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FUNÇÕES PERTINENTES AO COORDENADOR PEDAGÓGICO E SEUS

DESAFIOS
Paula Thamyles Cardoso Albuquerque 1

RESUMO: O presente artigo aborda os principais desafios enfrentados pelo


coordenador pedagógico mediante suas funções. É possível observar a grande
relevância da coordenação pedagógica para a escola. Desse modo, torna-se
necessária a busca de meios para aperfeiçoar sua gestão e superar os desafios
existentes. O estudo pautou-se em três eixos: funções da coordenação pedagógica,
o coordenador pedagógico e os desafios enfrentados pelo coordenador pedagógico.

PALAVRAS-CHAVE: 1 Funções da coordenação pedagógica. 2 Coordenador


pedagógico 3 Desafios. 4 Qualidade de ensino.

1 Introdução

O presente estudo tem como objetivo compreender o papel da coordenação


pedagógica e seus desafios. Sabe-se que a coordenação pedagógica tem papel
relevante para a escola, por isso, será feita uma análise acerca do objeto de estudo.
É possível perceber a importância da educação para o desenvolvimento do país. O
coordenador pedagógico tem papel essencial para que o ambiente torne-se propício
ao aprendizado, fazendo com que professor e aluno possam realizar suas funções
de maneira adequada e eficaz.
Esse trabalho busca contribuir com o desenvolvimento das atividades da
escola, tendo como foco as funções da coordenação pedagógica para o
desenvolvimento das suas ações escolares como um todo e mostrar os desafios
enfrentados, esse será, portanto, seu objeto de estudo. Consoante Barbosa, o objeto
de pesquisa é algo vivo, portanto, em constante movimento de transformação,
materializando-se em experiências sociais acumuladas em vias de produção, daí ser
necessário o uso de diferentes estratégias e técnicas para sua apreensão. Pode-se
afirmar também que a metodologia, além de ser ampla, deve ser capaz de se

1
Graduação em Letras, Especialização em Gestão Escolar pela Faculdade de Educação São Luís de
Jaboticabal – SP. E-mail da autora paulathamyles@gmail.com. Orientadora: Prof.ª Esp. Ana Carolina
Caruso Bertonha.
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estruturar a partir da natureza do objeto, promovendo sua apreensão e


compreensão. A pesquisa irá se caracterizar como bibliográfica, pois buscará
explicar o problema a partir de referências teóricas existentes. De acordo com
Boccato,
a pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema
(hipótese), através de referenciais teóricos publicados,
analisando e discutindo as várias contribuições científicas.
Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento
sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou
perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura
científica. Para este dado objetivo, é de fundamental relevância
que o pesquisador realize um planejamento sistemático do
processo da pesquisa, compreendendo desde a definição
sistemática, passando pela construção lógica do trabalho até a
decisão da sua forma de comunicação e divulgação.
(BOCCATO, 2006, p. 266)

1 COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E SEUS DESAFIOS

São vários os desafios enfrentados na coordenação pedagógica da escola


como organizar de forma correta os materiais necessários para possibilitar o
processo de ensino aprendizagem, valorizar o trabalho do professor, contribuir para
a maior integração da equipe e fazer a formação continuada dos professores.
Conforme Machado, para ser um bom professor, é preciso não apenas
dominar o objeto de conhecimento, como também demonstrar sua relevância e
saber desenvolvê-lo com os alunos, ou seja, entender como a criança e o jovem
interagem com os novos conteúdos, planejar e promover ações em sala de aula que
provoquem essas interações. O autor afirma que é necessário ainda acompanhar e
observar se o aluno está aprendendo e, com base nessa análise, rever ou ajustar
intervenções ou elaborar novas conduções. Porém, um professor não consegue
fazer isso sozinho; ele precisa ter parceiros para ajudá-lo, ou seja, precisa de
formação continuada em serviço, já que a responsabilidade pela aprendizagem dos
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alunos – objetivo final da existência da escola e dos seus profissionais – é de todos.


