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INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA SOCIAL – AULA 01


O enfoque da Psicologia Social é estudar o comportamento de indivíduos no que ele é influenciado
socialmente. E isto acontece desde o momento em que nascemos, ou mesmo antes do
nascimento.

Quando o comportamento se torna social?

São possíveis comportamentos não sociais nos seres humanos?

Esta influência histórica-social se faz sentir, primordialmente, pela aquisição da linguagem. As
palavras, através dos significados atribuídos por um grupo social, por uma cultura, determinam uma
visão de mundo, um sistema de valores e, consequentemente, ações, sentimentos e emoções
decorrentes.

É muito difícil encontrarmos comportamentos humanos que não envolvam componentes sociais, e
são, justamente, estes aspectos que se tornaram o enfoque da Psicologia Social.

A Psicologia Social estuda a relação essencial entre o indivíduo e a sociedade, esta entendida
historicamente, desde como seus membros se organizam para garantir sua sobrevivência até seus
costumes, valores e instituições necessários para a continuidade da sociedade.

A história não é estática nem imutável;

E a grande preocupação atual da Psicologia Social é conhecer como o homem se insere neste
processo histórico, não apenas em como ele é determinado, mas principalmente, como ele se torna
agente da história, ou seja, como ele pode transformar a sociedade em que vive.

Como somos determinados a agir de acordo com o que as pessoas que nos cercam julgam
adequado;

O grupo ou grupos a que pertencemos, e como nós, nesta convivência, vamos definindo a nossa
identidade social

Como se forma a nossa concepção de mundo e das coisas que nos cercam, através da linguagem,
e como ela determina valores e explicações, de modo a manter constantes as formas de relações
entre os sujeitos.

Instituições como família, escola, levando à reprodução das condições sociais, e em que
circunstâncias elas podem propiciar o desenvolvimento da consciência social.

HISTÓRIA DA PSICOLOGIA SOCIAL – AULA 02


A psicologia social é uma disciplina relativamente recente, já que adquiriu tal status apenas no
começo do século XX;

A expressão “psicologia social” foi utilizada pela primeira vez em 1908, ou seja, no início do século
XX, em dois diferentes livros, razão pela qual esse ano é considerado por muitos como a data de
fundação da disciplina.

Falta de consenso sobre o objeto de estudo;

Indivíduo-sociedade: centro das preocupações

Ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade;

Duas diferentes modalidades da disciplina: a psicologia social psicológica e a psicologia social
sociológica.

A psicologia social psicológica, segundo a definição de Gordon Allport (1954), que se tornou
clássica, procura explicar os sentimentos, pensamentos e comportamentos do indivíduo na
presença real ou imaginada de outras pessoas.

Já a psicologia social sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem como foco o estudo da
experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais
com os quais convive.
Precursores:


Ao longo do século XIX, quando os limites entre a sociologia e a psicologia ainda não eram muito
claros, foram publicadas várias obras nas quais o indivíduo e a sociedade já eram abordados e
discutidos.

EUROPA:

Wundt: psicologia experimental, responsável estudo dos processos mentais básicos e a psicologia
dos povos, responsável pelo estudo dos processos mentais superiores por meio do método
histórico comparativo;

Processos psicológicos mais externos e fenômenos mais profundos que constituem a mente
propriamente dita

Wundt toma a mente como um fenômeno histórico, um produto da cultura e da linguagem de um
determinado povo, que não poderia ser explicada em termos individuais, mais sim em termos
coletivos.

Emile Durkheim desenvolve o conceito de representações coletivas;

(como a religião, os mitos, etc.) constituem‑se em um fenômeno ao nível da sociedade e distinto
das representações individuais, que estão no nível do indivíduo.

Gabriel Tarde defende que a vida social tem como mecanismo básico a imitação (Karpf, 1932).
Desse modo, qualquer produção individual, surgida sob a forma de uma invenção ou descoberta,
propaga‑se na vida social por meio da imitação, uniformizando‑a.

Gustav Le Bon e a psicologia das multidões;

O autor defende a tese de que as massas ou multidões constituem‑se em seres psíquicos de
características diferentes dos indivíduos que as compõem.

