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SOBRE O AUTOR
APRESENTAÇÃO
SAIBA MAIS
O professor Otto Klineberg era um ferrenho crítico dos testes de inteligência,
tão comuns dentro da Psicologia durante o século XX: para o psicólogo, esses
instrumentos eram ferramentas que legitimavam hierarquias raciais.
É importante assinalar que em sua época, muitos psicólogos estavam
convencidos que os testes de inteligência eram instrumentos valiosos para medir as
“habilidades inatas” de indivíduos.
Na contramão dessa mentalidade, o docente desenvolveu numerosos estudos
sobre as relações entre negros, brancos, índios e imigrantes americanos e europeus
7
Figuras 2 e 3 – Bairro urbano estadunidense e bairro de palafitas na região amazônica brasileira. Seria
possível dizer que as pessoas que vivem nessas locais compartilham das mesmas experiências e
fenômenos sociais? (Fonte: Pixabay).
8
HIPERLINK
Não deixe de conhecer o site da Associação Brasileira de Psicologia Social
(ABRAPSO). Fundada em 1980, esta associação é composta por profissionais e
estudantes que contribuem de várias formas para o desenvolvimento da Psicologia
Social no Brasil.
No site, você poderá ficar por dentro das novidades da área, ter acesso à
revista científica da associação (Psicologia & Sociedade), conhecer as pós-
graduações que estudam temáticas ligadas a ela e, inclusive, se associar à
ABRAPSO.
9
PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social e
dos modelos que perpassam a área atualmente em nosso país, recomendo
veementemente que você leia o artigo de Leonardo Pinto de Almeida. O link está a
seguir: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932012000500009.
ALMEIDA, L. P. Para uma caracterização da Psicologia Social brasileira.
Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. spe., p. 124-137, 2012.
1 OS COMPONENTES DO EU
O psicólogo Gordon Gallup Jr. realizou experiências científicas utilizando um
espelho: nas jaulas de certas espécies animais (gibões, chimpanzés, orangotangos,
gorilas, bonobos), o pesquisador e sua equipe instalaram um espelho até que os
bichos se familiarizassem com o objeto. Depois disso, os animais foram
anestesiados e um corante vermelho foi pintado em sua sobrancelha. Quando os
animais acordaram, os cientistas puderam verificar que apenas os grandes símios
(chimpanzés, orangotangos, gorilas), quando viram seu reflexo, tocaram onde a
marca estava.
Esses estudos sugerem que esses animais têm um autoconceito rudimentar:
eles compreenderam que a imagem no espelho era deles, não de outro símio; bem
como reconheceram que pareciam diferentes do que eram antes (ARONSON;
WILSON; AKERT, 2018).
Uma curiosidade: atualmente, apenas 10 espécies animais conseguem “ser
aprovadas” no Teste do Espelho. São elas: os chimpanzés, golfinho nariz de
garrafa, bonobos, elefantes, orcas, gorilas, corvos, orangotangos, suínos e nós, os
seres humanos.
Nossa espécie desenvolve o senso do eu (autorreconhecimento) entre os 18
a 24 meses e esse autoconceito se complexificará ao longo da vida. Segundo
pesquisas quais pessoas de diferentes faixas etárias responderam à pergunta
“Quem sou eu?”, os cientistas observaram que à medida que ficamos mais velhos,
11
2 AUTOCONHECIMENTO
Quando nascemos, trazemos conosco comportamentos inatos (que não
precisaram ser aprendidos), ligados à nossa estrutura biológica. A medida que
vamos nos desenvolvendo, somos moldados pelas atividades culturais em que nos
situamos. Para Bonin (2013, p. 59), “cada indivíduo ao nascer, encontra um sistema
social criado através de gerações já existente e que é assimilado por meio de
interrelações sociais”.
