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RESUMO N2 – PSICOLOGIA SOCIAL 2

Texto 1: Martín-Baró, I. (1986). Para uma Psicologia da Libertação. Boletin de Psicologia,


22.

Quem foi Martin-Baró? Ignacio Martín-Baró foi um indivíduo multifacetado. Ele era
um psicólogo, filósofo e padre jesuíta espanhol. A maior parte de sua vida foi dedicada à
pesquisa das complexas realidades sociais e políticas de El Salvador, um país da América
Central. Ele também era um educador, lecionando na Central Universidade Americana "José
Simeón Cañas" (UCA), onde desempenhou cargos de responsabilidade, incluindo a liderança
do Departamento de Psicologia e Educação e a posição de vice-reitor. Além disso, ele fundou
o prestigioso Instituto de Opinião Pública (IUDOP).
Martín-Baró era um ativista comprometido com os Direitos Humanos, a igualdade e a
justiça social em El Salvador. Ele também criticou abertamente as políticas dos Estados
Unidos que tinham um impacto negativo em seu país. Sua influência se estendeu para além
das fronteiras de El Salvador, influenciando acadêmicos e ativistas nos Estados Unidos e em
outros lugares. Ele era um seguidor da Teologia da Libertação e é conhecido como o pai da
Psicologia Social da Libertação. Infelizmente, ele foi uma das vítimas do assassinato de
jesuítas em San Salvador em 1989.
A citação "Não se trata de abandonar a psicologia; trata-se de colocar o saber
psicológico a serviço da construção de uma sociedade em que o bem estar dos menos não se
faça sobre o mal estar dos mais..." resume sua filosofia de usar a psicologia como uma
ferramenta para melhorar a sociedade sem prejudicar outros.
A contribuição social da Psicologia na América Latina: Martín-Baró expressou
preocupações sobre como a psicologia estava sendo usada na América Latina. Ele
argumentou que muitas vezes os psicólogos se concentravam em questões pessoais e não
estavam contribuindo efetivamente para resolver problemas sociais mais amplos, como o
subdesenvolvimento, a dependência econômica e a opressão. Ele viu a psicologia como
mantendo uma dependência servil ao tentar resolver os problemas dos povos
latino-americanos sem considerar adequadamente o contexto sociopolítico.
Martín-Baró argumentou que a psicologia poderia enriquecer suas contribuições
integrando conhecimentos de outras áreas, como sociologia e pedagogia. Ele também
destacou a importância do pensador Paulo Freire e seu conceito de conscientização, que
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conecta aspectos psicológicos, sociais e políticos, promovendo a transformação pessoal e


social.
A escravidão da Psicologia latino-americana: Martín-Baró argumentou que a
psicologia na América Latina estava em uma espécie de "escravidão" devido a várias razões.
Ele viu uma miséria na forma como a psicologia estava sendo praticada na região, uma
história de dependência colonial e uma influência externa opressiva.
Ele também observou que a psicologia estava sendo usada como uma ferramenta para
moldar mentes e tranquilizar consciências, muitas vezes explicando as vantagens da
modernidade e da tecnologia sem questionar criticamente as estruturas sociais subjacentes.
Mimetismo cientificista: Martín-Baró apontou que a psicologia na América Latina
muitas vezes estava imitando cegamente abordagens e teorias da psicologia norte-americana
na busca por um status científico e social. Isso levou a uma falta de crítica e reflexão sobre
como essas teorias se aplicavam aos contextos latino-americanos.
Ele também destacou que essa busca por status social não necessariamente levou ao
sucesso desejado e, em vez disso, poderia perpetuar ideias inadequadas sobre indivíduos e
sociedade.
Ausência de uma epistemologia adequada: Martín-Baró criticou a falta de uma
epistemologia adequada na psicologia latino-americana. Ele viu um positivismo excessivo,
que limitava o conhecimento apenas aos fatos empiricamente verificáveis e não explorava
questões mais profundas sobre o "por que" e "para que das coisas”.
Além disso, ele apontou que essa falta de uma epistemologia adequada levava a uma
visão limitada do ser humano, frequentemente reduzindo questões sociais a problemas
pessoais e ignorando o contexto histórico.
Falsos dilemas: Martín-Baró argumentou que havia falsos dilemas na psicologia
latino-americana, como a ideia de que a psicologia deveria ser "científica" em oposição a ter
uma abordagem mais humanista. Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem que
humanizasse as pessoas, não assegurando uma ordem social injusta, e que ajudasse os povos
a avançar em sua realização pessoal e coletiva.
Para uma Psicologia da Libertação: Martín-Baró propôs uma nova abordagem para a
psicologia na América Latina. Ele defendeu a necessidade de uma psicologia que se baseasse
nas experiências e lutas dos povos latino-americanos, em vez de adotar acriticamente teorias
estrangeiras. Isso envolveu a recuperação da memória histórica, a desideologização do senso
comum e a potencialização das virtudes dos povos.
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Ele enfatizou a importância de uma práxis transformadora, na qual a psicologia