Nesse sentido, quando eles se juntam às massas, perdem suas características superiores e sua
autonomia, passando a ser regidos por uma alma coletiva, com características independentes
das de seus membros, além de mais primitivas e inconscientes.
PSICOLOGIA SOCIAL PSICOLÓGICA NOS ESTADOS UNIDOS


Nas primeiras décadas do século XX, os Estados Unidos assistem à ascensão do behaviorismo.
Com isso, os psicólogos sociais progressivamente abandonam as explicações do comportamento
social, passando a adotar uma psicologia social eminentemente experimental e focada no indivíduo

Cumpre registrar, porém, que o primeiro experimento em psicologia social ocorreu ainda no século
XIX, tendo sido conduzido por Tripplett em 1897. 1972). Esse experimento foi realizado com
crianças que foram solicitadas a enrolar um anzol o mais rapidamente possível, sozinhas ou na
presença de outras crianças que faziam a mesma tarefa.

CRISE DA PSICOLOGIA SOCIAL


A crise da psicologia social ou “era das dúvidas” surgiu, portanto, em consequência da excessiva
individualização da psicologia social psicológica e dos movimentos sociais ocorridos nos anos de
1970 (como o feminismo, por exemplo), tendo se caracterizado pelo questionamento das bases
conceituais e metodológicas da psicologia social psicológica até então dominante, no que tange à
sua validade, relevância e capacidade de generalização (Apfelbaum, 1992).

Congresso de Psicologia Interamericana (Miami)- “crise da psicologia social” é denunciada com
participação de psicólogos sociais de vários países da América Latina (criticavam a metodologias e
teorias que não condiziam com a situação vivenciada em seus países). Havendo necessidade de
uma psicologia voltada para realidade e problemas existentes ao contexto social.

Os questionamentos voltam‑se principalmente à sua relevância social, isto é, ao fato de essa
vertente da psicologia social usar uma linguagem científica cada vez mais neutra e afastada dos
problemas sociais reais
PSICOLOGIA SOCIAL SOCIOLÓGICA NOS ESTADOS UNIDOS:

No início do século XX, os sociólogos sentiram a necessidade de se diferenciar dos psicólogos
sociais que, no contexto da psicologia, passaram a adotar o behaviorismo como paradigma e a
praticar uma psicologia social psicológica que aos poucos se tornava cada vez mais individualista.
Surge então a psicologia social sociológica.

Ao explicar a formação da identidade, Cooley usa a expressão “eu refletido no espelho” para
designar o fato de que tal formação está eminentemente associada ao modo pelo qual a pessoa
imagina que aparece diante das outras pessoas, assim como ao modo pelo qual ela imagina que as
outras pessoas reagem a ela e aos sentimentos daí decorrentes, que podem ser de orgulho ou de
decepção.

Ele situa, portanto, a formação da identidade no campo das relações interpessoais, da organização
social e da cultura ao postular que o sujeito apropria‑se do conjunto de padrões comuns a diferentes
grupos socioculturais para desenvolver seu próprio eu.

PSICOLOGIA SOCIAL NA AMÉRICA LATINA


A psicologia social praticada na América Latina, até a década de 1970, esteve fortemente
influenciada pelo paradigma da psicologia social psicológica de natureza experimental, dominante à
época nos Estados Unidos.

Em 1973, a Associação Latino‑Americana de Psicologia Social (ALAPSO);

Estimulados pela arbitrariedade dos regimes militares e pela grande desigualdade social do
continente, esses psicólogos sociais defendem uma ruptura radical com a psicologia social
tradicional

Então, passam a praticar o que tem sido designado como psicologia social crítica ou psicologia
social histórico‑critica;

Caracteriza‑se por romper com o modelo neopositivista de ciência e, em consequência, com seus
postulados sobre a necessidade de o conhecimento científico apoiar‑se na verificação empírica de
relações causais entre fenômenos.

No Brasil, as primeiras publicações com foco na análise de questões psicossociais começaram a
surgir na década de 1930 (Bomfim, 2003). Contudo, a institucionalização da psicologia social
ocorre apenas em 1962, quando o Conselho Federal de Psicologia, por meio do Parecer no
403/62, criou o currículo mínimo para os cursos de psicologia, estabelecendo, assim, a
obrigatoriedade do ensino da psicologia social.

Outra importante contribuição a tal movimento foi a fundação, em 1980, da Associação Brasileira
de Psicologia Social (ABRAPSO)

COGNIÇÃO SOCIAL – AULA 03



A partir da década de 1980;

Aceitação de que o conhecimento sobre o mundo é um elemento essencial para a sobrevivência;

Além de perceber o que está acontecendo, o ser humano precisa processar as informações,
raciocina sobre os elementos e procura identificar as causas e razões das condutas;

DEFINIÇÃO

Cognição social refere‑se aos processos cognitivos por meio dos quais as pessoas compreendem
e explicam as outras pessoas e a si mesmas. Essa compreensão ocorre de forma instantânea,
quase automática, mas também pode envolver considerações e análises detalhadas e lentas.

