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Psicologia Sócio-Histórica e

a Psicologia Comunitária

Valter da Mata
Contexto Histórico
Surge em meados da década de 1960, quando
as análises criticas apontam para uma “crise”
do conhecimento psicossocial que não
consegue intervir nem explicar, muito menos
prever, comportamentos sociais.
Réplicas de pesquisas não permitiam formular
leis, os estudos transculturais apontavam uma
série de variaveis que desafiavam os métodos
quantitativos.
Contexto Histórico
As críticas feitas por esse movimento à
psicologia social norte-americana podem ser
resumidas na sua visão mecanicista e
positivista de homem e na pouca relevância
social dos temas estudados.
 Por outro lado, os psicólogos latino-
americanos começavam a ter contato com as
idéias de Leontiev, Luria e Vygotsky cujas
visões meta-teórica se fundamentavam no
materialismo histórico-dialético.
Superação do Biologismo
Constatar o biologismo da Psicologia. O
indivíduo era considerado um organismo que
interage no meio físico, sendo que os processos
psicológicos são assumidos como causa do
comportamento.
O homem fala, pensa, aprende e ensina,
transforma a natureza; o homem é cultura, é
história. Vai além do biológico.
Superação do Biologismo
O ser humano tráz consigo uma dimensão que
não pode ser descartada que é a sua condição
social e histórica, sob o risco de termos uma
visão distorcida (ideológica) de seu
comportamento. (Lane, 1984)
Superação do Positivismo
O Positivismo na procura da objetividade dos fatos
perdeu o ser humano.
O positivismo limitava-se a descrever
comportamentos restritos no espaço e no tempo, sem
considerar a interrelação infra e superestrutural, estes
comportamentos, geralmente mediados pelas
instituições sociais, tendiam a reproduzir a ideologia
dominante e por conseguinte eram tomados como os
“naturais”.
Superação do Positivismo
Se a Psicologia apenas descreve o que é observado ou
enfoca o Indivíduo como causa e efeito de sua
individualidade, ela terá uma ação conservadora.
O homem deve ser visto como produto e produtor da
sua história pessoal e da história da sua sociedade.
Para Bock (2001), a Psicologia tem
naturalizado o que é social. Uma das
manifestações de tal “naturalização”
concretiza-se no padrão de normalidade.
Eminentemente social, passa a representar o
“natural” do desenvolvimento Humano.

Prossegue Bock: “no que é natural não cabe


interferência do homem; cabe registrar e
diferenciar. Assim, as diferenças entre os
homens, tomadas como naturais, tornaram
fonte ou justificativa das desigualdades
sociais”.
Decorrências Metodológicas
O pesquisador é produto e produtor da sua história e
parte de uma visão de mundo e do homem
necessariamente comprometida e nesse sentido não
há possibilidade de se gerar um conhecimento
“neutro”, nem um conhecimento do outro que não
interfira na sua existência.
Pesquisador e pesquisado se apresentam enquanto
subjetividades que se materializam nas relações. Estas
relações – objetos de análise – são captadas em seu
movimento o que implica em, pesquisa-ação.
Decorrências Metodológicas
A produção do conhecimento deixou de ser terreno
privativo da vida acadêmica e científica. Experiências
das mais diversas no cotidiano complexo das
sociedades atuais lutam por reconhecimento na
produção de sabedorias e fazeres igualmente
relevantes na transformação e manutenção do
mundo.
O que nos coloca frente a uma hierarquia dos saberes
que merece ser problematizada e enfrentada como
um dos problemas atuais de grande importância para
a democratização da sociedade brasileira.
Psicologia Sócio-Histórica
A Psicologia Sócio-Histórica deve buscar
compreender o sujeito como SER determinado
histórica e socialmente. É necessário que, se
busque a história do indivíduo e da sua sociedade,
ou seja, o aparecimento das formas de
subjetivação que ele apresenta hoje ao longo do
tempo histórico e do contexto.
Críticas a Psicologia Sócio-
histórica
Valorização do debate na forma de dualismos, como por
exemplo, subjetividade-objetividade, natureza-cultura,
explicação-compreensão etc. Neste debate, escolher um
pólo dos dualismos significa necessariamente negar a
relevância ou poder heurístico do outro.
Caráter profundamente relacionado com tomadas de
posições políticas. O que produziu uma psicologia social
crítica e comprometida com as lutas sociais e, ao mesmo
tempo, um tanto quanto maniqueísta e dicotomizada,
sobretudo no que se refere aos aportes metodológicos.
Críticas a Psicologia Sócio-
histórica
A falsa dicotomia entre metodologias e procedimentos
quantitativos versus metodologias e procedimentos
qualitativos. Nesta visão, a psicologia social realmente
engajada só faria uso dos segundos; uma vez que estes não
implicariam um “assujeitamento” dos atores sociais, dos
discursos e narrativas que os constituem, a moldes,
formatações ou escalonamentos que essencializariam,
naturalizariam e mesmo legitimariam as construções
sociais.
No outro extremo, mas ainda no campo da metodolatria,
estariam aqueles que defendem a quantificação e
consideram as pesquisas ‘qualitativas como frouxas
metodologicamente e sem validade
Psicólogo Social
É aquele que entende o sujeito desde uma perspectiva
histórica e, por isso, considera a permanente integração
entre o indivíduo e o social. Neste sentido, operar nesse
campo significa desenvolver um trabalho desde esta
perspectiva de homem e sociedade, de modo a possibilitar
sua atuação em qualquer área da Psicologia. (CFP)
Psicólogo Social - Atribuições
 Promove estudos sobre características psicossociais de
grupos étnicos, religiosos, classes e segmentos sociais
nacionais, culturais, intra e interculturais.
 Atua junto a organizações comunitárias, em equipe
multiprofissional no diagnóstico, planejamento, execução
e avaliação de programas comunitários, no âmbito da
saúde, lazer, educação, trabalho e segurança.
 Atua junto aos meios de comunicação, onde assessora-os
quanto aos aspectos psicológicos das técnicas de
comunicação e propaganda.
 Pesquisa, analisa e estuda variáveis psicológicas que
influenciam o comportamento do consumidor.
PSICOLOGIA SOCIAL

