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PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA

Psicologia sócio-histórica
1. Sua origem
2. O objeto da psicologia sócio-histórica: o fenômeno psicológico

TÓPICOS 3. A condição humana


4. A importância da cultura

QUE SERÃO 5. Sujeito e mundo: dimensões do mesmo processo


6. A dimensão subjetiva da realidade
ABORDADOS 7.Algumas sistematizações importantes
8. Noções básicas da psicologia sócio-histórica
9. O ser humano concreto
10. As categorias de análise da psicologia sócio-histórica
11. Aplicação da psicologia sócio-histórica
ORIGEM DA
PSICOLOGIA
SÓCIO-
HISTÓRICA
A origem da Psicologia Sócio-Histórica remonta
ao trabalho pioneiro de Vigotski em sua teoria
histórico-cultural. Essa abordagem teórica e
metodológica busca compreender o
desenvolvimento humano e o funcionamento
psicológico a partir de uma perspectiva
sociocultural, enfatizando a importância do
contexto social, histórico e cultural na formação
e transformação do indivíduo.
Lev Vygotsky, em sua obra "A Formação Social
da Mente: o Desenvolvimento dos Processos
ORIGEM DA Psicológicos", destaca a natureza social e
cultural do desenvolvimento humano, afirmando
PSICOLOGIA que a psicologia sócio-histórica se concentra no
SÓCIO- estudo da mente humana no contexto das
atividades sociais e culturais (Vygotsky, 2007).
HISTÓRICA
Ele introduz o conceito de zona de
desenvolvimento proximal, que representa a
distância entre o nível de desenvolvimento real,
em que o indivíduo é capaz de resolver
problemas de forma independente, e o nível de
desenvolvimento potencial, em que o indivíduo é
capaz de resolver problemas com a assistência
de um parceiro mais competente (Vygotsky,
2007).
Outro aspecto central na origem da Psicologia
Sócio-Histórica é o papel da linguagem.
ORIGEM DA Vygotsky, em sua obra "Pensamento e
Linguagem", destaca que a linguagem
PSICOLOGIA desempenha um papel crucial no
SÓCIO- desenvolvimento do pensamento e da
consciência. Através da linguagem, os indivíduos
HISTÓRICA são capazes de mediar sua relação com o
mundo e internalizar conhecimentos e formas de
representação culturalmente construídas
(Vygotsky, 2008).
A Psicologia Sócio-histórica, cuja base e
pressupostos se situam na teoria histórico-
ORIGEM DA cultural de Vigotski, questionou essa concepção
e propôs pensar esse fenômeno como uma
PSICOLOGIA experiência pessoal que se constitui no coletivo
SÓCIO- e na cultura. Para essa teoria psicológica, a
subjetividade não está dada a priori, mas é uma
HISTÓRICA conquista humana a partir de sua atividade e
sua intervenção transformadora sobre o mundo.

