvido em questões religiosas; estudou Psicologia


nos EUA e enxergava a gritante diferença das teorias com sua realidade na
Espanha; compromisso com as maiorias populares.

- Em meio à guerra civil, em 1986, ele cria o IUDOP (Instituto Universitário de


Opinião Pública da UCA), considerado um verdadeiro esforço institucional do
desenvolvimento da Psicologia da Libertação. Este instituto proporcionou a
Martín-Baró e seus companheiros, pelo menos 23 estudos de alcance nacional,
em um contexto de muitas dificuldades, como por exemplo, a perseguição e
prisão dos pesquisadores, além do roubo de documentos (Dobles, 2009).

- IUDOP teve importância para a investigação da realidade dos setores


populares salvadorenhos a fim de traçar caminhos para as condições.

- Assassinado acusado de comunismo;

1.3 Princípios, fundamentos e perspectivas da Psicologia da Libertação

- Construção ontológica, epistemológica e metodológica: teologia da libertação,


alfabetização conscientizadora Freiriana e dimensão histórica do ser humano.

- Construção epistemológica da psi da libertação:

1. Acreditar em Deus e exercer a fé cristã consiste em promover a vida. O


que se opõe a Deus não é o ateísmo, mas a idolatria em falsos deuses
(como a morte).
2. Ações são mais importantes do que as afirmações. A fé mostra-se em
realizações históricas que evidenciam e façam crível a existência de um
Deus de vida. Opressão não é um ato de fé.
3. Deus deve ser buscado entre os pobres e marginalizados, por ser um
querer de Jesus e também pelos pobres serem a maior parcela da
sociedade. Além disso, apenas os pobres oferecem condições objetivas
e subjetivas de abertura ao outro, e, sobretudo, ao radicalismo outro. A
comunidade pobre é onde se realiza a tarefa salvadora.

- A teologia da libertação usa o exemplo do povo liberto do egito em caminho a


terra prometida.

- Os psicólogos da libertação teriam 4 lições a tomar a partir da teologia:


processo histórico, processo conflitivo, processo de natureza grupal ou coletiva
e construção de uma identidade social.

- Conscientização freiriana: conscientização comunitária, não apenas da


própria vida, mas compreensão das condições concretas que sejam
transformadoras dessas condições. (GUZZO, 2013).

- A transformação das condições materiais leva à libertação pessoal.

- Inicia no coletivo, esse coletivo atinge o pessoal.

- A história social é muito mais determinante do que a puramente pessoal, mas


ele leva em consideração as duas. (DE LA CORTE, 2001).

- Ser humano como agente de sua própria vida, responsável, tanto por seu
destino quanto pelos processos sociais que participa. (baró, 2000)

- Memória histórica: busca das raízes latino americanas, interpretar o presente


e vislumbrar como o futuro alcançado (Baró, 2011), encontrando a própria
identidade.

- Desideologização da experiência cotidiana, resgatando a experiência original


dos grupos e pessoas, e devolvê-las como dados objetivos que permitam às
maiorias populares tomar consciência da sua própria realidade. (Prilleltensky,
2003, Martín-Baró, 1996).

- Potencializar as virtudes populares: tradições populares.

3. As dimensões do Paradigma da Libertação na psicologia de Ignácio


Martín-Baró

3.2 A relevância social da psicologia social no tempo de Martín-Baró e a


necessidade de uma revolução paradigmática
- Thomas Kuhn, por Barros (2010), diz que quando um paradigma não é capaz
de responder à maioria dos problemas que persistem ao longo dos anos, é
gradualmente posto em cheque por questionamentos se, de fato, obtêm as
respostas ou deve ser abandonado.

- Kuhn (1970) afirma que o paradigma “em cheque” tende a resistir


ferrenhamente ancorado em suas pretensões monopolistas, por aqueles que
se beneficiam do paradigma.

- Para Kuhn (1970), um paradigma sempre apresenta o interesse de criar e


reproduzir condições para ampliar o conhecimento, respondendo os problemas
que são colocados na sua época.

- Paradigma: conjunto de crenças, valores e técnicas comuns a um grupo que


pratica o mesmo tipo de conhecimento.

4. A dimensão teórico conceitual (do paradigma da libertação)

- Refazer uma leitura crítica a partir das perspectivas dos povos


marginalizados, não jogar fora ou deixar de lado tudo que já foi produzido.

- Não é muito sobre a teoria, mas sobre o objetivo por qual se aplica.

- Inversão marxista do processo: a realidade que busca os conceitos. (Martín-


Baro, 1998b, p. 314)

- Mudar a tradição de um idealismo metodológico para um realismo crítico, no


qual é indispensável um posicionamento frente a essa realidade.

- Perspectiva dialética: contra interpretações do comportamento humano que


separam indivíduo e sociedade e que alimentem explicações reducionistas
proporcionando reducionismos psicológicos ou sociológicos. Ao contrário, a
psicologia deve se aportar de um saber dialético (Martín-Baró, 1998b), não só
no sentido epistemológico, mas também no sentido ontológico. A Psicologia
deve atender as relações entre a estrutura psicológica e estrutura social, e
vice-versa (De La Corte, 2000).

- Compreensão da ação: O que caracteriza, fundamentalmente, o ser humano


é a ação e não a conduta. Martín-Baró usa o conceito de “ação” no sentido
weberiano, que significa conduta dotada de significação e sentido (De La Corte,
2000). Martín-Baró (2000), afirma que a noção de ação apresenta dois sentidos
importantes, por um lado é o caráter propositivo da atividade humana,
intencional, motivada e vinculada, ao mesmo tempo, por outro lado, às
estruturas sociais de significado.

- Significado como ideologia: Martín-Baró usa esse termo no sentido da


sociologia funcionalista, que consiste em um conjunto de ideias e valores que
regulam a interação social em um dado sistema (De La Corte, 2000). E usa
muito mais no sentido marxista, o qual adquire uma conotação negativa, uma
característica de mascaramento das relações sociais e de naturalização da
mesma (Chaui, 1980).

5. A dimensão histórica

- Descartar a característica de a-historicidade antiga.

- 3 consequências da incorporação da historicidade na psicologia: o


reconhecimento das particularidades espaço-temporais que condicionam as
questões humanas; o favorecimento de uma concepção do ser humano como
agente e responsável da sua vida e destino; a superação da consequencia das
ideias positivistas, a cegueira para a negatividade.

- Resgate da historicidade é fundamental para a superação (Martín-Baro, 1998)

6. A dimensão práxica

- O quefazer científico e profissional.

- A práxis deve atender e estar ligada aos marginalizados

- Necessidade de uma práxis transformadora, que permita conhecer as coisas


como são e como podem vir a ser. (M-B, 1998)

- Politização da psicologia.

7. A dimensão ética

- Escolher um lado conforme seus valores.

- Toda ação tem conteúdo ético.


- É importante apontar aqui que a sua opção ética pelos pobres, a sua práxis
junto a eles, talvez tenha sido uma das principais causas de seu assassinato. A
Psicologia da Libertação, portanto, propõe-se a balançar as estruturas (Osório,
2011), mexer nas relações de poder e de dominação, nas relações de
opressão e, por fim, transformá-las, proporcionando assim a libertação aos
povos que estavam e estão nessas condições.” (pg. 14, autores do texto)

Aula 28/10/2021

- Olhar para as comunidades buscando com eles e entre eles um fazer


libertador, não apenas ser “caridoso”.

- A psicologia há havia “envelhecido” para a américa latina.

- Baró usa “maioria”, não minorias, pq são em maior quantidade.

1. Se atentar ao teórico-conceitual: partir das situações, não teorias. Olhar


a teoria sem olhar o sujeito.
2. Perspectiva dialética: a psi deve entender as relações entre a estrutura
psicológica e a social. Como entender o comportamento humano sem
entender sua relação de contexto social?
3. A compreensão da ação: ação é conduta voltada dotada de significação
e sentido. O que significa para o sujeito a ação dele no mundo? Ação
intencional, não neutra. O que está por trás da ação? Qual o sentido
social? Ex: pq a mulher deve ficar em casa?

- Significado como IDEOLOGIA: naturalização.

- “Minoria” remete a poder, pouco poder.

- A práxis: deve estar ligada com a relevância, a história social; assumir a


perspectiva de uma práxis popular é tomar partido da MAIORIA popular.

- Noção de quem não estar na “bolha” é estupidez, porque é muito simples se


adequar. Ex: pescadores e internet.

TEXTO 2: O PAPEL DO PSICÓLOGO (Martín-Baró)

- “O trabalho profissional do psicólogo deve ser definido em função das


circunstâncias concretas da população a que deve atender.” (M-B).
- LEWIN: Pesquisa-ação.

- Horizonte/quefazer do psicólogo: a conscientização.

- Ele deve ajudar as pessoas a superarem sua identidade alienada, pessoal e


social, ao transformar as condições opressivas do seu contexto.

- Aceitar a conscientização como quefazer requer mudanças na perspectiva


teórica e prática a partir da qual se trabalha.

O contexto centro-americano

- É muito mais importante analisar a situação histórica dos povos e suas


necessidades do que estabelecer o âmbito específico de psicologia como
ciência ou como atividade.

- As definições genéricas trazidas de outros locais nos tornam míopes para


com as nossas realidades.

- O “quefazer” vai depender do contexto, deve ser voltado a ele antes.

- Três aspectos primordiais que parecem caracterizar o momento atual dos


povos centro-americanos:

1. A injustiça estrutural: sobre as sociedades sobres e subdesenvolvidas


assentam-se regimes que distribuem desigualmente os bens
disponíveis, submetendo a maioria dos povos em condições miseráveis
e pequenas minorias desfrutarem o luxo.

