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PSICOLOGIA SÓCIO-

HISTÓRICA
Uma Perspectiva crítica em Psicologia

Discentes: Alex Silva, Elifran Reis, Manoel Luís, Mateus Alves e


Rafael Silva
Docente: Nilma Maria Ferreira
BIOGRAFIA DE LEV
SEMENOVITCH
VYGOTSKY
Nasceu em Orsha, pequena cidade perto de
Minsk, a capital da Bielorrússia, no dia 17
de novembro de 1896. Realizou diversas
pesquisas na área do desenvolvimento da
aprendizagem e do papel preponderante das
relações sociais. Lev Vygotsky foi o
pioneiro no desenvolvimento intelectual das
crianças, que acontece a partir da interação
com o meio social.
O Desenvolvimento do psiquismo no ser humano é
central na Psicologia. Como pudemos nos tornar o que
somos hoje? De onde surgem as capacidades humanas que
apresentamos? São naturais? São históricas? Essas
perguntas podem ser consideradas como norteadoras de
uma Psicologia que no inicio do século XX, na recém-
criada União Soviética, sob a influência do pensamento
Maxista, surge para torar-se uma alternativa na Psicologia
atual.
A VISÃO DE FENÔMENO
PSICOLÓGICO OU OBJETO DA
PSICOLOGIA
O fenômeno psicológico, objeto de estudo da psicologia,
refere-se à experiência pessoal dos sujeitos. Mas essa
definição nunca foi simples nem consensual. Muitas
maneiras de fazer referência a esse fenômeno foram
surgindo com as diversas teorias, e para a concepção
sócio-histórica, em todas as suas formas, a psicologia
caracterizou o fenômeno como algo abstrato e natural no
ser humano.
A Psicologia Sócio-Histórica estuda o ser humano e seu
mundo psíquico como construções históricas e sociais
da humanidade. O mundo psíquico que temos hoje
não foi e nem será sempre assim, pois sua
caracterização está diretamente ligada ao mundo
material e ás formas de vida que temos hoje em certas
sociedades modernas.
Assim, o fenômeno psicológico não pertence a uma
natureza humana. Ao contrário ele é pensado como
algo que os humanos constituíram como possibilidade
devido a forma como nos inserimos e atuamos no
mundo. Para a teoria, foi o trabalho-atividade
instrumental de transformação do mundo para obter
sobrevivência – responsável por essas
transformações. E não só o trabalho como uso de
instrumentos para a transformação, mas o fato de se
dar um coletivo de humanos. Instrumentos, trabalho,
coletivo de humanos... Eis ai a origem de tudo.
A descoberta da ferramenta como mediação entre o
humano e o mundo material acompanha e é
acompanhada por uma mudança nas capacidades
humanas. Estava rompida a relação com o imediato.

Explicado melhor: Como animais, nós também só


utilizávamos aquilo que se apresentava como
possibilidade no imediato da experiência
Não há natureza humana,
há condição humana
Para os sócio-históricos o termo
natureza humana não existe, é sim, o
termo condição humana.
A condição humana é representada
pela construção de instrumentos para a
satisfação de nossas necessidades, que
dependera do momento histórico em
que vivemos.
A IMPORTÂCIA DA
CULTURA
A cultura é a melhor expressão ou fotografia do
avanço da humanidade. Nossas con- quistas estão
depositadas nos objetos e nas ideias que
construímos ao longo desse tempo histórico em que
nos desenvolvemos.
SUJEITO E MUNDO:
ÃMBITOS DE UM
MESMO PROCESSO
Para a psicologia Sócio -histórica, sujeito e mundo são, assim,
âmbitos distintos, mas criados no mesmo processo. Ao
interferir de modo transformador sobre o mundo material, o
ser humano estará se constituindo e construindo o mundo que
tem a sua volta. Sujeito e mundo não são âmbitos
antagônicos ,como pensam algumas teorias. Sujeito e mundo
se completam e se referem um ao outro. Ao conhecer um ritual
de um grupo social, poderemos conhecer muito de sua forma
de objetivação. Ao conhecer as ideias e os projetos de um ser
humano, poderemos saber sobre uma sociedade e suas formas
de vida. A psicologia é uma ciência do mundo objetivo, mas
isso não quer dizer que o material de seu trabalho esteja
apenas "dentro " dos sujeitos.
AlGUMAS
SISTEMATIZAÇÕES
IMPORTATES
• É importante localizarmos as bases dessa
psicologia na União Soviética, nos anos da
revolução.