Desse modo, é importante o envolvimento, o engajamento da equipe e que todos
realizem as suas funções de modo adequado num ambiente propício, organizado e
agradável. Portanto, esse é um dos principais desafios do coordenador, fazendo
com que a formação continuada do professor seja útil em sala de aula. De acordo
com Paulo Freire,
ensinar inexiste sem aprender e vice versa e foi aprendendo
socialmente que, historicamente, mulheres e homens
descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente
aprendendo, que, ao longo dos tempos, mulheres e homens
perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar
maneira, caminho, métodos de ensinar. (1996, p.26)

Conforme Libâneo, a capacidade de aprender a aprender, competências


para saber agir em sala de aula, habilidades comunicativas, domínio de linguagem
informacional, saber usar meios de comunicação e articular as aulas com as mídias
e as multimídias devem fazer parte da formação ampliada do professor, pois é
necessário para que ele cumpra de maneira eficaz seu papel, havendo assim a
maior valorização deste. Para minimizar os desafios enfrentados, é necessário agir
de maneira coerente com a situação e resolver os problemas de forma ativa e
proativa.
Objetivando uma maior qualidade no ensino, as escolas brasileiras buscam o
aprimoramento através de mudanças na sua qualidade. Nogueira afirma
educação de qualidade é uma busca constante das instituições
de ensino, para que isso se torne realidade, são necessárias
ações que sustentem um trabalho em equipe e uma gestão que
priorize a formação docente contribuindo para um processo
não administrativo de acordo com Chiavenato (1997, p.101),
não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar
com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de
pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com
habilidades para resolver problemas, tomar decisões. Nessa
perspectiva, devemos identificar as necessidades dos
professores e com eles encontrar soluções que priorizem um
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trabalho educacional de qualidade, esse trabalho é


desenvolvido pelo coordenador pedagógico. (NOGUEIRA,
2008, p.1)
Segundo Alonso, a organização escolar se caracteriza pela estabilidade. Isso
ocorre pelo fato de que a organização social se define pela existência de uma
estrutura proposta com o fim de alcançar objetivos pré-determinados, de modo mais
econômico. Se tais objetivos são vistos como permanentes ou fixos, o processo
desenvolvido para sua realização também se apresenta estável. Essa estabilidade
pode ser tão grande que chega a resistir a qualquer mudança. Portanto, os
estímulos para a mudança provêm de fora. Indubitavelmente, a estrutura da
organização tem bastante relação com a facilitação ou resistência ao processo de
mudança, pode-se então afirmar que qualquer esforço de mudança planejada é
condicionado pelo estado do sistema em que ele ocorre. De acordo com Freire, é
imprescindível que o aluno frequente uma escola que se identifique, e em meio a
tanta diversidade seja capaz de construir sua identidade com autonomia, e que
nesse ambiente tenha profissionais sensíveis, capazes de ter uma postura de
escuta.
Segundo o artigo 64 da lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional, a
formação de profissionais de educação para a administração, o planejamento, a
inspeção, a supervisão e a orientação educacional para a educação básica será feita
em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação a critério da
instituição de ensino. É necessário também, para praticar a função de coordenador
pedagógico, ter experiência como docente, de acordo com o artigo 67, da LDB.
Somente assim, o profissional pode ser considerado apto para exercer as funções
da determinada área. Vasconcellos afirma que:
o horizonte que vislumbramos para os serviços especializados
é do intelectual orgânico, qual seja aquele que está atento à
realidade, que é competente para localizar os temas geradores
(questões, contradições, necessidades) do grupo, organizá-los
e devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na
tomada de consciência e na busca conjunta de forma de
enfrentamento.
No livro 5 Atitudes pela Educação, há um conjunto de ações que têm por
objetivo melhorar a qualidade da educação no país por meio da disseminação de 5
5

