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educação infantil, Ser referência em
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oferecendo formação
Colaboração;
oportunidades para que continuada à
Cuidados;
o educador possa distância,
Conexão;
proporcionar sempre a principalmente para
Práxis.
melhor formação às a educação infantil.
crianças de 0 a 6 anos.
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INVESTIGAÇÃO
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RESUMO
Esta pesquisa discutirá sobre a importância do ato de contar histórias no espaço da educação infantil,
realizando uma reflexão sobre possíveis estratégias que auxiliam na prática da contação de histórias.
Como objetivos destacamos: levantar informações sobre como surgiu a contação de histórias, dissertar
sobre a importância da literatura na Educação Infantil e descrever estratégias para o trabalho com a
contação de histórias. A metodologia usada foi levantamento de dados encontrados na literatura já
existente, por meio de pesquisas bibliográficas. Concluímos que a literatura juntamente com a prática da
contação de histórias, representa várias possibilidades, desenvolvendo não somente a linguagem, como
também auxiliando na elaboração e produção de bons textos, criando possibilidades pedagógicas
diversificadas, criativas e estimulantes para desenvolver a atenção e a concentração dos alunos.
Palavras-chave: Contação de histórias, Estratégias, Linguagem.
ABSTRACT
This research has the purpose of discuss the importance of the act of storytelling on children`s
educational environment, conducting a reflection on possible strategies that assist in the practice of
storytelling. Objectives include as follow: raising information on how the storytelling was created, the
lecture of the importance of literature in early Childhood Education as also describe some strategies for
working with the storytelling. The methodology used was based on data collection found in existing
literature through bibliographics researches. In conclusion, we understand that the literature in
connection with the practice of storytelling provides several possibilities such as developing not only the
language but also assisting in the elaboration and production of well developed texts, creating
pedagogical diversity possibilities, in a creative and stimulating way in order to develop the student`s
attention and concentration.
Keywords: Storytelling, Strategies, Language.
Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 14, n. 1, p.40-51 jan/mar 2017. DOI: 10.5747/ch.2017.v14.n1.h292
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atividades de contação de histórias na Assim, Coelho (1984, p. 31) afirma que “estudar
Educação Infantil. a história é ainda escolher a melhor forma ou o
recurso mais adequado de apresentá-la”.
1 O Surgimento da Contação de Histórias Desde a pré-história até os dias de hoje,
O ato de contar e recontar histórias são há a necessidade de descobrir o sentido da vida,
uma ação que ocupa a mente humana há buscando interpretações para as inquietações,
muitos e muitos anos. Pessoas de vários transmitindo conhecimento dos antepassados
lugares do mundo contam histórias para se para as novas gerações, o que impulsiona a
descontraírem, passarem conhecimento, ou necessidade de ouvir, contar e recontar
para simplesmente não sentirem o tempo histórias.
passar. Até mesmo antes da invenção da De Acordo com Coelho (1984), o ato de
escrita pela humanidade, já se contavam contar histórias, muito antes da invenção da
histórias. As histórias foram passadas de escrita, era o jeito mais importante de passar
geração em geração e hoje são relembradas uma informação adiante. Tudo que uma
em livros, filmes na televisão e até mesmo nos cultura precisava preservar, suas crenças, sua
jogos. Mesmo com toda a tecnologia, a história e suas tradições tinha que ser contado
tradição do conto oral ainda se mantém. oralmente, ato este conhecido como tradição
Definindo “contação de histórias”, oral. Em algumas culturas apenas os
Torres e Tettamanzy (2008) afirmam que: contadores podiam usar essa metodologia de
[...] o termo 'Contação de contar e passar tradições e crenças oralmente.
histórias' não existe Os bons contadores precisavam ter boa
gramaticalmente. O memória e utilizavam-se de estratégias
termo é uma expressão interessantes para contar suas histórias, assim
relativamente recente,
as pessoas nunca esqueciam-nas. Muitas
livremente traduzida e
adaptada de países de
vezes, essas histórias eram contadas de forma
língua castelhana ritmada, assim tornavam-se mais fáceis de
"cuentacuentos", que serem lembradas.
pode significar tanto o Pontes (2010) comenta que a
ato de se contar literatura de cordel se desenvolveu no
histórias, quanto o nordeste do Brasil, estando presente até hoje.
próprio contador.” na Segundo o autor, as histórias têm sempre seu
língua inglesa, temos o início nos poemas cantados. O cordelista vai
termo "Storytelling” que improvisando seus versos e de forma rimada,
é o ato, ou capacidade de
constrói-se as histórias, e somente depois
se narrar um fato, ou
história, de improviso, ou
viram livros impressos para serem colocados à
planejadamente, usando venda em um cordão, o que define a literatura
diversos tipos de de cordel. Para que os livros sejam vendidos, o
recursos, ou um apenas. vendedor precisa ir cantando as histórias,
Os termos que se acompanhado de um instrumento musical,
encontram fora do uso geralmente uma viola.
oficinal da língua, mesmo As histórias narradas por uma
que nela não encontrem determinada população vão ganhando novas
referência nos versões com o tempo. Um bom contador de
dicionários e acordos
histórias pode modificar uma história com o
ortográficos, sim, fazem
parte da nossa língua,
intuito de aprimorá-la ou pelo fato de ter
desde que não seja um esquecido uma parte dela, acaba inventando
erro ortográfico, ou de algumas partes, fazendo uma nova versão.
construção verbal A tradição oral é diferente da escrita e
(TORRES; TETTAMANZY, não é criada por somente uma pessoa. Ela
2008, p. 5). necessita de toda uma cultura para remodelar
uma história, que vai se reformulando a cada
As primeiras produções infantis foram geração. Na maioria das vezes, as histórias só
realizadas pelos profissionais da educação no passam a ser escritas muito depois que foram
fim do século XVII e durante todo o século XVIII. criadas e transmitidas oralmente.
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Segundo Scholes e Kellogg (1977), chamadas de mitos, e que estes dizem como um
Enquanto um homem tem povo acredita ou acreditou um dia, podendo
a capacidade de criar uma explicar a origem do mundo ou como as pessoas
nova habilidade, outro a surgiram, como nasce o arco-íris, o sol, o mar,
tem para julgar se ela será etc. Na tradição esotérica asiática acredita-se
bênção ou maldição para
que as histórias guardam muita sabedoria. Por
seus usuários. Você não
inventou um
esse motivo, toda vez que acreditavam que uma
medicamento para pessoa poderia estar “louca”, chamavam um
fortalecer a memória, mas contador de histórias para acalmá-la.
um substituto inferior para Os contos folclóricos também surgem
ela. Você está em diversas culturas, podendo ser muito
proporcionando aos seus parecidos com os mitos. Eles podem causar
alunos uma maneira de medo, contar uma aventura, serem engraçados,
parecem sábios sem etc. Alguns contos narram histórias sobre heróis
verdadeira sabedoria poderosos ou sobre trapaceiros espertos que
(SCHOLES; KELLOGG, 1977,
enganam outros personagens, ou ainda contos
p. 12).
que falam sobre caipiras, ladrões, fantasmas,
bruxas, animais que falam. As histórias que
Pode-se dizer que não existe uma
sempre apresentam elementos como paixão,
sociedade que não apresente a necessidade de
mistério e aventura estão presentes na
fabular, de inventar-se ou de construir seus
coletânea das “Mil e Uma Noites”, na qual a
mitos e seu imaginário. Toda civilização que
personagem Sherazade “curou” o coração do
existiu contou. A nossa sociedade é
sultão” (SCHOLES; KELLOGG,1977).
mecanicalizada, e a contação de histórias nos
As cantigas infantis, parlendas,
faz refletir sobre qualidades e morais já não
quadrinhas, contos de fadas, fábulas e algumas
muito presentes no cotidiano. Porém, até hoje
brincadeiras com as palavras fazem parte dos
são valorizados os conhecimentos transmitidos
contos folclóricos. A fábula ensina uma lição
pela oralidade em que se redescobre o
sobre o comportamento adequado das pessoas
significado das experiências coletivas. Nesse
com a utilização de personagens animais que
sentido, Meireles (1979) destaca que:
O ofício de contar
falam e que apresentam comportamentos
histórias é remoto [...] e parecidos como de uma pessoa. “Os contos de
por ele se perpetua a fadas falam sobre seres mágicos como fadas,
literatura oral, bruxas, dragões e duendes, entre outras
comunicando de criaturas fantásticas” (BETTELHEIM, 2002, p.
indivíduo a indivíduo e de 152).
povo a povo o que os Um jeito de entreter as crianças com
homens, através das versos curtos são parlendas ou os trava-línguas
idades, têm selecionado que as pessoas vêm usando há séculos,
da sua experiência como
proporcionando momentos prazerosos e lúdicos
mais indispensável à vida
(MEIRELES, 1979, p. 41).
para uma aprendizagem significativa.
Os acalantos e os chamados brincos
O costume de ser ouvinte de histórias são as brincadeiras musicais que fazem parte
desde muito pequeno auxilia na formação da do começo da vida de qualquer criança. Os
identidade, pois, no momento da contação, adultos usam-nos para adormecer bebês e
estabelece-se uma relação de troca entre tranquilizar crianças pequenas; para entretê-
contador e ouvintes, o que faz com que toda las e animá-las. Entre os brincos, os adultos
história cultural e afetiva destes volte à tona, usam “Serra, serra, serrador, serra o papo do
levando-os a ser quem são. “Contar histórias é vovô”, dentre outras variações possíveis de
uma arte porque traz significações ao propor serem encontradas em toda parte do país. Este
um diálogo entre as diferentes dimensões do brinco é cantado enquanto se imita o
ser” (BUSATTO, 2003, p. 10). movimento do serrador. “Palminhas de guiné,
Coelho (1984) afirma que as crenças pra quando papai vier...”, “Dedo mindinho, seu
sobre deuses relacionadas à religião são vizinho, maior de todos...”, “Upa, upa,
cavalinho...” (domínio popular) são exemplos
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(EI01TS01)
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AUDIÇÃO DO BEBÊ NO PERÍODO
INTRAUTERINO
Estudos recentes apontam que o bebê já
vivencia as variações entre o som e o
silêncio na barriga da mãe a partir da
vigésima semana.
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BEBÊ NA ESCOLA
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BOAS PRÁTICAS
Movimento 1 para 1;
Não intervenção;
Vivências para acompanhar e explorar.
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MATERIAIS
Chocalhos Colheres de pau
Pequenas castanholas Tambor de pote de sorvete
de plástico Clava
Bichinho de vinil e Tubos de filmes
pelúcia fotográficos
Cavalinhos de cabo de Canudos de papelão
vassoura Chocalho com lata
Almofadas Sucata
Bambolês
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ROTINA E INTEGRAÇÃO COM AS HISTÓRIAS
Exploração livre
Canto de entrada e despedida
Canções simples, curtas e de
vocabulário fácil
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COM EXPRESSÃO
CORPORAL
Movimentos expressivos;
Percussão corporal;
Brinquedo projetivo;
Acompanhar sem locomoção.
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A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA VIDA DOS BEBÊS DE 0 A 18 MESES
Resumo
O presente artigo tem por objetivo investigar a influência da música no desenvolvimento de bebês de zero a dezoito
meses. Analisa-se os efeitos da música sobre o cérebro, seus benefícios e como introduzi-la na vida dos indivíduos
desse grupo. Para o desenvolvimento deste trabalho, realizou-se uma revisão bibliográfica — através de artigos
científicos e livros. A pesquisa tem como referencial teórico autores como: Beyer (1988, 2005), Delalande (1995),
Rotular (1997), Bruscia (1999), Trevarthen (2004), Fucci-Amato (2008) e Antunes (2002). Discute-se, por
intermédio desse referencial, se o cérebro do bebê possui capacidade de aprendizagem e resposta a estímulos, além
da importância da música desde o início da vida. Examina-se, também, como a introdução da música na primeira
infância pode beneficiar o desenvolvimento cognitivo, sensorial e motor.
Abstract
This article aims to investigate the influence of music on the development of babies from zero to eighteen months.
It analyzes the effects of music on the brain, its benefits and how to introduce it into the lives of individuals in this
group. For the development of this work, a bibliographic review was carried out — through scientific articles and
books. The research has as theoretical reference authors such as: Beyer (1988, 2005), Delalande (1995), Rotular
(1997), Bruscia (1999), Trevarthen (2004), Fucci-Amato (2008) and Antunes (2002). It is discussed, through this
framework, whether the baby's brain has the ability to learn and respond to stimuli and the importance of music
from the beginning of life. The benefits of introducing music in early childhood on cognitive, sensory and motor
development are also examined.
Resumen
El presente artículo tiene el objetivo de investigar la influencia de la música en el desarrollo de bebés de cero a
dieciocho meses. Se analizan los efectos de la música sobre el cerebro, sus beneficios y cómo introducirla en la
vida de los individuos de ese grupo. Para la realización de ese trabajo, se hizo una revisión bibliográfica en artículos
científicos y libros. La investigación tiene como referencias teóricas autores como: Beyer (1988, 2005), Delalande
(1995), Rotular (1997), Bruscia (1999), Trevarthen (2004), Fucci-Amato (2008) y Antunes (2002). A partir de sus
aportes, se estudia si el cerebro del bebé tiene capacidad de aprendizaje y respuesta a estímulos, además de la
importancia de la música desde el inicio de la vida. Se presenta, también, cómo la introducción de la música en la
primera infancia puede favorecer el desarrollo cognitivo, sensorial y motor.
1 Introdução
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A influência da música na vida dos bebês de 0 a 18 meses
Este artigo apresenta como a introdução da música no cotidiano dos bebês é capaz de
estimular o cérebro para beneficiar o desenvolvimento psicológico, psíquico e, especialmente,
o cognitivo, diretamente relacionado à capacidade de aprendizado e desenvolvimento de
habilidades nos primeiros anos de vida.
A importância desta pesquisa devido à presença da música em todos os momentos de
nossas vidas, da primeira infância até a vida adulta — desde uma canção de ninar, quando
bebês, até festas e comemorações, além de uma companhia durante a prática de esportes. Sabe-
se que a música, por vezes, apresenta-se como uma aliada no combate a transtornos emocionais
ou de humor, seja ao ouvir, apreciar, produzir música, tocar um instrumento ou cantar.
O uso da música nos bebês, como forma de divertir e acalmar, é utilizado há muito
tempo, por inúmeras culturas e diversos países. As canções de ninar e brincar, por exemplo, são
as mais utilizadas.
Todas essas afirmações justificam a escolha desse tema, de modo que, para abordar o
problema apresentado, serão analisados estudos desenvolvidos com bebês a termo, ou seja,
bebês que tiveram o nascimento no momento ideal. Assim, para delimitarmos uma faixa etária
dentro da primeira infância, o enfoque da pesquisa será crianças de zero a dezoito meses.