De uma forma direta e simples, a cognição social pode ser definida como o pensar do indivíduo a
respeito de si próprio e dos outros. Entretanto, embora a ênfase inicial tenha sido no pensar
(cognição), os psicólogos sociais também procuram associar sentimentos e comportamentos à
cognição social.

A primeira característica que chama a atenção na cognição social é a rapidez com a qual
compreendemos e julgamos os outros;

Pensar sobre os outros é a atividade central de nossas vidas;

Crenças sobre a realidade

Para compreender a evolução da mente humana, o ambiente social da espécie é mais importante
do que o ambiente físico;

Nos quais as questões colocadas pelas interações eram tão importantes quanto a sobrevivência
aos predadores.

Ao longo da evolução, construiu-se estruturas cognitivas para se adaptar às demandas:

Evitar predadores

Achar a comida certa

Formar alianças e amizades

Ajudar crianças e parentes

Entender a mente dos outros

Comunicar‑se com os outros

Selecionar parceiros sexuais

Esse é o ponto principal para a apresentação da cognição social. Nós humanos desenvolvemos
sistemas sociais complexos que só podem funcionar – no sentido do sucesso reprodutivo e da
sobrevivência da espécie – se alicerçados em sistemas cognitivos igualmente complexos que se
manifestam em nossa inteligência social.

Altruísmo;

Reciprocidade;

O problema da não reciprocidade é tão grave que a espécie que não desenvolver mecanismos
para enfrentá‑lo não sobrevive.
O QUE NORTEIA OS ESTUDOS

O indivíduo como um avarento cognitivo:

As pessoas não gostam de pensar muito, exceto quando acham que é necessário. Elas procuram
fazer render ao máximo o pouco do esforço cognitivo que conseguem exercer.
Orientação para processos:


A sequência atenção → memória → julgamento, bem como outras sequências paralelas (atenção →
julgamento ou atenção → memória) são alguns dos principais referenciais descritivos da psicologia
cognitiva e da abordagem da cognição social.
Pessoas como agentes causais:

Percebemos as pessoas como sendo impulsionadas internamente em direção a suas ações e
objetivos. Sentimos que os outros possuem agendas internas, não observáveis.
Percepção mútua:

Nossos impulsos naturais para compreender e explicar os outros se misturam com o que
percebemos como a percepção e o julgamento deles a nosso respeito. A cognição social é uma
percepção mútua, um processo de mão dupla.
Centralidade do eu.

O observador olha para outra pessoa e termina por também perceber a si próprio. As reações que a
pessoa julga perceber nos outros também define o que ela é: a adequação de seus comportamentos,
opiniões e crenças, da maneira de vestir, etc.
Qualidade da percepção:

Embora cometamos muitos erros, é evidente que, em média, chegamos a interpretações razoáveis,
uma vez que conseguimos conviver razoavelmente bem. Uma das razões está no uso de opiniões
alheias como técnica de validação de nossos julgamentos
Orientação pragmática (tático‑motivada):

O pensamento social das pessoas surgiu em função do planejamento, da preparação e do ensaio
prévio para as interações do indivíduo com seu grupo social de alianças e amizades. O indivíduo é
um tático‑motivado ao pensar para agir, escolhendo entre várias estratégias políticas e sociais que
garantam suas alianças e reciprocidade mútua.

Predominância dos processos automáticos (indivíduo como ator‑ativado):

O modelo indivíduo como ator‑ativado considera que há uma predominância de processos afetivos
e comportamentais automáticos, isto é, não acessíveis à consciência.
ELEMENTOS DA COGNIÇÃO SOCIAL


As pessoas usam suas estruturas cognitivas para chegar a uma compreensão rápida e bastante
satisfatória a respeito dos outros e de si mesmas. Quais são os elementos que formam os
conteúdos das estruturas cognitivas? São dois os elementos principais que preenchem nossas
estruturas cognitivas: schemas e atribuições.
SCHEMAS


Os schemas são estruturas cognitivas compostas de conhecimentos sobre conceitos, objetos ou
eventos, representados por seus atributos e pelas relações entre esses atributos (Fiske, 1982;
Fiske e Neuberg, 1990), os quais expressam pré‑concepções ou teorias sobre conceitos, objetos
ou eventos.
ATRIBUIÇÕES


As pessoas são percebidas como agentes causais e é importante saber como elas atribuem
causas aos comportamentos dos outros e a seus comportamentos. Não só atribuímos causas,
como essas atribuições têm profundas influências sobre nossas reações afetivas e
comportamentos futuros.