- “Na América Central, a maior parte do povo nunca teve suas necessidades
mais básicas de alimentação, moradia, saúde e educação satisfeitas, e o
contraste entre essa situação miserável e a superabundância das minorias
oligárquicas constitui-se na primeira e fundamental violação aos direitos
humanos em nossos países.” (Pg 2 e 3, 1996)

- Manutenção secular graças a aplicação de mecanismos (violentos) de


controle e repressão social. (Guatemala, Aguilera et al., 1981)

2. A luta revolucionária: situação de guerra ou quase-guerra. Miséria


estrutural. Desenvolvimento estacionado ou em retrocesso. Economias
forçadas a dedicar a maior parte de suas reservas ao esforço bélico
(destruição do próprio povo e país)

- Onde poderiam surgir fábricas, estão quarteis; o dinheiro para a agricultura é


usado para bombas e helicópteros armados.

- Militarização da área centro-americana. (aprioris que isso traz)

3. Estudos nacionais como satélites dos EUA: acelerada satelização


nacional. Doutrina de “segurança nacional”, toda existência dos países
deve se submeter à lógica da confrontação total frente ao comunismo.

- Poeta salvadorenho Roque Dalton: “o presidente dos Estados Unidos é mais


presidente do meu país que o presidente do meu país”. DOMINAÇÃO.

- Autonomia na política interna foi permitida. (Maira, 1982), mas esses graus de
liberdade estão sendo eliminados rapidamente.

- “Aceitar que a pobreza de nossos países contém uma certa dependência


daqueles que podem nos ajudar a enfrentar os nossos problemas não é tão
ruim; o que é pior é que estamos hipotecando nossa própria identidade e
autonomia sem com isso resolver nossos problemas, até mesmo eliminando a
possibilidade de um futuro para os nossos povos.” (p. 5)

- Intensificação da polarização.

O papel do psicólogo

- “Inquietante proliferação de uma espécie nova” (Richelle, 1968, p. 7).

- Outro francês, Didier Deleule, dava uma resposta bastante radical a essa
questão: a proliferação da psicologia se devia à função que estava assumindo
na sociedade contemporânea, ao converter-se em uma ideologia de
reconversão.

- “A psicologia oferecia uma solução alternativa para os conflitos sociais:


tratava-se de mudar o indivíduo preservando a ordem social ou, no melhor dos
casos, gerando a ilusão de que talvez, ao mudar o indivíduo, também mudaria
a ordem social, como se a sociedade fosse uma somatória de indivíduos
(Deleule, 1972; ver também Bricht et al., 1973)” (p. 6)
- Não se trata, portanto, de se perguntar o que pretende cada um fazer com a
psicologia, mas antes e fundamentalmente, para onde vai, levado por seu
próprio peso, o quefazer psicológico; que efeito objetivo a atividade psicológica
produz em uma determinada sociedade (Martín-Baró, s. d.). pg 6

- As críticas mais frequentes quanto aos psicólogos da américa central são que
suas atenções estão ligadas nos setores sociais mais ricos, centrando a
problemática no “pessoal”, se esquecendo dos fatores sociais. (Zúniga, 1976)

- Psicologia está reproduzindo o sistema (Braunstein at al., 1979)

- “O contexto social converte-se assim em uma espécie de natureza, um


pressuposto inquestionado, frente a cujas exigências “objetivas” o indivíduo
deve buscar a solução para seus problemas de modo individual e “subjetivo”
(7)

- Examinar o que somos (como psi), mas também o que poderíamos ter sido, e,
sobretudo, o que deveríamos ser frente às necessidades de nossos povos. (8)

- “A consciência não é simplesmente o âmbito privado do saber e sentir


subjetivo dos indivíduos, mas, sobretudo, aquele âmbito onde cada pessoa
encontra o impacto refletido de seu ser e de seu fazer na sociedade, onde
assume e elabora um saber sobre si mesmo e sobre a realidade que lhe
permite ser alguém, ter uma identidade pessoal e social. A consciência é o
saber, ou o não saber sobre si mesmo, sobre o próprio mundo e sobre os
demais, um saber práxico mais que mental, já que se inscreve na adequação
às realidades objetivas de todo comportamento, e só condicionada
parcialmente se torna saber reflexivo (ver Gibson, 1966; Baron, 1980).”

- A consciência é uma realidade psicossocial relacionada com a consciência


coletiva (DURKHEIM, 1984).

- A consciência inclui, antes de tudo, a imagem que as pessoas têm de si


mesmas, imagem que é o produto da história de cada um, e que obviamente,
não é um assunto privado; mas inclui, também, as representações sociais
(Lane, 1985) e, portanto, todo aquele saber social e cotidiano que chamamos
“senso comum”, que é o âmbito privilegiado da ideologia (Martín-Baró, 1984b).
- Se o objetivo da PSI é a tomada de consciência, deverá atender ao saber das
pessoas sobre si enquanto indivíduos e enquanto membros de uma
coletividade.

- O saber mais importante no ponto de vista psicológico não é o conhecimento


formal, mas sim esse conhecimento inserido na práxis quotidiana.

- A conscientização constitui-se no horizonte primordial do quefazer


psicológico.

- Para Paulo Freire, conscientização é o processo de formação pessoal e social


que experimentam os oprimidos latino-americanos quando se alfabetizam em
dialética com o seu mundo. (Freire 1970, 1971, 1973; INODEP, 1973).

- Para Freire, alfabetizar-se não consiste simplesmente em aprender a escrever


em papéis ou a ler a letra escrita; alfabetizar-se é sobretudo aprender a ler a
realidade circundante e a escrever a própria história (que é, sobretudo,
coletiva).

- O processo de conscientização supõe três aspectos:

a) O ser humano se transforma ao transformar a sua realidade. Processo


dialético e ativo que não pode acontecer através de imposições, mas de
diálogos.
b) Mediante a gradual decodificação de mundo, a pessoa capta os
mecanismos que oprimem e desumanizam com o que se derruba a
consciência e mistifica essa situação como natural, abrindo horizonte
para novas possibilidades de ação. Nova práxis = novas formas de
consciência.
c) O novo saber da pessoa sobre sua realidade leva a um novo saber
sobre si mesma e sobre sua identidade social. Lhe permite saber as
raízes de quem é e do que pode chegar a ser. Recuperação da memória
histórica oferece uma base para determinar mais autonomamente o
futuro.

- “A conscientização não consiste, portanto, em uma simples mudança de


opinião sobre a realidade, em uma mudança de subjetividade individual [...];
supõe uma mudança das pessoas no processo de mudar sua relação com
o meio ambiente e, sobretudo, com os demais.” (p. 10)

- “O quefazer do psicólogo deve buscar a desalienação das pessoas e grupos,


que as ajude a chegar a um saber crítico sobre si próprias e sobre sua
realidade.” (11)

- “Se até o DSM III (American Psychiatric Association, 1983) reconhece que
todo comportamento envolve uma dimensão social, o quefazer do psicólogo
não pode limitar-se ao plano abstrato do individual, mas deve confrontar
também os fatores sociais onde se materializa toda individualidade humana.”
(11)

- Centralização da psicologia no âmbito do pessoal como correlato dialético ao


social.

- Não se pode fazer psicologia na América central sem assumir sérias


responsabilidades históricas (12)

- A conscientização responde a situações de injustiça, promovendo


conscientização crítica sobre as raízes da alienação social.

- A conscientização não só possibilita, mas facilita o desencadeamento de


mudanças, o rompimento com os esquemas fatalistas que sustentam
ideologicamente a alienação das maiorias populares.

- O processo de conscientização supõe abandonar a mecânica reprodutora das


relações dominação-submissão, visto que isso pode ser realizado com
diálogos.

- A tomada de consciência aponta diretamente ao problema da identidade tanto


pessoal como social, grupal e nacional, visto que as leva a recuperar a
memória histórica e assumir papéis mais autênticos ao seu passado.

- Um objetivo primordial para a psicologia no presente e futuro é estar atenta às


vitimas de guerra, sejam elas quais forem.

- A psicoterapia deve apontar diretamente para o desaparecimento de uma


identidade social cultivada sobre os protótipos de opressor e oprimido, e a
configurar uma nova identidade das pessoas enquanto membros de uma
comunidade humana, responsáveis por uma história (Martín-Baró, 1984a).

- Trata-se não somente de que os alunos aprendam com os currículos


escolares planejados, mas sobretudo, que aprendam a confrontar a realidade
de sua existência com um pensamento crítico. (15)

- Novos métodos de diagnóstico e de intervenção.

- “Não devem centrar-se tanto no onde, nas no a partir de quem; não tanto em
como se está realizando algo, quanto em benefício de quem; e, assim, não
tanto sobre o tipo de atividade que se pratica (clínica, escolar, industrial,
comunitária ou outra), mas sobre quais são as consequências históricas
concretas que essa atividade está produzindo.”

Conclusão: uma opção histórica

- Psicólogos são chamados para intervir nos processos subjetivos que


sustentam e viabilizam as estruturas socioeconômicas injustas. Ajudar a
encontrar caminhos para substituir hábitos violentos por mais racionais.
Contribuir, tb, para uma formação de identidade pessoal e coletiva que
corresponda às exigências mais autenticas dos povos.

- Assumir a nossa responsabilidade social.

- O psi centro-americano deve repensar a imagem de si mesmo como


profissional. Nosso saber psicológico deve ser confrontado com novos
problemas do povo e suas questões.

- É urgente assumir a perspectiva das maiorias populares. O que vemos,


depende de onde está sendo visto. Olhar dos setores dominantes (COMUM).

- Acomodação a um sistema social que nos tem beneficiado X confrontação


crítica frente a esse sistema. Acompanhar ou não a luta das maiorias pobres e
oprimidas.