Assim, o objetivo principal desse artigo é elucidar como a música influencia bebês de
zero a dezoito meses, além de demonstrar como ela pode ser utilizada, seus benefícios e
estímulos resultantes.
Para atingir tal desiderato, serão desenvolvidos alguns objetivos secundários, tais como:
analisar a influência da música na vida do bebê, ao explicar como o processo de memorização
da criança acontece e como a repetição gera mais segurança para que ela se desenvolva
adequadamente; ampliar o estudo na interação dos pais com o bebê, com enfoque na
semelhança do aprendizado musical com o aprendizado da linguagem materna; e, por fim,
desenvolver a melhor maneira de introduzir a música na vida dos bebês, verificando quais são
suas preferências.
2 Metodologia
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Saara Veridiana Santetti Boeno e Jeimely Heep Bornholdt
Busca-se, com isso, ampliar os estudos nessa área e contribuir para despertar no leitor e
na comunidade científica o interesse na música como instrumento de desenvolvido das crianças
nos primeiros anos de vida. A partir disso, pretende-se, também, que novos estudos sejam
realizados e aprofundados, evidenciando ainda mais a importância do assunto.
3 A vida intrauterina
O bebê já experimenta, desde o ventre de sua mãe, as variações entre o som e o silêncio.
O universo intrauterino é capaz de trazer inúmeras experiências para o bebê, conforme Siqueira
(2020, p. 2):
[...] após a vigésima semana, dá-se início à experiência auditiva do ser humano. A
literatura diverge quanto ao momento exato do início dessa jornada, mas, de fato,
assim que o aparelho auditivo do futuro bebê se encontra formado, informações
sonoras de todo tipo passam a ser percebidas por ele (SIQUEIRA, 2020, p. 2).
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A influência da música na vida dos bebês de 0 a 18 meses
pelo feto também na forma de experiência tátil. Sabemos que após o nascimento o bebê
continuará empregando no ato da escuta, além dos seus ouvidos, todo o seu corpo, uma vez que
“a pele toda vibra em contato com o dado sonoro” (MORAES, 2001, p. 63).
A capacidade cognitiva do feto é maior do que se pensava até tempos atrás. A
pesquisadora Ester Beyer, referência em estudos musicais com bebês, em sua pesquisa declarou
que:
[...] por muito tempo pensou-se que os bebês começariam a exercer suas funções
gradativamente somente depois que nascessem, sendo assim, eles eram vistos como
praticamente cegos e surdos, eram considerados ‘uma substância amorfa, uma tabula
rasa, um ser completamente vulnerável e frágil (BEYER, 2005, p. 95).
Além de Beyer, outros pesquisadores defendem vários fatos surpreendentes, tais como,
o de que o feto é capaz de sonhar. Roffwarg, Muzio e Dement (1966) observaram as expressões
faciais, a pressão sanguínea, o ritmo respiratório e cardíaco de bebês prematuros de 30 semanas
durante o sono, além dos dados que foram coletados por meio de eletroencefalograma; logo
após, esses pesquisadores realizaram uma comparação dessas informações com as reações e os
eletroencefalogramas de adultos, enquanto eles sonhavam. Os resultados mostraram que os
fetos não apenas podem sonhar, mas que esses sonhos chegam a ocupar praticamente todo o
seu tempo de sono.
Em A interpretação de sonhos, Freud (1900/1972) cita sonhos e fantasias que estão
presentes no inconsciente do ser humano, que apontam uma ligação com as experiências vividas
no pré-natal e no momento do nascimento. Segundo ele, esses momentos muitas vezes deram
origem a certos sonhos que envolvem situações angustiantes, como passar por lugares estreitos
ou estar na água.
É possível inferir que o bebê é capaz de guardar consigo experiências vividas no meio
uterino e no momento em que veio a este mundo, o que reforça a importância de a mãe escutar
músicas para estimular o ouvido do bebê; dessa forma, introduz-se a música no seu mundo,
despertando nele todas as sensações que a música pode oferecer, tais como: calmaria, alegria,
leveza e curiosidade, como será demonstrado a seguir.
4 A partir do nascimento
Ao nascer, um novo mundo é apresentado ao bebê, onde ele vai se adaptar e conhecer.
O bebê tem sede de novas descobertas e vivências; dessa forma, ele cria suas memórias a partir
da interação com o seu meio. Segundo Kotulak (1997), “após o nascimento, seu cérebro passa
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Saara Veridiana Santetti Boeno e Jeimely Heep Bornholdt
por um grande crescimento [...] trilhões de sinapses ocorrem entre as células cerebrais, que
começam a ser formadas antes mesmo do bebê completar seu primeiro ano de vida. ”
(KOTULAK, 1997, p. 6, tradução nossa3). As experiências proporcionadas ao bebê estimulam
a ocorrência das sinapses, as quais “permitem a junção de ideias e o desenvolvimento de
pensamentos que constituem as bases da inteligência, imaginação e criatividade. ” (Ibid, 1997,
p. 6, tradução nossa).
A partir disso, torna-se explícita a importância de que essa fase seja repleta de estímulos,
de cuidado e responsabilidade, visto que esse momento terá forte repercussão na vida do bebê.
Isto porque, segundo Kotulak (1997), “essas redes podem ser destruídas quando as experiências
na infância são desprovidas de estimulação mental ou sobrecarregadas de estresse.”. (Ibid,
1997, p. 6, tradução nossa).
O bebê traz consigo algumas características e capacidades inatas e outras ele adquire ao
longo do tempo, conforme os estímulos que recebe. Por exemplo, sua capacidade de chorar é
inata, sendo “um sinal de aflição e manifestação e possui um padrão pré-programado com a
expiração adequadamente prolongada. ” (PAPOUSEK, 2012, tradução nossa). O objetivo é
sinalizar situações como fome, dor ou incômodos. Já a emissão de outros sons, como a fala, é
desenvolvida posteriormente e é necessário que o bebê adquira esse aprendizado do zero.
Em relação ao aspecto musical, Delalande (1995, 1999) defende que “a capacidade musical
é inata ao bebê, que pode ser estimulada com a ampliação dos sons ao seu redor. ”
(DELALANDE, 1995, p. 45).
O pesquisador, filósofo e educador musical esmiúça mais os seus estudos e postula que
o prazer pela música começa muito cedo, como, por exemplo, quando o bebê começa com os
balbucios e realiza experiências com suas pregas vocais — o que aguça e inicia a sua função de
comunicação (DELALANDE, 1995).
Verifica-se, portanto, que, apesar de considerar a capacidade musical uma característica
pré-existente, o referido autor também defende que a musicalidade pode ser ampliada se
estimulada logo na primeira infância.
Outros autores, por sua vez, defendem que a capacidade musical pode ser adquirida e
aprendida. Em termos genéricos, Antunes (2002) afirma que:
[...] é perceptível o fato de o talento ser visto na maioria das vezes como algo que não
seria encontrado em todos os indivíduos, somente alguns seriam privilegiados com
3
[…]after birth, the brain goes through a wild growth spurt, building trillions of synaptic letters between brain cells per day.
(KOTULAK, 1997, p. 6).
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A influência da música na vida dos bebês de 0 a 18 meses
ele e que também ele é inato, fixo e já vem “pronto” para ser usado e que a criança
que possui talento não precisa treinar e se aperfeiçoar (ANTUNES, 2002, p. 39).
Quando o bebê nasce, ele deixa o ambiente sonoro intrauterino que até então o transmitia
segurança. O som ora filtrado pelo líquido amniótico, agora tem contato direto com o bebê, ou
seja, “o contato com o som e as vibrações ocorre de outro jeito: agora ele consegue ouvir a voz
da mãe e de outras pessoas ao seu redor de maneira direta muito mais clara.” (BRUSCIA, 1999,
p. 14). Neste novo contexto, os estímulos adequados podem auxiliar essa transição promovendo
sensação de segurança, como o contato com os pais, o vínculo afetivo e a rotina. A música
também é capaz de transparecer segurança e calmaria. Jaber (2012) nos coloca o seu ponto de
vista, no qual acredita que os sons encontrados no ambiente intrauterino devem fundamentar a
etapa de iniciação musical, já que o bebê está enfrentando um difícil processo de transição para
o mundo exterior. Sabe-se que atualmente são utilizados vários sons que imitam o ambiente
sonoro intrauterino, com o intuito de trazer ao bebê a mesma sensação de segurança e rotina
que ele experimentava anteriormente. Estudos têm demonstrado que muitos bebês em
momentos de agitação demonstram se acalmar após ouvir a reprodução do som que escutavam
durante a vida pré-natal (ROSNER; DOHERTY, 1979).
Trehub (1990) concluiu que a música a ser trabalhada com o bebê deve ser parecida com
aquilo que ouve com mais frequência em momentos normais, isto é, naturais do dia-a-dia; o
autor postulou ser interessante, como exemplo, a utilização de músicas com vozes de mulheres
jovens.
Em uma etapa seguinte, as canções de ninar ou brincar, desempenham um papel
importante na hora de apresentar ao bebê as muitas possibilidades de sons, rimas e melodias.
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Saara Veridiana Santetti Boeno e Jeimely Heep Bornholdt
Gordon acredita que “o lar é a escola mais importante que as crianças alguma vez irão
conhecer e os pais são os professores mais marcantes que alguma vez irão ter.” (GORDON,
2008, p. 8).
Por isso, é de grande importância que os pais interajam com os filhos o máximo possível,
uma vez que os bebês buscam se comunicar e se expressar desde o seu nascimento. Aos pais é
dada a missão de estimular os bebês a sentar, segurar a cabeça, o tronco, andar e, já é inerente
da criança o brincar, além de atuar como “professores da língua materna, e como mediadores
de influências culturais.” (CARNEIRO; PARIZZI apud PAPOUSEK, 2012, p. 90).
Nesse ambiente de aprendizado, a música pode entrar na lista e ser desenvolvida por
diversos meios. Um deles pode ser mais simples do que se possa imaginar e está acessível a
praticamente todos os pais. Corresponde ao saber que os bebês vão emitindo, no início da vida,
sons cada vez mais claros e comunicativos e que vão se aproximando da linguagem e da nossa
compreensão. Os estudos de Trevarthen (2004) e Malloch (2009), realizados sobre os bebês,
mostram que há muitas habilidades neles existentes que até então desconhecíamos e até
duvidaríamos, como, por exemplo sua capacidade de ter interações pré-verbais com outras
pessoas de uma maneira muito expressiva.
Essas interações dos bebês, que podem ocorrer até antes dos três meses de vida com os
pais ou cuidadores, são semelhantes aos diálogos e a elas dá-se o nome de “protoconversas
expressivas”. Essas interações são complementadas por respostas não verbais, como expressões
faciais e gestos, sendo a emoção compartilhada e vivenciada (MALLOCH, 2009).
Assim, de uma maneira natural, espontânea e por vezes inconsciente, os pais apresentam
aos bebês diversos contornos melódicos. Sendo assim, mesmo sem saber, os pais podem ajudar
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A influência da música na vida dos bebês de 0 a 18 meses
no desenvolvimento da audição do bebê com suas imitações. Essa modulação de voz também
pode aumentar a atratividade do bebê para as brincadeiras infantis, afetar seu estado emocional
e apoiar o desenvolvimento musical (PAPOUŠEK; PAPOUŠEK, 1981, tradução nossa).
Portanto, os pais auxiliam o bebê na aquisição da fala e futuramente do canto, pois demonstram
as várias formas de uso da voz.
Indo além, para elucidar mais a influência dos estímulos musicais na primeira infância,
Fucci-Amato (2008) realizou análises sobre as biografias de alguns músicos. Nessas análises,
percebeu que a família tem uma vasta importância na formação cultural do ser humano. Heitor
Villa-Lobos, maestro, compositor, violoncelista e pianista, revelou que foi inserido no mundo
da música pelo seu pai, que era músico amador. Com ele, Heitor sempre assistia concertos e
óperas. Ele lhe deu instruções musicais e adaptou uma viola para que Heitor pudesse iniciar
seus estudos no violoncelo. Já Antônio Carlos Gomes, importante compositor da música
brasileira, também começou a ter contato com a música desde muito cedo, pois seu pai era
mestre de banda e compositor.
Na mesma linha, Jaber (2012) ressalta que, mesmo que alguns pais acreditem que não
possuem conhecimento musical suficiente para a realização da estimulação musical inicial, não
são necessárias altas habilidades musicais. Assim como no aprendizado da fala não exige que
os pais sejam oradores, basta que tenham afinação, cantem para o bebê e sejam capazes de
movimentar-se de maneira livre e flexível.
Reforçando os argumentos dos demais estudiosos, Gordon (2008) acredita que o
desenvolvimento musical se assemelha com o desenvolvimento da linguagem, já que para
aprender a se expressar, a criança precisa de um vocabulário vasto de fala e audição. Os bebês
são estimulados pelos pais para falar, engatinhar, andar e, para que tenham um bom
desenvolvimento musical, eles necessitam dessa mesma interação e estímulo. Os bebês
precisam da ajuda dos adultos para “aprender a decodificar a música da sua cultura, da mesma
forma que necessitam de ajuda para decodificar a sua língua materna. ” (GORDON, 2008, p.
21).
Por fim, de grande importância é a pesquisa de Jaber (2012), o qual sustenta que a
música pode alterar o nível de hormônios até mesmo em bebês. Em seu estudo, eles mediram o
nível de cortisol (hormônio associado ao estresse) na saliva de bebês de 6 meses após ouvirem
a voz da mãe em três situações: cantando para eles, falando e em silêncio; os resultados
atestaram que a taxa de cortisol baixou após o bebê ouvir a mãe cantar.
A essa conclusão chegaram, também, vários outros estudiosos do assunto, como
Shenfield, Trehub e Nakata (2002), Tame (1993), Ruud (1991), Clayton, Sager e Will (2004).
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Saara Veridiana Santetti Boeno e Jeimely Heep Bornholdt
7 Conclusão
Referências
BEYER, Esther S.W. A abordagem cognitiva em música: uma crítica ao ensino da música,
a partir da teoria de Piaget. 1988. Dissertação (Mestrado em Educação) – FACED, UFRGS,
Porto Alegre, 1988.
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A influência da música na vida dos bebês de 0 a 18 meses
KOTULAK, Ronald. Inside the brain: revolutionary discoveries of how the mind works.
Kansas City: Andrews McMeel Publishing, 1997.
PAPOUSEK, Harmš. Musicality in infancy research: biological and cultural origins of early
musicality. In: DELIÈGE, I; SLOBODA, J. Musical Beginnings: Origins and Development
of Musical Competence. Oxford Scholarship Online: March, 2012.
REED, Umbertina Conti. Desenvolvimento normal do sistema nervoso central. In: NITRINI,
Ricardo; BACHESCHI, Luiz Alberto. A neurologia que todo médico deve saber. 2. ed. São
Paulo: Atheneu, 2005. p. 395-400.
