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A PSICOLOGIA SÓCIO-

HISTÓRICA
Uma perspectiva crítica em psicologia
Profª: Samila M leão
EMENTA

Pressupostos filosóficos,
epistemológicos e históricos
da Psicologia Sócio Histórica.
Categorias teóricas da
psicologia sócio-histórica:
consciência, atividade,
pensamento e linguagem.
Dimensão subjetiva da
realidade. A prática
profissional em psicologia
sócio-histórica.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA

GERAL:
Compreender a Abordagem Sócio-Histórica a partir
de seus conceitos e categorias, identificando suas
contribuições para a prática do psicólogo atual nos
diversos campos de atuação.

ESPECÍFICOS:
Discorrer sobre as contribuições de Lev Vygotsky
para a psicologia contemporânea, situando a
constituição do psiquismo, em termos cognitivos e
emocionais, no contexto social e histórico em que vive.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

 Ser capaz de compreender a importância da psicologia sócio histórica na prática do psicólogo


nos diversos campos de atuação profissional.
 Desenvolver propostas de ação e intervenção do psicólogo sócio-histórico em diversas áreas de
atuação.

 I UNIDADE - História e conceitos da psicologia sócio-histórica


Prova individual e sem consulta

 II UNIDADE - Categorias Fundamentais de Análise da Psicologia Sócio-Histórica


Prova em dupla sem consulta (5,0 pontos) e Seminário temático (4,0 pontos) e produção de cartazes
(1,0 ponto).

 III UNIDADE - A Prática na Abordagem Sócio-Histórica


Produção de uma cartilha informativa sobre manejos terapêuticos na clínica em sócio-histórica
(7,0 pontos) e discussão de casos clínicos (3.0 pontos).
Vamos conversar
sobre
subjetividade

Vamos dialogar
sobre o impacto do
racismo/desigualda
de social/machismo
na nossa
subjetividade.
O RACISMO além de produzir condições
objetivas desiguais para os/as negros/as,
também lhes reserva especificidades na
constituição subjetiva, pela própria vivência
dessas desigualdades objetivas e por
expressar ideologicamente o/a negro/a como
feio/a, preguiçoso/a, subalterno/a e tantos
outros aspectos negativos que rebatem na
subjetividade das pessoas negras.

https://periodicos.unb.br/index.php/
SER_Social/article/view/14942/13261

Como esse racismo impacta a subjetividade de indivíduos negros que


experienciam relações sociais estruturadas pelo racismo, em todas as
dimensões da vida social? Isto é, quais limites e possibilidades ao
desenvolvimento subjetivo o racismo coloca no cotidiano e em espaços de
socialização, como o trabalho, a família, as relações afetivas e as amizades?
QUEM SOMOS? O QUE
DETERMINA NOSSO
COMPORTAMENTO?
Propostas...caminhos em
construção
 Questionamos teorias e práticas mas não estamos aqui para
desqualificar antigas e consolidadas formas de fazer psicologia.

 Trabalhamos com a historicidade, contextualização,


singularidade/objetividade.

 As relação terapêutica devem levar em conta todos canais


(linguagem) que levam a compressão do homem, como também,
instituições, contextos que foram/são importantes.

 Escutar, sentir e pensar o movimento humano.


Propostas...caminhos em
construção
 Como pensar a prática psicológica com essa NOVA
subjetividade contemporânea ?

 Estamos construindo ferramentas ou dispositivos que


dêem conta desse sofrimento psíquico?

 Construção de praticas psicológicas mais complexa,


mais social e/ou atravessada por novas formas de
subjetivação
Como mediador(a), o(a) psicólogo(a)
proporcionaria aos sujeitos a
gradual decodificação do seu
mundo, a compreensão dos
mecanismos que o oprimem e
desumanizam; que alienam sua
consciência e mistificam tais
situações como naturais. Desvelar-
se-ia, assim, uma consciência crítica
frente à realidade, conduzindo a
novas práxis e, consequentemente,
novas formas de consciência e
relação social, avanço significativo
da pesquisa em psicologia
conquistada por uma escuta social e
política do sofrimento da população
dependente do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Vazio em uma sociedade do
excesso?