- Colocar o saber psicológico a serviço da construção de uma sociedade que o


bem estar dos menos não faça sobre o mal estar dos mais.

AULA 04/11/21
- Psicologia foi feita para padronizar.

- Como estudantes de universidade pública, devemos servir o povo,


especialmente a maioria populacional.

A FABRICAÇÃO DA TEORIA DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS


(MARKOVÁ)

- Modelo de teoria científica social.

- “Ao contrário do que Moscovici muitas vezes chamou de “teorias de uma ou


duas frases”, ao fazer referência à psicologia social baseada na manipulação
de variáveis, a teoria das representações sociais é construída sobre um rico
conjunto de pressupostos. Em segundo lugar, o reconhecimento explícito dos
pressupostos das representações sociais no emprego nas práticas
profissionais, como educação, política e saúde, permite uma contribuição única
para as ciências sociais e humanas.” (MARKOVÁ, 2016)

A POSIÇÃO ESTRATÉGICA DA PSICOLOGIA SOCIAL

- Posição: entre a sociologia e a antropologia social.

- “Sendo uma disciplina híbrida em um movimento contínuo, a psicologia social


tem que lidar com as tensões produzidas por tais relações conjuntas. De fato, é
o estudo dessas tensões que constitui o desafio e a especificidade da
psicologia social.”

FUNDAMENTOS INTELECTUAIS DA TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES


SOCIAIS E COMUNICAÇÃO

Senso comum e ciência

- Estudo da psicanálise foi usado para investigaras representações sociais.

- Tal estudo trouxe luz entre o pensamento cientifico e profissional X o


pensamento quotidiano das pessoas comuns.

- A psicanálise foi escolhida por ter afinidades com o senso comum; então os
leigos entenderiam.
- Saindo da curva de sua época, Moscovici promoveu a perspectiva de um
desenvolvimento contínuo do pensamento de senso comum para a ciência. O
pensamento científico se difunde no pensamento quotidiano.

Elementos X Estrutura do todo

- Nos anos pós-guerra, Norbert Wiener definiu um novo campo interdisciplinar:


a cibernética = o estudo científico do controle/informação/comunicação em
animais e máquinas.

- A cibernética fez voltar o foco em investigação de sistemas e estruturas; para


o conceito de informação e comunicação.

- Wiener (1948) argumentou que não seria possível entender as comunidades


sem uma exploração completa dos meios de comunicação nos sistemas
sociais.

- Os indivíduos não criam um grupo ou comunidade com intuito de alcançar o


equilíbrio; a sociedade é criada em e por meio de distúrbios heterogêneos,
tensões e vários tipos de interações entre os membros e seus modos de
comunicação.

- Cibernética = ideia holística.

Comunicação

- Não linear.

- Quem, o que, para quem e com que feito fala.

- Estrutura e forma (cibernéticos) contrastam com “elementos” ou “estímulos”


(behaviorismo)

- Comunicação e linguagem são essenciais para o conceito de representações


sociais.

- Representações são formadas, mantidas e formadas na e por meio da L e C;


ouso de palavras e atributos ligados aos sentidos transforma as
representações sociais.

- Interações de grupos heterogêneos gera variedade de estilo, pensamento e


comunicação, baseadas em consenso ou em contradição.
- Comunicação não condiz melhor compreensão, harmonia e progresso.

- “A teoria das representações sociais não pressupõe progressos para formas


superiores de conhecimento ou para representações mais adequadas
(MARKOVÁ, 2003)” (6)

- ELA PRESSUPÕE A TRANSFORMAÇÃO DE UM TIPO DE


CONHECIMENTO EM OUTRO;

- Polifasia cognitiva: diversos tipos de pensar e comunicar. Coexistencia


simultânea de pensamentos e conhecimentos. Tensão, conflito e restrições.

De atitudes à representação social

- Moscovici (1952) expressou sua forte insatisfação com o uso de questionários


para examinar opiniões e atitudes em relação a psicanálise. Sim-não não eram
possíveis de entender como as pessoas pensam.

- Escalas de Guttman ofereciam amostras das ideias. Buscava descobrir as


estruturas dos itens agrupando os respondentes.

- Os padrões que os itens estavam mais juntos representavam gestalts


significativas e socialmente compartilhadas = expressavam o grau de
estruturação dos fenômenos sociais.

- “É importante ressaltar que não se tratava da transformação de informações


neutras, mas sim de conhecimento carregado de valor que grupos e
sociedades acumularam em e por meio da cultura ao longo das gerações: isso
contém ética.”

- Design poderia matematicamente mostrar padrões ou estruturas em


fenômenos sociais.

A ciência proletária e burguesa

- Psicanálise = ciência burguesa.

- “Enquanto a ciência “proletária” visava à reorganização das relações de


trabalho, racionalização, centralização e planejamento da direção do trabalho,
acreditava-se que o proletariado precisava de orientação.” (8)
- OBJETIVO de Moscovici: reabilitar o senso comum e outras formas de
pensamento prático quotidiano. VALIDAÇÃO ÀS MASSAS.

- Se opunha a ideia de que as pessoas não podem pensar de forma racional e


científica = FORTE RECURSO INTELECTUAL no desenv. Da teoria de
Moscovici.

A história da ciência, tecnologia e senso comum.

- Influencia de Alexandre Koyré; o levou a sugerir que as inovações e as


revoluções científicas não surgem de déficits e anomalias, mas a partir de um
“excedente”. (Kuhn, 1962)

- Mudanças científicas não se dão ao acaso, elas são parte das mudanças do
mundo. Frutos da liberdade de pensamento, da curiosidade, imaginação e dos
riscos assumidos durante a revolução científica.

Fenomenologia

- A consciência humana é intencional e direcionada a objetos e a outros seres


humanos.

- A fenomenologia está preocupada com os conteúdos da experiencia,


incluindo imaginação, julgamentos, emoções, consciência do eu e do outro e
interações.

- Experiencia de vida como um sistema dinâmico e aberto (Marleau-Ponty,


1964b)

- Fenomenologia da linguagem concernente ao corpo = o corpo vivo abrange a


totalidade do processo de tomada de sentido do sujeito e da autocriação do
mundo, seja por olhar para um objeto, pintar ou falar. (Marleau-Ponty, 1964b)

- Fenomenologia da percepção: representação social (PARA MOSCOVICI).

- “Isto é o que fixou essa noção em minha mente, como isso era associado a
certas ideias sobre a relação entre comunicação e conhecimento, e a
transformação do conteúdo do conhecimento” (MOSCOVICI; MARKOVÁ, 2000,
p. 233).

Fazendo escolhas éticas


- Estudo das escolhas éticas pós 2º guerra.

- Paixões separam e unem comunidades.

- “Escolhas éticas” é uma característica fundamental da epistemologia do


senso comum e da teoria das representações sociais (MARKOVÁ, 2016).” É a
capacidade que faz da nossa espécie seres humanos.

- Fazer avaliações e julgamentos de eventos e de outros é indispensável em


todas as interações na vida diária.

O INDIVÍDUO E O SOCIAL

- Karl Marx tornou compreensível o que era “social” em suas teorias. “Social”
referia-se a classes sociais e Marx definiu bem o papel histórico delas, embora
ele não tenha prestado muita atenção ao que era “individual” (11)

- Freud: Id, ego e superego (individual), cultura (social).

- Psicologia social taxanômica (Moscovici): as relações entre o individual e o


social elevam-se a agregados em vez de interações. Não se pode conceitua-
las separadamente. SÃO CONCEBIDOS UM NO OUTRO.

- A sociedade não é feita de indivíduos para Moscovici, pois o fato de dois ou


três indivíduos pensarem juntos não os tornam uma sociedade.

- Ego-alter-objeto TEM RELAÇÃO TRIANGULAR, DINÂMICA E ABERTA.

- Na TRS as relações vêm em primeiro lugar; combinando e usando


capacidades intelectuais dos indivíduos de várias maneiras.

EPISTEMOLOGIA INTERNACIONAL EM PRÁTICAS PROFISISONAIS

Integrando conceitos de interação

- Bauer e Gaskell (1999) expandiram o triângulo Ego-Alter-Objeto,


concentrando na dimensão temporal da construção de significados de senso
comum.
- Representam o triangulo como uma construção alongada que capta
transversalmente o passado, o presente e o futuro de significados do senso
comum.

- Modelo de Toblerone

- Para Zittoun (2014), o processo de conhecer envolve internalização,


reorganização do conhecimento anterior e construção de novos
conhecimentos.

- No campo da surdez-cegueira congênita, com base na triangularidade do


Ego-Alter-Objeto, Ann Nafstad (2015) explorou o conceito de resiliência dos
pacientes, mostrando que sua qualidade depende da confiança que o paciente
desenvolveu na relação paciente-cuidador.

Estudos de caso único

- O Ego define o Alter e eles transformam um ao outro (15)

- O que é vital para estudos de caso único é o conceito de que o Eur e seu
contexto sociocultural são interdependentes, ambos contribuindo para os dados
empírico.

- Estudos de casos individuais não podem ser submetidos à generalização


estatística levando à “verdade universal” nem ao “conhecimento
universalmente válido”, com base em abordagens indutivas. Ao utilizar o
conhecimento intuitivo ou uma teoria preliminar, o pesquisador deve estar
preparado para descarta-lo ou alterá-lo, se o instinto se revelar irrelevante.

O que são as representações sociais?

- Um conjunto de conceitos, explicações e proposições originadas na


vida cotidiana dadas pela comunicação interpessoal.

- Mitos e sistemas de crenças, tal como aversões contemporâneas.

- IMPOSTAS.

- Memória coletiva.

- Conhecimento científico e senso comum se completam.


- Função: permitem que os indivíduos transformem uma realidade
estranha em familiar.