TREVARTHEN, C. Musicality and the intrinsic motive pulse: evidence from psychobiology
and infant communication. Musicae Scientia, Special Issue, 2004.
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Saara Veridiana Santetti Boeno e Jeimely Heep Bornholdt
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MÚSICA COMO RECURSO DE ESTIMULAÇÃO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Carlos Antonio Freitas da Silva; Valeria Vieira Alves; Barbara Mattiuci
RESUMO:
O presente trabalho é um relato de experiência vivido em um berçário de uma escola de ensino infantil
e fundamental I, na cidade de Parnamirim/RN. Ele relata as práticas e vivências pedagógicas da
Educação Musical realizada com um grupo de nove crianças com idade compreendida entre 10 e 23
meses. As práticas foram mensuradas através dos desenvolvimentos das crianças quanto a sua
atividade de vida diária compreendida na sua rotina escolar. Os resultados obtidos com esse relato
foram significativos no que diz respeito ao ganho de atenção, memorização, desenvolvimento motores
e cognitivos das crianças.
INTRODUÇÃO
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pensamento, a arte e o saber, visando o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para
o exercício da cidadania, em co-participação de responsabilidade entre a escola e a família.
A escola ministra a Educação Básica nas etapas do Berçário (creche), Educação
Infantil (pré-escola) e Ensino Fundamental nos anos iniciais. Conta com o apoio pedagógico
desenvolvido por educadores que atuam na biblioteca, sala de leitura, laboratórios de ciências,
sala de reforço e sala de recursos multifuncionais, sala de informática, área de recreação, além
de um conselho escolar formado por um membro da equipe da direção, secretaria, duas
coordenadoras, quatro professores e um aluno, esse conselho tem como objetivo avaliar e
melhorar o processo de ensino-aprendizagem dentro da instituição1.
Este trabalho relata especificamente a vivência em quatro aulas nessa instituição
escolar, onde percebermos que através dessas, houveram desenvolvimentos significativos, no
que diz respeito a concentração, interação, atenção, dentre outros aspectos do
desenvolvimento infantil. Dessa maneira, entendemos que os acontecimentos foram
relevantes ao ponto de serem divulgados e assim poder contribuir para a educação específica
da música e na educação geral.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1
Regimento Escolar do Semear.
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cognição, tais como o desenvolvimento da memória, da imaginação e da
comunicação verbal e corporal (JOLY, 2003, p.113).
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músicas. Sendo assim, o planejamento das primeiras aulas contemplava uma vivência de
diversificação sonora para as crianças. Quanto ao sistema vestibular, tem-se a estimulação
através da utilização de diferentes alturas: balançar, rodar, subir, descer, pular, sendo essas
atividades mais exploradas no parque.
CARACTERIZAÇÃO DA TURMA
As crianças têm idade compreendida entre 10 e 23 meses, onde cinco eram do sexo
feminino e quatro do sexo masculino. De acordo com as sub etapas contidas no estágio
sensório-motor descritas por Piaget, relatadas em Papalia (2006), foi observado o atraso no
desenvolvimento de algumas crianças.
A princípio elas limitavam-se basicamente a pegar o brinquedo do colega ou
reclamar quando o seu era tomado pelo outro. A heterogeneidade também é um aspecto
relevante e de fácil visualização, pois havia criança de dez meses que já andava e criança de
quinze meses que não conseguia se colocar sentada sem auxílio. Quanto à questão verbal,
apenas duas das crianças falavam de forma compreensível, mas com o vocabulário ainda bem
restrito.
O segundo passo foi a verificação da casualidade do atraso, nessa etapa ficou clara a
importância da estimulação, pois nenhuma das crianças apresentou algum tipo de transtorno,
síndrome, patologia ou qualquer outro fator, se não a redução na quantidade de
experimentações vivenciadas pelas crianças, que pudesse vir a explicar a inadequação da
idade.
As atividades de musicalização foram desenvolvidas em um espaço especifico
voltado para o desenvolvimento de atividades educacionais recreativas e musicais, uma sala
ampla e arejada, especialmente preparada e decorada para receber e acolher as crianças em
sua rotina diária, pois, visualmente, o ambiente necessita ser atrativo, de forma que instigue a
curiosidade para a manipulação e proporcione a identificação de diferentes tipos de cores,
tons e contrastes. Para Cridy e Kaercher (2001), esse espaço físico e social e de fundamental
importância para o desenvolvimento das crianças.
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As práticas vivenciadas foram mensuradas através dos desenvolvimentos das
crianças quanto a sua atividade de vida diária diversificada como: trabalho de coordenação
motora ampla, contação de histórias, momentos no parque, assistir filmes, entre outras.
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lanche, era cantada uma música relativa ao mesmo, de forma que as crianças já sabiam que
deveriam sentar nas cadeiras em volta da mesa e se preparar para a refeição. Ou antes, das
histórias, quando estendíamos um edredom especifico e todos se sentavam. Nessa mesma
lógica, fica estabelecido um marco para o início das aulas de musicalização, o que acaba por
ser bem natural, devido à presença do professor de Educação Musical.
RELATOS DE ATIVIDADES
Aula 1
Na primeira atividade foi usada uma flauta transversal, uma flauta doce, um pandeiro
e um banjo. Os instrumentos iam sendo apresentados um por um, e sempre após a
apresentação era tocada uma música com o respectivo instrumento, e depois das dinâmicas
eram disponibilizados para as crianças, para que eles pudessem vivenciar o processo
empírico.
No primeiro momento da aula apresentamos o pandeiro, as crianças ficaram com um
pouco receosa com a novidade e não quiseram se aproximar. Entretanto, deixamos vários
pandeiros espalhados pala sala e aos poucos elas foram se arriscando a tocar naquele novo
objeto, entendemos que esse é “um período de autoconhecimento e estabelecimento de
modelos vocais, no qual o bebê experimentar, diversas formas de emissão sonora (GOMES,
2011, p. 62).
Com esse instrumento, foram tocados ritmos como: samba partido alto, ijexá, baião e
em seguida executamos uma música do grupo Palavra Cantada (Bolinhas de Sabão) em ritmo
de pagode. Após a execução da dinâmica houve uma improvisação com uma música que
falava os nomes das crianças “o pandeiro, o pandeiro, o pandeiro de Gabi”. Compartilhamos
com o pensamento de Feres (1998), que essa atividade se faz necessário porque “É importante
que professor saiba o nome das crianças desde o primeiro contato com elas” (FERES, 1998,
p.16).
Para o segundo momento preparamos uma apresentação musical com as flautas doce
e transversal, onde foi executado o “Minueto em Sol Maior de Bach”. O resultado foi
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surpreendente, as crianças pareciam hipnotizadas pelo instrumento e seu som, ficaram alguns
minutos com olhos atentos fitando os movimentos no objeto tocado, não produziam som e
não se movimentavam, só olhavam fixamente. Em um terceiro momento com o
acompanhamento do banjo foi tocada e cantada a música “Se Essa Rua Fosse Minha”
(domínio público).
Para não perdemos a interação aluno-professor fizemos uma música que sugeria
atividades que contemplasse movimentos corporais (baseado em uma dos Métodos Ativos em
Música do educador musical Émile Jaques Dalcroze), era a música “Caranguejo não é peixe”
(Domínio público). Voltamos a obter sucesso quando as crianças começaram a dançar e imitar
pequenos gestos de palmas, pés e balanço de cabeça.
Aula 2
Começamos com os procedimentos preparativos para as práticas musicais, onde
retomamos as musicais da primeira aula, canto de entrada, canto de apresentação e em
seguida começamos a aula. Introduzimos instrumentos de bandinha rítmica2, distribuindo
maracas3 para crianças. O interessante que nós tivemos com essa atividade foi à possibilidade
de manipulação do objeto, de forma a utilizar de vários sistemas sensoriais na
experimentação, o que é de grande importância para o desenvolvimento cognitivo, e está
intimamente relacionado com o desenvolvimento motor. Pois segundo Oliveira (2002), a
imaturidade motora das crianças se perpetua por um longo tempo de dependência do outro ser
humano, com isso, há a necessidade de proporcionarmos atividades que ajudem no seu
desenvolvimento
As crianças exploraram os objetos com as mãos e com a boca, balançaram, giraram e
usaram para bater em outras coisas, inclusive no professor. Nós não interferimos no manuseio
dos instrumentos, pois levamos em conta que não devemos ajudar “a criança a bater o ritmo
ou ensinar a segurar o instrumento. Deve-se deixar que ela desenvolva o sentido do ritmo por
si mesma, naturalmente” (FERES, 1998, p.16).
Como descrito por Freitas (2006). “O processo de construção do conhecimento evoca
que as sensações devem integrar-se em esquemas de ação, o que requer a participação da
2
É um conjunto de instrumental, na maioria de percussão, através do qual são tocados ritmos, acompanhando
uma melodia cantada ou tocada. Os instrumentos podem ser: Cordofones, aerofones, menbranofones, idiofones e
eletrofones.
3
É um idiofone de agitamento (Chocalho).
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percepção e a estruturação das representações mentais” (FREITAS, 2006, p. 91-96). A
intenção era de que as crianças experimentassem livremente os instrumentos, pois “Através da
exploração, as crianças chegarão, conseqüentemente, ao conhecimento desejado” (FERES,
1998. p. 26).
Ao final da aula introduzimos uma nova dinâmica: “chuva de bolinhas”. Com o
pandeiro íamos cantando a música Bolinha de Sabão, e colocando as bolinhas de plástico de
cores e tamanhos diversificadas na parte interna do casco do pandeiro, e em seguida o
instrumento era levantado mais alto que as crianças, depois as bolas eram derramadas como
se fosse uma “chuva de bolinhas”.
A intenção da segunda dinâmica era que as crianças pegassem as bolinhas e
colocassem dentro do pandeiro como o educador musical estava fazendo, com isso íamos
estimulando os movimentos motores finos, e também a apreciação de diferentes figuras e
formas que existem em nosso cotidiano.
Ao termino de nossa atividade, fomos surpreendidos por uma das crianças. Ela virou
o pandeiro que estava na mão do educador musical e colocou uma bolinha e depois outra
bolinha, essa atitude provou a mesma reação em outras crianças.
Aula 3
Durante preparação para o início das atividades (organização do espaço as dinâmicas
musicais, canto de entrada), fomos surpreendidos quando ao desenvolver a atividade “chuva
de bolinhas” – reproduzida na aula anterior - uma das crianças de imediato pegou um
pandeiro, virou o mesmo e colocou bolas de plástico dentro dele, desvirando-o em seguida
para que as bolas pudessem cair, imitando toda a gestualidade apresentada na aula anterior.
Esse fato é bastante significativo no que diz respeito ao desenvolvimento inicial do cérebro,
pois com defende Bauer, Pathman (2008), com o aumento da idade, as crianças conseguem
guardar lembranças das experiências vividas por um período cada vez mais longo.
Iniciamos a aula introduzindo o conceito de paisagem sonora4, e comecemos a
estimular formas, texturas e timbres diferenciados. Essa atividade busca interar a criança com
a percepção sonora ao seu redor. Para reproduzir o som de alguns instrumentos
4
Se caracteriza pelo estudo e análise do universo sonoro que nos rodeia, esse método se difundiu através do
trabalho dirigido por R. Murray Schafer .
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convencionais, como ganzá, tambor, reco-reco, dentre outros, usamos instrumentos musicais
alternativos, construídos a partir de materiais recicláveis: balde de tinta, garrafas pet de água
mineral, pedaço de cremalheira de portão eletrônico e chapa de raio-X.
Espalhamos os instrumentos não convencionais por todo o espaço onde realizávamos
a aula. A intenção era que as crianças pudessem ouvir e perceber as diversidades de texturas
que produzem timbres e alturas diferentes através da agitação ou batidas dos objetos. E para o
segundo momento da aula distribuímos maracas de plástico colorida para as crianças e
deixamos que elas explorassem os instrumentos antes de interferirmos na dinâmica. Essa
atividade consistia em formar um grande circulo e fazer com que elas acompanhassem uma
música gospel infantil chamada “Deus Faz Crescer o Capim” (autor desconhecido), agitando
as maracas.
Aula 4
Para quarta aula, fizemos uma revisão das citadas acima, onde retomamos as
dinâmicas apresentadas, distribuímos as maracas e introduzimos o violão para auxiliar nas
dinâmicas e na execução de cantigas do cancioneiro popular.
RESULTADOS OBTIDOS
Diante das atividades realizadas, pudemos perceber diversas reações que nos
surpreenderam Em uma aula, onde apresentamos e tocamos as flautas doce e transversal,
verificamos uma capacidade significativa de atenção e principalmente de adaptação com
objetos sonoros diferentes. Além disso, constatamos grandes avanços no que diz respeito à
interação e ao desenvolvimento motor, tátil e na manipulação de objetos. Com base nisso,
entendemos que o contato com os instrumentos musicais foram bastante eficazes para que as
crianças pudessem desenvolver esses sentidos. Esse contato se deu de maneira livre, pois
acreditamos que a criança deve aprender a segurar e a manusear sozinha os instrumentos.
As atividades que contemplaram movimentos corporais foram bastante receptivos
pelas crianças, essas atividades foram expressas com pequenos gestos de palmas, pés e
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movimentos com a cabeça. Acreditamos que a criança pode se apropriar de elementos
musicais, entre eles, o elemento rítmico, através do movimento. Além disso, percebemos ao
longo dessas quatro aulas, um nível expressivo de atenção, concentração, imitação e
coordenação motora, pois as atividades geralmente eram lembradas pelas crianças.
Chamou nos á atenção as aprendizagens vinculadas à memória, pois era comum que
algumas crianças lembrassem alguma atividade da aula anterior. E isso nos leva a refletir e
querer entender mais o que leva uma criança a se interessar por uma aula de musica com tais
peculiaridades, uma vez que as aulas relatadas nesse trabalho se utilizam de vários elementos,
como instrumentos convencionais e não convencionais, histórias, cantigas de roda, dentre
outros. “Á questão da aprendizagem é resultado do pressuposto de que o ambiente e a
experiência são determinantes do comportamento” (FONTANA, CRUZ, 1997, p. 31). Com
isso as habilidades são aprendidas a partir das experiências de cada individuo.
Entretanto, alguns resultados foram negativos, nesse sentido, mesmo estimulando o
uso dos instrumentos não convencionais, tocando, balançando e mostrando as crianças, não
tivemos muito sucesso no que diz respeito ao reconhecimento dos instrumentos musicais não
convencionais. As crianças não se sentiram instigadas a explorar o material que usamos nessa
dinâmica e nem a sua sonoridade. Da mesma maneira, em algumas músicas, como por
exemplo, “Se Essa Rua Fosse Minha” fez com que as crianças se distraíssem. Contudo,
podemos constatar que durante as quatro aulas, obtivemos vários resultados em sua maioria
positivo, pois houve, além dos avanços musicais, uma maior confiabilidade das crianças com
o educador musical e no espaço social em que elas estavam inseridas.
