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Organização Pedagógica - 2024

Sobre a
organização
dos 0 aos 3 anos

Queridas(os) educadoras(es), com bastante satisfação e entusiasmo apresentamos este


documento contendo reflexões para o planejamento das ações no ano de 2024. Neste material
propomos que os diálogos e reflexões entre todas e todos da Unidade tenham como objetivo
garantir boas experiências de aprendizagens e desenvolvimento para os bebês e as crianças bem
pequenas (0 a 3 anos) que convivem diariamente nos Centros de Educação Infantil - CEIs e
Centros Municipais de Educação Infantil - CEMEIs da Cidade de São Paulo.

Ao refletir sobre as especificidades dos bebês e crianças bem pequenas faz-se necessário
realizar três movimentos que são indissociáveis, quais sejam:

1) Considerar a observação como principal forma de avaliar as condições materiais dos


refeitórios, sala de referência, trocadores de fraldas e outros espaços que considerarem
importantes;
2) Refletir sobre aspectos que dizem respeito à organização dos tempos, levando em
consideração os ritmos infantis;
3) Endossar a importância da atitude das(os) profissionais que atuam em conjunto com
bebês e crianças bem pequenas.

Essa tríade colabora para a busca de qualificação profissional, estabilidade e


continuidade das relações que vão sendo estabelecidas com os bebês e as crianças bem
pequenas, bem como com as(os) educadoras(es) que os atendem. Olhar para o cotidiano vivido,
no intuito de compreendê-lo a partir dos documentos curriculares da Rede Municipal de Ensino
de São Paulo - RMESP será a centralidade do nosso trabalho para 2024, mas, antes, consideramos
importante apresentar o que temos feito até o momento.

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No ano de 2022 e 2023, a equipe de formadoras(es) da Divisão de Educação Infantil (DIEI)
investiu em ações formativas, visitas e acompanhamento às UEs. Enquanto metodologia,
partimos da observação, escuta, leitura e a reflexão dos processos vividos pelos bebês, crianças
bem pequenas e as reflexões das(os) professoras(es). Diante destas ações foi possível elencar as
prioridades e demandas dos CEIs/ CEMEIs para 2024, que são: fortalecer as propostas
formativas e colaborar na compreensão das especificidades da docência e das dimensões que
integram o acolhimento, o atendimento e a vida de bebês e crianças bem pequenas.

Para dar início às nossas reflexões, voltemos ao Currículo da Cidade - Educação Infantil a
partir dos princípios: equidade, integralidade e inclusão.

Respeitar a equidade dos bebês é respeitar os movimentos de quem fica deitado de


barriga para cima, brincando com o próprio corpo, com brinquedos e materialidades
interessantes e selecionados pelas(os) professoras(es). Para os bebês que engatinham e que
conquistam sua marcha, a partir de oportunidades em que as(os) educadoras(es) respeitam seus
ritmos e suas necessidades, criando condições favoráveis para suas pesquisas e brincadeiras e,
consequentemente, para seu desenvolvimento pleno e integral. No caso das crianças bem
pequenas, uma vez que lhes são garantidos movimentar-se, correr e escalar os diferentes
espaços das Unidades, criamos confiança e bem-estar. Seguimos os passos e as narrativas infantis
sobre suas hipóteses, pesquisas e curiosidades sobre o mundo.

Garantir uma educação integral é seguir as pistas e rastros que as culturas infantis nos
apresentam, suas indagações, curiosidades, estilos de vida que ora se harmonizam, ora geram
conflitos, cabendo às(aos) educadoras(es) estarem preparadas(os) para essas situações.
Vivenciar esse princípio com os bebês e as crianças bem pequenas é acreditar em sua máxima
potência de ser e estar no mundo, sem fragmentação do tempo, mas atenta na relação do
cotidiano (escuta atenta do que dizem, dos movimentos corporais, acompanhando os seus
ritmos e ampliando repertórios artísticos e culturais). Significa acreditar no pensamento e nos
movimentos que são capazes de realizar, por isso, a importância de as equipes das Unidades
Educacionais organizarem espaços favoráveis para os movimentos livres, não fragmentando o
pensamento, a linguagem e o corpo dos bebês e crianças bem pequenas.

Considerar o princípio da inclusão é compreender que o nosso planejamento necessita


de organização com práticas em que todas(os) bebês e crianças bem pequenas possam
experienciar o seu cotidiano e aprender do seu jeito. Estamos nos referindo aqui à uma educação

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inclusiva, onde possamos reconhecer as diversidades e diferenças, compreendê-las e incorporá-
las no cotidiano junto aos bebês e às crianças bem pequenas, e a todas(os) as(os) educadoras(es),
sem distinção.

Para ampliar nosso olhar sobre os princípios do Currículo, indicamos o vídeo a seguir:

Educação Inclusiva na Educação Infantil

Os estudos nos convidaram a aprimorar o olhar para os momentos em que bebês e


crianças bem pequenas começam a conviver nos espaços coletivos. As leituras, pesquisas e
reflexões ajudaram a nutrir nossos saberes quanto ao desenvolvimento dos bebês e crianças
bem pequenas, tendo na atitude dos adultos contribuições para esta construção. Um ponto
importante que gostaríamos de retomar, considerando o material de organização de 2023, é a
discussão sobre a utilização do bebê conforto. Atualizamos o documento do ano passado,
apresentando reflexões importantes sobre o uso desse equipamento nas salas de berçário I.
Sugerimos que o documento seja retomado nos momentos das reuniões iniciais e formação
coletiva.