atitudes que são: valorizar os professores, a aprendizagem e o conhecimento,


promover habilidades importantes para a vida e para a escola, colocar a educação
escolar no dia a dia, apoiar o projeto de vida e o protagonismo dos alunos, ampliar o
repertório cultural e esportivo das crianças e dos jovens.
O ato de valorizar os professores torna-se bastante importante visto que a
sociedade deveria tomar consciência do quanto essa dada profissão é relevante,
pois ela dá a base para a construção de conhecimentos novos em todas as áreas.
No entanto, é bastante recorrente a desvalorização do docente, na sociedade atual,
carecendo de estímulos do governo, com salários inferiores ao merecido, do próprio
ambiente de trabalho, abstendo-se de materiais que deveriam ser oferecidos, e dos
alunos, que frequentemente o desrespeitam. Conforme Morais, a sala de aula
ocupa, na nossa tradição escolar, o lugar onde se desenvolve a escolaridade.
Independente da época ou da escola, os problemas existem e o professor será
sempre o sujeito dessa história, em que mesmo ganhando pouco ou sem tempo até
para cuidar da sua vida particular, em sua maioria tende a lutar até para fazer com
que seus alunos tenham uma educação digna, a altura de seus sonhos.
Promover a aprendizagem e o conhecimento também é uma atitude
fundamental para atingir sucesso no âmbito educacional. A escola deve dar suporte
aos estudantes para que aprendam o saber e desenvolvam habilidades que serão
utilizadas rotineiramente durante toda a sua trajetória, sendo também necessário
para que se atinja esse objetivo colocar a educação escolar no cotidiano dos alunos,
o que certamente é um dos maiores desafios da escola. Consoante Libâneo, o
professor medeia a relação ativa do aluno com a matéria, inclusive com os
conteúdos próprios de sua disciplina, contudo, considerando o conhecimento, a
experiência e o significado que o aluno traz à sala de aula, seu potencial cognitivo,
sua capacidade e interesse, seu procedimento de pensar, seu modo de trabalhar,
desse modo, o conhecimento de mundo e o conhecimento prévio do aluno tem de
ser respeitado e ampliado.
Apoiar o projeto de vida e o protagonismo dos alunos traz à tona a
valorização do conhecimento e do potencial pela família e o corpo escolar, dando
um grande pontapé para que o aluno se sinta instigado a prezar o saber, abrindo
caminho para que a escola consiga ampliar o repertório cultural e, até esportivo das
crianças e jovens, de maneira facilitada, visto que eles estarão motivados a
aprender. Cury afirma que
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os educadores, apesar de suas dificuldades, são


insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a
tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as
áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por
máquinas, mas somente por seres humanos.

2 FUNÇÕES DO COORDENADOR NA COMUNIDADE

As principais funções do coordenador pedagógico são garantir a realização


semanal do horário de trabalho pedagógico coletivo, ordenar por área e série
encontros com os professores, dar suporte individual a cada docente,
disponibilizando os recursos necessários para que o docente realize a sua função
eficientemente, introduzir a base teórica para direcionar a reflexão acerca das
práticas pedagógicas, compreender o resultado da escola em avaliações externas.
Todavia, é possível notar que há coordenadores que desempenham na
escola funções que não concernentes as suas como a de substituir professores que
faltam, a tarefa do coordenador pedagógico é a de auxiliar a direção a organizar,
juntamente com os professores atividades e listar os substitutos.
Esse papel representa um grande desafio para a coordenação. É preciso
desenvolver nos docentes habilidades de gerenciar os conflitos para que as
dificuldades sejam solucionadas de forma eficiente para não causar transtornos ao
ambiente de aprendizado. Assim, é função do coordenador efetuar o planejamento
escolar, fortalecer o processo de ensino e aprendizagem. Consoante Libâneo, o
planejamento escolar consiste numa atividade de previsão de ações a ser realizada,
implicando definições de necessidades a atender, objetivos a atingir dentro das
possibilidades, necessitando de enfoque pelo coordenador junto aos docentes.
O desenvolvimento de funções que não são suas, por exemplo, realizar
parcerias nas empresas, conferir a entrada e saída de estudantes, checar a
arrumação e limpeza da sala de aula, resolver questões administrativas, financeiras
e burocracias em geral, faz com que o coordenador pedagógico não tenha tempo de
realizar as que são efetivamente suas, deixando a desejar para a escola. Consoante
Brandão,
a função da coordenação pedagógica é o suporte que o
gerencia, coordena e supervisiona todas as atividades
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relacionadas com o processo de ensino aprendizagem visando


