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SOBRE O AUTOR

Jefther Felipe Lima Rocha é psicólogo, terapeuta clínico e criador de


conteúdo em Psicologia.
Graduado em Psicologia pela Universidade CEUMA (2016). Especialista em
Gestão e Docência do Ensino Superior (Faculdade Laboro - 2018) e Especialista
pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde - Atenção à Saúde Renal
do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA - 2019).
Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Membro
do Grupo de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica
(UFMA).
Criador de conteúdo e fundador do projeto Pensata Psicologia, projeto que
visa trazer conteúdo sobre Psicologia de forma simples, acessível e gratuita nas
redes sociais.
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APRESENTAÇÃO

A Psicologia Social é, em minha opinião, uma das áreas mais interessantes


para se estudar em nosso campo de conhecimento. Seus conceitos e teorias
relacionam-se em maior ou menor grau com praticamente todas as áreas de
atuação e estudo do profissional em Psicologia: clínica, hospitalar, organizacional,
jurídica, etc.
Assim, espero que você, aluno, tenha em mente a importância de estudar
com afinco esta disciplina!
Como a Psicologia Social é uma área extremamente ampla será desafiador
condensar o material nesta apostila. Assim, recomendo que busque e consulte as
referências recomendadas ao longo dos capítulos e registradas ao final de cada
módulo.
Para tornar mais simples a compreensão e para que você sinta que está em
sala de aula, utilizei uma linguagem conversacional ao longo do texto. Mas sinta-se
à vontade para questionar, buscar mais conteúdo e participar das atividades
programadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Espero que você também possa se sentir encantado (a) com a Psicologia
Social.
Bons estudos!

Jefther Felipe Lima Rocha


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MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL

AULA 1 – CONCEPÇÃO E HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL

PARA INÍCIO DE CONVERSA


John Donne (1572 – 1631), poeta inglês, escreveu uma frase que talvez você
conheça: “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo”. Você concorda com
esse pensamento?
Parando para refletir, cada ato que praticamos (de escovar os dentes a ler
esta apostila) guarda uma relação com o período histórico, a sociedade em que
vivemos, a cultura na qual estamos inseridos, etc.
Assim, o que pensamos, sentimos e fazemos tem forte relação com nossa
vida em sociedade. Daí a importância de você estar neste momento iniciando seus
estudos em Psicologia Social.

1 O QUE É PSICOLOGIA SOCIAL?


A Psicologia Social é o estudo científico do modo como os pensamentos, os
sentimentos e os comportamentos das pessoas são influenciados pela presença real
ou imaginária de terceiros – de fato, por toda a situação social (ARONSON;
WILSON, AKERT, 2018).
O (a) profissional de Psicologia nessa área deve atuar fundamentado na
compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, com o
objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2007), algumas
atividades desenvolvidas pelo profissional especialista em Psicologia Social são:
▪ Desenvolver atividades em diferentes espaços institucionais e
comunitários, no âmbito da Saúde, Educação, trabalho, lazer, meio ambiente,
comunicação social, justiça, segurança e assistência social;
▪ Propor políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos
movimentos sociais de grupos étnico-raciais, religiosos, geracionais, de gênero, de
orientação sexual, de classes sociais e de outros segmentos socioculturais – com
vistas à realização de projetos da área social e/ou definição de políticas públicas;
▪ Realizar estudos, pesquisa e supervisão sobre temas pertinentes à
relação do indivíduo com a sociedade.
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Achou interessante essa área de atuação profissional do psicólogo? Então,


lhe convido a conhecer como se desenvolveu a Psicologia Social – enfocando no
contexto sócio-histórico de seu surgimento – e como ela chegou ao nosso país.

2 HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL


Para entendermos o início da Psicologia Social, precisamos retornar ao
século XIX, especificamente ao filósofo francês Augusto Comte (1798-1857). Para
ele, esta área seria “subproduto da Sociologia e da Moral, sendo encarregada em
dizer como o indivíduo poderia ser, ao mesmo tempo, causa e consequência da
sociedade” (CARVALHO; COSTA JÚNIOR, 2017, p. 3).
No entanto, essa ciência foi se desenvolver mesmo anos depois, após um
conflito de proporções mundiais: a Primeira Guerra Mundial. Você deve lembrar-se
de seus estudos de Ensino Médio
que esta guerra global durou mais de
4 anos (1914-1918) e envolveu as
maiores potências mundiais da
época: Reino Unido, França, Rússia,
Itália, Estados Unidos e Japão (os
Aliados) contra Alemanha, Áustria-
Hungria, Império Otomano e Bulgária
(Impérios Centrais). Estima-se que Figura SEQ Figura \* ARABIC \s 1 1 - Ilustração de aviões
atacando base militar durante a I Guerra Mundial em 1916
mais de 9 milhões de pessoas morreram(Fonte:
durante a IArchive).
Internet Guerra Mundial. Fonte imagem
Mas como uma guerra pode ter influenciado a Psicologia? Ao longo de seus
estudos você perceberá que vários conflitos humanos influenciaram (e ainda
influenciam) nossa ciência. Particularmente, após a I Guerra Mundial, vários
pesquisadores encontraram um mundo abalado por crises e conflitos e se
dedicaram a estudá-lo “visando descobrir uma maneira de preservar os valores de
liberdade e os direitos humanos numa sociedade tensa e arregimentada”
(CARVALHO; COSTA JÚNIOR, 2017, p. 4).
Os Estados Unidos tiveram papel decisivo na vitória dos Aliados na I Guerra
Mundial e conseguiram se tornar líderes do mundo ocidental capitalista – posto que
mantêm até hoje. Então, neste país, os cientistas buscaram entender fenômenos
sociais como preconceito, conflitos de valores, liderança e a influência da
propaganda.
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Nesse momento, os cientistas buscavam entender fenômenos sociais como a


liderança, o preconceito, a propaganda, os conflitos de valores e como os indivíduos
se comportavam frente a eles.
Segundo Silva (2019), as narrativas históricas apontam que a perspectiva
teórico-metodológica hegemônica entre as décadas de 1930 e 1970 foi uma
vertente individualista e positivista de ciência produzida nos Estados Unidos após
as duas grandes guerras mundiais e expressa a partir de um modelo cognitivo-
experimental.

2.1 O Positivismo e o modelo cognitivo-experimental da Psicologia


Social
O Positivismo, vertente epistemológica que influenciava (e ainda influencia)
grandemente os estudos norte-americanos, iniciou na Europa em meados do século
XIX e foi dominante até a I Guerra Mundial. Este termo foi cunhado devido “ao
período de paz reinante na Europa e à expansão colonial na África e Ásia, que gerou
um clima de entusiasmo em torno da ideia de progresso humano e social irrefreável”
(SILVINO, 2007).
O lema do Positivismo foi criado por Augusto Comte - considerado por muitos
como o “Pai da Psicologia Social” - que clamava por “Ordem, Amor e Progresso!: O
Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Como exemplo mais
próximo da mentalidade da época, encontramos os dizeres de nossa bandeira
nacional.
De acordo com Krüger (1986 apud SILVA, 2019), importante representante da
Psicologia Social Cognitivo-experimental no Brasil, este modelo tem como
principais características:
▪ Individualismo: o social é entendido como a soma de indivíduos;
▪ Experimentalismo: são realizados experimentos de laboratório ou de
campo planejados e controlados;
▪ Microteorização: não há teorias abrangentes, mas conceitos;
▪ Etnocentrismo: a ciência enquanto uma produção do e para o ocidente,
europeu e estadunidense;
▪ Utilitarismo (Pragmatismo): a ciência deve resolver problemas sociais;
▪ Cognitivismo: a cognição assume de forma racional o controle do
comportamento;
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▪ A-historicismo: as considerações devem ser feitas apenas sobre o


momento e contexto situacional do comportamento; os resultados serão
generalizados.
Durante algumas décadas, houve certo otimismo com os resultados de
estudos e pesquisas da Psicologia Social desenvolvida nos Estados Unidos e
“exportada” ao resto do mundo. Entretanto, na Europa, a partir da década de 1960,
iniciou-se a chamada “crise da Psicologia Social”, quando o modelo cognitivo-
experimental passou a ser criticado (SILVA, 2019).
Mas antes de adentrarmos nesta crise, vamos descobrir como a Psicologia
Social chegou a nosso país.

3 A PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL


A Psicologia Social brasileira recebeu forte influência dos norte-americanos.
Psicólogos e cientistas iam a grandes centros de pesquisa estadunidenses para
aperfeiçoarem seus conhecimentos e, desses centros, professores vinham a nosso
país para lecionar em universidades: como o professor Otto Klineberg (1899-1992),
que lecionava Psicologia Social na Universidade de Columbia (EUA) e Universidade
de Paris (França), foi quem introduziu essa área de conhecimento na Universidade
de São Paulo (USP) em 1945.
Assim, a Psicologia Social brasileira foi fortemente marcada por uma base
positivista e pela defesa da neutralidade da ciência. Após a “crise da Psicologia
Social”, que também repercutiu nas discussões da área em nosso país, os cientistas
passaram a fazer uma severa crítica ao modelo biologicista e a defender uma
ciência comprometida com a transformação social (CORDEIRO; SPINK, 2018).

SAIBA MAIS
O professor Otto Klineberg era um ferrenho crítico dos testes de inteligência,
tão comuns dentro da Psicologia durante o século XX: para o psicólogo, esses
instrumentos eram ferramentas que legitimavam hierarquias raciais.
É importante assinalar que em sua época, muitos psicólogos estavam
convencidos que os testes de inteligência eram instrumentos valiosos para medir as
“habilidades inatas” de indivíduos.
Na contramão dessa mentalidade, o docente desenvolveu numerosos estudos
sobre as relações entre negros, brancos, índios e imigrantes americanos e europeus
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e percebeu que variáveis ambientais superavam fatores étnico-raciais. Inclusive,


Klineberg considerava o Brasil como um ambiente privilegiado para desconstruir a
falsa “base científica” dos testes de inteligência (MAIO, 2017).
Se você ficou interessado (a) em conhecer mais sobre o trabalho do professor
Klineberg, confira o artigo no link a seguir: https://doi.org/10.1590/0104-
87752017000100007.

4 A “CRISE DA PSICOLOGIA SOCIAL”


Como já foi dito, a partir da década de 1960, psicólogos europeus começaram
a tecer críticas aos estudos em Psicologia Social: muitas pesquisas apresentavam
resultados contraditórios e a crise mundial pós-guerras mundiais (e durante a Guerra
Fria) estava se agravando. Mas, partamos aos detalhes.
Grande parte das pesquisas científicas em Psicologia Social não produzia um
conhecimento prático: os resultados se contradiziam, elas não apresentavam
soluções concretas para os problemas enfrentados pela sociedade, além de
apresentar forte viés ideológico norte-americano – que tentava se reproduzir para
países da Europa e América Latina.
Imagine só: os conhecimentos produzidos em solo estadunidense eram
reproduzidos em outros lugares, a partir de técnicas e conceitos que não se
aplicavam e/ou se preocupavam com as diferentes realidades e contextos dos
países latino-americanos. Assim, fica fácil imaginar como os resultados e pesquisas
aplicadas nesses outros locais poderiam ser improdutivos, não é? Fonte imagem

Figuras 2 e 3 – Bairro urbano estadunidense e bairro de palafitas na região amazônica brasileira. Seria
possível dizer que as pessoas que vivem nessas locais compartilham das mesmas experiências e
fenômenos sociais? (Fonte: Pixabay).
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Nas décadas de 1970 foram realizadas várias reuniões científicas na Europa


e América Latina (entre eles, o I Encontro Brasileiro de Psicologia em 1979 e os
Congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia) que criticavam o modelo
hegemônico estadunidense e permitiam a discussão e divulgação de novas teorias e
práticas na área: entre elas, destacam-se a psicossociologia francesa, ecologia
humana e a análise institucional.
Além disso, é importante que você perceba como a Psicologia Social latino-
americana tem forte relação às figuras ditatoriais instaladas em suas fronteiras: a
repressão das ditaduras e a imposição da hegemonia impuseram a valorização dos
indivíduos em relação ao social. Assim, para Almeida (2012, p. 132):
Enquanto a Psicologia social cognitiva se baseava em uma perspectiva
naturalizante e dicotômica, valendo-se do método experimental e da
neutralidade do investigador em suas análises das relações interpessoais e
dos fatores sociais no indivíduo, a psicologia social brasileira (sócio-
histórica) se fundamentava no método do materialismo dialético, visando ao
compromisso social.

Percebeu como as transformações sociais brasileiras influenciaram na


transformação da Psicologia Social? Silva (2019, p. 52) diz que “as perspectivas
críticas se desenvolveram especialmente a partir de 1970 por
influência/consequência do início da abertura democrática”.
Tal descontentamento com a Psicologia Social “importada dos EUA”
influenciou na criação, em 10 de julho de 1980, na fundação da Associação
Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO): um importante espaço de intercâmbio
e posicionamento crítico frente a perspectivas naturalizantes e a-históricas de
produção de conhecimento e intervenção política.

HIPERLINK
Não deixe de conhecer o site da Associação Brasileira de Psicologia Social
(ABRAPSO). Fundada em 1980, esta associação é composta por profissionais e
estudantes que contribuem de várias formas para o desenvolvimento da Psicologia
Social no Brasil.
No site, você poderá ficar por dentro das novidades da área, ter acesso à
revista científica da associação (Psicologia & Sociedade), conhecer as pós-
graduações que estudam temáticas ligadas a ela e, inclusive, se associar à
ABRAPSO.
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Clique no link a seguir para conhecer: https://www.abrapso.org.br/

5 E HOJE, COMO ESTAMOS?


Como visto acima, as críticas ao modelo norte-americano de Psicologia Social
cognitivo-experimental culminaram em outras teorias e modelos de ver a relação ser
humano-sociedade. Muitos psicólogos sociais brasileiros se fundamentam no
método do materialismo dialético compondo a chamada Psicologia Sócio-
histórica.
O materialismo histórico-dialético usado por psicólogos sócio-históricos
produz uma visão comprometida com a realidade da população, já que defende o
resgaste da historicidade e a produção de conhecimento comprometido com a
transformação social.
De acordo com Almeida (2012, p. 132), o foco de análise da Psicologia Sócio-
histórica recai sobre as realidades concretas do homem brasileiro e “se vale da
conceitualização da ideologia como fundamentadora das relações de dominação e
da possível conscientização, mediante trabalhos em grupos, para permitir que os
homens se desenvencilhem de poderes hegemônicos”.

PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social e
dos modelos que perpassam a área atualmente em nosso país, recomendo
veementemente que você leia o artigo de Leonardo Pinto de Almeida. O link está a
seguir: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932012000500009.
ALMEIDA, L. P. Para uma caracterização da Psicologia Social brasileira.
Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. spe., p. 124-137, 2012.

Terminamos este capítulo por aqui, mas não se esqueça de frequentar o


Ambiente Virtual de Aprendizagem e assistir à videoaula, o.k.? Até mais!
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AULA 2 – O SUJEITO NA SOCIEDADE

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Há 2500 anos, na Grécia Antiga, existia na cidade de Delfos, uma das mais
influentes e poderosas instituições do mundo grego: o Oráculo de Delfos.
Grandes personalidades da História mencionaram em seus escritos o
Oráculo, ou chegaram a visitá-lo em busca de conselhos: Alexandre, o Grande
chegou a conhecer a Pítia, a grande sacerdotisa renomada por suas profecias,
inspirada pelo deus Apolo. Na entrada do Templo de Apolo, uma máxima estava
inscrita: Conhece a ti mesmo.
Antes de começar a ler este capítulo, pare para refletir: como é possível se
conhecer?