CONCLUSÃO
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uma aula de música? Qual a metodologia do professor? Será que a criança se comporta na
aula de música da mesma maneira que se comporta em outras aulas? Essas e outras questões
nos impulsionam a um trabalho mais amplo dessa realidade.
Contudo, este relato pode contribuir para que pesquisadores, educadores, instituições
possam (re) conhecer este trabalho e assim haver o diálogo e a troca de experiência como
meio para a qualidade do ensino de música especificamente.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos, Lei nº
11.769, de 18 de agosto de 2008.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do
Desporto, 3vol, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.
CRIDY, Carmem; KAERCHER, Gláidis E. Educação Infantil: pra que te quero? Porto
Alegre: Artmed, 2001, p. 28-36.
FERES, Josette S. M.. Bebê: música e movimento: orientação para musicalização infantil.
Jundiaí/SP: J. S. M. Feres, 1998.
FONTANA, Roseli e CRUZ, Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual,
1997, p. 24 – 31.
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KRAMER, Sonia. Infancia-educação: Reflexões para o início do século. Rio de
Janeiro: Cortez, 2000, p.83- 105.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez,
2002.
PAPALIA , Diane E./ OLDS, Sally Wendkos/ FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento
Humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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(EI02TS01)
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"EU NÃO TENHO RITMO"
- Como encontrar o ritmo em canções de
domínio público
- Identificar o seu "porto seguro"
- Teste 1 - ritmo com a música
- Teste 2 - ritmo sem a música
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RÍTMO NA PRÁTICA
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ENTONAÇÃO NA HISTÓRIA
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MATERIAIS - SONORIZAÇÃO E CONTAÇÃO
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INVESTIGAÇÃO
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COMO
CONSTRUIR
INSTRUMENTOS
MUSICAIS
e como utilizá-los em aula
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Sumário
Sobre o autor.................................................................... 03
Sobre os instrumentos...................................................... 04
Ganzá (chocalho)........................................................... 05
Bexigofone........................................................................ 06
Beliscofone....................................................................... 07
Reco-reco......................................................................... 08
Bongô / Agogô................................................................ 09
Claves................................................................................ 10
Elasticofone...................................................................... 11
Chajchas........................................................................... 12
Kazoo.................................................................................13
Berimbaulata.................................................................... 14
Gostou do e-book?......................................................... 15
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Sobre o autor
Olá! Meu nome é Marcus José Vieira, sou professor de
música e autor deste e-book.
Concluí minha Licenciatura em Música pela UEL em
2005, mas meu primeiro contato com instrumentos
“alternativos” foi antes mesmo de começar a
faculdade, quando assisti a um show do grupo STOMP
(se você não conhece, recomendo que procure o grupo na internet,
porque eles são FANTÁSTICOS!). Ao assistir aquele espetáculo tive meu
primeiro contato com as possibilidades musicais que os sons corporais e
de instrumentos não convencionais podem nos proporcionar.
De lá pra cá experimentei várias formas de fazer música com
instrumentos musicais alternativos e objetos sonoros dos mais diversos.
Reuni neste e-book algumas ideias que “coleciono” há alguns anos e
espero que elas possam servir para você de alguma forma.
Atualmente produzo um site de música para educadores, o
MUSIPED (talvez você tenha feito o download deste material lá). Se
você ainda não conhece o site, recomendo que você acesse e busque
mais materiais como este. O endereço é www.musiped.com.br .
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Sobre os instrumentos
Acabamento e decoração
Neste e-book tentei ser bem direto, por isso você verá que os
instrumentos não têm nenhum “acabamento”. No entanto, eu
recomendo que ao utilizar a proposta de construção de instrumentos
junto com seus educandos, você personalize cada um dos instrumentos,
pintando, encapando, colando adereços, enfim, deixando os
instrumentos mais bonitos e com o toque de cada aluno sempre que
possível.
Continue experimentando
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Ganzá (chocalho)
Material necessário
Potes plásticos (iogurte ou leite fermentado)
Bexiga
Fita adesiva
Arroz cru (ou outro grão como feijão, lentilha ou milho)
Como construir
1) Coloque o arroz dentro dos potes plásticos
2) Corte o “bico” da bexiga
3) Estique o fundo da bexiga sobre todo o pote de iogurte
4) Se desejar, use a fita adesiva para fixar melhor a bexiga
Como tocar
Para tocar basta chacoalhar os potes. Perceba que dependendo de
onde o arroz bate o som muda. Este simples instrumento tem 3 sons: um
no fundo do pote, outro na lateral do pote e outro na bexiga.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Bexigofone
Material necessário
Tubo de papelão ou PVC
Bexiga
Fita adesiva
Gargalo de garrafa PET
Como construir
1) Corte um pequeno pedaço do fundo da bexiga
2) Coloque a “parte de cima” da bexiga em uma das
pontas no tubo
3) Fixe a bexiga ao tubo com a fita adesiva
4) Na outra extremidade da bexiga coloque o gargalo da garrafa
5) Se desejar, prenda o gargalo da garrafa à bexiga com fita
adesiva ou com elásticos.
Como tocar
Para tocar segure com uma das mãos o tubo e com a outra segure o
gargalo da garrafa PET. Coloque o gargalo na boca e posicione o tubo
de papelão formando um ângulo menor que 90º em relação à bexiga.
Estique a bexiga e assopre. A bexiga vai vibrar e produzir o som. Quanto
maior o tubo mais grave o som. Você também pode alterar o som
esticando mais a bexiga, afastando ou aproximando o tubo.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Beliscofone
Material necessário
Tubo de papelão ou PVC
Bexiga
Fita adesiva
Como construir
1) Corte o “bico” da bexiga
2) Coloque o fundo da bexiga em uma das pontas do tubo
3) Fixe a bexiga ao tubo com a fita adesiva
Como tocar
Para tocar basta “beliscar” a bexiga puxando com a ponta dos dedos
e soltando. A bexiga vai vibrar e produzir o som. Quanto maior o tubo
mais grave o som. Você também pode alterar o som esticando mais a
bexiga.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Reco-reco
Material necessário
Espiral de caderno ou apostila
Tubo de PVC
Como construir
1) Retire o espiral do caderno ou da apostila
2) Coloque o espiral em volta do tubo
3) Prenda o espiral furando o tubo ou fixando com fita adesiva
Como tocar
Para tocar basta “raspar” uma baqueta no espiral. A baqueta pode ser
um lápis, uma caneta, um palito de churrasco ou qualquer outo objeto
semelhante.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Bongo / Agogô
Material necessário
2 potes de tamanhos diferentes
Fita adesiva
Como construir
1) Alinhe as partes dos potes que serão
percutidas
2) Junte os potes com a fita adesiva
Como tocar
Você pode tocar com as mãos simulando um bongo ou pode tocar
com baquetas para simular um agogô. As baquetas podem ser feitas
de palitos de churrasco, canetas, lápis ou qualquer outro objeto
semelhante.
Você também pode fazer este instrumento com mais do que duas
peças e explorar ainda melhor os termos agudo e grave mostrando
como eles são relativos. Caso você tenha 3 sons por exemplo, o som
médio é mais grave que o mais agudo, mas é mais agudo do que o
som mais grave.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Claves
Material necessário
Um cabo de vassoura
Uma serrinha
Uma lixa
Como construir
1) Meça e marque pedaços de 15 cm no cabo de vassoura
2) Serre os pedaços
3) Lixe as pontas dos pedaços
Como tocar
Para tocar basta bater uma clave na outra. Caso queira modificar o
som, tente segurar uma das claves formando uma pequena “caixa de
ressonância” com a mão em concha embaixo dela. Ao tocar com a
outra clave você vai perceber que além de modificar o timbre você
conseguirá ainda mais projeção.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Elasticofone
Material necessário
Uma lata
Elásticos
Como construir
1) Estique elásticos em volta da lata
2) Se desejar, prenda os elásticos com fita ou com pregos
Como tocar
Para tocar basta puxar e soltar os elásticos. Os elásticos mais esticados
terão som mais agudo, os menos esticados terão som mais grave.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Chajchas
Material necessário
Tampas de garrafa (de plástico)
Prego e Alicate (ou ferro de solda)
Barbante (ou fio de nylon)
Como construir
1) Segure o prego com o alicate
2) Esquente o prego no fogo e fure as tampinhas derretendo o
plástico (você também pode utilizar um ferro de solda quente)
3) Amarre as tampinhas com o barbante
Como tocar
Este instrumento pode ser chacoalhado com firmeza para obter sons
mais precisos ou pode ser “mexido” com delicadeza para produzir um
som contínuo.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Kazoo
Material necessário
Garrafa plástica (PET)
Sacola plástica
Elásticos
Como construir
1) Corte o gargalo da garrafa (e mais
uns 5 cm pra baixo)
2) Coloque um pedaço da sacola plástica na boca da garrafa e
prenda com o elástico (atenção para não deixar a sacola muito
esticada!)
Como tocar
Cante em frente à sacola plástica com “tu – tu – tu”. É importante
encostar na sacola somente um lado dos lábios e deixar um pequeno
espaço do outro lado para que o ar possa sair e vibrar a sacola. Tente
usar sons mais agudos (voz mais “fina”) para mascarar mais o som real
da voz. É importante ressaltar que não se deve assoprar para tocar.
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COMO CONSTRUIR lO INSTRUMENTOS MUSICAIS
Berimbaulata
Material necessário
Pedaço de madeira
Elástico ou fio de nylon (linha de pesca)
Pregos ou parafusos
Martelo ou chave de fenda
Lata pequena
Como construir
1) Coloque um prego em cada extremidade da madeira com uma
distância de pelo menos 40 cm entre eles
2) A cabeça do prego deve ficar a uma altura de
aproximadamente 2 cm acima da madeira
3) Estique o elástico de um prego ao outro
4) Coloque a lata entre o elástico e a madeira, esticando ainda
mais o elástico
5) Arraste a lata para perto de um dos parafusos para esticar ainda
mais o elástico
Como tocar
Puxe e solte o elástico. Mudando a lata de posição você também
muda a tensão do elástico e altera o som. Você também pode tocar
este instrumento com varetas.
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DOI: 10.33054/ABEM20202819
Resumo: Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa que teve como objetivo compreender
como diferentes formas de mediar relações com música, de diferentes profissionais, contribuem para
o projeto formativo de crianças em uma escola de educação infantil. Os pressupostos orientadores
tomam como base ideias de infância, de educação e de música. A estratégia de pesquisa escolhida foi
o estudo de caso e as técnicas, a análise de documentos, a entrevista semiestruturada e a roda de con-
versa. Os resultados evidenciam que o projeto formativo particulariza a escola e direciona os campos
de conhecimento para um objetivo comum: a educação das crianças que introduziram seus inícios
nessa instituição. A música – como um desses campos de conhecimento – funciona como dispositivo
de formação das crianças.
Palavras-chave: Música na educação infantil. Projeto formativo de crianças. Modos de mediar as
relações com música.
Abstract: This paper presents results of a research that aimed to understand how different ways of
mediating relationships with music, of different professionals, contribute to the formative project of
children in a kindergarten school. Guiding assumptions are based on ideas of childhood, education
and music. The research strategy was the case study, and the techniques were document analysis,
semi-structured interview and conversation wheel. The results show that the formative project indi-
vidualizes the school, and directs the fields of knowledge to a common goal: the education of children
who introduced their beginnings in this institution. Music – as one of these fields of knowledge – acts
as a device for the education of children.
Keywords: Music in early childhood school. Formative project. Modes of mediating relationships with
music.
Resumen: Este artículo presenta un fragmento de una investigación que tuvo como objetivo com-
prender cómo diferentes formas de mediación de las relaciones con música, por parte de diferentes
profesionales, contribuyen al proyecto de formación de los niños en una escuela de educación infantil.
Los supuestos rectores se basan en ideas de la infancia, la educación y la música. La estrategia de
investigación elegida fue el estudio de caso y las técnicas, el análisis de documentos, la entrevista
semiestructurada y el círculo de conversación. Los resultados muestran que el proyecto de formación
particulariza la escuela y orienta los campos de conocimiento hacia un objetivo común: la educación
de los niños que introdujeron sus inicios en esta institución. La música, como uno de estos campos
del conocimiento, funciona como un dispositivo de formación para los niños.
Palabras clave: Música en la educación infantil. Proyecto de formación de niños. Formas de mediar
las relaciones con música.
PEREIRA, Joana Lopes. Relações com música na educação infantil: cenas de uma
escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS. Revista da Abem,
v. 28, p. 344-362, 2020.
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
1
Trata-se de minha tese de doutorado, defendida no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, orientada pela professora Luciana Del-Ben.
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
Pressupostos orientadores
Para dar suporte teórico ao trabalho, elenquei um conjunto de proposi-
ções sobre três eixos: infância, educação e música, a partir, respectivamente,
das proposições de Walter Kohan, Gert Biesta e Wayne Bowman. São propo-
sições que se complementam e, assim, me possibilitaram construir compre-
ensões sobre modos de realizar a educação de crianças por meio da música.
Kohan faz referência à forma como as crianças vivenciam o tempo e apre-
senta uma forma de compreender a infância. Para ele a “infância é tanto
ausência quanto busca de linguagem; só um infante se constitui sujeito da
linguagem e é na infância que se dá essa descontinuidade especificamente
humana entre o dado e o adquirido, entre a natureza e a cultura” (Kohan,
2004, p. 9). Partindo desse pressuposto, o autor percebe que a “infância não é
apenas uma questão cronológica, mas uma condição de experiência” e afirma
ser “preciso ampliar os horizontes da temporalidade” (Kohan, 2004, p. 9).
Para Kohan, há diversas temporalidades que constituem e perpassam a
infância. Ele toma como base três definições gregas de tempo: chrónos, kai-
rós e aión. Chrónos “designa a continuidade de um tempo sucessivo” (Kohan,
2004, p. 54). Assim, “o tempo é, nessa concepção, a soma do passado, pre-
sente e futuro, sendo o presente um limite entre o que já foi e que não é
mais (o passado) e o que ainda não foi e, portanto, também não é, mas será
(o futuro)” (Kohan, 2004, p. 54). Kairós significa “oportunidade” (Kohan, 2004,
p. 54) e sinaliza que há momentos específicos para se realizar determinadas
ações. Aión, por sua vez, significa “a intensidade do tempo da vida humana,
um destino, uma duração, uma temporalidade não numerável, nem suces-
siva, intensiva” (Kohan, 2004, p. 54). A infância no tempo de aión é entendida
“[…] como experiência, como acontecimento, como ruptura da história, como
revolução, como resistência e como criação” (Kohan, 2004, p. 53). A infância
sob essa perspectiva é “uma forma de estar no mundo associada não aos anos
que se tem, mas à experiência de vida que se afirma” (Kohan, 2012, p. 43).