sempre à permanência do aluno com o processo. (BRANDÃO,
2001, p. 25)
Outro papel importante da coordenação é a de selecionar conteúdos. Pedro
Bandeira defende que identificar e selecionar os conteúdos é uma das principais
funções de coordenadores pedagógicos (CPs) quando assumem a tarefa de formar
professores. Segundo o escritor, é preciso lançar mão de critérios acertados e,
preferencialmente, ligados às necessidades de aprendizagem dos professores, que,
por sua vez, também devem estar vinculadas às necessidades de aprendizagem dos
alunos. Complementando o que fora dito, o escritor Ricardo Azevedo afirma que é
importante relativizar o papel social dos conteúdos e explicar que alguns deles não
terão aplicabilidade prática imediata. No entanto, são constitutivos do pensamento
humano (e de algumas funções psicológicas superiores, como afirma Vygotsky),
pois ajudam a ampliar a visão do mundo para que, mais adiante, as crianças e os
jovens possam conhecer mais sobre determinadas áreas, tomar decisões, fazer
escolhas. Antigamente, os alunos de escola pública eram formados apenas por
indivíduos de classe abastada, no entanto, essa massa usuária, hodiernamente,
vem de várias classes sociais existentes. É preciso que a escola se preocupe com a
formação do aluno na sua totalidade, não apenas preparando ele para fazer parte de
uma universidade ou para ser mais um no mercado de trabalho, mas para a vida.
Consoante a escritora Ana Maria Machado, é fundamental aproximar meninos
e meninas da literatura. Não basta dar livros didáticos. Não basta promover a leitura.
Esses dois passos fazem parte da garantia de outro direito, que é o direito à
educação, também coisa que ninguém em são consciência ousaria questionar. O
que é enfatizado é outra necessidade: o direito à arte. Toda obra de literatura infantil
é um livro para crianças. Mas nem sempre a recíproca é verdadeira, visto que nem
todo livro que o mercado comercializa para crianças é uma obra literária. Todavia,
nem todos os docentes percebem esse fato, visto que certos conhecimentos não
são aprendidos na faculdade, mas no cotidiano escolar.
Os saberes da experiência são aqueles provenientes da
história de vida pessoal de cada professor e também são
saberes produzidos pelo professor no cotidiano de sua prática.
(TARDIF 2007, PIMENTA 1999, BORGES 2004)
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Quem pratica, quem gere a prática pedagógica de sala de aula


é o professor, a coordenação, para ajudá-lo, deve estabelecer
uma dinâmica de interação que facilite um avanço:
Acolher o professor em sua realidade, em suas angústias; dar
colo: reconhecimento das necessidades e dificuldades. A
atitude de acolhimento é fundamental também como uma
aprendizagem do professor em relação ao trabalho que deve
fazer com os alunos;
Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a compreender a
própria participação do professor no problema, a perceber as
suas contradições (e não acobertá-las);
Trabalhar em cima de ideias do processo de transformação;
Buscar caminhos alternativos, fornecer materiais, provocar
para o avanço;
Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas várias
dimensões. (VASCONCELLOS, 2006, p. 89)
Somente em um ambiente salutar pode haver de forma contínua a
cooperação de todos para o desenvolvimento de suas funções.
Numa transformação de melhoria gerada pela força do
conjunto, transformando a escola em realidade dinâmica e
atuante, que busca seu espaço como instrumento capaz de
provocar mudanças, pois todos se sentem integrados e
responsáveis por uma educação que pretende transformar em
realidade quantitativamente mais rica. (Veiga apud Hora, 1995,
p. 127)
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário,
mantém sua individualidade, mas integra as disciplinas a partir
da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm
sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias
para a constituição de conhecimentos, comunicação e
negociação de significados e registro sistemático dos
resultados. BRASIL (1999, p.89)
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Portanto, torna-se relevante que os professores trabalhem de maneira