Estamos falando de cada um de nós, situados no


“aqui e agora”, e estamos falando também de
nossos antepassados humanos, pois, a estrutura
psíquica e os conteúdos psíquicos foram
construídos ao longo dos milhões de anos de
desenvolvimento da humanidade.
O OBJETO DA A Psicologia Sócio-histórica estuda o ser
humano e seu mundo psíquico como
PSICOLOGIA construções históricas e sociais da humanidade.
SÓCIO- O mundo psíquico que nos constitui, não foi e
HISTÓRICA: O nem será sempre assim, pois sua caracterização
está diretamente ligada ao mundo material e às
FENÔMENO formas de vida que temos hoje nas sociedades
PSICOLÓGICO modernas.
O OBJETO DA
PSICOLOGIA
Ele é concebido como algo que os humanos
SÓCIO- constituíram como possibilidade devido à forma
HISTÓRICA: O como se inseriram e atuaram no mundo. Para a
FENÔMENO teoria, foi o trabalho – atividade instrumental de
transformação do mundo para garantir a
PSICOLÓGICO
sobrevivência – o responsável por essas
transformações. E não só o trabalho como também o
uso de instrumentos para a transformação e o fato de
tudo acontecer em um coletivo de humanos.
Instrumentos, trabalho, coletivo de humanos... está aí
a origem.
O OBJETO DA
PSICOLOGIA
Além disso, a Psicologia Sócio-histórica entende que
SÓCIO- a Psicologia é histórica; surgiu quando os humanos
HISTÓRICA: O sentiram necessidade dessa ferramenta de
FENÔMENO compreensão do mundo e da vida, e que poderá
deixar de ser necessária. O fundamento dessas ideias
PSICOLÓGICO
é a noção básica da historicidade, que marca a vida
humana e a construção da ciência.
O OBJETO DA A historicidade é vista como uma das mais
PSICOLOGIA importantes ferramentas de pensamento que a
SÓCIO- Psicologia Sócio-histórica lança mão. Vai buscá-la
nas construções do materialismo histórico e dialético
HISTÓRICA: O proposto pelo marxismo, afirmando que todos os
FENÔMENO fenômenos humanos são produzidos, opondo-se à
PSICOLÓGICO ideia de que são naturais. São fenômenos que se
constituem nas relações sociais, que se estabelecem
na atividade de transformação do mundo para
produção e reprodução da vida de um coletivo
humano.
O OBJETO DA Sujeito e objeto se transformam em um mesmo
processo. Buscase, então, para compreender os
PSICOLOGIA fenômenos humanos e sociais, dar visibilidade a
SÓCIO- processos, atividades e relações que constituem a
HISTÓRICA: O base material da existência humana. Os fenômenos
FENÔMENO são produzidos no tempo histórico e, para
compreendê-los, é preciso recuperar o processo que
PSICOLÓGICO os constituiu. À Psicologia Sócio-histórica interessa
perguntar como um fenômeno se constituiu; quais
seus elementos objetivos; quais suas determinações,
ou seja, quais são os aspectos que o caracterizam e,
em relação, o constituem.
O OBJETO DA
PSICOLOGIA
SÓCIO-
Lev Vygotsky, enfatiza a importância do contexto
HISTÓRICA: O social na formação dos processos psicológicos.
FENÔMENO Segundo ele, "a psicologia sócio-histórica enfoca o
desenvolvimento e o funcionamento da mente
PSICOLÓGICO
humana no contexto das atividades sociais e
culturais" (Vygotsky, 2007, p. 57). Dessa forma, o
objeto de estudo da Psicologia Sócio-Histórica está
relacionado à compreensão dos processos
psicológicos como construções sociais e culturais.
A CONDIÇÃO
HUMANA Para a Psicologia Sócio-histórica, a natureza humana
não existe como essência abstrata e universal. Existe
uma condição humana que se caracteriza pelo fato de
os humanos construírem suas formas de satisfação
de necessidades e fazerem isso com outros humanos
coletivamente. Quando falamos em natureza humana,
estamos falando de algo pronto, uma capacidade que
nasce conosco e se desenvolve. Quando falamos de
condição, estamos nos referindo a algo que nos
caracteriza, mas que não nos dá, de imediato,
nenhuma aptidão ou habilidade.
Leontiev, em seu texto O homem e a cultura, 2 escrito
em 1967, estabelece três estágios que marcam a
A CONDIÇÃO
passagem dos animais ao homem: o primeiro seria o
HUMANA de “preparação biológica”, quando reinam as leis
biológicas; o segundo, marcado pelo início da
fabricação de instrumentos e pelas formas
embrionárias de trabalho e de sociedade, é um
estágio de passagem; e por fim, o terceiro estágio,
guiado por leis sócio-históricas, quando o homem se
liberta totalmente de sua dependência biológica. Para
o autor, o humano está definitivamente formado e
possui todas as suas propriedades biológicas
necessárias e possibilitadoras do desenvolvimento