• A revolução precisava de pensamentos que


garantissem a ideia de que se teria um novo
homem, se houvesse um novo mundo.
• Um período revolucionário é sempre um
período fértil para novas concepções

• Vygotsky, Leontiev e Luria puderam fazer


avançar o pensamento superando as visões
mais conservadoras e naturalizantes no
campo dessa ciência.
OS PRICIPIOS BÁSICOS DA TEORIA CRIADA POR
ESSES AUTORES PODE SER RESUMIDA EM:
• A compreensão das funções superiores do
homem não pode ser alcançada pela psicologia
animal, pois os animais não têm vida social e
cultural.

• as funções superiores do homem não podem ser


vistas apenas como resultado da maturação de
um organismo que já possui, em potencial, tais
capacidades.
• A linguagem e o pensamento humano tem origem social.
A cultura faz parte do desenvolvimento humano e deve
ser integrada ao estudo e a explicação das funções
superiores

.• A consciência e o comportamento são aspectos integrados


de uma unidade, não podendo ser isolados pela
psicologia.
NOÇÕES BÁSICAS DA PSICOLOGIA SÓCIO-
HISTÓRICA

• A concepção do humano na psicologia sócio-


histórica pode ser assim sintetizada é um ser
ativo, social histórico.

• O homem constrói sua existência a partir de


uma realidade, que tem por objetivo satisfazer
suas necessidades.
• A atividade de cada indivíduo, ou seja, sua ação
particular é determinada e definida pela forma
como a sociedade se organiza para o trabalho.

• o trabalho só pode ser entendido dentro de


relações sociais determinadas. São essas
relações que definem o lugar de cada indivíduo
e sua atividade.
• A ação do ser humano sobre a realidade que
ocorre em sociedade é um processo histórico.

• Esse processo histórico é construído pelos


indivíduos e esse processo histórico que constrói
os seres humanos.
As Categorias de Análise
da Psicologia Sócio-
Histórica
Se se utiliza de algumas categorias de análise que correspondem a essa
forma de ver o processo e o movimento humanos. São eles:

Atividade: ela se apresenta como categoria psiquismo. E é através dela que


os humanos se põem no mundo e criam relação fundamental que
permitira todo o processo de transformação do mundo e de si mesmos.