integrada, comunicando e trocando experiências entre si. Esse fator aprimora a
qualidade do ensino.
Soares afirma que
O trabalho coletivo implica uma compreensão mais
ampla da escola. É preciso que os diferentes segmentos e
atores que constroem e reconstroem a escola apreendam suas
várias dimensões e significados. Isso porque o caráter
educativo da escola não reside apenas no espaço da sala de
aula, nos processos de ensino e aprendizagem, mas, se realiza
também, nas práticas e relações que aí se desenvolvem. A
escola educa não apenas nos conteúdos que transmite, à
medida que o processo de formação humana que ali se
desenvolve acontece também nos momentos e espaços de
diálogo, de lazer, nas reuniões pedagógicas, na postura de
seus atores, nas práticas e nos modelos de gestão
vivenciados.

3 A COORDENAÇÃO E A ESCOLA

A coordenação pedagógica possui um papel fundamental de contribuição no


seu trabalho com a escola e os alunos na sua educação. Ela trabalha junto aos
professores para que possam, da melhor maneira possível, repassar o
conhecimentos aos alunos e, mais do que isso, pois, um bom docente não apenas
transfere o conhecimento, ele expressa o quanto o saber é importante. De acordo
com Ricardo Azevedo, talvez um dos maiores desafios da escola, hodiernamente,
seja este: aproximar o estudante da sociedade; estabelecer uma identificação entre
o aluno e o conhecimento; mostrar enfim que ele não está solto no espaço; mas sim
faz parte de uma cultura e de uma história e que estas estão vivas e estão sendo
escritas. Em outras palavras, para o escritor, é fundamental que os jovens sejam
levados a compreender que não são a plateia, mas, ao contrário, são os
protagonistas do futuro, e que, na escola, estão se preparando para construí-lo e
ressignificá-lo. Esse é o verdadeiro motivo pelo qual necessitam estudar e se
preparar de maneira mais eficaz. Paulo Freire declara que
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se estivesse claro para nós que foi aprendendo que


aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com
facilidade a importância das experiências informais nas ruas,
nas praças, no trabalho, nas salas de aula da escola, nos
pátios dos recreios, em que variados gestos dos alunos, de
pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios
de significação. (FREIRE, 1997, p.50)
Todavia, é necessário frisar que a cooperação da família é bastante relevante
e colabora para o bom andamento do processo de ensino aprendizagem, desse
modo, conclui-se que o ensino é feito por vários atuantes como a gestão, os
professores, os alunos, os auxiliares da escola, a comunidade, a família, enfim,
todos têm seu papel a ser desempenhado, conclui-se que o trabalho da
coordenação não é feito de forma isolada, mas cooperativa e interdependente.
Chalita declara que a família tem a responsabilidade de formar o caráter, educar
para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. Dessa maneira, a
família contribui para o processo de ensino, para possibilitar a ampliação através da
escola dos valores adquiridos.
Consoante a Constituição de 1988, dois terços das horas semanais do
professor serão cumpridas na sala de aula, no entanto, um terço será usado para
que ele obtenha conhecimentos úteis que serão usados para exercer de forma
coerente sua função. Portanto, o coordenador deve buscar meios eficazes de ajudar
o docente no ensino de qualidade de acordo com a demanda e tratando os alunos
de acordo com as suas dificuldades. É relevante lembrar que cada gestão possui
sua maneira peculiar de atingir os seus objetivos de acordo com a necessidade
imposta com flexibilidade e adequação.
Conforme Orsolon, a escola, espaço originário da ação dos educadores,
possui uma relação dialética com a sociedade: ela reproduz e, concomitantemente,
transforma a sociedade e a cultura. As ações de reprodução e transformação são
simultâneas. De acordo com a autora, as práticas dos educadores, que acontecem
na escola, também são dialéticas e bastante complexas. Expor e evidenciar as
discrepâncias subjacentes a essas práticas são alguns dos objetivos do trabalho de
alguns coordenadores, quando planejado na direção da transformação. Dessa
maneira, todos os que participam para o bom andamento do trabalho escolar são,
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consequentemente, agentes de transformação, o que mostra um trabalho coletivo, e