estaria envolvida ativamente na transformação da realidade social. Martín-Baró viu essa
abordagem como uma maneira de promover a libertação pessoal e coletiva, superando o
fatalismo e a "desesperança aprendida".
Essas ideias de Ignacio Martín-Baró continuam a ser uma influência importante na
psicologia social e política na América Latina e em outros lugares. Elas destacam a
importância de uma abordagem crítica e contextualizada na psicologia, com um compromisso
claro com a justiça social e a libertação dos povos oprimidos.

Texto 2: Santos, C. M., & Martins, D. M. B. (2020). Olhares da Psicologia acerca das
violências contra as mulheres: incursões sob a Perspectiva de Gênero. Revista Psicologia,
Diversidade e Saúde, 9(1), 103-115. https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v9i1.2571

O texto traz o tema da violência contra as mulheres e como a psicologia tem abordado
essa questão ao longo do tempo. Ele destaca que uma perspectiva de gênero, ou seja, a
consideração das diferenças e desigualdades entre homens e mulheres, é fundamental para
entender a violência contra as mulheres. O texto também levanta a questão sobre como as
mulheres têm sido tratadas ou representadas na psicologia, sugerindo que a perspectiva
feminina foi muitas vezes negligenciada.
Narrativas sobre Mulheres na Psicologia: Século 19 e Início do Século 20: o texto
explora como a psicologia abordou as questões de gênero nos séculos 19 e 20. Ele menciona
que, nesse período, a psicologia frequentemente enfatizava diferenças biológicas entre
homens e mulheres, argumentando que essas diferenças biológicas tornavam as mulheres
intelectualmente inferiores. Além disso, o texto menciona que teorias, como a "teoria da
maior variabilidade dos homens", eram usadas para justificar a exclusão das mulheres de
posições de poder. Isso sugere uma visão preconceituosa e discriminatória das mulheres na
psicologia.
A Psicologia da Mulher (a partir dos anos 70): o texto aborda uma mudança de
perspectiva que ocorreu nos anos 70, quando o feminismo começou a influenciar a
psicologia. Ele explica que as perspectivas feministas começaram a questionar a neutralidade
e objetividade do conhecimento psicológico e a examinar questões de igualdade de gênero.
Os psicólogos começaram a considerar como homens e mulheres são iguais e diferentes e
como a socialização desempenha um papel nessas diferenças.
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A Psicologia Feminista (a partir dos anos 90): o texto discute uma mudança
adicional de perspectiva que ocorreu nos anos 90. A psicologia começou a ver o gênero como
uma construção social, em oposição a uma característica biológica. O texto destaca o
construcionismo social, uma abordagem que argumenta que o gênero não é algo inerente às
pessoas, mas sim uma construção das relações sociais e da linguagem. Essa perspectiva
enfatiza que as diferenças de gênero são construídas socialmente e não uma característica
fixa.
E Hoje? Sobre a Questão de Gênero e Violência no Brasil: o texto fornece
informações sobre a situação atual da violência de gênero no Brasil. Ele apresenta estatísticas
alarmantes sobre violência contra as mulheres no país, destacando a urgência de compreender
o papel do gênero na violência.
Avanços no Combate à Violência Contra as Mulheres: o texto menciona leis
importantes no Brasil, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, que têm o objetivo
de combater a violência contra as mulheres e proteger seus direitos.
Questionamentos à Psicologia: o texto levanta questões críticas sobre como a
psicologia aborda questões de gênero e violência. Ele questiona se a psicologia está realmente
comprometida em compreender a diversidade das mulheres, considerando diferentes
marcadores sociais, como raça, classe, idade, sexualidade, religião, etc. O texto também
questiona se a psicologia está pronta para enfrentar as complexidades da violência de gênero.
Contribuições da Psicologia Social Crítica: Esta seção destaca como a psicologia
social crítica está se esforçando para investigar os aspectos políticos, sociais e históricos que
moldam as desigualdades de gênero e as violências. Ela enfatiza a importância de
desconstruir estereótipos de gênero e preconceitos.
Psicologia e Gênero: o texto reforça a necessidade de uma maior integração entre a
psicologia e os estudos de gênero para entender as raízes sociais, políticas e econômicas das
desigualdades de gênero e das violências.
Psicologia e Violência Contra as Mulheres: o texto discute como muitos estudos na
psicologia abordam a violência contra as mulheres, mas nem todos consideram o gênero
como uma categoria central na análise. O texto destaca a importância de abordar o gênero
como um fator fundamental na compreensão das violências.
Diferentes Perspectivas: Esta seção explora várias perspectivas sobre a violência de
gênero, incluindo aquelas que veem a violência como uma questão intrapsíquica (dentro da
mente individual), interacional (relações entre indivíduos), ou intergeracional (passada de
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geração em geração). Cada uma dessas perspectivas tem implicações diferentes para a
compreensão e prevenção da violência de gênero.
Perspectivas Críticas: O texto destaca a importância de desconstruir as formulações
sobre masculinidade e feminilidade que sustentam as desigualdades de gênero e a violência.
Também enfatiza a necessidade de combater preconceitos e estigmas em relação a homens e
mulheres.
Considerações Finais: A seção final destaca a urgência de uma abordagem mais
integrada entre a psicologia e os estudos de gênero para lidar com as questões de violência de
gênero e desigualdade. Ela enfatiza a importância de manter uma crítica constante das
narrativas da psicologia sobre gênero e violência.