1 OS COMPONENTES DO EU
O psicólogo Gordon Gallup Jr. realizou experiências científicas utilizando um
espelho: nas jaulas de certas espécies animais (gibões, chimpanzés, orangotangos,
gorilas, bonobos), o pesquisador e sua equipe instalaram um espelho até que os
bichos se familiarizassem com o objeto. Depois disso, os animais foram
anestesiados e um corante vermelho foi pintado em sua sobrancelha. Quando os
animais acordaram, os cientistas puderam verificar que apenas os grandes símios
(chimpanzés, orangotangos, gorilas), quando viram seu reflexo, tocaram onde a
marca estava.
Esses estudos sugerem que esses animais têm um autoconceito rudimentar:
eles compreenderam que a imagem no espelho era deles, não de outro símio; bem
como reconheceram que pareciam diferentes do que eram antes (ARONSON;
WILSON; AKERT, 2018).
Uma curiosidade: atualmente, apenas 10 espécies animais conseguem “ser
aprovadas” no Teste do Espelho. São elas: os chimpanzés, golfinho nariz de
garrafa, bonobos, elefantes, orcas, gorilas, corvos, orangotangos, suínos e nós, os
seres humanos.
Nossa espécie desenvolve o senso do eu (autorreconhecimento) entre os 18
a 24 meses e esse autoconceito se complexificará ao longo da vida. Segundo
pesquisas quais pessoas de diferentes faixas etárias responderam à pergunta
“Quem sou eu?”, os cientistas observaram que à medida que ficamos mais velhos,
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damos menos ênfase às características físicas e mais ênfase aos estados


psicológicos (pensamentos, sentimentos) e às considerações sobre a maneira como
outras pessoas nos julgam (ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
Segundo Aronson, Wilson e Akert (2018), os quatro componentes do eu são:
1. Autoconhecimento: as nossas crenças sobre quem somos e a forma como
formulamos e organizamos essa informação;
2. Autocontrole: como as pessoas fazem planos e executam decisões;
3. Gerenciamento de impressões: como nos apresentamos às outras
pessoas;
4. Autoestima: como nos sentimos em relação a nós mesmos.

2 AUTOCONHECIMENTO
Quando nascemos, trazemos conosco comportamentos inatos (que não
precisaram ser aprendidos), ligados à nossa estrutura biológica. A medida que
vamos nos desenvolvendo, somos moldados pelas atividades culturais em que nos
situamos. Para Bonin (2013, p. 59), “cada indivíduo ao nascer, encontra um sistema
social criado através de gerações já existente e que é assimilado por meio de
interrelações sociais”.
Assim, muitos de nossos pensamentos, comportamentos e sentimentos tem
forte relação com a cultura e o
momento histórico que fazemos
parte. Fonte imagem
Por exemplo: o que você acha
do casamento entre um adulto e uma
garota de 12 anos que acabou de
entrar na puberdade? É bem possível
que você ache um absurdo e
considere essa situação criminosa.
Entretanto, em nosso próprio país,
isso era bastante comum há cerca de 200 anos. A idade mínima para se casar era
de 14 anos para os homens e 12 para as mulheres.
Bonin (2013) afirma que na sociedade ocidental atual, extremamente
individualista e conflituosa, os indivíduos podem se representar como seres isolados
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em oposição à sociedade, mas esta é apenas uma criação da própria sociedade


neste momento histórico:
O ‘verdadeiro’ eu não está enclausurado e isolado dessa sociedade. É
somente uma ilusão. O indivíduo não é estranho à sociedade. A vida social
supõe entrelaçamento entre necessidades e desejos em uma alternância
entre dar e receber. A razão e a mente não são substâncias, mas produtos
de relações em constantes transformações. Os ‘instintos’ e as emoções
sofrem transformações no decorrer da vida social (BONIN, 2013, p. 60).

Aronson, Wilson e Akert (2018, pp. 84-85) apontam diferenças ocidentais e


orientais do eu: os autores diferenciam a visão do eu independente da visão de eu
interdependente.
▪ Visão do eu independente: se refere à “maneira de definir a si mesmo
em termos dos próprios pensamentos, sentimentos e atos, não em termos dos
pensamentos, sentimentos e atos de terceiros”.
▪ Visão do eu interdependente: se refere à “maneira de o indivíduo se
definir em termos de seu relacionamento com as outras pessoas e de reconhecer
que seu próprio comportamento é muitas vezes determinado pelos pensamentos,
sentimentos e atos de terceiros”.
Há ainda algumas diferenças importantes de sexo na definição do
autoconhecimento: homens tendem a ter maior interdependência coletiva (focar
sua adesão a grupos maiores, como nacionalidade, empresa, etc.) e mulheres a ter
mais interdependência relacional (maior foco em relacionamentos próximos, ex.:
maridos, pais e filhos) (PAPALIA; FELDMAN, 2013).

3 AUTOCONTROLE
Para Skinner (1953/2003, p. 252), o autocontrole é definido no livro Ciência e
Comportamento Humano da seguinte forma: “Com frequência o indivíduo vem a
controlar parte de seu próprio comportamento quando uma resposta tem
consequências que provocam conflitos – quando leva tanto a reforço positivo quanto
a negativo”. Você pode notar então que a visão skinneriana afirma que o
comportamento de autocontrole está relacionado à escolha de respostas
concorrentes que produzirão diferentes consequências.
Nós, seres humanos, somos a única espécie animal que pode imaginar
eventos futuros e fazermos planos a longo prazo, podendo assim regular/controlar
nossas ações.
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HIPERLINK
Você sente dificuldades em se autocontrolar? Há muitas técnicas que podem
ser úteis para ensiná-lo (a) a aprimorar essa habilidade. Em especial, recomendo-lhe
buscar terapia - como futuro (a) profissional de Psicologia nem preciso assinalar o
quanto isso será importante para você, não é?
Mas, além disso, recomendo que você leia a matéria no link a seguir do site A
Mente é Maravilhosa: https://amenteemaravilhosa.com.br/3-formas-de-aumentar-o-
autocontrole/.

4 GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES
A administração/gerenciamento de impressões é a tentativa de fazer com que
as outras pessoas nos vejam como queremos ser vistos. Existem várias estratégias
que podem ser utilizadas e a seguir explicarei detalhadamente algumas.
A insinuação é uma estratégia em que alguém tenta bajular, elogiar,
concordar com alguém com a intenção de se mostrar mais simpático
frequentemente, para alguém de maior status. De acordo com Aronson, Wilson e
Akert (2018), a insinuação é uma poderosa técnica, porque todos nós gostamos de
ter alguém agradável por perto. No entanto, tal estratagema pode sair pela culatra se
o receptor da insinuação sentir que você não está sendo sincero.
O autoenfraquecimento é uma estratégia por meio da qual as pessoas criam
obstáculos e desculpas para si mesmas para, no caso de apresentarem
desempenho ruim numa tarefa, evitar a culpa. Pode acontecer de duas formas:
1. Autoenfraquecimento comportamental: ações na tentativa de reduzir a
probabilidade de ter sucesso numa tarefa, para, no caso de falharem, culpar os
obstáculos que criaram – e não sua incapacidade. Pesquisas mostram que homens
tendem a utilizar essa estratégia mais que as mulheres (ARONSON; WILSON;
AKERT, 2018);
2. Autoenfraquecimento relatado: quando se deixam desculpas ou
justificativas prontas para usar em caso de falhas.

5 AUTOESTIMA
A autoestima é a avaliação das pessoas de seu próprio valor, isto é, “até que
ponto se veem como boas, competentes e decentes. Dada a opção entre distorcer o
mundo para se sentir bem consigo mesmas ou representá-lo precisamente, as
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pessoas frequentemente escolhem a primeira opção” (ARONSON; WILSON;


AKERT, 2018, p. 11).
A maioria das pessoas tem autoestima elevada, o que é um fator que ajuda a
evitar transtornos de humor, como a depressão. Um alto índice de autoestima
permite a perseverança apesar dos fracassos e é fator protetivo de pensamentos de
mortalidade: a Teoria da Administração/Gestão do Terror defende que a
autoestima serve como uma espécie de amortecedor e nos protege de pensamentos
aterrorizantes; foi desenvolvida originalmente por Solomon, Greenberg e
Pyszczynski (2015).

Creio que este capítulo está repleto de conceitos que são muito importantes
para entender melhor como nos constituímos enquanto um eu dentro de uma
sociedade, cultura e momento histórico.
Não deixe de assistir a videoaula e de acessar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o.k.? Até o próximo módulo!
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ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)

1. A Psicologia Social foi considerada como especialidade pelo Conselho


Federal de Psicologia (CFP) a partir da Resolução nº 5/2003.
Analise as afirmativas abaixo e assinale a incorreta.
a) O psicólogo social pode atuar em diferentes instituições e espaços comunitários;
b) A psicóloga social precisa ter em mente que questões sociais pouco contribuirão
para sua prática clínica;
c) Movimentos sociais são fenômenos importantes para a atuação profissional e
científica de psicólogos sociais;
d) Propor políticas e ações para a comunidade é uma atividade de grande valor da
psicóloga social;
e) O psicólogo social pode e deve problematizar e propor ações no âmbito social.

2. Leia atentamente o trecho abaixo escrito por Sílvia Lane:


O ser humano ao nascer necessita de outras pessoas para a sua
sobrevivência, no mínimo de mais uma pessoa, o que já faz dele membro
de um grupo (no caso, de uma díade – grupo de dois). E toda a sua vida
será caracterizada por participações em grupos, necessários para a sua
sobrevivência, além de outros, circunstanciais ou esporádicos, como os de
lazer ou aqueles que se formam em função de um objetivo imediato. (LANE,
2006, p. 12).

A partir da leitura, marque a alternativa correta:


a) A autora aponta que os seres humanos sempre farão parte de grupos, logo
estudar a individualidade e subjetividade é improdutivo;
b) A Psicologia Social se concentrará no estudo da individualidade humana;
c) De acordo com Lane, o ser humano sempre participará de grupos sociais;
d) Ao nascer o ser humano precisará de outras pessoas e, a medida em que for
crescendo, essa necessidade diminuirá e cessará;
e) O estudo dos grupos humanos não se fará necessário à Psicologia (que focará na
individualidade e subjetividade humana), mas apenas a áreas como Sociologia e
Antropologia.

3. De acordo com Krüger (1986), a Psicologia Cognitivo-experimental trazida


por professores estadunidenses e absorvida por psicólogos brasileiros em
universidades americanas possui características específicas.
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Marque a alternativa que não corresponde a uma das características.


a) Microteorização;
b) Etnocentrismo;
c) Pragmatismo;
d) Macroteorização;
e) Experimentalismo.

4. Após as duas Grandes Guerras mundiais e com o início da Guerra Fria, os


cientistas e psicólogos sociais norte-americanos tinham interesse em estudar
determinados fenômenos sociais.
Assinale qual fenômeno não era de interesse para esses acadêmicos durante
esse momento histórico.
a) Historicidade;
b) Liderança;
c) Conflito de valores;
d) Influência da propaganda;
e) Preconceito.

5. O modelo hegemônico de Psicologia Social na primeira metade do século


XX foi baseado no Positivismo e Psicologia Cognitivo-experimental
estadunidense. A esse respeito, avalie as afirmativas abaixo:
I. Os psicólogos sociais e cientistas americanos perceberam que os resultados de
suas pesquisas eram contraditórios e passaram a questionar sua visão
epistemológica;
II. Após as duas Guerras Mundiais, o contexto sociopolítico abalado pelos conflitos
afetou negativamente a pesquisa em Psicologia Social, ocasionando sua crise;
III. O materialismo histórico-dialético usado por psicólogos socio-históricos
questionou o modelo positivista importado dos estudos e práticas norte-americanos.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I e III c) II e)I e II
b) II e III d) III
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6. De acordo com Aronson, Wilson e Akert (2018), os 4 componentes do eu


são: autoconhecimento, autocontrole, gerenciamento de impressões e
autoestima. Analise as explicações acerca de cada componente:
I. O autoconhecimento refere-se às crenças sobre quem somos e como formulamos
e organizamos essa informação;
II. O autocontrole refere-se à forma como as pessoas fazem planos e executam
decisões;
III. O gerenciamento de impressões refere-se aos sentimentos que possuímos em
relação a nós mesmos e os outros;
IV. A autoestima refere-se a como nos sentimentos em relação a nós mesmos.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I, II e III c) II, III e IV e) II e IV
b) I, II e IV d) I e II

7. Analise as frases abaixo e marque a que não se relaciona corretamente às


diferentes visões de independência e interdependência do eu no
autoconhecimento.
a) Visão do eu independente: “Sou desbocada assim porque penso que posso falar
sobre aquilo que sinto e penso”;
b) Visão do eu interdependente: “Sou tímido porque não quero desagradar às outras
pessoas com aquilo que penso”;
c) Interdependência coletiva: “Sou trabalhador porque sou nordestino”;
d) Interdependência relacional: “Sou acolhedora porque aprendi isso com minha
mãe”;
e) Visão do eu interdependente: “Sou malandro porque acredito que no mundo é
cada um por si!”.

8. Leia atentamente o que escreveu o psicólogo analista do comportamento B.


F. Skinner a respeito do autocontrole:
“Com frequência o indivíduo vem a controlar parte de seu próprio comportamento
quando uma resposta tem consequências que provocam conflitos – quando leva
tanto a reforço positivo quanto a negativo” (SKINNER, 1953/2003, p. 252).
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A partir da visão skinneriana, analise as seguintes afirmativas e marque a correta:


a) Skinner tinha uma visão behaviorista acerca do autocontrole: ou seja, suas
causas eram internas;
b) O indivíduo não conseguirá atingir o autocontrole a menos que faça uso de
técnicas psicodinâmicas;
c) Para o autor, o autoconhecimento é uma característica inata que não pode ser
modificada;
d) O autocontrole deve ser visto como um comportamento e, portanto, deve ser
analisado como qualquer comportamento operante (relação entre resposta e
variáveis ambientais);
e) Para Skinner, o autoconhecimento é um traço importante ao se estudar os
esquemas mentais.

9. Um dos maiores problemas da preparação antecipada de desculpas é que


podemos passar a acreditar nelas e, consequentemente, nos esforçarmos
menos na tarefa. Essa atitude corresponde a que tipo de gerenciamento de
impressão?
a) Auto-enfraquecimento comportamental;
b) Insinuação;
c) Insinuação relatada;
d) Auto-enfraquecimento relatado;
e) Insinuação comportamental.

10. Qual das alternativas abaixo é correta em relação à autoestima?


a) Um alto índice de autoestima mostrou ter relação com desistência de tarefas;
b) Autoestima elevada é um sintoma comum a transtornos de ansiedade e humor;
c) A maior parte das pessoas tem autoestima baixa;
d) A autoestima é a avaliação das outras pessoas de seu valor, isto é, até que ponto
se veem como bonitas e atraentes.
e) A autoestima é a avaliação das pessoas de seu próprio valor, isto é, até que
ponto se veem como boas, competentes e decentes.
19

RESOLUÇÃO DAS ATIVIDADES

1. b
2. c
3. d
4. a
5. d
6. b
7. e
8. d
9. d
10.e
20

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. P. Para uma caracterização da Psicologia Social brasileira. Psicologia


Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. spe., p. 124-137, 2012. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932012000500009. Acesso em: 30 nov. 2020.

ARONSON, E.; WILSON, T. D.; AKERT, R. M. Psicologia Social. 8. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2018.

BONIN, L. F. R. Indivíduo, cultura e sociedade. In: JACQUES, M.; STREY, M.


(Orgs.). Psicologia Social Contemporânea: Livro-texto. Petrópolis: Vozes, 2013, p.
58-67.