Essas noções de temporalidade me auxiliaram a entender que as crian-
ças são seres recém-chegados ao mundo, que se encontram em uma etapa
que vai além da cronologia por ser uma condição de experiência.
A educação, para Biesta (2017, p. 16), é “uma intervenção na vida de
alguém; uma intervenção motivada pela ideia de que tornará essa vida, de
certo modo, melhor, mais completa, mais harmoniosa, mais perfeita – e talvez
até mais humana”. Desse modo, o autor sinaliza que a educação tem finali-
dade e intencionalidade, o que fortalece a relevância do trabalho de profes-
sores(as), tendo em vista que as relações se tornam educativas a partir da
intencionalidade desses(as) profissionais. O autor aponta a necessidade de
pessoas que estejam “[…] dispostas a assumir o risco, a arriscar-se a si mes-
mas para o futuro de modos humanos de existir juntas” (Biesta, 2018, p. 29).
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Os excertos de Wayne Bowman foram traduzidos do inglês para o português e todas as traduções foram feitas
por mim.
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Metodologia
O estudo de caso foi a estratégia de pesquisa adotada, tendo em vista
a busca por compreender “a particularidade e [a] complexidade de um caso
singular, para chegar a compreender sua atividade em circunstâncias impor-
tantes” (Stake, 1999, p. 16, tradução minha). O caso escolhido foi uma escola
municipal de educação infantil: a Emei Maria Marques Fernandes, situada na
Vila Mapa, no bairro Lomba do Pinheiro, na cidade de Porto Alegre.
Nessa escola, havia profissionais que desenvolviam um trabalho especi-
ficamente voltado à música: uma professora vinculada a um projeto social e
uma professora de música concursada. A primeira desenvolvia oficinas com
as turmas de jardins (crianças entre 4 e 5 anos e 11 meses). Além dessa pro-
fissional, trabalhei como professora de música na instituição entre 2012 e
2017, atuando com todas as turmas, que compreendiam a totalidade da faixa
etária da educação infantil.
As estratégias para a coleta de dados foram escolhidas de modo a abor-
dar tanto percepções individuais quanto coletivas. A entrevista semiestru-
turada, com profissionais – professoras e monitoras3 – que desempenhavam
diferentes funções na escola: vice-diretora, coordenadora pedagógica, profes-
soras unidocentes, professora de educação física e monitoras me possibilitou
compreender as individualidades de cada uma das colaboradoras.
As outras duas estratégias foram a análise de documentos e a roda de
conversa, que me permitiram construir uma visão do coletivo. A partir da
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Profissionais com curso de educador assistente, que atuam junto às crianças.
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As oficinas de música ocorriam semanalmente, com turmas de jardins, e eram ministradas por professoras
vinculadas a um projeto social que ocorre na comunidade da Vila Mapa. Essas oficinas enfatizavam a prática
instrumental com instrumentos de percussão.
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
quando as crianças vão brincar livre, que elas tão fazendo o que
é importante pra elas, que é naquele momento que tu percebe
o que a criança… do que que ela quer brincar, porque ela tá
ali. Então, eu acho que, naquele momento, eu acho que é mais
importante, porque é a criança que tá trazendo, não tu que tá
[propondo].
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
que eles comecem a falar. Cantar e fazer os gestos também.” Nesse trecho, a
linguagem musical e a linguagem dos gestos aparecem como linguagens que
antecedem a fala.
A professora Fábia relata: “Tu começou a cantar, quando vê, forma a
roda. Tu começou a cantar com um ou dois, quando vê, tá uma roda for-
mada.” Isso sinaliza o vínculo das crianças com essa linguagem. Elas fazem
música porque precisam disso, porque é significativo para elas, pois é uma
das formas pelas quais se inserem no mundo. Além disso, há uma ideia de
coletividade, pois querem fazer música com os outros.
A música, nesses momentos, possibilita outra forma de interação entre
crianças e adultos, em que cada um(a) compartilha seu repertório musical e
são executadas músicas significativas para o grupo. Assim, entendo que as
rodas na Emei Maria Marques Fernandes estabelecem um espaço de encontro
entre as profissionais e as crianças. Nesses momentos, os sujeitos interagem
e se expressam, entrando em contato com outros que são diferentes deles.
Conclusão
A partir da disposição para o outro, as profissionais buscam desenvolver
ações e práticas tendo como finalidade o desenvolvimento integral das crian-
ças, oportunizando experiências lúdicas, para que elas possam se apropriar
do mundo e construir significados. Essa apropriação do mundo – e, também,
da escola como um mundo – é feita através das relações que as crianças esta-
belecem com esse mundo. A partir dos dados analisados, percebi que essas
relações com música são muito presentes na instituição e que elas são um
modo de as crianças se apropriarem do mundo, já que o som é “[…] um modo
totalmente único de interpretar e construir o mundo” (Bowman, 1994a, p. 53).
Essas relações com música são mediadas pelas diferentes profissionais
que trabalham na escola e oportunizam que as crianças se aproximem da lin-
guagem musical, brinquem e interajam umas com as outras e com as profis-
sionais, mobilizem suas emoções, expressem seus sentimentos, aprendam a se
organizar individual e coletivamente, aprendam a estar com os outros, desen-
volvam habilidades como raciocínio, autonomia, imaginação, criatividade e fala.
Concluo que as diferentes formas de mediar as relações com música
contribuem para o projeto formativo de crianças de uma escola de educação
infantil quando atendem ao propósito desse projeto formativo: o desenvolvi-
mento integral das crianças. Desse modo, o projeto formativo não busca o
domínio de diferentes campos de conhecimento, mas os mobiliza de forma
que possam contribuir para o desenvolvimento integral das crianças.
A música – como um desses campos de conhecimento – funciona, assim,
como dispositivo de formação das crianças. As relações das crianças com
música as auxiliam a adquirirem as habilidades, disposições e sensibilidades
para as quais se propõe o projeto formativo, sendo uma das maneiras pelas
quais as diferentes profissionais as colocam em contato com o mundo, o que
possibilita que se aproximem de formas de usar a linguagem musical e que se
formem através das relações que estabelecem com a música.
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
Referências
BIESTA, Gert. Para além da aprendizagem: educação democrática para um
futuro humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
BOWMAN, Wayne. Sound, sociality, and music: part one. The Quarterly
Journal of Music Teaching and Learning, Greeley, v. 5, n. 3, p. 50-59, 1994a.
______. Sound, sociality, and music: part two. The Quarterly Journal of Music
Teaching and Learning, Greeley, v. 5, n. 3, p. 60-67, 1994b.
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
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Relações com música na educação infantil: cenas de uma escola municipal de educação infantil em Porto Alegre/RS
Joana Lopes Pereira é doutora e mestra em Música, área de concentração Educação Musical,
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e licenciada em Música pela mesma
universidade. Trabalhou como professora de música da Rede Municipal de Ensino de Porto
Alegre entre 2012 e 2017 e, desde 2017, é professora de música do Colégio de Aplicação da
UFRGS. https://orcid.org/0000-0003-2799-9021
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OBJETIVOS PRINCIPAIS
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AS CRIANÇAS E AS HISTÓRIAS
O gosto pela história vem da
participação de situações significativas
de leitura e contação de histórias.
A escuta da leitura de diferentes tipos
de textos favorece que aprendam sobre
a linguagem escrita.
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ILUSTRAÇÕES
Linguagem visual;
produzir ilustrações;
Interpretação e percepção.
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PROCEDIMENTOS LEITORES
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A CRIANÇA E OS SONS
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FONTES SONORAS
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SONORIZAR HISTÓRIAS - I
Os três porquinhos
Era uma vez três porquinhos irmãos que viviam
com a mãe. Dois porquinhos não ajudavam em
nada na casa, enquanto o terceiro porquinho
sentia pena da quantidade de trabalho que a mãe
tinha.
Um belo dia, a mãe, ciente da maturidade dos
filhos, orientou que os porquinhos saíssem de
casa para construírem suas próprias vidas. Ela fez
uma mala para cada um deles e forneceu algumas
economias para que comprassem material para
construírem as casas.
O primeiro porquinho, gostava de fazer as coisas
mais depressa, quis construir uma casa que não
desse trabalho. Apesar da advertência dos
irmãos, construiu uma casa de palha.
O segundo porquinho, resolveu construir uma
casa de madeira. Apesar de mais segura do que a
casa de palha, a de madeira não era boa para o
frio e não era resistente o suficiente para impedir
a entrada de um lobo.
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SONORIZAR HISTÓRIAS - II
O terceiro porquinho, por sua vez, precavido e
paciente, resolveu construir sua casa com tijolos.
Enquanto os dois irmãos mais novos terminaram as
construções de palha e madeira em uma manhã, o
terceiro porquinho seguiu engajado na sua
demorada construção. Em três dias o trabalho
estava feito: ergueu uma resistente casa com
tijolos e cimento.
Algum tempo depois, um lobo surgiu na floresta.
Percebendo a presença dos porquinhos foi logo
bater na primeira casa, a feita com palha. O
primeiro porquinho, em pânico, não abriu a porta, e
o lobo ameaçou assoprar para destruir a casa. O
porquinho fugiu para a casa ao lado, a do irmão que
havia trabalhado com a madeira.
O lobo dirigiu-se então para a segunda casa e, como
os porquinhos não abriram a porta, ameaçou
assoprar para destruir a construção. A casa de
madeira, de fato, caiu com a rajada de vento.
Aproveitando a falta de fôlego, os porquinhos
correram para a casa do irmão mais velho.
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SONORIZAR HISTÓRIAS - III
O irmão mais velho os abrigou e garantiu que tudo
correria bem. Quando o lobo soprou novamente, a
casa, feita de tijolos, sequer mexeu um milímetro.
No dia seguinte, o lobo voltou a atacar a casa que
restava, dessa vez tentou entrar pela lareira. Como
o porquinho mais velho era muito precavido, deixou
um caldeirão de sopa fervendo posicionado bem
embaixo da lareira. O lobo, ao cair na caldeira, fugiu
desesperado e os três porquinhos continuaram
sãos e salvos.
LEGENDAS
Personagem- voz, material/gesto
Objeto- imagem/material/gesto
Abstrato- imagem/material/gesto
Som - som gravado/ boca/ corpo/ material/
instrumento
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A narração e a sonorização de histórias para crianças: pela presença da
figura do narrador na formação de professores
Comunicação
Quem nunca ouviu uma história sendo contada? E que professor nunca contou
uma história para seus alunos? A arte de contar histórias é muito antiga e carrega um
potencial formativo significativo. Esse potencial formativo reside no fato de que as
histórias nos tocam de diferentes maneiras, mexem conosco e na forma como nos
relacionamos com o mundo que nos cerca. Desse modo, como arte, que provoca e que
toca, a narração de histórias precisa ser aprendida, exercitada. Não nascemos
Pobre haverá de ser uma história repleta de técnicas que não promova
encontros, que não possibilite experiências. Algo como um livro sem
páginas, uma casa sem lar. Que as histórias contadas sejam antes lar
sem paredes para que por meio delas o vento cante a doce melodia
trazida das montanhas; a lua deite sua luz sobre o repouso humano,
emoldurando em meio às estrelas a sua vigília; o sol desperte todos
sem distinção, lembrando que cada dia é sempre hoje, e que a chuva
lave vez ou outra o que passou, para que cada história, ainda que seja
a mesma, torne-se outra, sempre outra. (MORAES, 2012, p. 103).
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: ______. Magia e técnica, Arte e Política. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1985. p. 197-221.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: propostas para a formação
integral da criança. 2ª ed. São Paulo: Peirópolis, 2003.
REYS, Maria Cristiane Deltregia. Era uma vez... Entre sons, músicas e histórias. Música
na Educação Básica, Porto Alegre, v. 3, n. 3, p. 68-83, 2011.
(EI03TS01)
Utilizar sons produzidos por materiais,
objetos e instrumentos musicais
durante brincadeiras de faz de conta,
encenações, criações musicais, festas.
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APRENDIZADO CULTURAL
Cada cultura possui ritos como
aniversários, eventos ou festividades
típico da sua região. E a criança recebe
esse aprendizado cultural,
principalmente, através de histórias e
músicas desde o seu nascimento.
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TRILHA SONORA
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PROTAGONISMO TOTAL
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CONFECÇÃO
Violão de Caixa
Guitarra de caixa de papelão
Tambor de lata
Xilofone de água
Xilofone de papelão e lápis
Gaita de palito de picolé
Garrafa de chuva
Campainhas de vento
Instrumento musical de percussão
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COMO ORGANIZAR ISSO?
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RECONHECER
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Música na Educação Básica
Caixinha com
sons na educação
infantil
Sandra Mara da Cunha
Resumo Abstract
A música, na educação infantil, se aproxima In early childhood education, music brings
das crianças e faz sentido para elas ao ser children closer together and makes sense
trabalhada de modo brincante e criativo, to them when it is approached in a playful
fundado na escuta e na exploração sonora. and creative manner, based on listening and
Uma pequena caixa é apresentada às sound exploration. A small box is presented
crianças e, a cada vez, revela pequenos to the children, and every time it reveals
instrumentos musicais coloridos, small and colorful musical instruments, some
alguns em formato de bichos. Mais do of them in the shape of animals. More than
que visualmente interessantes, esses being visually attractive, these instruments
instrumentos produzem sons e músicas produce sounds and music that refer to an
que remetem a um mundo imaginário imaginary world that is made up of stories.
que se desdobra em histórias inventadas. In meetings in which adults assume a key
Em encontros nos quais as professoras role in promoting artistic learning, music
assumem papel fundamental como education is developed in line with early
promotoras da aprendizagem artística, childhood and with the great interest of
a educação musical é desenvolvida em babies and small children in investigating
consonância com a pequena infância e sounds and making their music – the music
o grande interesse de bebês e crianças of children.
pequenas em investigar sons e fazer suas
músicas – as músicas das crianças. Keywords: Music education. Childhood
education. Childhood studies.
Palavras-chave: Educação musical.
Educação infantil. Estudos da infância.
CUNHA, Sandra Mara da. Caixinha com sons na educação infantil. Música na Educação Básica, v. 9, n. 10/11, 2019.
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V. 9 Nº 10/11 2019
9
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Música na Educação Básica
Sons da caixinha
(arquivo da autora)
Desenvolvimento da
proposta
Como vimos na primeira seção deste tex-
to, as crianças são investigadoras de sons e
dos gestos que os produzem. Elas são ex-
ploradoras da materialidade da qual são
feitos os instrumentos convencionais e não
convencionais e também dos sons que são
resultantes dos gestos variados que empre-
gam frente às fontes sonoras colocadas à
sua disposição.
Explorar os sons que vêm dos instrumen-
tos musicais e de materiais outros que pro-
duzem sons, como embalagens de papel,
metal, plástico, madeira, e também de ele-
mentos da natureza como sementes e cas-
cas de frutos, compõe uma das possibilida-
des do trabalho com a música na educação
infantil. Uma instituição educativa rica de ins-
trumentos e materiais que produzem sons
Para começar também é rica para o trabalho com a música.