Esta é a razão pela qual as atribuições são parte fundamental de nossos pensamentos a respeito
dos outros e de nós mesmos. Quando atribuímos disposições ou traços como causas de
comportamentos observados, fornecemos toda informação necessária para ficar armazenada no
schema relativo aos traços, comportamentos e reações afetivas em questão.

Weiner (2000; 2005) propõe duas teorias para explicar as atribuições de causas a que o indivíduo
recorre para explicar os próprios comportamentos (teoria da atribuição intrapessoal) e os
comportamentos dos outros (teoria da atribuição interpessoal).
TEORIA DA ATRIBUIÇÃO INTRAPESSOAL

Na atribuição intrapessoal, o indivíduo sempre enquadra o evento como algo que correspondeu ou
não a seus objetivos. Os eventos podem ser resumidos como sucesso ou fracasso provocando
reações afetivas positivas ou negativas de imediato e sem a participação de processos cognitivos.
TEORIA DA ATRIBUIÇÃO INTERPESSOAL

Qualquer que seja o evento, é desencadeada uma atribuição de causas – que, da mesma forma
que na atribuição intrapessoal, podem ser descritas em função do locus, estabilidade e
controlabilidade –, com a diferença que a dimensionalidade da causa é usada apenas para
considerar o outro como responsável ou não pelo evento.
PROCESSOS DA COGNIÇÃO SOCIAL

Três principais processos que operam sobre os schemas e as atribuições: atenção, memória e
inferência.
ATENÇÃO

A atenção pode então ser definida como a codificação e a consciência de estímulos internos ou
externos a nosso organismo. A principal característica da atenção é que ela é limitada. Não
podemos atender a todos os estímulos que nos atingem; temos que nos restringir a uma pequena
parte a cada momento. Como nossa atenção é bastante limitada, ela tem que ser bem seletiva.
MEMÓRIA

Pesquisas que investigaram as memórias sobre outras pessoas demonstraram que os objetivos,
envolvimento do observador e a impressão geral formada pelo conjunto de informações, têm um
grande impacto sobre o quanto nos relembramos posteriormente (Devine, Sedikides e Fuhrman,
1989; Hamilton, 1981; Hamilton, Katz e Leirer, 1980; Srull, 1983).
INFERÊNCIA

A questão da inferência na cognição social diz respeito ao que fazemos com a informação que
obtivemos por meio dos processos de atenção e retenção (memória). Como fazemos para ir além
da informação de que dispomos? Qual a qualidade de nossas inferências? Qual a qualidade de
nossos julgamentos?

O INDIVÍDUO E O AMBIENTE SOCIAL – AULA 4


Perceber que o ambiente social afeta a nossa autopercepção;

Motivos sociais que influenciam nas nossas ações que são reflexos das nossas atitudes;

Compreender o porque dos fatores do ambiente social influenciarem nas relações sociais;

Entender o que vem a ser percepção social, motivação, atitudes e preconceitos e suas
interferências no contexto social.
PERCEPÇÃO SOCIAL
Para Bock (1999), a percepção é um processo que vai desde a recepção do estímulo pelos órgãos dos
sentidos até a atribuição de significado ao estímulo. Então, podemos dizer que percepção é um mecanismo
no qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta as informações para construir, criar para si um quadro
significativo do mundo.

Savoia (1989, p. 33) assevera que, para a psicologia social, existem três categorias que
explicam como a percepção das pessoas acontecem, que são:

Exatidão de percepção;

Formação de impressões avaliadoras;

Atribuição


Exatidão de percepção, que se refere à capacidade de fazermos julgamentos precisos de
características objetivas de outros indivíduos, como por exemplo seu estado emocional ou sua
inteligência.

Formação de impressões avaliadoras, que tentam explicar por que meios chegamos a nossos
sentimentos em relação às outras pessoas. Por exemplo, a forma pela qual alguém chega a
gostar de outro alguém com base em uma quantidade de informação relativamente limitada.