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Psicologia Comunitária
É uma aplicação da psicologia social para resolução dos
problemas sociais nas comunidades. Constitui-se como
disciplina recente na história da psicologia. Sua origem
remonta, por um lado à psiquiatria social e preventiva, à
dinâmica e psicoterapia de grupos, práticas "psi" que
conceituavam uma origem social a seus objetos de estudo.
Ela se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais em
condições ambientais específicas, atento às suas
individualidades. Seus objetivos são a melhoria das relações
entre os sujeitos e entre estes e a natureza e instituições sociais
ou o seu empoderamento. Nesta perspectiva está todo o esforço
para a mobilização das comunidades na busca de melhores
condições de vida.
Ignácio Martin-Baró
Psicologia da Libertação
Nasceu em Valladolid, Espanha, e veio para a América
Latina como jesuíta da Companhia de Jesus, onde concluiu
estudos em Filosofia, na Colômbia.
Foi criador da Psicologia da Libertação. Suas conclusões
mostram forte posicionamento político classista, o que
explica seu fuzilamento pelo Exército de El Salvador em
1989.


Ignácio Martin-Baró
Psicologia da Libertação
Para ele, se o objeto de estudo é a ação como ideológica, o
objetivo da Psicologia Social deve ser tornar possível a
liberdade sem antecipar mecanicamente o futuro, mas
colocar à disposição dos atores sociais o conhecimento
que possibilite atuar de forma adequada em função de
valores e princípios sociais, pois quanto maior o
conhecimento, maior é a clareza para decidir e agir
conscientemente.

Locais de Atuação
 Movimentos Sociais;
 ONGs;
 Associações Civis;
 Órgãos de Controle Social;
 Políticas Públicas.
Perfil Profissional Desejado
 Conhecimento teórico da área de atuação;
 Excelente relacionamento interpessoal;
 Habilidade para trabalhar com equipe multidisciplinar;
 Postura crítica frente à realidade social;
 Conhecimento de Direitos Humanos;
 Desejo e habilidade para trabalhar com população de
baixa renda;
 Habilidade para elaborar relatórios.
CREPOP
 O Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas
Públicas (CREPOP) é uma iniciativa do Sistema Conselhos
de Psicologia (CFP e CRPs), criado em 2006 para promover
a qualificação da atuação profissional de psicólogas/os que
atuam nas diversas políticas públicas.
 Além de um papel técnico, o CREPOP tem um importante
papel ético e político. Ético no que tange a qualificação
profissional, orientando um fazer alinhado com a garantia
de direitos e a transformação de vidas. Político por se
tratar de um espaço que demarca as contribuições da
Psicologia para o campo das políticas públicas, voltadas
para transformação social.
CREPOP
 A rede CREPOP é composta por unidades locais, nos
respectivos Conselhos Regionais (CRPs).
 Guia de Referências Técnicas para prática do psicólogo;
 Georreferenciamento de profissionais que atuam em
políticas públicas;
 Pesquisas diversas no campo das Políticas Públicas.

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