Para desenvolver esta proposta, você pre-
cisará de pequenos instrumentos, propícios
para o trabalho com crianças pequenas e
bebês, tanto pelos sons que eles produzem
como pelos seus formatos e cores. São ins-
trumentos que promovem uma gama de
sons que trazem um colorido especial de
timbres que vêm se somar aos dos outros
instrumentos com os quais você já trabalha.
São instrumentos para serem ouvidos e ma-
nipulados por pequenas mãos, para estimu- Caixinha coberta com escrita musical (arquivo da autora).
lar a pesquisa sonora e a escuta, para criar
pequenos solos musicais livres, com sons Leve para o encontro com seu grupo de
que instigam a invenção de histórias, que crianças uma caixa que elas nunca tenham
estimulam e acolhem o rico imaginário das visto antes. Conte a elas alguma história so-
crianças pequenas. Aqui, como exemplo, bre esta caixa. Essa que vemos no exem-
proponho pequenos instrumentos coloridos, plo foi presente de alguém muito especial e
alguns no formato de bichos, como os que guarda chaves para afinação de instrumen-
tenho em meu acervo e que podem ser vis- tos de percussão. Que história a sua caixa vai
tos nas imagens. contar? Você pode fornecer pistas, tal como
as coisas que ela pode guardar, pequenos mostrando seu jeito de tocá-lo, e em segui-
tesouros ou objetos com poder de encanta- da as outras crianças fazem o tutti, ou seja,
mento. todas juntas tocam outros instrumentos em
um jogo de improvisação livre. Os outros ins-
Na primeira vez, coloque um chocalho e
trumentos podem ser de um mesmo tipo ou
sugira às crianças que façam silêncio. Mostre
de tipos variados, e, a um sinal ou gesto seu
o seu interesse ao perguntar e mostrar a cai-
previamente combinado com as crianças,
xinha: “O que será que tem dentro?”, “Quem
todos param de tocar, e o pequeno instru-
adivinha?”. Em seguida, balance a caixa para
mento da caixinha faz o seu solo. Todas as
ouvirem o barulhinho que vem de dentro
crianças podem atuar como solistas, tocan-
dela. Pronto: as crianças já saberão que o
do a seu próprio modo.
que está dentro da caixa produz sons. Mas
como será o objeto que produziu os sons Siga com essa ideia, e, sempre que a cai-
ouvidos? Será um instrumento musical? Será xinha aparecer, ela deve trazer um novo ins-
que é colorido ou é de uma cor só? Será que trumento para as crianças.
é bonito ou será que é horrível de se ver?
Vá, assim, criando expectativas nas crian-
ças até o momento em que você irá mostrar
os pequenos chocalhos. Deixe que todas as
Dica
crianças coloquem neles suas mãos, que os Escolha instrumentos com formatos inusita-
sintam, que experimentem os sons que pro- dos. Brinquedos de borracha que fazem sons
duzem. Diga que esses instrumentos são ao serem apertados, como patos, galinhas e
como pequenos tesouros dos quais todos porquinhos, por exemplo, são possibilidades
deverão cuidar muito bem, porque assim interessantes e engraçadas.
eles poderão ficar com a turma por um bom Mas lembre-se sempre: no trabalho com a
tempo. música, a escuta é o aspecto mais importan-
te e que não deve ficar em segundo plano.
Depois de as crianças terem experimen- Por isso, os materiais ou brinquedos sono-
tado os pequenos chocalhos coloridos, brin- ros devem possuir timbres que sejam ricos
que de tocar um concerto para chocalho: e interessantes para compor o seu trabalho
uma criança faz um solo livre de chocalho, musical com os sons e com a escuta.
Chocalhos (arquivo
da autora).
Passarinho (arquivo da
autora).
Como exemplo, sugiro que, depois de ter tre grupos de crianças para tocar e cantar,
apresentado todos os pequenos instrumen- para fazerem música juntos. Esses encontros
tos, invente com as crianças uma história na se colocam como oportunidades para mos-
qual cada instrumento é uma personagem. trar os processos de criação artística sem a
Essa história pode ser narrada por você ou preocupação de ensaiar para mostrar, por-
por alguma criança, ou pode ser uma histó- que se prender a isso buscando a perfeição
ria feita apenas de sons – uma trilha sonora. na hora de tocar pode ser bem exaustivo e
Cada vez que aparece o som de algum dos sem sentido para as crianças.
instrumentos, é a personagem que tem algo Que tal então combinar encontros musi-
a dizer ou mostrar. cais entre o seu grupo de crianças com ou-
Embarque nessa história junto com as tro grupo, como por exemplo com os bebês
crianças, deixe-se conduzir pelas sugestões do berçário? Marque encontros nos quais as
delas e tenha em mente que, quando se tra- histórias inventadas a partir dos sons da cai-
balha com crianças pequenas, o processo de xinha possam ser compartilhadas. Tocar para
exploração e escolha importa mais do que o os outros o que o grupo tem feito a partir da
resultado final. ritualização desse tocar juntos abre oportu-
nidades para as crianças mostrarem o que já
conseguem fazer com esses pequenos ins-
Para finalizar, crianças trumentos no diálogo com os outros instru-
mentos em seus solos e tuttis.
compartilham seus
saberes musicais A atividade aqui proposta requer
adaptações e modificações que cada
Quem trabalha arte com crianças peque- professora deverá fazer em função do
nas sabe que, para elas, os processos de in- seu grupo de crianças. Se elas forem
vestigação e descobertas importam mais do maiores, tudo pode ocorrer conforme
que o resultado final. As impermanências aqui sugerido. Quanto menores forem
marcam o fazer musical das crianças, e as as crianças, mais importante é o papel
das professoras como motivadoras e
professoras devem ficar atentas a essa ca-
instigadoras. Quando o trabalho for
racterística. desenvolvido com bebês, é necessário
Para compartilhar esses processos que ter o cuidado de apresentar instrumen-
tos que eles possam tanto manusear
resultam na construção de conhecimento
como levar à boca de modo seguro.
musical, proponho pequenos encontros en-
(EI03TS03)
Reconhecer as qualidades do som
(intensidade, duração, altura e timbre),
utilizando-as em suas produções
sonoras e ao ouvir músicas e sons.
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COMO A CRIANÇA FAZ MÚSICA?
A criança tem vontade de tocar música
que gosta ou inventada. Ela já tem um
conhecimento sobre a linguagem
musical. Sabe-se que envolve o canto, o
toque, com diferentes materiais e
instrumentos e inclusive, com gestos.
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QUALIDADES DO SOM
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TIMBRE
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ALTURA
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INTENSIDADE
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DURAÇÃO
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2° SEGREDO
Repertório
Qual é o da sua turminha mesmo?
Trabalhar as qualidades do som com o
repertório conhecido das crianças traz
familiaridade e segurança para
aprofundarmos o aprendizado.
É igualzinho com adultos também.
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E JUNTO COM AS HISTÓRIAS?
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LISTA DE ONOMATOPEIAS
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LISTA DE ONOMATOPEIAS
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Brazilian Journal of Development
DOI:10.34117/bjdv6n7-112
RESUMO
O artigo discute sobre as práticas músico-educativas na formação continuada de docentes da
Educação Infantil, onde buscou-se refletir sobre a formação musical dos mesmos. Utilizamos o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil-RCNEI e autores que discutem sobre este
tema: Correa (2008), Nóvoa (1995), Brito (2013), Imbernón (2011), Alarcão (1996), dentre outros.
Como método de procedimentos, utilizou-se da Pesquisa Participante, os sujeitos foram os docentes
que atuam na EI, a coleta de dados material bibliográfico acerca da temática e uma entrevista
semiestruturada. Os resultados apontam a necessidade de se implementar na formação continuada do
docente a formação musical para as práticas músico-educativas.
ABSTRACT
The article discusses the musician-educational practices in the continuing education of teachers of
Early Childhood Education, where it was sought to reflect on their musical formation. We used the
National curriculum framework for early childhood education- RCNEI and authors who discuss this
theme: Correa (2008), Nóvoa (1995), Brito (2013), Imbernón (2011), Alarcão (1996)), among others.
The subjects were the teachers who work in the EI, the collection of bibliographic material about the
subject and a semi-structured interview. The results point out the need to implement in the teacher's
continuing training the musical training so that the practices musician-educative.
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Brazilian Journal of Development
1 INTRODUÇÃO
Durante a pesquisa do mestrado no ano de 2019, recebemos alguns convites para ministrar
oficinas de práticas músico-educativas aos docentes da Educação Infantil da rede municipal de São
Luís, logo sentimos a necessidade de não só trabalhar as oficinas, mas de fundamentar teoricamente
os docentes que atuam nesta etapa de ensino, corroborando com a formação continuada e visando a
aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades dos mesmos e das crianças pequenas, haja vista
que a música pode ser um bom recurso no ensino/aprendizagem quando trabalhada de forma
adequada.
Porém, nos deparamos constantemente com alguns questionamentos como estes citados por
Correa (2008, p. 170), “a professora precisa tocar um instrumento para trabalhar com música? Quais
músicas? Que conhecimento musical construir com crianças pequenas? As músicas têm momentos
para entrar nos espaços/tempos da escola”.
Estes questionamentos emergem quando se trata do fazer musical nos espaços da Educação
Infantil, pois os educadores unidocentes assumem a responsabilidade e o desafio de trabalhar práticas
músico-educativas, mesmo não sendo especialistas nessa área.
Nessa direção, é necessário refletirmos sobre a importância de se compreender o que a música
representa para os educadores e como ela pode ser trabalhada frente às possibilidades e desafios no
contexto da Educação Infantil, pois:
Assim, a música deve estar presente na formação continuada dos docentes, esta que é um
instrumento que contribui de forma significativa para que ocorra o entrelaçamento das duas áreas, a
saber: a pedagógica e a musical, de modo que possamos compreender nesse processo como se dá a
apropriação e a significação da educação musical na esfera teórica e prática.
Outrossim, a formação continuada e em serviço é de fundamental importância para que de
fato ocorram as mudanças necessárias, a fim de garantir uma educação de qualidade que atenda a
todos as crianças, pois para o docente da Educação Infantil atender à Lei 13.278 sancionada em 02
de maio de 2016, que determina as artes visuais, a dança, a música e o teatro como linguagens e
constituintes do componente curricular, é preciso que os docentes façam o uso dos conteúdos
elementares de educação musical em suas atividades de rotina diária nos espaços da Educação Infantil
como por exemplo, as propriedades sonoras como: altura, intensidade, timbre e duração e, os
elementos estruturais e expressivos da música como a harmonia e a melodia, mesmo não sendo
especialista da área.
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Brazilian Journal of Development
Neste artigo, apresentaremos algumas considerações sobre a formação continuada,
delineando a sua importância nos espaços da Educação Infantil como construção da identidade
profissional do docente, trazendo as práticas músico-educativas como um elemento a ser estudado de
modo a instrumentalizar o docente não especializado na área de música, de modo que também
estaremos socializando sobre o que os docentes pensam sobre tais práticas, analisando questões
pontuais para esta discussão e sinalizando o quanto é necessário a aproximação do saber a respeito
da linguagem musical entrelaçado ao pedagógico para o desenvolvimento de habilidades das crianças
pequenas.
É interessante ressaltarmos, ainda, que essa formação deve estar prioritariamente demarcada
em princípios que gerem a reflexão sobre a ação docente, assim como o respeito e a valorização dos
professores como atores principais de sua formação. Assim, baseada na reflexão, nos fundamentamos
em Alarcão (1996, p. 175) que nos diz:
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Brazilian Journal of Development
sala de aula, nos espaços da Educação Infantil e ainda que “a formação continuada deve alicerçar-se
numa reflexão na prática e sobre a prática”, levando o docente a analisar, questionar e transformar
sua prática, construindo em si uma postura autônoma, o que ocasionará modificações não somente na
sua prática, como também em toda educação (NÓVOA, 1991, p. 30).
Desse modo, a postura reflexiva não espera da ação docente apenas o saber fazer, mas quando
fazer, conhecer os fundamentos e além de tudo o que o mesmo possa explicar acerca de sua prática e
as decisões tomadas e que possa ainda entender se essas decisões estão adequadas para proporcionar
uma aprendizagem de qualidade ao educando.
Porém, quando se fala em formação continuada, geralmente tem-se o conceito de que são
cursos e treinamento feito dentro ou fora da instituição que se trabalha, nesse sentido é necessário
repensar estes conceitos, pois como escreve Libâneo (2004, p. 34-35):
Pela participação e gestão do trabalho escolar, os professores podem aprender várias coisas:
tomar decisões coletivamente, formular o projeto pedagógico, dividir com os colegas as
preocupações, desenvolver o espírito de solidariedade, assumir coletivamente a
responsabilidade pela escola, investir no seu desenvolvimento profissional. Mas,
principalmente aprendem sua profissão. É claro que os professores desenvolvem sua
profissionalidade primeiro no curso de formação inicial, na sua história pessoal como aluno,
nos estágios, etc. Mas é imprescindível ter-se clareza hoje de que os professores aprendem
muito compartilhando sua profissão, seus problemas, no contexto de trabalho. É no exercício
do trabalho que, de fato, o professor produz sua profissionalidade. Esta é hoje a ideia-chave
do conceito de formação continuada. Colocar a escola como local de aprendizagem da
profissão de professor significa entender que é na escola que o professor desenvolve saberes
e as competências do ensinar, mediante um processo ao mesmo tempo individual e coletivo.
Diante do supracitado, entende-se que é dentro do espaço educacional que o professor aprende
trabalhando, colocando em prática os conhecimentos, as habilidades, as atitudes apropriadas em
situações concretas de seu cotidiano. Aprende, também, com as crianças, quanto a sua realidade,
tendo a competência de articular seu conhecimento, sua habilidade e atitudes em favor da
aprendizagem.
Assim, a formação continuada deve garantir aos docentes da Educação Infantil a realização
de experiências musicais, na qual possam se repertoriar, potencializando possibilidades de ações
musicais com os pequenos, ou seja, por meio do processo formativo instrumentalizar musicalmente
o docente para que possa estabelecer relações diretas com a música observando o que é ensinado e o
que é aprendido. Daí, concorda-se com Bellochio (2014, p. 60), que o desejo é o de que a experiência
musical se mova lado a lado com participação, doação pessoal, interna/social, individual/coletiva.
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3 AS PRÁTICAS MÚSICO-EDUCATIVAS NA FORMAÇÃO CONTINUADA
As práticas músico-educativas na formação continuada são de suma importância para os
docentes, uma vez que estes serão instrumentalizados para trabalharem com a música de forma
contextualizada, observando as intencionalidades com estas atividades, pois:
Não há como entrar em contato com crianças pequenas sem cantar, tocar, explorar
sonoramente! Um processo de reflexão dessa natureza faz emergir a necessidade de enfatizar
mais especificamente a formação do profissional que se encontra com as crianças
cotidianamente e, de forma efetiva, construindo conhecimento e cultura também musical
(CORREA, 2008, p. 175).