CARVALHO, T. S. V.; COSTA JÚNIOR, I. C. A. Psicologia Social: Conceitos, história


e atualidade. Psicologia.pt: O portal dos psicólogos, on-line. 2017. Disponível em:
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0421.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução CFP nº 013/2007.


Brasília: CFP, 2007.

CORDEIRO, M. P.; SPINK, M. J. P. Apontamentos sobre a história da Psicologia


Social no Brasil. Estudos & Pesquisas em Psicologia, v. 18, n. 4, 2018. Disponível
em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/42223/29270.
Acesso em: 30 nov. 2020.

LANE, S. T. M. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2006.

MAIO, M. C. A crítica de Otto Klineberg aos testes de inteligência: O Brasil como


laboratório racial. Varia Historia, v. 33, n. 61, p. 135-161, jan./abr. 2017. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/0104-87752017000100007. Acesso em: 30 nov. 2020.

PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 12. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2013.

SILVA, G. A. M. A crise da Psicologia Social brasileira: Apontamentos históricos.


Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 71, n. 3, p. 48-63, set./dez.
2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v71n3/06.pdf. Acesso em: 30
nov. 2020.

SILVINO, A. M. D. Epistemologia positiva: Qual a sua influência hoje? Psicologia


Ciência e Profissão, v. 27, n. 2, p. 276-289, jun. 2007. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932007000200009&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 30 nov. 2020.

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes,


2003.

SOLOMON, S.; GREENBERG, J.; PYSZCZYNSKI, T. The worm at the core: On the
role of death in life. Nova Iorque: Random House, 2015.
21

MÓDULO 2 – O ESTUDO DE GRUPOS E AS DIFERENTES CONCEPÇÕES

AULA 1 – A INFLUÊNCIA DO GRUPO E DA CULTURA NO INDIVÍDUO

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Você lembra que, na década de 2000, houve um grande número de
adolescentes e jovens que se chamavam de “emos”?
Inicialmente era um gênero musical surgido no final dos anos 1980, a cultura
emo se tornou popular nos anos 2000 com o sucesso de artistas como Jimmy Eat
World, Simple Plan, Panic! at the Disco, etc.
Como “tribo urbana” em nosso país, os emos surgiram em São Paulo e
depois se espalharam para o resto do país, influenciando a moda (roupas escuras,
listradas ou mesmo com cores berrantes, cabelos coloridos, franjas caídas sobre os
olhos), a música, a expressividade nas redes sociais, etc.
Mesmo que em sua época houvesse duras críticas a quem participasse desse
grupo, era crescente o número de adolescentes que compartilhavam dos ideais
“emo”: expressar suas emoções de forma visual, por meio de canções, críticas à
sociedade, etc.
Atualmente, algumas pessoas consideram que o gênero emo “morreu”, mas
pessoas que ainda se consideram dessa tribo dizem que o gênero continua presente
na cena underground.
Antes de ler este capítulo, reflita: você faz parte de algum grupo?

1 GRUPOS: O QUE SÃO E POR QUE PARTICIPAMOS DELES? Fonte imagem


Todos nós já participamos de um
grupo. Os grupos são importantes para a
estruturação de nossas convicções e o
desenvolvimento de nossas capacidades,
podendo deixar marcas profundas
dependendo da forma como se dá essa
inserção (CARLOS, 2013).
Nossa inserção grupal pode ser
realizada de forma consciente ou não: costumamos lembrar-se daqueles que
aderimos por vontade própria (ex: grupos de WhatsApp, amigos próximos, excursão
22

para uma viagem) mas geralmente somos “carregados” por um grupo. Você
entenderá isso no decorrer deste capítulo.
Mas o que são grupos? De acordo com Aronson, Wilson e Akert (2018, p.
182), um grupo é “três ou mais pessoas que interagem e são interdependentes, no
sentido de que suas necessidades e objetivos as influenciam mutuamente”.
Na Psicologia, o estudo da
dinâmica dos pequenos grupos sociais
tem início na década de 1930 com Jacob
Moreno (1889-1974) e Kurt Lewin (1890-
1947), ambos influenciados pelas
inovações tayloristas e fordistas1 que
deterioram as relações entre operários e
patrões. Fonte imagem
Moreno é o fundador do
psicodrama e da sociometria “para o estudo de relações de aproximação e
afastamento entre as redes de preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na
comunidade como um todo” (CARLOS, 2013, p. 215). Lewin criou o termo “dinâmica
de grupo” em 1944, uma ferramenta de estudo de grupos e processos grupais.
A necessidade de pertencer a grupos pode ser considerada inata e presente
em todas as sociedades: estabelecer relacionamentos com outras pessoas satisfaz
as muitas necessidades humanas. De acordo com Aronson, Wilker e Akert (2018),
em todas as culturas, os seres humanos são motivados a pertencer a um grupo,
estabelecer relacionamentos, resistir à dissolução deles e monitorar seu status no
grupo, buscando sinais de que possam ser rejeitados.

2 NATUREZA E CLASSE DE GRUPOS


Neste tópico abordaremos algumas definições e distinções acerca da
natureza e classe de grupos, mas, desde já, é importante salientar que não
necessariamente todos os autores concordam com elas. Entretanto, Torres e

1
Taylorismo é o modelo de administração desenvolvido por Frederick Taylor (1856-1915) que põe
ênfase na execução de tarefas de modo mais inteligente e com maior economia de esforço,
objetivando aumentar a eficiência do nível operacional. O fordismo é o sistema de produção em
massa (linha de produção/montagem automatizada) desenvolvido por Henry Ford (1863-1947)
vinculado às novas formas de consumismo social.
23

Camino (2013) salientam que isso ajuda a mostrar as dificuldades que têm
acompanhado a elaboração de uma definição psicológica de grupo.
Certos conjuntos ou categorias de pessoas são constituídos por alguns
critérios como raça, gênero, nacionalidade, etc.: estes agrupamentos são chamados
de categorias sociais.
Segundo Torres e Carmino (2013, p. 526), acerca delas a Psicologia pode
ajudar a “analisar tanto características de comportamento supostamente próprias
dessas categorias como as diversas formas de se sentir membro dos seus
integrantes”. Assim, as categorias sociais podem ser estudadas pela Psicologia
Social, sem necessariamente se constituírem como grupos psicológicos.
Entendem-se como agregados os grupos em que as pessoas possuem um
elemento comum extrínseco: como exemplo pode citar estudantes de Psicologia do
3º período de uma faculdade particular. Para a pesquisa psicológica, é possível, por
exemplo, levantar hipóteses sobre o comportamento das pessoas nesses
agregados.
As ações de massa ou ações coletivas correspondem a grupos que se
unem para agir a respeito de determinado problema social. Essas formas de
organização, por vezes, não são consideradas como grupos psicológicos (confira o
quadro a seguir).

SAIBA MAIS
Alguns psicólogos sociais torcem o nariz para as ações coletivas
compreendendo-as como promotora de efeitos negativos sobre os indivíduos.
Gustave Le Bon (1841-1931), por exemplo, autor que inaugurou os estudos
dos movimentos sociais a partir de uma perspectiva psicológica, identificou a
irracionalidade como característica fundamental das ações coletivas, “alertando para
a degradação civilizatória do indivíduo ao inserir-se nas massas” (LIMA; FEITOSA;
COSTA, 2017, p. 15).
Para o autor, as massas (multidões) não são a soma de suas partes
individuais, mas forma-se uma nova entidade psicológica, um “inconsciente racial”
da multidão ocasionado pela “influência magnética dada pela multidão”.
Le Bon detalhou três processos-chave que criam a “multidão psicológica”:
anonimato, contágio e sugestionabilidade. O anonimato corresponde a um
sentimento de invencibilidade e perda de responsabilidade social. O contágio
24

corresponde à disseminação de comportamentos do coletivo em detrimento dos


interesses pessoais. A sugestionabilidade é o mecanismo principal do contágio:
sugestões feitas por vozes fortes na multidão (líderes) criam espaço para o
inconsciente racial.
Embora essa teoria tenha conceitos interessantes para analisarmos a
influência que as multidões podem exercer sobre as pessoas, Le Bon foi duramente
criticado (e com razão!) pela comunidade científica de sua época: o autor tinha o
intuito de opor-se à democratização do Estado, à ampliação do espaço público e à
acrescente participação das classes populares na vida política, além de ter ideias
consoantes à supremacia branca (LIMA; FEITOSA; COSTA, 2017).
Fonte imagem
Por fim, outra classificação de
grupos é: grupos primários e grupos
secundários. Os grupos primários são os
grupos constituídos para satisfazer
necessidades básicas da pessoa e a
formação de sua identidade. Suas
principais características são os fortes
vínculos afetivos interpessoais e
hierarquização de poder. Exemplo disso: grupo familiar.
Os grupos secundários são os grupos constituídos para a satisfação das
necessidades sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e classes. De acordo
com Amaral (2007, p. 6), “sua identidade é construída pelo papel social que o
indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade e na ocupação social
dos seus membros”. Exemplos desse tipo de grupo são: conselhos de classe numa
escola.

3 A DINÂMICA DOS GRUPOS E O PROCESSO GRUPAL


Ao se formar um grupo, alguns fenômenos passarão a atuar sobre as
pessoas que participam dele e, por consequência, sobre o grupo. Assim, uma
mudança ocorrida em um dos participantes interferirá no grupo como um todo – o
que enfatiza o caráter dinâmico dos grupos. Esse processo é chamado de processo
grupal.
De acordo com Amaral (2007), alguns fenômenos deste processo são:
25

▪ Coesão: é o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade


aos seus objetivos e a unidade nas suas ações. Quanto maior for a coesão grupal
maior será a satisfação e a produtividade dos membros. Amaral (2007, p. 7) aponta
que “todo grupo só consegue sobreviver se mantiver uma atração entre seus
membros, assim, faz-se necessária certa pressão entre os membros para que nele
permaneçam”.
▪ Padrões grupais: os padrões grupais são as expectativas de
comportamentos partilhados por parte dos membros do grupo – padrões esses
estabelecidos com a especificação de atitudes ou comportamentos desejáveis por
parte dos membros (que ajudam a fiscalizar o cumprimento dessas normas).
▪ Motivações individuais e objetivos do grupo: são os elementos que
estão relacionados à escolha que cada indivíduo faz quando decide participar de um
grupo importante para garantir a adesão. Segundo Amaral (2007, p. 7), “é importante
observar as respostas que o grupo dá a essas manifestações individuais, as quais
até podem ser admitidas, desde que não interfiram nos objetivos centrais do grupo,
que sempre prevalecerão”.
▪ Liderança: Aronson, Wilson e Akert (2018) apontam que numerosos
estudos encontraram pouca relação entre personalidade e capacidade de liderança.
Além disso, os autores dividem dois estilos de liderança: líderes transacionais e
líderes transformacionais. Os líderes transacionais definem objetivos claros e de
curto prazo e recompensam as pessoas que os atingem; os líderes
transformacionais são os que inspiram os seguidores a focar em objetivos comuns
e de longo prazo.

Terminamos este capítulo por aqui, mas não se esqueça de frequentar o


Ambiente Virtual de Aprendizagem e assistir à videoaula, o.k.? Até mais!
26

AULA 2 – PRINCIPAIS ENFOQUES TEÓRICOS

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Como área de conhecimento, você deve ter percebido que a Psicologia
possui diferentes vertentes, objetos de estudo, abordagens teóricas e
epistemologias. Da mesma forma, a Psicologia Social teve e tem muitos olhares
para pensar a relação entre o ser humano e a cultura e sociedade.
E aqui fica uma dica para você: independente de que você não concorde com
determinada abordagem ou teoria, será muito importante para sua vida acadêmica e
profissional conhecê-las.
Então, tenha atenção e uma atitude reflexiva neste capítulo, o.k.?

De acordo com Calegare (2010, pp. 30-31), existe um mosaico de teorias e


práticas inspiradas na Psicologia Social:
Muitas vezes, encontrar pontos em comum entre as distintas abordagens
torna-se um trabalho intelectual árduo, digno de fervorosas horas de
discussões político-acadêmicos – regado pelo mais alto grau de
comprometimento afetivo com a transformação social em nossa pátria

Assim, apontar os principais enfoques teóricos da Psicologia Social exige um


trabalho de síntese enorme e, de já, peço que você, aluno (a), tenha muita atenção
neste capítulo. Como as teorias que abordarei aqui são amplas e complexas, é
muito importante que você leia e busque o material adicional que disponibilizarei ao
longo do capítulo e no Ambiente Virtual de Aprendizagem, o.k.?

1 AS “TRADIÇÕES” DA PSICOLOGIA SOCIAL


Corga (1998 apud CALEGARE, 2010, p. 36) circunscreve quatro “tradições”
da Psicologia Social que compreende como “um conjunto dos fundamentos,
convicções e expressões que compõe e dinamiza uma cultura”. Essas tradições são
cultivadas a partir da divulgação científica (congressos, textos, sociedades e revistas
científicas, etc.).
Existem assim quatro principais tradições em Psicologia Social. São elas:
1. Tradição sociológica americana do interacionismo simbólico: iniciada
por George Herbert Mead nos Estados Unidos entre 1900 e 1931, a partir de seu
behaviorismo social. Para o autor, a Psicologia Social é parte da Psicologia
27

individual cujo objetivo seria estudar a influência do grupo social na conduta de um


organismo individual: “Para a Psicologia Social o todo (a sociedade) é anterior à
parte (o indivíduo) e não a parte ao todo” (MEAD, 1934 apud CAMINO; TORRES,
2013, p. 62).

2. Tradição do experimentalismo psicológico (Psicologia Social


experimental): você deve lembrar bem dela porque a estudamos no capítulo 1.
Ocorreu nos EUA durante a primeira metade do século XX, com seu
desenvolvimento e transformações por meio das influências do Behaviorismo,
Neobehaviorismo, Gestalt e Cognitivismo.

3. Tradição dos estudos de grupos sociais: Elton Mayo, F. H. Allport,


Moreno, Lewin, Sherif são exemplos de estudiosos que se dedicaram a estudar
grupos sociais específicos, trabalhadores, a dinâmica de grupos, etc. Por volta de
1970, esses estudos ganham força na Europa e perduram com produção expressiva
até hoje.

4. Tradição sociológica europeia


das representações sociais (Paradigma
europeu): iniciada por Serge Moscovici a
partir dos anos 1960 na França. Para este
psicólogo social, as representações sociais
são compartilhadas de modo heterogêneo
pelos diferentes grupos sociais. Além
disso, o Paradigma Europeu apoia-se em
três conceitos essenciais: representação
social, identidade social e influência das Figura 4 – Serge Moscovici (1928-2014)
desenvolveu a Teoria das Representações sociais
minorias ativas (CAMINO; TORRES, (Fonte: ABRAPSO).

2013).

2 AS ABORDAGENS LATINO-AMERICANAS A PARTIR DA “CRISE DA


PSICOLOGIA SOCIAL”
Você deve lembrar-se do Capítulo 1 e a crise que assolou a Psicologia Social
– inicialmente na Europa e posteriormente na América Latina. Nesse momento de
28

questionamento teórico, metodológico e político desenvolveu-se a Psicologia


Social Comunitária (PSC).
Essa abordagem nasce de uma prática emergente e transformadora de
psicólogos sociais “colocados diante de situações concretas, apelando para uma
pluralidade de fontes teóricas e revisões críticas das mesmas, que os conduziram à
elaboração de um modelo teórico próprio às realidades latino-americanas”
(CALEGARE, 2010, p. 42).
De forma muito geral, a PSC é um ramo da Psicologia Social que aborda as
comunidades e que é realizada com as mesmas. Segundo Montero (2004 apud
CALEGARE, 2010, p. 42) essa área pode ser definida como:
O ramo da psicologia [social] cujo objetivo é o estudo dos fatores
psicossociais que permitem desenvolver, fomentar e manter o controle e
poder que os indivíduos podem exercer sobre seu ambiente individual e
social para solucionar problemas que os afetam e lograr mudanças nesses
ambientes e na estrutura social.