não isolado, o coordenador pedagógico é um dos seus articuladores.
Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar
movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na
desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas prescindir da
esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se
pudesse reduzir os atos calculados apenas, à pura
cientificidade, é frívola ilusão. Prescindir da esperança que se
funda também na verdade como na qualidade ética da luta é
negar a ela um dos seus suportes fundamentais. O essencial é
que ela, enquanto necessidade ontológica, precisa ancorar-se
na prática para tornar-se concretude histórica. É por isso que
não há esperança, nem tampouco se alcança esperança na
espera pura, que vira assim, espera vã. (FREIRE, 1992, p.5)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo mostrou a grande relevância do Coordenador Pedagógico para a


comunidade escolar, assim como as funções e os desafios enfrentados por ele. Para
que o profissional que atua na coordenação pedagógica possa exercer suas funções
com qualidade, é primordial que, inicialmente, ele saiba quais são elas. Dessa
maneira, o objetivo do presente artigo foi o de promover uma maior qualidade no
ensino, pois, as escolas brasileiras necessitam de aprimoramento e de mudanças na
sua qualidade com a colaboração e interação de todos, desde a direção,
professores, alunos, pais até a secretaria, zeladoria e vigilância. Objetivando o
aprimoramento do trabalho da escola, é necessária a existência de condições
propícias para que o coordenador efetue suas tarefas e que cada colaborador esteja
consciente da sua participação e de como devem atuar. Segundo Laura, seria a
função do coordenador atuar como articulador, de mediador, porque, na verdade, ele
trabalha em todos os segmentos, com toda a realidade da escola, ele lida com o
corpo docente, com os conteúdos, com a avaliação, com o processo pedagógico em
si. A escritora afirma que o coordenador é um articulador do processo todo de
ensino aprendizagem.
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Em sua função “mediadora”, “articuladora”, “catalisadora” e


como “elemento agregador” torna o coordenador pedagógico
um construtor de sentidos voltados para as situações
educativas. Em sua ação formadora docente, demonstra a sua
personalidade, expõe suas ideias, saberes, leituras e
conhecimentos no decorrer das atividades desenvolvidas no
encontro de horário complementar. O coordenador pedagógico
é um “artesão” reconstruindo permanentemente seus saberes,
nas relações travadas entre os demais membros da
comunidade escolar. (CHARLOT, 2005, p. 22)

A partir dele, é possível identificar as contradições entre as funções que o


coordenador deve exercer e as que ele necessita, recorrentemente, exercer durante
o seu dia a dia. Sendo possível também perceber os desafios concernentes a este
fato, pois, se ele necessita exercer tarefas que não lhe são pertinentes, pode ocorrer
que as que são do seu cargo fiquem a desejar. De acordo com Lima e Santos (2007,
p.79), há muitas metáforas acerca do trabalho do coordenador uma delas é
“Bombril”, mil e uma utilidades, a de “bombeiro”, o responsável por apagar o fogo
dos conflitos docentes e discentes, a de salvador da escola, o profissional tem de
responder pelo desempenho dos professores na prática cotidiana e do
aproveitamento dos alunos. Segundo o autor, além dessas metáforas, outras
parecem definindo-o como profissional que assume uma função de gerenciamento
na escola que atende a pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela
maioria das emergências que lá ocorrem, isto é, como um personagem “resolve
tudo” e que deve responder unidirecional mente vida acadêmica da escola.

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