Atribuição, que se refere ao modo pelo qual explicamos as causas do comportamento.

Ou seja, a percepção social está relacionada ao grau de exatidão que temos ao julgar o outro;
ao sentimento que temos do outro e à forma como atribuímos características internas ao
outro, a partir das circunstâncias ambientais em que o comportamento foi observado.

Mas lembre-se: tudo isso é possível, por meio do processo cognitivo. É esse processo que
possibilita a formação de impressões sobre nós mesmos, em relação ao mundo social em que
estamos inseridos e sobre a própria conjuntura social na qual estamos imersos
(RODRIGUES, 1999). Por meio do processo cognitivo, sentimos necessidade de dar
significados e de organizar nossas percepções com relação às pessoas.
MOTIVOS SOCIAIS


Nossos interesses influenciam no julgamento social que fazemos da realidade, haja vista que
a conduta humana é orientada no sentido de satisfazer nossas necessidades, em busca do
prazer e do alívio da dor.

Entende-se por motivos “um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento
humano” (SAVOIA, 1989, p. 20). Isso significa que, diante de uma necessidade, surge um
impulso (que é processo interno, porém provocado tanto por estímulos internos quanto
externos) que gera um comportamento (que é a ação), a partir de um objetivo, para satisfazer
essa necessidade ou um desejo.

Munné citado por Savoia (1989), assim como Pisani (1996), enfatizam que existem quatro
motivos ou necessidades sociais:

Necessidade de filiação;

Necessidade de poder;

Necessidade de sucesso;

Necessidade de altruísmo

Necessidade de filiação: que nos leva a integrar a um grupo, ou seja, é o desejo que temos de
conviver com outras pessoas, seja numa relação de afeto ou de amizade.

Necessidade de poder: tem relação com o desejo que sentimos de influenciar pessoas, de
dominar, de ser superior, que surge da necessidade de nos auto-afirmarmos, a partir do
sentimento de inferioridade. Esse tipo de necessidade tanto pode ser positiva quanto
negativa. É positiva e social quando propaga bondade e reciprocidade; é negativa e anti-social
quando está associada a comportamentos agressivos incontroláveis;

Necessidade de sucesso: que tem relação com a necessidade de realizar as coisas, dentro de
um padrão de excelência em busca do êxito pessoal.

Necessidade de altruísmo: é que nos leva a ajudar o outro, que envolve reciprocidade e a
responsabilidade social.

As pessoas são diferentes no que diz respeito à motivação. As necessidades variam de
indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de comportamento. Os valores sociais
também são diferentes, as capacidades para atingir os objetivos são igualmente diferentes, e
assim por diante. Isso faz com que as motivações sejam também diferentes.

Além da percepção social e dos motivos sociais, as nossas relações, os nossos
comportamentos sociais estão ligados à outra variável importante que afeta as relações, como
a atitude
ATITUDES

Dependendo do conceito que construímos, a respeito de alguém ou de alguma coisa, podemos
produzir afetos positivos ou negativos que induzem a agir de uma maneira ou de outra. Assim,
nossas atitudes se formam durante todo o nosso processo de socialização. Elas provêm de
processo de aprendizagem, a partir das experiências que vivenciamos, das nossas
características individuais de personalidade.

Para Lambert e Lambert citado por Pisani (1996, p. 70) uma atitude “é uma maneira organizada
e coerente de pensar, sentir e agir a pessoas, grupos, problemas sociais ou, de modo mais
geral, a qualquer acontecimento no ambiente”.

Nossas atitudes, portanto, podem ser positivas ou negativas, em função de três componentes
que as determinam: a cognição, o afeto e o comportamento.

Componente cognitivo: está relacionado com as crenças diante dos atributos específicos ou do
objeto na sua totalidade. Por exemplo: uma pessoa que tem preconceito de um determinado
grupo, certamente têm uma série de cognições acerca desse grupo, objeto da sua
discriminação.

Componente afetivo: está relacionado com nossos sentimentos, emoções, que são
influenciados por fatores motivacionais, personalidade, experiências vividas. Por exemplo: a
pessoa que tem preconceito de um determinado grupo, certamente tem um sentimento de
raiva ou desprezo pelo grupo.

Componente comportamental: estão voltados para as intenções do comportamento em
relação aos atributos específicos ou do objeto na sua totalidade. É a ação do indivíduo em
relação ao objeto da atitude.