A Psicologia Política é outra vertente da Psicologia Social que vem


ganhando força nos cenários
estadunidense, europeus e latino-
americano. Especificamente, na
América Latina, começou a se
desenvolver na década de 1980 e isso
se deu em resposta a necessidades
sociais concretas. Lullier (2013) aponta
que a consolidação dessa área exige
um resgate da sua história no Figura 5 – A Psicologia Política é o campo dedicado a
contexto brasileiro e um panorama compreender a política, os comportamentos políticos, e
os próprios políticos a partir da perspectiva psicológica
completo da situação atual. (Fonte: Pixabay).

Sabucedo (1996 apud


LULLIER, 2013, p. 226) assinala que a Psicologia Política consiste no “estudo das
crenças, representações ou senso comum que os cidadãos têm sobre a política e os
comportamentos destes que, por ação ou omissão, incidam sobre ou contribuam
para a manutenção ou mudança de uma determinada ordem sociopolítica”.
29

PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social
Comunitária (PSC) e a caracterização do trabalho do psicólogo comunitário,
recomendo a leitura do artigo de Mariana Alves Gonçalves e Francisco Teixeira
Portugal. O link está a seguir: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v28n3/1807-0310-psoc-
28-03-00562.pdf.
GONÇALVES, M. A.; PORTUGAL, F. T. Análise histórica da Psicologia Social
Comunitária no Brasil. Psicologia & Sociedade, v. 28, n. 3, p. 562-571, 2016.

3 ALGUMAS ABORDAGENS EM DESTAQUE NO BRASIL


Novas possibilidades de teorias e práticas profissionais foram desenvolvidas
ao longo do mundo após a crise da Psicologia Social. Muitas dessas teorias
chegaram a nosso país por meio de professores e estudiosos. Algumas delas serão
destacadas a seguir:

3.1 Contribuições de Pichon-Rivière


Este psiquiatra e psicanalista suíço (nacionalizado argentino) desenvolveu a
técnica de grupos operativos e o conceito de Ecro-Esquema Conceitual Referencial
e Operativo.
Para o autor, cada um de nós possui um Ecro individual constituído por
valores, crenças, medos e fantasias. Com outras pessoas, trazemos nosso Ecro e
dialogamos com os Ecros dos outros. Em grupos, constrói-se um Ecro grupal: “um
esquema comum para as pessoas que participam de um determinado grupo [...]
poderem partir para agir também coletivamente a partir do aclaramento das posições
individuais e da construção coletiva que favorece a tarefa grupal” (CARLOS, 2013, p.
221).

3.2 Psicologia Social Crítica (ou Psicologia Crítica)


Corrente que adota discussões de autores marxistas, neomarxistas e da
Escola de Frankfurt. Como exemplo, os estudos da brasileira Sílvia Lane defendem
que a Psicologia Social Crítica deve estar a serviço da emancipação, desenvolvendo
uma práxis crítica e criadora.
Essa práxis é apresentada como o “resultado do movimento entre teoria e
prática que se dá a partir de um processo dialético, colocando a possibilidade
30

transformadora como exigência da reflexão teórica” (LIMA; CIAMPA; ALMEIDA,


2009, p. 223).

PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social
Crítica e da práxis psicológica em Psicologia Social, recomendo a leitura do artigo a
seguir. Clique no link: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v9n18/v9n18a04.pdf.
LIMA, A. F.; CIAMPA, A. C.; ALMEIDA, J. A. M. Psicologia social como
psicologia política?: A proposta de Psicologia Social Crítica de Sílvia Lane. Revista
Psicologia Política, São Paulo, v. 9, n. 18, p. 223-236, dez. 2009.

3.3 Psicologia Sócio-Histórica


Tendo como base as contribuições dos russos Leontiev, Vygotsky e Luria, as
discussões nessa área costumam girar em torno da constituição social da
subjetividade; da historicidade como noção básica nos processos de formação do
sujeito; da consciência e atividade como categorias centrais para compreender o
indivíduo/sociedade; da aquisição da linguagem, aprendizagem e socialização como
fenômenos do âmbito individual/social (CALEGARE, 2010).

3.4 Psicossociologia
Recebe forte influência do movimento institucionalista: sociopsicanálise,
psicoterapia institucional, socioanálise e esquizoanálise.
Seu campo é mais delimitado, concentrando-se em grupos, organizações e
comunidades, “considerados como conjuntos concretos que mediam a vida pessoal
dos indivíduos e são por esses criados, geridos e transformados” (MACHADO;
ROEDEL, 2001, p. 9, grifo das autoras). Assim, as condutas concretas dos
indivíduos, grupos e comunidades no quadro da vida cotidiana serão o objeto de
pesquisa, reflexão e análise dessa disciplina.

Creio que este capítulo está repleto de conceitos e teorias que são muito
importantes para entender melhor como a Psicologia Social tem se desenvolvido ao
longo do último século.
Não deixe de assistir a videoaula e de acessar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o.k.? Até o próximo módulo.
31

ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)

1. Acerca da definição, natureza e classe de grupos, assinale a alternativa


correta:
a) A necessidade de pertencer a grupos é algo absolutamente opcional aos seres
humanos;
b) Nossa espécie não costuma resistir à dissolução de grupos, ao contrário das
demais espécies animais;
c) Há consenso na definição de grupos por parte dos autores que estudam suas
características;
d) Os grupos são três ou mais pessoas que interagem e são interdependentes: suas
necessidades e objetivos as influenciam mutuamente;
e) Os grupos são agrupações de mais de cinco pessoas que, individualmente,
realizam funções.

2. Analise o trecho abaixo:


“Certos conjuntos ou categorias de pessoas são constituídos por alguns
critérios como raça, gênero, nacionalidade, etc.: estes agrupamentos são
chamados de _______________________. Assim, as ____________________
podem ser estudadas pela Psicologia Social, _________________________ se
constituírem como grupos _____________________.”

Complete as lacunas no texto a seguir utilizando as palavras presentes na


alternativa correta:
a) categorias sociais; categorias sociais; independentemente de; antropológicos;
b) agregados; categorias sociais; sem necessariamente; psicológicos;
c) ações de massa; ações coletivas; independentemente de; psicológicos;
d) categorias sociais; categorias sociais; sem necessariamente; psicológicos;
e) ações coletivas; categorias sociais; mas necessariamente; antropológicos.

3. Coloque V, para as frases verdadeiras, e F, para as falsas:


( ) Categorias sociais são grupos em que as pessoas possuem um elemento
comum extrínseco;
32

( ) Agregados correspondem a grupos que se unem para agir a respeito de


determinado problema social;
( ) Ações coletivas são critérios como raça, gênero, nacionalidade, etc.

Qual a ordem correta das respostas?


a) F, V, V; d) F, F, F;
b) V, F, V; e) F, V, F.
c) V, V, F;

4. De acordo com o polímata francês Gustave Le Bon, quais são os três


processos-chave que criam a “multidão psicológica”?
a) Sustentabilidade, anonimato e comunhão;
b) Liderança, sugestionabilidade e anonimato;
c) Anonimato, contágio e liderança;
d) Anonimato, comunhão e sustentabilidade;
e) Anonimato, contágio e sugestionabilidade.

5. Analise as frases abaixo e marque a que não se relaciona corretamente aos


fenômenos do processo grupal segundo Amaral (2007).
a) Coesão: é o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade aos seus
objetivos e a unidade nas suas ações;
b) Padrões grupais: são os elementos que estão relacionados às escolhas
individuais ao participar de um grupo;
c) Liderança: padrões e expectativas de comportamentos partilhados por um
membro específico do grupo;
d) Motivações individuais: expectativas estabelecidas com a especificação de
atitudes ou comportamentos desejáveis;
e) Objetivos do grupo: atração entre os diferentes membros do grupo.

6. Segundo Corga (1998) a Psicologia Social possui quatro tradições, que


funcionam como um conjunto de fundamentos, convicções e expressões que
compõe dinamiza uma cultura.
Qual das alternativas não faz parte das principais tradições da Psicologia
Social?
33

a) Tradição epistemológica husserliana;


b) Tradição sociológica americana do interacionismo simbólico;
c) Tradição do experimentalismo psicológico;
d) Tradição dos estudos de grupos sociais;
e) Tradição sociológica europeia das representações sociais.

7. A Psicologia Social Comunitária (PSC) desenvolveu-se inicialmente na


Europa e, posteriormente, na América Latina durante a chamada “crise da
Psicologia Social”.
Assinale a alternativa correta sobre essa abordagem:
a) A PSC foca no estudo da cultura organizacional em empresas de pequeno porte;
b) A PSC é um ramo da Psicologia Organizacional e do Trabalho;
c) A PSC é uma corrente europeia que também não buscou adaptar-se às
realidades latino-americanas;
d) A PSC é um ramo da Psicologia Social que aborda as comunidades e que é
realizada com as mesmas;
e) A PSC é uma abordagem bastante recente dentro da Psicologia Social, tendo seu
início em meados dos anos 2000.

8. Leia o texto abaixo sobre a diferenciação entre Psicologia Política e


Psicologia da Política:
Se falamos de psicologia política, nos deparamos com uma disciplina que
assume que a psicologia não é algo completamente alheio e à margem da
política, que a própria psicologia contém teorias políticas. Se, em vez disso,
nos referimos a uma psicologia da política, estamos ante uma abordagem
totalmente diferente. Nesse último caso, a psicologia e a política seria, duas
entidades absolutamente diferenciadas. A finalidade dessa disciplina, a
psicologia da política, consistiria na aplicação do conhecimento psicológico
ao estudo dos fenômenos políticos. Esse conhecimento psicológico seria
exagerado a partir de instâncias científicas que se consideram
axiologicamente assépticas e neutras (SABUCEDO, 1996 apud LULLIER,
2013, p. 228).

A partir do texto, analise as afirmativas abaixo e marque a correta:


a) Sabucedo aponta que a Psicologia está à margem da política;
b) A Psicologia da Política não supõe a possibilidade de neutralidade científica;
c) Não existe grande distinção entre as abordagens da Psicologia Política e
Psicologia da Política;
d) A Psicologia da Política supõe a possibilidade de neutralidade científica;
34

e) A Psicologia jamais compactou com o estudo de teorias políticas.

9. Numere as colunas abaixo relacionando as abordagens e conceitos


desenvolvidos com seus respectivos autores. Marque a alternativa
correspondente.
1 - Pichon-Rivière
2 - Sílvia Lane
3 - Vygotsky
4 - Deleuze e Guattari

( ) Esquizoanálise
( ) Psicologia Social Crítica
( ) Grupos operativos
( ) Psicologia Sócio-Histórica

a) 4, 2, 3, 1;
b) 4, 2, 1, 3;
c) 2, 3, 1, 4;
d) 3, 2, 1, 4;
e) 2, 3, 4, 1.

10. Analise o trecho abaixo:

“Seu campo é mais _________________, concentrando-se em __________,


organizações e comunidades, considerados como __________________________
que mediam a vida pessoal dos indivíduos e são por esses criados, geridos e
transformados”.

Complete as lacunas no texto a seguir utilizando as palavras presentes na


alternativa correta:
a) amplo, grupos, conjuntos concretos;
b) delimitado, empresas, modos de ser;
c) delimitado, grupos, conjuntos concretos;
d) amplo, empresas, personas;
35

e) delimitado, grupos, conjuntos discretos.

RESOLUÇÃO DAS ATIVIDADES

1. d
2. d
3. d
4. e
5. a
6. a
7. d
8. d
9. b
10.c
36

REFERÊNCIAS

AMARAL, V. L. A dinâmica dos grupos e o processo grupal. Natal: EDUFRN,


2007.

ARONSON, E.; WILSON, T. D.; AKERT, R. M. Psicologia Social. 8. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2018.

CALEGARE, M. G. A. Abordagens em Psicologia Social e seu ensino.


TransFormações em Psicologia, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 30-53, 2010. Disponível
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
106X2010000200003. Acesso em: 15 dez. 2020.

CAMINO, L.; TORRES, A. R. R. Origens e desenvolvimento da Psicologia Social. In:


CAMINO, L. et al (Orgs.). Psicologia Social: Temas e teorias. 2. ed. Brasília:
Technopolitik, 2013.

CARLOS, S. A. O processo grupal. In: STREY, M. N. et al. Psicologia Social


Contemporânea. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.

GONÇALVES, M. A.; PORTUGAL, F. T. Análise histórica da Psicologia Social


Comunitária no Brasil. Psicologia & Sociedade, v. 28, n. 3, p. 562-571, 2016.
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v28n3/1807-0310-psoc-28-03-
00562.pdf.

LIMA, A. F.; CIAMPA, A. C.; ALMEIDA, J. A. M. Psicologia social como psicologia


política?: A proposta de Psicologia Social Crítica de Sílvia Lane. Revista Psicologia
Política, São Paulo, v. 9, n. 18, p. 223-236, dez. 2009. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v9n18/v9n18a04.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.

LIMA, L. B.; FEITOSA, A. L. O.; COSTA, F. A. Análise sobre ações coletivas:


Contribuições e limites teóricos na produção científica da Psicologia Social brasileira.
Barbarói, Santa Cruz do Sul, n. 50, p. 14-38, jul./dez. 2007. Disponível em:
https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/10446/7294. Acesso em:
10 dez. 2020.

LULLIER, L. A. Psicologia Política. In: STREY, M. N. et al. Psicologia Social


Contemporânea. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.

MACHADO, M. N. M.; ROEDEL, S. Prefácio. In: LÉVY, A. et al. Psicossociologia:


Análise social e intervenção. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

TORRES, A. R. R.; CAMINO, L. Grupos sociais, relações intergrupais e identidade


social. In: CAMINO, L. et al (Orgs.). Psicologia Social: Temas e teorias. 2. ed.
Brasília: Technopolitik, 2013.
37

MÓDULO 3 – A RELAÇÃO INDIVÍDUO-SOCIEDADE

AULA 1 – ASPECTOS QUE ENVOLVEM A RELAÇÃO INDIVÍDUO-


SOCIEDADE – PARTE 1

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Neste capítulo você estudará uma importante teoria da Psicologia Social: a
Teoria das Representações Sociais.
O autor que a desenvolveu (Serge Moscovici) se negou a apresentar uma
conceituação formal: para ele, a demanda por exatidão de significado e definição
precisa de termos que pode ter um efeito pernicioso nas ciências do comportamento.
O que você acha disso?
Leia este capítulo e tente entender esse pensamento de Moscovici.

1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL
A Teoria das Representações Sociais é uma das abordagens mais
importantes dentro da Psicologia Social. Foi desenvolvida na década de 1960 a
partir da publicação de La psychanalyses, son image et son public, pelo psicólogo
social Serge Moscovici.
Para Moscovici, sua teoria é complementar em relação às abordagens
cognitivistas. O problema central da Psicologia nos últimos anos foi a redescoberta
da mente social. Assim, a Psicologia passou por três fases (ou períodos
conceituais): as atitudes sociais, a cognição social e as representações sociais.
Segundo Moscovici (1981, p. 181), por Representações Sociais (RS):
Entendemos um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado
na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o
equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença das
sociedades tradicionais: podem também ser vistas como a versão
contemporânea do senso comum.