sócio-histórico. Começa, neste momento, a história
social da humanidade.
A CONDIÇÃO
HUMANA É da condição humana criar-se a si
próprio, libertando-se dos limites
impostos pelo biológico de seus
corpos.
A CONDIÇÃO
HUMANA "A condição humana é construída socialmente,
emergindo das interações do indivíduo com seu
ambiente sociocultural. As características e
potencialidades humanas são desenvolvidas e
moldadas por meio dessas interações" (Vygotsky,
2007).
A
IMPORTÂNCIA A cultura é a melhor expressão do avanço da
humanidade. Nossas conquistas estão depositadas
DA CULTURA
nos objetos e nas ideias que construímos ao longo
desse tempo histórico em que nascemos e nos
desenvolvemos.
A
IMPORTÂNCIA A cultura não é um conjunto de objetos criados pelos
humanos apenas. A cultura é a humanização do
DA CULTURA
mundo material. Os humanos se colocam nesse
mundo e põem suas mãos e seus corpos para
transformar o mundo material. Fazemos das árvores
cadernos, lápis, cadeira e muitos outros objetos;
fazemos do petróleo a gasolina, o plástico, a fibra
sintética; fazemos da lã o tecido; do barro, os tijolos e
os potes; do ferro, o aço e depois o automóvel e a
espaçonave. E conquistamos o planeta Terra e o
espaço.
A
IMPORTÂNCIA Criamos, além dos objetos, rituais. Criamos ideias,
ciências, religiões, arte. Criamos um mundo
DA CULTURA
humanizado à nossa volta. Nós, humanos, estamos
em cada coisa, e em cada uma delas há trabalho
humano, ideias e desejos humanos.
A
IMPORTÂNCIA Assim, se conquistamos a escrita, criamos objetos
para isso; se conquistamos a proteção do frio,
DA CULTURA
criamos objeto para isso; se criamos a estética,
temos objetos para isso. Se falamos, criamos a
palavra. São conquistas das possibilidades humanas
de ser e estar no mundo que têm seus
correspondentes em objetos. E há também os bens
imateriais: as tradições, os costumes. Isso é cultura.
O humano está inserido na cultura; ou seja, todos os
A avanços e possibilidades de atividades e capacidades
humanas estão postas na produção cultural, inclusive
IMPORTÂNCIA uma das mais importantes – a linguagem. Ao
DA CULTURA entrarmos em contato com os objetos que foram
criados e que carregam humanidade, começamos a
nos humanizar, e isso acontece desde que nascemos.
Nós nos apropriamos dessas capacidades que foram
conquistadas porque manuseamos os objetos e
incorporamos as capacidades que ali foram
depositadas como capacidades nossas. E fazemos
isso com grande facilidade porque temos conosco os
outros, adultos, que podem nos ensinar o que fazer e
como fazer para aprendermos.
A Todo esse processo se faz mediado pela linguagem,
IMPORTÂNCIA também uma criação humana. Ela é fundamental para
a construção de nossas formas de pensar e de sentir.
DA CULTURA Nosso mundo psíquico é formado de imagens,
sensações e toma forma, se expressa nas palavras.
Assim, quando aprendemos uma língua, estamos
aprendendo a pensar e a sentir da maneira como se
estruturaram essas capacidades em nossa cultura. As
sensações anteriores ao período de domínio da
linguagem tomam então um nome (uma palavra com
significação) e se reorganizam, adquirindo
significado.
A
IMPORTÂNCIA "A cultura é a fonte e o mediador fundamental
DA CULTURA do desenvolvimento humano. São as práticas
culturais, as ferramentas e os símbolos que
moldam a mente humana e possibilitam a
construção de conhecimento e significado"
(Vygotsky, 2007).
SUJEITO
E MUNDO:
Para a Psicologia Sócio-histórica, sujeito e mundo
DIMENSÕES são âmbitos distintos criados no mesmo processo. Ao
DO MESMO interferir de modo transformador sobre o mundo
PROCESSO material, o ser humano estará se constituindo e
construindo o mundo que tem à sua volta.
SUJEITO Sujeito e mundo não são âmbitos/dimensões
E MUNDO: antagônicas; eles se completam e se referem um ao
outro. Ao conhecer o ritual de um grupo social,
DIMENSÕES
poderemos conhecer muito de sua forma de
DO MESMO subjetivação. Ao conhecer as ideias e projetos de um
PROCESSO ser humano, poderemos saber sobre sua sociedade e
seu estilo de vida. A Psicologia é uma ciência do
mundo subjetivo, mas isso não quer dizer que o
material de seu trabalho esteja apenas “dentro” dos
sujeitos. Um psicólogo que supera essa dicotomia
tem no mundo cultural e social muitos elementos
para saber dos sujeitos que ali vivem.
SUJEITO
E MUNDO:
Podemos então adotar as categorias teóricas (do
DIMENSÕES campo da Psicologia cultural histórica de Gonzalez
DO MESMO Rey) de subjetividade individual e subjetividade
