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Por conseguinte, nos últimos 100 anos existiram duas grandes e importantes
mudanças: os cientistas aplicaram o método científico à compreensão do
comportamento social humano, de forma a procurar descobrir relações causa-
efeito, compreendendo-as através de uma observação objetiva e da
experimentação; e as modernas viagens e as comunicações de massa fizeram
com que as relações e as potencialidades se multiplicassem na interação social
do individuo.
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São diversos os fatores que influenciam as atividades de cada individuo face aos
outros, uma vez que o comportamento social tem por base diferentes causas,
entre elas são: o comportamento e as características individuais dos outros; a
cognição social (ex: pensamentos, atitudes e recordações dos outros); variáveis
ecológicas (meio físico influenciado direta ou indiretamente); contexto
sociocultural que determinado comportamento social ocorre; e os aspetos
biológicos individuais que são importantes para o comportamento social. Como
é evidente as explicações de determinado comportamento por parte de individuo
depende muito da análise pelo investigador; verifica-se no comportamento de
Van Gogh quanto mutila parte da sua orelha, o que nos faz pensar o que o levou
a fazer tal ato, perspetivando vários pontos de partida (forma de agradar a
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mulher, não gostava da sua orelha e ofereceu, um ato de carinho para com a
mulher...).
Pode-se dizer que existem várias psicologias sociais que se focam em diferentes
tópicos com múltiplas explicações para todas as ações dos indivíduos, contudo,
encontram-se associadas à Psicologia Social duas variantes: a Psicologia Social
Psicológica (PSP) e Psicologia Social Sociológica (PSS). A Psicologia Social
Psicológica (nomes ligados: Mead, Goffman, French, Homans e Bales) centra-
se no indivíduo, são compreendidos os comportamentos sociais através de
estímulos, estados psicológicos e traços da personalidade, tendo como objetivo
principal prognóstico do comportamento; e método de investigação é a
experimentação. Quanto à Psicologia Social Sociológica (nomes ligados: Lewin,
Festinger, Schacter, Asch, Campbell e Allport) centra-se no grupo ou
sociedade/comunidade, compreendem o comportamento social através de
variáveis societais: papeis sociais, normas sociai ou estatuto social, tem como
objetivo da investigação a descrição do comportamento e os métodos de
investigação são os inquéritos e a observação participante. Ambas as
psicologias sociais premeiam informações complementares sobre o mesmo
problema, tem o foco nas interpretações cognitivas da realidade social e nos
comportamentos.
As principais razões para proceder ao estudo das duas Psicologias (PSS e PSP):
a primeira mencionada pelo autor VISSCHER (Neto, 1998, p. 49) sugerindo
algum cuidado nas abordagens por apresentarem pontos fortes e fracos; a
segunda é que ambas abordagens convergem porque tentam entender os
indivíduos nos seus contextos sociais, reconhecendo de uma forma explicita ou
implícita de que a influencia mutua entre o individuo e sociedade é inevitável
para a construção da realidade social: no que refere o autor CARTWRIGHT
(Neto, 1998, p. 50) “atenção ao mundo subjetivo do individuo é a única
contribuição da psicologia social que é partilhada pela sociologia social
sociológica e pela psicologia social psicológica”; ambas as psicologias focam-se
no meio percecionado e não no meio em que inseridos.
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Desta forma, uma vez que o comportamento é variado e as causas são diversas,
a psicologia social recorre-se a diferentes níveis de análises:
Segundo o autor DOISE (Neto, 1998, p. 50-51) distingue quatro níveis: (1)
aborda através do estudo dos processos psicológicos (Intra individuais) o modo
como o individuo organiza a sua experiencia vivencial na realidade social; (2)
processos “inter individuais” e “intra-individuais” que ocorrem entre indivíduos;
(3) as diferenças de “posições” e ou “estatutos sociais” dão conta da forma de
modular as interações situacionais; (4) identifica as “crenças ideológicas
universalistas” induzindo representações e condutas
diferenciadoras/discriminatórias.