Assim, muitos de nossos pensamentos, comportamentos e sentimentos tem
forte relação com a cultura e o
momento histórico que fazemos
parte. Fonte imagem
Por exemplo: o que você acha
do casamento entre um adulto e uma
garota de 12 anos que acabou de
entrar na puberdade? É bem possível
que você ache um absurdo e
considere essa situação criminosa.
Entretanto, em nosso próprio país,
isso era bastante comum há cerca de 200 anos. A idade mínima para se casar era
de 14 anos para os homens e 12 para as mulheres.
Bonin (2013) afirma que na sociedade ocidental atual, extremamente
individualista e conflituosa, os indivíduos podem se representar como seres isolados
12
3 AUTOCONTROLE
Para Skinner (1953/2003, p. 252), o autocontrole é definido no livro Ciência e
Comportamento Humano da seguinte forma: “Com frequência o indivíduo vem a
controlar parte de seu próprio comportamento quando uma resposta tem
consequências que provocam conflitos – quando leva tanto a reforço positivo quanto
a negativo”. Você pode notar então que a visão skinneriana afirma que o
comportamento de autocontrole está relacionado à escolha de respostas
concorrentes que produzirão diferentes consequências.
Nós, seres humanos, somos a única espécie animal que pode imaginar
eventos futuros e fazermos planos a longo prazo, podendo assim regular/controlar
nossas ações.
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HIPERLINK
Você sente dificuldades em se autocontrolar? Há muitas técnicas que podem
ser úteis para ensiná-lo (a) a aprimorar essa habilidade. Em especial, recomendo-lhe
buscar terapia - como futuro (a) profissional de Psicologia nem preciso assinalar o
quanto isso será importante para você, não é?
Mas, além disso, recomendo que você leia a matéria no link a seguir do site A
Mente é Maravilhosa: https://amenteemaravilhosa.com.br/3-formas-de-aumentar-o-
autocontrole/.
4 GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES
A administração/gerenciamento de impressões é a tentativa de fazer com que
as outras pessoas nos vejam como queremos ser vistos. Existem várias estratégias
que podem ser utilizadas e a seguir explicarei detalhadamente algumas.
A insinuação é uma estratégia em que alguém tenta bajular, elogiar,
concordar com alguém com a intenção de se mostrar mais simpático
frequentemente, para alguém de maior status. De acordo com Aronson, Wilson e
Akert (2018), a insinuação é uma poderosa técnica, porque todos nós gostamos de
ter alguém agradável por perto. No entanto, tal estratagema pode sair pela culatra se
o receptor da insinuação sentir que você não está sendo sincero.
O autoenfraquecimento é uma estratégia por meio da qual as pessoas criam
obstáculos e desculpas para si mesmas para, no caso de apresentarem
desempenho ruim numa tarefa, evitar a culpa. Pode acontecer de duas formas:
1. Autoenfraquecimento comportamental: ações na tentativa de reduzir a
probabilidade de ter sucesso numa tarefa, para, no caso de falharem, culpar os
obstáculos que criaram – e não sua incapacidade. Pesquisas mostram que homens
tendem a utilizar essa estratégia mais que as mulheres (ARONSON; WILSON;
AKERT, 2018);
2. Autoenfraquecimento relatado: quando se deixam desculpas ou
justificativas prontas para usar em caso de falhas.
5 AUTOESTIMA
A autoestima é a avaliação das pessoas de seu próprio valor, isto é, “até que
ponto se veem como boas, competentes e decentes. Dada a opção entre distorcer o
mundo para se sentir bem consigo mesmas ou representá-lo precisamente, as
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Creio que este capítulo está repleto de conceitos que são muito importantes
para entender melhor como nos constituímos enquanto um eu dentro de uma
sociedade, cultura e momento histórico.
Não deixe de assistir a videoaula e de acessar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o.k.? Até o próximo módulo!
15
ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)
1. b
2. c
3. d
4. a
5. d
6. b
7. e
8. d
9. d
10.e
20
REFERÊNCIAS
SOLOMON, S.; GREENBERG, J.; PYSZCZYNSKI, T. The worm at the core: On the
role of death in life. Nova Iorque: Random House, 2015.