- Formadores: objetivação (organização, crenças universalistas) e


ancoragem (assimilação do novo ao que já existe).

Aula 02/12/21:

- Posição estratégica da psi social: potencial de agir em resposta aos


fenômenos econômicos, políticos, históricos e sociais.

- Micro: minhas relações com os grupos e pessoas a quem faço parte.

- Macro: valores sociais que carregamos.

- Relação em constante tensão, não harmônica.

- Tensores: vão mudar as relações sociais.

- Tensão: pensamento científico e profissional X cotidiano das pessoas


comuns.

- As representações sociais são o científico no senso comum. Tem


significado, representam algo. É a formulação sobre algo; ex.: dinheiro.

- Fluidez de concepções.

- Multidões (Flávia)

- Cibernética estuda a informação e a comunicação.

- A partir das tensões representações são formadas, mantidas e mudadas


através da linguagem e da comunicação. Carregadas de significado.

- Quanto mais tensão, mais modificação nas representações.

- Quanto mais uniformidade, menos fluidez (não rigidez, ser devir).

- A linguagem (palavras e atributos) dão sentidos e transformações às


representações sociais.

- O proletariado não precisa de orientação para Moscovici.

- Experiencia da vida como dinamica e aberta.


- Fenomenologia da linguagem: o corpo vivo abrange a tomada de sentido do
sujeito. Através da linguagem atribuímos sentido e criação.

- Fenomenologia da percepção (Marleau-Ponty): enfatizou a primazia da


percepção, da representação social. Como nós representamos o mundo, como
traduzimos.

- O individual afeta o social.

- TRIANGULO: Passado, presente e futuro de significados do SENSO


COMUM. Como projetamos o nosso devir?

- Os grupos crescem e subdividem-se; nos subdivididos há variedades de


estruturas triangulares dinâmicas coexistindo, competindo, cooperando ou em
conflito umas com as outras.

- Diferentes tipos de senso comum dominam em diferentes subgrupos, ao


mesmo tempo, e podem seguir diferentes caminhos.

- A subdivisão é a partir do passado.

TEXTO: O PAPEL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A NATUREZA


DA HOMOSSEXUALIDADE NA OPOSIÇÃO AO CASAMENTO CIVIL E À
ADOÇÃO POR FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS

Aula: 09/12/21

- “Forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo visão


prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um
conjunto social” (Denise Jodelet, BOCK et al, p. 73)

- Conceito e percepção se imbricam formando a representação de um


objeto (BOCK, 73)

- Dupla natureza: conceitual e figurativa: faz compreender a toda figura


um sentido e a todo sentido uma figura.

- Sensação - informação, dados.

- Perceber - simbolizar, interpretar.

Universos:
- Consensuais: atividade intelectual do cotidiano.

- Reificados: pensamento científico.

- Objetivar é traduzir conceitos em imagens, processo de transformação


do conceito/ideia em fato concreto. Projeção reificante. Significar.

- Toda representação social tem contexto de onde está inserida.

Três dimensões ou dois tipos de crenças essencialistas sobre a


homossexualidade:

- A imutabilidade: homossexualidade é biológica, fixada no início da vida e


difícil de mudar. Negativo.

- A diferença fundamental: Homossexuais tem natureza profundamente das


pessoas não homossexuais. Negativo.

- A universalização: crenças que a homossexualidade é cultural e


historicamente variável. Positivo.

- Objetivação: crenças essencialistas.

- Crenças essencialistas psicológicas: teorias implícitas que as pessoas


mantêm sobre a natureza dos grupos sociais; as pessoas tendem a acreditar
que os objetos naturais e fatos sociais possuem conjunto FIXO e IMUTÁVEL
de atributos, ou essências, que DEFINEM A NATUREZA desses objetos e
fatos. (2b)

CINCO PRINCÍPIOS ORGANIZADORES DE UM AMPLO CONJUNTO DE


CRENÇAS SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE

- Natureza religiosa: homossexualidade como profunda imutável predisposição


para o pecado e para a desobediência às leis de Deus.

- Natureza ético moral: homossexuais partilham uma profunda tendencia para


violar os valores tradicionais, como a decência, da moralidade e as boas
maneiras.
- Natureza psicológica: homossexuais tem profundos distúrbios psico-afetivos.
Sempre ligado a algo ruim. Ex: sofreu abuso e não quer mais aquele
determinado gênero.

- Natureza biológica: homossexualidade teria base genética, fixa e imutável.


Pode ser “descoberta” e “curada”.

- Natureza psicocultural: conjunto de crenças não-essencialistas, assente na


ideia que a homossexualidade tem base cultural e representa uma expressão
normal da sexualidade humana. Ex: terceiro sexo. Culturalmente não teria
discriminação.

- Se as representações estão na base do preconceito e da discriminação


(Pérez, 1997), é de se esperar que o preconceito funcione como um dos
mecanismos psicológicos por meio do qual as RS sobre a natureza dos grupos
sociais fomentam a discriminação contra esses grupos. (3b)

TEXTO:

- Brasil em primeiro lugar no ranking de homofobia.

- Drama na adoção de crianças por famílias homoparentais (Zambrano, 2006).

- Ampla evidencia de ausência de diferenças no desenvolvimento e na


socialização de crianças criadas por famílias homoparentais ou heterossexuais.
(Picazio, 1998)

- “Parece ser pertinente sugerir a possibilidade de existir no Brasil


representações sociais (RS) normativas sobre a homossexualidade que, de
certa forma, permitem a expressão de atitudes e comportamentos
homofóbicos” (2ª)

- Pouca informação no CAPES, nenhum sobre RS no preconceito.

Representações sobre a natureza dos grupos sociais e preconceito


contra os homossexuais

- O essencialismo é, portanto, uma teoria de senso comum baseada na crença


de que cada categoria de objetos tem um conjunto fixo de características que
definem a natureza de cada elemento da categoria (Medin & Ortony, 1989).
Quando as pessoas usam essa crença para descrever a natureza dos grupos
sociais, o fazem, sobretudo, para justificar as desigualdades sociais e a
discriminação contra grupos minoritários (Pereira, Vala, & Costa-Lopes, 2010).

- Hegarty e Pratto (2001) identificaram DUAS dimensões ou crenças


essencialistas: a imutabilidade (base biológica da homossex., fixada no
inicio da vida e “difícil” de mudar) e a diferença fundamental (crença de
que os homossex. tem alguma natureza muito diferente dos heteros).

- Universalização (Haslam e Levy, 2006): crença que a homossexualidade é


cultural e historicamente variável.

- Univ e imut se correlacionam negativamente com o preconceito para com os


homossexuais, já a diferença fundamental se relacionava positivamente.

- Teorias de senso comum baseadas na ideia de que a homossexualidade é


resultante da fraqueza do indivíduo para resistir ao que se acredita serem
tentações demoníacas, fraqueza moral e, no domínio da relação entre ciência e
senso comum, na crença de que a homossexualidade seria um distúrbio
psicológico (Pereira, Torres, Pereira, & Falcão, 2011)

- “A essencialização é um exemplo prototípico do que Moscovici descreveu


como “objetivação”, explicando como as pessoas naturalizam conceitos e
relações científicas, transformando-as em conhecimento de senso comum” (3ª)

- As teorias e práticas científicas, quando transformadas em conhecimento de


senso comum sobre a homossexualidade, são fontes de justificação para a
discriminação contra os homossexuais (Camino, 1998).

- 5 princípios organizadores: natureza religiosa, natureza ético-moral, natureza


psicológica, natureza biológica, natureza psicocultural.

- “Lacerda et al. (2002) também constataram que o preconceito flagrante em


relação aos homossexuais estava baseado na crença em uma suposta
natureza ético-moral e religiosa da homossexualidade, enquanto o preconceito
sutil estava mais relacionado com crenças na natureza biológica e psicológica.
Apenas a crença na natureza cultural da homossexualidade estava relacionada
com atitudes igualitárias face aos homossexuais.”
- “Com base nesses resultados, Lacerda et al (2002) concluíram que as RS
sobre a natureza da homossexualidade podem contribuir para a manutenção
de práticas sociais homofóbicas na medida em que essas crenças são
amplamente difundidas no pensamento de senso comum e são usadas para
legitimar as políticas e ações sociais direcionadas aos homossexuais.”

Medidas/procedimento

- Os efeitos das crenças religiosas e psicológicas são positivos e significativos:


a maior adesão a essas crenças implica maior nível de preconceito. Em
contrapartida, o efeito das crenças culturais é negativo e significativo, de modo
que a maior adesão a essas crenças implica menor nível de preconceito. O
efeito das crenças biológicas não é significativo. (6)

Análise das mediações

- O preconceito mostrou-se ser o principal preditor do suporte às políticas


discriminatórias.

Discussão

- As relações entre RS da homossexualidade, o preconceito e a discriminação


contra os homossexuais mostram que os princípios organizadores dessas
representações se relacionam com o apoio a políticas homofóbicas e que as
relações verificadas são mediadas pelo preconceito flagrante contra os
homossexuais.

- Os conceitos religiosos, éticos-morais e psicológicos dão apoio a manutenção


de políticas discriminatórias.

- Atitudes anti-gays (Lacerda et al., 2002)

- Nas investigações feitas por Haslam e Levy (2006), constatou-se que as


crenças essencialistas de base biológica se relacionaram negativamente com a
atitude anti-gay, o mesmo ocorrendo nas investigações realizada por Jayaratne
et al. (2006) sobre o papel das crenças no modelo genético nessas atitudes. (9)

- É possível que as explicações para a natureza da homossexualidade


produzidas no âmbito das instituições religiosas e científicas tenham sido
absorvidas pela sociedade e transformadas em teorias de senso comum, as
quais constituem os princípios organizadores das representações sobre a
natureza da homossexualidade (9b)

- No caso da homossexualidade, a força da norma anti-preconceito, associada


à ideia da orientação sexual ser cultural e socialmente construída, parece ser a
base de atitudes menos preconceituosas e do apoio às políticas
antidiscriminatórias contra os homossexuais (ver Pereira et al., 2011).