No que concerne à história da Filosofia, não pode ser esquecida, uma vez que
até um seculo todos os filósofos eram considerados psicólogos sociais e vice-
versa. Provavelmente, os primeiros filósofos em Psicologia Social até foram os
filósofos gregos. Quanto aos filósofos Platão e Aristóteles, focaram atenção do
homem ocidental na natureza social; salientando o Platão, as suas teorias sobre
a natureza social diziam respeito à teoria do Estado. Para o autor ALLPORT
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(Neto, 1998, p. 56) via a Psicologia Social como um ramo da filosofia política,
salientando cinco questões acerca desse mesmo pensamento: se os indivíduos
são concebidas de forma única, sendo cada um único e semelhante aos outros;
se a pessoa tem uma função na sociedade ou a sociedade é o produto e função
das pessoas que a constituem; se a relação individuo – sociedade é algo com
sentido ou faz parte de uma ideologia oculta; se as pessoas precisam de
educação para que possam viver em grupo ou estados ou se são sociais por
natureza, apenas havendo as boas ou más influencias eu as tornam sociais ou
anti sociais; se tanto mulheres como homens são agentes livres e com
responsabilidade ou as forças naturais e sociais é que o determinam.
✓ CORRENTE FRANCESA:
1ª. Lei dos três estádios – salienta a emergência gradual das ciências do estádio
teológico em que todos os acontecimentos são explicados pelos Deuses; estádio
metafísico os acontecimentos são explicados por poderes impessoais e pelas
leis da ciência e, estádio positivo em que os acontecimentos são explicados pela
estabilidade.
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2ª. Por seu turno este autor classifica as ciências fundamentais abstratas,
fazendo distinção entre as ciências abstratas (tratam os fenómenos inflexíveis
não podendo se decompor) e as ciências concretas (tratam de fenómenos
compósitos).
Comte viu-se obrigado a criar a “moral positiva” por necessitar de uma ciência
que tratasse dos indivíduos e do modo como combinam influências biológicas e
societais; esta moral relaciona os fundamentos biológicos de acordo com a
abordagem da moderna psicofisiologia, e aborda o individuo num contexto
cultural e social, constituindo a perspetiva da psicologia social da atualidade.
Ainda persiste uma questão: como é que o individuo pode ser a causa e a
consequência da sociedade em simultâneo? Segundo o autor ALLPORT
Auguste Comte foi o fundador da Psicologia Social, no entanto, é difícil afirmar
tal certeza.
✓ CORRENTE ANGLO-SAXÓNICA:
O autor Robert Zajonc (1969) compara entre as datas das primeiras medidas
científicas e a do primeiro estudo experimental em Psicologia Social; a primeira
medida científica antecedeu a primeira medida psicossocial em 21 séculos;
elaborou um artigo em que menciona que a presença de outros indivíduos
aumenta o desempenho das respostas dominantes, interferindo com as
respostas não dominantes.
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O ser humano é um ser bio cultural dado que o seu comportamento resulta de
forças biológicas e da influência do meio sociocultural. Os Psicólogos Sociais
que recorrendo também aos conhecimentos da sociologia e antropologia, que
vão procurar identificar de que modo a sociedade, através das suas normas,
regras e padrões de comportamento, marca o individuo. Entende-se por Ciência
“um corpo organizado de conhecimentos que advêm da observação objetiva e
de testagem sistemática” (Neto, 1998, p. 81). Existem várias ciências e todas
elas são pertinentes para o estudo dos indivíduos e grupos; as ciências naturais
que se focam na observação da natureza e do mundo físico (química, botânica,
zoologia); as ciências comportamentais são as que incidem nas observações
sobre atividades, operações mentais, e respostas dos seres humanos e animais
(antropologia, psicologia, sociologia, etologia); e as ciências sociais são as que
estudam as atividades das pessoas integradas em comunidade (economia,
ciência política). A Teoria é “descrição de relações entre símbolos que
representam a realidade” (Neto, 1998, p. 81).
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Segundo o autor Karl Popper a teoria pode ser refutada quando a teoria não
pode ser provada como verídica.
Para que uma Teoria seja boa, tem de apresentar-se com cinco qualidades,
contudo, ela depende do número de qualidades: (1) a teoria deve ter
concordância com os dados conhecidos; (2) deve ser compreensiva; (3) deve
ser parcimoniosa; (4) dever ser testada; (5) ter um valor heurístico; e (6) ter um
valor aplicado ou útil para colocar em prática. Para os psicólogos sociais é
importante que haja uma diversidade de teorias uma vez que cada uma delas
poderá ajudar as pessoas a aumentar a compreensão, a sensibilização e a ter
novos modos de se comportar.