Exemplo: Como sobrevivem, como se comportam e atuam permite


começar a pensar a subjetividade.
Consciência: se desenvolve no cérebro humano como
capacidade superior. Seu material está na vida vivida e nas
formas instituídas pelo grupo social. A consciência também é
trabalho, atividade subjetiva em relação à atividade objetiva,
e não transposição mecânica, reflexo de relações objetivas.
Exemplo: Na consciência mesclam conhecimentos,
sentimentos, imagens, palavras que representam a forma
como se vive, sente e pensa o mundo. A consciência é o
mundo dos registros das vivências dos sujeitos, é razão,
emoção e ação.
Identidade: Integra com a atividade e a consciência as categorias básicas
do psiquismo pertece a organização que o sujeito faz sobre si mesmo. É
o que permite ao sujeito saber se único, identifica-se com o que faz e
vive, reconhecer-se.
A identidade aparece nessa teoria como metamorfose. Foi A.C. Ciampa
(1987) quem desenvolveu a tese de que a “identidade é metamorfose.”
O Indivíduo é, para Ciampa, antes de tudo ação, atividade sobre o mundo e
como produto de atividade que ocorre na relação com outros surgem
personagens, que são manifestações empíricas da identidade. Portanto,
nas atividades e nas relações, o individuo vai se apresentando e se
modificando. Sua identidade é uma metamorfose.
Ex: O movimento do sujeito é de transformação, mantendo
uma unidade entre o pensar, o ser e o agir.
Ciampa toma a existência concreta como uma unidade da
multiplicidade. As variadas vivencias que temos, os vários
momentos e muitas e diversas pessoas nos cercam e conosco se
relacionam e que somo uma unidade da diversidade, quando nos
manifestamos em um lugar, em relações e atividades específicas
expressamos parte dessa totalidade. Não expressamos uma
totalidade parcial. Aqui é um exemplo de uma ideia do
movimento que ocorre com os sujeitos, um movimento de
transformação sem que se perca a identificação com tudo isso
que reconhecemos ser parte de nós, por isso identidade.
Linguagem: é importante para nossa
expressão e para formar nossa
consciência. Através da Linguagem o
homem se humaniza, apreende e
materializa o mundo das significações
que é constituído no processo social e
histórico. A linguagem, com suas
palavras, é um dos mais importantes
veículos de transporte do campo
objetivo para o campo da subjetividade.
Relações Sociais: Tem uma enorme importância para a
teoria. Os vínculos que se constituem vão permitir
determinadas experiências. Em nossas relações somos
afetados (afetividade) de alguma forma e fazemos então
nossos registros emocionados.
Sentidos: é algo individual, mas que tem a sua formação
no encontro do sujeito singular com uma experiencia
social concreta. Nas relações sociais o sujeito atua,
vivência relações, estabelece vínculos, convive com os
significados, experimenta emoções e produz sentidos.
Vygotsky escreveu:
“o sentido de uma palavra é a soma de todas os fatos psicológicos
que ela desperta em nossa experiência. Assim, o sentido é
sempre uma função dinâmica, fluida, complexa, que tem várias
zonas de estabilidade variada... “
Gonzáles-Rey leva adiante essas considerações de Vygotsky e
apresenta o sentido como:
“fonte essencial do processo de subjetivação e é ele que define o
que o sujeito experimenta psicologicamente diante da
expressão de uma palavra. O sentido articula de forma
específica o mundo psicológico historicamente configurado do
sujeito com experiencia de evento atual...”
APLICAÇÃO DA
PSICOLOGIA SÓCIO-
HISTÓRICA
É utilizada por pesquisadores que buscam da visibilidade ao
movimento de transformação do ser humano e às construções
subjetivas pessoais ou sociais que são feitas. Estudam
qualquer fenômeno da realidade, seja ele coletivo (social) ou
individual.
Na prática profissional se pode trabalhar em:
consultórios, escolas, organizações, instituições
de saúde, na justiça, no esporte, na comunidade,
enfim em qualquer lugar onde atue um psicólogo
e ele pode trabalhar a partir da vida de cada um,
de um grupo ou de uma instituição, relacionando
atividades, identidades, vínculos, significados e
sentidos.
As políticas públicas se tornam, na
psicologia Sócio-histórica no Brasil um campo
de grandes contribuições.
Em Primeiro que ela está guiada por princípios
que pensam e querem o mundo em movimento;
que pensam e querem o humano pensado como
ser ativo, social e histórico. A relação com o
mundo social onde está inserido é eixo de seu
pensamento e são políticas públicas que guiam
a construção da vida coletiva, tornando-se um
campo de grande interesse para os psicólogos
sócio-históricos.
Em Segundo, entende que a psicologia Sócio-Histórica
apresenta uma suposição úteis a esse campo. Tendo em
vista que a maior parte das construções políticas da vida
pública desconsidera a presença de sujeitos que são, na
maioria das vezes, vistos e concebidos nas políticas
como meros usuários.

Exemplo: O serviço de Transporte ou de saúde eles tem


poucos esforços de compreensão da relação que os
sujeitos sociais mantem com um serviço.

As políticas públicas buscam eficiência, qualidade, mas não


se pensa quem é o sujeito que vai utilizá-las e como ele
precisa ou qual sentidos ele atribui àquele serviço e pelo
contrário elas muitas vezes ignoram.
Exemplo: Temos uma população com muitos
analfabetos, e todos os avisos são feitos em linguagem
escrita. Muitas vezes as políticas menosprezam a estética
popular e consideram desnecessário embelezar o local
onde o serviço será prestado.
Exemplo: Note a diferença entre consultório ou
hospital particular e uma unidade básica de saúde.
A Psicologia Sócio-histórica se põe com um diferencial grande em
relação a outras perspectivas que naturalizam o mundo psicológico e
deixam de lado a relação do sujeito com seu mundo social e pede que o
profissional se posicione.

Nessa área o psicólogo não deve estar pensando como sujeito neutro,
mas como alguém que se compromete com a construção de condições
dignas de vida.
A psicologia e a Política não se separam. Pois a política
é parte integrante do fazer dos profissionais.

A Psicologia Sócio-histórica tem como um de seus


debates importantes o compromisso social que a
psicologia deve manter com a sociedade em se insere e
para a qual produz.
REFERÊNCIA
• Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia/ Ana Mercês Bahia Bock, Odair
Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira – 14ª edição – São Paulo: Saraiva, 2018.
“O homem não nasce
humano, ele se humaniza.”
(Lev Vygotsky)

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