Assim, as RS são “teorias” sobre saberes populares e do senso comum,


elaboradas e partilhadas coletivamente, com o intuito de construir e interpretar o
real. Elas levam os indivíduos a produzir comportamentos e interações com o meio,
visto que são dinâmicas – ações que, sem dúvida, modificam os dois (OLIVEIRA;
WERBA, 2013).
38

De acordo com Chaves e Silva (2013), as representações sociais constituem


um fenômeno que se apresenta de diversas formas, com maior ou menor
complexidade. Entre os principais exemplos, podemos citar: imagens, sistemas de
referência, categorias e teorias.
▪ Imagens condensam um conjunto de significações;
▪ Sistemas de referência nos permitem dar uma interpretação àquilo
que percebemos;
▪ Categorias possibilitam a classificação das circunstâncias, dos
fenômenos, dos indivíduos em nosso relacionamento social;
▪ Teorias admitem uma compreensão da realidade social em seu
conjunto, quando diante de realidades concretas da vida social.
Moscovici diz que as
representações sociais surgem do
nosso desejo de familiarizar o não-
familiar: elas surgem da necessidade
que temos de ajustar, identificar,
conduzir e resolver problemas
apresentados, transformando o
desconhecido em conhecido.
Assim, “nesse processo de
ajustamento, de superação do Figura 1 – As representações sociais são “teorias” sobre
saberes populares e do senso comum, elaboradas e
‘vago’ os sujeitos desenvolvem partilhadas coletivamente. Assim, como você acredita que
ela pode estudar temas como o alcoolismo? (Fonte:
modos de promover a compreensão Pixabay).
sobre os grupos externos aos seus
grupos de pertença, realizando uma ‘economia’ cognitiva” (MENDONÇA; LIMA,
2004, p. 193).
A partir dessa teoria, entende-se que as origens do pensamento social
dependem das relações entre os grupos: grupos e indivíduos estão em um campo
de forças definido pela ideologia dominante.
De acordo com Oliveira e Werba (2013), um dos elementos fundamentais da
Teoria das Representações Sociais é a interligação possível entre cognição, afeto e
ação no processo de representação.
Para as autoras, o conceito de RS é versátil e três postulados podem se
combinar em seu emprego:
39

▪ É um conceito abrangente que compreende outros conceitos tais


como: atitudes, opiniões, imagens, ramos de conhecimento;
▪ Possui poder explanatório: não substitui, mas incorpora os outros
conceitos, indo mais a fundo na explicação causal dos fenômenos;
▪ O elemento social na Teoria das Representações Sociais é algo
constitutivo delas e não uma entidade separada. O social não determina a pessoa,
mas é substantivo dela. O ser humano é tomado como essencialmente social.

1.1 Diferenciação e avanços


A principal diferença entre o conceito de RS e os demais é sua dinamicidade
e historicidade específicas. As representações sociais
Estão associadas às práticas culturais, reunindo tanto o peso da história e
da tradição, como a flexibilidade da realidade contemporânea, delineando
as representações sociais como estruturas simbólicas desenhadas tanto
pela duração e manutenção como pela inovação e metamorfose
(OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 118).

Além disso, há uma visão diferente no que se refere à visão do social e ser
humano. Em outras teorias que você conhece na Psicologia, tais como
Behaviorismo e Psicanálise, o social ou é dado como pronto ou relegado a uma
categoria de menor importância. Já na Teoria das RS, o social é construído de forma
coletiva e o ser humano, construído pelo social.
Sperber (1985 apud OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 119) divide as
representações fazendo comparativos com termos da Medicina:
▪ Representações coletivas: representações duradouras, amplamente
distribuídas, ligadas à cultura, transmitida lentamente por gerações, “são tradições” e
se comparam à endemia2;
▪ Representações sociais: típicas de culturas modernas espalham-se
rapidamente pela população e possuem curto período de vida – parecidas com
“modismos” e epidemias3.

2
“A endemia é uma doença de causa e atuação local. Ela se manifesta com frequência em
determinada região, mas tem um número de casos esperado – um padrão relativamente estável que
prevalece” (HILAB, 2020, on-line).
3
Uma epidemia acontece quando ocorrem surtos em várias regiões, ou seja, “quando há ocorrência
excedente de casos de uma doença em determinados locais geográficos ou comunidades, e que vão
se espalhando para outros lugares além daquele em que foram inicialmente identificados” (HILAB,
2020, on-line).
40

Por fim, uma das grandes diferenças entre esta teoria e as demais de
tendência positiva e/ou funcionalista, é que a Teoria das RS aceita a existência de
conteúdos contraditórios, ou seja:
Seu estudo e pesquisa não descartam os achados conflitantes; pelo
contrário, é a possibilidade de trabalhar com as diferenças que enriquece a
compreensão do fenômeno investigado, conferindo à teoria das RS uma
dimensão dialética. (OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 119).

A Teoria das Representações Sociais trouxe vários avanços para a Psicologia


Social. Segundo Oliveira e Werba (2013), os dois principais avanços trazidos por
esta teoria são:
1. Trata do conhecimento construído e partilhado entre pessoas, saberes
específicos à realidade social, que surgem na vida cotidiana no decorrer das
comunicações interpessoais, buscando a compreensão de fenômenos sociais;
2. Colocou os saberes do senso comum em uma categoria científica. Ela veio
valorizar este conhecimento popular, tornando possível e relevante sua investigação.

2 O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
O processo de socialização acontece durante toda a nossa vida. Alguns
autores dividem esse processo em 3 etapas:
1. Socialização primária:
ocorre na infância com agentes
socializadores (família, escola,
cultura, meios de comunicação, etc.)
que exercem uma influência
significativa na formação da
personalidade social;
2. Socialização secundária:
ocorre durante a fase adulta. Nessa etapa, nós estamos com a personalidade
relativamente formada, o que caracteriza certa estabilidade de comportamento. Isso
faz com que a ação dos agentes seja mais superficial, ainda que alguns abalos
estruturais possam ocorrer, gerando crises pessoais mais ou menos intensas. Nesse
momento, surgem outros grupos que se tornam agentes socializadores importantes
– ex.: grupo de trabalho;
3. Socialização terciária: ocorre na velhice. Pela própria fase de vida, o
indivíduo pode sofrer crises pessoais, haja vista que o mundo social dos idosos pode
41

se tornar restrito e monótono, deixando inclusive de pertencer a alguns grupos


sociais. Logo, neste momento, o indivíduo pode sofrer uma dessocialização, em
decorrência das alterações que ocorrem, em relação a critérios e valores.
Concomitantemente, na
velhice, começaremos um novo
processo de aprendizagem social
para as possíveis adaptações a nova
fase de vida, que implica em uma
ressocialização.

Terminamos este capítulo por


aqui, mas não se esqueça de
frequentar o Ambiente Virtual de Figura 3 – O processo de socialização acontecerá durante
toda nossa vida, apresentado características específicas a
Aprendizagem e assistir à depender do momento (Fonte: Pixabay).
videoaula, o.k.? Até mais!

AULA 2 – ASPECTOS QUE ENVOLVEM A RELAÇÃO INDIVÍDUO-


SOCIEDADE – PARTE 2

PARA INÍCIO DE CONVERSA


“Pau que nasce torto, morre torto!”
Este ditado popular é entendido como uma verdade incontestável em nossa
sociedade. Entretanto, nós psicólogos precisamos contestar essa ideia! Se não
acreditarmos que as pessoas podem mudar, o que efetivamente poderemos fazer
em nossa ciência e profissão?
Neste capítulo você entrará em contato com conceitos importantes: atitudes
sociais, crenças (componentes cognitivos) e valores.
Vamos lá?

1 ATITUDES
Atitude social pode ser definida como “uma organização duradoura de
crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto
42

social definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos
relativos a este objeto” (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 81). De
forma mais simples, Aronson, Wilson e Akert (2018) definem atitudes como a
avaliação contínua que fazemos das pessoas, objetos e ideias.
Ainda que as definições de atitude possam ser diferentes nas palavras
utilizadas, é importante salientar suas características principais: as atitudes sociais
são variáveis intervenientes – ou seja, não são observáveis, mas diretamente
inferíveis de observáveis e são integradas por três componentes: componente
cognitivo, afetivo e comportamental.
Apesar de relativamente estáveis, as atitudes são passíveis de mudança. No
modelo tridimensional das atitudes, os três componentes (vistos acima) influenciam-
se mutuamente em direção a um estado de harmonia: logo, qualquer mudança em
um deles é capaz de modificar os demais (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI,
2009).

1.1 Componente cognitivo


Para ter uma atitude em relação a um objeto (ou alguém) é necessário que
haja alguma representação cognitiva desse objeto. “As crenças e demais
componentes cognitivos (conhecimento, maneira de encarar o objeto, etc.) relativos
ao objeto de uma atitude constituem o componente cognitivo da atitude”
(RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 82).
Na medida em que a avaliação se baseia principalmente na crença da pessoa
sobre as propriedades do objeto que provoca a atitude, dizemos que se trata de uma
atitude de base cognitiva – a função dela é classificar os pontos positivos e
negativos de um objeto para podermos rapidamente dizer se nos interessa ou não
(ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
Com a modificação de cognições e crenças é possível, por consequência,
modificar os componentes afetivo e comportamental das atitudes sociais. Por
exemplo, Deutsch e Collins realizaram um estudo na década de 1950 com pessoas
racistas (que acreditavam que negros eram sujos, preguiçosos e violadores da lei)
que passaram a viver num projeto habitacional interracial: os pesquisadores
observaram que a partir da convivência e da verificação de que suas crenças eram
falsas, houve extinção do preconceito e comportamento amistoso em relação aos
negros (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009).
43

1.2 Componente afetivo


O componente afetivo é o sentimento pró ou contra um determinado objeto
social – único característico das atitudes sociais e nitidamente característico. Assim,
elas diferem das crenças e opiniões que, “embora muitas vezes se integrem numa
atitude, suscitando um afeto positivo ou
negativo em relação a um objeto e
predispondo à ação, não são
necessariamente impregnados de conotação
afetiva” (RODRIGUES; ASSMAR;
JABLONSKI, 2009, p. 83).
A atitude de base afetiva é uma
atitude baseada mais nos sentimentos e
valores das pessoas que em suas crenças
Figura 1 – Pesquisas estimam que um terço do
eleitorado não sabe praticamente nada sobre sobre a natureza de um objeto. Por
determinados políticos em que votam. Assim, elas
votam importando-se mais com a forma como se exemplo, continuar utilizando um carro
sentem em relação a eles (Fonte: Pixabay).
mesmo que ele precise ir para a oficina toda
semana (ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
As atitudes de base afetiva podem surgir de várias fontes: crenças religiosas,
valores morais, reações sensoriais, condicionamentos (clássico e operante), etc.
Ainda que possuam várias origens, podem ser agrupadas em uma única família,
pois tem características básicas:
▪ Não resultam de exame racional das questões;
▪ Não são governadas pela lógica;
▪ Estão frequentemente ligadas a valores pessoais, de modo que tentar
mudá-las desafia esses valores.
A mudança do componente afetivo pode acarretar em mudanças nos demais
componentes (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009). Por exemplo, quando
você se irrita com um colega de sala por uma bobagem, sua relação afetiva será
modificada. Você pode então começar a tratá-la de forma hostil (jogar indiretas,
fazer fofocas) ou atribuir-lhe uma série de defeitos (componente cognitivo) capazes
de justificar e tornar consistente a sua mudança de afeto em relação a ela.
44

1.3 Componente comportamental


De acordo com Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009), a posição geralmente
aceita pelos psicólogos sociais é a de que as atitudes possuem um componente
ativo, instigador de comportamentos coerentes com as cognições e os afetos
relativos aos objetos atitudinais.
A atitude de base comportamental tem como fundamento as observações
que fazemos sobre como nos comportamos em relação ao objeto da atitude. As
pessoas inferem suas atitudes a partir de seu comportamento apenas em certas
condições: quando a atitude inicial é fraca ou ambígua ou quando não há outras
explicações plausíveis para ele.
Por exemplo, uma amiga que diz que acha que gosta de se exercitar, já que
“está sendo saindo para uma corrida ou para a academia malhar um pouco”. Sua
atitude parece se basear mais na observação do próprio comportamento do que em
suas cognições ou afetos (ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
Para Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009, p. 115), “quando estamos diante
de um fait accompli4, é comum procurarmos tornar nossas crenças e afetos
coerentes com o comportamento que estamos exibindo por necessidade”. Assim, se
você (ao contrário do exemplo anterior) for alguém que não goste de se exercitar,
mas precisa por questões de saúde, poderá modificar sua atitude de frequentar a
academia diariamente, reorganizando suas cognições e afetos.

2 VALORES
Assim como as atitudes, os valores também são dotados de componentes
cognitivos, afetivos e comportamentais – entretanto, se diferenciam dessas por sua
generalidade: alguns valores podem encerrar uma infinitude de atitudes.
O estudo dos valores deveria receber maior ênfase na Psicologia Social,
visto que sua generalidade e número reduzido nos fornecem maior facilidade de
estudo, em comparação às atitudes (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009).
Torres, Schwartz e Nascimento (2016, p. 342), apontam que os valores humanos
são “construtos importantes no conjunto dos conceitos psicossociais considerados
centrais para a predição de atitudes e comportamentos, inclusive para a

4
Fato consumado.
45

compreensão de fenômenos de interesse de estudo das ciências sociais e


humanas”.
De acordo com Schwartz (1992 apud TORRES; SCHWARTZ; NASCIMENTO,
2016, p. 342), os valores humanos podem ser definidos como:
▪ Crenças ligadas à emoção de forma intrínseca que, quando ativadas,
geram sentimentos positivos e negativos;
▪ Um construto motivacional que orienta pessoas para agirem de forma
adequada;
▪ Algo que transcende situações e ações específicas, diferindo das
atitudes e normas sociais, além de orientar as pessoas em diversos contextos
sociais;
▪ Algo que guia a seleção e avaliação de ações, políticas, pessoas e
eventos e compõe critérios para julgamentos;
▪ Algo que se ordena de acordo com a importância relativa dada aos
demais valores e, assim, formariam um sistema ordenado de prioridades axiológicas.
Allport, Vernon e Lindzey (1951 apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI,
p. 91) propuseram uma escala padronizada para a classificação das pessoas
segundo a importância atribuída por elas aos
seguintes valores:
▪ Teoria: ênfase em aspectos racionais,
críticos, empíricos e busca da verdade;
▪ Estética: ênfase em harmonia, beleza de
formas, simetria;
▪ Praticalidade: ênfase em utilidade e
pragmatismo, dominância de enfoques de natureza
econômica;
▪ Atividade social: ênfase em altruísmo e
filantropia;
▪ Poder: ênfase em influência, dominância
e exercício do poder em várias esferas;
▪ Religião: ênfase em aspectos Figura 2 – O valor Religião envolve
atitudes em relação a Deus, à Igreja,
transcendentes, místicos e procura de um sentido a recomendações específicas,
conduta dos membros da
para a vida. congregação, etc. (Fonte: Pixabay).
46

Em 1992, Schwartz propôs uma teoria unificadora dos valores humanos, a


qual prevê uma estrutura dinâmica entre as categorias motivacionais de valores.
Assim, os valores são entendidos como objetivos ou metas transituacionais
que variam em importância e servem como princípios que guiam a vida das
pessoas. Inicialmente, o pesquisador especificou 10 tipos motivacionais, sendo eles:
1. Benevolência: busca da preservação e da promoção do bem-estar dos
outros;
2. Tradição: adesão a costumes e ideias de natureza religiosa e cultural;
3. Conformidade: controle de impulsos ou de ações socialmente reprováveis;
4. Segurança: defesa da harmonia e da estabilidade da sociedade, das
relações e do próprio self;
5. Poder: controle sobre pessoas ou recursos, buscando status e prestígio;
6. Realização: busca de sucesso pessoal pela demonstração de
competência, de acordo com os padrões sociais;
7. Hedonismo: busca de prazer e sensações gratificantes;
8. Estimulação: busca de excitação, novidades e desafios;
9. Autodireção: busca de independência de pensamentos e de ações;
10. Universalismo: busca de compreensão, tolerância e proteção para com
todas as criaturas da Terra.
Em 2012, Schwartz e colaboradores refinaram sua pesquisa e identificaram
19 valores potenciais distintos. Analise a Figura 3, a seguir, e confira esses valores.
47

Fonte da imagem??
SAIBA MAIS
A Teoria de Valores Refinada é provavelmente a teoria mais importante para
o estudo desse fenômeno (os valores humanos).
Recomendo a leitura do artigo desenvolvido por Cláudio Torres, Shalom
Schwartz (o próprio criador da teoria) e Thiago Nascimento: nesse estudo, os
resultados apontaram que as compatibilidades e conflitos que estruturam a relação
entre os valores também organizam os comportamentos que os expressam.
Para ter acesso ao artigo, clique no link a seguir:
https://www.scielo.br/pdf/pusp/v27n2/1678-5177-pusp-27-02-00341.pdf
TORRES, C. V.; SCHWARTZ, S. H.; NASCIMENTO, T. G. A Teoria de
Valores Refinada: Associações com comportamento e evidências de validade
discriminante e preditiva. Psicologia USP, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 341-356, ago.
2016.