21
para uma viagem) mas geralmente somos “carregados” por um grupo. Você
entenderá isso no decorrer deste capítulo.
Mas o que são grupos? De acordo com Aronson, Wilson e Akert (2018, p.
182), um grupo é “três ou mais pessoas que interagem e são interdependentes, no
sentido de que suas necessidades e objetivos as influenciam mutuamente”.
Na Psicologia, o estudo da
dinâmica dos pequenos grupos sociais
tem início na década de 1930 com Jacob
Moreno (1889-1974) e Kurt Lewin (1890-
1947), ambos influenciados pelas
inovações tayloristas e fordistas1 que
deterioram as relações entre operários e
patrões. Fonte imagem
Moreno é o fundador do
psicodrama e da sociometria “para o estudo de relações de aproximação e
afastamento entre as redes de preferência e rejeição, tanto nos grupos quanto na
comunidade como um todo” (CARLOS, 2013, p. 215). Lewin criou o termo “dinâmica
de grupo” em 1944, uma ferramenta de estudo de grupos e processos grupais.
A necessidade de pertencer a grupos pode ser considerada inata e presente
em todas as sociedades: estabelecer relacionamentos com outras pessoas satisfaz
as muitas necessidades humanas. De acordo com Aronson, Wilker e Akert (2018),
em todas as culturas, os seres humanos são motivados a pertencer a um grupo,
estabelecer relacionamentos, resistir à dissolução deles e monitorar seu status no
grupo, buscando sinais de que possam ser rejeitados.
1
Taylorismo é o modelo de administração desenvolvido por Frederick Taylor (1856-1915) que põe
ênfase na execução de tarefas de modo mais inteligente e com maior economia de esforço,
objetivando aumentar a eficiência do nível operacional. O fordismo é o sistema de produção em
massa (linha de produção/montagem automatizada) desenvolvido por Henry Ford (1863-1947)
vinculado às novas formas de consumismo social.
23
Camino (2013) salientam que isso ajuda a mostrar as dificuldades que têm
acompanhado a elaboração de uma definição psicológica de grupo.
Certos conjuntos ou categorias de pessoas são constituídos por alguns
critérios como raça, gênero, nacionalidade, etc.: estes agrupamentos são chamados
de categorias sociais.
Segundo Torres e Carmino (2013, p. 526), acerca delas a Psicologia pode
ajudar a “analisar tanto características de comportamento supostamente próprias
dessas categorias como as diversas formas de se sentir membro dos seus
integrantes”. Assim, as categorias sociais podem ser estudadas pela Psicologia
Social, sem necessariamente se constituírem como grupos psicológicos.
Entendem-se como agregados os grupos em que as pessoas possuem um
elemento comum extrínseco: como exemplo pode citar estudantes de Psicologia do
3º período de uma faculdade particular. Para a pesquisa psicológica, é possível, por
exemplo, levantar hipóteses sobre o comportamento das pessoas nesses
agregados.
As ações de massa ou ações coletivas correspondem a grupos que se
unem para agir a respeito de determinado problema social. Essas formas de
organização, por vezes, não são consideradas como grupos psicológicos (confira o
quadro a seguir).
SAIBA MAIS
Alguns psicólogos sociais torcem o nariz para as ações coletivas
compreendendo-as como promotora de efeitos negativos sobre os indivíduos.
Gustave Le Bon (1841-1931), por exemplo, autor que inaugurou os estudos
dos movimentos sociais a partir de uma perspectiva psicológica, identificou a
irracionalidade como característica fundamental das ações coletivas, “alertando para
a degradação civilizatória do indivíduo ao inserir-se nas massas” (LIMA; FEITOSA;
COSTA, 2017, p. 15).
Para o autor, as massas (multidões) não são a soma de suas partes
individuais, mas forma-se uma nova entidade psicológica, um “inconsciente racial”
da multidão ocasionado pela “influência magnética dada pela multidão”.