PROCESSO social, pois os fenômenos sociais estão de forma
simultânea, dentro e fora dos indivíduos, isto é, estão
na subjetividade individual e na subjetividade social.
A subjetividade é compreendida como:
SUJEITO
E MUNDO: "Um sistema integrado do interno e do externo, tanto em sua
dimensão social, como individual, que por sua gênese é também
DIMENSÕES
social... A subjetividade não é interna e nem externa: ela supõe
DO MESMO outra representação teórica na qual o interno e o externo deixam
PROCESSO de ser dimensões excludentes e se convertem, em dimensões
constitutivas de uma nova qualidade do ser: o subjetivo. Como
dimensões da subjetividade ambos (o interno e o externo) se
integram e desintegram de múltiplas formas no curso de seu
desenvolvimento, no processo dentro do qual o que era interno
pode converter-se em 3 externo e viceversa."
SUJEITO A subjetividade individual representa a história de
E MUNDO: relações sociais do sujeito concreto. O indivíduo, ao
DIMENSÕES viver relações sociais e experiências determinadas
em uma cultura que tem ideias e valores próprios, vai
DO MESMO se constituindo, ou seja, vai construindo sentido para
PROCESSO as experiências que vivencia. Esse espaço pessoal
dos sentidos que atribuímos ao mundo se configura
como a subjetividade individual.
A subjetividade social é exatamente a aresta subjetiva
da constituição da sociedade. Refere-se “ao sistema
integral de configurações subjetivas (grupais ou
individuais), que se articulam nos distintos níveis da
vida social...”
SUJEITO
E MUNDO:
"Assim, para a Psicologia Sócio-histórica, não há como saber
DIMENSÕES de um indivíduo sem conhecer seu mundo. Para
DO MESMO compreender o que cada um de nós sente e pensa, e como
PROCESSO cada um de nós age, é preciso conhecer o mundo social no
qual estamos imersos e do qual somos construtores; é preciso
investigar os valores sociais, as formas de relação e de
produção da sobrevivência em nosso mundo e as 5 formas de
ser do nosso tempo"
SUJEITO
E MUNDO:
"O sujeito e o mundo são intrinsecamente
DIMENSÕES
interligados. O desenvolvimento humano
DO MESMO ocorre em meio a interações sociais e práticas
PROCESSO culturais que são fundamentais para a
formação do sujeito e para a compreensão de
si mesmo e do mundo" (Vygotsky, 2007).
A DIMENSÃO
SUBJETIVA
"Entende-se dimensão subjetiva da realidade como
DA REALIDADE construções da subjetividade que também são
constitutivas dos fenômenos. São construções
individuais e coletivas, que se imbricam, em um
processo de constituição mútua e que resultam em
determinados 6 produtos que podem ser
reconhecidos como subjetivos."
A DIMENSÃO
SUBJETIVA A realidade é vista como construída social e
DA REALIDADE historicamente em um processo que envolve uma
relação entre a objetividade e a subjetividade. A base
material que compõe a objetividade agrega
subjetividade, na medida em que transformada pela
ação dos humanos que atuam coletivamente. Por
isso, não se pode estudar a realidade sem considerar
uma de suas dimensões: a dimensão subjetiva.
A DIMENSÃO A relação entre o sujeito que é ativo, social e
SUBJETIVA histórico e todos os fenômenos que denominamos
DA REALIDADE sociais, na medida em que são construídos por estes
sujeitos, é uma relação de constituição mútua. Os
aspectos de subjetividade estão postos nos
fenômenos e os aspectos da objetividade, incluídas
as relações com os demais sujeitos, estão postas, por
sua vez, na constituição da subjetividade. Assim
como afirmamos que a subjetividade é social,
dizemos que a objetividade possui uma dimensão que
é subjetiva. Este é o esforço para a superação
definitiva da dicotomia objetividade-subjetividade
produzida pela construção do pensamento moderno
A DIMENSÃO
SUBJETIVA
"Isto implica em buscar nos fenômenos sociais a
DA REALIDADE presença de um humano que é sujeito, com uma
subjetividade processual, complexa e histórica,
afirmando a unidade dialética entre indivíduo e
sociedade. E considerar que aquilo que identificamos
como fenômeno social foi produzido na relação
dinâmica entre suas múltiplas determinações, em
última instância, suas bases objetivas e suas bases
subjetivas."
A DIMENSÃO
SUBJETIVA
DA REALIDADE
"A subjetividade é construída socialmente, emergindo
das interações entre os indivíduos e seu ambiente
sociocultural. As experiências, os significados e as
representações internas são influenciados pela
cultura e pelas práticas sociais" (Vygotsky, 2007).
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES

Em termos de história, é importante


localizarmos as bases da Psicologia Sócio-
histórica na Psicologia Histórico-cultural,
na União Soviética, nos anos da Revolução
Russa, no início do século XX
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES A teoria histórico-cultural reúne a produção de
IMPORTANTES Vigotski desde a sua chegada a Moscou. Ele tinha,
então, 28 anos e era um advogado que se encantou
com a história e passou a ministrar aulas dessa
disciplina em uma escola em Gomel, cidade ao sul
da Bielorrússia (país hoje independente, que
pertenceu primeiro ao império Russo e depois fez
parte da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas). Ao mesmo tempo que se dedicava à
história, desenvolvia estudos sobre a arte e a
psicologia. Alexei N. Leontiev, íntimo colaborador e
continuador da obra de Vigotski, relata que:
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES "Em janeiro de 1924, Vigotski participou do Segundo
Congresso Neuropsicológico que ocorreu em Leningrado. Ele
apresentou diversas comunicações. Sua palestra Os métodos
de investigação reflexológicos e psicológicos (mais tarde ele
escreveu um artigo com o mesmo nome) causou uma forte
impressão em Kornilov, que o convidou para vir e trabalhar
no Instituto de Psicologia. O convite foi aceito e, em 1924,
Vigotski se mudou de Gomel, onde ele vivia na época, para
Moscou e começou a trabalhar no Instituto de Psicologia. A
partir desse momento, a verdadeira carreira psicológica de
Vigotski 8 começa (1924-1934)."
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES
ALGUMAS
"A Revolução Russa teve um impacto
SISTEMATIZAÇÕES
significativo no desenvolvimento da
IMPORTANTES
psicologia. Novas perspectivas e enfoques
emergiram, impulsionados pelas mudanças
sociais e pelas demandas de uma nova
sociedade. A psicologia soviética refletiu as
transformações históricas e contribuiu para
a compreensão do indivíduo em seu
contexto sociopolítico" (Leontiev,
ATIVIDADE CONSCIÊNCIA
PERSONALIDADE, 2021).
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES A capacidade produtiva de Vigotski se
destacou. Falecido em 1934, aos 38 anos,
de uma tuberculose adquirida aos 19 anos,
deixou uma obra consistente.

No Brasil, a contribuição da professora e


pesquisadora Silvia Lane foi indispensável
para que houvesse o desenvolvimento da
Psicologia Sócio-histórica. Lane afirma:
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES

"Um período
revolucionário é sempre
um período fértil para
novas concepções."
ALGUMAS [...] o desenvolvimento infantil até as patologias e as
SISTEMATIZAÇÕES técnicas de intervenção, características do
IMPORTANTES
psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz
desta concepção do ser humano – é a clareza de
que não se pode conhecer qualquer
comportamento humano isolandoo ou
fragmentando-o, como se existe em si e por si... [a
psicologia sócio-histórica] poderá responder à
questão de como o homem é sujeito da História e
transformador de sua própria vida e da 9 sua
sociedade, assim como qualquer outra área da
Psicologia.
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES

As concepções de Silvia Lane propiciaram a


muitos pesquisadores e colaboradores a
continuidade dos estudos nesse percurso
de construção da Psicologia Sócio-histórica
no Brasil.
ALGUMAS A finalidade era superar visões positivistas
SISTEMATIZAÇÕES e estudar o ser humano como uma
IMPORTANTES construção histórica e social da própria
humanidade. Nessa perspectiva, não é
possível construir conhecimento a partir
das aparências, pois elas não captam as
determinações que são constitutivas do
objeto. É preciso rastrear a evolução dos
fenômenos, pois estão em sua gênese e em
seu movimento as explicações para sua
aparência atual.
ALGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTANTES

A mudança individual tem sua raiz nas


condições sociais de vida. Assim, não é a
consciência do homem que determina as
formas de vida, mas é a vida vivida que
determina a consciência.
NOÇÕES BÁSICAS A concepção do humano na Psicologia Sócio-
DA PSICOLOGIA histórica pode ser sintetizada como um ser ativo,
SÓCIO-HISTÓRICA social e histórico. É essa sua condição humana. O
homem constrói sua existência a partir de uma ação
sobre a realidade, que tem por objetivo satisfazer
suas necessidades. Mas essa ação e essas
necessidades têm uma característica fundamental:
são sociais e produzidas historicamente em
sociedade. As necessidades básicas do ser humano
não são apenas biológicas; ao surgirem, elas são
imediatamente socializadas. Por exemplo, os hábitos
alimentares e o comportamento sexual são formas
sociais e não naturais de satisfazer necessidades
biológicas.
NOÇÕES BÁSICAS "É um processo de
DA PSICOLOGIA
SÓCIO-HISTÓRICA transformação constante
das necessidades e da
atividade dos homens e das
relações que eles
estabelecem entre si para a
produção de sua existência."
NOÇÕES BÁSICAS Por meio da atividade, o ser humano produz o necessário
para satisfazer essas necessidades. A atividade de cada
DA PSICOLOGIA
indivíduo, ou seja, sua ação particular é determinada e
SÓCIO-HISTÓRICA definida pela forma como a sociedade se organiza para o
trabalho. Entendido como a transformação da natureza
para a produção da existência humana, o trabalho só é
possível em sociedade. É um processo pelo qual o ser
humano estabelece, ao mesmo tempo, relação com a
natureza e com os outros indivíduos – relações que se
determinam reciprocamente. Portanto, o trabalho só pode
ser entendido dentro de relações sociais determinadas.
São essas relações que definem o lugar de cada indivíduo
e a sua atividade. Por isso, quando se diz que o ser
humano é ativo, diz-se, ao mesmo tempo, que ele é um
ser social.
NOÇÕES BÁSICAS A ação do ser humano sobre a realidade que,
DA PSICOLOGIA obrigatoriamente, ocorre em sociedade é um
SÓCIO-HISTÓRICA processo histórico. É uma ação de transformação da
natureza, que leva à transformação do próprio
indivíduo. Quando produz os bens necessários à
satisfação de suas necessidades, o ser humano
estabelece novos parâmetros na sua relação com a
natureza, o que gera novas necessidades, que
também deverão, por sua vez, ser satisfeitas
NOÇÕES BÁSICAS As relações sociais nas quais ocorre esse processo
modificam-se à medida que se desenvolvem as
DA PSICOLOGIA
necessidades humanas e a produção que visa satisfazê-
SÓCIO-HISTÓRICA las. É um processo de transformação constante das
necessidades e da atividade dos homens e das relações
que eles estabelecem entre si para a produção de sua
existência. Esse movimento tem por base a contradição: o
desenvolvimento das necessidades humanas e das formas
de satisfazê-las, ao mesmo tempo em que só são
possíveis diante de determinadas relações sociais,
provocam a necessidade de transformação dessas
mesmas relações e condicionam o aparecimento de novas
relações sociais. Esse processo histórico é construído
pelos indivíduos, e é esse processo histórico que constrói
os seres humanos.
NOÇÕES BÁSICAS
DA PSICOLOGIA
SÓCIO-HISTÓRICA

Assim, o ser humano


é ativo, social e
histórico.
O SER HUMANO A Psicologia deve buscar compreender o indivíduo
CONCRETO como ser determinado histórica e socialmente. Esse
indivíduo jamais poderá ser compreendido senão por
suas relações e seus vínculos sociais, pela sua
inserção em determinada sociedade e em um
momento histórico específico. O ser humano existe,
age e pensa de certa maneira porque existe em dado
momento e local, e vive em determinadas relações.
O SER HUMANO
CONCRETO A Psicologia deve
buscar compreender
o indivíduo como ser
determinado histórica
e socialmente.
O SER HUMANO A consciência humana revela as determinações
CONCRETO sociais e históricas do ser humano – não
diretamente, de maneira imediata, porque não é
assim, mecanicamente, que se processa a
consciência. As mediações devem ser desvendadas,
pois passam pelas formas de atividade e relações
sociais, pelos significados atribuídos nesse processo
a toda realidade na qual os seres humanos vivem. É
necessário conhecer além da aparência, buscando a
essência desse processo, que revela o movimento de
transformação constante a partir da contradição,
entendida como princípio fundamental do movimento
da realidade.
O SER HUMANO Assim, para conhecer o ser humano, é preciso situá-
CONCRETO lo em um momento histórico, identificar as
determinações e desvendá-las. Para entender o
movimento contraditório da totalidade na qual se
encontram os indivíduos, deve-se partir do geral
para o particular, para o processo individual de
relação entre atividade e consciência. É necessário
perceber o singular e seu movimento como parte do
movimento geral e, ao revelar essas mediações,
compreender não só o geral, mas o particular. É
dessa forma que o indivíduo deve ser entendido pela
Psicologia fundamentada no materialismo histórico e
dialético.
AS A Psicologia Sócio-histórica utiliza algumas
categorias de análise que correspondem a essa
CATEGORIAS forma de ver o processo e o movimento humanos:
DE ANÁLISE atividade, consciência, identidade, afetividade,
DA linguagem, sentido e significado.