Diante disso, compreendemos que o docente da Educação Infantil tem que estar em contato
com a linguagem musical, explorando suas especificidades, seus conceitos históricos, a maneira de
como organizar os sons, por sua percepção auditiva, bem como apropriar-se dos elementos estruturais
e específicos da música sejam eles (harmonia, ritmo e melodia) e de suas qualidades sonoras (altura,
intensidade, timbre e duração).
Neste sentido, torna-se evidente que o processo de construção do conhecimento da linguagem
musical para o docente, e em especial para criança da educação infantil difundida no ambiente
escolar, tem grande expressividade para o desenvolvimento de sua cultura musical propiciando a
expansão da criatividade artística, e da autoexpressão para sua formação musical.
De acordo com Correa (2008, p. 184), perceber que existe a necessidade da formação em
música é condizente com a preocupação com a eficácia do ensino desta, bem como desperta o desejo
de que a formação, assim como a receptividade nas escolas, modifique-se de alguma maneira.
Brito (2013, p. 49) vem corroborar neste sentido afirmando que para tanto, é preciso permitir
que a experiência musical no plano da educação seja território para o jogo do perceber, do intuir, do
sentir, do refletir, do criar, do transformar, entendendo que não existe dissociação entre corpo e mente.
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Sendo assim, o desenvolvimento da musicalidade na criança oportuniza uma série de benefícios, tanto
para seu aprendizado, quanto para a vida toda.
Vale ressaltarmos que o RCNEI vem colaborar no que se refere aos conteúdos da linguagem
musical, em especial as qualidades sonoras: os conteúdos deverão priorizar a possibilidade de
desenvolver a comunicação e expressão por meio dessa linguagem. Serão trabalhados como conceitos
em construção, organizados num processo contínuo e integrado que deve abranger a exploração de
materiais e a escuta de obras musicais para propiciar o contato e experiências com a matéria-prima
da linguagem musical: o som (e suas qualidades) e o silêncio (BRASIL, 1998, p. 57).
Citando ainda o RCNEI e sobre este enfoque:
Ouvir e classificar os sons quanto à altura, valendo-se das vozes dos animais, dos objetos e
máquinas, dos instrumentos musicais, comparando, estabelecendo relações e,
principalmente, lidando com essas informações em contextos de realizações musicais pode
acrescentar, enriquecer e transformar a experiência musical das crianças. (BRASIL, 1998, p.
60).
Além das proposições do RCNEI, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Educação Infantil que é organizada em Saberes, Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento,
Direitos de Aprendizagem precisa ser referência no planejamento das ações pedagógicas direcionadas
as crianças, a saber os Campos de Experiências que contemplam a linguagem musical são
denominados como: Traços, sons, cores e formas, que devem proporcionar as crianças vivências,
interações diante de suas potencialidades, fomentando o aprimoramento de suas percepções de mundo
e a utilização de diversas linguagens, onde a linguagem musical deve ser experimentada de forma
prazerosa, lúdica, desafiante, permitindo a livre expressão, criatividade, reconhecimento de sensações
utilizando a voz, o corpo, diferentes materiais sonoros e interação com diversos gêneros musicais.
Portanto, para que as práticas músico-educativas sejam conteúdos enriquecedores na
Educação Infantil, garantindo uma aprendizagem significativa, o docente deve refletir e praticar a
Educação Musical de forma que assegure ao educando a vivência e a experimentação de forma
prazerosa, haja vista que em um trabalho pedagógico, a linguagem musical é um mecanismo essencial
na formação intelectual da criança e, mesmo as educadoras não tendo formação musical, estas
precisam garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais numa
prática sensível e expressiva, oferecendo condições para o desenvolvimento de habilidades.
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4 O QUE PENSAM OS DOCENTES SOBRE AS PRÁTICAS MÚSICO-EDUCATIVAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Para analisarmos de que forma a música está sendo trabalhada nos espaços de Educação
Infantil, participamos ministrando Oficina de Musicalização com práticas músico-educativas na
formação continuada dos docentes de uma Unidade de Educação Básica da rede municipal de São
Luís, onde na oportunidade, selecionamos os sujeitos desta pesquisa, sendo uma docente da creche,
uma do infantil I e uma do infantil II, todas pedagogas, sendo a do Infantil II, especialista em Docência
na Educação Infantil, com as quais realizamos uma entrevista semiestruturada, na qual constavam
cinco perguntas:
Para este artigo, acordamos que as identidades das três docentes entrevistadas fossem
preservadas, de modo que utilizaremos nomes fictícios, a saber: Sol, Lá e Mi. Acerca dos
questionamentos, analisaremos a seguir as respostas das docentes.
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Quadro 01: Formação musical e práticas músico-educativas
Eu penso que a não formação Não. Faz falta sim, mas não impede Sim. A formação musical se faz
musical limita sim, poderia ser de trabalharmos as músicas necessária para que se desenvolva
mais rico o trabalho com a música, infantis na rotina escolar e inserir as práticas músico-educativas de
geralmente mais cantamos as as crianças no mundo da forma competente em busca
músicas do cancioneiro popular musicalidade. sempre de um resultado positivo
por não ter essa formação musical por parte de todos os envolvidos.
e por não ter um profissional da
música na escola.
Fonte: Dados dos pesquisadores (2019).
Por meio deste quadro resposta, pudemos perceber que as educadoras embora trabalhem com
música com as crianças, lamentam não ter a formação musical e nem ter um profissional específico
da área para realizar práticas músico-educativas adequadamente.
A não formação na área de música apresenta-se como uma fragilidade na fala das docentes,
porque percebem que por mais que realizem atividades neste âmbito, estão fazendo o seu possível,
mas não com o arcabouço teórico e prático que exige do trabalho com a linguagem musical.
O fato de não serem especialistas na área gera um certo receio por não saberem se o que estão
fazendo é correto, portanto, a postura do docente neste contexto é de suma importância, pois para
trabalhar com a música é necessário que busque conhecimentos e alternativas, que compreenda que
a música é importante na formação da criança conforme o RCNEI:
Integrar a Música à Educação Infantil implica que o professor deva assumir uma postura de
disponibilidade em relação a essa linguagem. Considerando-se que a maioria dos professores
de educação infantil não tem formação específica em música, sugere-se que cada profissional
faça um contínuo trabalho pessoal consigo mesmo. (BRASIL, 1998, p. 67).
2 Em sua rotina com as crianças pequenas, você costuma utilizar práticas músico-
educativas? Essas práticas estão previstas em seu planejamento?
Sol Lá Mi
Costumo usar a música com as Sim. São planejadas na rotina da Costumo utilizar como prática
crianças, está previsto em meu sala. Fazemos brincadeiras músico-educativa as cantigas de
planejamento. A escola tem cantadas e também músicas roda, usando sempre como
buscado parcerias para nos infantis na chegada da criança na recursos alguns movimentos
auxiliar em nossa prática e que ela escola realizada na rodinha, em corporais. As cantigas estão
seja cada vez mais a contento. momentos pontuais como dia das asseguradas pelo meu
mães, das crianças, natal, páscoa planejamento.
dentre outras datas
comemorativas.
Fonte: Dados dos pesquisadores (2019).
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As docentes confirmam a utilização da música na rotina, esta que se apresenta sempre nas
atividades permanentes, a saber: na acolhida com as músicas do “Bom dia”, da oração, quantos tem
hoje, como o tempo está, das datas comemorativas, o momento de lavar as mãos, a ida para lanche e
o retorno para casa, ou seja, aqui percebemos bem claramente que o uso da música embora presente
cotidianamente, que as crianças aprendem alguns conteúdos, aprendem a ter determinados
comportamentos de acordo com a funcionalidade da canção.
Neste interim, é notório que ela (a música) está a serviço de outros fins educativos, o que de
modo geral não é algo negativo, porém, entendemos que estas atividades devem ser ampliadas e
planejadas para desenvolver habilidades como pensar no que está ouvindo, de onde vem os sons,
identifica-los, manusear instrumentos e produzir sons, fazer música, apreciar, desenvolver a
coordenação motora, percepção auditiva, ativar a memória entre outros.
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Quadro 4: Recursos para as práticas músico-educativas
4 Quais recursos (bandinha, instrumentos de sucata, pandeiro, violão, flauta, outros) você
utiliza para trabalhar práticas músico-educativas?
Sol Lá Mi
As práticas músico-educativas na Pandeiro, o corpo, o som, ainda Eu não utilizo nenhum instrumento
escola é mais é cantar, a gente não tenho prática do uso de musical, nem de sucata por não ter
canta, utiliza a bandinha... não instrumentos de sucata. Preciso habilidade, apenas uso a voz e os
utiliza tanto por não saber, não ter ainda melhorar nesse aspecto, sem gestos corporais.
esse conhecimento, esse saber levar em conta a formação que não
musical, não tem uma pessoa para tenho para de fato fazer acontecer
auxiliar na escola, utilizamos a música com os meus pequenos.
alguns instrumentos de sucata, mas
a grande maioria da prática
musical na escola é o cantar
mesmo.
Fonte: Dados dos pesquisadores (2019).
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Infelizmente, tais respostas correspondem a realidade não só destas educadoras, mas de
inúmeras profissionais que precisam trabalhar com a linguagem musical, com as práticas músico-
educativas, porém, assumem habilidades limitadas para explorarem de forma adequada o que é
exigido pelo RCNEI, a saber, dentre muitas atividades descritas no documento, destacamos quatro
grandes objetivos para que se possa desenvolver um trabalho a contento com música:
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Figura 02-Fazendo música com tubos acústicos
Proposta de jogo de memorização, percepção visual, motora e auditiva com uso de nomes
próprios, sons de animais, pequenos ditados populares, entre outros.
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Figura 4- Exercício rítmico com bolinhas.
Reconhecimento de sons iguais por meio de cantigas de rodas, ditados populares para o
desenvolvimento da acuidade auditiva.
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Figura 6- Exercício de acuidade auditiva.
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Figura 8- Montanha russa musical utilizando trava-línguas.
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Figura 10-Exercício de movimento corporal
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As práticas músico-educativas na formação continuada do docente de educação infantil nos
revelam que é necessário e de suma importância que para trabalhar com música, os docentes devem
sentir-se preparados, pois se sentem inseguros em relação às atividades musicais que realizam com
as crianças.
Contudo, a música deve permear o ensino desde a Educação Infantil, estabelecendo e criando
a partir do contato lúdico que visa novas perspectivas sobre a contribuição do envolvimento com a
educação musical, uma vez que, concordando com Correa, (2008, p. 173) o professor canta, dança,
percute um objeto brinca de acompanhar a música que toca com movimentos do corpo, brinca de
roda, quando conta uma história, ou solicita silêncio, sua ação está repleta de significados sonoro-
musicais.
A formação continuada é processo de contínua aprendizagem e transformação. Portanto, o
conhecimento pedagógico neste contexto deve ser permeado e entrelaçado ao conhecimento musical,
instigando os docentes a construírem novos parâmetros e fundamentos para que a sua ação não se
perca em simples cantar por cantar ou tocar por tocar.
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É importante proporcionar ao docente não especialista em música a aquisição do
conhecimento da linguagem musical na formação continuada, vindo a enriquecer a formação do
docente da Educação Infantil, o que resultará na melhoria da qualidade do ensino tanto na formação
dos professores, quanto no desenvolvimento de habilidades das crianças pequenas.
Nesta pesquisa, de acordo com a nossa entrevista, percebemos que as práticas músico-
educativas nos espaços da Educação Infantil estão muito aquém do desejado, haja vista que apesar
do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil nos apresentar diretrizes neste sentido,
os docentes mesmo tendo acesso a esses documentos, têm a dificuldade em executar o que ali está
previsto, logo porque a maioria dos educadores infantis não possui formação musical, para eles, o
saber musical está relacionado ao aprendizado formal de música, e saber tocar um instrumento.
Porém, o aprendizado informal que pode se dá pela formação continuada com as práticas
músico-educativas é importante e deve ser considerado, pois a experiência informal com a música
pode ser um fator facilitador para que esses educadores, com alguma orientação pedagógica e musical
especializada, possam realizar atividades musicais significativas com suas crianças nos espaços da
Educação Infantil.
Pois, na ausência de formação musical, mesmo que informal, teremos como consequência, as
práticas musicais mais simples de serem realizadas, como: o cantar, o dançar com as crianças, as
brincadeiras de roda, os jogos cantados muitas vezes desprovidos de sentido educativo e de
desenvolvimento de habilidades, apenas como entretenimento ou para a formação de hábitos.
Portanto, como não há professor especialista de música na rede municipal de São Luís na
Educação Infantil, precisamos contar com os professores unidocentes e para isso, estes devem receber
formação musical adequada para que desenvolvam as práticas músico-educativas a contento
atendendo ao Referencial Curricular da Educação Infantil e à Lei 13.278 sancionada em 02 de maio
de 2016, que determina que as artes visuais, a dança, a música e o teatro como linguagens e
constituintes do componente curricular.
REFERÊNCIAS
BELLOCHIO, C R. Educação musical e pedagogia: pesquisas, escutas e ações. 1ª ed. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2014.
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BRASIL, Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, v.3.
Conhecimento de Mundo. MEC/SEF, 1998.
BRITO, T. A. Música na Educação Infantil: propostas para formação integral da criança. 2ª ed. São
Paulo: Peirópolis. 2003.
CORREA, A.N. “Programa LEM: tocar e cantar”: um estudo acerca de sua inserção no processo
músico-formativo de unidocentes da Pedagogia/UFSM. Dissertação de Mestrado em Educação. Santa
Maria: Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, 2008.
LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. Goiânia, Editora Alternativa,
2004.
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TAXONOMIA DE BLOOM
A Taxonomia de Bloom é útil no
planejamento dos objetivos da
aprendizagem pois tem uma
organização que segue uma hierarquia
dos objetivos educacionais. Está
fundamentada em uma lista das
habilidades e dos processos envolvidos
em cada aprendizado.
E ela possui 3 objetivos principais,
classificados a partir dos domínios:
cognitivo, afetivo e psicomotor.