Texto 3: Gonçalves, M. A., & Portugal, F. T. (2016). Análise histórica da psicologia social
comunitária no Brasil. Título do Periódico, 28(3), 562-576.
http://dx.doi.org/10.1590/1807-03102016v28n3p562

Percurso histórico de construção da PSC (Psicologia Social Comunitária): Neste


ponto, o texto fala sobre como a PSC surgiu e se desenvolveu ao longo do tempo. A
Psicologia Social estava passando por uma crise, com críticas ao foco excessivo no indivíduo
e à falta de consideração pelos problemas sociais. A PSC surgiu como uma resposta a isso,
buscando entender e abordar questões sociais e coletivas. No Brasil, a PSC buscou se afastar
das práticas tradicionais, como a terapia individual, e se comprometer com as necessidades
das comunidades e das pessoas em contextos sociais específicos.
Histórias da PSC: Aqui, o texto examina como a PSC se desenvolveu em diferentes
lugares, como nos Estados Unidos e na América Latina. Nos EUA, ela surgiu a partir de
movimentos sociais comunitários, especialmente na área de saúde mental. Na América
Latina, a PSC foi uma resposta à crise na Psicologia Social. No Brasil, as primeiras ações
comunitárias ocorreram em Centros de Saúde Mental e em projetos de alfabetização de
adultos.
História da PSC no Brasil: Este item detalha como a PSC foi desenvolvida no Brasil,
incluindo a criação de Centros de Saúde Mental e a influência de movimentos como a
Reforma Sanitária e Psiquiátrica. Também menciona como psicólogos foram inseridos em
favelas e periferias, muitas vezes sem base em teorias psicológicas estabelecidas. O objetivo
era aproximar a Psicologia das pessoas mais pobres e marginalizadas.
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Produções atuais da PSC: neste ponto o texto fala sobre as diversas abordagens
teóricas que a PSC utiliza, que vão desde a Psicologia Clínica até a Psicologia Social Crítica.
A PSC não tem fronteiras rígidas em termos de teorias. Ela atua principalmente nas áreas de
saúde, educação e assistência social. Algumas vezes, a PSC se alinha com a Psicologia
Positiva, que se concentra em fortalecer as competências das pessoas.
O trabalho do Psicólogo Comunitário: Este item discute como os psicólogos
comunitários abordam seu trabalho de forma diferente dos modelos tradicionais, que
geralmente se concentram em intervenções individuais. Há um debate sobre o que
exatamente são esses modelos "não tradicionais". Às vezes, há uma dicotomia entre o
trabalho individual e o trabalho comunitário.