PSICOLOGIA
SÓCIO-
HISTÓRICA
AS A atividade é a unidade básica fundamental da vida
do sujeito material. É por meio da atividade que o ser
CATEGORIAS humano se apropria do mundo, ou seja, é ela que
DE ANÁLISE propicia a transição daquilo que está fora do ser
DA humano para dentro dele. Pense na criança, na qual
isso tudo fica mais evidente. Ela se apropria do
PSICOLOGIA
mundo engatinhando, andando ou percorrendo com
SÓCIO- os olhos o ambiente circundante. Ela manuseia os
HISTÓRICA objetos, os desmonta e monta (infelizmente, às vezes
compreendemos isso como destruição), balança,
lambe, ouve, vê, enfim, do ponto de vista da
Psicologia Social, coloca-os para dentro de si,
transforma-os em imagens e em ideias que passam a
habitar seu mundo interno.
AS A prática humana, ou como estamos chamando aqui
a atividade humana, é a base do conhecimento e do
CATEGORIAS pensamento do ser humano. Estamos considerando
DE ANÁLISE que os indivíduos apresentam uma necessidade de
DA manter uma relação ativa com o mundo externo.
Para existirmos, precisamos atuar sobre o mundo,
PSICOLOGIA
transformando-o de acordo com nossas
SÓCIO- necessidades.
HISTÓRICA
AS Ao fazer isso, estamos construindo a nós mesmos.
Em outras palavras, o ser humano constrói o seu
CATEGORIAS mundo interno à medida que atua e transforma o
DE ANÁLISE mundo externo. Ambos – mundos externo e interno –
DA são, portanto, imbricados, pois são construídos em
um mesmo processo, e a existência de um depende
PSICOLOGIA
do outro. Atuar no mundo é uma propriedade do ser
SÓCIO- humano, isto é, a atividade é uma das suas
HISTÓRICA determinações.
AS A consciência humana expressa a forma como o ser
humano se relaciona com o mundo objetivo. As
CATEGORIAS aranhas constroem suas teias e reagem à vibração
DE ANÁLISE nelas produzidas por insetos que ficam presos às
DA teias. Essa é a forma como as aranhas reagem ao
mundo externo. As abelhas, os pássaros, os peixes e
PSICOLOGIA todos os animais apresentam uma maneira específica
SÓCIO- de relação com o mundo. O ser humano também
HISTÓRICA apresenta o seu modo de reagir ao mundo objetivo:
ele o compreende, isto é, transforma-o em ideias e
imagens e estabelece relações entre essas
informações, de modo a compreender o que se produz
em seu ambiente. A consciência é assim, um saber.
Nós reagimos ao mundo buscando compreendê-lo.
AS
A consciência é o saber
CATEGORIAS
DE ANÁLISE intelectual, o saber das
DA
PSICOLOGIA emoções e sentimentos,
SÓCIO-
HISTÓRICA
o saber dos desejos, o
saber do inconsciente.
AS A identidade compõe com a atividade e a consciência as
categorias básicas do psiquismo e refere-se à
CATEGORIAS compreensão que o sujeito faz sobre si mesmo. Reúne
DE ANÁLISE na consciência as ações, os projetos, as relações, as
noções e os julgamentos sobre si. É o que permite ao
DA
sujeito saber-se único, identificar-se com o que faz e
PSICOLOGIA vive, reconhecer-se. Em uma noção de mundo em
SÓCIO- movimento, a identidade aparece, nessa teoria, como
metamorfose. A concepção de “identidade como
HISTÓRICA metamorfose” foi desenvolvida por Antônio da Costa
Ciampa. Para o autor, o indivíduo é, antes de tudo, ação,
atividade sobre o mundo; e, como produto da atividade
que ocorre na relação como os outros, surgem
personagens que são manifestações empíricas da
identidade.
AS Portanto, nas atividades e nas relações, o indivíduo
vai se apresentando e se modificando. Sua
CATEGORIAS identidade é metamorfose. Assim, o movimento do
DE ANÁLISE sujeito é de transformação, mantendo uma unidade
DA entre o pensar, o ser e o agir. A essa unidade,
Ciampa nomeou de mesmidade do sujeito perceber
PSICOLOGIA
as determinações externas e se colocar em relação a
SÓCIO- elas, sem negar o movimento, sem impedir as
HISTÓRICA transformações que a vida provoca, mas que não é
uma mudança imposta, na qual o sujeito fica à mercê
das determinações: o sujeito é ser ativo que
transforma o mundo, esse mesmo mundo que o
transforma.
AS Ciampa analisa a reposição da identidade como
mesmice de mim. Isso acontece quando o sujeito se
CATEGORIAS fixa em uma forma de apresentação de si, impedindo
DE ANÁLISE que o novo lhe traga mudanças possíveis. O sujeito
DA quer, ou é pressionado, a manter-se da forma como
se apresentou um dia, repondo sua identidade. Aqui
PSICOLOGIA
há também um movimento que é conservador de
SÓCIO- uma identidade uma vez posta e que passa ser
HISTÓRICA reposta, dando a impressão de que não há
movimento.
AS As variadas vivências que temos,
CATEGORIAS os vários momentos e muitas e
DE ANÁLISE
DA diversas pessoas que nos
PSICOLOGIA cercam e conosco se
SÓCIO- relacionam, além das várias
HISTÓRICA
atividades que desenvolvemos,
tornam nossa identidade algo
múltiplo.
AS A linguagem é um instrumento importante para
nossa expressão e para formar nossa consciência.
CATEGORIAS
DE ANÁLISE "A linguagem, portanto, o instrumento fundamental nesse
DA processo de mediação das relações sociais, na qual o homem
se individualiza, se humaniza, apreende e materializa o
PSICOLOGIA
mundo das significações que é construído no processo social
SÓCIO- e histórico."
HISTÓRICA
AS A categoria sentidos foi utilizada por Vigotski desde
suas primeiras obras. Ele conceitua sentido como um
CATEGORIAS agregado de fatos psicológicos que estão registrados
DE ANÁLISE pelo sujeito, portanto, agregam afeto, imagens e
sensações resultantes da experiência com uma palavra.
DA
PSICOLOGIA [...] o sentido de uma palavra é a soma de todos os fatos psicológicos que ela