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particularidades. Nasce a Psicologia (em 1879 com Wundt) que vai contribuir
para o desenvolvimento das diferentes teorias sobre aprendizagem.
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Esta teoria alude o indivíduo como “um produto da sociedade em que vive e
como um individuo que contribui para essa sociedade” (…) “dando mais atenção
a amplas redes sociais” (Neto, 1998, p. 99). A teoria dos Papéis sustenta-se no
comportamento social: abordando a divisão do trabalho em que se deteta na
sociedade através da interação entre as posições a que se chama de papéis;
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As atitudes são pertinentes para a Psicologia Social uma vez que influenciam
comportamentos, através da atração entre as pessoas (escolha de amigos,
namorados); a discriminação que podemos praticar em relação a determinados
grupos sociais e raciais; as escolhas que fazemos quando compramos produtos
e bens de consumo; a forma como determinamos as prioridades na nossa vida;
quando decidimos em que partido votar nas eleições; ou a maneira como se
escolhe o filme X em vez do filme Y. Podemos dizer que uma atitude consiste
numa avaliação de outras pessoas, de objetos e de temas, avaliação essa que,
não só envolve a cognição como também envolve sentimentos, e
comportamentos. A atitude de um individuo acerca dos sem-abrigo inclui
pensamentos sobre as causas dessa situação social; essa atitude foi aprendida,
ou seja, não se nasce com esta atitude sobre os sem-abrigo, sobre a política, ou
sobre a organização da sociedade. A atitude é duradoura e não passageira como
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NETO. (1998), “Psicologia Social”, Vol I, Lisboa: Universidade Aberta, p. 339
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(3) modelo tripartido revisto, por Zanna e Rempel, abordam uma atitude
através da tripla composição das atitudes que são compostas pelas
crenças/sentimentos (componente afetiva); formas de agir (componente
comportamental) e crenças informacionais – o indivíduo acredita em
determinados fatos de uma situação, e em crenças avaliativas – bem/mal,
justo/injusto (componente cognitiva).
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NETO. (1998), “Psicologia Social”, Vol I, Lisboa: Universidade Aberta, p. 340.
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NETO. (1998), “Psicologia Social”, Vol I, Lisboa: Universidade Aberta, p. 343.
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Uma pergunta pertinente é saber como se formam as atitudes? Uma vez que
não nascemos com atitudes, elas são recomendadas aos indivíduos desde a sua
tenra idade. A criança aprende com os pais e com todos os elementos que a
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que esteja a experienciar uma estadia percebe que o clima não é igual a
Portugal, é mais frio, húmido, escuro).
5- Observação do próprio comportamento – (Teoria da Auto-Perceção) –
esta teoria refere-se à nossa perceção relativamente às próprias atitudes,
emoções e estados internos. (ex: quando estamos nervosos por causa da
matéria, questionamos a professora acerca da matéria, mas não
conseguimos expor corretamente por estarmos nervosos/ansiosos).
MEDIDAS DIRETAS:
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MEDIDAS INDIRETAS:
✓ Técnicas Fisiológicas – é a forma de como as atividades psicológicas
produzem respostas fisiológicas (ex: é o estudo do sistema nervoso,
consoante as várias respostas, na pele na pupila, que podem traduzir-
se em respostas positivas ou negativas consoante o estímulo).
✓ Comportamentais – Mehrabian refere que o comportamento é
consistente com as atitudes, uma vez que o individuo demonstra uma
atitude positiva/ de agrado face aos homossexuais, prossupondo de
que é possível medir as atitudes à distância, através da distância
ocular, tensão corporal.
✓ Técnicas Projetivas - envolvem estímulos ambíguos, sendo que o
indivíduo projeta a sua personalidade, atitude, opinião e autoconceito;
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Esta teoria é experienciada e simples e tem grande valor explicativo, tendo sido
aplicada com sucesso no comportamento de consumo, saúde. É aplicável
apenas ao comportamento voluntario, por o individuo controlar o seu
comportamento.
