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Psicologia sócio-histórica

A psicologia sócio-histórica surgiu no início do século XX, na União Soviética e tornou-


se uma alternativa na Psicologia atual. Ela toma como base a psicologia de Vygotsky, que
admirava Marx e era oposto a Freud. Essa teoria tem como meta a superação de algumas
certezas que a Psicologia produziu desde Wundt.
Os sócio-históricos defendiam que a consciência do ser humano é ativo e que tudo
tem haver com a cultura. Portanto o ser humano não é uma essência, mas tem uma condição
sócio-histórica que o forma como pessoa.
Ex: a língua é coletiva, mas se manifesta individualmente. A cultura estimula e formata uma
coisa que você já tem mas não cria, exemplo a língua.
Segundo a teoria, o trabalho que fundamenta o ser humano, por ele ser realizado em
coletividade de humanos. Buscando agilizar o trabalho os homens criaram a ferramenta e
foram inventando coisas de forma subjetiva, daí a diferença cultural dos povos.
A cultura é a melhor expressão do avanço da comunidade, porém ela não é
exclusivamente humana, experimentos com os pássaros demonstram que as soluções não
foram ensinadas, mas “condicionadas”.
Devido a essa diversidade cultural vale salientar que, a psicologia sócio-histórica é
voltada para estudar os humanos do século XXI da chamada sociedade ocidental.
Para a psicologia sócio-histórica, sujeito e mundo são criados no mesmo processo.
Ao transformar o mundo, o sujeito (ser humano) estará se constituindo e ao mesmo tempo
construindo o mundo à sua volta. Podemos então falar de:
*subjetividade individual, que é o sentido que atribuímos ao mundo, e de
*subjetividade social, pela qual é constituída a sociedade, sendo seu instrumento básico a
linguagem.

Categorias de análise da psicologia sócio-histórica

. Categorias básicas do psiquismo:


-Atividade: A partir dela os humanos criam a relação fundamental que permitirá todo o
processo de transformação do mundo e de si mesmo.

-Consciência: É um reflexo modificado da realidade objetiva vivida pelos sujeitos. É razão,


emoção e ação.

-Identidade: Refere-se à organização que o sujeito faz sobre si mesmo, permitindo ao sujeito
saber-se único.

-Linguagem: Instrumento importante para a nossa expressão e para formar nossa consciência.

-Relações sociais: É muito importante, pois os vínculos que se constituem vão permitir
determinadas experiências. Em nossas vivências a afetividade faz com que nossos registros
sejam emocionados. Além disso, através das relações sociais se formam o sentido, apesar dele
ser algo individual.
Resumo do texto:01

– Séc. XIX. Período social em que a burguesia ascende enquanto classe social.
Fatores que permitiram ‘a’ ciência racional: Ênfase na razão humana, na liberdade do homem,
na possibilidade de transformação do mundo real e a ênfase no próprio homem.

Características: Ciência experimental, empírica, quantitativa, positivista – à medida que


partia de situações observáveis -, racionalista, mecanicista – e as leis que regem o mundo e a
pressuposição de uma regularidade no humano, como se fosse uma maquina dotada de
funcionamento próprio, e que, por ser natural, pode ser desvendado e conhecido -,
associacionista, atomista – o todo como organização de partes (Empirismo?) – e determinista.

Wundt: Pai da Psicologia. Via o pensamento humano, ao mesmo tempo, como produto
da natureza e como criação da vida mental; Indivíduo como criatura e criador.
- Psicologia Experimental + Psicologia Social; Modo a resolver as dicotomias: natural e social,
autonomia e determinação, interno e externo, psíquico e orgânico, comportamento e
vivências subjetivas.
O Comportamentalismo pensou o homem como produto de condicionamentos, a
Gestalt valorizou as experiências vividas e a Psicanálise enfatizou as forças que o homem não
domina e não conhece, mas que o constituem.
A Psicologia Sócio-Histórica visa uma possibilidade de superação dessas visões
dicotômicas. Concebe o homem como ativos, social e histórico e a sociedade como produção
histórica dos homens que, através do trabalho, produzem sua vida material.

Abandonando a visão abstrata do fenômeno psicológico

A Psicologia construiu visões do homem e do fenômeno psicológico que precisam ser


superadas. Ordem Feudal versus Revolução Francesa = Mundo paralisado, no qual cada um já
nascia no lugar que deveria ficar; um mundo de fé e dogmas religiosos que ofereciam aos
homens idéias prontas e valores religiosos adotados; um mundo que desconheceu
individualidades... versus mundo que valoriza a individualidade, na qual cada individuo é um
ser moral que possui direitos derivados de sua natureza humana.
Nesse novo mundo, a escolha passou a ser uma exigência e um elemento da condição
humana. Essa escolha permitiu que se desenvolvesse um sentimento de eu.

Chavões para designar o fenômeno psicológico:

- O fenômeno é biopsicosocial;
- O fenômeno envolve ou implica a interação entre as pessoas;
- A fenômeno se refere a um indivíduo que é a gente e sujeito.

A ψ Sócio-Histórica acredita que o fenômeno psicológico se desenvolve ao longo do tempo;


assim, o fenômeno psicológico não pertence à Natureza Humana (biológico?), não é
preexistente ao homem (o homem o cria?) e reflete a condição social, econômica e cultural em
que vivem os homens. Sendo, para a ψ Sócio-Histórica, praticamente obrigatório falar em
sociedade quando se refere ao fenômeno psicológico. A compreensão do mundo interno exige
a compreensão do mundo externo.
O fenômeno psicológico deve ser entendido como construção no nível individual do mundo
simbólico que é social

O conceito de representação social

A psicologia utiliza apenas a ciência para explicar os fenômenos sociais. Porém a ciência é
constituída a partir dos conhecimentos da sociedade naquele momento e naquela cultura, isso
vai variar de um lugar para o outro. A ciência é uma construção social.