Situações nas quais o


VAZIO produzido pela
sociedade capitalística de
consumo cresce, à medida
que o sofrimento
decorrente aumenta em
proporções muito grandes.
OLHARES MÚLTIPLOS

 As pessoas que nos procuram são


COTIDIANAMENTE afetadas por uma economia,
uma politicas, trabalho, por um jogo de instituições e
ideologias e situações sociais envolvendo suas vidas.

 Como levar TUDO ISSO em conta?


 Tentar se despir de disciplinas, e abrir-se muito mais
aos afetos que são produzidos nos encontros.
Minozzo (2002) pensa na questão do psicólogo
como arqueólogo, não no sentido de rememorar,
construir ou fazer lembrar o passado presente ou
futuro e sim, buscando a partir de sua história,
alternativas diferentes de arqueologia. No caso,
alternativas diferenciadas de tratamento,
construindo redes e trabalhando
transdisciplinarmente.
OLHARES MÚLTIPLOS

PRECISAMOS SER
profissionais híbridos, exercendo
inúmeras funções ao mesmo
tempo, mapeando, entendendo,
tecendo e produzindo saúde
daqueles que sofrem de alguma
psicopatologia ou que estão com
alguma manifestação de
sofrimento psíquico.
Ideia principal da sócio-
histórica

O homem é determinado pelo social e


determinante do social.
Ideia principal da sócio-histórica
 CONCEITO GERAL: A personalidade é formada
pela interação entre filogenia (características da
espécie), ontogenia (histórico de desenvolvimento
e aprendizagem) e contexto sociocultural.

CONSTITUIÇÃO DO HOMEM NA
S.H
O desenvolvimento ontogenético
inicia-se quando a criança nasce
em dado meio histórico e social e
apropria-se das objetivações
produzidas pela humanidade.
Questionamento central

 O que tem levado o


homem a ser o que é?

 De onde surgem as
capacidades humanas, da
natureza OU da
cultura?
Controvérsia natureza versus cultura
Limites entre natureza
e cultura
a) A ação animal é caracterizada sobretudo por reflexos e instintos. A ação
instintiva é regida por leis biológicas, idênticas na espécie e invariáveis.

b) Existem animais com reações mais flexíveis (cães, gatos, chimpanzés-


capacidade elementar de raciocínio)

c) Inteligência concreta: O psicólogo Köller com chimpazés. O experimento


consistiu em colocar o animal faminto numa jaula onde são penduradas
bananas que o animal não consegue alcançar. O chimpanzé resolve o
problema quando puxa um caixote e o coloca sob a fruta a fim de pegá-la.
Segundo Köller, a solução encontrada pelo chimpanzé não é imediata, mas no
momento em que o animal tem um insight, isto é, quando o macaco tem a
visão global do campo e estabelece a relação entre o caixote e a fruta.

d) O animal, mesmo quando demonstra alguma capacidade de resolver


problemas, sua inteligência é concreta. Já o homem, pelo poder do símbolo,
tem inteligência abstrata.
Limites entre natureza e
cultura
a) Se criássemos juntos um bebê humano e um macaco, não veríamos muitas diferenças de
cada um nos primeiros contatos. O desenvolvimento da percepção, da preensão dos
objetos, do jogo com os adultos é feito de forma similar, até que em dado momento, por
volta dos dezoito meses, o progresso do humano torna impossível prosseguirmos na
comparação com o macaco, devido à capacidade que o homem tem de ultrapassar os
limites da vida animal ao entrar no mundo do símbolo (Eliane, 2014).

b) O animal não produz a sua existência, mas apenas a conserva agindo instintivamente.
c) O humano: ação dirigida por finalidades conscientes.

d) A linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distancia o homem da
experiência vivida, tornando-o capaz de reorganizá-la numa outra totalidade e lhe dar
novo sentido (O QUE PLANTA SIGNIFICA PARA VOCÊ ?).
 Dicotomia sobre individuo versus
social

 Gabriel Tarde (psicologismo): o fenômeno


social não se reduz completamente às leis
naturais, sociobiológicas, e que a atividade
mental dos indivíduos intervém na produção
da sociedade.

 Durkheim (sociologismo): o pensamento


coletivo deve ser explicado a partir de fatos
sociais, não de processos individuais.
COMO NOS TORNAMOS SOCIAIS
Os outros
• O ser humano ao nascer necessita de outras pessoas
para a sua sobrevivência;

• Toda a sua vida será caracterizada por participações


em grupos, necessários para a sua sobrevivência.