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Serge Moscovici
V. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
De acordo com o autor DOISE, a teoria das representações sociais foi construída
sobre “noções de sistema e de meta-sistema antes de estar na moda o
pensamento sistémico” (NETO, 1998, p. 423). Por seu turno, o autor
MOSCOVICI concluiu que no pensamento infantil e no do adulto, intervêm dois
sistemas cognitivos que estão na base das suas características “vemos em ação
dois sistemas cognitivos, um que procede por associações, inclusões,
discriminações, deduções, isto é, o sistema operatório, e o outro que controla,
verifica, seleciona com ajuda de regras, sejam elas lógicas ou não; trata-se de
uma espécie de meta-sistema que trabalha de novo a matéria produzida pelo
primeiro” (NETO, 1998, p. 424).
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https://www.scielo.br/j/paideia/a/v5LHqbWSsgTcDDy3XhrYVRv
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https://www.scielo.br/j/prc/a/B8xn3m8C4y3SfMqSTkw3RPc/?format=pdf&lang=
pt (só para consultar representações sociais e preconceito – pág. 2)
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Ver figura 1. Campo de estudos da Representação Social – adaptado da autora Jodelet.
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https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/12/racismo-a-portuguesa-ganha-forca-com-ultradireita-
e-orgulho-do-passado-colonial.shtml
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BIBLIOGRAFIA:
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https://www.scielo.br/j/ref/a/ggH7nksZZQQ7TbKddg65hQc/?lang=pt
[visualizado a 08-06-2022];
WEBGRAFIA:
GÉNESE DO PRECONCEITO E DA
DISCRIMINAÇÃO:
Segundo o autor Allport formulou seis níveis tendo em conta as causas sociais
mais abrangentes de preconceito até às mais especificas: abordagens históricas,
abordagens socioculturais, abordagens situacionais, abordagens
psicodinâmicas e abordagens cognitivas.
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Lei nº 134/99, de 28 de Agosto – “Proíbe discriminações no exercício de direitos”:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=230&tabela=leis&so_miolo=
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Lei nº 93/2017, de 23 de Agosto: “Estabelece o regime jurídico da prevenção, da proibição e do combate
à discriminação, em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem”:
https://dre.pt/dre/detalhe/lei/93-2017-108038372
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O autor Dennis, refere que há dificuldade nas pessoas em sair de uma rede
social racista, tornando-se sempre influenciadas, evidenciando efeitos de
socialização racial: a ignorâncias das outras pessoas, o desenvolvimento de uma
consciência psicológica dupla e confusão mental, e a conformidade ao grupo.
Quanto ao autor Karp refere-se a uma explicação sobre o racismo que se
sustenta numa perspetiva psicodinâmica, em que o racismo é um mecanismo de
defesa devido ao passado; que tem repercussões como a culpa, vergonha, mal-
estar.
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Para que haja uma redução de preconceito seria necessário reunir quatro
condições: igualdade de estatuto social, contato íntimo, cooperação intergrupal
e normas sociais que favorecem a igualdade.
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Bibliografia
WEBGRAFIA:
Legislação:
Lei nº 134/99, de 28 de Agosto – “Proíbe discriminações no exercício de direitos”:
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=230&tabela=leis&s
o_miolo=
Lei nº 93/2017, de 23 de Agosto: “Estabelece o regime jurídico da prevenção,
da proibição e do combate à discriminação, em razão da origem racial e étnica,
cor, nacionalidade, ascendência e território de origem”:
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https://www.amnistia.pt/tematica/discriminacao/ (DISCRIMINAÇÃO FEMININA)
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2021/12/racismo-a-portuguesa-ganha-
forca-com-ultradireita-e-orgulho-do-passado-colonial.shtml (
https://www.apav.pt/uavmd/index.php/pt/intervencao/discriminacao (Definição:
DISCRIMINAÇÃO)
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/22539/1/ICS_JVala_Racismos_LAN.pdf
(racismo)
file:///C:/Users/Asus/Downloads/Estere%C3%B3tipos,%20preconceitos%20e%
20discrimina%C3%A7%C3%A3o%20RI.pdf
https://socientifica.com.br/preconceito-estereotipo-e-discriminacao-diferencas-
e-semelhancas/
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https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/preconceito-a-etica-e-os-
estereotipos-irracionais.htm
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo-estereotipos-
estigmas-preconceito-discriminacao.htm
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