Le Bon detalhou três processos-chave que criam a “multidão psicológica”:
anonimato, contágio e sugestionabilidade. O anonimato corresponde a um
sentimento de invencibilidade e perda de responsabilidade social. O contágio
24
2013).
PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social
Comunitária (PSC) e a caracterização do trabalho do psicólogo comunitário,
recomendo a leitura do artigo de Mariana Alves Gonçalves e Francisco Teixeira
Portugal. O link está a seguir: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v28n3/1807-0310-psoc-
28-03-00562.pdf.
GONÇALVES, M. A.; PORTUGAL, F. T. Análise histórica da Psicologia Social
Comunitária no Brasil. Psicologia & Sociedade, v. 28, n. 3, p. 562-571, 2016.
PARADA OBRIGATÓRIA
Para ter uma maior compreensão acerca da história da Psicologia Social
Crítica e da práxis psicológica em Psicologia Social, recomendo a leitura do artigo a
seguir. Clique no link: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v9n18/v9n18a04.pdf.
LIMA, A. F.; CIAMPA, A. C.; ALMEIDA, J. A. M. Psicologia social como
psicologia política?: A proposta de Psicologia Social Crítica de Sílvia Lane. Revista
Psicologia Política, São Paulo, v. 9, n. 18, p. 223-236, dez. 2009.
3.4 Psicossociologia
Recebe forte influência do movimento institucionalista: sociopsicanálise,
psicoterapia institucional, socioanálise e esquizoanálise.
Seu campo é mais delimitado, concentrando-se em grupos, organizações e
comunidades, “considerados como conjuntos concretos que mediam a vida pessoal
dos indivíduos e são por esses criados, geridos e transformados” (MACHADO;
ROEDEL, 2001, p. 9, grifo das autoras). Assim, as condutas concretas dos
indivíduos, grupos e comunidades no quadro da vida cotidiana serão o objeto de
pesquisa, reflexão e análise dessa disciplina.
Creio que este capítulo está repleto de conceitos e teorias que são muito
importantes para entender melhor como a Psicologia Social tem se desenvolvido ao
longo do último século.
Não deixe de assistir a videoaula e de acessar o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o.k.? Até o próximo módulo.
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ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)
( ) Esquizoanálise
( ) Psicologia Social Crítica
( ) Grupos operativos
( ) Psicologia Sócio-Histórica
a) 4, 2, 3, 1;
b) 4, 2, 1, 3;
c) 2, 3, 1, 4;
d) 3, 2, 1, 4;
e) 2, 3, 4, 1.
1. d
2. d
3. d
4. e
5. a
6. a
7. d
8. d
9. b
10.c
36
REFERÊNCIAS
1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL
A Teoria das Representações Sociais é uma das abordagens mais
importantes dentro da Psicologia Social. Foi desenvolvida na década de 1960 a
partir da publicação de La psychanalyses, son image et son public, pelo psicólogo
social Serge Moscovici.
Para Moscovici, sua teoria é complementar em relação às abordagens
cognitivistas. O problema central da Psicologia nos últimos anos foi a redescoberta
da mente social. Assim, a Psicologia passou por três fases (ou períodos
conceituais): as atitudes sociais, a cognição social e as representações sociais.
Segundo Moscovici (1981, p. 181), por Representações Sociais (RS):
Entendemos um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado
na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o
equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença das
sociedades tradicionais: podem também ser vistas como a versão
contemporânea do senso comum.
Além disso, há uma visão diferente no que se refere à visão do social e ser
humano. Em outras teorias que você conhece na Psicologia, tais como
Behaviorismo e Psicanálise, o social ou é dado como pronto ou relegado a uma
categoria de menor importância. Já na Teoria das RS, o social é construído de forma
coletiva e o ser humano, construído pelo social.
