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Psicologia Social

Introdução à psicologia social


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História da psicologia social


Nesta webaula, conheceremos mais sobre a história da psicologia social com foco no comportamento e nos
processos mentais.

Psicologia: signi cado e origem


Psicologia signi ca etimologicamente o estudo da alma (psique). É uma ciência que analisa os processos mentais e
o comportamento. Porém, antes do surgimento da ciência psicológica, conceitos como emoções, sentimentos e
temperamentos já ocupavam a loso a e a literatura. O homem civilizado sempre se ocupou de olhar para si,
entender seus sonhos, a razão pela qual se comporta daquela maneira, o porquê de cada pessoa ser como é. A
psicologia cientí ca, fundada no nal do século XIX, diferencia-se pelo método cientí co, ou seja, o conhecimento
passa a ser produzido a partir da observação e com rigor metodológico.

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Fonte: Shutterstock.

Psicologia social
Por ter uma de nição ampla, a psicologia viu-se, ao longo de sua história, como tendo um corpo teórico bastante
amplo e não necessariamente coerente. De qualquer forma, a produção teórica e mesmo os campos de
intervenção da psicologia ao longo de sua história são os mais amplos possíveis. Temos desde abordagens
teóricas focadas na mente inconsciente até outras que consideram o conceito de mente como um problema
epistemológico para a psicologia. Em termos de campo de intervenção, temos o psicólogo atuando na clínica, na
escola, na comunidade, nas organizações, nos esportes, etc.

A psicologia social é um campo teórico na psicologia, mas é importante destacar que não se trata de um
campo de atuação do psicólogo. Ela pode intervir em diversos ambientes, como na escola, na comunidade,
nas organizações, etc.

Psicologia social: origens


As origens da psicologia social remontam ao período que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, conhecido como
período entreguerras (1918-1939). O período foi marcado por uma grande depressão econômica, além de tensões
sociais e políticas. A psicologia social que emergiu nesse contexto buscava estudar o impacto desse cenário social
de crise e violência na constituição do humano. Essa psicologia social original teve por objetos de estudo temas
como liderança, opinião social, propaganda, preconceito, comunicação, con itos e relações grupais, etc.

A consolidação da psicologia social se deu em solo norte-americano já no período da 2ª Grande Guerra (1939-
1945). O que marcou essa consolidação foi o desenvolvimento de instrumentais, procedimentos e técnicas
visando avaliar e intervir na adaptação do indivíduo ao meio social.

Psicologia social: norte-americana


Essa psicologia social, cujo embrião germinou no período entreguerras, consolidou-se em solo norte americano
com as seguintes características: foco no indivíduo (ou seja, embora estudasse as relações sociais, elas eram vistas
pela ótica do individualismo) e adaptação social ao meio (buscava avaliar e auxiliar a adaptação do sujeito ao
meio, sem qualquer crítica a este último). Essa adaptação gerava a ideia de domesticação, isto é, o sujeito não
domesticado ao meio social, não dócil, não estava su cientemente adaptado.

Ainda dentro das características da psicologia social norte-americana, destacamos o comportamento explicado
por causas internas, consequência do foco no indivíduo. O meio era visto como mera e fraca in uência na vida do
sujeito e o sujeito e a sociedade eram ontologicamente distintos, ou seja, sujeito e sociedade eram entidades
conceituais que dialogavam, mas cada uma tinha a sua origem, a sua história, a sua natureza. Essas características
são importantes de serem marcadas, pois a crítica a elas é o pontapé inicial para o surgimento de uma nova forma
de psicologia social.

Críticas à psicologia social dos EUA


Por m, essa psicologia social norte-americana surgida em meados do século XX não oferecia condições de
re exão crítica sobre a realidade social e não instrumentalizava os psicólogos sociais para impactar a sociedade.
Tais características foram, aos poucos, sendo motivo de críticas, e essas críticas geraram a crise da psicologia
social, fazendo surgir, sobretudo na América Latina, um outro paradigma para a psicologia social.

História da psicologia social na América Latina


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Nesta webaula, veremos o percurso histórico da psicologia social, os congressos de psicologia interamericano de
1976, o congresso de psicologia em Lima e a psicologia na América Latina.

Percurso histórico da psicologia social


A psicologia social surgiu no período entreguerras, que é período
imediatamente posterior à Primeira Guerra Mundial. Seu fortalecimento se
deu durante a Segunda Guerra nos EUA. Seus pressupostos e instrumentos,
focados no indivíduo e na sua adaptação ao meio, zeram surgir a crise da
psicologia social, que ecoou com força na América Latina.

Fonte: Shutterstock.

É fator histórico de relevância mencionar o Congresso de Psicologia Interamericana, ocorrido em Miami no


ano de 1976. Nesse congresso houve participação maciça de psicólogos sociais e, na ocasião, eles puderam
expor a crise da psicologia social, que se devia ao fato de os pressupostos da psicologia social praticada não
instrumentalizarem para impactar a realidade social.

Congresso de Psicologia Interamericana de 1976 e Congresso de Psicologia em Lima (Peru)


A seguir saberemos mais sobre esses dois congressos de grande importância dentro do contexto da psicologia
social.

Congresso de Psicologia Interamericana de 1976 

Os psicólogos sociais da américa latina participaram em grande número e, na ocasião, criticaram com
contundência a psicologia social norte-americana e seus pressupostos teórico metodológicos, concluindo que
deveria ser criada uma nova psicologia social, sob um novo paradigma que fosse capaz de contribuir
concretamente para a superação das relações de poder existente na época.