- As representações sociais criam uma identidade para o grupo. (ciampa,


flávia - identidade grupal)

DEFINIÇÃO: “A representação social se relaciona à forma dos sujeitos


sociais avaliarem um objeto e construírem nele um significado, esse
significado passa a se reproduzido e compartilhado pelo GRUPO, atuando
no senso comum e se tornando uma REGRA de comunicação”
(MOSVOCIVI)

- Representação social é uma construção no mundo subjetivo (significado).

- Para MOSVOCIVI, enxergamos o mundo a partir das representações sociais


que criamos sobre esse mundo (objetivo).

- Atitude: orientação global favorável ou desfavorável, tomada de posição


diante do objeto de representação.

- Com as mudanças das RS, há confusão por não saber como agir, até que
sejam criadas novas RS sólidas (formas de conduta). Somos condicionados
desde a infância, ser ter poder de mudança sobre isso, apenas tomada de
hábito. (Moscovici)

- A construção das RS se dá pela interação entre os sujeitos do grupo


social, organizada pela comunicação.

- Pessoas podem perder a visão/noção do mundo objetivo pelas criações de


terceiros (anteriores a ele) do mundo subjetivo (RS) – Persona (JUNG)

- As Rs tornam o indivíduo dependente do grupo.


- Alegoria da caverna: enxergamos o mundo a partir das interpretações que as
pessoas ao nosso redor dão. Normalmente não há questionamentos sobre as
interpretações.

- O que são as luzes? (Foucault) = terceirizar a razão é ficar preso na


menoridade.

- “Pensamos aquilo que vemos ou vemos aquilo que pensamos?” (KANT), o


mundo que está dentro determina o de fora, e o fora determina o de dentro.

- Cada bolha social gera uma interpretação sobre algo ou alguém; (alma das
multidões, LeBon)

- RS é uma ciência que foi transformada em senso comum pela mídia.

- A representação social é uma teoria do conhecimento cotidiano, uma das vias


de apreensão do mundo concreto, circunscrito em seus alicerces e em suas
consequências (MOSCOVICI, 1978, p. 44)

- Não há dicotomia entre universo interior e exterior do indivíduo/grupo.

- A RS é uma preparação para o comportamento: guia, remodela e reconstitui


os elementos do meio em que o comportamento teve lugar, dando sentido ao
comportamento e integrando-o a uma rede de relações para que estas sejam
estáveis e eficazes.

- Sistemas interligados e comunicados entre gerações e grupos.

- Permite cristalizar as ações.

- Permite colocar “o mundo em nossa mente”

- Todo julgamento moral tem natureza social

- A força das RS está no saber popular, pois circula popularmente (FREUD)

- A RS é histórico-cultural.

- Metamorfose do conhecimento na sua circulação: pela comunicação elas se


transformam.
- Só acontecem a partir do afeto

- Abordagem psicossocial sobre a compreensão da realidade: vitalidade,


transversalidade e complexidade.

- Ligadas a sistema de pensamento amplos, sistemas de pensamento


científicos, a condição social e a experiencia privada e afetiva do indivíduo.

- A RS é a representação de algo e de alguém. Simbolização. (Mosvocivi,


1978, p.27)

- A comunicação assegura as trocas informais entre os grupos. Válvula de


escape para sentimentos disfóricos (conflito com o novo)

Processos internos das RS

- Ancoragem: quando o novo chega, existe um trabalho de torna-lo familiar ao


integrá-lo num universo de pensamento preexistente.
(cognitivo+proteção+justificação das condutas+comunicação)

- Efeitos da defasagem de conteúdos representativos:

 Distorções: atributos do objeto presentes, mas acentuados ou atenuados


de moto específico, objetivo de reduzir dissonâncias cognitivas.
 Suplementação: confere-se atributos e conotações que não eram
próprios ao objeto, acréscimo de significações devido ao investimento do
sujeito e ao seu imaginário.
 Subtração: s de atributos pertencentes ao objeto, efeito repressivo das
normas sociais.

- Objetivação: construção seletiva e esquematização estruturante (efeito da


comunicação e das pressões – pertença social – escolha e organização dos
elementos da representação) e naturalização (dar valor de realidades
concretas, legíveis e utilizáveis na ação sobre o mundo e os outros)

- Tudo que se discrepa é tido como loucura.

- Os objetos de conhecimento são dados inacabados, passíveis de modificação


a partir de uma atividade mental que o apreende.

- Nossos grupos não são estáticos, os grupos são dinâmicos (Flávia)


- Atualidade tecnológica: novo modelo relacional mudou a comunicação entre
as pessoas.

- A representação recebe o qualificativo “social” justamente porque é uma


modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de
comportamentos e a comunicação entre indivíduos (Moscovici, 1978, p. 26)

- Segundo Anadon e Machado (2001), o senso comum se nutre de dois


aspectos: o primeiro refere-se ao conjunto de conhecimentos originados das
tradições e experiências compartilhadas; e o segundo se refere às imagens
mentais e excertos de teorias científicas modificadas para servir à vida
cotidiana. Assim, o senso comum, por mais redundante que isso possa
parecer, é realmente comum porque orienta não apenas o comportamento de
um indivíduo, mas de toda a coletividade, determinando suas práticas e
atitudes.

- Moñivas Lazaro faz referência a três hipóteses que explicariam o porquê de as


representações sociais serem construídas:

A hipótese do interesse [1.ª] presume que se tem a intenção de criar imagens


capazes de expressar ou de conciliar os propósitos dos indivíduos e da coletividade,
podendo ocorrer, em tais imagens e declarações, distorções subjetivas da realidade
objetiva. Para a hipótese do desequilíbrio [2.ª], todo o conhecimento sobre o
mundo, todas as ideologias, são um modo de resolver as tensões psíquicas e
afetivas que provêem do fracasso de sua integração na sociedade, sendo, portanto,
uma compensação imaginária cujo propósito é restituir algum equilíbrio interno. Por
último, a hipótese do controle [3.ª] estabelece que os grupos produzem
representações que atuam como filtros sobre a informação proveniente do meio,
modelando a conduta dos indivíduos, como uma espécie de manipulação dos
processos de pensamento e estrutura da sociedade. (1993, p. 246 – grifos e
colchetes apostos)6

Referencias pré-prontas:

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 2.ed. Petrópolis:


Vozes, 2000.

FOUCAULT, M. O que são as Luzes? In: MOTTA, Manoel Barros da. (Org.).
Ditos e escritos: arqueologia das ciências e história dos sistemas de
pensamento. Vol. 2. 2. ed. Tradução: Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2008b.

PLATÃO. A república, livro VII. Brasília: UnB, 1996.

KANT, I. Crítica da Razão Pura (Tradução: Manuela Pinto dos Santos e


Alexandre Fradique Morujão). Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.

LE BON, G. Psicologia das multidões. Rio de Janeiro: F. Briguet & Cia.,1954.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social.


Rio de Janeiro, Vozes, 2003.

CIAMPA, A. C. Identidade. In: LANE, Silvia; CODO, Wanderley (Orgs.).


Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Editora Brasiliense,
1989. p. 58-75.

Os estudiosos franceses, participantes da burguesia, desenfiam que uma das


tensões entre científico X quotidiano.

- Pensamentos descontínuos

- Senso comum inferior.

- Moscovici não enxerga a descontinuidade, mas sim uma continuidade. O


pensamento científico se difunde no cotidiano, se transformando, se
relacionando.

- Através das mídias principalmente, em nossos tempos.

- Usar a ciência para comprovação de algo que queremos falar.

TEXTO: A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA – UMA PERSPECTIVA


CRÍTICA EM PSICOLOGIA (BOCK)

- Instituição da Psicologia como ciência foi em 1875.

- A ascensão da burguesia possibilitou o surgimento da Psicologia.

- Psicologia experimental, empírica e quantitativa.


- Ciência no século XIX: positivista (observável), racionalista (razão como
possibilidade desvenda leis naturais), mecanicista (funcionamento regular do
mundo), associacista (ideias se organizam na mente de forma a permitir
associações que resultam em conhecimento), atomista (o todo é o resultado da
organização de partes), determinista (mundo como conjunto de fenômenos que
são sempre causados e que a relação causa-efeito pode ser descoberta pela
razão humana)

- Wundt (1832-1920), experiencia consciente. Reconhecia o atomismo, mas se


diferenciava do associacionismo.

- Wundt via o pensamento humano como produto da natureza e como criação


da vida mental. Humano como criatura e criador.

- Wundt sugeriu duas psicologias: a experimental e a social, de modo a


resolver dicotomias natural e social.

- A psicologia sócio-histórica, com base na psicologia histórico-cultural de


Vigotsky (1896-1934), apresenta-se desde seus primórdios como uma
possibilidade de superação dessas visões dicotômicas.

- A PSH carrega consigo a possibilidade de crítica, fundamenta-se no


marxismo e adota o materialismo histórico e dialético como filosofia, teoria e
método.

- A PSH concebe o homem como ativo, social e histórico. A sociedade,


como produção histórica dos homens que, através do trabalho, produzem
sua vida material. As ideias, como representações da realidade de
matéria. A realidade material, como fundada em contradições que se
expressam nas ideias. E a História, como um movimento contraditório
constante do fazer humano, no qual, pela base matéria, deve ser
compreendida pela produção de ideias.