Creio que este capítulo está repleto de conceitos que são muito importantes
para entender melhor como nos constituímos enquanto um eu dentro de uma
sociedade, cultura e momento histórico.
Não deixe de assistir a videoaula e de acessar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o.k.? Até o próximo módulo!
48

ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)

1. Numere as colunas abaixo relacionando os conceitos com as seguintes


afirmativas. Marque a alternativa correspondente.
1 – Imagens;
2 – Sistemas de referência;
3 – Categorias;
4 – Teorias.

( ) Nos permitem dar uma interpretação àquilo que percebemos;


( ) Possibilitam a classificação das circunstâncias, dos fenômenos, dos indivíduos
em nosso relacionamento social;
( ) Admitem uma compreensão da realidade social em seu conjunto, quando diante
de realidades concretas da vida social;
( ) Condensam um conjunto de significações.

a) 2, 3, 1, 4;
b) 2, 3, 4, 1;
c) 3, 1, 4, 2;
d) 1, 4, 3, 2;
e) 2, 1, 4, 3.

2. Analise o trecho abaixo e complete as lacunas. Marque a alternativa com as


palavras corretamente empregadas.
“Para Moscovici, sua teoria é ______ em relação às abordagens cognitivistas. O
problema central da Psicologia nos últimos anos foi a redescoberta da ______.
Assim, a Psicologia passou por três fases (ou períodos conceituais): as ______, a
______ e as representações sociais.”

a) complementar, mente social, atitudes sociais, mente social;


b) complementar, cognição social, atitudes sociais, mente social;
c) contrária, cognição social, análises sociais, mente social;
d) complementar, mente social, atitudes sociais, cognição social;
e) contrária, mente social, análises sociais, cognição social.
49

3. Analise as afirmativas abaixo sobre a Teoria das Representações Abaixo e


escreva V para as verdadeiras e F para as falsas. Marque a alternativa
correspondente.
( ) O conceito de Representações Sociais é abrangente e compreende outros
conceitos, tais como: atitudes, opiniões, imagens, ramos de conhecimento;
( ) O conceito de RS não possui poder explanatório: a intenção é substituir os
outros conceitos e apenas descrever os fenômenos;
( ) O elemento social na teoria das RS é algo constitutivo delas, não uma entidade
separada;
( ) Para a teoria das RS o ser humano é tomado como essencialmente social.

a) V, F, F, V;
b) V, F, F, F;
c) V, F, V, V;
d) F, V, V, V;
e) F, F, V, V.

4. Leia abaixo o exemplo de situações cotidianas e assinale a alternativa que


corresponde às respectivas etapas de socialização.

1 – Mulher que, após um dia estafante de trabalho, vai socializar com os amigos
num happy hour;
2 – Senhor idoso cujos filhos abandonaram numa casa e passa dias sem conversar
com ninguém;
3 – Criança de 4 anos que vai para a escola realizar atividades com outras crianças.

( ) Socialização primária
( ) Socialização secundária
( ) Socialização terciária

a) 1, 2, 3;
b) 1, 3, 2;
c) 2, 3, 1;
50

d) 3, 2, 1;
e) 3, 1, 2.

5. Qual das seguintes afirmativas corresponde a um dos avanços trazidos pela


Teoria das Representações Sociais (RS)?
a) A Teoria das Representações Sociais não visava tratar do conhecimento
construído e partilhado em sociedade, pois tal conhecimento nunca poderia ser
estudado de forma científica;
b) A Teoria das RS era contrária aos saberes do senso comum, visando ser
rigorosamente científica;
c) A Teoria das RS colocou os saberes do senso comum em uma categoria
científica;
d) A Teoria das RS foi responsável por proporcionar a ruptura definitiva entre
Sociologia, Antropologia e Psicologia Social;
e) A Teoria das RS não buscava a compreensão dos fenômenos sociais, apenas os
fenômenos individuais (portanto, é estritamente psicológica).

6. De acordo com o modelo tridimensional das atitudes, quais são os três


componentes que fazem parte dele?
a) Componentes afetivo, social e dinâmico;
b) Componentes cognitivo, afetivo e religioso;
c) Componentes cognitivo, comportamental e dinâmico;
d) Componentes cognitivo, afetivo e comportamental;
e) Componentes afetivo, comportamental e religioso.

7. Numere as colunas abaixo relacionando os conceitos com as seguintes


afirmativas. Marque a alternativa correspondente.
1 – Atitude de base cognitiva
2 – Atitude de base afetiva
3 – Atitude de base comportamental

( ) Baseada mais nos sentimentos e valores das pessoas que em suas crenças
sobre a natureza de um objeto de atitude;
51

( ) Baseada principalmente no que a pessoa pensa sobre as propriedades de um


objeto de atitude;
( ) Baseada nas observações de como alguém se comporta em relação a um
objeto.

a) 2, 3, 1;
b) 2, 1, 3;
c) 1, 2, 3;
d) 3, 1, 2;
e) 1, 3, 2.

8. As atitudes de base afetiva podem surgir de várias fontes: crenças


religiosas, valores morais, reações sensoriais, condicionamentos, etc. Ainda
que possuam várias origens, podem ser agrupadas numa única família, pois
tem características básicas.
Qual das alternativas abaixo não corresponde a uma dessas características?
a) Não resultam de exame racional das questões;
b) Estão frequentemente ligadas a valores pessoais;
c) Não são governadas pela lógica;
d) Tentar mudar atitudes de base afetiva é desafiador, por estarem frequentemente
ligadas a valores pessoais;
e) Resultam do exame racional de questões afetivas e cognições relacionadas.

9. Analise o trecho abaixo e complete as lacunas. Marque a alternativa com as


palavras corretamente empregadas.
“A atitude de base ______ tem como fundamento as observações que fazemos
sobre como nos comportamos em relação ao objeto da atitude. As pessoas inferem
suas atitudes a partir de seu _____ apenas em certas condições: quando a atitude
inicial é ______ ou ______ ou quando não há outras explicações plausíveis para
ele.”

a) afetiva, afeto, forte, diretiva;


b) comportamental, comportamento, fraca, ambígua;
c) cognitiva, afeto, forte, diretiva;
52

d) comportamental, comportamento, forte, diretiva;


e) afetiva, afeto, fraca, ambígua.

10. De acordo com Schwartz (1992), qual das definições abaixo não
corresponde aos valores humanos?
a) Algo que evita compor critérios de seleção, avaliação de ações, políticas e
julgamentos;
b) Crenças ligadas à emoção de forma intrínseca que, quando ativadas, geram
sentimentos positivos e negativos;
c) Algo que se ordena de acordo com a importância relativa dada aos demais
valores e, assim, formariam um sistema ordenado de prioridades axiológicas;
d) Um construto motivacional que orienta pessoas para agirem de forma adequada;
e) Algo que transcende situações e ações específicas, diferindo das atitudes e
normas sociais, além de orientar as pessoas em diversos contextos sociais.

11. Allport, Vernon e Lindzey (1951) propuseram uma escala padronizada para
a classificação das pessoas segundo a importância atribuída por alguns
valores.
Numere as colunas abaixo relacionando os conceitos com as seguintes
afirmativas. Marque a alternativa correspondente.
1 – Teoria;
2 – Estética;
3 – Praticalidade;
4 – Atividade social;
5 – Religião.

( ) Ênfase em aspectos transcendentais, místicos e procura de um sentido para a


vida;
( ) Ênfase em harmonia, beleza de formas, simetria;
( ) Ênfase em utilidade e pragmatismo, dominância de enfoques de natureza
econômica;
( ) Ênfase em aspectos racionais, críticos, empíricos e busca da verdade;
( ) Ênfase em altruísmo e filantropia.
53

a) 5, 2, 3, 1, 4;
b) 5, 3, 2, 1, 4;
c) 3, 2, 1, 4, 5;
d) 3, 1, 2, 4, 5;
e) 5, 2, 3, 4, 1.

RESOLUÇÃO DAS ATIVIDADES

1. b
2. d
3. c
4. e
5. c
6. d
7. b
8. e
9. b
10. a
11. a
54

REFERÊNCIAS

ARONSON, E.; WILSON, T. D.; AKERT, R. M. Psicologia Social. 8. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2018.

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Psicologia Social: Temas e teorias. 2. ed. Brasília: Technopolitik, 2013.

JACQUES, M. G. Identidade. In: JACQUES, M.; STREY, M. (Orgs.). Psicologia


Social Contemporânea: Livro-texto. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 172-180.

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Pesquisa, São Paulo, v. 24, n. 163, p. 358-375, 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
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MENDONÇA, A. P.; LIMA, M. E. O. Representações sociais e cognição social.


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MOSCOVICI, S. On social representations. In: FORDAS, J. P. (Eds.). Social


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PASSOS, E. Psicologia, pesquisa cartográfica e transversalidade. Revista Polis e


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https://seer.ufrgs.br/PolisePsique/article/view/98377/55367. Acesso em: 05 jan.
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RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L.; JABLONSKI, B. Psicologia Social. 27. ed.


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SCHWARTZ, S. H. Universals in the content and structure of values: Theory and


empirical tests in 20 countries. In: ZANNA, M. (Ed.). Advances in Experimental
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SPERBER, D. Anthropology and psychology: Towards and epidemiology of


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TORRES, C. V.; SCHWARTZ, S. H.; NASCIMENTO, T. G. A Teoria de Valores


Refinada: Associações com comportamento e evidências de validade discriminante
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Disponível em:
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55

VALA, J.; CASTRO, P. Pensamento social e representações socias. In: VALA, J.;
MONTEIRO, M. B. (Coord.). Psicologia Social. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2013.
56

MÓDULO 4 – PSICOLOGIA, RESPONSABILIDADE SOCIAL E


SUSTENTABILIDADE

AULA 1 – CONCEITOS IMPORTANTES PARA A PSICOLOGIA SOCIAL

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Vamos iniciar este capítulo com um trecho do texto O enigma da igualdade da
historiadora Joan Scott (2005, p. 12):
[...] não existem soluções simples para as questões debatidas
calorosamente, de igualdade e da diferença, dos direitos individuais e
coletivos, das identidades de grupo; posicioná-los como conceitos opostos
significa perder o ponto de suas interconexões. Pelo contrário, reconhecer e
manter uma tensão necessária entre igualdade e diferença, entre direitos
individuais e identidades grupais, é o que possibilita encontrarmos
resultados melhores e mais democráticos.

Você concorda com a ideia da autora? Deve haver sempre um nível de


tensão entre igualdade e diferença para obtermos melhores resultados?

Ao estudar e trabalhar com Psicologia Social, o (a) psicólogo (a) precisará


estar atualizado em muitos conceitos e discussões sociais que têm ocorrido nos
últimos anos sobre diversos temas: gênero, preconceito, estereótipos, discriminação,
conformidade, agressão, etc.
De já, minha recomendação é estar por dentro das diversas discussões e –
dos mais diversos ainda! – lados e opiniões acerca dessas temáticas. Como
profissionais de Psicologia, é importante mostrar uma abertura à compreensão
desses temas e, com base na ciência psicológica, desenvolver uma prática baseada
na ética profissional.
Assim, este capítulo se propõe a trazer alguns conceitos introdutórios sobre
os diversos temas anteriormente citados.
Vamos lá!

1 GÊNERO
Gênero é uma categoria de análise usada para explicar as relações sociais
entre pessoas de diferentes sexos e orientações sexuais, assim como a variedade
de sentidos atribuídos a essas diferenças nas diferentes culturas e sociedades
(GALINKIN; ISMAEL, 2013). É importante assinalar que os significados socialmente
57

conferidos aos sexos e ao gênero


modificam-se no decorrer da história de
cada sociedade.
Semelhantemente, Galeano (2014, p.
29) conceitua gênero como “construção
social, cultural e psicológica do que significa
ser masculino e ser feminino em função do
sexo. O gênero é transmitido pela
socialização em um contexto determinado”.
Este conceito foi desenvolvido por
teóricas feministas a partir da década de
Figura 1 – A divisão de cores entre meninos e 1970 em um contexto de discussões sobre
meninas é recente. Há um século, o azul era
considerado uma cor apropriada às meninas, por desigualdades nas relações sociais entre
ser considerada “delicada” e “graciosa”. Pintura
Irene Cahen d’Anvers, de Renoir (Fonte: os sexos.
Wikimedia Commons).
Todas as culturas e sociedades
possuem expectativas acerca de como homens e mulheres devem se comportar.
Estes papéis de gênero vão se modificando com o tempo e variam de sociedade
para sociedade.
Em nosso país, por exemplo, era impensável que uma mulher frequentasse a
universidade há 150 anos5. Em algumas culturas, como na tribo Mosuo (China), as
mulheres são responsáveis pela administração financeira e sustento familiar: aos 13
anos, as mulheres podem morar sozinhas e aos 17, escolhem com quem querem se
relacionar; enquanto as mulheres são responsáveis por trabalhar na pesca e
plantações de arroz, os homens cuidam das tarefas domésticas.
Assim, perceba que as relações sociais entre homens e mulheres se
modificam ao longo do tempo e cultura que estamos analisando – os papéis sociais
e de gênero, a forma de expressar e as representações não podem ser
naturalizados e vistos como estáticos.

PARADA OBRIGATÓRIA

5
A primeira mulher a se graduar numa universidade em nosso país foi Rita Lobato Velho Lopes
(1867-1954): médica, política e ativista feminista, graduou-se em Medicina pela Faculdade de
Medicina da Bahia no ano de 1887. Entretanto, a primeira brasileira a se graduar foi Maria Augusta
Generoso Estrela (1860-1946), formada em Medicina pelo New York Medical College and Hospital for
Women (EUA) no ano de 1881.
58

Nos últimos anos, tem ocorrido forte discussão acerca dos perigos da
chamada “Ideologia de gênero” e como essa “ideologia perniciosa” pode afetar a
sexualidade da sociedade.
Para entender melhor as falácias relativas à má compreensão acerca do
conceito de gênero e sexualidade, recomendo a leitura do artigo dos professores
Richard Miskolci e Maximiliano Campana sobre o tema. O link está a seguir:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922017000300725&script=sci_arttext.