“Existem relatos de crianças que foram criadas por animais, como lobos,
macacos, etc, adquirindo comportamentos da espécie que as criou, necessários
para a sua sobrevivência. Quando trazidas para o convívio humano, as suas
adaptações, quando ocorreram, foram extremamente difíceis e sofridas”
Reflexões sobre a sócio-histórica
Cada pessoa contém as
experiências de nossos
antepassados humanos

Qual o significado disso


para entender o
fenômeno psicológico?
Reflexões sobre a sócio-histórica
Nossa estrutura psíquica: construídos ao
longo dos milhões de anos de
desenvolvimento da humanidade.

 O mundo psíquico que temos hoje não


foi e nem será sempre assim;

 Trabalho: atividade instrumental de


transformação do mundo para obter
sobrevivência. A descoberta da
ferramenta como instrumento de ação
do homem no mundo é acompanhada
pelas mudanças nas capacidades
humanas (linguagem como ferramenta).
Reflexões sobre a sócio-histórica
O QUE É ?

Natureza humana Condição humana


Reflexões sobre a sócio-histórica
 Natureza humana: capacidade (pronta) que nasce e se
desenvolve conosco;
 Condição humana: construímos nossas formas de
satisfação de necessidade com outros seres humanos,
coletivamente.
 Invenção da mamadeira (abriram novas possibilidades para a mulher no
mundo)

 Condição humana não é natureza humana, é a


possibilidade de os humanos criarem a si próprios,
libertando-se dos limites impostos pelas biologia de
seus corpos.
PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA

CONDIÇÕES PARA O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA


(SÉCULO XIX ):

 Burguesia ascende enquanto classe social;


 Ênfase na razão humana;
 Não é a igreja que dita o que e como deve se pensar;
Julgamento pessoal;
 Ênfase na liberdade do homem;
 Possibilidade de transformação do mundo real;
 Construção de uma ciência positivista (método rigoroso
para observar e construir o conhecimento racional)
A HISTÓRIA PARA PSICOLOGIA SÓCIO-
HISTÓRICA

 Wundt – 1875 - Distinguiu a Psicologia como Ciência

 Objeto de estudo: a experiência consciente

 Criação da Psicologia Experimental e da Psicologia


Social

 Dicotomias presentes: interno/externo;


psíquico/orgânico;
CRÍTICA DA PSICOLOGIA SÓCIO-
HISTÓRICA

 Comportamentalismo: pensou o homem como produto de


condicionamentos;

 Gestalt: valorizou as experiências vividas;

 Psicanálise: enfatizou as forcas que o homem não conhece,


mas que o constitui.

As abordagens não conseguiram superar as dicotomia interno


versus externo
CRÍTICA DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA

FENÔMENO PSICOLÓGICO

A compreensão do fenômeno é incompleta, pois fica


sempre faltando um lado.

Ou é psíquico ou é orgânico
PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA

 Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski

 Fundamenta-se no marxismo

 Adota o materialismo histórico e dialético como filosofia, teoria e método

 Concebe o homem como ativo, social e histórico


"Na ausência do outro, o homem não se constrói homem"

 A Sociedade é produção histórica dos homens, que através do trabalho,


produzem sua vida material.
Sócio-Histórica
 Homem: ativo, social e histórico;

 Sociedade: produção histórica dos homens, que através do


trabalho, produzem sua vida material;

 Ideias: representações da realidade material;

 Realidade material: fundada em contradições que se


expressam nas ideias;

 História: movimento contraditório constante do fazer


humano.
Materialismo Histórico Dialético
 Homens: criam objetos, os meios de produção para
trabalhar com esse objetos e a partir dessa base
material, ideias sobre sua realidade;

 Conhecimentos produzidos refletem a realidade do


momento como o data show; cadeira escolar;
automóvel.
Sócio-Histórica
Abandonando a visão abstrata do fenômeno Psicológico

 Influência de uma visão liberal do homem


 Valorização do Individualismo
 Influência do capitalismo
 Desenvolvimento da vida privada
 A noção de eu e a individualização nascem e se
desenvolvem
 A ideia de MUNDO INTERNO ganha força- surge o
sentimento de eu, com isso a Psicologia ganha espaço.
Sócio-Histórica
E o que é o fenômeno psicológico?