Abandonando a visão abstrata do fenômeno psicológico

- O primeiro aspecto é o abandono da visão abstrata do fenômeno psicológico


e a crítica a ela.
- A perspectiva liberal tem como um de seus elementos centrais a valorização
do indivíduo: o individualismo.

- A noção do eu e a individualização nascem e se desenvolvem com a história


do capitalismo.

- A psicologia se torna necessária para o estudo desse “eu”, do sentimento do


eu.

- A ideia de igualdade natural entre os homens proporcionou ao liberalismo o


questionamento das hierarquias sociais e das desigualdades trazidas do
feudalismo.

- Fenômeno psicológico: ora é processo, ora estrutura, ora manifestação, ora


relação, ora conteúdo, ora é distúrbio, ora experiencia. Interno e externo,
biológico, psíquico e social.

- O FP aparece descolado da realidade na qual o indivíduo se insere, além, é


deslocado do próprio indivíduo que o abriga. Algo que não temos muito
controle.

- O mundo social é estranho ao nosso eu, mas que devemos nos adaptar.

- A PSH não trabalha com essa concepção; acredita que o FP se desenvolve


ao longo do tempo, assim:

 Não pertence a natureza humana


 Não é preexistente ao homem
 Reflete a condição social, econômica e cultural em que vivem os
homens.

- FP é falar de sociedade.

- A compreensão do mundo interno exige compreensão do mundo externo.

- Cada transformação cria condições para novas transformações.

- O Fenômeno deve ser visto como subjetividade.


- A linguagem é mediação para a internalização para a internalização da
objetividade, permitindo a construção de sentidos pessoais que constituem a
subjetividade.

- Ideologia: sistema teórico, cujas ideias têm sua origem na realidade.


Desenvolve uma representação ilusória ao mesmo tempo daquilo sobre o que
trata e dele próprio; desempenha um papel mistificador, quase sempre
inconsciente. Constitui um sistema teórico que camufla e justifica a dominação
de classe. (CHARLOT, 1979, p. 32)

- Chauí informa que ideologia é a criação de universais abstratos, isto é, a


transformação das ideias particulares da classe dominante em ideias universais
de todos e para todos os membros da sociedade.

- Ideologia: representação ilusória que fazemos do real. A realidade fica


ocultada nas constituições ideais.

- Na psicologia, temos ocultado a produção social na teorização sobre


fenômenos psicológicos.

- A psicologia não tem sido capaz, no FP, de falar de vida, condições


econômicas, sociais e culturais que os homens se inserem, pelo contrário, tem
ocultado.

- Redefinir o fenômeno psicológico.

- A PSH exige a definição de uma ética e uma visão política sobre a realidade
na qual se insere o nosso “objeto de estudo e trabalho”.

Rompendo com as tradições

- Segundo elemento que faz a PSH ser uma abordagem crítica: romper com as
tradições classificatórias e estigmatizadoras da ciência e da profissão.

- A psicologia tem sua história “colada” aos interesses dos grupos dominantes
= ampliando a capacidade produtiva dos trabalhadores.

- Colonização = exploração = aparelho repressivo = controle a partir da igreja


ou intelectuais orgânicos.
- O rápido desenvolvimento da cidade do RJ, sem infraestrutura para suportar
as transformações que ele trouxe consigo, levou ao aparecimento de doenças,
miséria, prostituição e loucura.

- Saneamento material e moral (século XIX)

- Educação marcada por práticas autoritárias e disciplinares.

- Ideias psicológicas marcadas pelas finalidades de higienização moral e


disciplinamento da sociedade.

- A industrialização no BR trará novas exigências à Psicologia, como na


educação. Categorização.

- A psicologia tem naturalizado o que é social = padrão de normalidade.

- O que é normal não cabe interferência humana. A normalidade traz consigo


justificativas.

- Estudos sobre desenvolvimento infantil.

- Tudo que apresentamos como humanos é obtido nas relações sociais, nas
atividades e na cultura.

- Assim, a normalidade recebe outro sentido. NORMALIDADE =


POSSIBILIDADE.

- O diferente não é mais anormal, só menos provável. (Doenças, exemplo)

- Diferenças = diferenças individuais.

- A psi naturalizou o desenvolvimento e ocultou a origem social das diferenças.

- Psi: classificou, diferenciou, discriminou e estigmatizou.

- Denuncia da PSH: O ocultamento das condições de vida nos discursos da


Psicologia.

Superando a neutralidade na Psicologia

- O trabalho do psicólogo tem ação direcionada e intencionada.

- Não assumir a influencia que temos é camuflar a finalidade do trabalho.


- O sujeito com quem se trabalha é um ser ativo e transformador do mundo,
posicionado que intervém em seu meio social.

- Postura ética rigorosa.

- Nossas construções ideais de saúde e de normalidade em geral abrigam


valores morais da cultura dominante na sociedade;

- Por serem dominantes, instauraram-se na ciência e nos sujeitos.

- Não universalismo.

- A psicologia tornou-se uma profissão conservadora que trabalha para impedir


o surgimento do novo.

Superando o positivismo e o idealismo na Psicologia

- A PSH é crítica pq supera a positiva positivista e idealista, tomando método o


materialismo histórico e dialético.

- O positivismo contribuiu para construir uma psicologia que entendeu o FP


como algo desligado de traumas sociais, como se fosse um fenômeno natural,
submetido a leis que não podem ser alteradas pela vontade humana.

- O pensamento positivista foi incrementado pela postura idealista, que afirmou


a existência apenas da razão subjetiva.

- O método materialista histórico e dialético caracteriza-se por:

 Concepção materialista, segundo a qual a realidade material tem


existência independente em relação à ideia, ao pensamento, à razão;
existem leis na realidade, numa visão determinista, e é possível
conhecer toda a realidade e suas leis.
 Uma concepção dialética, segundo a qual a contradição é característica
fundamental de tudo o que existe, de todas as coisas. A contradição e
sua superação são base do movimento de transformação constante na
realidade.
 Uma concepção histórica. Só é possível compreender a sociedade e a
história por meio de uma concepção materialista e dialética. A história
deve ser analisada a partir da realidade concreta e não a partir das
ideias.

- A mudança dos fenômenos é qualitativa

- A contradição é a força do movimento de transformação.

Aula 27/01/22

- Tudo é construído pelo homem.

- O mundo e o humano estão em movimento.

- FB é falar de sociedade. Não é preexistente ao homem. Reflete as condições


do homem.

- Falar da subjetividade humana é falar da objetividade que vivem os homens


(BOCK)

- Não existe fenomeno natural na psicologia, ou seja, a psicologia não é neutra.

TEXTO: A PSICOTERAPIA SOCIO-HISTÓRICA (LIMA e CARVALHO)

- Vygotsky e Marx.

- Marx: experiencia duplicada – capacidade do homem de prever os resultados


(consequencia de seus atos)

- Vygotsky: psi interacionista – leva em consideração o plano filogenético, que


é a história da espécie, para entender como se originam os processos que hoje
são tipicamente humanas. O sociogenético, história da cultura do sujeito, e o
plano ontogenético, que trata da história do desenvolvimento do indivíduo como
Ser desde seu nascimento;

- A ontogênese se atenta não ao que o sujeito aprendeu, mas como.

- Processos psicológicos superiores: funcionamentos tipicamente humanos


(imaginação, planejamento, memória ativa, pensamento abstrato, atenção
voluntária, ações conscientemente controladas, raciocínio dedutivo e
capacidade de planejamento) tem origem no meio histórico e cultural
(sociogenese e ontogênese), emergindo dos processos psicológicos
elementares.
- Não há internalização se não houver mediação.

“Mediação, em termos genéricos, é o processo de


intervenção de um elemento intermediário numa relação;
a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser
mediada por esse elemento” (Oliveira, 2002, p. 26).

- Instrumentos e signos são mediadores da relação com o mundo.

- Instrumento: elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu


trabalho, ampliando a possibilidade de transformação do ambiente.

- Signos: instrumentos mais usados no campo psicológico, como uma


ferramenta em um trabalho manual.

- Internalização: é alcançada por dois movimentos

 Utilização de marcas externas, transformando-se em processos internos


de mediação.
 São desenvolvidos sistemas simbólicos que organizam os signos em
estruturas complexas e articuladas.

- GOES (2000): A ação do sujeito é considerada a partir da ação entre os


sujeitos. O sujeito constitui formas de ação e consciência nas relações sociais.

- O desenvolvimento se dá através das interações.

- Linguagem é o sistema simbólico mais importante na interpretação de mundo.

- Dois níveis de desenvolvimento

1. Nível de desenvolvimento real: Quando o indivíduo consegue realizar


feitos de forma autônoma, sem auxilio de qualquer sujeito.

o nível de desenvolvimento das


funções mentais da criança que se
estabeleceram como resultado de certos
ciclos de desenvolvimento já completados”
(Vygotsky, 2007, pp. 95-96)

2. Nível de desenvolvimento potencial: resolução de problemas sob


orientação de outro indivíduo mais capacitado ou com mais experiencia
na tarefa.
- ZDP: Zona de desenvolvimento proximal. Define as funções que ainda
não amadureceram, mas que estão em processo de amadurecimento.
Está situada entre os dois níveis. (VYG, 2007)

- Marangoni (2006) afirma que a psicoterapia socio-histórica atua a partir da


compreensão do contexto social dos sujeitos, da interação de acontecimentos
sociais, econômicos e políticos bem como constitutivos, e, de modo dialético,
também constituintes dos sujeitos; assim, retira do sujeito o prognóstico de que
suas dificuldades são causas intrínsecas e isoladas em si mesmas. Nesse
sentido, a psicoterapia socio-histórica é também interação social.