SÓCIO- desperta em nossa consciência. Assim, o sentido é sempre uma formação


dinâmica, fluida, complexa, que tem várias zonas de estabilidade variada. O
HISTÓRICA significado é apenas uma dessas zonas do sentido que a palavra adquire no
contexto de algum discurso e, ademais, uma zona mais estável, uniforme e
exata. Como se sabe, em contextos diferentes a palavra muda facilmente de
sentido. O significado, ao contrário, é um ponto imóvel e imutável que
permanece estável em todas as mudanças de sentido da palavra em 12
diferentes contextos [...].
AS Os significados também se constituem como
categoria. São mais acessíveis, pois são mais
CATEGORIAS duradouros e objetivos. Estão consensuados no
DE ANÁLISE coletivo, possibilitados pelos sentidos e, ao mesmo
DA tempo, fazem parte dos sentidos. São “sentidos”
coletivos. Assim, os significados estão
PSICOLOGIA
postos/impregnados nas palavras e podem estar até
SÓCIO- dicionarizados. Sentidos e significados são
HISTÓRICA construídos no processo de interação social e são os
“sócios” que podem garantir a existência dos
significados.
AS Seres humanos atuam
CATEGORIAS
DE ANÁLISE sobre o mundo
DA transformando-o e
PSICOLOGIA
SÓCIO- transformando-se.
HISTÓRICA
AS A intenção aqui não é aprofundar essas categorias,
mas demonstrar que a Psicologia Sócio-histórica tem
CATEGORIAS um conjunto teórico que é compatível com seus
DE ANÁLISE pressupostos epistemológicos. Seres humanos
DA atuam sobre o mundo transformando-o e
transformandose. Atividade, consciência, identidade,
PSICOLOGIA
linguagem, significados e sentidos são categorias
SÓCIO- relevantes utilizadas por pesquisadores, estudiosos e
HISTÓRICA profissionais para fazer sua leitura da realidade e dar
visibilidade à dimensão psicológica, subjetiva que a
realidade possui.
AS "A zona de desenvolvimento proximal é uma categoria
CATEGORIAS fundamental na Psicologia Sócio-Histórica. Ela refere-se à
diferença entre o nível de desenvolvimento atual de uma
DE ANÁLISE criança e o potencial de desenvolvimento que pode ser
DA alcançado com a orientação e o suporte de um adulto mais
PSICOLOGIA competente. Essa categoria destaca a importância das
interações sociais e do contexto cultural no
SÓCIO-
desenvolvimento humano" (Vygotsky, 2007).
HISTÓRICA
APLICAÇÃO DA Esse conjunto teórico é utilizado por pesquisadores
PSICOLOGIA que buscam dar visibilidade ao movimento de
SÓCIO- transformação do humano e às construções
subjetivas pessoais/sociais que são feitas. Os
HISTÓRICA
estudos e pesquisas abrangem os sentidos que as
pessoas constroem no decorrer da experiência
concreta de vida. Pode-se investigar, por exemplo, a
dimensão subjetiva da desigualdade que marca
nossa sociedade brasileira.
APLICAÇÃO DA Na prática profissional, então, é possível trabalhar a
PSICOLOGIA partir dessa perspectiva. Em consultórios, escolas,
SÓCIO- organizações, instituições de saúde, no sistema de
justiça, no esporte, em diferentes territórios. Sua
HISTÓRICA
tarefa é construir condições para que cada sujeito,
grupo ou instituição compreenda e se aproprie de
sua forma de estar no mundo e contribua nas
relações que estabelece a partir de se considerar
como parte ativa na transformação de si e do mundo
na busca de melhores condições de vida para si e
para o coletivo.
APLICAÇÃO DA As políticas públicas são um campo de contribuições
PSICOLOGIA relevantes da Psicologia Sócio-histórica no Brasil.
SÓCIO- Isso porque essa perspectiva teórica está guiada por
princípios que consideram o mundo em movimento,
HISTÓRICA
o humano como ser ativo, social e histórico e a
relação do sujeito com o mundo social. Portanto, as
práticas estão voltadas para as condições de vida às
quais os sujeitos estão submetidos. As políticas
públicas se referem a direitos sociais de um
agrupamento humano; são políticas para orientar a
construção da vida coletiva e é um campo de grande
interesse para os psicólogos cuja referência é a
Psicologia Sócio-histórica.
APLICAÇÃO DA É importante considerar que essa abordagem
PSICOLOGIA psicológica apresenta pressupostos úteis a esse
SÓCIO- campo de atuação. A maior parte das construções
políticas da vida pública desconsidera a presença de
HISTÓRICA
sujeitos que são, na maioria das vezes, vistos e
concebidos como meros usuários; e são poucos os
esforços de compreensão da relação que os sujeitos
sociais mantêm com um serviço de transporte ou de
saúde, por exemplo.
APLICAÇÃO DA
PSICOLOGIA
A maior parte das
SÓCIO- construções políticas da vida
HISTÓRICA
pública desconsidera a
presença de sujeitos que são,
na maioria das vezes, vistos e
concebidos nas políticas
como meros usuários.
A construção de políticas públicas implica a busca de eficiência,
APLICAÇÃO DA qualidade, mas não se considera o sujeito que vai utilizá-la. Com
PSICOLOGIA frequência, essas políticas e os gestores dessas políticas ignoram,
por exemplo, que ainda (infelizmente!) temos uma população de
SÓCIO- analfabetos e todos os comunicados, e avisos são realizados em
HISTÓRICA linguagem escrita. Ou se menospreza a estética popular a os
lugares onde se realizam os serviços são pouco cuidados. Para
essa constatação, é só observar as diferenças entre um
consultório particular e aquele da unidade básica de saúde. E, por
não considerarem os sujeitos, as políticas não os tomam como
parte das decisões e raramente são chamados para opinar e
decidir sobre prioridades ou aspectos importantes dessas
políticas e suas práticas. A Psicologia Sócio-histórica, ao
considerar os sujeitos como ativos na construção de seu mundo,
não pode deixar de contribuir produzindo saberes que permitam
novas relações entre o Estado e a população em geral.
APLICAÇÃO DA A Psicologia Sócio-histórica enfatiza a importância
PSICOLOGIA de o profissional se posicionar frente à realidade. O
SÓCIO- psicólogo não é um sujeito neutro, é um profissional
que se compromete com a construção de condições
HISTÓRICA
dignas de vida. Psicologia e política não se separam.
A política é parte integrante do fazer dos
profissionais; por isso a Psicologia Sóciohistórica
tem como um de seus debates importantes o
compromisso social que a psicologia deve manter
com a sociedade em que se insere e na qual trabalha.
APLICAÇÃO DA "A psicologia sócio-histórica, por sua vez,
PSICOLOGIA propõe, fundamentada no método que alia
SÓCIO- conhecimento, prática e posicionamento, que se
HISTÓRICA busque as condições para a realização do
indivíduo como sujeito histórico, portanto,
reconhecendo seu vínculo com a coletividade e
seu compromisso com a transformação social."
APLICAÇÃO DA "A Psicologia Sócio-Histórica oferece uma
PSICOLOGIA perspectiva valiosa para a aplicação prática da
SÓCIO- psicologia. Ela permite uma compreensão mais
HISTÓRICA
abrangente das experiências individuais e
coletivas, considerando o contexto sociocultural
e histórico em que ocorrem. Essa abordagem
pode informar intervenções psicológicas que
são sensíveis às particularidades culturais e
históricas dos indivíduos" (Valsiner,
Fundamentos da Psicologia Cultural, 2012).
APLICAÇÃO DA Assim, a Psicologia Sócio-histórica coloca-se como
PSICOLOGIA possibilidade de leitura crítica. Representa um
conhecimento em Psicologia que deverá reconhecer sempre
SÓCIO- a direção com a qual se compromete, como práxis, nas
HISTÓRICA proposições teóricas acerca da subjetividade humana, qual
seja: a revisão da ordenação social e das categorizações
justificadoras das formas sutis de exclusão; a revisão dos
essencialismos resultantes da naturalização dos processos
humanos, assim como de um possível relativismo como
alternativa a estes, assumindo como direção o
compromisso com a transformação da ordenação e da
categorização social em nome da potencialização da
diversidade; a revisão ética e política do compromisso
historicamente assumido pelas práticas científicas e
profissionais na sua condição de práticas sociais.
Referências Bibliográficas:

BOCK, Ana - Psicologias. Uma Introdução ao Estudo de Psicologia -


(1999)
Vigotski, L. S. - A Formação Social da Mente: o Desenvolvimento dos
Processos Psicológicos Superiores – (2007)
Vigotski, L. S. - Pensamento e Linguagem - (2008)
Leontiev, Aleksei N. - ATIVIDADE CONSCIÊNCIA PERSONALIDADE – (2021)
Valsiner, Jaan - Fundamentos da Psicologia Cultural – (2012)
Integrantes do grupo:

Anderson da Silva
Arlene do Espírito Santo de Souza
Davi Santos Moreira
Erick Moreira dos Santos
Isaías Rezende dos Santos
Luiz Guilherme de Carvalho Lima

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