Sperber (1985 apud OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 119) divide as
representações fazendo comparativos com termos da Medicina:
▪ Representações coletivas: representações duradouras, amplamente
distribuídas, ligadas à cultura, transmitida lentamente por gerações, “são tradições” e
se comparam à endemia2;
▪ Representações sociais: típicas de culturas modernas espalham-se
rapidamente pela população e possuem curto período de vida – parecidas com
“modismos” e epidemias3.
2
“A endemia é uma doença de causa e atuação local. Ela se manifesta com frequência em
determinada região, mas tem um número de casos esperado – um padrão relativamente estável que
prevalece” (HILAB, 2020, on-line).
3
Uma epidemia acontece quando ocorrem surtos em várias regiões, ou seja, “quando há ocorrência
excedente de casos de uma doença em determinados locais geográficos ou comunidades, e que vão
se espalhando para outros lugares além daquele em que foram inicialmente identificados” (HILAB,
2020, on-line).
40
Por fim, uma das grandes diferenças entre esta teoria e as demais de
tendência positiva e/ou funcionalista, é que a Teoria das RS aceita a existência de
conteúdos contraditórios, ou seja:
Seu estudo e pesquisa não descartam os achados conflitantes; pelo
contrário, é a possibilidade de trabalhar com as diferenças que enriquece a
compreensão do fenômeno investigado, conferindo à teoria das RS uma
dimensão dialética. (OLIVEIRA; WERBA, 2013, p. 119).
2 O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
O processo de socialização acontece durante toda a nossa vida. Alguns
autores dividem esse processo em 3 etapas:
1. Socialização primária:
ocorre na infância com agentes
socializadores (família, escola,
cultura, meios de comunicação, etc.)
que exercem uma influência
significativa na formação da
personalidade social;
2. Socialização secundária:
ocorre durante a fase adulta. Nessa etapa, nós estamos com a personalidade
relativamente formada, o que caracteriza certa estabilidade de comportamento. Isso
faz com que a ação dos agentes seja mais superficial, ainda que alguns abalos
estruturais possam ocorrer, gerando crises pessoais mais ou menos intensas. Nesse
momento, surgem outros grupos que se tornam agentes socializadores importantes
– ex.: grupo de trabalho;
3. Socialização terciária: ocorre na velhice. Pela própria fase de vida, o
indivíduo pode sofrer crises pessoais, haja vista que o mundo social dos idosos pode
41
1 ATITUDES
Atitude social pode ser definida como “uma organização duradoura de
crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto
42
social definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos
relativos a este objeto” (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 81). De
forma mais simples, Aronson, Wilson e Akert (2018) definem atitudes como a
avaliação contínua que fazemos das pessoas, objetos e ideias.
Ainda que as definições de atitude possam ser diferentes nas palavras
utilizadas, é importante salientar suas características principais: as atitudes sociais
são variáveis intervenientes – ou seja, não são observáveis, mas diretamente
inferíveis de observáveis e são integradas por três componentes: componente
cognitivo, afetivo e comportamental.
Apesar de relativamente estáveis, as atitudes são passíveis de mudança. No
modelo tridimensional das atitudes, os três componentes (vistos acima) influenciam-
se mutuamente em direção a um estado de harmonia: logo, qualquer mudança em
um deles é capaz de modificar os demais (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI,
2009).
2 VALORES
Assim como as atitudes, os valores também são dotados de componentes
cognitivos, afetivos e comportamentais – entretanto, se diferenciam dessas por sua
generalidade: alguns valores podem encerrar uma infinitude de atitudes.
O estudo dos valores deveria receber maior ênfase na Psicologia Social,
visto que sua generalidade e número reduzido nos fornecem maior facilidade de
estudo, em comparação às atitudes (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009).
Torres, Schwartz e Nascimento (2016, p. 342), apontam que os valores humanos
são “construtos importantes no conjunto dos conceitos psicossociais considerados
centrais para a predição de atitudes e comportamentos, inclusive para a
4
Fato consumado.
45
Fonte da imagem??