 Aparece como deslocado do social/cultural


 Aparece como deslocado do indivíduo
 É visto como NATURALIZADO = que existe em nós

 Não pertence a natureza humana


 Não é pré existente ao Homem

REFLETE A CONDIÇÃO SOCIAL, ECONÔMICA E


CULTURAL EM QUE VIVEM OS HOMENS
Sócio-Histórica
 Fenômeno psicológico = construção do nível
individual do mundo simbólico que é social;

 Subjetividade = objetividade em que vivem os homens

MUNDO INTERNO = MUNDO EXTERNO

COMPREENSÃO MÚTUA
Sócio-Histórica
LINGUAGEM

Mediação para a internalização da objetividade –


construção de sentidos pessoais que constituem a
subjetividade

O mundo psicológico é um mundo em relação


dialética com o mundo social.
Sócio-Histórica
Visão crítica da Psicologia:
 Descolada da realidade social e cultural
 Fazemos ideologia – ideias ilusórias
 Contribui para a manutenção da desigualdade social e
das diferenças
 A psicologia não tem sido capaz de, ao falar do
fenômeno psicológico, falar da vida, das condições
econômicas, sociais e culturais.
Exemplo: fala-se da mãe e do pai sem falar da família/
fala-se de habilidades e aptidões sem se falar das reais
possibilidades de acesso a cultura
Sócio-Histórica
Visão crítica da Psicologia: Naturalização

 A psicologia sistematizou o desenvolvimento


observado nas crianças e tomou-o como natural.
Exemplo 1: a escrita, a contagem, a quantificação e
a classificação não devem ser pensadas como
naturais, mas como conquistas humanas que se
instalam definitivamente nas atividades humanas e
nas possibilidades cognitivas dos homens.
Sócio-Histórica
A Psicologia deve:

Rever e redefinir o fenômeno psicológico – como?


 Estudar o mundo psicológico

 Trazer a realidade

 Posicionar-se ética e politicamente;

 Trabalho do psicólogo: ação direcionada e


intencionada
 Trabalhar projetos de vida

 Utilização do Diálogo
Sócio-Histórica
 Materialismo: a realidade material tem existência
independente em relação as ideias, ao pensamento, à
razão ;

 Dialética: a contradição é característica fundamental


de tudo o que existe, de todas as coisas; a contradição e
sua superação são a base do movimento de
transformação constante da realidade.
“ o velho, num dado momento histórico torna-se insustentável e transforma-se em outras coisas, novas,
qualitativamente diferentes do que lhes deu origem, ainda que contenham traços daquilo que foi a
origem antiga”.
Sócio-Histórica
Dialética: quando começo a esculpir uma estátua estou
diante de uma matéria-prima, a madeira, que depois é
negada, isto é, destruía na sua forma natural, mas ao
mesmo tempo conservada, pois a madeira continua
existindo como matéria, só que se modifica, é elevada
a um objeto qualitativamente diferente, uma forma
criada.

Segundo a dialética, a passagem do ser ao não-ser não é


aniquilamento, destruição ou morte pura e simples,
mas movimento para outra realidade.
Atividade
 Assistir em grupo e discutir a relação deste com a disciplina de psicologia sócio-
histórica.
 https://www.pensarcontemporaneo.com/morte-e-vida-severina/
 https://www.youtube.com/watch?v=LmjuAvkCzNU

 QUEM É SEVERINO ?
 Severino e seu contexto social.
Existe relação na formação da subjetividade (linguagem/grupo/destino/geografia) .
 Quais instrumentos existem na realidade dele?
Severino é Santo de Romaria.
Me chamam Severino de Maria.
Como muitos Severinos de mãe Maria,
fiquei sendo da Maria e do finado Zacarias.
Referencia
 Bock, Ana Mercês Bahia; Gonçalves, Odair
Furtado. Psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica. São Paulo: Cortez, 2002.
Capítulo 01 ( A psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica em psicologia).

 Assistir Paradigma Sócio Construtivista na


Educação:
https://www.youtube.com/watch?v=-IEU9Zx
XsQU

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