Congresso de Psicologia em Lima (Peru) 

Em 1979, três anos após congresso de Miami houve então o congresso de psicologia social em Lima, no Peru.
Desta vez, diferentes propostas metodológicas e teóricas foram propostas para a psicologia social. Essas
propostas tinham por característica o compromisso com o contexto social concreto. Dessa forma, novos
horizontes foram apresentados para o fortalecimento da Psicologia Social.

Psicologia social na América Latina


A partir do Congresso de Psicologia Social de Lima novos caminhos foram buscados, destacando-se a procura de
um arcabouço teórico-metodológico que atendesse a realidade de países menos desenvolvidos, mais pobres e
mais desiguais.

Algumas lideranças se apontaram nesse contexto, das quais destaca-se Ignácio Martin-Baró.

Ignácio Martin-Baró
Dentre as principais lideranças que despontaram na ocasião da gênese de uma psicologia social latino-americana,
destaca-se Martin-Baró, que era padre jusuíta, vivia em El Salvador e seguramente havia sido in uenciado pela
teologia da libertação, teologia que opta pelos mais pobres e traz as ações da Igreja do plano puramente
transcendental para a lida com aqueles que mais sofrem no cenário social.

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Fonte: https://bit.ly/2tuS7eZ. Acesso em: 15 jan. 2020.

Para Martin-Baró, a psicologia deve incluir em seus estudos o contexto histórico e as condições sociais do
sujeito, ou seja, eu preciso entender como e onde concretamente vive o sujeito objeto de minha intervenção
e de meus estudos.

Segundo ele, não existe universalidade na psicologia, isto é, não é possível pautar ações em generalizações
teóricas. É na realidade concreta que se constrói a subjetividade.

A psicologia social latino-americana, portanto, fundamenta-se em pressupostos epistemológicos diferentes da


psicologia social norte-americana. Para a psicologia social latino-americana, sujeito e sociedades são
ontologicamente imbricados, ou seja, não se separa sujeito de sociedade, sobretudo quando se quer entender a
constituição de ambos. Em outras palavras, não podemos falar de sujeito apartado de sociedade, pois é a
sociedade que constitui o sujeito. Assim como a sociedade é constituída de sujeitos.

Pressupostos da psicologia social


Nesta webaula, estudaremos a origem da psicologia social no Brasil, a Associação Brasileira de Psicologia Social
(ABRAPSO), conheceremos um pouco sobre a psicologia social de Silvia Lane e, por m, veremos a psicologia
sócio-histórica.

Origem da psicologia social brasileira


Para falar sobre as origens da psicologia brasileira precisamos resgatar alguns eventos anteriores. Em primeiro
lugar, apontamos a insatisfação com a psicologia social norte-americana, por não oferecer instrumentais teórico-
metodológicos para intervenção na realidade concreta. Essa crítica à psicologia social norte-americana foi
bastante contundente no congresso interamericano de psicologia, realizado em 1976 na cidade de Miami. Em
1979, no Congresso de Psicologia Social de Lima, foi proposta uma nova psicologia social capaz de
instrumentalizar para intervenção na realidade social concreta.

Após o encontro de psicologia social em Lima, um grupo de psicólogos sociais brasileiros resolveu realizar um
encontro de psicologia social no Brasil para desenvolver essa nova psicologia social em nosso país. Nesse
encontro, surgiu a ABRAPSO, com o intuito de propor um intercâmbio entre psicólogos sociais de diferentes
regiões do Brasil.
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Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO)
Fundada em 1980, a ABRAPSO é composta por psicólogos, pesquisadores, militantes, gestores públicos e
estudantes com o objetivo de intercâmbio e posicionamento crítico frente a perspectivas neutralizantes e anti-
históricas do conhecimento e intervenção social.

Silvia Lane
No contexto de surgimento da psicologia social brasileira, destaca-se Silvia Lane (1933-2006). Formada em
Filoso a pela USP, Lane dedicou a sua vida pro ssional na faculdade de psicologia da PUC-SP, onde buscou
construir uma psicologia capaz de ler e intervir na realidade social concreta dos sujeitos.

Sobre a psicologia social de Silvia Lane


Sobre a psicologia social construída por Lane, destacamos seu fundamento epistemológico, que se edi ca sobre o
materialismo histórico-dialético, ou seja, é uma psicologia com base nos pressupostos losó cos de Karl Marx. Os
objetos de pesquisa são a realidade concreta, sempre em sua construção histórica e vista sob a perspectiva da
dialética, isto é, não há uma relação causal entre sujeito e objeto, mas uma relação de antagonia entre tese e
antítese, cujo resultado é uma síntese.

Para Lane, o ambiente social é parte do sujeito e vice-versa e a constituição do sujeito se dá na atividade concreta
no meio social.

As ideias de Lane foram base para a criação de uma perspectiva teórico-metodológica na psicologia
denominada psicologia sócio-histórica, cujo foco é a relação dialética entre o sujeito e a realidade.

Psicologia sócio-histórica
Com forte in uência de Vigotski e Leontiev, a psicologia sócio-histórica tem oferecido inúmeras contribuições para
a pesquisa e para a intervenção do psicólogo em diferentes contextos, sempre com destaque para o
comprometimento ético e político frente ao contexto concreto dos sujeitos.

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