Nossas atitudes podem ser modificadas, decorrentes das características individuais, da
coação que vivemos na sociedade, das informações que temos diante de um determinado
objeto, pessoa ou grupo, dos interesses pessoais, das necessidades, etc. (PISANI, 1989).

Segundo Rodrigues (1999), as atitudes podem ser aprendidas e estas servem para nos ajudar
a lidar com o ambiente social. Segundo Muné citado por Savoia (1989), a formação das
nossas atitudes se dá a partir de três fatores: a informação recebida, grupo de identidade e as
necessidades pessoais

a informação recebida: é necessário que o indivíduo tenha, pelo menos, o mínimo do
conhecimento sobre qualquer assunto, para tomar uma atitude referente ao mesmo. Quando
não possuímos informações suficientes sobre o assunto o qual iremos discutir, corremos um
sério risco de cair no preconceito e na arbitrariedade;

grupo de identidade: desde quando começamos a interagir, sentimos necessidade de nos
identificar com algum grupo, para ser aceito por ele. Esse grupo certamente irá modelar,
reforçar e condicionar nossas atitudes, por meio de regras e normas;

as necessidades pessoais: não formamos nossas atitudes baseados apenas na satisfação
dos objetivos dos outros, mas a partir do processo de satisfação das nossas necessidades.
PRECONCEITO

Atitudes preconceituosas, referentes a indivíduos, grupos e culturas são baseadas em
julgamentos mesmo diante de fatos que os contradizem, muitas vezes por falta de informação
e insegurança (PISANI, 1996). E, na busca de segurança, de alívio de ansiedades, de
satisfação de necessidades, de fuga de ameaças sociais, o indivíduo desenvolve atitude
preconceituosa.

Para Myers (2000), o preconceito pode ser definido como o julgamento negativo de um grupo
e de seus membros individuais. Ele envolve uma avaliação negativa de uma pessoa, pelo
simples fato de a identificarmos com um grupo determinado.

Segundo Rodrigues (1999), a base cognitiva do preconceito são os estereótipos, envolvidos
por crenças sobre características individuais que são atribuídas a indivíduo ou grupo.

Para Rodrigues (1999, p. 150), os estereótipos ocorrem sempre através de uma
representação mental de um grupo social e de seus membros, ou de um esquema, uma
estrutura cognitiva que representa o conhecimento de uma pessoa acerca de outra pessoa,
objeto ou situação – tendendo a enfatizar o que há de similar entre pessoas, não
necessariamente similares, e agir de acordo com esta percepção.

Já a discriminação, muitas vezes, é provocada e motivada pelo preconceito. A discriminação
pode ocorrer por sexo, idade, raça, classe social, religião, necessidades especiais, doença,
aparência. Assim, segundo Myers (2000), podemos considerar o preconceito uma atitude
negativa, enquanto que a discriminação é um comportamento negativo.

Então, o que se pode perceber é que o preconceito é decorrente de fontes sociais,
emocionais e cognitivas. Rodrigues (1999) classifica as causas do preconceito em quatro
categorias: Competição e conflitos econômicos; O papel do bode expiatório; Fatores de
personalidade; Causas sociais do preconceito, a aprendizagem social, conformidade e
categorização social

Competição e conflitos econômicos: considerados um dos percursos que mais conduzem os
indivíduos à formação de estereótipos, preconceitos e discriminação, por provocar reações de
hostilidade, inimizades onde antes prevalecia a paz, ou pelo menos a tolerância mútua.

O papel do bode expiatório: o indivíduo, quando se encontra frustrado e infeliz, tende a
transferir sua agressividade para grupos visíveis, aparentemente sem poder, desenvolvendo
sentimentos negativos, de repulsa.

Fatores de personalidade: indivíduos com personalidade autoritária têm mais propensão a
desenvolver atitudes preconceituosas por serem consideradas pessoas que, geralmente,
apresentam rigidez nas opiniões, intolerância, desconfiança, acreditando na sua
superioridade, bem como na do grupo a que pertencem.

Causas sociais do preconceito, a aprendizagem social, conformidade e categorização social:
essas causas defendem a idéia de que o preconceito é criado e mantido por forças sociais e
culturais. As normas sociais são aprendidas, transferidas de geração para geração. As
conformidades são mantidas por medo da não aceitação. Dessa forma, ocorre o que
chamamos de categorização social, quando processamos psicologicamente as informações,
categorizando as pessoas, formando estereótipos negativos com relação a elas.

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