MISKOLCI, R.; CAMPANA, M. “Ideologia de gênero”: Notas para a genealogia


de um pânico moral contemporâneo. Sociedade e Estado, Brasília, v. 32, n. 3, p.
725-748, dez. 2017.

2 PRECONCEITO
De acordo com Gordon Allport (1979), um dos primeiros pesquisadores a
traçar as linhas fundamentais acerca da análise atual desse tema, o preconceito
pode ser definido como “uma atitude de prevenção ou de hostilidade dirigida a uma
pessoa que pertence a um grupo simplesmente porque ela pertence àquele grupo, e
se presume que possua as qualidades desagradáveis desse grupo” (ALLPORT,
1979 apud LIMA, 2013, p. 593).
Quando dizemos que alguém tem
preconceito com gays, por exemplo,
queremos dizer que, por antecipação,
esta pessoa está inclinada a se
comportar com frieza ou hostilidade em
relação a eles, considerando-os
praticamente todos iguais. As
características atribuídas a eles são
Figura 2 – O Brasil é o país que mais mata LGBT+
negativas e aplicada aos gays como um no mundo. No ano de 2019 foram registradas 329
mortes violentas de pessoas LGBT+ segundo
todo. Logo, traços ou comportamento relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) (Fonte:
Pixabay).
individuais e subjetivos passarão
despercebidos ou serão desprezados.
Não se sabe com certeza a origem do preconceito: ele parece tão entranhado
nas relações humanas que é difícil distinguir como ele surgiu e, inclusive, se pode
ser considerado inato. Como dizem Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009), todos
59

somos preconceituosos – na melhor das hipóteses, contra as pessoas que sabemos


serem preconceituosas. Entretanto, a aprendizagem é o fator de maior
responsabilidade acerca deste fenômeno.
Lima (2013) organiza quatro elementos comuns a todas as formas de
preconceito – ainda que, obviamente, cada tipo de preconceito tenha suas
especificidades:
▪ A ênfase e hierarquização da diferença entre os grupos;
▪ Os sentimentos de antipatia contra alguém, simplesmente porque
pertence a outro grupo;
▪ A uniformização ou homogeneização dos membros do grupo, alvos de
preconceito;
▪ Uma resistência social e cognitiva à desconfirmação das crenças e
expectativas negativas em relação a esse grupo, mesmo quando as evidências
favoráveis ao grupo são fortes.
Nos últimos anos, algumas manifestações de preconceito têm sido estudadas:
entre elas, o preconceito flagrante e o preconceito sutil. O preconceito flagrante é
definido como mais direto, aberto e ‘quente’; em contrapartida, o preconceito sutil é
‘frio’, distante e indireto. De acordo com Lima (2013), o preconceito sutil é composto
por 3 dimensões:
1. Defesa dos valores tradicionais: percepção dos membros do exogrupo
(grupo externo, alvo de preconceito) como agindo de forma incorreta e condenável,
na busca da realização social;
2. Exagero das diferenças culturais: percepção de que o exogrupo é
culturalmente muito diferente do endogrupo (grupo interno, que sente e pratica
preconceito);
3. Negação de emoções positivas: rejeição à expressão de simpatia e
admiração em relação aos membros do exogrupo.
O preconceito possui uma base cognitiva (os estereótipos), um componente
afetivo (sentimentos negativos, como, por exemplo, raiva, repulsa e rancor) e um
componente comportamental: a discriminação.
Dentre as possíveis causas do preconceito, é possível citar competições,
conflitos econômicos, fatores de personalidade, a questão do bode expiatório e
fatores sociais (aprendizagem, categorização social, conformidade) (RODRIGUES;
ASSMAR; JABLONSKI, 2009).
60

Pessoas de personalidade autoritária têm maior predisposição a se tornarem


preconceituosas. Entende-se por personalidade autoritária:
O conjunto de traços adquiridos que tornariam uma pessoa mais rígida em
suas opiniões, intolerante para com quaisquer demonstrações de fraqueza,
em si ou nos outros, pronta a adotar valores convencionais, desconfiada,
propensa a adotar ou pregar medidas de caráter punitivo e a dedicar
respeitosa submissão a figuras de autoridade de seu próprio grupo, e clara
rejeição aos que não pertencem ao seu ciclo restrito de relações
(RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 156).

A questão do bode expiatório prega que indivíduos, em situações de


frustração ou infelicidade,
tendem a deslocar sua
agressividade para grupos
minoritários, visíveis,
relativamente sem poder e por
quem nutrem, de antemão,
sentimentos de repulsa
(RODRIGUES; ASSMAR;
JABLONSKI, 2009). As
causas sociais do preconceito referem-se à ideia de que o preconceito é criado e
mantido por forças sociais e culturais. Exemplo disso é a Teoria da Aprendizagem
Social, desenvolvida inicialmente por Albert Bandura, que enfatiza que estereótipos
e preconceitos fazem parte das normas sociais - as crenças de uma comunidade
acerca dos comportamentos entendidos como corretos, aceitáveis, permitidos e
passadas de geração a geração.
Assim, “desta forma é que preconceitos persistiriam em um dado momento
em uma dada cultura. Basta que uma sociedade que acredite em certos tipos de
estereótipos depreciativos ou veja como normal o trato diferenciado a determinados
grupos” (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 157).

2.1 Estereótipo
Os estereótipos são formas de conhecimento sobre indivíduos tomados
coletivamente e caracterizados por uma falsa representação: são representações
cristalizadas sobre um grupo social, esquemas culturais preexistentes, imagens
fictícias que expressam um imaginário social (BRUNELLI, 2016). Assim, ocorre a
61

generalização de um grupo de pessoas, atribuindo-se a elas certos traços, sem que


se considere a real variação entre os membros daquele grupo.
Em muitos estudos acerca desse conceito, percebe-se um viés negativo, visto
que os estereótipos se ligam “justamente aos processos de generalização do real,
que o simplificam, produzindo uma visão esquemática e deformada que favorece a
emergência de preconceitos” (BRUNELLI, p. 26).
Em compensação, os estereótipos não são necessariamente ruins: é parte da
constituição básica da mente humana, na intenção de produzir esquemas que
simplifiquem o excesso de informações que nos deparamos – ou como Gordon
Allport se referia: a “lei do mínimo esforço”.
Logo, os estereótipos podem ser positivos ou negativos: se você gosta de um
grupo, seu estereótipo será positivo; se você não gosta de um grupo, ainda que
pratique o mesmo comportamento, seu estereótipo dele será negativo (ARONSON;
WILSON; AKERT, 2018).

2.2 Discriminação
A discriminação é uma ação negativa
injustificada ou prejudicial dirigida a um membro de
um grupo apenas por pertencer a ele (ARONSON;
WILSON, AKERT, 2018). Pode ser também a
intenção de se comportar e/ou apoio a ações
contra o grupo-alvo ou para com seus membros
(PEREIRA; VALA, 2010). Qualquer grupo que, em
determinada sociedade e cultura, for
estigmatizado, sofrerá discriminação – seja ela
explícita ou sutil.
A discriminação é o componente
comportamental do preconceito. Acerca disso, é
importante assinalar as “microagressões” sofridas e experenciadas por minorias
sociais (ex.: pessoas com deficiências físicas): desprezos, indignidades e
humilhações
Também, a distância social é uma medida utilizada por pessoas para reagir
a grupos diferentes dos seus: há um comportamento de esquiva, uma relutância em
se aproximar de alguém de um exogrupo (ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
62

3 CONFORMIDADE
A conformidade refere-se à mudança no comportamento devido à influência
real ou imaginada de outras pessoas. Os principais motivos que fazem com que uma
pessoa se ajuste são as influências sociais informativas e normativas.
Segundo Aronson, Wilson e Akert (2018, p. 155), a influência social
informativa corresponde a:
Influência de outras pessoas, que faz com que nos ajustemos porque as
vemos como fonte de informação para guiar nosso comportamento;
ajustamo-nos porque acreditamos que a interpretação dos outros a respeito
de uma situação ambígua é mais correta que a nossa e nos ajudará a
escolher um curso apropriado de ação. (AROSON, WILSON, AKET, 2018,
P.155).

Assim, essa influência ocorre quando


as pessoas não sabem ao certo o que fazer
ou dizer. Quando alguém observa o
comportamento dos outros como fonte de
informação e usa-o para escolher cursos de
ação apropriados para si. Perceba que esse
processo envolve uma aceitação privada:
quando as pessoas genuinamente
acreditam no que os outros estão fazendo
ou dizendo.
Figura 5 – Com a popularização da internet,
A influência social normativa muitas pessoas buscam a opinião de
influenciadores digitais sobre assuntos em pauta
ocorre quando alguém modifica seu nas mídias sociais (Fonte: Pixabay).
comportamento para corresponder aos
dos demais, na intenção de continuar numa posição confortável dentro do grupo e
usufruir de vantagens. Assim, há um ajustamento às normas sociais do grupo,
regras implícitas ou explícitas, valores, atitudes, comportamentos aceitáveis, etc.
Segundo Aronson, Wilson e Akert (2018), esse tipo de influência geralmente
resulta em aquiescência pública, mas não necessariamente em aceitação privada
das ideais e comportamentos de outrem.

4 PERSUASÃO
63

De acordo com Lé Sénéchal-Machado (1997), a persuasão, vista como


exercício de influência, efetiva-se pelo uso de mecanismos generalizados de
interação social, através dos quais atitudes e opiniões são modificadas.
Para a autora, “modificar opiniões é, basicamente, criar, no outro, emoções
ainda não existentes, procurando evocar ou estimular as atitudes adequadas a um
objetivo específico, atitudes essas que são, usualmente, aprendidas no convívio
social” (LÉ SÉNÉCHAL-MACHADO, 1997, p. 28).
A comunicação persuasiva é um tipo de comunicação que defende
determinado lado de um assunto, por exemplo, um discurso, publicidade na
televisão, etc. Um dos maiores estudos desenvolvidos acerca das características
desse tipo de comunicação foi desenvolvido na Universidade de Yale por Carl
Howland e colaboradores a partir de suas experiências com soldados na II Guerra
Mundial.
O Método Yale de Mudança de Atitude foi um estudo das condições nas
quais as pessoas tendem a mudar de atitude em resposta a mensagens
persuasivas, focando a fonte e natureza da comunicação e a natureza da plateia:
“em essência, eles estudaram ‘quem diz o quê a quem’, examinando a fonte da
comunicação, a comunicação em si e a natureza da plateia” (ARONSON; WILSON;
AKERT, 2018, p. 132).

Quadro 1 – O Método Yale de Mudança de Atitude


O MÉTODO YALE DE MUDANÇA DE ATITUDE

A eficácia das comunicações persuasivas depende de quem diz o quê a quem.

Quem: A fonte da comunicação


▪ Oradores confiáveis (por exemplo, pessoas com evidentes
conhecimentos especializados) convencem mais que os que carecem de
credibilidade (Hovland e Weiss, 1951; Jain e Posovac, 2000).
▪ Oradores atraentes (devido a atributos físicos ou de personalidade)
convencem mais que os não atraentes (Eagly e Chaiken, 1975; Petty, Wegener e
Fabrigar, 1997).
64

O quê: A natureza da comunicação


▪ As pessoas são mais convencidas por mensagens que não parecem
destinadas a influenciá-las (Petty e Cacioppo, 1986; Walster e Festinger, 1962).
▪ Será melhor apresentar uma comunicação lateral (que expõe só
argumentos favoráveis à sua posição) ou bilateral (com argumentos pró e contra
sua posição)? De modo geral, as mensagens bilaterais funcionam melhor se você
tiver a certeza de que pode refutar os argumentos do outro lado (Crowley e Hower,
1994; Igou e Bless, 2003; Lumsdaine e Janis, 1953).
▪ Será melhor fazer seu discurso antes ou depois de alguém que
defende o outro lado? Se os discursos devem ser feitos consecutivamente e houver
um tempo para as pessoas chegarem a uma conclusão, é melhor falar em primeiro
lugar. Nessas condições, há probabilidade de ocorrer o efeito de prioridade, de
acordo com o qual as pessoas são mais influenciadas pelo que ouvem primeiro. Se
houver demora entre os discursos, e as pessoas chegarem a conclusões logo após
ouvir o segundo, será melhor falar em segundo lugar. Nessas condições, há a
probabilidade de que ocorra o efeito de novidade, pelo qual as pessoas lembram-se
mais do segundo discurso que do primeiro (Haugtvedt e Wegener, 1994; Miller e
Campbell, 1959).

A quem: A natureza da platéia


▪ Será mais fácil convencer uma plateia distraída que a atenta durante a
comunicação persuasiva (Albarracin e Wyner, 2001; Festinger e Maccoby, 1964).
▪ As pessoas de baixa inteligência tendem a ser mais influenciáveis que
as mais inteligentes, e pessoas com autoestima moderada tendem a ser mais
influenciáveis que as com autoestima baixa ou alta (Rhodes e Wood, 1992).
▪ As pessoas são especialmente suscetíveis à mudança de atitude entre
18 e 25 anos, quando são mais impressionáveis. Depois dessa idade, as atitudes
tornam-se mais estáveis e resistentes a mudanças (Krosnick e Alwin, 1989; Sears,
1981).

Fonte: Aronson, Wilson e Akert (2018, p. 133).

5 AGRESSÃO
65

A agressão é o comportamento intencional de causar dor em alguém – seja


essa dor física ou psicológica. Você deve se atentar para uma palavra neste
conceito: intencional. A agressão envolve a intenção de causar dano a alguém –
mesmo que o objetivo não seja concretizado (ex.: jogar uma garrafa em alguém com
a intenção de machucar continua sendo um ato agressivo, mesmo que não acerte).
Existem pelo menos dois tipos de agressão: a agressão hostil e a agressão
instrumental. A agressão hostil tem origem
nos sentimentos de raiva e seu principal
objetivo é infligir dor ou ferir. A agressão
instrumental é um meio de atingir um
objetivo diferente de causar dor.
Para que fique mais claro, dou-lhe os
seguintes exemplos: num jogo de futebol,
para impedir que a artilheira marque um gol,
as zagueiras precisam “marcá-la”, bloqueá-
la; para isso, poderá fazer uso de uma
postura mais agressiva (agressividade instrumental). Entretanto, se numa discussão
acerca de uma jogada desleal iniciar-se uma discussão que partirá para
xingamentos e ameaças, este é um tipo de agressão hostil. FONTE DA IMAGEM
ACIMA???
Este capítulo está repleto de conteúdo interessante para que você continue
seus estudos na área e fique mais inteirado (a) de discussões que têm ocorrido
atualmente, certo?
Não deixe de acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para
realizar as atividades, o.k.?
Até a próxima aula!
66

AULA 2 – PSICOLOGIA SOCIAL E SUSTENTABILIDADE

PARA INÍCIO DE CONVERSA


À semelhança do capítulo anterior, gostaria de iniciar com uma reflexão feita
por Dejours (1996, p. 51)
[...] nada exclui que se peça algum dia à empresa que se preocupe com
suas poluições psíquicas e societárias como, atualmente, se exige dela que
administre suas poluições físico-químicas fora de seu próprio espaço. A
ecologia ficará limitada ao bios, ou se decidirá a tempo a estender seu
campo ao socius?

Você acredita que é possível utilizar a ciência psicológica para promover o


desenvolvimento sustentável de nossa sociedade? Se sim, como fazer isso?