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LEMBRAR
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COMPREENDER
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APLICAR
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ANALISAR
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AVALIAR
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CRIAR
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DESENVOLVIMENTO COM RELAÇÃO ÀS
HISTÓRIAS
Bebês
Imita os sons falados e responde com
sons
Alcança páginas, vira e toca elas
Responde as histórias e olha fotos
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DESENVOLVIMENTO COM RELAÇÃO ÀS
HISTÓRIAS
Crianças bem pequenas
Identifica livros conhecidos e solicita
Vira as páginas do livro de forma correta
Finge ler
Ouve histórias e fala sobre os
personagens
Ouve e fala sobre livros mais complexos
Escolhe e analisa os livros de forma
independente
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DESENVOLVIMENTO COM RELAÇÃO ÀS
HISTÓRIAS
Crianças pequenas
Identifica e cria rimas
Começa a combinar as palavras faladas
com as escritas
Reconta histórias simples
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CRIAÇÃO MUSICAL
Elementos:
Som;
Silêncio;
Gestos;
Fontes sonoras;
Símbolos.
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CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS
Elementos:
Desenhos;
Professor como escriba;
Teatro;
Contação de histórias com música.
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DOSSIÊ
1
Universidade Federal do Pará – Belém (PA), Brasil. E-mail: sreginatx@gmail.com
2
Secretaria de Educação do Estado do Pará – Belém (PA), Brasil. E-mail:
ana.paula_ma@hotmail.com
DOI: 10.1590/CC0101-32622019213241
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
INTRODUÇÃO
A
pesquisa acerca da educação musical das crianças de 0 a 6 anos
de idade expandiu-se, consideravelmente, nos últimos 20 anos, e
embora ainda seja um campo epistemológico pequeno, se com-
parado a outros campos de estudos da área da educação musical, reúne uma
rica e diversificada literatura, que pode subsidiar os(as) professores(as) da
educação infantil na organização de trabalhos pedagógicos que potencia-
lizem a criação musical e a interação entre as crianças por meio da música.
De acordo com Young (2016), mudanças de paradigmas nas
pesquisas sobre a educação musical na infância transformaram teo-
ricamente o modo de conceber a educação musical dessas crianças,
avançando de uma perspectiva em que predominavam as atividades
musicais baseadas na repetição e nos treinos, dirigidas pelos professores,
para uma educação musical que reconhece a criança como criadora de
música, o valor da brincadeira musical livre e o papel do professor como
o profissional que apoia as crianças durante a realização das atividades
musicais. No entanto, curiosamente, estudos apontam que na prática
isso ainda não se efetivou completamente, prevalecendo as atividades
musicais centradas no(a) professor(a), cabendo às crianças cumprirem as
instruções fornecidas (BREMMER, 2015; SMITH; MONTGOMERY,
2007; YOUNG, 2016).
No Brasil, a situação parece não ser diferente. Estudos mos-
tram que nas escolas da infância, a música é geralmente apresentada às
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Sônia Regina dos Santos Teixeira e Ana Paula de Araújo Barca
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
em que vivem. Essa criação não é pura imaginação, nem pura realidade,
é uma combinação inédita, como afirma Vygotsky. As crianças usaram a
imaginação para criar a cena musical do barco navegando na chuva com
duas pessoas, passando pelas árvores e chegando à ilha, momento em que
as pessoas desceram do barco e andaram na ponte. No entanto, só pude-
ram criá-la porque todos conheciam, ou pelo menos Gustavo conhecia,
a prática social de viajar de barco pelos rios e igarapés da Amazônia e em
colaboração com seus pares, usou a imaginação para recriá-la. Vimos tam-
bém que esse episódio confirma a afirmação de Vygotsky (2001; 2009)
de que a criação infantil é muito peculiar, assemelhando-se à brincadeira.
O valor dessa criação musical das quatro crianças está no processo, sendo
mais significativas para elas do que para a própria música.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Sônia Regina dos Santos Teixeira e Ana Paula de Araújo Barca
REFERÊNCIAS
BREMMER, M. What the body knows about teaching music: the specialist
preschool music teacher’s pedagogical content knowing regarding teaching
and learning rhythm skills viewed from an embodied cognition perspective.
Tese (Doutorado) – University of Exeter, Exeter, 2015. Disponível em: <https://
ore.exeter.ac.uk/repository/handle/10871/18010>. Acesso em: 27 jul. 2018.
GONÇALVES, A.C.A. B. Educação musical na perspectiva histórico-cultural de
Vigotski: a unidade educação-música. 277 f. Tese (Doutorado em Educação) –
Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
HARRIS, A.G. Life on the Amazon. The anthropology of a Brazilian peasant
village. Oxford: Oxford University Press, 2000.
LOUREIRO, A.M.A. A presença da música na educação infantil: entre o discurso
oficial e a prática. 303 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de
Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
RIBEIRO, R.M. Música na educação infantil: um mapeamento das práticas
pedagógico-musicais na rede municipal de ensino de Belo Horizonte. 141 f.
Dissertação (Mestrado em Música) – Escola de Música, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
SMITH, K.; MONTGOMERY, P. Free musical play & socially mediated
learning: musings for early childhood education. In: SMITHRIM, K.; UPITIS,
R. (orgs.). Listen to their voices: research and practice in early childhood music.
Waterloo: CMEA, 2007. p. 301-318.
TEIXEIRA, S.R.S.; ALVES, J.M. O contexto das brincadeiras das crianças
ribeirinhas da Ilha do Combu. Psicologia Reflexão e Crítica, v. 21, n. 3, p. 374-
382, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000300005
Cad. Cedes, Campinas, v. 39, n. 107, p. 73-86, jan.-abr., 2019 85
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A organização do meio social educativo para a criação musical na educação infantil
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COMBINADOS
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RELATÓRIO NA ED. INFANTIL
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BASTIDORES
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MAPA MENTAL
Interesses
Associações
Planejamento
Documentação
Reflexão
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AVALIAÇÃO FORMATIVA
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PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CARTA DE INTENÇÕES PEDAGÓGICAS
Resumo
Este trabalho objetiva dissertar sobre uma forma não linear e/ou baseada em saberes
determinados pelo docente para o trabalho na educação infantil. Há alguns anos a Prefeitura
Municipal de Campinas/SP trabalha com a proposta da "Carta de Intenções", documento no
qual o professor disserta sobre suas concepções de criança e como objetiva conduzir o
planejamento ao longo do ano letivo. A Carta de Intenções é rascunhada quando ocorre a
escrita do Projeto Político Pedagógico, mas nunca antes que tenhamos contato de - ao
menos - dois meses com as crianças para ter a percepção das necessidades do grupo. É
imperativo referir que o desenvolvimento infantil não se dá de forma linear, compreendendo
a possibilidade de toda e qualquer criança aprender continuamente, passando por mudanças
gradativas e que permitem a experimentação de avanços, construção de pensamentos e
desenvolvimento particulares. As dimensões pedagógicas documentadas em forma de
intenções pautam-se em reconhecer na criança a competência para intervir no próprio
processo de aprendizagem, expressando suas curiosidades e certezas, além de colocar o
educador na posição da escuta sensível para construir coletivamente o planejamento ao
longo ano. Neste contexto, lançamos mão da documentação pedagógica enquanto formas de
registrar, avaliar e (re) direcionar os fazeres pedagógicos, procurando tornar o trabalho
visível, não apenas à comunidade externa, mas para que o agrupamento possa transformar e
modificar o trabalho.Planejar implica em um cotidiano bem organizado, olhar ao movimento
de como se dá a aprendizagem, brincar, atentar às representações dos pensamentos da
criança e suas linguagens.
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Introdução
Desta forma, intencionar confronta-se com o ato de tensionar. É gerada uma tensão
quando busca-se escrever acerca de um universo conhecido, mas que envolve outros seres
humanos, em fase de intensa sede por descobrir, significar e apreender o que o mundo traz,
considerando, inclusive, não ser a escolarização o único veículo para este fim.
Falar de si para o outro é abrir o que se deseja esconder ou florear algo não tão belo
aos nossos olhos? Prefiro dizer que quem escreve esta carta com intenções pedagógicas
nasceu professora de educação infantil, não de outro nível que o valha, no ano de 1981, em
um banco de madeira, em uma escola estadual, com mais dez ou doze crianças e com uma
professora chamada Débora de Campos, que fazia de condições improváveis – e desumanas
– um espaço para que nossa atenção e prazer ao aprender também estivesse caminhando
com os seus. Em resumo, decidi ser professora na pré-escola e não mudei meu foco. Busquei
a formação por opção e não por vocação, por não associar o magistério ao prestar favor, mas
sim ao querer fazer algo. Entre uma entrada tumultuada no Ensino Fundamental, um desvio
obrigatório por questões financeiras, um ano na Educação Especial, podemos dizer que este
é meu décimo terceiro ano no magistério: pedagoga, pós-graduada, com projetos para
ampliar meus saberes acadêmicos em breve, enfim, consciente e ciente do papel que devo
cumprir no espaço que ocupo.
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O adiantar do ano letivo já permite ter uma noção do perfil de cada criança, de suas
personalidades, de seus anseios, saberes e curiosidades. Poderia focar em dizer que tenho
um grupo de trinta crianças, das quais apenas três são oriundas do ano anterior, as demais
advindas da CEMEI, porém isto não as descreveria. Em verdade, estamos em um grupo cujas
necessidades e adversidades já emergem no dia-a-dia, desafios com os quais me deparo,
podendo ou não oferecer opções ao crescimento e superação de pequenos grandes
obstáculos – timidez, individualidade acentuada, instinto protetor, curiosidade, apatia,
confiança em si e no outro, etc – e por saber que experiências podem ou não ser repetidas;
considero cada criança como uma oportunidade, para ela e para os demais, de aprender com
o outro, considerando as fontes dos desejos e recusas de cada um de nós.
“Numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar
fugindo”, o poeta T.S. Eliot traz o fugitivo como alguém solitário e é assim que me sinto, as
vezes, quando vejo o quanto as Diretrizes Nacionais e Municipais para a Educação Infantil me
propõe possível fazer e as condições de espaço físico limitador com o qual nos deparamos. É
neste momento, saudosamente e como um respirar, que volto ao passado e me lembro do
banco de madeira fora da escola no qual passei pela educação infantil e recebo a força para
continuar. Teorizar, mesmo que a prática não seja absorvida em sua totalidade por motivos
óbvios e estruturais.
Neste contexto, é importante colocar que “desde o ano de 2013, a equipe da EMEI
Chapeuzinho Vermelho, tem vivido um processo de questionamento das datas
comemorativas” (apud Plano Geral EMEI Chapeuzinho Vermelho) e buscamos (re) pensar,
(re) significar e (re) avaliar, primeiramente entre nós adultos aquilo que seria passado com ou
sem significado efetivo para a criança, o que nos levou a tratar o tema de outra forma.
Tensões internas e externas foram geradas, mas optamos por valorizar menos questões
comerciais que tomavam considerável tempo do cotidiano e ampliar outras vertentes que
seguem em cada carta de intenção.
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Diretrizes Municipais para a Educação Infantil e fundamentação teórica
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“As crianças pequenas são encorajadas a explorar seu ambiente e a expressar a si
através de todas as suas linguagens naturais ou modos de expressão, incluindo palavras,
movimento, desenhos, pinturas (…)”, tal como referem Edwards, Gandini e Forman (1999).A
atitude curiosa na educação infantil necessita ser vista como o ato de não se bastar, sempre
querer mais, refletir no cotidiano como aprendemos e a construção de saberes. O fazer não
se basta, atividades não se limitam a atitudes mecânicas e repetitivas, mas sim perguntar
sobre o mundo com atitude curiosa sobre a vida.
Pensamos a criança como sujeito de direitos, não apenas nos aspectos legais, mas
lançando-nos à questão da confiança em si, procurando promover sua participação em
momentos individuais e coletivos, em dados momentos, integrando a família nos projetos
desenvolvidos, de forma a ampliar as relações e situações mediadas de aprendizagem,
porém, nas quais a criança tenha maior possibilidade de atuar, colocando o adulto como um
pilar de apoio e não o centro de desenvolvimento.
Acreditando ser a educação algo móvel, espaço de trocas, não apenas entre as
crianças e ao atendimento de sua curiosidade latente, mas especialmente do educador em
processo dialético, entrelaçando a teoria e a prática, os questionamentos suscitados pelas
indagações infantis e o avaliar/planejar que leva ao encontro de novas propostas.
Como intenção – maior - tenho a busca por ouvir a fala da criança e sustentá-las
com novos elementos, instigar questionamentos, alimentar a curiosidade e criar situações
nas quais possa ocorrer experimentação, descoberta e crescimento dentro do universo
infantil.
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Partindo do princípio de que a proposta pedagógica, mais do que falada, precisa ser
ouvida e praticada acreditamos que a educação infantil se pauta na ludicidade e nas
múltiplas possibilidades que o brincar possibilita ao universo do desenvolvimento infantil.
Desta forma, o ambiente precisa ser um facilitador e é por isto que nos propomos a criar
situações nas quais as crianças possam buscar por si a superação de obstáculos encontrados.
·0 Trabalho colegiado e identidade visível com narrativa das vidas das crianças,
professores e pais.
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·2 Aprendizagem coletiva como essencial.
·4 Co-participação.
·10 Pesquisa enquanto atitude curiosa, precisa ter, ver, ouvir, escutar.
·11 Interdisciplinaridade.
·14 Re-lançar o trabalho para que o grupo reflita e proponha novos rumos à investigação.
·17 Ateliês – ação e representação, pensar sobre elementos e interagir com diferentes
materiais.
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O intencionar no planejamento é reconhecer que existe uma rotina exigida pelo
espaço social da escola, porém é imperativo respeitar o tempo de construção, sem focar no
cartesiano começo – meio - fim, o processo é circular, repleto de individualidades.
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corpo, nisto incluímos: subir nas árvores, brincar com bola, subir e descer, escorregar
com papelão, brincar com água, fogo, espaços para faz-de-conta, brincadeiras de
roda, enfim, todas as possibilidades de liberar o corpo e seus movimentos.
• Livro Itinerante: Após percepção dos gostos das crianças, escolhemos um livro que
fará rodízio diário no qual o último leitor escolhe o próximo e, também, é um material
a ser dividido com a família.
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• Dia do Brinquedo: Pensado como um momento de socialização e interação com
objetos que tenham significado para a criança. Orientamos aos pais que não enviem
peças de estimação ou alto valor para evitar perdas eventuais.
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Considerações Finais
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas, SP:
Papirus, 2001.
GANDINI, L. (et al). O papel do ateliê na educação infantil: a inspiração de Reggio Emilia.
Porto Alegre: Penso, 2012.
OLIVEIRA, Z.R. (ORG). O trabalho do professor na Educação Infantil. São Paulo: Biruta, 2012.
ORRÚ, S.E. Aprendizes com autismo. Aprendizagem por eixos de interesse em espaços não
excludentes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
SEBER, M.G. A escrita Infantil. O caminho da construção. São Paulo: Scipione, 1997.
SMOLKA, A.L.B. A criança na fase inicial da escrita. A alfabetização como processo discursivo.
9ª ed. São Paulo: Cortez; Campinas, SP. Editora da UNICAMP, 2000.
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ORRÚ, S.E. Aprendizes com autismo. Aprendizagem por eixos de interesse em espaços não
excludentes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
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