Psicologismo- centrado nos processos mentais do sujeito, levando em consideração a


participação do sujeito na sociedade e na criação de novos conhecimentos .

Socialogismo- não leva em consideração a participação do sujeito, a sociedade molda o


indivíduo e ele não consegue estabelecer novos conceitos. Não leva em consideração os
processos mentais do sujeito.

--》”uma estrutura estruturada com potencial estruturante”- o indivíduo cresce sendo


estruturado pela sociedade a sua volta, mas o ele pode produzir mudanças nessa estrutura e
alterar conceitos futuros .

Imaginário social- conhecimento que é acumulado através da espécie, senso comum.

Epistéme- conhecimento da sociedade que diz respeito ao momento histórico em que essa
sociedade está vivendo.

Habitatus- é o grupo em que o indivíduo está inserido e a forma com ele interpreta os eventos
que ocorrem a sua volta. Ex: DITADURA, os militares pensaram diferente das pessoas que não
tiveram privilégios nessa época. A forma como você interpreta oque está acontecendo vai de
acordo com o meio em que você está inserido e com as experiências que você teve com
aquele fato.

Objetivação- É criar representações sociais do zero, sem usar conhecimentos já adquiridos.


Para realizar a objetivação deve seguir 3 passos:

Descontextualização: desconstruir um contexto que já se tem.

Materialização- os conceitos são representados figurativamente para ter uma justificativa.


Criar uma representação para aquele conceito.

Naturalização- disseminar e tornar o novo conceito algo natural.

Identidade

É quando se é capaz de responder quem você é, a forma que você se define em palavras. São
um conjunto de características ou de traços que representam um sujeito.
Na passagem da idade média para a idade moderna, ocorreu a passagem do teocentrismo
para o antropocentrismo. A subjetividade do sujeito passou a ser importante, agora se foca
mais no “EU” e não tanto na coletividade.

Desde a época dos homo sapiens sapiens já éramos regidos por leis sociais.

O biológico não limita o sujeito, oque limita são os meios sociais. Somos capazes de evoluir e
criar coisas que não podemos fazer biologicamente, como por exemplo, não temos asas mas
criamos aviões que nos dão a capacidade de voar. As funções cognitivas não são biológicas,
elas dependem do meio social para existir. Ex: crianças selvagens.

A identidade pode sofrer algumas alterações nos traços, mas a essência central dela não é
mutável.

Tipos de identidade

Individual x social- a identidade será às duas coisas ao mesmo tempo, o individual constitui o
social e vice-versa.

Estabilidade x transformação- a identidade está em constante transformação, é uma


construção social que se altera constantemente. Possui aspectos duradouros e outros que
serão modificados. Não podemos considerar o sujeito cristalizado, ao entrar em contato com a
sociedade a identidade estará em constante transformação.

Igualdade x totalidade- oque é único em cada sujeito (unicidade) vai modificar de acordo com
o grupo que ele participa.

Ideologia- idéias que estão a serviço da sociedade. Nós somos constituídos a partir da
ideologia. É oque determina a nossa conduta e o modo de agir.

Ideologia x ideia- ideologia é um conjunto de idéias e representações que visam favorecer uma
classe dominante , mas que são expressadas como se fossem para benéfico da maioria. Tem o
objetivo de dominar. É tida como uma verdade dominante. Visa criar um imaginário coletivo.
Ex: reforma da previdência.

Já idéias são produções culturais, nem sempre visam favorecer a classe dominante.

Eternidade: são idéias que estão internalizadas desde sempre, e a ideologia se aproveita disso
para se firmar. Ex: homofobia.

Subjetividade-

Homem x animal-

Homem- o biológico não determina qual será o comportamento do homem, linguagem é


usada com um propósito, somos capazes de acumular experiências e passar através de
gerações ou aprender novos conceitos e armazenar aquele conhecimento

Animal- seu comportamento é determinado pelo biológico, não tem consciência do uso da
linguagem só latem para conseguir comida se eles aprenderem, não acumulam conhecimento
(ex: macaco que utilizou a pedra para abrir o coco).

Quando analisamos um fenômeno que ocorre com o sujeito (ex: dificuldade de


aprendizagem)devemos levar em consideração não apenas o subjetivo (interno) e sim como
foi a relação do sujeito com a sociedade (externo).
Relação mediada- para que haja interação entre 2 elementos é necessário que tenha um
elemento para fazer a mediação. A mediação não é nata, ela deve ser desenvolvida.Ex: entre
duas pessoas conversando a linguagem é oque media essa comunicação.

Existem 2 tipos de mediadores:

Instrumentos: que são objetos externos ao homem. Ex: lápis,martelo.

Signos: são os mediadores internos, utilizados para se relacionar com o meio externo, saber
como agir. É aprendido.

A forma como o sujeito vai se apropriar das experiências depende dos seus signos.

Relação imediata- os animais não tem relação mediada,eles seguem seus instintos para
satisfazer imediatamente suas necessidades.

O sujeito é constituído pelas construções sociais, o meio e a cultura na qual ele está inserido
vai determinar como ele será. As experiências vividas são internalizadas formam a
subjetividade, a partir da maneira que o sujeito às interpreta . Embora as experiências sejam
coletivas cada um irá interpretá-las de um jeito. A subjetividade só acontece a partir da relação
com o meio social, assim como o meio não existe sem o indivíduo.

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