Atenção aos cuidados com os bebês nas Unidades

Com a intenção de fortalecer nossas reflexões, aprimorando nosso olhar para o trabalho
com bebês e crianças bem pequenas, a equipe de formadoras(es) da Divisão de Educação Infantil
indica os temas descritos a seguir para sustentar os diálogos formativos nas Unidades
Educacionais:

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1. Cuidados

Quando falamos de cuidado, estamos falando em atitude. Atitude das educadoras(es)


que se colocam na relação cotidiana com bebês e crianças bem pequenas. Uma relação que é
construída afetivamente entre as adultas(os) que se ocupam com os cuidados (os momentos de
troca de fraldas, alimentação e sono) e com o bem-estar (saúde física e emocional) de bebês e
crianças bem pequenas. Estar nesta relação é compreender que o olhar, o tom da voz, a
intensidade dos toques e gestos provocam sensações e estas serão recebidas, sentidas e
interpretadas pelos bebês e crianças bem pequenas. Para falar melhor sobre este tema,
indicamos:

Cuidar e educar?
A dimensão do cuidado na educação
de bebês e crianças

2. O brincar livre

É a brincadeira que nasce da iniciativa, desejo e da intenção de cada bebê ou criança


bem pequena. A vida de um bebê ou de uma criança bem pequena é brincar. O “livre” se refere
às ações dos próprios bebês e crianças bem pequenas. É a sua forma de expressão e sua maneira
de ser e estar no mundo.
Brincando livremente, bebês e crianças bem pequenas têm o direito de seguir seus
próprios interesses, não havendo necessidade em alcançar resultados nem estimular seu
desenvolvimento. Brincar livre permite que cada bebê, cada criança bem pequena construa seus
laços e se vincule com o seu próprio corpo, com os outros, com os objetos e materiais à sua volta,
com a natureza, com a cultura e, especialmente, com o seu mundo interno, não necessitando do
controle e nem do direcionamento das educadoras(es). Vejamos os vídeos que trazem reflexões
importantes sobre o brincar:

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O bebê não brinca, ele vive! Brincar livre: uma introdução

3. Motricidade livre

Quando falamos de Motricidade Livre, estamos nos referindo à liberdade de


movimentos que é proporcionada aos bebês e às crianças bem pequenas. Compreender que esta
motricidade é elaborada pelo próprio bebê, torna-se fundamental para nosso fazer, enquanto
docentes na primeiríssima infância. Um bebê se expressa movimentando seu corpo livremente,
por balbucios, pelo olhar e outras formas de expressão. Uma vez garantida a qualidade da
observação, podemos perceber e apoiar a construção da autonomia dele mesmo. Para que um
bebê e uma criança bem pequena construam sua motricidade livre de maneira autônoma, é
necessário que os adultos estejam presentes, isso lhes proporciona segurança afetiva,
ressignificando o conceito de que a(o) professora(or) “ensina” o bebê a sentar, engatinhar ou
andar. É a partir das próprias experiências corporais que têm ao longo da vida que a motricidade
é construída e isso requer que o bebê vivencie o exercício dos movimentos do seu próprio corpo,
livremente e suficientemente quantas vezes lhe forem necessárias.
Sugerimos os vídeos a seguir para diálogo entre as(os) educadoras(es) sobre a importância
desses movimentos nas aprendizagens e desenvolvimento.

Motricidade: uma introdução Motricidade Livre: posturas e deslocamentos

É necessário organizar os espaços na busca da qualidade, garantia dos direitos, uma vez
que eles precisam ser para todas(os), pois dessa forma a Rede Municipal de Ensino assume o seu

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compromisso com a equidade dos bebês e das crianças bem pequenas. Para apoiar esta reflexão,
indicamos os vídeos:

A escolha dos objetos para A escolha dos objetos para O terceiro ano de vida: o
brincar brincar início
no primeiro ano de vida no segundo ano de vida do jogo com regras

Para que tenhamos ainda mais elementos para compreensão sobre esta fase da vida dos
bebês e das crianças bem pequenas, a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São
Paulo/DIEI adquiriu para seu acervo livros que tratam sobre a primeiríssima infância, são eles:

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A Coordenadoria de Alimentação Escolar - CODAE colabora com esse momento de
organização das Unidades Educacionais ao nos apresentar as reflexões a seguir e que dialogam
com a concepção de bebês, crianças e infâncias nos momentos de alimentação:

Princípios e práticas de Educação Alimentar e Nutricional - EAN

O tema alimentação tem intencionalidade nas práticas pedagógicas para desenvolver a


cognição, as habilidades socioemocionais e motoras, as linguagens e interações propostas no
Currículo da Educação Infantil. Nesta etapa do desenvolvimento humano, é possível integrar os
diferentes direitos de aprendizagem em uma oficina culinária com os bebês, por exemplo, no
qual possam se expressar em diversas linguagens, conviver e brincar, explorar e conhecer a si,

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ao outro e ao mundo, garantindo o direito de escuta e protagonismo infantil, acesso aos bens
culturais, respeito à diversidade, étnico cultural e racial, de gênero e de inclusão de bebês com
transtornos e deficiências.