SAIBA MAIS
A Teoria de Valores Refinada é provavelmente a teoria mais importante para
o estudo desse fenômeno (os valores humanos).
Recomendo a leitura do artigo desenvolvido por Cláudio Torres, Shalom
Schwartz (o próprio criador da teoria) e Thiago Nascimento: nesse estudo, os
resultados apontaram que as compatibilidades e conflitos que estruturam a relação
entre os valores também organizam os comportamentos que os expressam.
Para ter acesso ao artigo, clique no link a seguir:
https://www.scielo.br/pdf/pusp/v27n2/1678-5177-pusp-27-02-00341.pdf
TORRES, C. V.; SCHWARTZ, S. H.; NASCIMENTO, T. G. A Teoria de
Valores Refinada: Associações com comportamento e evidências de validade
discriminante e preditiva. Psicologia USP, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 341-356, ago.
2016.
Creio que este capítulo está repleto de conceitos que são muito importantes
para entender melhor como nos constituímos enquanto um eu dentro de uma
sociedade, cultura e momento histórico.
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ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)
a) 2, 3, 1, 4;
b) 2, 3, 4, 1;
c) 3, 1, 4, 2;
d) 1, 4, 3, 2;
e) 2, 1, 4, 3.
a) V, F, F, V;
b) V, F, F, F;
c) V, F, V, V;
d) F, V, V, V;
e) F, F, V, V.
1 – Mulher que, após um dia estafante de trabalho, vai socializar com os amigos
num happy hour;
2 – Senhor idoso cujos filhos abandonaram numa casa e passa dias sem conversar
com ninguém;
3 – Criança de 4 anos que vai para a escola realizar atividades com outras crianças.
( ) Socialização primária
( ) Socialização secundária
( ) Socialização terciária
a) 1, 2, 3;
b) 1, 3, 2;
c) 2, 3, 1;
50
d) 3, 2, 1;
e) 3, 1, 2.
( ) Baseada mais nos sentimentos e valores das pessoas que em suas crenças
sobre a natureza de um objeto de atitude;
51
a) 2, 3, 1;
b) 2, 1, 3;
c) 1, 2, 3;
d) 3, 1, 2;
e) 1, 3, 2.
10. De acordo com Schwartz (1992), qual das definições abaixo não
corresponde aos valores humanos?
a) Algo que evita compor critérios de seleção, avaliação de ações, políticas e
julgamentos;
b) Crenças ligadas à emoção de forma intrínseca que, quando ativadas, geram
sentimentos positivos e negativos;
c) Algo que se ordena de acordo com a importância relativa dada aos demais
valores e, assim, formariam um sistema ordenado de prioridades axiológicas;
d) Um construto motivacional que orienta pessoas para agirem de forma adequada;
e) Algo que transcende situações e ações específicas, diferindo das atitudes e
normas sociais, além de orientar as pessoas em diversos contextos sociais.
11. Allport, Vernon e Lindzey (1951) propuseram uma escala padronizada para
a classificação das pessoas segundo a importância atribuída por alguns
valores.
Numere as colunas abaixo relacionando os conceitos com as seguintes
afirmativas. Marque a alternativa correspondente.
1 – Teoria;
2 – Estética;
3 – Praticalidade;
4 – Atividade social;
5 – Religião.
a) 5, 2, 3, 1, 4;
b) 5, 3, 2, 1, 4;
c) 3, 2, 1, 4, 5;
d) 3, 1, 2, 4, 5;
e) 5, 2, 3, 4, 1.
1. b
2. d
3. c
4. e
5. c
6. d
7. b
8. e
9. b
10. a
11. a
54
REFERÊNCIAS
VALA, J.; CASTRO, P. Pensamento social e representações socias. In: VALA, J.;
MONTEIRO, M. B. (Coord.). Psicologia Social. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2013.