A (não) formação: Esse trecho discuti como os psicólogos não são necessariamente
treinados para lidar com questões políticas, econômicas e sociais em sua formação básica.
Muitas vezes, a formação se concentra na terapia individual. Há um chamado para repensar a
formação dos psicólogos para que eles estejam mais preparados para lidar com questões
sociais e políticas.
Caracterização da prática: Este item fala sobre como os psicólogos comunitários
entendem que as causas do sofrimento das pessoas não são apenas questões individuais, mas
também estão ligadas ao contexto social. No entanto, às vezes, eles ainda tendem a
individualizar problemas que têm raízes sociais mais profundas.
Considerações finais: Nas considerações finais, destaca-se a importância da crítica à
formação, pesquisa e prática em Psicologia. Mesmo que não haja um modelo definitivo para
a PSC, é importante que os psicólogos se envolvam nessas discussões para criar novas formas
de intervenção. A PSC fornece ferramentas para repensar a Psicologia como um todo e sua
aplicação em diversos campos de atuação.

Texto 4: Silva, L. B., & Benelli, S. J. (Ano). O Psicólogo nas Políticas Públicas Sociais:
Possibilidades e Desafios na Atuação. Título do Periódico, Volume (Issue), Página
inicial-Página final. URL

Pensando sobre políticas públicas: Política se refere à organização da sociedade,


geralmente realizada pelo Estado. A política envolve disputas de interesses e projetos sociais.
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Desde a Constituição Federal de 1988, o Estado é responsável por garantir direitos


fundamentais, como saúde, educação e segurança.
Políticas públicas são ações e programas do Estado para colocar em prática esses
direitos e atender às necessidades da população. Elas envolvem a colaboração dos três
poderes (executivo, legislativo e judiciário) em níveis federal, estadual e municipal e devem
incluir a participação do público.
Mudanças ao longo da história: As políticas públicas surgiram para promover o
bem-estar social e foram originalmente definidas pelo Estado.
Com o desenvolvimento do Estado Democrático de Direito, a participação popular
nas políticas públicas se tornou mais importante. Agora, as políticas públicas são elaboradas
considerando as necessidades das populações atendidas.
Pensando sobre a Psicologia: A Psicologia é uma área em constante evolução e
disputa.
Tradicionalmente, ela influenciou conceitos de indivíduo, sociedade e normalidade,
frequentemente rotulando comportamentos como "doenças".
Movimentos críticos estão repensando teorias, práticas e o compromisso ético-político
da Psicologia.
Psicologia e Políticas Públicas: Muitos profissionais não recebem formação adequada
para trabalhar em políticas públicas. Eles frequentemente participam da execução de políticas
sem entender completamente o que é esperado deles ou considerar as consequências de suas
práticas. Isso pode resultar na perpetuação de estigmas e segregação social.
Atuação da Psicologia nas P.P.: Psicólogos trabalham em várias áreas das políticas
públicas, como saúde, educação, assistência social e judiciário. Eles podem atuar em
hospitais, escolas, órgãos de assistência social, entre outros.
Trabalho nas P.P. Sociais: Os psicólogos nas políticas públicas frequentemente
atendem populações vulneráveis. No entanto, existe o risco de ver essas populações como
"objetos" de intervenção, sujeitas a controle e vigilância. O desafio é superar a abordagem de
controle e focar na garantia dos direitos dos indivíduos.
Referências técnicas: O Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Centro de
Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) desenvolveram diretrizes
para a atuação dos psicólogos nas políticas públicas. A atuação visa fortalecer os usuários
como sujeitos de direitos e fortalecer as políticas públicas.
Repensando nossa atuação: Psicólogos nas políticas públicas estão repensando suas
práticas para garantir direitos e promover o conhecimento dos direitos entre a população. Eles
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se comprometem com a leitura dos fenômenos sociais em prol dos Direitos Humanos e
trabalham em equipes interdisciplinares.
Desafios e potencialidades: Profissionais da Psicologia têm muito a contribuir nas
políticas públicas, mas enfrentam desafios, como desmonte de políticas públicas, privatização
de serviços públicos e estigmatização. No entanto, eles estão comprometidos com novos
saberes e práticas para enfrentar esses desafios e promover a justiça social.

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