- Bock (2007) afirma que os psicólogos que atuam nessa vertente trabalham
para romper os processos de fragilização no sujeito, já que a saúde psicológica
do sujeito está na possibilidade de enfrentar cotidianamente seu contexto,
interferindo nele, construindo soluções para os conflitos que se apresentam. O
psicólogo, por exemplo, intervém na busca da construção de sentidos, isto
é, nos registros que o sujeito faz do seu contexto, registros esses que
podem ser as fontes de sua fragilidade.

- Psicoterapeuta = facilitador de novas produções subjetivas alternativas


que permitam novos processos de subjetivação.

- A subjetivação deve se tornar ação que faça o indivíduo se responsabilizar


por produzir novos espaços de sentido subjetivo.

- É preciso levar em consideração o estilo de vida dos sujeitos da psicoterapia.

- Psicólogo = mediador.

- Técnicas usadas na psicoterapia socio-histórica: QUINTINO-AIRES (2001) e


MARANGONI (2012)

 França (s/d) também considera importante observar a realidade do


sujeito e a forma como ele percebe suas experiências, para que, a cada
sessão terapêutica, possa desenvolver com os sujeitos, por exemplo, a
zona de desenvolvimento proximal,
 A heterocronia, que se refere ao tempo que cada sujeito tem para a
internalização de novos conceitos,
 A instigação, referente à estimulação de potencialidades,
 A contextualização, que coloca em contexto os mitos adquiridos pelo
sujeito ao longo de sua vida,
 A despotencialização, relativa à diminuição da potência de
comportamentos ideais e fossilizados.

- Intercurso mutuamente contingente: um padrão de interação relacional.

- Compreensão empática: que consiste em assumir a Eigenwelt do paciente,


reconhecendo e assumindo a subjetividade da sua representação de Si e do
mundo

- Nomeação: que consiste em descrever e nomear o acontecer referido

- Repetição, que tem o objetivo de produzir maior verbalização, ou mesmo para


o sujeito perceber sua fala através do outro

- Marcação: que tem o intuito de não deixar no vazio a palavra do outro, ou


seja, apoia o diálogo, mas sem interromper o fala do sujeito

- Generalização: que procura reduzir a ansiedade, demonstrando semelhança

de determinada ação em outros humanos,

- Eco-emocional, que auxilia o sujeito a dar nomes a emoções e a sentimentos


quando este demonstrar dificuldade em fazê-lo,

- Re-expressão, que descreve eventos apresentados pelo sujeito, mas de uma


forma racional e objetiva,

- Pôr-verbo, quando se descreve um comportamento quando não houve


linguagem verbal (mais usado com crianças)

- Complementação de frases, usada por Rey como instrumento na ação


terapêutica e na construção de hipóteses. Essa técnica age na identificação
das configurações subjetivas envolvidas com os conflitos do sujeito, porque
facilita ao sujeito falar sobre as questões que o afetam, bem como se torna
uma interessante operação terapêutica no momento em que é associado à
conversação.
- Para Vygotsky (2008), o desenvolvimento do pensamento é determinado pela
linguagem, ou seja, pelos instrumentos linguísticos do pensamento, e pela
experiência socio-cultural do sujeito durante sua infância. Assim, o
desenvolvimento intelectual do sujeito (desde sua infância) depende de seu
domínio dos meios sociais do pensamento, ou seja, da linguagem.

Artigo de base 1 - Impacto Psicológico da Pandemia de SARS-CoV-2 em


crianças com transtornos do neurodesenvolvimento e suas famílias:
avaliação antes e durante o surto de COVID-19 em uma amostra italiana.

- Aumento de estresse parental

- Interação disfuncional entre pais e filhos

- Preocupação maior com crianças com transtornos dos neurotransmissores

Os distúrbios do neurodesenvolvimento estão associados a padrões alterados


de distúrbios da função cerebral que afetam a emoção, a capacidade de
aprendizado, o autocontrole e a memória que se desdobram à medida que um
indivíduo se desenvolve e cresce. Os NDDs incluem Deficiência Intelectual
(DI), distúrbios de comunicação, fala ou linguagem, Transtorno do
Desenvolvimento da Linguagem (DLD), Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno
Específico de Aprendizagem (SpLD) e Transtornos Motores. 2a

- As medidas de distanciamento social postas em prática para limitar a infecção


por SARS-CoV-2 colocaram em risco o delicado equilíbrio das crianças com
NDDs e suas famílias, principalmente pela impossibilidade de garantir a
continuidade dos tratamentos e depois para uma mudança de hábitos de vida
e, finalmente, pelo estresse causado pela ameaça infecciosa. 2a

- A hipótese de pesquisa deste estudo foi que a pandemia com suas medidas
restritivas e de distanciamento social agravou os problemas emocionais e
comportamentais das crianças

- SpLD= Transtornos Específicos de Aprendizagem; TDAH= Transtorno de


Déficit de Atenção/Hiperatividade; TEA= Transtorno do Espectro Autista; TA=
Distúrbios de Linguagem; NDDs = Transtornos do Neurodesenvolvimento.
- Os pais se viram tendo que conciliar vida pessoal, trabalho e educação e
gestão de seus filhos. Os pais se viram trabalhando em casa, com problemas
logísticos relacionados e ao mesmo tempo gerenciando seus filhos no contexto
da autonomia pessoal, gestão das refeições, atividades escolares e tempo
livre. = MEDIAÇÃO DIFUSA (VYG)

- A incapacidade de ser um suporte para os filhos, por vezes, causa o


aparecimento ou agravamento de problemas comportamentais pré-existentes e
a alteração do bem-estar emocional da criança.

- Mais apoio psicológico.

- Em conclusão, este estudo demonstra como a pandemia de SARS-CoV-2


impactou a vida de pais e crianças com NDDs. As mudanças nas rotinas
familiares levaram ao aumento do estresse parental e a uma relação
problemática entre pais e filhos. Isso sugere que é importante identificar
crianças e famílias em risco, que precisam mais do que outros apoio e
intervenções direcionadas. Além disso, este estudo sugere a necessidade de
intervenções específicas de telerreabilitação para essas famílias, que possam
proporcionar a continuidade dos cuidados durante o período de pandemia. É
necessário fornecer informações aos cuidadores para gerenciar e superar os
desafios vivenciados durante uma pandemia e fornecer apoio psicológico aos
pais.

Artigo de Base 2: EXPOSIÇÃO À PANDEMIA DE SARS PREJUDICOU O


DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA NA CHINA

- Os estressores sociais e mentais associados à pandemia de uma nova


doença infecciosa, por exemplo, COVID-19 ou SARS, podem promover efeitos
de longo prazo no desenvolvimento infantil. No entanto, os relatórios que visam
identificar a relação entre pandemias e saúde infantil são limitados.

- As políticas de distanciamento social remodelam o ambiente de vida das


crianças e muitas vezes reduzem as oportunidades de atividade física e
exposição ao ar livre6, que são fundamentais para o desenvolvimento
psicológico e fisiológico. Sentimentos de ansiedade, depressão e estresse se
espalham pelas redes sociais9,10e impactar negativamente tanto as crianças
quanto seus cuidadores.

- A exposição à SRAG (2003) durante a primeira infância foi associada ao


atraso no tempo para andar de forma independente, dizer uma frase completa,
contando de 1 a 10, e despir-se para urinar, com HR de 3,17 (IC 95%: 2,71,
3,70), 3,98 (3,50, 4,53), 4,96 (4,48, 5,49) ou 5,57 (5,00, 6,20), respectivamente.

- A exposição à SARS durante a primeira infância estava associada à redução


do peso corporal, mas não da altura.

- Viver a pandemia durante a primeira infância atrasou o desenvolvimento


fisiológico e cognitivo em 2003, os resultados sugerem que a atual pandemia
da covid-19 pode ter impactos semelhantes.

- Estudos e intervenções relevantes são urgentemente necessários.

- Pode impactar a saúde infantil além dos efeitos da infecção, por meio de (1)
caminhos comportamentais, (2) ambientais e (3) socioeconômicos

1. as mudanças comportamentais (uso de máscaras, quarentenas e redução


da atividade ao ar livre) podem afetar as funções fisiológicas e psicossociais
das crianças. As diretrizes de prevenção da SARS indicaram que as máscaras
prejudicam a comunicação não verbal entre crianças e adultos, promovendo
impactos psicossociais por meio do enfraquecimento das conexões sociais e
cognitivas13. O uso prolongado de máscaras também pode resultar em
desconforto14e alterações fisiológicas15, o que, para indivíduos vulneráveis,
pode ser particularmente prejudicial. O isolamento de crianças devido à
infecção ou exposição pode separar as crianças e seus cuidadores ou colegas
e alterar um contexto de aprendizagem importante para o desenvolvimento.
Por exemplo, a ausência dos pais pode afetar as conquistas cognitivas16e
aumentar o risco de depressão na vida adulta17. O fechamento de escolas
reduz ainda mais o companheirismo, que é uma medida eficiente de
enfrentamento de crises sociais18. As ordens de confinamento domiciliar
aumentam a prevalência de inatividade física e comportamentos sedentários
(por exemplo, assistir TV), que são fatores de risco para doenças
cardiovasculares, obesidade, diabetes e transtornos mentais em jovens19.
2. a pandemia remodela o ambiente de vida das crianças, mantendo-as dentro
de casa e reduzindo a exposição ao ambiente natural. De acordo com a
hipótese da biofilia20, a afiliação com a natureza promove a psicologia do
desenvolvimento infantil21. Por exemplo, o espaço verde residencial tem sido
associado a efeitos benéficos no desenvolvimento cognitivo e na função
cerebral em crianças em idade escolar22,23

3. a pandemia está associada a impactos socioeconômicos de curto e longo


prazo. Durante o surto, a disponibilidade reduzida de serviços médicos (por
exemplo,., pré-natal e pós-natal), fechamento de escolas e sentimentos de
pânico disseminados pelas mídias sociais podem afetar negativamente a
saúde infantil. Após a pandemia, desafios socioeconômicos como o aumento
do desemprego também podem prejudicar a saúde infantil. Embora muitos
canais subjacentes possam explicar associações negativas entre exposição
pandêmica e saúde infantil, as contribuições de diferentes vias para a ligação
epidemiológica são desconhecidas.