56
1 GÊNERO
Gênero é uma categoria de análise usada para explicar as relações sociais
entre pessoas de diferentes sexos e orientações sexuais, assim como a variedade
de sentidos atribuídos a essas diferenças nas diferentes culturas e sociedades
(GALINKIN; ISMAEL, 2013). É importante assinalar que os significados socialmente
57
PARADA OBRIGATÓRIA
5
A primeira mulher a se graduar numa universidade em nosso país foi Rita Lobato Velho Lopes
(1867-1954): médica, política e ativista feminista, graduou-se em Medicina pela Faculdade de
Medicina da Bahia no ano de 1887. Entretanto, a primeira brasileira a se graduar foi Maria Augusta
Generoso Estrela (1860-1946), formada em Medicina pelo New York Medical College and Hospital for
Women (EUA) no ano de 1881.
58
Nos últimos anos, tem ocorrido forte discussão acerca dos perigos da
chamada “Ideologia de gênero” e como essa “ideologia perniciosa” pode afetar a
sexualidade da sociedade.
Para entender melhor as falácias relativas à má compreensão acerca do
conceito de gênero e sexualidade, recomendo a leitura do artigo dos professores
Richard Miskolci e Maximiliano Campana sobre o tema. O link está a seguir:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922017000300725&script=sci_arttext.
2 PRECONCEITO
De acordo com Gordon Allport (1979), um dos primeiros pesquisadores a
traçar as linhas fundamentais acerca da análise atual desse tema, o preconceito
pode ser definido como “uma atitude de prevenção ou de hostilidade dirigida a uma
pessoa que pertence a um grupo simplesmente porque ela pertence àquele grupo, e
se presume que possua as qualidades desagradáveis desse grupo” (ALLPORT,
1979 apud LIMA, 2013, p. 593).
Quando dizemos que alguém tem
preconceito com gays, por exemplo,
queremos dizer que, por antecipação,
esta pessoa está inclinada a se
comportar com frieza ou hostilidade em
relação a eles, considerando-os
praticamente todos iguais. As
características atribuídas a eles são
Figura 2 – O Brasil é o país que mais mata LGBT+
negativas e aplicada aos gays como um no mundo. No ano de 2019 foram registradas 329
mortes violentas de pessoas LGBT+ segundo
todo. Logo, traços ou comportamento relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB) (Fonte:
Pixabay).
individuais e subjetivos passarão
despercebidos ou serão desprezados.
Não se sabe com certeza a origem do preconceito: ele parece tão entranhado
nas relações humanas que é difícil distinguir como ele surgiu e, inclusive, se pode
ser considerado inato. Como dizem Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009), todos
59
2.1 Estereótipo
Os estereótipos são formas de conhecimento sobre indivíduos tomados
coletivamente e caracterizados por uma falsa representação: são representações
cristalizadas sobre um grupo social, esquemas culturais preexistentes, imagens
fictícias que expressam um imaginário social (BRUNELLI, 2016). Assim, ocorre a
61
2.2 Discriminação
A discriminação é uma ação negativa
injustificada ou prejudicial dirigida a um membro de
um grupo apenas por pertencer a ele (ARONSON;
WILSON, AKERT, 2018). Pode ser também a
intenção de se comportar e/ou apoio a ações
contra o grupo-alvo ou para com seus membros
(PEREIRA; VALA, 2010). Qualquer grupo que, em
determinada sociedade e cultura, for
estigmatizado, sofrerá discriminação – seja ela
explícita ou sutil.
A discriminação é o componente
comportamental do preconceito. Acerca disso, é
importante assinalar as “microagressões” sofridas e experenciadas por minorias
sociais (ex.: pessoas com deficiências físicas): desprezos, indignidades e
humilhações
Também, a distância social é uma medida utilizada por pessoas para reagir
a grupos diferentes dos seus: há um comportamento de esquiva, uma relutância em
se aproximar de alguém de um exogrupo (ARONSON; WILSON; AKERT, 2018).
62
3 CONFORMIDADE
A conformidade refere-se à mudança no comportamento devido à influência
real ou imaginada de outras pessoas. Os principais motivos que fazem com que uma
pessoa se ajuste são as influências sociais informativas e normativas.