1 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Você já deve ter ouvido falar em “sustentabilidade” e “desenvolvimento
sustentável”, certo?
Entende-se por desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento
capaz de suprir as necessidades da geração atual, garantindo a capacidade de
atender as necessidades das gerações futuras; assim, visa desenvolver sem esgotar
os recursos para o futuro.
De acordo com o documento O futuro que queremos (ONU, 2012),
desenvolvido ao final da Conferência das Nações Unidades sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20), os objetivos fundamentais do desenvolvimento sustentável
são:
▪ O crescimento econômico justo e inclusivo;
▪ A redução das desigualdades;
▪ A elevação dos padrões de vida;
▪ A gestão ambiental integrada dos recursos naturais, facilitando a
conservação dos ecossistemas, bem como sua regeneração, recuperação e
resistência.
O conceito de sustentabilidade, derivado do conceito de desenvolvimento
sustentável, refere-se a questões relativas a fatores ambientais (energia, água, terra,
etc.) e fatores sociais (economia, saúde, educação, etc.) (HAYDU; CAMARGO,
2013).
67

SAIBA MAIS
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) produziu um 2012 uma
cartilha ilustrada também chamada de O futuro que queremos com informações
interessantes sobre economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da
pobreza. Confira essa cartilha no link a seguir:
http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/RIO+20-web.pdf.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). O futuro que
queremos: Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da
pobreza. Brasília: INPE, 2012.

2 PSICOLOGIA E SUSTENTABILIDADE
Mas como nossa área de conhecimento pode ajudar a desenvolver uma
sociedade mais sustentável?
A Psicologia pode ajudar a compreender como funcionam os sistemas sociais
e prever o que pode ser feito para que tenhamos condições de um padrão de vida
sustentável.
Áreas de estudo como a nossa envolvem “análises complexas e sofisticadas
de processos psicológicos, sociais e culturais, os quais estão mutuamente
implicados, e que certamente estão escritos numa linguagem acessível àqueles que
vivenciam o meio científico, mas não ao cidadão comum” (HAYDU; CAMARGO,
2013, pp. 1-2). Fonte da imagem
Em nosso percurso de estudo de
Psicologia Social, você já conseguiu
perceber que o ser humano não pode ser
estudado sem que se considere sua
história de vida (e o momento histórico de
qual faz parte), sua cultura e seu ambiente.
Para Maciel e Alves (2015, p. 274),
“o indivíduo não deve ser visto apenas
como resultado de determinantes de
diferentes ordens, mas como ator social, dotado de liberdade de ação em face de
um contexto social que o precede e que lhe designa um lugar”. Especialmente após
a “crise da Psicologia Social”, os pesquisadores passaram a se questionar sobre
como essa ciência poderia ajudar a resolver problemas práticos do cotidiano.
68

A Psicologia Social Comunitária, abordagem que já estudamos


anteriormente, ganhou forte destaque em nosso país nas décadas finais do século
passado e levantou questões acerca da falta de relevância social das pesquisas em
Psicologia Social e reivindicou que essa ciência deveria ter um rumo focado na
realidade social, econômica e política latino-americana (MACIEL; ALVES, 2015).
De acordo com Maciel e Alves (2015), a Psicologia Social Comunitária pode
contribuir com a sustentabilidade possibilitando a construção de relações mais
solidárias e humanas no processo de desenvolvimento: para começar, é importante
entender que “desenvolvimento” não deve estar dissociado das tradições culturais,
costumes e culturas locais de um povo.
Assim, todos os grupos (inclusive as classes mais abastadas) devem ser
atores envolvidos no processo de mudança e qualidade de vida.
Temas como violência urbana, desemprego, engarrafamentos e lixo urbano
são interessantes para o trabalho da Psicologia Social Comunitária. Logo, cabe à
sociedade e, especificamente, ao profissional de Psicologia os seguintes
questionamentos:
Quando falamos em sustentabilidade, temos de saber qual desenvolvimento
queremos. E isso só é possível com a participação e o engajamento das
pessoas. O governo sabe exatamente quanto é gasto com segurança,
saúde e educação. Mas a questão ecológica é de difícil medida. Qual é o
seu custo? Os indicadores, custos, tudo ainda é difícil de precisar. Existe
um limite que é o limite do próprio planeta e temos de pensar e agir sobre
isso (MACIEL; ALVES, 2015, p. 279).

3 O PSICÓLOGO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


BUSCANDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi criado a partir das
deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social (ocorrida em 2003) e
previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas – Lei nº 8742/1993).
O SUAS é um sistema público que organiza os serviços de assistência social
no Brasil. Com um modelo de gestão participativa, ele articula os esforços e os
recursos dos três níveis de governo (municípios, estados e União), para a execução
e financiamento da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), envolvendo
diretamente estruturas e marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do
Distrito Federal (BRASIL, 2015).
O SUAS organiza as ações de assistência social em dois tipos de proteção
especial:
69

1. Proteção Social Básica: é destinada à prevenção de riscos sociais e


pessoais, por meio da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a
indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social.
2. Proteção Social Especial: é destinada a famílias e indivíduos que já se
encontrem em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência
de maus-tratos, abandono, abuso sexual, uso de drogas, etc.
Ademais, o SUAS oferta Benefícios Assistenciais a públicos específicos de
forma integrada a serviços, contribuindo para a superação de situações de
vulnerabilidade.
Duas instituições importantes para aplicação dos serviços e programas de
proteção social são o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), as
principais unidades da Política de Assistência Social (PNAS).
Para visualizar as diferenças entre essas duas instituições, analise a Tabela
1:

Tabela 1 – Distinção entre CRAS e CREAS

CRAS CREAS

Descrição Busca prevenir a ocorrência de Oferece apoio e orientação


situações de risco, antes que estas especializados a indivíduos e famílias
aconteçam, por meio do vítimas de violência física, psíquica e
desenvolvimento de potencialidades e sexual, negligência, abandono, ameaça,
aquisições, do fortalecimento de maus-tratos e discriminações sociais.
vínculos familiares e comunitários, e da
ampliação do acesso aos direitos de
cidadania.

Público-alvo Famílias e indivíduos em situação Trabalha com pessoas em que o risco


grave, desproteção, pessoas com já se instalou, tendo seus direitos
deficiência, idosos, crianças retiradas violados, sendo vítimas de violência
do trabalho infantil, pessoas inseridas física, psíquica e sexual, negligência,
no Cadastro Único, e usuários de abandono, ameaças, maus-tratos e
programas de transferência de renda: discriminações sociais.
Bolsa Família, Benefício de Prestação
Continuada (BPC), Programa de
Capacitação para o Trabalho, entre
outros.

Serviços Proteção e Atendimento Integral à Proteção e Atendimento Especializado


prestados Família (PAIF); a Famílias e Indivíduos (PAEFI);
Serviço de Convivência e Serviço Especializado em Abordagem
Fortalecimento de Vínculos (SCFV); Social;
Proteção Social Básica no domicílio Proteção social a adolescentes em
para pessoas com deficiência e idosas. cumprimento de medida socioeducativa
70

em liberdade assistida (LA), e de


Prestação de serviços à comunidade
(PSC).
Proteção social especial para pessoas
com deficiência, idosas e suas famílias.
Serviço Especializado para pessoas em
situação de rua.

Segundo Bôlla e Milioli (2019), o reconhecimento do direito ao meio ambiente


saudável no SUAS, como temática de discussão de oficinas com famílias em
instituições como o CRAS, é uma importante possibilidade de trabalho para a
equipe, com vistas à conscientização ecológica, promoção de qualidade de vida e
sustentabilidade.
Assim, para os autores, o trabalho social com as famílias acerca dessa
temática (ainda pouco trabalhada) “é importante tanto no sentido de informar e
sensibilizar quanto de estimular a participação social dos usuários na busca por
melhoria da qualidade de vida no seu território, com vistas à ampliação da
democracia e à transformação da realidade” (BÔLLA; MILIOLI, 2019, p. 13).

Encerramos por aqui nossa apostila. Ufa! Muito conteúdo, certo? Mas imagino
que você deva estar satisfeito (a) consigo mesmo(a) por ter chegado até aqui e
aprendido mais sobre como nós, seres humanos, nos relacionamos em sociedade.
Espero que você esteja estudando com muito afinco esta e todas as demais
disciplinas. Acredite, todas serão muito importantes para a sua formação e prática
profissionais!
Mas nossos estudos não terminam aqui! Não deixe de acessar e participar
das atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Um abraço e sucesso.
71

ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)

1. Leia com atenção o trecho abaixo do texto de Strey (2013, p. 197):


O sexo biológico com o qual se nasce não determina, em si mesmo, o
desenvolvimento posterior em relação a comportamentos, interesses, estilos
de vida, tendências das mais diversas índoles, responsabilidades ou papéis
a desempenhar, nem tampouco determina o sentimento ou a consciência de
si mesmo(a), nem das características da personalidade, do ponto de vista
afetivo, intelectual ou emocional, ou seja, psicológico.

Acerca do conceito de gênero, assinale a alternativa incorreta:


a) Enquanto as diferenças sexuais são físicas, as diferenças de gênero são
socialmente construídas;
b) O conceito de gênero foi desenvolvido por teóricas feministas a partir da década
de 1970 com a intenção de pré-determinar os comportamentos humanos a partir dos
caracteres biológicos;
c) Cada cultura tem imagens prevalecentes do que homens e mulheres devem ser;
d) Gênero e sua expressão são determinados pelo processo de socialização e
outros aspectos da vida em sociedade e decorrentes da cultura;
e) Os seres humanos têm diferenças sexuais, mas de maneira semelhante a todos
os demais aspectos de diferenciação física, elas são experienciadas simbolicamente
– nas sociedades humanas, elas são vividas como gênero.

2. Ainda que cada tipo de preconceito tenha suas especificidades, Lima (2013)
aponta quatro elementos comuns a todas as formas de preconceito. Marque a
alternativa que não representa uma dessas formas.
a) Resistência social e cognitiva à desconfirmação das crenças e expectativas
negativas em relação a esse grupo;
b) A ênfase e hierarquização da diferença entre os grupos;
c) Supervalorização do endogrupo e sentimento de acolhimento a todos os membros
internos;
d) Sentimentos de antipatia contra alguém, simplesmente porque pertence a outro
grupo;
e) Uniformização ou homogeneização dos membros do grupo.
72

3. De acordo com Lima (2013), o preconceito sutil é composto por 3


dimensões. Quais são elas?
a) Defesa dos valores tradicionais; exagero das diferenças culturais; negação das
emoções positivas;
b) Defesa dos valores tradicionais; redução de possíveis diferenças grupais;
negação das emoções positivas;
c) Ataque aos valores tradicionais; exagero das diferenças culturais; afirmação de
emoções positivas;
d) Defesa dos valores tradicionais; redução de possíveis diferenças grupais;
afirmação de emoções positivas.
e) Ataque aos valores tradicionais; redução de possíveis diferenças grupais;
afirmação de emoções positivas.

4. O preconceito possui uma base cognitiva, um componente afetivo e um


componente comportamental. Qual alternativa corresponde a eles?
a) agressividade, agressão sutil, agressão hostil;
b) conformidade, agressão sutil, agressão hostil;
c) conformidade, estereótipos negativos, agressão hostil;
d) estereótipos, sentimentos negativos, discriminação;
e) estereótipos positivos, sentimentos positivos, discriminação;

5. Leia atentamente o trecho abaixo do livro de Rodrigues, Assmar e Jablonski


(2009, p. 155):
O mesmo pode ser dito da Alemanha nazista, onde, após a derrota na
Primeira Guerra Mundial, os judeus foram responsabilizados pela inflação,
pela recessão e pelos sentimentos de frustração então existentes. Criou-se
a crença de que, eliminando os judeus, todos os problemas estariam
resolvidos.

Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos pelos nazistas na Segunda


Guerra Mundial. Qual das alternativas abaixo relaciona uma das causas para o
preconceito racial contra judeus na Alemanha nazista?
a) Conformidade;
b) Agressão instrumental;
c) A questão do bode expiatório;
d) Machismo;
73

e) Estereótipos positivos.

6. Analise o trecho abaixo e complete as lacunas. Marque a alternativa com as


palavras corretamente empregadas.
A influência social ______ ocorre quando alguém modifica seu comportamento para
______ aos dos demais, na intenção de ______ numa posição ______ dentro do
grupo e usufruir de ______.

a) normativa, corresponder, continuar, confortável, vantagens;


b) informativa, se diferenciar, continuar, confortável, vantagens;
c) normativa, se diferenciar, continuar, estática, vantagens;
d) informativa, corresponder, atuar, estática, vantagens;
e) informativa, corresponder, continuar, confortável, vantagens.

7. Numere as colunas abaixo relacionando os conceitos com as seguintes


afirmativas. Marque a alternativa correspondente.
1 – Agressão hostil;
2 – Agressão instrumental;
3 – Discriminação;
4 – Distância social.

( ) É um meio de atingir um objetivo agressivo diferente de causar dor;


( ) Tem origem nos sentimentos de raiva e seu principal objetivo é infligir dor ou
ferir;
( ) Comportamento de esquiva, uma relutância em se aproximar de alguém de um
exogrupo;
( ) É uma ação negativa injustificada ou prejudicial dirigida a um membro de um
grupo apenas por pertencer a ele.

a) 2, 1, 3, 4;
b) 1, 2, 3, 4;
c) 2, 1, 4, 3;
d) 1, 2, 4, 3;
e) 4, 2, 1, 3.
74

8. Analise o trecho abaixo:


De acordo com o documento O futuro que queremos (ONU, 2012), os
objetivos fundamentais do desenvolvimento sustentável são:
O ______ econômico justo e inclusivo;
A ______ das desigualdades;
A ______ dos padrões de vida;
A gestão ambiental ______ dos recursos naturais, facilitando a conservação dos
ecossistemas, bem como sua regeneração, recuperação e resistência.

Complete as lacunas no texto a seguir utilizando as palavras presentes na


alternativa correta:
a) comportamento, mediação, elevação, não-integrada;
b) compartilhamento, busca, redução, não-integrada;
c) crescimento, redução, elevação, integrada;
d) crescimento, redução, redução, integrada;
e) crescimento, redução, elevação, não-integrada.

9. Analise as alternativas abaixo e marque a incorreta acerca do Sistema Único


de Assistência Social (SUAS):
a) O SUAS organiza as ações de assistência social em dois tipos de proteção
especial: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial;
b) O SUAS é o sistema público brasileiro que organiza os serviços de assistência
social;
c) O SUAS possui um modelo de gestão participativa;
d) O SUAS articula os esforços e os recursos nos três níveis de governo (municípios,
estados e União);
e) O SUAS foi criado a partir das deliberações da VIII Conferência Nacional de
Saúde (ocorrida em 1986) e é previsto na Lei Orgânica de Saúde (Lei nº
8.080/1990).

10. Analise as seguintes afirmativas e marque V para as corretas e F para as


incorretas:
75

( ) Um dos serviços prestados pelo CRAS é a Proteção e Atendimento


Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI);
( ) O público-alvo dos CREAS são pessoas em que o risco já se instalou, por
exemplo, pessoas vítimas de violência sexual;
( ) O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) é prestado pelo
CREAS;
( ) O CRAS busca prevenir a ocorrência de situações de risco.

Qual a ordem correta das respostas?


a) V, V, F, V;
b) V, F, V, F;
c) F, F, V, V;
d) F, V, F, F;
e) F, V, F, V.

RESOLUÇÃO DAS ATIVIDADES

1. b
2. c
3. a
4. d
5. c
6. a
7. c
8. c
9. e
10. e
76

REFERÊNCIAS

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qualidade de vida e sustentabilidade. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v.
39, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
98932019000100157&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 05 jan. 2021.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Tipificação


Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília: SNAS, 2014. Disponível em:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipific
acao.pdf. Acesso em: 05 jan. 2021.

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Assistência Social – SUAS, on-line, 11 ago. 2015. Disponível em:
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STREY, M. N. Gênero. In: JACQUES, M.; STREY, M. (Orgs.). Psicologia Social


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