- Como descrevemos em nosso estudo, os efeitos do atraso no


desenvolvimento foram aumentados pelo tamanho da pandemia (Fig.2).
Portanto, é razoável supor impactos mais graves na saúde infantil do COVID-
19, em comparação com a SARS

- Surto de SRA.O início da pandemia de SARS ocorreu em 16 de novembro de


2002, na província de Guangdong e terminou em 28 de maio de 200328.
Foram 5.327 casos prováveis e 343 óbitos. Os casos de SARS foram
altamente agrupados em Pequim e Guangdong. Em Pequim, houve 2.522
casos (47% do total) e a curva epidêmica atingiu o pico por volta de 24 de abril
de 2003; em Guangdong, houve 1504 casos (28%) e o pico ocorreu por volta
de 8 de fevereiro de 200328. Para limitar a transmissão da SARS, uma série de
políticas de distanciamento social foram implementadas. Em Pequim, foram
implementadas quarentena estrita, fechamento de instalações (por exemplo,
lojas e escolas) e vigilância da temperatura corporal11. No presente estudo,
definimos o período de pandemia como novembro de 2002 a maio de 2003 e
os pontos críticos da doença como Pequim e Guangdong28(de acordo com a
província de nascimento de cada criança). Assumimos que todos os moradores
foram influenciados pelas políticas de distanciamento social e que aqueles de
áreas de hotspots sofreram maiores impactos. As estatísticas da SARS em
nível de província foram obtidas do Anuário Estatístico de Saúde Pública da
China de 2004.

Artigo de base 3: CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA HISTÓRICO-


CULTURAL DE LURIA PARA A PESQUISA CONTEMPORÂNEA

- Foi o mais importante e fecundo neuropsicólogo de seu tempo, e alçou a


neuropsicologia a um requinte e simplicidade inimagináveis cinquenta anos
atrás. O que desde o início distinguiu sua abordagem e constituiu uma linha
constante em todos os seus estudos foi o senso que tinha de que até mesmo
as funções mais elementares do cérebro e da mente não eram de natureza
inteiramente biológica, mas sim condicionadas pelas experiências, as
interações, a cultura do individuo - sua crença em que as faculdades humanas
não podiam ser estudadas ou compreendidas isoladamente, mas tinham
sempre de ser compreendidas em relação às influencias vivas e formativas.
(Sacks, 2008, p. 9-10)

- Para explorar alguns tópicos por nós selecionados como centrais na obra de
Luria, optamos pela remissão a seus textos publicados no Brasil com o objetivo
de propiciar ao leitor um mapeamento dos trabalhos disponíveis em português,
ao mesmo tempo em que neles localizamos as questões temáticas

- Comparando minhas experiências com as de psicólogos americanos e


ocidentais, vejo uma importante diferença. [...] A diferença repousa nos fatores
sociais e históricos que nos influenciaram. [...] (Luria, 1992, p.23)

- A partir de 1924, simultaneamente parceiro e discípulo de Lev Seminovich


Vygotsky (1896-1934)

- Luria explora o cérebro como um sistema biológico aberto, em constante


interação com o meio físico e social em que o sujeito está inserido. Destaca-se
aí o conceito de plasticidade cerebral, isto é, a ideia de que as funções mentais
superiores, tipicamente humanas, são construídas ao longo da evolução da
espécie, da história social do homem e do desenvolvimento de cada sujeito.

- Sistema funcional: refere-se ao fato de que as funções cerebrais são


organizadas a partir da ação de diversos elementos que atuam de forma
articulada e que podem estar localizados em áreas diferentes do cérebro, isto
é, não se encontram necessariamente juntos em pontos específicos do cérebro
ou em grupo isolados de células.

- A partir dos conceitos de sistema funcional e de plasticidade cerebral, Luria


distingue três unidades de funcionamento cerebral cuja participação é
necessária em qualquer atividade psicológica.

- A primeira unidade é ligada à regulação da atividade cerebral e do estado de


vigília. Faz manutenção do nível de atividade apropriado e alerta para a
necessidade de mudanças de comportamento a partir das demandas das
situações.

- A segunda unidade é para recebimento, análise e armazenamento de


informações, responsável pela recepção por meio dos órgãos dos sentidos.
Várias modalidades sensoriais. Todas as informações são armazenadas na
memória e podem ser utilizadas pelo sujeito em situações posteriores.

- A terceira unidade é dirigida à programação, regulação e ao controle da


atividade do sujeito. Forma intenções, constrói programas de ações e realiza
esses programas por atos exteriores, motores ou interiores, mentais. É
responsável também pelas ações em curso, comparando os efeitos da ação
exercida com as intenções iniciais.

- Qualquer atividade psicológica utiliza as três unidades.

- As três unidades funcionais operam em conjunto ao longo de toda a vida


individual, e as relações entre elas se transformam no processo de
desenvolvimento, sempre em interação com o contexto histórico-cultural em
que o sujeito se encontra. Por ser um sistema aberto, o cérebro está preparado
para realizar funções diversas, dependendo dos diferentes modos de inserção
do homem no mundo.

- Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos culturais e sociais (1990):


como os processos psicológicos superiores são construídos em diferentes
contextos culturais. (Pesquisa na Ásia central em 1931-2.)

- Estudos sobre a história do comportamento: símios, homem primitivo e


criança, foi escrito em colaboração com Vygotsky, publicado na União Soviética
em 1930 e traduzido para o português em 1996, a partir da edição norte-
americana de 1993: reúne três ensaios que tratam dos caminhos que
constituem a história do comportamento humano: a filogênese, a história
sociocultural e a ontogênese.

- Luria e Vygotsky enfatizam a ideia de transformação e se afastam de uma


concepção naturalizada de desenvolvimento. Destacam a invenção e o uso de
instrumentos pelos primatas, o surgimento do trabalho e do uso de signos na
história humana e o desenvolvimento cultural no âmbito da vida da criança.

- [...] impossível reduzir o desenvolvimento da criança ao mero crescimento e


maturação de qualidades inatas. [...] No processo de desenvolvimento a
criança 'se re-equipa', modifica suas formas mais básicas de adaptação ao
mundo exterior [...], começa a usar todo tipo de 'instrumentos' e signos como
recursos e cumpre as tarefas com as quais se defronta com muito mais êxito
do que antes. (Vygotsky; Luria, 1996, p. 214)

- O psicólogo encontra-se com frequência na mesma situação do historiador e


do arqueólogo e atua então como o detetive que investiga um crime que não
presenciou. (Vigotski, 1999, p. 31)

Sistema funcional:

- Conjunto de estruturas e processos cerebrais e fisiológicos que permitem a


realizações de certas tarefas.

- Interrelação de partes do corpo.

- As funções mentais são organizadas pela ação conjunta e articulada. Ex:


atenção, memória, leitura...

- São flexíveis, usando planos A, B, C... para produzir o mesmo resultado.

- Os instrumentos e símbolos sociais determinam quais as possibilidades serão


desenvolvidas e mobilizadas para fazer as tarefas. Usará as armas que
conhece, ou seja, cada cérebro funciona de forma diferente com base em seus
contextos.

Psicologia e processo social


- Funções psicológicas superiores: controle consciente, ação intencional e
pensamento abstrato. Se desenvolveram pela evolução e relações sociais.

- Ações reflexas, associações simples são processos básicos, acontecem em


todos os animais.

- No meio social é onde o homem se desenvolve.

FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES:

- As funções cognitivas dão a significação aos fenômenos da realidade objetiva

- As funções afetivas: sentimento e emoção. São responsáveis pelo significado


pessoal (Vyg chama de “sentido”).

- As funções psicológicas superiores são, a princípio, funções biológicas e


instintivas. Comuns aos animais. O que difere as funções no humano é que a
atividade é mediada pela cultura, ou seja, as funções são condicionadas
culturalmente.

- O psiquismo humano é o biológico condicionado culturalmente (Vyg)

- São funções mediadas pela cultura, é o que nos faz humanos.

- São funções especificamente humanas.

- A vantagem: autoconsciência. Dominar as funções psicológicas de forma


voluntária. Não vai apenas responder ao ambiente, mas sim responder
mediamente.

- Importância da mediação: a qualidade da mediação determina a qualidade do


sistema psicológico. Um psiquismo mais elaborado/sofisticado ou não.

- As funções elementares e as superiores são as MESMAS, a diferença é que


as superiores são mediadas pela cultura.

Aula 10/02/21

- A psicoterapia busca os contextos dos sujeitos.

- Conceitos importantes:
- A experiencia duplicada consiste na capacidade de prever os resultados; na
consequência de nossos atos e ponderar qual seria a melhor ação.

- Vyg vai falar sobre a experiencia duplicada

- Atenção voluntária melhora na escola (pandemia impediu isso)

- Função psicológica superior

- Mediação: instrumento e signo

- Em cada instrumento que utilizamos contém história

- Signos usados no campo psicológico. O principal é a palavra.

- Internalização: marcas externas que se transformam em processos internos


de mediação. Sistemas simbólicos são desenvolvidos e organizam os signos e
estruturas complexas e articuladas.

- Nível de desenvolvimento REAL: Autonomia.

- Nível de desenv. Potencial: ZDP. Buscamos a terapia pq não conseguimos


sozinhos e o psi vai atuar como mediador para realização da tarefa.

- Empatia: pensar no local do outro

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