Segundo Aronson, Wilson e Akert (2018, p. 155), a influência social
informativa corresponde a:
Influência de outras pessoas, que faz com que nos ajustemos porque as
vemos como fonte de informação para guiar nosso comportamento;
ajustamo-nos porque acreditamos que a interpretação dos outros a respeito
de uma situação ambígua é mais correta que a nossa e nos ajudará a
escolher um curso apropriado de ação. (AROSON, WILSON, AKET, 2018,
P.155).
4 PERSUASÃO
63
5 AGRESSÃO
65
SAIBA MAIS
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) produziu um 2012 uma
cartilha ilustrada também chamada de O futuro que queremos com informações
interessantes sobre economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da
pobreza. Confira essa cartilha no link a seguir:
http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/RIO+20-web.pdf.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). O futuro que
queremos: Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da
pobreza. Brasília: INPE, 2012.
2 PSICOLOGIA E SUSTENTABILIDADE
Mas como nossa área de conhecimento pode ajudar a desenvolver uma
sociedade mais sustentável?
A Psicologia pode ajudar a compreender como funcionam os sistemas sociais
e prever o que pode ser feito para que tenhamos condições de um padrão de vida
sustentável.
Áreas de estudo como a nossa envolvem “análises complexas e sofisticadas
de processos psicológicos, sociais e culturais, os quais estão mutuamente
implicados, e que certamente estão escritos numa linguagem acessível àqueles que
vivenciam o meio científico, mas não ao cidadão comum” (HAYDU; CAMARGO,
2013, pp. 1-2). Fonte da imagem
Em nosso percurso de estudo de
Psicologia Social, você já conseguiu
perceber que o ser humano não pode ser
estudado sem que se considere sua
história de vida (e o momento histórico de
qual faz parte), sua cultura e seu ambiente.
Para Maciel e Alves (2015, p. 274),
“o indivíduo não deve ser visto apenas
como resultado de determinantes de
diferentes ordens, mas como ator social, dotado de liberdade de ação em face de
um contexto social que o precede e que lhe designa um lugar”. Especialmente após
a “crise da Psicologia Social”, os pesquisadores passaram a se questionar sobre
como essa ciência poderia ajudar a resolver problemas práticos do cotidiano.
68
CRAS CREAS
Encerramos por aqui nossa apostila. Ufa! Muito conteúdo, certo? Mas imagino
que você deva estar satisfeito (a) consigo mesmo(a) por ter chegado até aqui e
aprendido mais sobre como nós, seres humanos, nos relacionamos em sociedade.
Espero que você esteja estudando com muito afinco esta e todas as demais
disciplinas. Acredite, todas serão muito importantes para a sua formação e prática
profissionais!
Mas nossos estudos não terminam aqui! Não deixe de acessar e participar
das atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Um abraço e sucesso.
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ATIVIDADES (QUESTIONÁRIO)
2. Ainda que cada tipo de preconceito tenha suas especificidades, Lima (2013)
aponta quatro elementos comuns a todas as formas de preconceito. Marque a
alternativa que não representa uma dessas formas.
a) Resistência social e cognitiva à desconfirmação das crenças e expectativas
negativas em relação a esse grupo;
b) A ênfase e hierarquização da diferença entre os grupos;
c) Supervalorização do endogrupo e sentimento de acolhimento a todos os membros
internos;
d) Sentimentos de antipatia contra alguém, simplesmente porque pertence a outro
grupo;
e) Uniformização ou homogeneização dos membros do grupo.
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e) Estereótipos positivos.
a) 2, 1, 3, 4;
b) 1, 2, 3, 4;
c) 2, 1, 4, 3;
d) 1, 2, 4, 3;
e) 4, 2, 1, 3.
74
1. b
2. c
3. a
4. d
5. c
6. a
7. c
8. c
9. e
10. e
76
REFERÊNCIAS