Para saber mais


Orientação Normativa de Educação Alimentar e Nutricional para
Educação Infantil (São Paulo, 2020).

Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos


(Brasil, 2019).

Na primeiríssima infância, além do acolhimento, a Educação Alimentar e Nutricional -


EAN e os momentos destinados à alimentação desenvolvem e ampliam experiências, misturas,
consistências, cores e sabores, que apoiam o autoconhecimento, a autonomia e a autoconfiança,
hábitos alimentares e de higiene, experimentação de conquistas e limitações.
Independentemente da faixa etária, experiências em EAN poderão ser uma porta de entrada
para a aprendizagem e importantes vivências que consolidarão a sua história, cultura e
identidade.
Pensando nas concepções de tempo, espaço e materialidade, podemos prever algumas
atividades e brincadeiras que envolvam e contemplem a exploração sensorial, degustação,
oficinas culinárias, visitação à feira, exploração da horta, apresentação diária do cardápio
escolar, que são algumas propostas que fazem parte da Educação Alimentar e Nutricional.
Apesar de terem uma tenra idade, pode-se incluir a temática da sustentabilidade, com
ações como evitar o desperdício de alimentos e o uso de descartáveis, que tanto impactam o
meio ambiente.
A Campanha “CEI Amigo do Peito”, promovida pela CODAE, é uma importante ação de
EAN, que objetiva apoiar os profissionais da educação no acolhimento e incentivo às famílias
para a continuidade do aleitamento materno após ingresso no CEI. São realizadas orientações e
formações para que a Unidade Educacional receba o selo “CEI Amigo do Peito”, no qual
considera o ambiente educativo, envolvendo a família, equipe e ambiente acolhedor.

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Para saber mais

CEI Amigo do Peito - Secretaria Municipal de Educação

Alimentação na Infância - Secretaria Municipal de Educação

A equipe da COCEU também colabora conosco a partir de reflexões no atendimento aos


bebês e às crianças bem pequenas, sobretudo nos espaços culturais. Vejamos:
Um dos grandes desafios encontrados no campo da cultura para a primeira infância é a
quantidade de apresentações e trabalhos artísticos de qualidade para esse público. Como
educadoras(es), é fundamental que possamos ser o meio para aproximar os bebês e as crianças
bem pequenas das diversas atividades artísticas. Neste caso, chamamos atenção para as práticas
de fruição e apreciação de apresentações de teatro, dança, música, dentre outras.
Diante desse desafio, e considerando que as Unidades Educacionais são um dos meios
para promover este encontro, apontamos algumas reflexões que podem subsidiar a construção
do planejamento de 2024:

● Quais são os equipamentos, instituições ou espaços que oferecem atividades culturais no


território da minha Unidade?

● Com quais tipos de vivências, os bebês e as crianças bem pequenas da minha Unidade têm
menos aproximação? Que tipo de experiências sensíveis, dentro da especificidade do meu
público, são escassas ou ausentes?

● Como introduzir, de modo educativo e sensível, os bebês e as crianças bem pequenas na


exploração do território e em outros espaços da Cidade de São Paulo?

Partindo dessas premissas, vale destacar que não propomos à Unidade Educacional
nenhuma invenção inédita, mas ferramentas que garantam a descoberta de novas imagens,
novos sons, novas sensações por parte dos bebês. Descobrir o que há de fascinante no mundo
ao redor é fundamental para a educação estética e sensorial - e colabora com o respeito à

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diversidade, à pluralidade cultural e às diferenças visuais que compõem o cotidiano de cada um,
individualmente.

Mapear, junto às famílias, quais espaços estão localizados em seus bairros pode ser uma
ferramenta que colabora na exploração do espaço na perspectiva de construir memórias,
perceber as diferenças e nuances de cores, sons e texturas. Promover, então, passeios até
equipamentos que ofereçam experiências estéticas para bebês, em quaisquer linguagens
artísticas, estabelece, já no percurso, a leitura do bairro e/ou da cidade como uma caligrafia em
processo. Pensamos que a primeira leitura humana é a do mundo e do próprio corpo - assim,
cabe aos educadores atuantes no segmento da Educação Infantil garantir essa instrução como
geradora da alfabetização posterior.

Esse mapeamento contribui para o desenvolvimento da motricidade se realizada junto


com certas ações, entre elas a de estimular os deslocamentos entre os espaços da Unidade,
adequando-os para que cada ambiente promova impactos sensoriais diferentes.

Que este material possa alcançar a todos vocês, professoras e professores da rede
municipal de educação infantil paulistana, e que juntas(os) possamos aprimorar nosso olhar e
fazer diário junto aos bebês e crianças bem pequenas.

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